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DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL – CRIMES CONTRA A HONRA E LIBERDADE INDIVIDUAL

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DIREITO PENALPARTE ESPECIAL – CRIMES CONTRA A HONRA E LIBERDADE INDIVIDUAL

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Sumário1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................4

1.1 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL...................................................................................................51.2 CONCEITO DE HONRA.....................................................................................................................51.3 ESPÉCIES DE HONRA.......................................................................................................................5

2 CALÚNIA....................................................................................................................................62.1 OBJETIVIDADE JURÍDICA.................................................................................................................72.2 SUJEITO PASSIVO............................................................................................................................82.3 FORMAS DE CALÚNIA.....................................................................................................................82.4 CONSUMAÇÃO...............................................................................................................................82.5 SUBTIPOS.......................................................................................................................................92.6 EXCEÇÃO DA VERDADE...................................................................................................................9

3 DIFAMAÇÃO............................................................................................................................113.1 OBJETIVIDADE JURÍDICA...............................................................................................................123.2 NÚCLEO DO TIPO..........................................................................................................................123.3 CONSUMAÇÃO.............................................................................................................................123.4 EXCEÇÃO DA VERDADE?...............................................................................................................13

4 INJÚRIA...................................................................................................................................144.1 OBJETIVIDADE JURÍDICA...............................................................................................................144.2 NÚCLEO DO TIPO..........................................................................................................................164.3 CONSUMAÇÃO.............................................................................................................................174.4 EXCEÇÃO DA VERDADE?...............................................................................................................174.5 PERDÃO JUDICIAL.........................................................................................................................174.6 INJÚRIA JUDICIAL (#CAIMUITO)....................................................................................................184.7 INJÚRIA QUALIFICADA “RACIAL”...................................................................................................194.8 INJÚRIA CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO X DESACATO................................................................204.9 INJÚRIA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS E COMPETÊNCIA............................................................21

5 OBSERVAÇÕES COMUNS – CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA..................................................225.1 SÃO CRIMES DE DANO..................................................................................................................225.2 CRIMES DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA OU DE RESULTADO CORTADO OU FORMAL....................225.3 SUJEITO ATIVO..............................................................................................................................225.4 SUJEITO PASSIVO..........................................................................................................................235.5 ELEMENTO SUBJETIVO..................................................................................................................245.6 AUMENTO DE PENA......................................................................................................................255.7 EXCLUSÃO DO CRIME – EXCLUDENTE DE ILICITUDE.......................................................................275.8 RETRATAÇÃO – EXCLUDENTE DE PUNIBILIDADE............................................................................285.9 PEDIDO DE EXPLICAÇÕES..............................................................................................................295.10 AÇÃO PENAL - #CAIMUITO............................................................................................................30

6 CONSTRANGIMENTO ILEGAL...................................................................................................33

7 AMEAÇA..................................................................................................................................34

8 SEQUESTRO E CARCERE PRIVADO............................................................................................35

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9 *REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO.................................................................37

10 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO...................................................39

11 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA......................................41

12 OUTROS CRIMES..................................................................................................................4312.1 DIVULGAÇÃO DE SEGREDO...........................................................................................................4312.2 CRIMES DE IMPRENSA..................................................................................................................44

13 DISPOSITIVOS PARA LEGISLAÇÃO.........................................................................................45

14 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.....................................................................................................45

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ATUALIZADO EM 21/12/20181

CRIMES CONTRA A HONRA

1 INTRODUÇÃO

Pertencem ao bloco dos crimes contra a pessoa. Estão no título I. São três:

Calúnia

Difamação

Injúria

Também existem leis especiais prevendo esses crimes (Código Penal Militar, Lei de Segurança

Nacional, Código Eleitoral).

E os crimes contra a honra na Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67)? Essa lei não foi recepcionada pela

Constituição Federal de 1988 (ADPF 130). Isso significa que no âmbito das relações de imprensa não existe

mais os crimes contra a honra? Não, aplicam-se os crimes do Código Penal.

Houve abollitio criminis com a revogação da Lei de Imprensa? Não, segundo o princípio da

continuidade normativa típica. A conduta não deixou de ser considerada crime; simplesmente migrou de um

dispositivo para outro. Foi tudo para o Código Penal.

Os tipos previstos no Código Penal têm natureza subsidiária ou residual, pois serão aplicados sempre

que não incidir alguma lei especial.

CÓDIGO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAÇÕES (Lei 4.117)

Art. 53. Constitui abuso, no exercício de liberdade da radiodifusão, o emprego desse meio de comunicação

para a prática de crime ou contravenção prevista na legislação em vigor no País, inclusive:

i) Caluniar, injuriar ou difamar os poderes legislativos, executivo ou judiciário ou os respectivos

membros;

1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo ([email protected]) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.

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Código Eleitoral (os crimes são de ação penal publica incondicionada)

Código Penal Militar (Art. 214, 215 e 216)

Lei de Segurança Nacional

1.1 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL

Um crime só é legítimo quando tutela valores consagrados na Constituição Federal. O fundamento

constitucional está no art. 5º, X, CF. A honra é um direito fundamental do ser humano.

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a

indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

1.2 CONCEITO DE HONRA

Honra é o conjunto de qualidades físicas, morais e intelectuais de uma pessoa, que tornam a pessoa

merecedora de respeito na sociedade e que promove a sua autoestima.

1.3 ESPÉCIES DE HONRA

a) Honra objetiva: é a visão que os demais membros de uma sociedade têm de uma pessoa. Ofendem a honra

objetiva: calúnia e difamação. Por isso para a sua consumação exigem a imputação de um fato e o

conhecimento desse fato a terceiro.

b) Honra subjetiva: é o que cada um pensa de si próprio. Essa honra subjetiva se divide em honra dignidade e

honra decoro. Na injúria não há imputação de fato, bastando a atribuição de uma qualidade negativa. O crime

se consuma no momento em que a ofensa chega ao conhecimento da vítima.

Honra dignidade diz respeito às qualidades morais da pessoa. Ex. mau caráter, caloteiro.

Honra decoro diz respeito às qualidades físicas e intelectuais das pessoas.

c) Honra comum: é aquela que ofende a pessoa enquanto ser humano, ou seja, independe das atividades que

ela exerce.

d) Honra especial/profissional: depende da atividade que a vítima exerce. Chamar médico de açougueiro.

#QUADRORESUMO:

HONRA OBJETIVA: HONRA SUBJETIVA:

Conceito que a sociedade possui a respeito do indivíduo.

Reputação pessoal perante 3ºs.

Conceito que o indivíduo tem de si próprio.

- Dignidade / Decoro / Autoestima

É o que a vítima pensa dela mesma.

Crimes tutelados: calúnia, difamação Crimes tutelados: injúria

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Pessoa Jurídica: somente pode ser vítima de calúnia e difamação – Tem só honra objetiva. (há divergência)

A pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia (imputar crime) desde que a falsa imputação se refira a fato

definido como crime ambiental. (que é a única previsão de imputação de crime a pessoa jurídica)

Inimputável pode ser vítima de injúria?

Sim, dede que possua capacidade de compreender a ofensa. Ex. Ofender uma criança

Pessoa jurídica pode ser vítima de difamação.

CONSUMAÇÃO: (calúnia/ difamação) CONSUMAÇÃO: (Injúria)

Consuma-se quando um 3º toma ciência da imputação.

Consuma-se quando a ofensa chega ao conhecimento do ofendido.

CABE RETRATAÇÃO

#Cuidado com a difamação, pois no caso específico é mais restrita – funcionário público.

NÃO CABE RETRATAÇÃO

CALÚNIA DIFAMAÇÃO INJÚRIAArt. 138 CP Art. 139 Art. 140

Imputa-se fato definido como crime determinado sabidamente

falso.

Imputa-se fato desonroso determinado em regra não

importando se verdadeiro ou falso.Atribui-se qualidade negativa

FATODETERMINADO

CRIMINOSO.SABIDAMENTE FALSO.

FATODETERMINADODESONROSO.

QUALIDADENEGATIVA

HONRA OBJETIVA HONRA OBJETIVA HONRA SUBJETIVA

2 CALÚNIA

É um crime de menor potencial ofensivo.

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

#OBS.: MENOR DE 18 ANOS PODE SER AUTOR DE CALÚNIA? (INIMPUTÁVEIS) SIM, apesar do menor não

praticar crime, ele pratica fato definido como crime (ato infracional).

#OBS.: RECEBE-SE OU REJEITA-SE A QUEIXA? Vítima descrevendo uma difamação, mas capitula como calúnia-

Juiz recebe a queixa e no momento da sentença aplica a emendatio libeli.

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2.1 OBJETIVIDADE JURÍDICA

Ofende a honra objetiva. O núcleo do tipo não é caluniar. A expressão ‘caluniar alguém’ era

desnecessária. O núcleo do tipo é imputar. O que é imputar? Atribuir à alguém a prática de um fato.

O fato imputado tem que ser definido como crime, qualquer que seja a sua espécie (doloso, culposo,

etc.). Esse crime pode ser inclusive uma calúnia. O agente diz que a vítima praticou uma calúnia. Também é

conhecida como difamação qualificada.

O fato tem que ser determinado e verossímil, ou seja, que pode ser verídico. Revestido de

veracidade.

Deve ser imputado a uma pessoa certa e determinada. Ex. um professor da LFG roubou minha casa –

não é calúnia. Ou ainda que pode ser determinada, pelas características dadas.

E se for contravenção penal? Não é crime de calúnia. É mero caso de difamação.

A imputação tem que ser falsa. Se a imputação é verdadeira, paciência. O tipo penal serve para

proteger a honra das pessoas de bem e não para acobertar criminosos.

Imputa-se fato definido como crime determinado sabidamente falso.

Essa falsidade pode recair na existência do fato ou no envolvimento da vítima no fato. A falsidade é

elemento normativo do tipo.

#ATENÇÃO: ADVOGADO NÃO TEM IMUNIDADE PROFISSIONAL PARA CALÚNIA

#OBS.: É CRIME A AUTO-CALÚNIA? SIM, É UM CRIME, MAS NÃO CONTRA HONRA, apesar de não punir a

autolesão da honra, É CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA. AUTO-ACUSAÇÃO FALSA

#OBS.: CRIME CONTRA HONRA (calúnia/difamação) DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA PODE CONFIGURAR CRIME

CONTRA A SEGURANÇA NACIONAL.

