59
Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 Prof.ª Érica Costa

Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

  • Upload
    others

  • View
    6

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil Minicurso Gratuito

Aula 3 Prof.ª Érica Costa

Page 2: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

2 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Olá, seja bem-vindo(a) à aula 3 do minicurso gratuito de Direito Processual Civil para concursos públicos.

SUMÁRIO

INFORMAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 3

CONTEÚDO DA AULA 3 ....................................................................................... 3

1. Intervenção de Terceiros – Noções introdutórias ......................... 4

2. Denunciação da lide ...................................................................... 8

2.1 Hipóteses de denunciação da lide ............................................... 11

2.2 Procedimento ........................................................................... 14

2.3 Denunciação sucessiva .............................................................. 19

3. Chamamento ao Processo ........................................................... 20

4. Assistência ................................................................................. 25

4.1 Assistência simples ................................................................... 26

4.2 Assistência litisconsorcial ........................................................... 29

4.3 Procedimento ........................................................................... 30

5. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica ............ 30

6. Amicus Curiae ............................................................................ 35

ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA ...................................................................... 40

LEGISLAÇÃO ESTUDADA NA AULA ..................................................................... 42

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................. 46

QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS ...................................................................... 53

GABARITO ...................................................................................................... 57

Page 3: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

3 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

INFORMAÇÕES INICIAIS

CONTEÚDO DA AULA 3

Nesta aula serão abordados os seguintes tópicos, que são cobrados de

forma recorrente em concursos públicos que exigem a disciplina de direito

processual civil:

• Intervenção de Terceiros.

• Denunciação da lide.

• Chamamento ao Processo.

• Assistência.

• Incidente de Desconsideração da personalidade jurídica.

• Amicus Curiae.

Page 4: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

4 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

1. Intervenção de Terceiros – Noções

introdutórias

Chegamos a terceira e última aula desse minicurso. Já estudarmos as

normas fundamentais do processo civil, a aplicação das normas processuais, as

características essenciais da jurisdição civil e a evolução do direito de ação.

Nessa aula, vamos analisar as hipóteses em que o Código de Processo

Civil de 2015 autoriza que terceiros que não figuram como parte em um processo

passem a figurar. É um tema muito exigido em provas de concurso, que possui

diversas nuances, que serão aqui exploradas!

Vamos lá!

De início, precisamos compreender que o sistema processual brasileiro

adota a teoria dos limites subjetivos da coisa julgada, conforme o art. 506

do CPC/15, que assim dispõe: “A sentença faz coisa julgada às partes entre as

quais é dada, não prejudicando terceiros.” Isso significa que a decisão produz

efeitos endoprocessuais, ou seja, apenas para as partes do processo.

Portanto, temos que, como regra geral, o terceiro não pode ser

prejudicado por uma decisão decorrente de um processo em que não houve a

sua participação.

No entanto, muitas vezes, em razão da complexidade das relações

jurídicas e das relações de direito material, os efeitos da sentença atingem

pessoas que estão fora da relação jurídica. Assim, caso atinja terceiros, de modo

Padronização de siglas

- Lei n. 13.105/2015 – Código de Processo Civil – CPC/15

- Lei n. 5.869/1973 – Código de Processo Civil – CPC/73

- Constituição Federal – CF/88

- Decreto-Lei n° 4.65742 – Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro - LINDB

Page 5: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

5 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear a possibilidade de

intervenção deste terceiro no processo.

Portanto, sempre que um terceiro for atingido de

modo direito ou indireto/reflexo por uma decisão

proferida em um processo alheio, ele se tornará

parte legítima para ingressar no processo. Esse

fenômeno processual é chamado de INTERVENÇÃO

DE TERCEIROS!

Vamos agora a conceituação de terceiro. Pois bem, o conceito de

terceiro se abstrai por exclusão. É todo aquele que não for parte no

processo. Ele é aquele que não pede e não tem pedidos formulados

contra si. Como regra geral, quando ele entra no processo alheio, ele deixa de

ser terceiro e torna-se parte, de modo que poderá formular pedidos e terá

pedidos formulados contra si. A única é exceção, e será estudada

exaustivamente mais a frente, é o amicus curiae, que não vira parte e não

formula pretensão alguma.

Portanto, como regra, o terceiro é aquele que, inicialmente, não era

parte, mas ao ingressar no processo alheio, deixa de ser terceiro e torna-se

parte, exceto no caso do amicus curiae.

Esquematicamente:

Terceiro

Não era parte

do processo.

Se ele for for atingido direta ou indiretamente pela decisão proferida em processo alheio, se tornará parte legítima

para ingressar no processo

Terceiro

Ao ingressar no processo

alheio, deixa de ser

terceiro e se torna parte,

exceto o amicus curiae

Page 6: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

6 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Na aula de hoje iremos estudar as 5 modalidades de intervenção de

terceiros previstas no Código de Processo Civil de 2015, quais sejam: i)

assistência, ii) denunciação da lide, iii) chamamento ao processo, iv) amicus

curiae e v) incidente de desconsideração da personalidade jurídica.

