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Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 2 Prof.ª Érica Costa

Direito Processual Civil - CDF Concursos...Direito Processual Civil Minicurso gratuito Aula 2 4 de 53 Profª.Érica Costa -1. Jurisdição Na presente aula, vamos tratar de temas fundamentais

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Olá, seja bem-vindo(a) à aula 2 do minicurso gratuito de

Direito Processual Civil para concursos públicos.

SUMÁRIO

INFORMAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 3

CONTEÚDO DA AULA 2 ..................................................................................... 3

1. Jurisdição .................................................................................. 4

1. Características/Princípios da Jurisdição ........................................ 7

2. Ação – Evolução histórica do Direito de Ação ........................... 13

2.1 Interesse e Legitimidade para postular em juízo ......................... 21

2.2 Elementos da ação ................................................................. 27

ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA .................................................................... 36

LEGISLAÇÃO ESTUDADA NA AULA ................................................................... 37

QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................... 38

QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS .................................................................... 47

GABARITO .................................................................................................... 51

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INFORMAÇÕES INICIAIS

CONTEÚDO DA AULA 2

Nesta aula serão abordados os seguintes tópicos, que são cobrados de forma

recorrente em concursos públicos que exigem a disciplina de direito processual

civil:

• Jurisdição

• Ação

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1. Jurisdição

Na presente aula, vamos tratar de temas fundamentais do processo civil,

que são: a jurisdição, a ação e o processo.

Pois bem. Uma vez caracterizado o conflito de interesses, surge uma

necessidade política, social e jurídica de que esse conflito seja resolvido. O Estado,

no exercício da jurisdição, deve resolver os conflitos de interesse que lhe sejam

apresentados.

Solucionar um conflito é necessário para restabelecer a ordem jurídica,

garantir o respeito aos direitos subjetivos lesados ou ameaçados, bem como para

reafirmar a autoridade do Estado e do Direito, gerando a paz social.

Como vimos na aula passada, a lide pode ser resolvida de várias formas,

sendo o método jurisdicional/estatal apenas uma das possibilidades de

solução dos conflitos existentes na sociedade. Há vários outros meios

compositivos de solução de conflitos que são admitidos pelo Direito.

Podemos conceituar a jurisdição da seguinte forma:

A jurisdição é uma parcela de Poder do Estado, voltada para

a função jurisdicional, que interferirá na esfera jurídica das

pessoas para julgar os conflitos de forma definitiva, gerando

a pacificação social.

Padronização de siglas

- Lei n. 13.105/2015 – Código de Processo Civil – CPC/15

- Lei n. 5.869/1973 – Código de Processo Civil – CPC/73

- Constituição Federal – CF/88

- Decreto-Lei n° 4.65742 – Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro –

LINDB

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É importante destacar que a Jurisdição é um meio de resolução de conflitos

que se caracteriza por não depender do concurso de vontade das partes litigantes,

que ficam submetidas à autoridade jurisdicional. Ela alcança todos os tipos de

conflitos jurídicos, independentemente do seu valor econômico, natureza ou

pessoas envolvidas.

A doutrina destaca que a jurisdição é o poder, a função e atividade. E

o que isso significa? Vamos destrinchar esses aspectos da jurisdição.

Quando falamos que a jurisdição é o poder, isso significa que cabe o

Estado-Juiz o poder-dever de interferir na esfera jurídica das pessoas, para

resolver o conflito de forma definitiva, aplicando-se o direito ao caso concreto.

Além de dizer o direito, o Estado-Juiz deve-se efetivar esse direito reconhecido.

Quando a doutrina diz que a jurisdição é a função, isso significa que a

jurisdição é uma atribuição, via de regra, do Poder Judiciário, tal como previsto

pela Constituição Federal. Relembre-se de que a função típica do Poder Judiciário

é julgar, mas, excepcionalmente, os outros poderes, como o Poder Executivo e o

Poder Legislativo também poderão exercer essa função.

Por fim, quando falamos em jurisdição como atividade, destacamos que

a jurisdição constitui um conjunto de atos que se inter-relacionam e são

praticados por aqueles que possuem a prerrogativa de exercer a jurisdição, até a

efetiva prestação da tutela jurisdicional.

Com esses conceitos em mente, vamos prosseguir na análise da jurisdição.

O método jurisdicional de solução de conflitos conta com a participação do

Estado- juiz como um terceiro imparcial e estranho ao litígio, que deve impor uma

solução ao conflito que é apresentado.

Como você estudou nas aulas de Direito

Constitucional e de Direito Administrativo, a função

jurisdicional se diferencia da função executiva e

da função legislativa. Apesar dos Poderes do

Estado se relacionarem de forma harmônica, elas não

se confundem.

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Em razão da clássica forma de tripartição do poder, assentada no art. 2º

da Constituição Federal, os poderes do Estado são independentes e harmônicos

entre si, tornando possível o controle de um poder contra os abusos e ilegalidades

do outro.

A função executiva pode ser entendida como a atividade estatal de

administração da máquina pública, sendo responsável pela prestação de serviços

públicos, pela administração dos bens públicos. Neste contexto, é importante

compreender que se o Estado-Administração, por meio de seus servidores,

praticar um ato que lese algum individuo, é possível que este conflito seja levado

ao Estado-Juiz, visando a tutela jurisdicional.

Inclusive, é bastante comum a presença do Estado em juízo como parte

do processo, como ocorre, por exemplo, quando um cidadão propõe uma ação

contra o Estado em busca de um medicamento que não está sendo fornecido pelo

SUS. Saiba que quando o Poder Público está em juízo como parte as normas

processuais civis aplicáveis são especiais e possuem diversas diferenças.

Como você estudou em Direito Constitucional, é função do Estado criar

normas gerais e abstratas, por meio de enunciados genéricos, que consagram

determinado valor fundamental para o ordenamento jurídico. Esta função

legislativa do Estado o permite criar direitos, deveres e obrigações por meio da

edição ou alteração de leis, de acordo com a vontade manifestada pelos seus

representantes legitimamente eleitos.

Observe que o Poder Judiciário, no exercício da jurisdição, deve aplicar

a lei ao caso concreto, lei essa editada pelo Poder Legislativo, de modo a se

fazer cessar a lesão ou a ameaça a direito que lhe foi submetida à apreciação.

Feita essa breve introdução, temos que a

jurisdição é uma das funções do Estado, por meio do

qual ele soluciona os conflitos de interesses que lhe são

submetidos, aplicando a lei geral e abstrata aos casos

concretos de forma definitiva!

Vamos, em seguida, estudar as características

da jurisdição.

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1. Características/Princípios da Jurisdição

Para que você entenda a importância da função jurisdicional do Estado,

vamos estudar as características da jurisdição. Alguns doutrinadores chamam

essas características de princípios. Esse tema é aberto, havendo doutrinadores

que destacam alguns princípios, outros já adotam outros. De todo modo, vamos

analisar os principais princípios/características da jurisdição, pois é muito

importante que você compreenda os contornos da jurisdição.

Essas características são muito exigidas em provas de concurso público,

portanto, muita atenção as características destacadas: i) necessária investidura

do sujeito que a presta; ii) imparcialidade; iii) substitutividade; iv)

inevitabilidade; v) inafastabilidade; vi) imperatividade; vii) definitividade; viii)

territorialidade, ix) juiz natural, x) indelegabilidade e xi) unidade.

Vamos analisar essas características:

Características da jurisdição

Necessária investidura do sujeito que presta

Imparcialidade

Inércia

Inevitabilidade

Substitutividade

Inafastabilidade

Imperatividade

Definitividade

Territorialidade

Juiz natural

Indelegabilidade

Unidade

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Necessária investidura do sujeito que presta

A característica da investidura está ligada a ideia de que a jurisdição

somente é exercida por quem seja regularmente e legitimamente

investido na autoridade do juiz. A pessoa não investida na autoridade de juiz

não poderá julgar.

Assim, apenas ao juiz, em pleno exercício, investido regularmente no

cargo, segundo os ditames legais, caberá o exercício da função jurisdicional.

Em regra, a investidura no cargo de juiz ocorre

por concurso público. Uma exceção ocorre com o

quinto constitucional, previsto no art. 94 da CF/88, o qual

prevê que 1/5 (um quinto) dos membros de

determinados tribunais brasileiros sejam compostos por

advogados e membros do Ministério Público. Veja que

nesse caso, por força do quinto constitucional, um

advogado pode se tornar desembargador, ao ser designado para atuar como

“juiz” em um Tribunal, exercendo a função jurisdicional, sem ter prestado

concurso – mas essa hipótese é excepcional.