(#Q): A HONRA É BEM DISPONÍVEL OU INDISPONÍVEL? Vítima que consente em ser caluniada haverá o crime?

Hoje é pacífico que a honra é bem disponível, se a vítima consentir para a calúnia não haverá crime.

2.2 SUJEITO PASSIVO

Qualquer pessoa pode ser vítima de calúnia, mesmo o desonrado. Jurisprudência: prostituta pode

ser vítima de calúnia.

#POLÊMICA - MENORES/LOUCO PODEM SER VÍTIMAS DE CALÚNIA?

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1ª CORRENTE 2ª CORRENTE

Menor e louco não praticam crimes. Logo não

podem ser vítimas de calúnia, mas sim vítima de

difamação.

A lei exige imputação de fato definido como

crime, isto é fato típico. Logo sabendo que o

menor e o louco praticam fato típico podem

ser vítimas de calúnia. - PREVALECE. - STJ

2.3 FORMAS DE CALÚNIA

Inequívoca ou explícita: A ofensa é direta. Ela é clara. Não deixa dúvida alguma.

Equívoca ou implícita: A ofensa é velada. O sujeito dá a entender que a vítima cometeu o crime. ex. se eu

tivesse julgado aquele caso eu também estaria de carro novo.

Calúnia reflexa: o agente ao atribuir um crime a determinada pessoa, acaba por também a imputar um

crime a pessoa diversa. ex. aquele policial é corrupto porque recebeu x reais de Cléber Masson. A calúnia

contra Cléber é reflexa.

2.4 CONSUMAÇÃO

Atinge a honra objetiva e, por isso, se consuma quando a ofensa chega ao conhecimento de terceiro.

Basta que chegue ao conhecimento de uma única pessoa. Pouco importa se a vítima teve ou não

conhecimento da ofensa. Independentemente do efetivo dano a reputação da vítima. CRIME FORMAL.

Cabe tentativa? Na calúnia oral não cabe (ou fala ou não fala). Doutrina majoritária. Se for escrita

cabe tentativa – e-mail extraviado. Ex. carta caluniadora interceptada pela própria vítima.

A calúnia por telegrama consuma-se no local de sua expedição, quando a imputação falsa chega ao

conhecimento de outrem. Embora obrigado ao sigilo profissional, o funcionário do telégrafo teve

conhecimento do fato delituoso que aí, pois, se consumou (STF).

A calúnia é crime formal. Com efeito, o delito pressupõe que o agente queira afetar o bom nome da

vítima, mas se consuma quando a imputação chega ao conhecimento de terceiro, ainda que a reputação da

vítima não seja efetivamente abalada.

2.5 SUBTIPOS

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

É o tipo da fofoca. Propalar é relatar verbalmente e divulgar é a transmissão por qualquer outro

meio. Basta que a calúnia seja transmitida para uma única pessoa.

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Admite apenas o dolo direto “sabendo falsa a imputação” – revela um juízo de certeza. Não pode ser

dolo eventual.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

Quem é a vítima desse crime? Os familiares do falecido, que tem o interesse em preservar a sua

memória.

(#Q): Qual a diferença entre calúnia e denunciação caluniosa?

CALÚNIA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

Honra Administração de Justiça

Regra: Ação privada Ação pública incondicionada

Imputação falsa de crime Pode ocorrer imputação falsa de crime ou de

contravenção penal

Imputação falsa de crime se esgota em si mesma. O

agente se contenta em macular a honra objetiva da

vítima.

Ofende a honra para movimentar a maquina estatal.

Há uma ação penal em curso

“A calúnia, como crime menor, é abrangida pela denunciação caluniosa, crime maior, quando ambos

os delitos estiverem fundados em um mesmo fato”.

2.6 EXCEÇÃO DA VERDADE

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

I - Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença

irrecorrível;

II - Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;

III - Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

Exceção significa defesa.

A procedência da exceção da verdade acarreta a absolvição. Qual o fundamento da absolvição?

Desaparece elementar do tipo, estamos diante de uma causa de atipicidade.

Toda imputação criminosa é presumidamente falsa. Mas essa presunção é relativa (iuris tantum),

admitindo prova em sentido contrário.

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O acusado poderá então se defender por meio da exceção da verdade, provando que imputação era

verdadeira.

A exceção é um incidente processual (só ocorre na fase judicial. Nunca na fase investigatória) e

prejudicial (impede a análise do mérito).

É uma medida facultativa de defesa indireta. O réu não é obrigado a utilizar a exceção da verdade.

Defesa direta – negativa de autoria.

Se a vítima da calúnia tem foro especial, a exceção da verdade vai ser processada nesse foro.

Somente a exceção é processada no foro especial.

#CAIUEMPROVA - Essa temática foi objeto de questionamento na prova do TRF4/2016, sendo considerada

correta a seguinte alternativa: “A exceção da verdade, quando deduzida nos crimes contra a honra que

autorizam a sua oposição, deve ser admitida, processada e julgada, ordinariamente, pelo juízo

competente para apreciar a ação penal condenatória. Tratando-se, no entanto, de exceptio veritati

deduzida contra pessoa que dispõe, ratione muneris, de prerrogativa de foro perante o Supremo Tribunal

Federal (Constituição Federal, art. 102, I, b e c), a atribuição da Suprema Corte restringir-se-á, unicamente,

ao julgamento da referida exceção, NÃO assistindo a esse Tribunal competência para admiti-la, para

processá-la ou, sequer, para instruí-la, razão pela qual os atos de dilação probatória pertinentes a esse

procedimento incidental deverão ser promovidos na instância ordinária competente para apreciar a causa

principal (ação penal condenatória).”

Súmula 396 STF - Para a ação penal por ofensa à honra, sendo admissível a exceção da verdade quanto ao

desempenho de função pública, prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que já

tenha cessado o exercício funcional do ofendido. Superada.

A regra é o cabimento da exceção da verdade, pois a falsidade é elemento do tipo. Há três exceções:

1. Se o crime imputado é de ação privada, salvo se o ofendido já foi condenado por tal crime. Streptus foro –

escândalo do processo. Há crimes que muito transgridem a intimidade da vítima. Ex. crime de injúria.

Chamou a mulher de puta. A mulher não quis entrar com ação para não se expor. Ai vem uma pessoa e

diz que aquilo ocorreu. Não pode.

2. Se a ofensa for contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. Chefe de Governo

estrangeiro é imune à legislação brasileira. Ex. não posso provar que Obama realmente estuprou.

Presidente da República – não cabe exceção da verdade diante de toda sistemática da Constituição

Federal para processar e julgar os crimes praticados contra o Presidente da República (tem que ter

autorização da Câmara dos Deputados, tem que ser ação movida pelo PGR no STF, etc.)

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3. Qualquer que seja o crime, se o ofendido já foi absolvido por sentença irrecorrível. O fundamento é a

coisa julgada.

#OBS.: Qual o efeito do não cabimento da exceção da verdade? Existe calúnia na imputação verdadeira de

crime? SIM, quando não cabe a exceção da verdade.

#OBS.: Para Vicente Greco Filho essas hipóteses em que não se admite a exceção da verdade são

inconstitucionais por ofender o princípio da ampla defesa. Ele está errado. Por quê? 1. É um meio facultativo.

2. A própria CF admite essa vedação.

3 DIFAMAÇÃO

Difamação

Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.

Exceção da verdade

Parágrafo único – A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é

relativa ao exercício de suas funções

É uma infração de menor potencial ofensivo (competência dos Juizados Especiais Criminais). É

imputar à alguém fato ofensivo à sua reputação. O tipo foi redundante ao usar a expressão “difamar” como

núcleo.

(#Q): PESSOA JURÍDICA PODE SER VÍTIMA?

1ª CORRENTE: 2ª CORRENTE:

Pessoa jurídica tem honra objetiva, tem reputação a

ser preservada, logo pode ser vítima de difamação.

(MAJORITÁRIA)

Os crimes contra a honra somente protegem a

honra da pessoa física, jamais da pessoa jurídica.

(Mirabeti).

(#Q): MORTO PODE SER VÍTIMA DE DIFAMAÇÃO? Morto não pode ser vítima de nenhum crime. É PUNÍVEL A

DIFAMAÇÃO CONTRA OS MORTOS? Não é punível a difamação contra os mortos, existia previsão legal na lei

de imprensa, mas tal lei não foi recepcionada pela CRFB/88.

Como só existe regra expressa prevendo possibilidade de punição para a calúnia (art. 138, §2º do

CP), a doutrina firmou entendimento de que não é punível a difamação contra pessoas mortas.

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3.1 OBJETIVIDADE JURÍDICA

É um crime que atinge a honra objetiva, reclamando a imputação de um fato certo e determinado. É

preciso que a imputação contenha circunstâncias descritivas do fato (tempo, local, pessoas envolvidas).

3.2 NÚCLEO DO TIPO

Difamar é desacreditar publicamente uma pessoa, mediante a imputação de um fato ofensivo à

reputação. O agente vai macular a honra da vítima. Na difamação o tipo penal não contém a elementar

“falsamente”. Essa imputação pode ser verdadeira ou falsa. O sentido da norma é o de que ninguém deve

fazer comentários depreciativos sobre a vida alheia, ainda que verdadeiros. Basta um fato ofensivo à

reputação da vítima, capaz de macular, ofender, desacreditar publicamente a vítima.

OFENSA DIRETAMENTE A VÍTIMA: Se o agente dirige a difamação diretamente à vítima não sendo

espalhado para 3ºs não configura difamação, podendo configurar injúria, pois atinge a honra subjetiva.

VÍTIMA QUE CONTA OS FATOS A TERCEIRA PESSOA: Se a vítima contar para terceira pessoa não

caracteriza a difamação, mas tão somente, como afirma Rogério Greco, o delito de injúria, de menor

gravidade, comparativamente ao crime de difamação.

A prática de uma contravenção penal é um fato ofensivo à reputação, caracterizando a difamação.