Com a nova disciplina inaugurada pelo CPC/15, a intervenção chamada

de nomeação à autoria foi extinta, dando lugar a técnica de correção da

legitimidade passiva, prevista nos art. 338 e 339 do CPC/15.

Já a modalidade de intervenção de terceiro chamada de oposição

(quando terceiro reclama o bem/direito disputado em juízo) não foi mais

delineada como uma intervenção típica, mas se tornou um procedimento

especial, previsto nos art. 682 a 686 do CPC/15.

Intervenção de terceiros previstas no CPC/15

AssistênciaDenunciação

da lideChamamento ao processo

Amicus curiae

Incidente de desconsideração

da personalidade

jurídica.

- Nomeação à autoria foi extinta

-Oposição se tornou um procedimento

especial

Page 7: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

7 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Antes de adentrarmos no estudo detalhado de cada uma dessas 5 formas

de intervenção de terceiros, vamos entender como a doutrina classifica essas

formas de intervenção.

Intervenção espontânea/voluntária e provocada

Essa classificação leva em consideração a iniciativa do ingresso do

terceiro no processo.

A intervenção espontânea é aquela em que o terceiro ingressa no

processo a seu pedido. É o caso da assistência, que é o exemplo clássico de

intervenção de terceiro espontânea.

Já no caso da intervenção provocada, ela ocorre quando o terceiro é

provocado a entrar na demanda, uma vez que ele sofrerá os efeitos da

sentença. A iniciativa não vem do terceiro, mas de uma das partes que pede ao

juiz que convoque esse terceiro. Esta hipótese ocorre nos casos de denunciação

da lide, chamamento ao processo e no incidente de desconsideração da

personalidade jurídica.

Quanto ao amicus curiae, dadas as suas peculiaridades, a iniciativa do

ingresso pode ser determinada de ofício pelo juiz, a requerimento das partes ou

por iniciativa do próprio terceiro. Portanto, não podemos encaixá-lo em

nenhuma dessas duas classificações.

Vamos sistematizar essa classificação:

Classificação

Intervenção de terceiros espontânea:

- assitência

Intervenção de terceiros provocada

-denunciação da lide;

- chamamento ao processo;

- indicente de desconsideração da personalidade jurídica

Page 8: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

8 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Feita essa breve introdução, vamos analisar cada umas

das modalidades de intervenção de terceiros previstas

nos arts. 119 a 138 do CPC/15.

Observe que a intervenção de terceiro não cria um novo processo. Só

se fala de intervenção de terceiros se esse terceiro ingressa em um processo em

andamento. Havendo a intervenção de terceiros, não haverá a prolação de duas

sentenças, sendo que o juiz julgará a lide principal e a situação jurídica acessória

que envolve um terceiro na mesma sentença.

Tipos de processo que admitem intervenção de terceiros

A denunciação da lide e o chamamento ao processo são hipóteses de

intervenção de terceiros que só são possíveis de ocorrer no processo de

conhecimento. Isso porque a finalidade dessas duas intervenções, como

veremos a seguir, é constituir, no mesmo processo, título executivo contra o

terceiro.

Já as demais formas de intervenção, como assistência, amicus curiae e

o incidente de desconsideração da personalidade jurídica cabem em qualquer

tipo de processo, inclusive no processo de execução.

2. Denunciação da lide

A denunciação da lide está prevista nos arts. 125 a 129 do CPC/15 e

diz respeito ao direito de regresso de uma parte contra outra. Como assim?

Vamos exemplificar para ficar mais fácil.

Por exemplo: Joana estava dirigindo o seu carro. Na pista ao lado,

Gustavo estava dirigindo e digitando no celular, quando se distraiu, invadiu a

pista e bateu no carro de Joana. Gustavo possui seguro de automóveis. No caso,

Page 9: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

9 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Joana poderá ajuizar ação de indenização de danos matérias contra Gustavo,

cobrando as despesas do conserto. Gustavo, por sua vez, poderá denunciar a

lide à seguradora, para que pague a indenização à vítima, nos limites

contratados na apólice do seu seguro (por isso a denunciação a lide é

incidental, porque já há um processo existente). Veja que Gustavo está se

antecipando, a fim de que, caso tenha que pagar o conserto do caro de Joana,

a seguradora já efetue esse pagamento diretamente.

Nessa situação, a seguradora denunciada terá direito ao contraditório e

a ampla defesa. Ao final do processo, se o juiz entender que, de fato, Gustavo

foi o causador do dano, como Gustavo denunciou a segurado a lide, o juiz poderá

determinar que a seguradora arque com os prejuízos de Joana. Por isso é que a

denunciação a lide é eventual, pois depende do resultado da demanda principal.

Entendido? Voltamos a análise teórica desse instituto.