Imparcialidade e Inércia

A imparcialidade, por sua vez, é um atributo que deve estar presente

quando do exercício da jurisdição, pois o Estado-juiz deve garantir que o sujeito

investido de jurisdição não tenha interesse na vitória ou no prejuízo de nenhuma

das partes. Isto é, todos aqueles que de alguma forma exercem a

jurisdição devem ser imparciais e não agir movidos por interesses

próprios.

O terceiro julgador/juiz - que é estranho ao conflito - não pode ser

interessado no resultado do processo, pois caso contrário, a decisão jurisdicional

estará viciada.

Com efeito, outra característica da jurisdição é a inércia, vedando a

prestação jurisdicional por iniciativa do Estado-Juiz, pois caso fosse

possível, a imparcialidade estaria comprometida. Portanto, temos que uma das

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características da jurisdição é a inércia. Ou seja, o Estado-juiz fica “parado”,

apenas se iniciando se houver provocação de um dos interessados.

Inevitabilidade e Substitutividade

A inevitabilidade traduz o alcance do Poder Jurisdicional em relação a

todos os sujeitos de direito, independentemente da concordância ou

aceitação deles em se submeter à autoridade jurisdicional do Estado.

Quando falamos que a jurisdição é inevitável significa que as partes não

são consultadas a respeito de aceitar ou não o juiz como um terceiro imparcial

responsável pela solução da lide apresentada. Considerando o caráter inevitável

da jurisdição, a única importância do elemento volitivo das partes se revela na

vontade unilateral do autor de provocar a jurisdição pelo direito de ação.

Portanto, temos o caráter inevitável da jurisdição, pois uma vez provocado

e retirado o Estado-juiz da inércia, não é possível “negar/evitar” a jurisdição

Em complemento a ideia de inevitabilidade, temos

que outra característica da jurisdição é que ela é

substitutiva da vontade das partes, pois a aceitação

da decisão é prescindível e desnecessária para a eficácia

dela.

Por ser a jurisdição substitutiva da vontade das

partes, a decisão jurisdicional é imposta às partes e não

importa se elas aceitam ou não os termos da decisão, pois uma vez movimentado

o Poder Judiciário, as partes se vinculam automaticamente à decisão judicial que

será proferida.

Inafastabilidade

Dizer que a jurisdição é inafastável significa que nenhuma lesão ou

ameaça a direito será excluída da apreciação do Poder Judiciário.

O princípio da inafastabilidade da atuação jurisdicional está previsto no

art. 5º, XXXV, da CF, portanto a lei não pode excluir da apreciação do Poder

Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a direito, não podendo o juiz se recusar

a decidir um conflito alegando haver lacuna na lei.

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Imperatividade

A imperatividade significa que a decisão judicial deve ser cumprida e, no

caso de descumprimento, deve ocorrer a execução forçada, com uso da força

estatal para se fazer cumprir o comando jurisdicional.

Assim, uma das características da jurisdição é justamente a sua

imperatividade, pois as decisões judiciais têm força coercitiva e devem ser

cumpridas.

Definitividade

É uma característica fundamental da jurisdição. Quando falamos que uma

decisão é definitiva, isso significa que, uma vez finalizado o processo e esgotados

todos os recursos cabíveis, o comando jurisdicional não mais poderá ser

questionado em outro processo, perante qualquer outro órgão jurisdicional ou

não jurisdicional.

Até mesmo a lei editada pelo Poder Legislativo deve respeitar a coisa

julgada.

Portanto, pela característica da definitividade,

temos que as decisões jurisdicionais adquirem,

após o decurso de um determinado tempo, o

caráter definitivo, não podendo mais ser

modificadas.

Territorialidade

De acordo com o princípio da territorialidade, apenas poderá ser

exercida a jurisdição dentro dos limites territoriais brasileiros. Esse princípio

também é chamado de princípio da aderência ao território.

Desse modo, de acordo com esse princípio, a jurisdição deve ser

exercida dentro do limite espacial sujeito à soberania do Estado.

Veja como o assunto foi cobrado nessa questão de concurso:

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Veja essa questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – CESPE - STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Entre os princípios que

regem a jurisdição, o da investidura é aquele que determina que o juiz exerça a

atividade judicante dentro de um limite espacial sujeito à soberania do Estado.

A questão aborda o princípio da territorialidade (ou aderência ao

território), o qual determina que o juiz exerça a atividade judicante dentro de

um limite espacial sujeito à soberania do Estado. O princípio da investidura

foi erroneamente conceituado. Ele significa que o agente público é investido

pelo Estado para exercer a atividade jurisdicional.

Gabarito: Errado

Esse princípio da territorialidade guarda estreita relação com o princípio

da improrrogabilidade, que é destacado por alguns doutrinadores como um

princípio que também rege a jurisdição. A improrrogabilidade significa que a

atividade jurisdicional tem limites. O juiz deve exercer a sua jurisdição dentro dos

limites da lei, pois em regra, a sua competência é improrrogável.

Juiz natural

O princípio do juiz natural está previsto no art. 5º, LIII, da CF e dispõe que

ninguém será julgado a não ser pela autoridade competente. Juiz natural é aquele

com competência fixada em lei para processar e julgar a controvérsia levada ao

Poder Judiciário.

Isso significa que as partes não podem escolher

quem irá julgar, pois há um juiz previamente

encarregado, na forma da lei, como competente para o

julgamento de determinada lide. Se dois ou mais juízes

forem competentes, a distribuição do processo ocorrerá de

forma aleatória e imparcial.

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Outro viés do princípio do juiz natural é a proibição da criação de juízos

de exceção, pois de acordo com o art. 5º, XXXVII, da CF, não é possível a criação

de um tribunal para julgar fatos após a sua ocorrência. Portanto, o órgão

jurisdicional deve ser pré-existente para se julgar determinado conflito.

Veja como o assunto foi cobrado nessa questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – CESPE - STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO- O princípio do juiz natural,

ao impedir que alguém seja processado ou sentenciado por outra que não a autoridade

competente, visa coibir a criação de tribunais de exceção.

O princípio do juiz natural proíbe juízo ou tribunal de exceção e

determina que ninguém será processado senão pela autoridade competente.

Resposta: CERTO

Indelegabilidade

O princípio da indelegabilidade pode ser analisado sob duas perspectivas:

i) indelegabilidade interna e ii) indelegabilidade externa.

Primeiro, pela perspectiva interna, temos que a jurisdição é indelegável,

pois um juiz não pode delegar um caso para ser julgado por outro juiz,

pois o julgamento deve ser realizado por aquele juiz competente, regulamente

fixado em observâncias às normas legais.

Já pela perspectiva externa, temos que o princípio da indelegabilidade aduz

não ser possível que o Poder Judiciário, a quem foi outorgado a função

precípua de julgar, delegue essa função para os outros poderes, como o

Poder Executivo e o Legislativo. Observe que estamos falando em função

precípua, principal, de modo que o julgamento de determinadas causas de forma

excepcional pelo Poder Executivo e pelo Poder Legislativo não desvirtua esse

princípio da indelegabilidade.

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Unidade

Outra característica da jurisdição é a unidade. A jurisdição é um poder

estatal e, portanto, una – ela apresenta sempre a mesma finalidade que é a

solução de conflitos, com a pacificação social.

A jurisdição é una, o que se divide é a competência.

Atenção, não confunda jurisdição com

competência. Apesar da jurisdição ser una, como o

território brasileiro é amplo, a definição de qual órgão

julgará um caso é feita pelas normas processuais, de

modo a se definir qual é o juízo competente. Portanto,

o que se divide é a competência.

Para finalizar essa característica da jurisdição,

responda a essa questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - A jurisdição

é divisível.

Não se esqueça que a jurisdição tem como característica a unidade,

que significa que a jurisdição é una e exercida de forma precípua pelo Poder

Judiciário. O que se divide é a competência.

Resposta: ERRADO.

Finalizado o estudo das características da jurisdição, vamos, a seguir,

estudar o direito de ação!

2. Ação – Evolução histórica do Direito de Ação

De início, é preciso pontuarmos que para a ciência processual atual, há

uma clara distinção entre o direito de ação e o direito material, mas não

foi sempre assim. Até meados do Século IXI, confundia-se o Direito Processual

Civil com o Direito Civil (direito material), entendendo-se que o direito de ação

não era autônomo.

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A partir da segunda metade do Século XIX essa concepção de que o direito

processual estava vinculado ao direito material começou a mudar, de modo que

o Direito Processual Civil começou a ganhar a sua autonomia e ocorreu uma

evolução importantíssima quanto ao conceito de ação.