(#Q): O ARTIGO 138 PUNIA NÃO SÓ O CRIADOR DA CALÚNIA, COMO AQUELE QUE PROPALAVA OU

DIVULGAVA, O FOFOQUEIRO. O ARTIGO 139 PUNE ALGUÉM MAIS QUE O CRIADOR? NÃO, pois não existe

previsão expressa para isto. ENTRETANTO: Entende a maioria da doutrina que PROPALAR E DIVULGAR não

deixa de ser uma forma de difamar.

3.3 CONSUMAÇÃO

No momento em que um terceiro toma conhecimento da ofensa, já que atinge a honra objetiva,

mesmo que a vítima não saiba da ofensa.

É possível a tentativa? Depende do meio de execução. Se for praticada verbalmente não cabe, mas

por escrito sim (exemplo: carta que se extravia). Crítica – mesmo quando é verbal a tentativa é possível.

3.4 EXCEÇÃO DA VERDADE?

Não se admite. Afinal, a falsidade da imputação aqui não é elemento do tipo.

Há uma única exceção, em que cabe a exceção da verdade – quando o ofendido é funcionário

público + ofensa relativa ao exercício se suas funções. Não basta ser funcionário público. São dois requisitos

cumulativos.

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Art. 139, Parágrafo único – A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a

ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

O fundamento é o interesse público na fiscalização das atividades dos agentes públicos.

E se o ofendido deixou de ser funcionário público?

1ª posição (Magalhães Noronha e Heleno Cláudio Fragoso): se não for mais agente público não cabe

exceção da verdade, por falta e previsão legal.

2ª posição (Bento de Faria): mesmo não sendo funcionário público, cabe a exceção da verdade desde que

a ofensa seja relativa a um fato praticado quando ele era funcionário público. Defende o princípio da

contemporaneidade, bastando que a ofensa seja contemporânea ao período em que era funcionário

público.

Súmula 396 STF – Para a ação penal por ofensa à honra, sendo admissível a exceção da verdade quanto ao

desempenho de função pública, prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que já

tenha cessado o exercício funcional do ofendido. Superada.

CALÚNIA DIFAMAÇÃO

Procedência da exceção:

FUNDAMENTO:

Absolvição - Atipicidade.

A falsidade é elementar do tipo.

Procedência da exceção:

FUNDAMENTO

Absolvição - Excludente especial da ilicitude.

É uma modalidade especial de exercício regular de

direito.

CALÚNIA DIFAMAÇÃO

1. O fato imputado deve ser definido como

crime;

2. A imputação deve ser falsa

3. É punível contra os mortos

4. Admite, em regra, a exceção da verdade

5. Possui subtipo

1. O fato imputado deve ser desonrosos, mas

nunca definido como crime

2. Não é necessário que a imputação seja falsa

3. Não é possível contra os mortos

4. Não admite, em regra, exceção da verdade

5. Não possui subtipo

* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Configura, em tese, difamação a conduta do agente que publica vídeo de um

discurso no qual a frase completa do orador é editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal

de negros e pobres. A edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e, quando feita com

o objetivo de difamar a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa. Vale ressaltar que esta

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conduta do agente, ainda que praticada por Deputado Federal, não estará protegida pela imunidade

parlamentar. STF. 1ª Turma. Pet 5705/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/9/2017 (Info 876).

4 INJÚRIA

Injúria

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - No caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se

considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a

condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)

4.1 OBJETIVIDADE JURÍDICA

Atinge a honra subjetiva, que se divide em dignidade de decoro. Se atinge a honra subjetiva, não há

imputação de fato. Basta o xingamento ou a atribuição de uma qualidade negativa. É um crime de atinge a

autoestima da vítima.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF - O Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que a também

Deputada Federal Maria do Rosário (PT-RS), “não merece ser estuprada por ser muito ruim, muito feia, não faz

meu gênero”. E acrescentou que, se fosse estuprador, "não iria estuprá-la porque ela não merece". O STF

entendeu que a conduta do parlamentar configura, em tese, para fins de recebimento de denúncia, o crime de

injúria: "Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis

meses, ou multa."

As declarações do Deputado atingiram a honra subjetiva da Deputada porque rebaixaram sua dignidade moral,

expondo sua imagem à humilhação pública, além de associar as características da mulher à possibilidade de

ser vítima de estupro. STF. 1a Turma. Inq 3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/6/2016

(Info 831).

O Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que a também Deputada Federal, Maria do Rosário (PT-

RS), “não merece ser estuprada por ser muito ruim, muito feia, não faz meu gênero”. E acrescentou que, se

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fosse estuprador, "não iria estuprá-la porque ela não merece". O STF entendeu que a conduta do parlamentar

configura, em tese, para fins de recebimento de denúncia, o delito do art. 286 do CP (incitação ao crime): "Art.

286. Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa."

A manifestação do Deputado tem o potencial de incitar outros homens a expor as mulheres à fragilidade e à

violência física, sexual, psicológica e moral, considerando que foi proferida por um parlamentar, que não pode

desconhecer os tipos penais.

O crime de estupro tem consequências graves, e sua ameaça constante mantém todas as mulheres em

situação de subordinação. Portanto, discursos que relativizam essa gravidade e a abjeção do delito contribuem

para agravar a vitimização secundária produzida pelo estupro.

O parlamentar, ao utilizar o vocábulo “merece” transformou o estupro em algo como se fosse um prêmio, um

favor, uma benesse à mulher. Além disso, transmitiu a ideia de que as vítimas podem merecer os sofrimentos

a elas infligidos pelo estupro. Essa fala reflete os valores de uma sociedade desigual, que ainda tolera e até

incentiva a prática de atitudes machistas e defende a naturalidade de uma posição superior do homem, nas

mais diversas atividades.

Para que se consuma o tipo penal do art. 286 do CP, não é necessário que o agente incentive, verbal e

literalmente, a prática de determinado crime. Este delito pode ser praticado por meio de qualquer conduta

que seja apta a provocar ou a reforçar em terceiros a intenção da prática criminosa.

produção de resultado. Além disso, não exige o fim especial de agir, mas apenas o "dolo genérico", consistente

na consciência de que o comportamento do agente instigará outros a praticar crimes.

No caso, a frase do parlamentar tem potencial para estimular a perspectiva da superioridade masculina e a

intimidação da mulher pela ameaça de uso da violência. Assim, a afirmação pública do Deputado tem, em tese,

o potencial de reforçar a ideia eventualmente existente em outros homens de praticarem violência contra a

mulher. STF. 1a Turma. Inq 3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/6/2016 (Info 831).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA - Determinado Governador afirmou, em rede social, que certo Deputado

Federal estava financiando, com a utilização de “dinheiro sujo”, a produção de injúrias contra ele e que o

parlamentar estava sendo processado pelos crimes de tortura, corrupção e estupro. No dia seguinte, o

Deputado, em resposta, afirmou, também em uma rede social, que o Governador era acusado de corrupção

eleitoral, que tinha como costume fazer acusações falsas para tentar incriminar seus desafetos políticos, que

costumava espancar seu pai e que era desequilibrado mental. O STF entendeu que o Deputado Federal

praticou fato típico, antijurídico e culpável, mas que não deveria ser punido, com base no art. 140, § 1º, II, do

CP. O Deputado postou as mensagens ofensivas menos de 24 horas depois de o Governador publicar a

manifestação também injuriosa. Dessa forma, as mensagens do parlamentar foram imediatamente posteriores

às veiculadas pelo ofendido e elaboradas em resposta a elas. Ao publicá-las, o acusado citou parte do

conteúdo da mensagem postada pelo ofendido, comprovando o nexo de pertinência entre as condutas. Dessa

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maneira, o ofendido não só, de forma reprovável, provocou a injúria, como também, em tese, praticou o

mesmo delito, o que gerou a retorsão imediata do acusado. Logo, o STF entendeu que não havia razão moral

para o Estado punir o Deputado. STF. 1ª Turma. AP 926/AC, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/9/2016 (Info

838).

A petição inicial da ação penal, seja de uma queixa crime, seja de uma denúncia, deve indicar

detalhadamente todas as palavras proferidas contra a vítima, ainda que de baixo calão, sob pena de inépcia.

MP/SP – Na peça tinha que escrever expressamente “filho da puta”. Se na oral o examinador perguntar, diga.

INJÚRIA ABSOLUTA INJÚRIA RELATIVA

Existe quando a expressão tem por si mesma e para

outrem um significado ofensivo constante e

unívoco.

Existe quando a expressão assume caráter

ofensivo se proferida em determinada

circunstancias ou condições de forma, tom,

modo, lugar, etc.

4.2 NÚCLEO DO TIPO

Injuriar. O tipo foi repetitivo, mais uma vez. Injuriar é ofender, insultar, menosprezar alguém, de

forma a diminuir o conceito que a vítima tem de si própria. Não há a imputação de fato algum. Ex. você é feio,

igual a um cachorro.

A injúria é praticada por meio de ação, em regra. Também é possível praticar uma injúria por

omissão. Ex. cumprimentou todo mundo, menos uma.

O que se entende por injúria indireta ou reflexa? Para ofender uma pessoa, reflexamente o agente

atine pessoa diversa. Ex. você é feio, igualzinho a Regina Casé; chamar o homem casado de corno.

4.3 CONSUMAÇÃO

Quando a vítima toma conhecimento da ofensa, por ser crime contra a honra subjetiva. A consumação

pode ser mediata e imediata.

Se a ofensa é feita em sua presença, a consumação é imediata. Se é feita em sua ausência, o

aperfeiçoamento só se dará quando derem ciência à vítima do que foi dito.

Cabe tentativa? É possível diante da injúria praticada por escrito. Cabe a mesma crítica.

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4.4 EXCEÇÃO DA VERDADE?

Nunca se admite a exceção da verdade. É meio lógico – teria que provar se a pessoa é realmente feia,

por exemplo. Fundamentos: falta de previsão legal + não há fato a se provar (não há imputação de fato) +

incompatível com a própria finalidade do instituto (a exceção traria mais danos que a própria injúria).

4.5 PERDÃO JUDICIAL

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - No caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

O perdão judicial é causa de extinção da punibilidade. Art. 107, IX. Ele só é admitido nas hipóteses

expressamente previstas em lei.