Voltando ao exemplo acima, temos duas relações

jurídicas na denunciação da lide: uma relação jurídica entre

Gustavo e Joana, haja vista a responsabilidade civil do

causador do dano em face da vítima e uma segunda relação

jurídica entre Gustavo e a Seguradora do Automóvel, que foi

formalizada por meio do contrato de seguro.

Assim, apenas se Joana tiver uma decisão favorável contra Gustavo,

reconhecendo-se a responsabilidade de Gustavo pelos danos causados, é que a

seguradora será obrigada a ressarcir Joana. Portanto, a obrigação da seguradora

(a segunda relação jurídica) depende do resultado da primeira.

Observe que na denunciação da lide temos 2

relações jurídicas envolvidas, sendo que a

segunda dependerá do resultado da primeira.

Page 10: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

10 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Feita essa breve contextualização, após você entender como funciona

essa modalidade de intervenção, vamos analisar como a doutrina aborda a

denunciação da lide.

Conceito

A denunciação da lide é uma modalidade de intervenção de terceiro

forçada, fundamentada no direito de regresso, por meio do qual se cumulam

ações judiciais.

Este instituto tem por finalidade garantir economia processual, pois com

a denunciação da lide, não são necessárias duas demandas distintas para

situações jurídicas que, a despeito de serem diversas, estão unidas em razão da

mesma situação fática. Assim, para a resolução integral de todo o conflito, já se

cumula a ação condenatória e a outra regressiva.

Como dito, a denunciação da lide está estabelecida nos artigos 125 a 129

do CPC/15 e se caracteriza por ser uma ação:

Como você pode perceber, a denunciação da lide amplia

SUBJETIVAMENTE o processo com o ingresso do terceiro (por exemplo, o

ingresso da seguradora no processo acima exemplificado), assim como o amplia

OBJETIVAMENTE (análise do ressarcimento pela seguradora em face do

contrato de seguro do causador do dano), porque se insere outra demanda

dentro daquela outra anteriormente ajuizada.

✓ Incidente (se agrega a uma nova já existente);

✓ Regressiva (constitui uma demanda regressiva ou

de garantia);

✓ Eventual (depende da demanda principal) e

✓ Antecipada (o denunciante se antecipa, a fim de

que, em caso de eventual prejuízo, seja imputada a

responsabilidade ao terceiro).

Page 11: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

11 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

A denunciação da lide não pode ser determinada de

ofício, pois ela tem natureza jurídica de ação.

No atual regime processual, a denunciação a lide não

é obrigatória, e sim FACULTATIVA. O antigo Código de

Processo Civil de 1973 dizia que ela era obrigatória, no entanto

a doutrina e jurisprudência já apontavam o equívoco da norma,

uma vez que a denunciação é uma manifestação do direito

de ação, portanto constitui um ônus e não um dever.

Além disso, é importante destacar que a denunciação da lide pode ser

promovida por qualquer das partes, tanto pelo autor como pelo réu. No

exemplo acima, usamos um caso de denunciação feita pelo réu, mas há casos

em que a denunciação poderá ser promovida pelo autor, certo?

Vamos, em seguida, estudar as hipóteses de cabimento e o procedimento

dessa modalidade de intervenção.

2.1 Hipóteses de denunciação da lide

As hipóteses de denunciação estão previstas no art. 125 do CPC/15 e

versam sobre o direito de regresso, veja:

CPC/15:

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer

das partes:

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi

transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da

evicção lhe resultam;

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar,

em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.

§ 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a

denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for

permitida.

§ 2o Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo

denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja

Page 12: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

12 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover

nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por

ação autônoma.

I) Evicção

A primeira hipótese de denunciação da lide do inciso I, do art. 125 do

CPC/15 envolve o direito de evicção e ela vem assim prevista na lei

processual:

E o que é evicção? É a perda da coisa adquirida de forma onerosa, em

razão de uma decisão judicial ou ato administrativo. Isto é, a pessoa adquire

algo, mas perde este bem por causa de demanda judicial intentada por outrem

ou por causa de ato administrativo. Nesse caso, o evicto deve ser indenizado

pelo alienante, independentemente de o alienante estar de boa-fé ou não. O

fundamento da indenização está no princípio da garantia.

Por exemplo: Marcelo compra um imóvel de Bento. No

entanto, por decisão judicial, é reconhecido que aquele

imóvel pertence à Beatriz, de modo que Bento jamais

poderia ter vendido o imóvel a Marcelo. No caso,

quando Marcelo for citado na ação que promove Beatriz

para ter seu imóvel de volta, ele pode denunciar Bento

à lide em sua contestação. Isso porque, caso o juiz

reconheça que, de fato, o imóvel pertence a Beatriz, como houve a denunciação

da lide em face do direito de regresso que Marcelo possui decorrente da evicção,

nessa mesma ação, após perder a propriedade do bem, Marcelo (evicto) deverá

“É admissível a denunciação da lide, promovida

por qualquer das partes ao alienante imediato,

no processo relativo à coisa cujo domínio foi

transferido ao denunciante, a fim de que possa

exercer os direitos que da evicção lhe

resultam”.