De modo objetivo, a doutrina destaca um grande estudioso que marcou

esse período, chamado de Oskar Von Bulow, autor da obra “Teoria das Exceções

e dos pressupostos processuais” em 1868 – essa obra é considerada o marco da

leitura do Processo Civil como ciência autônoma.

Assim, com a evolução sobre o conceito de ação, foi-se constatando que

uma coisa é o direito material e outra coisa é o direito de ir a juízo para que o

Estado-Juiz dê uma resposta ao conflito de interesses.

Atualmente, a doutrina entende que o direito de ação é o

modo de se provocar o Poder Judiciário, de modo que ele

dê uma resposta, dizendo quem tem o direito e

efetivando esse direito reconhecido.

O direito de ação é uma garantia constitucional, com natureza de

cláusula pétrea, sendo este direito inafastável por lei ou qualquer outro ato

normativo (inclusive Emenda Constitucional), não sendo possível se afastar do

Poder Judiciário a análise da lesão ou ameaça ao direito.

Não se esqueça que o processo só existe se houver provocação, tendo em

vista o princípio da inércia da jurisdição. Portanto, o exercício do direito de ação

é o que retira o poder Judiciário da inércia e o convida a prestar a tutela

jurisdicional.

Assim, é com a ação que se tem início o processo. Integra o direito de

ação o direito a um pronunciamento de mérito, ou de forma mais ampla, o direito

à prestação da tutela jurisdicional, pois o juiz não pode se negar a dar uma

resposta jurisdicional ao pedido veiculado na ação.

Não se esqueça que o direito de ação não se esgota com o exercício da

provocação, pois a ação também deve ser entendida como um direito de agir

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durante o curso do procedimento. A ação não se consuma com a petição inicial,

mas é exercitável ao logo de todo o processo, no curso da prestação jurisdicional.

A ação deve ser vista como um direito que, a um

só tempo, viabiliza o acesso ao Judiciário e o direito a

uma resposta jurisdicional justa, efetiva e em tempo

razoável.

Como vimos, o conceito de ação consiste no

direito de se provocar o Estado-juiz para que preste a

tutela jurisdicional. Depois de iniciado o processo, o

direito de ação consiste no direito de agir durante o

curso do procedimento e de receber uma resposta jurisdicional apta a

tutelar o direito material lesado ou ameaçado.

Essa concepção atual do direito de ação é fruto da evolução de algumas

teorias doutrinárias. Analisando essa evolução, é possível destacar alguns

estágios da concepção do direito de ação, a seguir examinados:

Teoria Civilista (Imanentista)

A teoria civilista, também chamada de teoria imanentista, entendia o

direito de ação como o próprio direito material levado a juízo para a busca

de sua proteção jurisdicional contra lesão ou ameaça. Esta doutrina foi adotada

até meados do século XIX.

Ela é considerada o primeiro estágio da

evolução da evolução do conceito de ação.

A crítica que levou a superação da teoria

civilista é que a ação estava presa ao direito

material, quando, em verdade, a ação é o meio pelo

qual se quer tutelar o direito material, não se

confundindo com este direito.

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Teoria Concreta da ação

Posteriormente, um novo estágio da discussão sobre o direito de ação foi

a consagração da teoria concreta, que passou a entender a ação como um

direito autônomo, que não tem, necessariamente, vinculação a um direito

objetivo violado.

Para a teria concretista, como a existência da tutela jurisdicional só pode

ser satisfeita por meio da proteção concreta, o direito de ação só existiria quando

a sentença fosse favorável.

Portanto, para a teoria concreta, o direito de ação, embora autônomo,

estava condicionado à existência do direito material, sendo essa a razão da sua

superação.

Teoria abstrata do direito de ação

As críticas às teorias civilista e concreta do direito de ação levaram à

concepção da ação como um direito abstrato, que existe independentemente

da existência de um direito material afirmado em juízo. Também é chamada de

“teoria abstrata pura”.

Portanto, para a teoria abstrata do direito de ação, o direito de ação é o

direito de invocar o exercício da função jurisdicional, qualquer que seja a sua

natureza, favorável ou desfavorável, pois cuida-se de direito de natureza

abstrata.

Para essa teoria, além da distinção entre o direito

material e processual, não é necessário nenhum

condicionamento para o exercício do direito de

ação, de modo que para essa teoria não se fala em

“condições da ação”.

Como você sabe, o Código de Processo Civil de 2015 é uma legislação

relativamente nova, que entrou em vigor no dia 18.03.2016. Até então, era

pacífico que o Código de Processo de 1973 havia adotado a teoria eclética sobre

o direito de ação, que analisaremos a seguir. Contudo, é importante fazer essa

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rápida observação, porque alguns doutrinadores passaram a sustentar que o

CPC/15 passou a adotar essa teoria abstrata do direito de ação, ao argumento

de que o CPC/15 não usa mais a expressão “condições da ação”. Ainda não é

possível afirmar qual teoria será consagrada pelas bancas de concurso público.

Infelizmente, para a sua prova, ainda não é

possível definir de forma assertiva se essa teoria

abstrata do direito de ação será a adotada pelas

bancas de concurso como a teoria escolhida pelo

CPC/15. Portanto, muito atenção a maneira como o

assunto será exigido na sua prova.

De todo modo, é muito importante te alertar que

a tendência é a manutenção da adoção pelas bancas de concurso público

da teoria eclética para o CPC/15, já acolhida pelo CPC/73, mantendo a

exigência do preenchimento das condições da ação.

Teoria Eclética

A teoria eclética foi adotada pelo CPC/73. O grande pensador dessa teoria

foi o jurista italiano Enrico Túlio Liebman, que teve entre seus discípulos o

jurista brasileiro Alfredo Buzaid, autor do projeto de lei que resultou no CPC/73.

▪ Para a teoria eclética, o direito de ação

também não se confunde com o direito material,

pois ambos são direito autônomos. No entanto,

diferentemente da visão da teoria abstrata, o

direito de ação é condicionado ao preenchimento

das condições para que possa ser proferida uma

sentença de mérito.

▪ Sustenta essa teoria que a ação é o direito a uma resposta de mérito,

que depende do preenchimento das condições da ação.

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Quando falamos em “mérito”, estamos falando da “pretensão inicial do

autor”, do seu “pedido”. Assim, quando o juiz extingue um processo sem

resolução de mérito, significa que ele pois fim ao processo sem examinar o

“pedido”, a postulação do autor. Sustenta essa teoria eclética que o direito de

ação em sentido estrito é o direito de obter uma resposta de mérito, ou seja, uma

decisão sobre o pedido formulado, que pode ser de procedência ou de

improcedência, mas para isso faz necessário o preenchimento das condições da

ação.

A doutrina majoritária sustenta que o art. 17 do CPC/15, ao exigir o

interesse e legitimidade para que se possa postular em juízo confirma que o

CPC/15 manteve a adoção da Teoria eclética, adotada pelo CPC/73.

Para essa teoria eclética, caso as condições da ação previstas no art. 17 do

CPC/15 não sejam preenchidas, o juiz deverá proferir uma sentença terminativa

(sem exame de mérito/sem exame do pedido) por carência de ação, caso em que

ocorrerá apenas formação de coisa julgada formal, podendo o mérito do conflito

ser discutido em novo processo.

De acordo com essa teoria, as condições da ação são questões de ordem

pública, de modo que podem ser analisadas de ofício pelo juiz em qualquer

momento processual.

Não confunda o direito de ação com o direito de

petição. O direito de petição é incondicionado, pois

independe do preenchimento de qualquer condição, ou

seja, a pessoa sempre receberá uma resposta do Poder

Judiciário.

Teoria da Asserção

Essa teoria também surgiu como um meio termo entre a teoria abstrata

pura e a teoria eclética sobre o direito de ação. Ela também é chamada de “in

statu assertionis” e chamada de “dela prospettazione” no direito italiano.

Para essa teoria, também é clara a distinção entre o direito material e o

direito de ação, pois ambos são autônomos e independentes. Além disso, ela

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também adota o entendimento, tal como a teoria eclética, de que ação é o direito

a uma resposta de mérito, que depende do preenchimento das condições da ação,

no entanto a avaliação dessas condições da ação deverá ser efetuada no

início do processo, de modo superficial, de acordo com os elementos

fornecidos pela parte na petição inicial.

Desse modo, para a teoria da asserção o juiz deve

analisar se a “legitimidade” e o “interesse” – que são as

condições da ação – já estão presentes desde o

primeiro momento em que ele analisa o processo, pois

assim se valoriza a economia processual, uma vez que

nessa avaliação será possível eliminar os processos que

não preenchem as condições mínimas de ação. O juiz

irá analisar a petição inicial e se entender, ainda que

superficialmente, que as condições da ação estão presentes, irá mandar citar o

réu. Caso contrário, não estando presentes as condições da ação, o réu nem será

citado e o juiz irá eliminar esses processos por meio de uma sentença terminativa,

na qual não se analisa o mérito (o pedido do autor, a pretensão inicial).