De acordo com a Súmula 18 do STJ a sentença que concede o perdão judicial, não é nem condenatória

nem absolutória. É declaratória da extinção da punibilidade.

A regra no Brasil é perdão judicial para crime culposo. Aqui é uma exceção. A injúria é um crime doloso

em que cabe perdão judicial.

Hipóteses:

I. O ofendido provocou diretamente a injúria, de forma reprovável.

#CUIDADO: diretamente – as pessoas devem estar frente a frente. Reprovável – é um elemento normativo do

tipo e tem que ser avaliado no caso concreto. Ex. homem que chama mulher de gostosa e é xingado.

II. Retorsão imediata que consista em outra injúria

É o revide instantâneo.

#CUIDADO – É possível inclusive na injúria por escrito. A provocação é outra injúria. O perdão é cabível para

quem revidou, mas não para quem injuriou primeiro. ATENÇÃO: TRF/LIVRO – perdoar as duas injúrias. Apesar

de ser hipótese de perdão judicial, que exclui a punibilidade, o STJ disse que ela nada mais é senão uma

modalidade anômala de legítima defesa da honra (não naquele sentido do passado do homem traído que

podia matar a mulher). Informativo 443.

#ATENÇÃO: VEDAÇÃO AO PERDÃO JUDICIAL AO §3º.

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Não se aplica o perdão judicial do § 1º quando a injúria for qualificada pelo preconceito. Não

bastasse a posição topográfica do perdão judicial (indicando aplicar-se somente a forma simples), o

preconceito manifestado viola de forma séria a honra da vítima e uma das metas fundamentais do estado

democrático de direito que é erradicar qualquer forma de preconceito.

4.6 INJÚRIA REAL (#CAIMUITO)

Art. 180, § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio

empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

É a modalidade de injúria em que o sujeito emprega como meio de execução uma agressão física

capaz de humilhar a vítima. Essa agressão não busca atingir a integridade física. Ex. tapa na cara, cuspida.

Essa agressão pode ocorrer com:

Violência – aqui é sinônimo de lesão corporal. #DICA – sempre que o CP utiliza a palavra violência ele o

faz como sinônimo de lesão corporal. O tipo penal prevê o concurso penal obrigatório entre a injúria

real e o crime resultante da violência. “Detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena

correspondente à violência.”. Há aqui uma regra geral de intepretação do direito penal - Sempre que

um crime tenha a violência como forma de execução (extorsão, roubo, injúria real), a lesão leve dele

decorrente fica absorvida, salvo quando a lei previr o concurso material obrigatório entre o crime

praticado e o crime produto da violência. Aqui o agente responde pela lesão leve e pela injúria.

Vias de fato – agressão física sem a intenção de lesionar – é contravenção penal. Se ele tinha a intenção

de lesionar e não conseguiu é tentativa de lesão corporal e não vias de fato. As vias de fato são

absorvidas pela injúria real. Só há concurso material obrigatório na violência. A propósito: “Tosagem de

cabelo de mulher, pelo marido, em um ímpeto de ciúme, configura injúria real, constituindo o ato

material do corte de cabelo a contravenção de vias de fato, com o objeto manifesto de injuriar a vítima.

Se ocorre apenas vias de fato, a contravenção é absorvida pelo delito”. Tacrim – SP. Rel. Chiaradia

Netto.

#OBS.: Não é qualquer violência ou vias de fato – tem que ser aviltantes – sinônimo de humilhante. Seja em

razão:

o Da natureza do ato: rasgar a saia da vítima.

o Meio empregado: atirar fezes na vítima.

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4.7 INJÚRIA QUALIFICADA “RACIAL”

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a

condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena -

reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)

É mais adequado falar qualificada, pois a raça é uma das possibilidades. A pena aqui é bem maior. O

STF no HC 109.676 (Informativo 710) disse que essa pena é constitucional, pois ela se justifica em proteção da

dignidade da pessoa humana. Isso afeta a condição humana.

#OBS.: Racismo x Injúria qualificada racial.

INJÚRIA QUALIFICADA RACIAL RACISMO

Afiançável Inafiançável

Prescritível Imprescritível

Ação penal pública condicionada à representação Ação Pública Incondicionada

DOUTRINA:RACISMO IMPRÓPRIO

DOUTRINA:RACISMO PRÓPRIO

Na injúria qualificada racial – ele utiliza um elemento de raça com o intuito de humilhar. Ex. jogador

chamado de macaco.

Racismo – são ofensas generalizadas em razão da raça ou age segregando alguém em razão da

origem. Ex. não ofende o sujeito em si. Os negros são... é um crime de intolerância, preconceito,

discriminação.

*ATENÇÃO! #DIVERGÊNCIA: no AREsp 686.965/DF, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que a injúria racial

deve ser considerada imprescritível, o que tem gerado diversas críticas por parte da doutrina. O fundamento

foi o de que “a questão da imprescritibilidade do delito de injúria racial foi reconhecida [pelo tribunal] ao

entendimento de que esse crime, por também traduzir preconceito de cor, atitude que conspira no sentido da

segregação, veio a somar-se àqueles outros, definidos na Lei 7.716/89, cujo rol não é taxativo”. Esse

entendimento foi pontual e foi baseado no entendimento doutrinário de Guilherme de Souza Nucci . “De

acordo com o magistério de Nucci, com o advento da Lei 9.459/97, introduzindo a denominada injúria racial,

criou-se mais um delito no cenário do racismo, portanto, imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de

reclusão.”. (EDcl no AgRg nº 686.965 – DF, 6ª T., rel. Ericson Maranho desembargador convocado do TJ/SP,

13/10/2015, v.u.).

*#CAIUEMPROVA #DEFENSORIA - A banca CESPE, na DPE-AC, 2017, considerou correta a seguinte alternativa,

com relação ao entendimento dos Tribunais Superiores: A injúria racial é um delito inserido no panorama

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constitucional do crime de racismo, sendo considerado imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de

reclusão.

4.8 INJÚRIA CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO X DESACATO

Quem é este funcionário público?

É cada vez mais crescente a doutrina que aplica a majorante somente para o caput do artigo 327, não

abrangendo o §1º do artigo 327, ou seja, não considera o funcionário público por equiparação - SOMENTE O

CAPUT DO ART. 327.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os

efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou

sem remuneração, exerce cargo, emprego ou

função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público

quem exerce cargo, emprego ou função em

entidade paraestatal, e quem trabalha para

empresa prestadora de serviço contratada

ou conveniada para a execução de atividade

típica da Administração Pública.

Quando o funcionário público sofre ofensa em razão do exercício de suas funções, o crime pode ser:

INJÚRIA CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO DESACATO

Pode ser praticada na presença ou na ausência da

vítimaTem que ser praticado na presença do ofendido

Ação pública condicionada Ação pública incondicionada

Crime contra a honra Crime contra a Administração Pública

*#CAIUEMPROVA #DEFENSORIA - A banca FCC, na prova da DPE-BA, considerou correta a seguinte

alternativa: “A Relatoria para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos já

concluiu que as leis nacionais que estabelecem crimes de desacato são contrárias ao artigo 13 da Convenção

Americana de Direitos Humanos, que prevê a liberdade de pensamento e de expressão.”

Ex. pessoa entre no gabinete do juiz e diz que ele é corrupto – o crime é de desacato, pois foi na presença dele.

Na presença não tem que ser olho no olho. O juiz poderia estar no gabinete e o agente na sala de audiência.

Ex: passa de carro na frente da casa do juiz e grita que ele é corrupto – o crime é de injúria.

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#ATENÇÃO – Desacato tem que ser em relação às suas funções. Ex. chamo o juiz de corno – injúria normal.

*#OLHAOGANCHO: Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser

crime, conforme previsto no art. 331 do Código Penal. STJ. 3ª Seção. HC 379.269-MS, Rel. Min. Reynaldo

Soares da Fonseca, Rel. para acórdão Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 24/5/2017 (Info 607).

*#STF #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO: O crime de desacato é compatível com a Constituição

Federal e com o Pacto de São José da Costa Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade de

expressão, não retirando da cidadania o direito à livre manifestação, desde que exercida nos limites de

marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os excessos. STF. 2ª Turma. HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar

Mendes, julgado em 13/3/2018 (Info 894).

Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser crime, conforme

previsto no art. 331 do Código Penal. STJ. 3ª Seção. HC 379.269-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Rel.

para acórdão Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 24/5/2017 (Info 607).

4.9 INJÚRIA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS E COMPETÊNCIA

A injúria é, em regra, crime de competência na Justiça Estadual, mesmo quando praticada em redes

sociais sediadas no exterior. STJ - Informativo 495. O STJ tem seis turmas. A 5ª e a 6ª têm natureza criminal. A

3ª Seção é a junção da 5ª e 6ª Turmas.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE - Compete à Justiça Estadual processar e julgar crime de

incitação à discriminação cometido via internet, quando praticado contra pessoas determinadas e que não

tenha ultrapassado as fronteiras territoriais brasileiras. STF. 1a turma. HC 121283/DF, Rel. Min. Roberto

Barroso, j. em 29/4/2014.

INJÚRIA CALÚNIA/DIFAMAÇÃO

1. Atinge a honra subjetiva

2. Consuma-se quando a vítima toma

conhecimento da ofensa

3. Admite perdão judicial em certas hipóteses

4. Não admite exceção da verdade

5. A retratação não gera nenhum efeito

1. Atinge a honra objetiva

2. Consumam-se quando terceira pessoa toma

conhecimento da imputação

3. Nunca admitem perdão judicial

4. A calúnia admite exceção da verdade como

regra e a difamação quando for contra

funcionário público em razão da função

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5. A retratação, se cabal e antes da sentença,

extingue a punibilidade

5 OBSERVAÇÕES COMUNS – CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA - É possível que se impute, de forma concomitante, a prática dos crimes de

calúnia, de difamação e de injúria ao agente que divulga, em uma única carta, dizeres aptos a configurar os

referidos delitos, sobretudo no caso em que os trechos utilizados para caracterizar o crime de calúnia forem

diversos dos empregados para demonstrar a prática do crime de difamação. Ex: João, síndico do prédio,

brigou com Pedro em virtude de desavenças quanto à prestação de contas. Pedro escreveu, então, uma carta,

distribuída a todos os demais condôminos, na qual dizia que João, no mês de 09/2014, desviou R$ 10 mil da

conta do condomínio em proveito próprio (calúnia); que, no dia da assembleia ocorrida em 22/10/2014,

estava tão bêbado que não conseguia parar em pé (difamação) e que ele era um gordo, feioso e burro

(injúria). STJ. 5ª Turma. RHC 41.527-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 3/3/2015 (Info 557).