Page 13: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

13 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

ser indenizado pelo alienante (Bento) por conta desse prejuízo sofrido,

independentemente de Bento ter vendido de boa-fé ou não.

II) Por lei ou por contrato

A segunda hipótese é a do inciso II, do art. 125 do CPC/15. Ela é mais

ampla e possibilita o direito de regresso quando houver previsão em lei ou em

contrato:

Nesse caso, se uma pessoa for vencida em uma ação, o réu poderá

exercer o direito de regresso em relação a quem estiver, por lei ou contrato,

obrigação de indenizar.

Essa previsão legal é a que embasa o exemplo que utilizamos acima, em

que a seguradora denunciada à lide deve indenizar a vítima do acidente de carro,

tendo em vista a sua obrigação decorrente do contrato de seguro com o

causador do acidente.

Dito isso, podemos esquematizar as duas hipóteses de denunciação da

lide da seguinte forma:

“É admissível a denunciação da lide, promovida por

qualquer das partes àquele que estiver obrigado,

por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação

regressiva, o prejuízo de quem for vencido no

processo.”

Page 14: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

14 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

2.2 Procedimento

Agora vamos estudar o procedimento, ou seja, como essa denunciação

da lide ocorre no processo.

Como já vimos acima, a primeira possibilidade é que a denunciação da

lide ocorre no mesmo processo, de modo incidental.

Além dessa possibilidade, diz o parágrafo primeiro do art. 125 do CPC/15,

que ela pode ser manejada em ação regressiva autônoma quando for

indeferida a denunciação da lide, quando não for exercido o direito ou quando

não for permitido o ingresso na ação principal. Ou seja, se a denunciação da lide

não ocorrer no mesmo processo, é possível que o direito de regresso seja

exercido em ação regressiva autônoma.

Veja como o assunto foi cobrado nessa questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – CESPE – STJ- ANALISTA JUDICIÁRIO – De acordo com o CPC, a

ausência de denunciação da lide acarreta a perda do direito de regresso que o réu

eventualmente possua contra aquele que estiver obrigado, por lei ou por contrato, a

lhe ressarcir.

A ausência de denunciação da lide não acarreta perda do direito de

regresso, pois tal direito regressivo poderá ser exercido por ação autônoma

Hipóteses de denunciação da lide

(art. 125 do CPC/15)

I - do alienante imediato em relação a bens imóveis para o exercício dis direitos resultantes

da EVICÇÃO

II - Daquele obrigado, por LEI ou por CONTRATO, a indenizar, em

ação regressiva.

Page 15: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

15 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não

for permitida, conforme o §1º do art. 125 do CPC/15.

Gabarito: Errado.

Esquematizando...

Assim, como você pode observar, a ação regressiva não constitui um

ônus processual, mas é uma faculdade. A lei permite que o direito regressivo

seja exercido no mesmo processo, por meio da denunciação da lide, mas

também permite que esse direito regressivo seja exercido por ação autônoma

quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for

permitida, nos termos do §1º do art. 125 do CPC/15.

Dando prosseguimento ao estudo, temos que a denunciação à lide pode

ser feita tanto pelo AUTOR como pelo RÉU.

Vamos entender a sistemática para cada caso:

➢ Se a denunciação da lide for feita pelo AUTOR, a sua oportunidade

é quando do ajuizamento da inicial, com a PETIÇÃO INICIAL.

Direito regressivo

pode ser exercido por meio da denunciadação

da lide no MESMO PROCESSO, acarretando um incidente processual.

Pode ser exercido por AÇÃO REGRESSIVA

AUTÔNOMA

(art. 125, §1º do CPC/15)

I- quando a denunciação da lide

for indeferida

II - quando a denunciação da lide

deixar de ser promovida

III- quando a denunciação da lide não for permitida

Page 16: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

16 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

➢ Se a denunciação da lide for feita pelo RÉU, a oportunidade será na

CONTESTAÇÃO.

É o que diz o art. 126 do CPC/15:

CPC/15:

Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o

denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser

realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131 .

Pois bem. Conforme o art. 127 do CPC/15, feita a denunciação pelo

autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do

denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se

em seguida à citação do réu. Nesse caso, teremos como autores: o denunciante

e o denunciado.

Por outro lado, no caso de denunciação da lide pelo réu, podem

ocorrer 3 situações distintas, descritas pelo art. 128 do CPC/15, vejamos:

CPC/15:

Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:

I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o

processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio,

denunciante e denunciado;

II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de

prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de

recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;

III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação

principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a

tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.

Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor,

se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o

denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.

Page 17: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

17 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

No primeiro caso do art. 128 do CPC/15, se o denunciado contestar a

ação principal, o processo prosseguirá com o denunciante e o denunciado como

réus em litisconsórcio passivo.

No segundo caso do art. 128 do CPC/15, se o réu denunciar à lide e o

denunciante for revel, o denunciante poderá prosseguir com a defesa ou abster-

se de recorrer e, nesse último caso, atuar apenas na defesa dos seus interesses

na ação regressiva.