Em seguida, ultrapassada essa cognição sumária sobre as condições da

ação feita pelo juiz no início do processo, o processo seguirá normalmente o

seu curso. Assim, ao longo do processo, o juiz irá realizar uma cognição

exauriente (aprofundada), baseada no exame aprofundado das condições da

ação. Nesse caso, se ao final do processo, o juiz entender que não estão

presentes as condições da ação – interesse e legitimidade – nesse caso ele

proferirá uma sentença definitiva (analisando o mérito, o pedido do autor), pois

ele analisou de forma profunda e viu que as condições da ação não estavam

presentes.

Portanto, se a análise sobre o interesse e legitimidade ocorrer ao final do

processo, a análise feita pelo juiz será profunda, de modo que ele deve proferir

uma sentença de mérito.

Esquematicamente:

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➢ Qual teoria adotar em provas de concurso público sobre o direito de

ação?

A resposta, infelizmente, não é objetiva, por isso é muito importante que

você compreenda os fundamentos das teorias.

Como não há unanimidade e o tema é

relativamente novo, supomos que dificilmente será

exigido de forma assertiva qual teoria foi adotada pelo

CPC/15, mas as bancas podem perguntar os

fundamentos de cada teoria e o que as diferencia.

Há uma discussão intensa na doutrina atual se o

CPC/15: i) adotou a teoria eclética, junto com a

teoria da asserção para aferir as condições da ação

ou ii) a teoria abstrata do direito de ação, visto que o CPC/15 não usa mais

a expressão “condições da ação” para tratar do “interesse” e da “legitimidade”.

Portanto, muito cuidado ao modo como a questão for formulada.

De todo modo, como não podemos ainda afirmar qual entendimento será

consagrado pelas bancas de concurso, pontuamos que é uma tendência que seja

Teoria da asserção

No início do processo (petição inicial), a

análise das condições da ação é feita em cognição sumária

Se não estiverem presentes as condições da ação em cogição

sumária, o réu nem será citado e o juiz já proferirá

uma sentença terminativa

Se ao longo do processo, o juiz, em

cognição exauriente, entender que não estão presentes as condições da ção

Como a análise sobre as condições da ação foi

profunda/exauriente, o juiz irá proferir uma sentença definitiva

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firmada a manutenção da teoria eclética/asserção para o CPC/15, já acolhida pelo

CPC/73.

Observe como o assunto foi cobrado nessa questão do ano de 2018:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – CESPE - STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - A teoria eclética da ação,

adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, define ação como um direito autônomo

e abstrato, independente do direito subjetivo material, condicionada a requisitos para

que se possa analisar o seu mérito.

Segundo os postulados da teoria eclética (criada por Liebmam),

adotada pelo CPC, o direito de ação não se confunde com o direito material.

A ação só existe quando há julgamento de mérito (favorável ou desfavorável).

A ação, nessa teoria, depende do preenchimento de certos requisitos formais

chamados de “condições da ação”. Essas condições não se confundem com o

mérito. Analise de legitimidade e interesse são “condições da ação”, em que

sua ausência leva a extinção do processo sem resolução do mérito.

Resposta: CERTO

Vamos em frente!

2.1 Interesse e Legitimidade para postular em

juízo

Como acabamos de estudar, o CPC/15 não usa mais a expressão “condições

da ação”. No entanto, para se ingressar com uma ação, há um condicionamento

previsto no art. 17 do CPC/15 que deve estar presente para o exercício do direito

de ação.

E o que diz o art. 17 do CPC/15? Ele diz o seguinte, leia-o com muita

atenção:

CPC/15:

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e

legitimidade.

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Para postular em juízo é necessário que 2

(dois) pré-requisitos sejam preenchidos pelo

autor da ação, são eles: i) legitimidade e ii)

interesse de agir.

A legitimidade e o interesse de agir são requisitos/condicionamentos que

devem ser observados para que se possa exigir a prestação jurisdicional e devem

estar presentes para que o Estado-Juiz possa se pronunciar sobre o pedido.

Assim, a ação só será analisada se preenchidas determinados

requisitos/condições e, caso falte algumas dessas condicionamentos, o juiz nem

chegará a apreciar o pedido.

O art. 17 do CPC/15 traz esse condicionamento para que se possa

ingressar com uma ação. É o binômio INTERESSE-LEGITIMIDADE.

O CPC/15 rompeu com o CPC/73, que inspirado na doutrina de Enrico Tullio

Lidbman identificava 3 (três) condições da ação, que eram: interesse de agir,

legitimidade das partes e a possibilidade jurídica do pedido.

Como você pode ver, o Código de Processo Civil de 2015 não previu a

possibilidade jurídica como um condicionamento. No sistema atual, o

reconhecimento da possibilidade jurídica do pedido categoriza uma decisão de

mérito.

Desse modo, com o CPC/15, a possibilidade jurídica do pedido será

analisada no mérito, pois o juiz, ao sentenciar, vai analisar se o pedido do autor

é ou não possível.

Esquematicamente:

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Portanto, como assevera o art. 17 do CPC/ 15, para postular em juízo é

necessário ter interesse e legitimidade. Caso uma questão de processo civil

atual afirme que as “condições da ação” à luz do CPC/15 são 3 (três), você deve

entender esse enunciado como equivocado. Se disser que são 2 (duas), interesse

e legitimidade, estará correto.

Veja que esse assunto já foi cobrado em provas de concurso público:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – CESPE- STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - O código de processo civil

estabelece duas condições para se postular em juízo: o interesse de agir e a

legitimidade da parte.

Gabarito: Correto

Vamos agora analisar o que se entende por “interesse” e “legitimidade”.

CPC/73

"Condições da Ação"

Interesse de agir

Legitimidade

Possibilidade jurídica do

pedido

CPC/15

Condicionamentos para ingressar com a ação - art.

17

Interesse de agir

Legitimidade

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Interesse de agir

A legislação processual exige que o autor tenha interesse para que possa

propor a demanda. O interesse de agir existe quando o provimento jurisdicional

postulado for efetivamente capaz de ser útil ao demandante, realizando uma

melhora em sua situação.

Assim, a presença do interesse de agir é verificável quando o provimento

jurisdicional for útil e necessário, sendo inadmissível a análise de demandas

inúteis e/ou desnecessárias.

Muito exigido em provas de concurso é o art. 19, do CPC/15, que dispõe

que o interesse do autor pode se limitar a declaração da existência ou da

inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica, assim como pode se

limitar a declarar a autenticidade ou a falsidade de um documento.

Leia com muita atenção o art. 19 e o art. 20 do CPC/15:

CPC/15:

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação

jurídica;

II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha

ocorrido a violação do direito.

Isto significa que o ordenamento jurídico prevê

a tutela jurisdicional meramente declaratória, que

permite que se requeira uma mera declaração, sem

que este requerimento esteja somado a um pedido de

providências e ainda que tenha ocorrido a violação do

direito. A parte pode ingressar em juízo apenas para

obter a certeza jurídica.

Esta tutela jurisdicional meramente

declaratória é admissível, ainda que tenha ocorrida a violação do direito.

Portanto, se a parte quiser apenas a tutela declaratória, ainda que tenha ocorrido

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a lesão a um direito, ela pode sim ajuizar uma ação meramente declaratória.

Prestigia-se, assim, a autonomia individual.

Este tema, apesar de simples, é bastante cobrado em provas de concurso

e você deve ficar atento a isso:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – FCC – SEFAZ-SC – Auditor Fiscal da Receita Estadual – A ação

meramente declaratória:

A) não é admissível, pela falta de conteúdo condenatório na sentença a ser

proferida.

B) é admissível, salvo se houver ocorrido a violação do direito.

C) não é admissível, pela falta de conteúdo mandamental na sentença a ser

proferida.

D) é admissível, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

E) poderá ou não ser admissível, se a sentença a ser proferida não possuir

efeitos patrimoniais nem definir a existência ou a inexistência de uma relação jurídica.

Nos exatos termos do art. 20 do CPC/15: “É admissível a ação

meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito”.

As demais alternativas estão incorretas, pois de acordo com o art. 19

do CPC/15, ainda que tenha ocorrido a lesão a um direito, ela pode sim ajuizar

uma ação meramente declaratória. Prestigia-se, assim, a autonomia

individual.

Essa questão reforça a importância da leitura da lei seca, pois pela

sua simples leitura, era possível o seu acerto.

