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Direito Penal Internacional.
O TPI e a CF/88: Antinomias aparentes?
Assuntos principais:
Entrega de nacionais ao TPI
Pena de prisão perpétua
Imunidades relativas ao foro de prerrogativa de função
Reserva legal
Respeito à coisa julgada
Direito Penal Internacional.
1. Entrega de nacionais: art. 89, § 1º, ER
Artigo 89 - Entrega de Pessoas ao Tribunal
“1. O Tribunal poderá dirigir um pedido de detenção e
entrega de uma pessoa, instruído com os documentos
comprovativos referidos no artigo 91, a qualquer Estado
em cujo território essa pessoa se possa encontrar, e
solicitar a cooperação desse Estado na detenção e
entrega da pessoa em causa. (...)”
Direito Penal Internacional.
Entrega x extradição: CF/88, art. 5º:
“(...) LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime
político ou de opinião; (...)”
Direito Penal Internacional.
Por entrega entende-se o ato de um Estado entregar uma
pessoa ao Tribunal.
“Por extradição, entende-se a entrega de uma pessoa por
um Estado a outro Estado conforme previsto em um tratado,
em uma convenção ou no direito interno.”
(art. 102, ER)
Direito Penal Internacional.
“O fundamento que existe para que as Constituições
contemporâneas prevejam a não-extradição de nacionais, está
ligado ao fato de a justiça estrangeira poder ser injusta e julgar
o nacional do outro Estado sem imparcialidade, o que
evidentemente não se aplica ao caso do Tribunal Penal
Internacional, cujos crimes já estão definidos no Estatuto de
Roma, e cujas normas processuais são das mais avançadas do
mundo no que tange às garantias da justiça e da
imparcialidade dos julgamentos.” (Mazzuoli, 2016:1066)
Direito Penal Internacional.
2. Pena de prisão perpétua:
Considerado ao alto grau de ilicitude e se as condições
pessoais do condenado a justificarem, o art. 77, § 1º, b, do
ER admite a pena de prisão perpétua.
OBS.: o TPI também poderá impor sanções de natureza
civil, como a reparação às vítimas e aos seus familiares.
Direito Penal Internacional.
Clara evolução desde os Tribunais de Tóquio e Nuremberg –
previsão da pena de morte; passando pelos Tribunais Penais
para Ruanda e ex-Iugoslávia – pena de morte substituída
pela pena de prisão perpétua; até chegar no TPI – com
previsão de pena de prisão perpétua em casos de extrema
gravidade, com possível revisão.
Direito Penal Internacional.
Entretanto: prisão perpétua proibida na CF/88.
Veja:
Art. 5º, XLVII: (...) não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo; (...)”.
Direito Penal Internacional.
Aparente conflito?
A- o ER não exige que o Estados-partes adotem
internamente a pena de prisão perpétua para que o Tribunal
possa aplicá-la.
Veja art. 80, ER.
Direito Penal Internacional.
Artigo 80 - Não Interferência no Regime de Aplicação de
Penas Nacionais e nos Direitos Internos
“Nada no presente Capítulo prejudicará a aplicação, pelos
Estados, das penas previstas nos respectivos direitos
internos, ou a aplicação da legislação de Estados que não
preveja as penas referidas neste capítulo.”
Direito Penal Internacional.
B- Retomada da discussão da diferença entre entrega e
extradição:
Extradição: prevista da Lei 6.815/80, recentemente
revogada pela Lei n. 13.445/2017.
Entrega: prática recente – até então nunca discutida pelos
tribunais brasileiros.
Direito Penal Internacional.
Veja: Lei 6815/80 – art. 91: não se referia à pena de prisão
perpétua.
Interpretação do STF: no EE não havia nenhuma menção à
pena de prisão perpétua. Logo, sem exigência, pela Corte,
de comutação da pena de prisão perpétua em privativa de
liberdade.
Também não caberia essa exigência para a entrega prevista
no ER.