5.1 SÃO CRIMES DE DANO

Também chamados de crimes de lesão. O sujeito quer efetivamente lesar o bem jurídico. É diferente

do crime de perigo.

(#Q): CRIMES CONTRA HONRA SÃO CRIMES DE DANO OU PERIGO? Prevalece na doutrina que se trata de

CRIME DE DANO. Doutrina diz que é um CRIME DE DANO QUE DISPENSA O RESULTADO NATURALÍSTICO, é um

crime formal. Age-se com o dolo de dano, mas para a consumação dispensa-se o resultado naturalístico.

5.2 CRIMES DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA OU DE RESULTADO CORTADO OU FORMAL

Ele quer abalar a honra da vítima, mas isso não precisa ocorrer. Basta a potencialidade de ofender a

honra da vítima.

5.3 SUJEITO ATIVO

Comuns ou gerais – podem ser praticados por qualquer pessoa. Algumas pessoas têm, no entanto,

imunidade.

Imunidades parlamentares: Deputados e Senadores – art. 53, caput. No recinto do CN ou fora dele.

Essas imunidades são relativas, ou seja, devem guardar nexo com a atividade do parlamentar. Julgado clássico

o STF – AI 473.092.

Deputados estaduais – art. 27, §1º aplicam-se as regras de imunidade as Deputados Estaduais. Princípio

da Simetria. No recinto ou fora dele

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Vereadores – art. 29, VIII CF. Sim, desde que na circunscrição do Município.

Advogado – Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB) – art. 7º, §2º - INJÚRIA E DIFAMAÇÃO.

Não tem imunidade para calúnia.

Não tem imunidade para desacato – STF disse que é inconstitucional. Mas continua a imunidade para

injúria e difamação contra o juiz, desde que haja relação com a causa.

Em juízo ou fora dele.

Também é relativa – STF HC 84446 – tem que ter relação com a causa.

§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis

qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das

sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8)

5.4 SUJEITO PASSIVO

Qualquer pessoa física, desde que certa e determinada ou determinável. São crimes bicomuns,

portanto.

#OBS.: Os desonrados podem ser vítimas de crimes contra a honra. Qualquer pessoa tem um mínimo de honra

e nessa parte ela pode ser atingida. Não existe pessoa completamente desonrada.

Doentes mentais e menores de 18 anos.

Calúnia – SIM. O fato de eles poderem ser vítimas de calúnia é um argumento forte para quem adota

um conceito bipartido de crime (fato típico e ilícito). Eles são inimputáveis e não tem culpabilidade e,

mesmo assim podem ser vítimas de calúnia.

Difamação - SIM. Os menores de 18 anos e doentes mentais podem ser vítimas de difamação, pois

tem um nome e uma honra a zelar.

Injúria – DEPENDE. Também podem ser vítimas de injúria, desde que eles tenham capacidade para

entender a ofensa.

Pessoas jurídicas

Calúnia – SIM, desde que seja em relação a um crime ambiental.

Difamação – SIM. Ela tem honra objetiva a zelar.

Injúria - NÃO. Ela não tem honra subjetiva. Ela não pensa nada de si própria.

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#Advertência: Magalhaes Noronha (minoria) dizia que não era possível ter pessoa jurídica como sujeito

passivo, pois estão inseridos no título dos crimes contra a pessoa e, em sua visão, somente física.

#OBS.: Índios – competência da JF. Informativo 527 - Conflito de competência STJ 123.016.

#OBS.: Caluniar ou difamar Presidente da República, do Senado, da Câmara ou do STF - Crime contra

Segurança Nacional. #ATENÇÃO – se for injúria (o mais leve) aplica o CP.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA Não compete à Justiça Federal julgar queixa-crime proposta por particular

contra outro particular pelo simples fato de as declarações do querelado terem sido prestadas na Procuradoria

do Trabalho. A competência será da Justiça Estadual. Caso concreto: o querelante entendeu que as

declarações prestadas pelo querelado no MPT ofenderam a sua honra e que o depoente praticou calúnia e

difamação. Importante: se o MP entendesse que havia indícios de que o depoente praticou falso testemunho,

a competência para apurar este delito (art. 342 do CP) seria da Justiça Federal, nos termos da Súmula 165-STJ

("Compete a justiça federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista").

STJ. 3ª Seção. CC 148.350-PI, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 9/11/2016 (Info 593).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra autor de

mensagem que insinua que o seu marido tem uma relação extraconjugal com outro homem. Se alguém alega

que um indivíduo casado mantém relação homossexual extraconjugal com outro homem, a esposa deste

indivíduo tem legitimidade para ajuizar queixa-crime por injúria, alegando que também é ofendida. Caso

concreto: Roberto insinuou que Weverton teria um relacionamento homossexual extraconjugal com outro

homem. A mulher de Weverton tem legitimidade para ajuizar queixa-crime contra Roberto pela prática do

crime de injúria. STF. 1ª Turma. Pet 7417 AgR/DF, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado

em 9/10/2018 (Info 919).

5.5 ELEMENTO SUBJETIVO

Dolo direto ou eventual.

#OBS.: no tipo do fofoqueiro só cabe dolo direto “sabendo falsa a imputação”:

Art. 138 § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

Além do dolo, também se reclama um elemento subjetivo específico (finalidade), consistente na

seriedade da conduta, no sentido de que o agente tenha intenção de macular a honra alheia. Essa seriedade é

o animus injuriandi vel diffamandi.

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Não há crime contra a honra no animus jocandi, que é a mera intenção de brincar, nem no animus

narrandi que é a intenção de narrar objetivamente o fato. ex. testemunha. É por isso que o CPP proíbe a

valoração subjetiva da testemunha.

Também não há crime contra a honra no animus corrigendi, que é a intenção de corrigir – exercício

legal de um direito.

No animus defendend temos uma legítima defesa, com objetivo de se defender e não caracteriza

crime contra a honra.

No animus consulend verifica-se a intenção de aconselhar.

A honra é um bem jurídico disponível. Então, o consentimento do ofendido exclui o crime - ilicitude.

Porém, se o crime foi praticado contra menor ou incapaz, o consentimento do representante legal não tem

validade. Ninguém pode dispor daquilo que não lhe pertence.

5.6 AUMENTO DE PENA

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:

I - Contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;

II - Contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da

injúria.

IV – Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de

injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em

dobro.

São aplicáveis às três espécies. (Terceira fase da dosimetria da pena).

Contra Presidente da República (se for calúnia ou difamação com motivação política aplicar a LSN) ou

Chefe de Governo Estrangeiro.

Fundamento? A conduta atinge os interesses da nação.

Para o chefe de governo estrangeiro sempre será aplicado o CP. se for calúnia ou difamação contra o

Presidente, com motivação política, aplicar a LSN.

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Funcionário público.

Tem que ser funcionário e a ofensa tem que ser relacionada ao exercício da função. Tem que haver

uma relação de causalidade. O fundamento é a supremacia do interesse público.

DESACATO CONTRA FUNCIONÁRIO CRIMES CONTRA HONRA DE FUNCIONÁRIO

Pressupõe presença do funcionário público,

vendo ou ouvindo. (toma conhecimento

diretamente)

Ausência do servidor, o fato chega a

conhecimento dele por intermédio de 3ºs ou

por escrito.

* #OLHAOGANCHO: Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser

crime, conforme previsto no art. 331 do Código Penal. STJ. 3ª Seção. HC 379.269-MS, Rel. Min. Reynaldo

Soares da Fonseca, Rel. para acórdão Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 24/5/2017 (Info 607).

Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite (ex. internet) a divulgação da calúnia, da

difamação ou da injúria.

Fundamento: o meio de execução é capaz de causar um maior prejuízo à honra da vítima.

(#Q): “Várias pessoas”? Quantas? Sempre que o CP se contenta com 2 pessoas ou exige 4 ele o faz

expressamente. Ex, antigo crime de quadrilha, constrangimento ilegal. Aqui ele não fez. Quanto ele não fala

são três. Ex. crime de rixa, grupo de extermínio, milícia privada – ele não diz – pelo menos três.

#OBS.: essas três pessoas não contando com as que não têm capacidade de entender a ofensa ex. bebês, nem

a vítima e nem o agressor.

A expressão “na presença”, inserida no CP quando não existiam certas tecnologias, não afasta o

aumento quando a ofensa é feita em conversas na internet em chats que envolvam número mínimo de

pessoas exigidos pelo texto legal.

(#Q): O QUE SE ENTENDE POR VÁRIAS PESSOAS?

1ª Corrente:

(Bento de Faria)

2ª Corrente:

(Nelson Hungria)

Exige pelo menos 2 pessoas presente na ofensa.

MINORITÁRIA

Exige pelo menos 3 pessoas presente na

ofensa para configuração de várias pessoas.

MAJORITÁRIA

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#ATENÇÃO: Não se computa à CO-AUTORES, PARTICIPES E A PRÓPRIA VÍTIMA.

Maior de 60 anos ou portadora de deficiência, exceto no caso da injúria – cai em prova.

Foi incluído pelo Estatuto do Idoso. Na injúria o crime cometido contra pessoa idosa ou pessoa com

deficiência já é qualificadora, não podendo ser também causa de aumento da pena. O aumento existe ainda

que a ofensa não seja referente a essas condições pessoais, pois a lei não faz exigência em sentido contrário

como ocorre na injúria.

Mediante paga ou promessa de recompensa - DOBRO

Concurso necessário. Proveito econômico. Vide parte de homicídio. É igual.

5.7 EXCLUSÃO DO CRIME – EXCLUDENTE DE ILICITUDE

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:

I - A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;

II - A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de

injuriar ou difamar;

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no

cumprimento de dever do ofício.