No terceiro caso do art. 128 do CPC/15, se o denunciado confessar, o réu

denunciante pode prosseguir com a defesa ou, se aderir ao reconhecimento,

poderá pedir que seja dada procedência a ação de regresso.

Assim, se for procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for

o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos

limites da condenação deste na ação regressiva. É o que dispõe o parágrafo

único do art. 128 do CPC/15.

Para finalizar o procedimento, vamos analisar o art. 129 do CPC/15.

De acordo com o art. 129 do CPC/15, se o denunciante for vencido na

ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Em

outras palavras: se o denunciante perder o processo, o juiz passará ao

julgamento da denunciação da lide. Assim, o juiz, na sentença, terá de decidir a

lide principal e a secundária.

Lado outro, se o denunciante for vencedor da ação principal, a ação

de denunciação da lide não será examinada por falta de interesse

processual, mas o denunciante será condenado ao pagamento das verbas de

sucumbência em favor do denunciado.

Observe:

Page 18: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

18 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Sobre o assunto, vamos responder a essa questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA –

Havendo denunciação da lide, se o denunciante for vencedor na ação principal, a

ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação

do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.

A questão está perfeita e traz o disposto no parágrafo único do art. 129

do CPC/15, segundo o qual se o denunciante for vencedor, a ação de

denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação

do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do

denunciado.

Se o denunciante for:

VENCIDO na ação principal

o juiz passará ao julgamento da

denunciação da lide, analisando o direito

de regresso.

VENCEDOR da ação principal

a ação de denunciação da lide não será examinada por falta de interesse

processual

Page 19: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

19 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Gabarito: Certo.

2.3 Denunciação sucessiva

Para finalizar essa modalidade de intervenção de terceiros, vamos analisar

o §2º do art. 125 do CPC/15, que trata da denunciação sucessiva. Leia-o com

atenção:

CPC/15:

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das

partes:

(...)

§ 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo

denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja

responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova

denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação

autônoma.

Sobre a denunciação sucessiva, vamos começar exemplificando seu

conceito.

Por exemplo: Tiago vende para Marina um imóvel que não era dele e ela

o revende para Elisa. Em seguida, Elisa vende esse imóvel para Leandro. O

verdadeiro dono no imóvel ajuíza uma ação em face de Leandro para reaver seu

imóvel. Leandro, citado, pode denunciar à lide Elisa, exercendo o seu direito que

da evicção resulta. Elisa ingressa na ação como denunciada e denuncia Marina,

e assim sucessivamente. Por isso, se chama denunciação sucessiva.

Nesse caso, o CPC/15 em seu §2º do art. 125, admite

apenas uma única denunciação sucessiva, promovida

pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia

dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não

podendo o denunciado sucessivo promover nova

Page 20: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

20 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por

ação autônoma.

Finalizamos aqui a denunciação da lide.

Em seguida, vamos analisar o “chamamento ao processo”.

3. Chamamento ao Processo

O chamamento ao processo constitui uma modalidade de intervenção de

terceiros que não sofreu mudanças com o Código de Processo Civil de 2015.

Essa espécie de intervenção está disciplinada nos arts. 130 a 132 do CPC/15.

É uma forma de intervenção que só pode ser

manejada pelo réu e tem por finalidade “chamar ao

processo” os demais devedores de determinada

obrigação comum que não foram demandados pelo

autor originariamente, de modo que sejam

responsabilizados em uma mesma sentença.

Por exemplo: Marcos, Antônio e José compraram

juntos uma lancha para usarem aos finais de semana. No entanto, após 3 meses

de atraso no pagamento das parcelas, o Banco ajuíza uma ação em face de

Marcos. Nesse caso, Marcos poderá “chamar ao processo” Antônio e José, que

também são devedores da lancha. Entendido?

No caso, o réu chama em juízo os demais codevedores ou cofiadores que

não foram acionados pelo autor a fim de que também respondam pela obrigação

dentro do processo. Assim, caso o juiz proferia sentença de procedência, todos

serão condenados e poderão ser executados e aquele que pagar pode voltar-se,

com a mesma sentença (título executivo) e nos mesmos autos, contra o devedor

principal ou os codevedores solidários.

Page 21: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

21 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Observe que com o chamamento ao processo

haverá uma ampliação do polo passivo da demanda.

O chamamento ao processo é sempre facultativo e ainda

que o réu não o faça, ele poderá reaver dos demais

coobrigados a parte que lhes cabe por meio de ação

autônoma.

E em quais casos o chamamento ao processo é

admissível? A resposta está no art. 130 do CP/15 e ele pode ocorrer em 3 (três)

hipóteses, observe:

CPC/15:

Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:

I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;

II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;

III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou

de alguns o pagamento da dívida comum.

Portanto, na primeira hipótese, admite-se o chamamento do afiançado.