Resposta: D

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Legitimidade das partes

A legitimidade diz respeito à pertinência subjetiva entre a relação

jurídica litigiosa objeto do processo e as partes ativa e passiva da relação

processual. Também é denominada de legitimidade “ad causam”, disposta no

art. 18 do CPC/15.

Em outras palavras, a legitimidade assenta que as pessoas só podem ir a

juízo, seja como autor ou réu, para postular e defender direito que alegam ser

seus e não de outras pessoas. Observe que essa pertinência subjetiva deve

ocorrer tanto do ponto de vista do autor, como do ponto de vista do réu.

A legitimidade ativa diz respeito ao autor, que

deve ser o titular do bem jurídico que pretende ver

tutelado pelo processo.

A legitimidade passiva diz respeito ao réu, que

é aquele que sofrerá os reflexos diretos do acolhimento

do pedido em sua esfera jurídica.

Como já estudamos, em regra, as partes do

processo (autor e réu) devem ser as mesmas da relação jurídica de direito

material discutida em juízo, salvo os casos autorizados em lei. Essa legitimidade

decorre diretamente da titularidade do direito material discutido em juízo e

funciona como regra geral. É a LEGITIMIDADE ORDINÁRIA.

Assim, podemos entender a legitimidade ordinária como sendo a

coincidência entre a titularidade do direito material discutido e a posição

ocupada pelo sujeito na relação processual.

Veja como a legitimidade está prevista no art. 18, do CPC/15:

CPC/15:

Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio,

salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.

Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá

intervir como assistente litisconsorcial.

Portanto, como regra, a parte deve pleitear na justiça um direito próprio,

um direito que é seu – disso decorre a sua legitimidade para estar em juízo.

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No entanto, excepcionalmente, a LEI pode

autorizar alguém a pleitear em nome próprio a

pretensão de direito alheio. Esse é o caso da

legitimidade extraordinária, que ocorre quando

não há coincidência entre as posições de parte no

direito material e parte no direito processual.

Veja como o assunto foi cobrado nessa questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Ninguém

poderá pleitear, em seu próprio nome, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.

Outro tema bastante cobrado nas provas é o art. 18, do CPC/15, o

qual dispõe que: “ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio,

salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.” Portanto, não esqueça

que é possível pleitear direito alheio em nome próprio, desde que autorizado

pelo ordenamento jurídico.

Resposta: CERTO

2.2 Elementos da ação

Para uma melhor compreensão da ação e do processo, é de suma

importância a identificação dos elementos da ação, pois eles pautam a atividade

processual das partes e do próprio órgão jurisdicional. Eles são elementos

mínimos que identificam e distinguem as ações e permitem identificar se as

ações são diferentes, semelhantes ou idênticas.

São elementos da ação: as partes, a causa de pedir e o pedido.

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Assim, a identificação das partes, do pedido e da causa de pedir é

fundamental para verificar a ocorrência de litispendência, que impede a

propositura de ação idêntica. A questão da litispendência não será abordada

com profundidade nesse curso, mas, por ora, saiba que há litispendência quando

se repete ação que está em curso, desde que coincidam todos os elementos da

ação (art. 337, §3º do CPC/15).

Esta identificação das partes, do pedido e da causa de pedir também se

faz importante para definir e limitar a abrangência da coisa julgada. Este

conceito de coisa julgada também não será abordado de forma aprofundada nesse

minicurso, mas, em linhas gerais, é importante que você saiba que coisa julgada

leva em consideração o alcance da definitividade do julgamento.

Além disso, especialmente quanto à definição de pedido, seu estudo é

importante para se definir a espécie de processo e para limitar a atividade

jurisdicional, que deve se ater ao pedido, por força do princípio da inércia da

jurisdição (o juiz deve agir quando provocado e nos limites da provocação).

Agora, vamos estudar cada um desses elementos da ação.

Partes

Todo conflito pressupõe ao menos 2 sujeitos interessados em um mesmo

bem jurídico. Eles são as partes do processo: um que pede (autor) e o outro

contra quem é feito o pedido (réu).

Proposta a ação, tem-se, necessariamente, um sujeito de um lado (que

exerce a pretensão) e outro sujeito do outro (que resiste à pretensão).

Elementos da ação

partes pedidocausa de

pedir

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O autor, também denominado de sujeito ativo,

é aquele que exerce o pedido. Já o réu, também

chamado de sujeito passivo, é o sujeito contra quem

o pedido é exercido.

Você não pode confundir as partes do direito

material das partes da relação processual (sujeito e

réu no processo).

Didaticamente, como regra geral, tem-se que

o autor e o réu no plano processual são o credor e o devedor no plano

material. Caso não haja essa coincidência entre os dois planos, material e

processual, salvo expressa autorização legal, ocorrerá a ilegitimidade de partes

– fenômeno que implica na extinção do processo.

Como já dito, de forma excepcional, a lei pode autorizar alguém pleitear

em nome próprio - como parte na relação processual – a proteção de um direito

alheio, acarretando uma não coincidência entre as partes no plano material e no

plano processual. Mas isso só ocorre se houver autorização legal, pois não é a

regra geral. Nesse sentido, dispõe o art. 18, do CPC/15, acima estudado quando

falamos de legitimidade ordinária e extraordinária.

Assim, em resumo, temos que a parte material é a

parte da relação material conflituosa, podendo

ou não haver a coincidência com a parte

processual. Haverá a coincidência da parte material

e da parte processual no caso da legitimação ordinária,

já no caso da legitimação extraordinária não haverá

essa coincidência, pois a lei autorizou que alguém

pleiteasse em nome próprio direito alheio.

Por outro lado, a parte processual é aquele que está em uma relação

jurídica processual, que exerce o contraditório e atua de forma parcial.

Esquematicamente:

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Pedido

O pedido é o objeto da ação. O pedido consiste na pretensão do autor.

É a manifestação processual de uma pretensão.

A provocação/pedido do autor deve ser analisada por 2 óticas:

▪ um pedido dirigido ao Estado-juiz para que este preste tutela

jurisdicional => é o pedido imediato.

▪ um pedido dirigindo contra o réu, consistente na entrega do bem

jurídico, consistente submissão do réu à pretensão jurídica levada ao

Poder Judiciário=> é o pedido mediato.

Esquematicamente:

Parte

Parte processual

-Autor e réu no plano processual.

- É aquele que está em uma relação jurídica processual, que exerce o contraditório e

atua de forma parcial.

Parte Material

- Credor e devedor no plano material.

-É a parte da relação material conflituosa

pedido imediato

dirigido ao Estado-juiz para que este preste

tutela jurisdicional

Representa a providência jurisdicional pretentida:

condenação/constituição/ mera

declaração/acautelamento/ satisfação

pedido mediato

dirigido contra o réu, consistente na entrega

do bem jurídico pretendido

Constitui o objeto da ação proproamente

dito. É o pedido sob a ótica material.

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Por exemplo: caso alguém vá a juízo para postular a condenação do réu a

pagar uma quantia em dinheiro, o pedido imediato é a sentença/condenação

e pedido mediato o dinheiro que se pretende receber.

Observe que o pedido veiculado pelo autor e dirigido ao Estado-juiz é o

pedido imediato, assim entendido como o pedido de tutela jurisdicional e a

definição da espécie de tutela pretendida pelo autor: declaração, constituição,

mera declaração, acautelamento, satisfação.

Essa pretensão indicada pelo autor no pedido imediato limita a atividade

jurisdicional, sendo vedado ao juiz uma providência de natureza diversa ou além

da pleiteada. Exemplo: um pedido de declaração de uma determinada relação

jurídica não pode redundar em uma condenação do réu, pois essa condenação

não foi pedida pelo autor e nem o réu teve como se defender dessa pretensão.

O pedido é um elemento muito importante da

ação, pois ele define os limites da atuação do juiz.

Vale relembrar, novamente, o princípio da inércia da

jurisdição (também chamado de princípio da demanda),

que só permite o juiz proferir decisão quando provocado

e nos limites desta provocação.

Assim, estabelece o art. 492, do CPC/15. Observe

os exatos termos da legislação:

CPC/15:

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida,

bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe

foi demandado.

Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica

condicional.

Este conhecimento é basilar no estudo do direito processual civil e deve

ser bem fixado. Além de assunto elementar, ele também é bastante exigido em

provas de concurso público.

Veja como é ele foi abordado nessa questão:

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AFIRMATIVA DE PROVA:

2017 – CESPE – TCE/PE – ANALISTA DE GESTÃO - Dado o princípio da

demanda, o juiz não pode agir sem ser provocado pelo interessado, salvo no caso das

exceções previstas em lei.