Parágrafo único - Nos casos dos inc. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.

São causas especiais de excludentes de ilicitude.

#OBS: Adotando-se a tipicidade conglobante, o artigo 142 irá excluir a própria tipicidade.

Não se aplicam à calúnia, por expressa previsão legal. Já que na calúnia existe interesse público na

apuração do crime imputado.

a. A ofensa irrogada em juízo na discussão da causa pela parte ou por seu procurador

Tem que haver uma ação judicial em curso. Abrange as ofensas verbais, numa audiência, por exemplo,

como as escritas, petições.

Hoje ele tem uma aplicação muito reduzida, pois não se aplica aos advogados, membros do MP e da

Defensoria Pública. Só se aplica agora para as partes. ATEÇÃO: advogados se aplica o Estatuto da OAB, para os

membros do MP se aplica a lei específica da carreira e para os Defensores também.

Partes – relação com a causa e em juízo.

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#OBS.: a excludente alcança as partes propriamente ditas (autor e réu), bem com assistentes, litisconsortes,

terceiros intervenientes, inventariantes, etc.

E o juiz? Ele não é parte. Então essa imunidade para ofendê-lo não está abarcada nesse inciso. Como

ele não é parte não pode ofender ninguém.

b. Opinião literária, artística e científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar.

Protege a crítica sincera, não com a intenção de difamar ou injuriar. O art. 5º, IV, da CRFB, protege a

liberdade de expressão.

#OBS.: IMUNIDADE LITERÁRIA / ARTÍSTICA / CIENTÍFICA: NÃO SÃO PERSONALÍSSIMAS.

c. O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no

cumprimento de dever do ofício.

IMUNIDADE FUNCIONAL: MESMO nesta imunidade não pode haver propósito de ofender.

Forma específica do estrito cumprimento do dever legal. Ex. juiz na sentença diz que o réu é um

homicida frio e calculista.

O parágrafo único indica que nos casos do inciso I (ofensa irrogada em juízo) e III (conceito

desfavorável emitido por funcionário público), responde pela injúria e pela difamação quem lhe dá

publicidade. Isso denota o tom sigiloso das atividades tipificadas.

5.8 RETRATAÇÃO – EXCLUDENTE DE PUNIBILIDADE

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento

de pena.

Retirar do mundo o que se afirmou.

Natureza jurídica – é uma causa extintiva da punibilidade da calúnia e da difamação. Por que ela

extingue a punibilidade? Nelson Hungria – para a vítima a retratação é melhor que a punição do agente, pois

ela pode apagar aquilo que foi dito. O alcance é maior que a pena.

*#OUSESABER: Retratar significa assumir que errou ao fazer uma determinada imputação. Nos termos do

art.107, VI, do Código Penal a retratação é causa extintiva da punibilidade, e não causa de extinção da

tipicidade, pois o fato, ainda que seja retratado, continua sendo típico, apenas não podendo ser mais

punido. Por fim, urge salientar que a retratação, para produzir efeitos jurídicos, precisa ser total e

incondicional, sendo uma circunstância de caráter pessoal, logo não se comunica aos demais coautores.

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(#Q). E a injúria? Não. Por que não extingue na injúria? Por expressa previsão legal e porque na injúria

(xingamento, imputação de qualidade negativa) não há imputação de fato. A retratação diz respeito a um fato.

Ex. na injúria a retratação pode fazer estrago ainda maior – você é uma mostra de tão feia. Vou dizer agora

que e bonita? Que hipocrisia.

#OBS.: Só extingue a punibilidade quando for de ação privada. O artigo fala de querelado.

Tem um limite temporal – até a sentença. Nos crimes de competência originária dos tribunais tem

que ser anterior ao acórdão. - NÃO EXISTE RETRATAÇÃO COM CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM

GRAU RECURSAL.

A retratação tem natureza subjetiva e só favorece o agente que se retratou – não se comunica.

Caráter subjetivo não se estende aos querelados que não se retrataram.

Só atinge o crime em que o agente se retratou. Ex. pratiquei dois crimes de calúnia – só extingue da

que me retratei. No entanto, a retratação tem que ser cabal - total. Deve englobar tudo o que foi dito.

A retratação não se confunde com a confissão HC 107.206 – Informativo 657. Retratar é mostrar

arrependimento. Eu vi, mas eu não deveria ter falado.

É ato unilateral – independe da concordância da vítima.

Não obsta ação civil.

(#Q). A RETRATAÇÃO É CAUSA DE EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE COMUNICA-SE?

1ª CORRENTE:PERSONALÍSSIMA

2ª CORRENTE:

INCOMUNICÁVEL

PERSONALÍSSIMA:À CRIMES CONTRA HONRA - INCOMUNICÁVELQuerelado fica isento de pena.SUBJETIVA

NÃO PERSONALÍSSIMOÀ FALSA TESTEMUNHO / FALSA PERÍCIA. COMUNICÁVEL- Fato deixa de ser punível.- OBJETIVA.

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5.9 PEDIDO DE EXPLICAÇÕES

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido

pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,

responde pela ofensa. (Essa segunda parte é inconstitucional – fere contraditório e ampla defesa. O juiz não

julga o pedido de explicações).

Só cabe o pedido de explicações quando houver ofensa equívoca, ambígua, obscura. É medida

facultativa. Aquele que se sentiu ofendido pode utilizar ou ajuizar ação penal diretamente. Só pode ser usada

antes da ação penal. Não suspende nem interrompe a prescrição ou decadência. Contudo, previne o juízo.

É medida preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa quando, em virtude dos termos

empregados ou do verdadeiro sentido das frases, não se mostra evidente a intenção de caluniar, difamar, ou

injuriar (honra alheia), causando dúvida quanto ao significado da manifestação do autor. O pedido não

interrompe e nem suspende o prazo decadência, pois é facultativo.

A partir do momento que é feito o pedido de explicações, é obrigado a responder as explicações?

Não, a resposta é facultativa. Há direito ao silêncio.

Não há rito específico para o pedido de explicações. Então, segue o rito das notificações avulsas.

Antes da Lei de Imprensa ser declarada não recepcionada pelo STF, aplicava-se o artigo 25 dela.

Ler: STF Pet. AgR 4444.

O juiz não julga o pedido de explicações. Se, posteriormente, for proposta queixa-crime, será neste

momento que o juiz analisará as explicações dadas, para verificar se recebe ou rejeita a queixa. A parte final do

art. 144 diz que aquele que se recusa a dar as explicações ou as dá de forma insatisfatória responde pela

ofensa. Isso não significa, todavia, que o juiz estará obrigado a condenar o ofensor, já que, após o recebimento

da queixa, o querelado terá todas as oportunidades de defesa admitidas em lei.

5.10 AÇÃO PENAL - #CAIMUITO

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do

art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art.

141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no

caso do § 3o do art. 140 deste Código.

A regra geral é a de ação penal privada. Contudo, existem três exceções à regra:

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Injúria real cometida com violência (lesão corporal) – Ação pública incondicionada. Existem alguns

doutrinadores que afirmam que se a lesão corporal for leve a ação penal será pública condicionada a

representação. OBS: A injúria real com vias de fato é Ação penal privada. REGRA.

Os dois delitos: injúria real e lesões corporais. Assim, ainda que a lesão fosse leve, ambos os delitos

deveriam ser apurados mediante ação pública incondicionada, na medida em que, por ocasião da aprovação

do dispositivo em análise, esta era a modalidade de ação penal prevista para o crime de lesão leve. Após o

advento da Lei n. 9.099/95. Para que o objetivo da lei seja preservado. É necessário que se faça a seguinte

adequação, com o intuito de a espécie de ação ser a mesma: se a injúria real provocar lesão leve, ambos os

delitos dependem de representação do ofendido; se causar lesão grave ou gravíssima, a ação penal erá

incondicionada.

Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça no caso de crime contra a honra

do Presidente da República ou de chefe de governo estrangeiro.

Ação pública condicionada à representação do ofendido na injúria racial e no crime contra a honra de

funcionário público.

Súmula 714 do STF: A legitimidade concorrente do ofendido mediante queixa e do Ministério Público. A opção

do funcionário gera a preclusão da outra via. A legitimidade é concorrente e disjuntiva.

*#ALERTA #AGU/2016 #DOUTRINA Foi cobrada na 2ª fase da AGU/2016 esta Súmula 714 do STF. No

entanto, para acertar, integralmente, a questão da banca CESPE, o candidato deveria saber a crítica

doutrinária a respeito desse entendimento do STF. O espelho foi enfático ao exigir a seguinte resposta:

“Embora o STF afirme tratar-se de legitimação concorrente, a doutrina tem entendido que a hipótese

aventada na súmula é de legitimação alternativa. Essa conclusão é retirada de entendimento da própria Corte

Suprema, que entende que, “se o funcionário público ofendido em sua honra apresenta representação, estaria

preclusa a instauração penal de iniciativa privada, já que, em tal hipótese, o Ministério Público estaria

definitivamente investido na legitimação para a causa”. (STF, Pleno, Inq. 1.939/BA, rel. min. Sepúlveda

Pertence, j. 3/3/2004.) Ensina Oliveira (2009, p. 127) que, se o próprio Supremo entende que, uma vez

oferecida a representação pelo ofendido, autorizando o Ministério Público a agir, não será mais possível o

oferecimento da queixa-crime, forçoso é concluir que a legitimação, nesse caso, da Súmula n.º 714, não é

concorrente, mas sim alternativa. Na verdade, sendo condicionada à representação, o Ministério Público

jamais estaria legitimado a agir de ofício; caberia, portanto, ao ofendido fazer a opção entre a representação,

escolhendo a via da ação penal pública, ou oferecer queixa-crime, optando pela ação penal de iniciativa

privada. Para que fosse efetivamente concorrente, o ofendido deveria poder discordar da manifestação do

Ministério Público — no sentido de arquivamento — e ingressar com a ação privada”.

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Legitimidade Extraordinária

(#Q): A OPÇÃO POR UM CAMINHO GERA A PRECLUSÃO PARA O OUTRO? A opção do funcionário gera a

preclusão da outra via.