No contrato de fiança, alguém, que não é o devedor, assume a responsabilidade

pelo pagamento da dívida. O afiançado é o devedor principal da dívida. Assim,

se o fiador for demandado, como a dívida não é dele, ele poderá chamar ao

processo o afiançado.

Na segunda hipótese, é possível o chamamento feito pelos demais

fiadores, quando for demandado apenas um deles. Isso porque, quando há

mais de um fiador, o regime entre eles é o da solidariedade, como dispõe o art.

829 do Código Civil.

Na terceira e última hipótese, é admissível o chamamento ao processo

dos demais devedores solidários, quando a ação for proposta apenas contra

um deles.

Page 22: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

22 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Esquematicamente:

Procedimento

Em relação ao procedimento, temos que o art. 131 do CPC/15 prevê que

o réu, na CONTESTAÇÃO, requeira a citação daqueles que devam figurar em

litisconsórcio passivo, e tal citação deve ser promovida no prazo de 30 (trinta)

dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento.

Assim, temos que a regra é que o prazo para efetuar o

chamamento ao processo é de 30 dias a contar da citação.

Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção

judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois)

meses. Se esse prazo não for observado, ocorre a preclusão,

não sendo mais possível o chamamento ao processo. No entanto,

como vimos acima, ele poderá reaver dos demais coobrigados a parte que lhes

cabe por meio de ação autônoma.

Leia com atenção o art. 131 do CPC/15:

CPC/15:

Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será

requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias,

sob pena de ficar sem efeito o chamamento.

É admissível o chamamento ao

processo, requerido pelo réu

I - do AFIANÇADO, na ação em que o fiador for réu;

II - dos DEMAIS FIADORES, na ação proposta contra um ou

alguns deles;

III - dos DEMAIS DEVEDORES SOLIDÁRIOS, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da

dívida comum.

Page 23: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

23 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção

judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.

Formação de título executivo

Caso a sentença proferida seja de procedência, ela

valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer

a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor

principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na

proporção que lhes tocar.

Se a sentença for improcedente, não haverá

consequência em relação aos chamados.

É o que dispõe o art. 132 do CPC/15:

CPC/15:

Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor

do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor

principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar.

Portanto, em caso de procedência, todos serão

condenados a pagar ao autor, de modo que o autor/credor

poderá demandar o título contra qualquer um deles ou

contra todos na proporção do seu respectivo quinhão.

Observe que o direito de escolher de quem cobrar será

exercido pelo autor na fase executiva.

No entanto, aquele que, na fase executiva, satisfizer

a dívida inteira, sub-roga-se nos direito do credor e poderá

exigi-la do devedor principal (no caso de fiança) ou cobrar a cota de cada um

dos codevedores, na proporção do seu respectivo quinhão (parte).

Vamos clarear esse assunto com um exemplo.

Por exemplo: no caso exemplificado acima em que Marcos, Antônio e José

compraram juntos uma lancha para usarem aos finais de semana e não pagaram

as prestações dos últimos 3 meses. Se o Banco demandar apenas Marcos, ele

Page 24: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

24 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

poderá chamar ao processo Antônio e José. Se houver condenação, o Banco

pode executar a sentença contra Marcos ou contra todos na proporção da cota

de cada um – o direito de escolher de quem cobrar é feito pelo autor na fase

executiva. Se o banco optar por executar apenas Marcos, porque ele tem mais

patrimônio e ele pagar a dívida inteira, essa sentença de procedência valerá

como título executivo. Assim, Marcos se sub-rogará nos direitos do credor e

poderá, nos mesmos autos, cobrar a parte dos demais devedores, no caso,

Antônio e José. Entendido?

Para finalizarmos o estudo sobre essa modalidade de intervenção,

observe como essa questão abordou o assunto:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – CESPE – TCE/MG– ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – Em

um processo judicial, o autor pleiteou a um dos devedores o pagamento da dívida

comum. Em resposta, o réu requereu ao juiz que este determinasse a citação dos

demais devedores para integrarem a lide.

Nessa situação hipotética, o réu requereu:

A) a assistência litisconsorcial.

B) a inclusão de amicus curiae.

C) a denunciação da lide.

D) o chamamento ao processo.

E) a assistência simples.

A questão traz um clássico exemplo do instituto “chamamento ao

processo”. Vamos relembrar seu conceito? O chamamento ao processo é

uma forma de intervenção de terceiros que somente poderá ser requerida

pelo réu, nas hipóteses elencadas no artigo 130, CPC/15, quais sejam: I -

do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na

ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores

solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida

comum. Como você pode vê, o chamamento ao processo objetiva a inclusão

do devedor principal ou dos coobrigados pela dívida a integrarem o polo

passivo da relação já existente.

Resposta: D

Page 25: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

25 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

4. Assistência

A assistência é uma modalidade de intervenção espontânea e

voluntária, por meio da qual um terceiro passa a atuar para auxiliar uma

parte no processo. O assistente pode intervir em qualquer tempo e grau de

jurisdição, assumindo o processo no estado em que se encontra.