Gabarito: Correto

Já sobre o pedido mediato é importante saber que se trata de uma outra

acepção do pedido e diz respeito ao bem jurídico pretendido pelo autor,

definindo o objeto do processo. Isto é: “aquilo que as partes irão litigar e sobre

o que o juiz vai decidir”.

A identificação do pedido mediato também é importante para fins de

definição do conteúdo da decisão, pois o juiz não pode analisar bens ou direitos

não pleiteados.

Causa de pedir

A causa de pedir é o terceiro elemento da ação e é entendida como os

fundamentos e fatos de direito do pedido. Assim, para se identificar uma ação

é necessário distinguir os fatos responsáveis pelo surgimento da pretensão e os

fundamentos de direito que justificam o ajuizamento da ação, isto é, justificam a

pretensão da parte perante o juiz.

Esquematicamente:

Causa de pedir

FATOS (responsáveis

pelo surgimento da pretensão)

FUNDAMENTOS JURÍDICOS

(justificam a pretensão da

parte)

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Portanto, em resumo, temos que a causa de pedir envolve tanto os fatos,

que é o caso apresentado ao juiz, como os fundamentos jurídicos, que são os

fundamentos de direito que justificam a pretensão da parte, independentemente

da hipótese normativa/fundamento legal. É importante pontuar que apenas os

fatos vinculam o juiz, os fundamentos jurídicos não o vinculam, pois, ao

sentenciar, o juiz está vinculado aos fatos descritos na petição inicial, mas poderá

aplicar outra norma legal para resolver o conflito.

Sobre a causa de pedir, há duas teorias destacadas pela doutrina que

regem o assunto. A teoria de substanciação e a teoria da individualização.

A teoria de individualização, que não foi adotada pelo CPC/15, entende

que a causa de pedir constitui apenas a relação jurídica afirmada pelo

autor. Preconiza que para a propositura da ação, basta que a parte possua o

fundamento jurídico, sem a necessidade de indicação dos fatos.

O CPC/15 adotou a Teoria substanciação, pois para essa teoria, o que

vincula o juiz no julgamento é a descrição dos fatos. A teoria da substanciação

pressupõe que o magistrado conhece o direito, sendo que o mais importante é a

descrição fática correta. Portanto, apresentados os fatos e a fundamentação

jurídica, o magistrado pode decidir de acordo com as normas integrantes no

ordenamento jurídico, ainda que não expressamente aduzidas pelas partes.

Desse modo, temos que:

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A teoria da substanciação, adotada pelo CPC/15, distingue a causa de pedir

próxima da causa de pedir remota. É o que analisaremos a seguir. Esse assunto

é muito cobrado em provas de concurso público, portanto redobre sua atenção

para esses conceitos:

▪ CAUSA DE PEDIR REMOTA: consiste no fundamento de fato, são

os fatos narrados pelo autor ou àqueles eventualmente trazidos pelo réu.

▪ CAUSA DE PEDIR PRÓXIMA consiste no fundamento de direito.

São a qualificação dos fatos, o efeito ou as consequências jurídicas dos fatos

integrantes da causa de pedir remota. É o direito que se afirma ter.

▪ Por exemplo: um banco ajuíza uma ação para cobrar o não

pagamento de um contrato de empréstimo. A causa de pedir próxima é o contrato

(fato jurídico/fundamento de direito), e a causa de pedir remota é o

inadimplemento do contrato (fundamento de fato).

Assim, podemos esquematizar tais diferenças da seguinte forma:

Teoria de individualização

• Preconiza que para apropositura da ação, bastaque a parte possua ofundamento jurídico, sema necessidade dos fatos.

• O que vincula o juiz nojulgamento são osfundamentos jurídios.

• Não foi adotada pelo CPC/15

Teoria substanciação

• Preconiza que a causa depedir deve ser compostapelos fatos e fundamentosjurídicos.

• O que vincula o juiz nojulgamento são os fatos.

• Foi adotada pelo CPC/15.

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Em adição à importância da identificação das partes e do pedido, a

distinção da causa de pedir é fundamental para que se verifique a identidade de

ações, inclusive para eventual verificação de litispendência ou coisa julgada.

Muitas vezes a identificação das partes e do pedido não é suficiente para

caracterizar a identidade de ações, sendo, para tanto, necessária também a

coincidência entre as causas de pedir.

Vamos aos exemplos para clarear melhor esse ponto tão importante do

estudo do direito processual civil.

Imagine que o Banco “DD” fez um empréstimo

consignado com o Seu Zé no valor de R$ 10.000,00 (dez

mil reais). Agora imagine que o Banco “DD” também fez

um contrato de seguro residencial para o Seu Zé no valor

de R$ 10.000,00. Caso Seu Zé não pague o empréstimo

consignado, nem honre o contrato de seguro e o banco

tenha que ir a juízo receber estes valores, isso não significa que as ações são

iguais, certo?

Isso porque, apesar das partes serem as mesmas e o banco pretenda

receber a mesma quantia de R$ 10.000,00, a causa de pedir (fatos +

fundamentos jurídicos) é distinta. São ações de cobrança distintas e

fundamentadas em contratos distintos.

Causa de pedir remota

• consiste no fundamento defato, são os fatos narradospelo autor ou àqueleseventualmente trazidos peloréu.

• Ex: não pagamento docontrato.

Causa de pedir próxima

• consiste no fundamento dedireito. São a qualificaçãodos fatos, o efeito ou asconsequências jurídicas dosfatos integrantes da causa depedir remota.

• Ex: o contrato.

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Pois bem. Estudada a evolução história do conceito de ação, os

condicionamentos do direito de ação e os elementos da ação, finalizamos por aqui

este tópico!

Não se esqueça de fazer os exercícios que estão abaixo para melhor fixar

o conteúdo ora estudado, pois analisamos muitos conceitos e teorias importantes!

Até nossa terceira e última aula desse minicurso.

ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA

• A jurisdição é uma parcela de Poder do Estado, voltada para a função

jurisdicional, que interferirá na esfera jurídica das pessoas para julgar os conflitos

de forma definitiva, gerando a pacificação social.

• Características/Princípios da jurisdição:

Características da jurisdição

Necessária investidura do sujeito

que presta

Imparcialidade

Inércia

Inevitabilidade

Substitutividade

Inafastabilidade

Imperatividade

Definitividade

Territorialidade

Juiz natural

Indelegabilidade

Unidade

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• Direito de Ação: é com a ação que se tem início o processo. Integra

o direito de ação o direito a um pronunciamento de mérito, ou de forma mais

ampla, o direito à prestação da tutela jurisdicional, pois o juiz não pode se

negar a dar uma resposta jurisdicional ao pedido veiculado na ação. O exercício

do direito de ação é o que retira o poder Judiciário da inércia e o convida a prestar

a tutela jurisdicional.

• Elementos da Ação:

LEGISLAÇÃO ESTUDADA NA AULA

CPC/15:

LIVRO II

DA FUNÇÃO JURISDICIONAL

TÍTULO I

DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO

Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o

território nacional, conforme as disposições deste Código.

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo

quando autorizado pelo ordenamento jurídico.

Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá

intervir como assistente litisconsorcial.

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

Elementos da ação

partes pedidocausa de

pedir

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I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;

II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha

ocorrido a violação do direito.

QUESTÕES COMENTADAS

Chegou o momento para fixar o conteúdo da aula. Caso você queira resolver

as questões sem ver o comentário, pule esta parte e vá direto para o próximo

tópico – Questões sem comentários.

1 - 2017 – CESPE – TCE/PE – ANALISTA DE GESTÃO - Dado o princípio

da demanda, o juiz não pode agir sem ser provocado pelo interessado,

salvo no caso das exceções previstas em lei.

Não se esqueça que o princípio da inércia também é chamado de

princípio da demanda. Ele dispõe que o processo começa por iniciativa da parte

e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. Está

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previsto no art. 2º do CPC/15: “O processo começa por iniciativa da parte e se

desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.”

Resposta: CERTO

2 - 2018 – FCC – CLDF – Procurador Legislativo – ADAPTADA - Em relação

à função jurisdicional, é correto afirmar que ninguém poderá pleitear

direito alheio em nome próprio, em nenhuma hipótese.

A questão está equivocada, pois o art. 18, CPC/15 aduz como regra geral

que ninguém pode pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando

autorizado pelo ordenamento jurídico.

Resposta: ERRADO

3 - 2018 – FCC – CLDF – Procurador Legislativo – ADAPTADA - A

possibilidade jurídica da ação é uma das condições preliminares a serem

observadas no atual CPC por ocasião da prestação jurisdicional, até

mesmo de ofício.