CONSEQUÊNCIAS DA SUMULA 714: Crime contra honra de servidor em razão de suas funções.

QUEIXA CRIME REPRESENTAÇÃO

Possível perdão do ofendido.

Possível retratação extintiva da punibilidade.

Possibilidade de perempção.

Não existe perdão do ofendido;

Não há retratação com extinção da

punibilidade;

Não há perempção para o MP;

(Todos são exclusivos da ação privada)

#OBS. QUANTO A LEI DE IMPRENSA

OFENSA A HONRA:

C.P.

Tutela crimes.

C.C.

Tutela atos ilícitos

Dto Administrativo

Atos ilícitos

Tudo isto cedia espaço para a lei especial que era a lei de imprensa tutelava em sua as previsões

acima diretamente nela.

LEI DE IMPRENSA - NÃO RECEPCIONADA

COMO FICAM OS CRIMES NA LEI DE IMPRENSA?

Se existir infração com tipo correspondente no CP ou em alguma outra norma geral penal, será

aplicada. Caso não haja a previsão em outra norma geral, será caso de atipicidade. O juiz não pode

trabalhar com analogia.

COMO FICAM ATOS ILÍCITOS CIVIS?

Aplica-se o CC. Cabe analogia, e princípios gerais de direito.

COMO FICAM ATOS ILÍCITOS ADMINISTRATIVO?

Aplicam-se as leis especiais e até mesmo a CF.

Como fica a situação do prazo decadencial de 3 meses que existia na lei de imprensa para calúnia /

difamação / injuria? - A regra agora é 6 meses.

Lei de imprensa - 3 meses

CP - 6 Meses.

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(#Q): O PRAZO DECADENCIAL PODE SER SUSPENSO? Existia a possibilidade na lei de imprensa. HOJE NÃO

EXISTE MAIS A SUSPENSÃO.

DIREITO DE RESPOSTA NA LEI DE IMPRENSA - Impetrado o direito de resposta havia o impedimento

da ação penal, a ação de reparação de danos. - Também não corria o prazo decadencial. Hoje pode ingressar

com o direito de resposta, com a queixa crime e com a ação de reparação de danos - Uma não é mais

prejudicial da outra.

CRIMES x A LIBERDADE INDIVIDUAL - CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL.

SÃO CRIMES SUBSIDIÁRIOS. Somente são usados caso não configurem lesões mais graves. Posição

doutrinária.

6 CONSTRANGIMENTO ILEGAL

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por

qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não

manda:

Pena - DETENÇÃO, de três meses a um ano, ou multa.

SUJEITO ATIVO / SUJEITO PASSIVO: Crime comum em ambos os casos.

OBJETO MATERIAL / BEM JURIDICAMENTE PROTEGIDO: Liberdade Física / Psíquica. Pessoa que em razão

dos meios utilizados pelo agente é obrigado a não fazer o que a lei permite ou fazer o que ela não manda.

CONSUMAÇÃO: Quando a vítima deixa de fazer o que a lei permite ou faz aquilo que ela não manda.

Exige-se a produção do resultado naturalístico para que se consume o crime.

TENTATIVA: Possível pois é crime plurissubsistente. Ex. Vítima que é intimada pelo agente, não deixa de

fazer aquilo que a lei permite, ou deixa de fazer aquilo que ela não manda.

CONDUTAS: COMISSIVA REGRA. VIOLÊNCIA / GRAVE AMEAÇA / OUTROS MEIOS CAPAZES DE REDUZIR A

RESISTÊNCIA DA VÍTIMA. OMISSIVA. Somente quando tiver status de garantidor.

VIOLÊNCIA: AMEAÇA: QUALQUER

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Efetivo exercício de forca física

ou mecânica sobre a vítima ou

terceira pessoa que desde que,

nesse caso, atinja indiretamente

o individuo coagido.

Violência moral é o ultimato, a

manifestação do propósito de

causar a alguém, direta ou

indiretamente, atual ou iminente,

um mal injusto e grave, ainda que

o seu autor de fato não tenha

intenção de realizá-lo.

OUTRO MEIO QUE

REDUZA A CAPACIDADE DE

RESISTÊNCIA DA VÍTIMA

VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA

TIPO SUBJETIVO: SOMENTE DOLO, VONTADE CONSCIENTE DE COAGIR A VÍTIMA. NÃO IMPORTA O

MOTIVO QUE LEVOU O AGENTE A REALIZAR O CRIME.

AUMENTO DE PENA: § 1º - as penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.

CONCURSO DE CRIMES: § 2º - além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.

A lei penal pune de forma distinta, a violência neste crime, muito embora ela seja uma elementar

integrante do tipo penal. Desta forma, as penas correspondentes a uma lesão corporal qualquer que seja a

natureza deverão ser aplicadas cumulativamente com a pena do crime de constrangimento ilegal.

o HIPÓTESE DE CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. Porque mediante uma só ação ele constrange a

vítima e produz lesões corporais nela.

§ 3º - não se compreendem na disposição deste artigo: hipóteses que conduzem a atipicidade do fato

praticado pelo agente

i - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se

justificada por iminente perigo de vida;

ii - a coação exercida para impedir suicídio.

Pode ser tanto exclusão da tipicidade ou exclusão da ilicitude.

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: anterioridade ou simultaneidade, disponibilidade do bem e

capacidade para consentir.

VIAS DE FATO EM CONCURSO COM CONSTRANGIMENTO ILEGAL: Vias de fato fica absorvida. A

previsão do §2º abrange tão somente a lesão corporal.

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CONSTRANGIMENTO EXERCIDO PARA IMPEDIR A PRATICA DE UM CRIME. Não configura

constrangimento ilegal, razão da possibilidade de qualquer um do povo poder prender em flagrante.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL X EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES. Não configura

constrangimento ilegal, mas sim o delito do 345.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL X TORTURA: A tortura traz um fim específico, que é causar sofrimento físico e mental, com o fim de obter informações, declarações ou confissão da vítima ou de terceira pessoa para provocar a ação ou omissão de natureza criminosa ou em razão de discriminação racial ou religiosa. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.

7 AMEAÇA

Art. 147 - ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal

injusto e grave:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - somente se procede mediante representação.

SUJEITO ATIVO / PASSIVO

#REGRA - CRIME COMUM:

SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO:

Se for Funcionário público no exercício das funções:

Crime de abuso de autoridade e a ameaça é

elemento integrante da figura típica.

Deve ter capacidade de discernir a promessa de mal

injusto que é proferida contra a sua pessoa.

#OBS.: INDISPENSÁVEL QUE A AMEAÇA SEJA CONTRA PESSOA DETERMINADA.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: CRIME FORMAL

Consuma-se ainda que concretamente a vítima não tenha se intimidado ou mesmo ficado receosa do

cumprimento da promessa do mal injusto e grave.

Basta que a ameaça tenha capacidade de influir temor em um homem comum. Dispensável a

presença da pessoa ameaçada.

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o TENTATIVA: Discussão doutrinária. Os que admitem a tentativa falam ser possível no caso da

ameaça via carta.

ELEMENTO SUBJETIVO: DOLO DIRETO / DOLO EVENTUAL. Indispensável que a vontade do agente seja

dirigida finalisticamente a perturbar a tranquilidade psíquica da vítima.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL AMEAÇA

Mal grave.

Tenciona-se conduta positiva ou negativa da vítima

Mal injusto e grave.

O agente pretende atemorizar o sujeito passivo.

8 SEQUESTRO E CARCERE PRIVADO

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de UM a

TRÊS anos.

BEM JURÍDICO TUTELADO: LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO.

SUJEITO ATIVO: Crime comum. Podendo ser praticado por qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: Crime comum. Doutrina majoritária. Quando o crime for praticado por funcionário

público podemos estar diante do abuso de autoridade.

SEQUESTRO CÁRCERE PRIVADO

Privação sem confinamento da vítima. Privação com confinamento da vítima

Vítima fica privada em um sítio, chácara. Vítima privada da liberdade em um quarto,

cômodo.

Gênero Espécie

- O cárcere privado justifica uma pena base

mais severa do que o sequestro, pois traz

consequências maiores para a vítima.

#OBS: Há doutrina minoritária que dize que é a mesma coisa, entretanto a previsão expressa é que são crimes

diferentes. Doutrina costuma dizer que sequestro é gênero do qual o cárcere é espécie.

CRIME PODE SER PRATICADO POR AÇÃO OU OMISSÃO.

#ATENÇÃO: Não se exige o deslocamento da vítima de um local para o outro

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o CONDUTA OMISSIVA: Médico que não concede alta para paciente já curado.

ELEMENTO SUBJETIVO: CRIME PUNIDO A TÍTULO DE DOLO, SEM FINALIDADE ESPECIAL.

§ 1º - a pena é de reclusão, de dois a cinco anos:

I - Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)

anos;

II - Se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;

III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.

IV - Se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;

V - Se o crime é praticado com fins libidinosos. (incluído pela lei nº 11.106, de 2005): pena 2 a 5 anos.

Lei 11.106/2005 ANTES Lei 11.106/2005 DEPOIS

SEQÜESTRAR + FINS LIBIDINOSOS

Art. 219 - Rapto violento

Ou

Art. 220 Rapto consensual

SEQÜESTRAR + FINS LIBIDINOSOS

Art. 219 - transforma-se

Art. 148 §1º V

(Princípio da continuidade normativo-típica)

Art. 220 ABOLITO (abolitio criminis)

ABOLITIO CRIMINISPRINCIPIO DA CONTINUIDADE

NORMATIVA TÍPICA.

Revogação formal

A intenção do legislador é não mais

considerar o fato criminoso.

Revogação material

Revogação material

A intenção é manter o caráter criminoso do

fato.

Manutenção substancial

Ex. Sedução, Adultério. Ex. Tráfico de drogas.

Repercussão prática:

ANTES DA LEI 11.106/2005 DEPOIS DA LEI 11.106/2005

Art. 219 CP.

Pena de 2 a 4 anos.

Art. 148 §1º V

Pena de 2 a 5 anos.

Ação penal de iniciativa privada. Ação penal de iniciativa pública incondicionada.