Esse terceiro – assistente - tem interesse jurídico em que uma das

partes seja vencedora da demanda, evitando que a parte assistida sofra decisão

desfavorável no processo e essa decisão, direta ou indiretamente, atinja sua

esfera jurídica.

A assistência é admitida em qualquer procedimento e em todos os graus

de jurisdição, enquanto não tiver ocorrido o trânsito em julgado da sentença.

Diz o art. 119 do CPC/15, que pendendo causa entre 2 (duas) ou mais

pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável

a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.

Leia esse artigo com atenção:

CPC/15:

Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro

juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas

poderá intervir no processo para assisti-la.

Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e

em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado

em que se encontre.

É importante destacar que o interesse jurídico é

diferente do interesse econômico. O interesse

jurídico surge nas situações em que a decisão do

processo irá influenciar na esfera jurídica do

assistente, ou seja, o que acontece com um afeta o

outro.

Page 26: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

26 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

O sistema processual divide a assistência em duas espécies: i) assistência

simples e ii) assistência litisconsorcial. É muito importante que você entenda a

diferença entre elas, então vamos lá.

4.1 Assistência simples

Está disciplinada nos art. 121 a 123 do CPC/15.

Diz respeito às situações em que a parte ingressa em juízo para auxiliar

uma das partes por possuir interesse jurídico que uma das partes vença na

demanda. Ele requer o seu ingresso para auxiliar aquele que ele deseja que

tenha uma sentença favorável.

Por exemplo: José, proprietário de um imóvel, aluga-o para Maria, que

subloca uma parte do imóvel para que Beatriz use-o como um salão de beleza.

Se José ajuizar uma ação de despejo em face de Maria (locatária), Beatriz

(sublocatária) poderá ingressar nessa ação como assistente simples, pois tem

interesse jurídico que a sentença seja favorável à Maria. Isso porque, se for

desfeita a locação, a sublocação também será, porque são interligadas.

Na assistência simples o requisito principal é

que o assistente tenha interesse jurídico na vitória

de uma das partes. Neste caso, o assistente simples

atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os

mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos

ônus processuais que o assistido.

Contudo. Muito cuidado! A atuação do

assistente simples é subordinada à do assistido, de

modo que não pode praticar atos que contrariem a vontade do assistido.

Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o

assistente será considerado seu substituto processual.

É o que dispõe o art. 121 do CPC/15:

Page 27: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

27 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

CPC/15:

Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal,

exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o

assistido.

Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o

assistido, o assistente será considerado seu substituto processual.

Prosseguindo. Muito importante é a previsão contida no art. 122 do

CPC/15, segundo o qual a assistência simples não obsta a que a parte principal

reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito

sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos.

Veja como o assunto foi abordado nessa questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA

-Admitido o assistente simples a parte principal não pode renunciar ao direito sobre

o que se funda a ação.

O erro da questão é que se for admitido o assistente simples, a

parte principal pode sim renunciar ao direito sobre o que se funda a ação.

Nesse sentido, diz o art. 122 do CPC/15, que assim dispõe: “a assistência

simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do

pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou

transija sobre direitos controvertidos.”

Resposta: ERRADO

Portanto, temos que:

Page 28: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

28 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

O art. 123 do CPC/15 dispõe sobre os efeitos do processo para o

assistente. Pois bem, diz o referido artigo que, transitada em julgado a sentença

no processo em que interveio o assistente, este não poderá discutir a justiça

da decisão, em processo posterior, salvo se alegar e provar que:

I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas

declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de

produzir provas suscetíveis de influir na sentença;

II - desconhecia a existência de alegações ou de

provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se

valeu.

Portanto, em regra, o assistente não poderá, após o trânsito em julgado

da sentença, discutir a justiça da decisão, exceto se foi impedido de produzir

provas no processo ou se desconhecia as alegações ou as provas que poderiam

ser utilizadas no bojo do processo.

Finalizada essa espécie, vamos em seguida estudar a assistência

litisconsorcial.

Assistência simples não obsta a que a

parte principal

reconheça a procedência do

pedido

desista da ação

renuncie ao direito sobre o que se funda a ação

transija sobre direitos

controvertidos

Page 29: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

29 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

4.2 Assistência litisconsorcial

A segunda forma de assistência é a litisconsorcial, que está prevista no

art. 124 do CPC/15:

CPC/15:

Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre

que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

Nesta espécie de assistência, há relação jurídica do terceiro assistente

com ambas as partes na ação, entre o assistente e o assistido, bem como entre

o assistente e a parte adversária.

Por exemplo: Três irmãos possuem uma

chácara que foi invadida pelo vizinho. Qualquer um

dos três irmãos possui legitimidade para,

isoladamente, propor a ação possessória contra o

vizinho. Se apenas o irmão mais velho o fizer, ele

estará defendendo não só a sua parte, sua fração ideal

(legitimado ordinário), mas toda a chácara (aqui ele

tem legitimação extraordinária no que se refere às

partes dos outros irmãos). No entanto, se os outros irmãos decidirem ingressar

depois de ajuizada a ação, eles ingressarão como assistentes litisconsorciais,

entendido? Observe que os irmãos, além de possuírem uma relação jurídica

entre si, por serem proprietários do mesmo imóvel, eles também possuem

relação com o réu, que invadiu o seu imóvel.