A questão está errada, pois para postular em juízo é necessário interesse

e legitimidade, conforme art. 17, CPC/15. A possibilidade jurídica da ação/do

pedido não é mais um dos condicionamentos para postular em juízo. A

possibilidade jurídica do pedido será analisada no mérito. O juiz, ao sentenciar,

irá analisar se o pedido do autor é ou não possível.

Resposta: ERRADO

4 - 2018 – FCC – ALESE – ANALISTA LEGISLATIVO- Os princípios

processuais da inércia da jurisdição, da isonomia e da primazia do mérito

significam, respectivamente, que o Judiciário:

A) só age, como regra, quando provocado pelas partes; deve o juiz

tratar as partes com igualdade no processo; e deve, o juiz, priorizar a

prestação da jurisdição julgando o mérito da ação, sempre que for

possível suprindo e sanando irregularidades processuais.

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B) age com menos eficiência do que deveria, mostrando-se inerte;

o juiz deve tratar as partes com igualdade; e o juiz deve julgar com

prioridade o mérito, sanando as irregularidades processuais sempre que

possível.

C) só age quando provocado pelas partes; deve o juiz tratar as

partes com base na lei, observando o contraditório e a ampla defesa; e

somente quem tem mérito deve vencer o processo, não se permitindo

privilégios a ninguém por sua condição pessoal.

D) deve vencer sua inércia, visando a tornar-se mais eficiente, em

prol da sociedade; deve o juiz tratar as partes com igualdade; e o mérito

do pedido deve prevalecer, devendo o juiz suprir e sanar irregularidades

em qualquer ocasião.

E) só age, como regra, quando provocado pelas partes; o juiz deve

ser imparcial e observar o contraditório e a ampla defesa; e o pedido de

maior mérito deve ser julgado procedente pelo juiz.

A questão exige o conhecimento dos princípios da inércia de jurisdição, da

isonomia e o princípio da primazia da decisão de mérito.

Diz o princípio da inércia da jurisdição ou dispositivo que o

Judiciário, só age, como regra, quando provocado pelas partes. É o art. 2º,

CPC/15.

Já o princípio da isonomia normatiza que o juiz deve tratar as partes

com igualdade no processo. Ele está previsto no art.7º do CPC/15: " É assegurada

às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades

processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções

processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.”

O último princípio exigido pela questão é o princípio da primazia da

decisão de mérito, que prevê que o juiz deve priorizar a prestação da jurisdição

julgando o mérito da ação, sempre que for possível suprindo e sanando

irregularidades processuais. Está previsto no art. 4º do CPC/15, que estudamos

na aula 01 deste minicurso.

Resposta: A

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5 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - São

inerentes à jurisdição os princípios do juiz natural, da improrrogabilidade

e da indelegabilidade.

A questão está correta e traz três princípios inerentes à jurisdição.

O princípio do juiz natural preleciona a utilização de regras objetivas de

competência jurisdicional para garantir independência e a imparcialidade do órgão

julgador. Este princípio pode ser analisado por duas óticas: i) objetivamente:

preexistência do órgão jurisdicional ao fato, proibindo juiz ou tribunal de exceção

e o respeito absoluto à competência; ii) subjetivamente: imparcialidade.

O princípio da improrrogabilidade estabelece limites às atividades

jurisdicionais dos juízes, não se prorrogando a sua competência, exceto nos casos

expressos previstos em lei. O juiz deve exercer a sua jurisdição dentro dos limites

da lei.

Por fim, a indelegabilidade assenta que o órgão investido no poder de

jurisdição tem a obrigação de prestar a tutela jurisdicional, não se trata de uma

faculdade, não sendo possível declinar/delegar dessa obrigação.

Resposta: CERTO

6 - 2018 – CESPE- STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - O código de processo

civil estabelece duas condições para se postular em juízo: o interesse de

agir e a legitimidade da parte.

Ao tratar das chamadas condições da ação, o atual CPC expressamente se

refere a duas espécies distintas denominadas de legitimidade da parte e interesse

de agir. Esta abordagem vem sendo muito cobrada pelo CESPE, fique atento.

Estabelece o art. 17, do CPC/15 que para postular em juízo é necessário

ter interesse e legitimidade.

Resposta: CERTO

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7 - 2018 – CESPE - STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - A teoria eclética da

ação, adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, define ação como um

direito autônomo e abstrato, independente do direito subjetivo material,

condicionada a requisitos para que se possa analisar o seu mérito.

Segundo os postulados da teoria eclética (criada por Liebmam), adotada

pelo CPC, o direito de ação não se confunde com o direito material. A ação só

existe quando há julgamento de mérito (favorável ou desfavorável). A ação,

nessa teoria, depende do preenchimento de certos requisitos formais chamados

de “condições da ação”. Essas condições não se confundem com o mérito. Analise

de legitimidade e interesse são “condições da ação”, em que sua ausência leva a

extinção do processo sem resolução do mérito.

Resposta: CERTO

8 - 2018 – CESPE - STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO- O princípio do juiz

natural, ao impedir que alguém seja processado ou sentenciado por outra

que não a autoridade competente, visa coibir a criação de tribunais de

exceção.

O princípio do juiz natural proíbe juízo ou tribunal de exceção e determina

que ninguém será processado senão pela autoridade competente.

Resposta: CERTO

9 - 2018 – CESPE - STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Entre os princípios

que regem a jurisdição, o da investidura é aquele que determina que o

juiz exerça a atividade judicante dentro de um limite espacial sujeito à

soberania do Estado.

A questão aborda o princípio da territorialidade (ou aderência ao

território), o qual determina que o juiz exerça a atividade judicante dentro de um

limite espacial sujeito à soberania do Estado. O princípio da investidura foi

erroneamente conceituado. Ele significa que o agente público é investido pelo

Estado para exercer a atividade jurisdicional.

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Resposta: ERRADO

10- 2014 – FGV – Câmara dos Deputados –ANALISTA LEGISLATIVO-

Entre as condições da ação inclui-se a possibilidade jurídica do pedido,

que consiste na exigência de que o pedido de tutela jurisdicional

formulado em juízo não seja vedado pelo ordenamento jurídico.

A questão está errada, pois o CPC/15 no art. 17 do CPC/15 diz que para

postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. Ele não menciona

mais a “possibilidade jurídica do pedido”, que agora deve ser analisado como um

assunto de mérito.

Resposta: ERRADO

11 - 2018 – CESPE - STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO - Ainda que detenha

competência para decidir de ofício determinado assunto, o juiz só poderá

fazê-lo se permitir às partes a manifestação expressa sobre a matéria.

De acordo com o art. 10, do CPC/15: “O juiz NÃO pode decidir, em grau

algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha

dado às partes oportunidade de se manifestar, AINDA QUE se trate de matéria

sobre a qual deva decidir de ofício.” Ele prevê que o juiz, antes de decidir

algo, deve conceder às partes a oportunidade para se manifestar, ainda que se

trate de tema que possa ser decidido de ofício. Estudamos esse assunto com mais

detalhes na aula 01 do minicurso.

Resposta: CERTO

12 - 2018 – CESPE – TCM-BA – AUDITOR ESTADUAL DE CONTROLE

EXTERNO - De acordo com norma presente no art. 286, inciso II do Código

de Processo Civil (CPC), que trata da prevenção do juízo, devem ser

distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza “quando,

tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o

pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam

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parcialmente alterados os réus da demanda”. Essa regra objetiva dar

efetividade ao princípio:

A) do contraditório

B) da inércia

C) da unidade

D) do juiz natural

E) da investidura

A questão exige do candidato o conhecimento sobre o Princípio do juiz

natural. O disposto art. 286, inciso II do CPC/15 visa coibir, justamente,

a violação ao princípio do juiz natural, impedindo que a parte ajuíze uma ação e,

logo após, desista da mesma por não ter obtido uma liminar ou antecipação de

tutela, sendo extinto o processo sem julgamento de mérito. Evita-se, desse modo,

a escolha do julgador pelo autor da ação.

Resposta: D

13 - 2018 – FCC – DPE/AP – DEFENSOR PÚBLICO - “Não se excluirá da

apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. ”

Esse é o princípio da:

A) inclusão obrigatória, decorrente da dignidade humana e do

mínimo existencial, tratando-se de princípio constitucional e,

simultaneamente, infraconstitucional do processo civil.

B) vedação a tribunais de exceção ou do juiz natural, tratando-se

apenas de princípio constitucional do processo civil.

C) legalidade ou obrigatoriedade da jurisdição, tratando-se apenas

de princípio infraconstitucional do processo civil.

D) reparação integral do prejuízo, tratando-se de princípio

constitucional e também infraconstitucional do processo civil.