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9 *REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a

jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer

meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:

Pena - reclusão, de DOIS a OITO anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela

Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

§ 1o NAS MESMAS PENAS INCORRE QUEM: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de

trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II - Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do

trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

#OBS.: Doutrina chama este crime de plágio: sujeição de uma pessoa a outra.

BEM JURÍDICO TUTELADO:

QUAL O BEM JURÍDICO PROTEGIDO?

1ª CORRENTE: 2ª CORRENTE:

Liberdade individual

(status libertatis)

Organização do trabalho (Primário)

Liberdade individual (secundário) – crime

pluriofensivo

Argumentos:

Posição topográfica do artigo 149, está no capítulo

dos crimes contra a liberdade individual.

A exposição de motivos do CP diz que é crime

contra a liberdade individual.

Argumentos:

O tipo está equivocadamente introduzido no

CP.

COMPETÊNCIA JUSTIÇA FEDERAL –

atualmente é o que prevalece. No passado

se entendia que era competência da justiça

estadual (CC 62156/STJ).

SUJEITO ATIVO: Crime comum.

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SUJEITO PASSIVO: Crime comum. Greco discorda, para ele a relação de trabalho entre os sujeitos torna

o crime próprio.

CONDUTA: PUNE A ESCRAVIZAÇÃO DE FATO DO HOMEM. Sujeição de uma pessoa ao domínio da outra.

ANTES DA LEI 10.803 DEPOIS DA LEI 10.803/2003

CRIME ERA DE EXECUÇÃO LIVRE CRIME DE EXECUÇÃO VINCULADA.

Somente podendo ser praticado nas 5 hipóteses do

149.

1) Submeter a vítima a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva;

2) Sujeitá-la a condições degradantes de trabalho;

3) Restringir, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou

preposto.

4) Cercear o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local

de trabalho.

5) Manter vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apoderar de documentos ou objetos pessoais do

trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.

JURISPRUDÊNCIA O DELITO DE SEQUESTRO FICA ABSORVIDO PELO DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO

ANÁLOGA DE ESCRAVO. (Apesar de os bens jurídicos serem diversos).

ELEMENTO SUBJETIVO: Pune-se somente o dolo ou dolo com finalidade especial?

o CAPUT: SOMENTE A TÍTULO DE DOLO

o § 1º: DOLO + FINALIDADE ESPECIAL

o TENTATIVA: O crime é plurisubsistente, sendo assim admite-se a tentativa.

o AUMENTO DA PENA: § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº

10.803, de 11.12.2003)

I - Contra criança ou adolescente;

#ATENÇÃO: NÃO ABRANGE O IDOSO.

Indispensável que o dolo do agente abranja esta circunstância.

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II - Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

Não abrange o preconceito sexual nem o econômico.

*#DEOLHONAJURIS: Para configurar o delito do art. 149 do Código Penal (redução a condição análoga à de

escravo) NÃO É imprescindível a restrição à liberdade de locomoção dos trabalhadores. O delito pode ser

praticado por meio de outras condutas como no caso em que os trabalhadores são sujeitados a condições

degradantes, subumanas. STJ. 3ª Seção CC 127.937-GO Rel. MIn. Nefi Cordeiro, julgado em 28/5/2014 (info

543).

10 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

Art. 150 - entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de

quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Protege a liberdade privada e doméstica dos indivíduos. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.

SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO

Qualquer pessoa.Morador (não necessariamente o

proprietário)

#OBS.: NÃO CONFIGURA O DELITO A ENTRADA OU PERMANÊNCIA EM CASAS VAZIAS OU DESABITADAS.

TIPO SUBJETIVO: SOMENTE PUNIDO A TITULO DE DOLO.

CONSUMAÇÃO / TENTATIVA: Delito de mera conduta. Primeira Parte: Instantâneo/Segunda Parte:

Permanente.

o TENTATIVA: Mesmo sendo de mera conduta, ele admite a tentativa.

Ingressar poderá haver tentativa, quando

O agente é pego escalando o muro por policial que fazia ronda noturna.

Permanecer,

Quando manifestada a vontade de ficar, a permanência por circunstancias alheias à

vontade do agente, não atinge um limite de tempo considerável que permite ter o crime por

consumado.

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o VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO É CRIME SUBSIDIÁRIO

o QUALIFICADORAS:

§ 1º - se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma,

ou por duas ou mais pessoas:

o AUMENTO DE PENA:

§ 2º - aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou

com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.

Cuidado com o princípio da especialidade no caso do servidor público. Abuso de autoridade é lei

especial em face ao CP, devendo ser aplicada ela.

o EXCLUDENTE DE ILICITUDE:

§ 3º - não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:

I - Durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;

II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.

§ 4º - A expressão "casa" compreende:

I - Qualquer compartimento habitado;

II - Aposento ocupado de habitação coletiva;

III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

Deve o entendimento de casa ser entendido de forma mais ampla possível, abrangendo qualquer

compartimento habitável, ainda que em caráter eventual (quarto hotel), independentemente da sua

destinação, bem como suas dependências. .

§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":

I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do

parágrafo anterior;

II - Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

*#DEOLHONAJURIS: Configura o crime de violação de domicílio (art. 150 do CP) o ingresso e a permanência,

sem autorização, em gabinete de Delegado de Polícia, embora faça parte de um prédio ou de uma repartição

públicos. No caso concreto, dezenas de manifestantes foram até a Delegacia de Polícia Federal cobrar

agilidade na conclusão de um inquérito policial. Como não foram recebidos, decidiram invadir o gabinete do

Delegado. STJ 5ª Turma. HC 298.763-SC, Rel. Min. Jorge Mussi, jugado em 07/10/2014 (info 549).

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11 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA

Magalhães Noronha fala que é forma de proteção da manifestação da liberdade individual.

Direito que o homem tem de comunicar-se com outros, na vida comunitária, o que evidentemente

não se concilia com a indébita intromissão de outrem. É a liberdade de comunicação de pensamento que aqui

se tem em vista.

Em regras os crimes desta seção III são subsidiários, desaparecendo, ficando absorvido pelo crime

mais grave.

Art. 151 - DEVASSAR INDEVIDAMENTE o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem: PENA -

DETENÇÃO, DE UM A SEIS MESES, OU MULTA.

TENTATIVA: É possível, momento que o agente viola a carta, mas não toma conhecimento do conteúdo.

SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA

§ 1º - Na mesma pena incorre:

I - QUEM SE APOSSA INDEVIDAMENTE DE CORRESPONDÊNCIA ALHEIA, EMBORA NÃO FECHADA E, NO TODO

OU EM PARTE, A SONEGA OU DESTRÓI;

Neste caso o agente dolosamente e indevidamente, se apossa de correspondência alheia e no todo

ou em parte, a sonega ou destrói, ferindo os interesses do remetente e dos destinatários.

CONDUTA: ocultação / destruição.

CRIME FORMAL: Consuma-se com o simples apossamento.

#OBS: Agente que se apossa de correspondência, e antes de destruir ou sonegar toma conhecimento de seu

conteúdo, o crime de violação é tido como mero exaurimento do primeiro que já se consumou em momento

anterior.

TENTATIVA: Possível nas hipóteses de iniciada a iter criminis não consuma o delito por circunstancias

alheias à vontade.

VIOLAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEGRÁFICA, RADIOELÉTRICA OU TELEFÔNICA

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II - Quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou

radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;

Pune-se a indevida divulgação da transmissão do conteúdo da comunicação telegráfica ou

radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas.

III - Quem impede a comunicação ou a conversação referida no número anterior;

IV - Quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal.

Revogado pelo artigo 70 da lei 4.117/62 Código Brasileiro de Telecomunicações.

#CUIDADO - LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA.

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou

quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

1ª Parte. Não revogou o delito previsto no CP. No CP pune-se a indevida divulgação ou transmissão

de conteúdo de comunicação.

2ª Parte. Aqueles que quebram o segredo inerente ao procedimento, divulgando o conteúdo da

diligencia a pessoa alheia ao ato.

Esta segunda parte é uma lei especial, que trata de um delito próprio, praticado por algum tipo de

agente que tenha participação no procedimento judicial.

CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL

Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para , no

todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, OU revelar a estranho seu

conteúdo:

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

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12 OUTROS CRIMES

12.1 DIVULGAÇÃO DE SEGREDO

DIVULGAÇÃO DE SEGREDO

Art. 153 - divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência

confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

VIOLAÇÃO DO SEGREDO PROFISSIONAL

ART. 154 - revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício

ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Parágrafo único - somente se procede mediante representação.

INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012).

Art. 154-A – Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante

violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou

informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para

obter vantagem ilícita:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

§ 1° Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de

computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput.

§ 2° Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico.

§ 3° Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos

comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado

do dispositivo invadido:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave.

§ 4° Na hipótese do § 3°, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização ou

transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidas.

§ 5° Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra:

I - Presidente da República, governadores e prefeitos;

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II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;

III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara

Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou

IV - Dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.

Ação penal

Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se o crime

é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,

Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.

12.2 CRIMES DE IMPRENSA

ADPF 130: A LEI DE IMPRENSA NÃO FOI RECEPCIONADA PELA CF, ENTÃO SE APLICA O CP. VIDE

TÓPICO DE CRIMES CONTRA A HONRA.

#OLHAOGANCHO: PROIBIÇÃO DE REVISTA ÍNTIMA EM MULHERES

LEI Nº 13.271, DE 15 DE ABRIL DE 2016.

Art. 1º As empresas privadas, os órgãos e entidades da administração pública, direta e indireta, ficam

proibidos de adotar qualquer prática de revista íntima de suas funcionárias e de clientes do sexo feminino.

Art. 2º. Pelo não cumprimento do art. 1o, ficam os infratores sujeitos a:

I - Multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ao empregador, revertidos aos órgãos de proteção dos direitos da

mulher;

II - Multa em dobro do valor estipulado no inciso I, em caso de reincidência, independentemente da

indenização por danos morais e materiais e sanções de ordem penal.

Art. 3º. (VETADO).

Art. 4º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

13 DISPOSITIVOS PARA LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOCódigo Penal Art. 138 a 154-B

14 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- Anotações de aula

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- Direito Penal – Cleber Masson

- Informativos STF e STJ (Dizer o Direito)