E) inafastabilidade ou obrigatoriedade da jurisdição e é, a um só

tempo, princípio constitucional e infraconstitucional do processo civil.

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A questão aborda o princípio da inafastabilidade ou obrigatoriedade

da jurisdição, que está previsto no art. 5º, XXXV, da CF, bem como no art. 3º

do CPC/2015. Segundo esse princípio não se excluirá da apreciação jurisdicional

ameaça ou lesão a direito.

Resposta: E

14 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Integram

as condições da ação o interesse de agir e a legitimidade ad causam.

Essa temática é bastante cobrada pela banca CESPE. Por isso, não se

esqueça que com o CPC/15, a possibilidade jurídica do pedido deixou de ser

um dos requisitos das condições da ação. Assim, agora, de acordo com art.

17, do CPC/15: “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.”

Resposta: CERTO

15 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Ninguém

poderá pleitear, em seu próprio nome, direito alheio, salvo quando

autorizado por lei.

Outro tema bastante cobrado nas provas é o art. 18, do CPC/15, o qual

dispõe que: “ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo

quando autorizado pelo ordenamento jurídico.” Portanto, não esqueça que

é possível pleitear direito alheio em nome próprio, desde que autorizado pelo

ordenamento jurídico/lei.

Resposta: CERTO

16 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - A

jurisdição é divisível.

Não se esqueça que a jurisdição tem como característica a unidade, que

significa que a jurisdição é una e exercida de forma precípua pelo Poder Judiciário.

O que se divide é a competência.

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Resposta: ERRADO

17 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Jurisdição

consiste na função estatal de compor litígios e de declarar e realizar o

direito.

Relembrando a parte teórica da aula, a jurisdição pode ser entendida

como a atuação estatal visando à aplicação do direito objetivo ao caso

concreto, resolvendo-se com definitividade um conflito. Por meio dessa função

estatal, o Estado-juiz não deve apenas declarar o direito, mas deve também dar

efetividade, realizando o direito reconhecido.

Resposta: CERTO

18 - 2018 – FCC – SEFAZ-SC – Auditor Fiscal da Receita Estadual – A ação

meramente declaratória:

A) não é admissível, pela falta de conteúdo condenatório na

sentença a ser proferida.

B) é admissível, salvo se houver ocorrido a violação do direito.

C) não é admissível, pela falta de conteúdo mandamental na

sentença a ser proferida.

D) é admissível, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

E) poderá ou não ser admissível, se a sentença a ser proferida não

possuir efeitos patrimoniais nem definir a existência ou a inexistência de

uma relação jurídica.

Nos exatos termos do art. 20 do CPC/15: “É admissível a ação meramente

declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito”. Essa questão reforça

a importância da leitura da lei seca, pois pela sua simples leitura, era possível o

seu acerto.

Resposta: D

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QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS

1 - 2017 – CESPE – TCE/PE – ANALISTA DE GESTÃO - Dado o princípio

da demanda, o juiz não pode agir sem ser provocado pelo interessado,

salvo no caso das exceções previstas em lei.

2 - 2018 – FCC – CLDF – Procurador Legislativo – ADAPTADA - Em relação

à função jurisdicional, é correto afirmar que ninguém poderá pleitear

direito alheio em nome próprio, em nenhuma hipótese.

3 - 2018 – FCC – CLDF – Procurador Legislativo – ADAPTADA - A

possibilidade jurídica da ação é uma das condições preliminares a serem

observadas no atual CPC por ocasião da prestação jurisdicional, até

mesmo de ofício.

4 - 2018 – FCC – ALESE – ANALISTA LEGISLATIVO- Os princípios

processuais da inércia da jurisdição, da isonomia e da primazia do mérito

significam, respectivamente, que o Judiciário:

A) só age, como regra, quando provocado pelas partes; deve o juiz

tratar as partes com igualdade no processo; e deve, o juiz, priorizar a

prestação da jurisdição julgando o mérito da ação, sempre que for

possível suprindo e sanando irregularidades processuais.

B) age com menos eficiência do que deveria, mostrando-se inerte;

o juiz deve tratar as partes com igualdade; e o juiz deve julgar com

prioridade o mérito, sanando as irregularidades processuais sempre que

possível.

C) só age quando provocado pelas partes; deve o juiz tratar as

partes com base na lei, observando o contraditório e a ampla defesa; e

somente quem tem mérito deve vencer o processo, não se permitindo

privilégios a ninguém por sua condição pessoal.

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D) deve vencer sua inércia, visando a tornar-se mais eficiente, em

prol da sociedade; deve o juiz tratar as partes com igualdade; e o mérito

do pedido deve prevalecer, devendo o juiz suprir e sanar irregularidades

em qualquer ocasião.

E) só age, como regra, quando provocado pelas partes; o juiz deve

ser imparcial e observar o contraditório e a ampla defesa; e o pedido de

maior mérito deve ser julgado procedente pelo juiz.

5 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - São

inerentes à jurisdição os princípios do juiz natural, da improrrogabilidade

e da indelegabilidade.

6 - 2018 – CESPE- STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - O código de processo

civil estabelece duas condições para se postular em juízo: o interesse de

agir e a legitimidade da parte.

7 - 2018 – CESPE - STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - A teoria eclética da

ação, adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, define ação como um

direito autônomo e abstrato, independente do direito subjetivo material,

condicionada a requisitos para que se possa analisar o seu mérito.

8 - 2018 – CESPE - STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO- O princípio do juiz

natural, ao impedir que alguém seja processado ou sentenciado por outra

que não a autoridade competente, visa coibir a criação de tribunais de

exceção.

9 - 2018 – CESPE - STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Entre os princípios

que regem a jurisdição, o da investidura é aquele que determina que o

juiz exerça a atividade judicante dentro de um limite espacial sujeito à

soberania do Estado.

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10- 2014 – FGV – Câmara dos Deputados –ANALISTA LEGISLATIVO-

Entre as condições da ação inclui-se a possibilidade jurídica do pedido,

que consiste na exigência de que o pedido de tutela jurisdicional

formulado em juízo não seja vedado pelo ordenamento jurídico.

11 - 2018 – CESPE - STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO - Ainda que detenha

competência para decidir de ofício determinado assunto, o juiz só poderá

fazê-lo se permitir às partes a manifestação expressa sobre a matéria.

12 - 2018 – CESPE – TCM-BA – AUDITOR ESTADUAL DE CONTROLE

EXTERNO - De acordo com norma presente no art. 286, inciso II do Código

de Processo Civil (CPC), que trata da prevenção do juízo, devem ser

distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza “quando,

tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o

pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam

parcialmente alterados os réus da demanda”. Essa regra objetiva dar

efetividade ao princípio:

A) do contraditório

B) da inércia

C) da unidade

D) do juiz natural

E) da investidura

13 - 2018 – FCC – DPE/AP – DEFENSOR PÚBLICO - “Não se excluirá da

apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. ”

Esse é o princípio da:

A) inclusão obrigatória, decorrente da dignidade humana e do

mínimo existencial, tratando-se de princípio constitucional e,

simultaneamente, infraconstitucional do processo civil.

B) vedação a tribunais de exceção ou do juiz natural, tratando-se

apenas de princípio constitucional do processo civil.

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C) legalidade ou obrigatoriedade da jurisdição, tratando-se apenas

de princípio infraconstitucional do processo civil.

D) reparação integral do prejuízo, tratando-se de princípio

constitucional e também infraconstitucional do processo civil.

E) inafastabilidade ou obrigatoriedade da jurisdição e é, a um só

tempo, princípio constitucional e infraconstitucional do processo civil.

14 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Integram

as condições da ação o interesse de agir e a legitimidade ad causam.

15 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Ninguém

poderá pleitear, em seu próprio nome, direito alheio, salvo quando

autorizado por lei.

16 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - A

jurisdição é divisível.

17 - 2017 – CESPE – TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - Jurisdição

consiste na função estatal de compor litígios e de declarar e realizar o

direito.

18 - 2018 – FCC – SEFAZ-SC – Auditor Fiscal da Receita Estadual – A ação

meramente declaratória:

A) não é admissível, pela falta de conteúdo condenatório na

sentença a ser proferida.

B) é admissível, salvo se houver ocorrido a violação do direito.

C) não é admissível, pela falta de conteúdo mandamental na

sentença a ser proferida.

D) é admissível, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

E) poderá ou não ser admissível, se a sentença a ser proferida não

possuir efeitos patrimoniais nem definir a existência ou a inexistência de

uma relação jurídica.

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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

C E E A C C C C E E

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

C D E C C E C D

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Agradeço pela companhia e aguardo-lhe

para a terceira aula deste minicurso.

Vamos juntos!

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