Pois bem. Observe que a assistência litisconsorcial só existe no âmbito

da legitimação extraordinária, pois só assim é possível que o terceiro seja titular

e cotitular da relação jurídica discutida em juízo.

O assistente litisconsorcial não é tratado como coadjuvante como no

caso da assistência simples, mas recebe o tratamento de parte.

Page 30: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

30 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

4.3 Procedimento

Estudada a assistência simples e a assistência litisconsorcial, vamos

estudar como ocorre o ingressos do assistente no processo.

Dispõe o art. 120 do CPC/15 que:

CPC/15:

“Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido

do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.

Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse

jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.”

É preciso que estejam presentes os requisitos da assistência simples ou

litisconsorcial.

Assim, não sendo o caso de rejeição liminar, o juiz intimará as partes

para que, no prazo de 15 dias, apresentem impugnação. Se houver impugnação,

o juiz decidirá se o assistente tem interesse jurídico ou não para intervir no

processo, período no qual o processo não ficará suspenso no aguardo da decisão

do magistrado.

Caso não haja impugnação, o pedido do assistente será deferido, salvo

se for caso de rejeição liminar.

5. Incidente de desconsideração da

personalidade jurídica

O incidente de desconsideração da personalidade

jurídica é uma inovação do CPC/15, que previu esse

incidente como uma modalidade de intervenção de terceiros.

E como ele ocorre? Para respondermos essa

pergunta, é importante tecermos alguns comentários

prévios sobre a personalidade da pessoa jurídica. Como você

Page 31: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

31 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

sabe, as pessoas jurídicas são sujeitos de direitos e possuem autonomia

patrimonial.

Isso significa que possuem personalidade jurídica distinta de seus

instituidores. De igual modo, o patrimônio da pessoa jurídica é diferente do

patrimônio de seus sócios. Por exemplo: a máquina de xerox de uma sociedade

empresária é patrimônio dela, que é diferente do patrimônio pessoal dos sócios.

Vigora, no nosso ordenamento jurídico, o princípio da autonomia

patrimonial entre os bens do sócio e da pessoa jurídica. Nada obstante, o

ordenamento jurídico prevê algumas situações em que essa autonomia

patrimonial pode ser afastada, sobretudo naqueles casos em que é utilizada

como instrumento para prática de fraudes e abusos de direito.

Como na maioria das vezes a responsabilidade dos sócios é subsidiária,

observou-se que muitos se valiam desse “manto” para praticar atos de má

gestão societária.

Assim, com a finalidade de coibir a fraude e o

abuso de direito, o juiz poderá, em determinadas

situações estabelecidas pelo direito material,

desconsiderar a personalidade jurídica da empresa,

responsabilizando os sócios pelos débitos da empresa,

sem que haja a dissolução da personalidade jurídica.

E isso se operacionalizará por meio de um incidente, que é o incidente

de desconsideração da personalidade jurídica que iremos estudar agora.

Esse mesmo procedimento poderá ser utilizado para a desconsideração

da personalidade jurídica inversa, isto é, quando se desconsidera a

personalidade jurídica da empresa pelo esvaziamento dos bens do sócio com a

transmissão dos bens para a empresa.

Por exemplo: o casal Eduardo e Mônica está se separando. Para diminuir

o valor do patrimônio que será dividido/partilhado, Eduardo esvazia o seu

patrimônio pessoal e o envia para o patrimônio da pessoa jurídica que ele

controla, com o objetivo de fraudar a partilha. Nesse caso, o juiz poderá, por

Page 32: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

32 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

meio da desconsideração inversa da personalidade jurídica, atingir o patrimônio

da pessoa jurídica que, na verdade, pertence a pessoa física.

Observe que não compete ao Código de Processo Civil

estabelecer em quais situações a desconsideração comum,

ou a desconsideração inversa da personalidade jurídica

poderá ocorrer. No caso, compete ao direito material

estabelecer as exigências para que se possa aplicar a

desconsideração. No âmbito civil, o Código Civil prevê os

requisitos no seu art. 50. Já no âmbito das relações jurídicas,

os requisitos para a desconsideração estão estabelecidos no

art. 28 do Código de Defesa do Consumidor - CDC.

Existem dois modelos de procedimento de desconsideração da

personalidade jurídica:

O CPC/15 em seus art. 133 a 137 disciplinou como ocorrerá a

desconsideração da personalidade jurídica quando o processo esteja em trâmite,

de modo incidental.

Vamos estudar aqui a desconsideração que ocorre de forma incidental.

Nesse caso, ensina o §3º do art. 134, que ocorrendo a desconsideração da

personalidade jurídica de modo incidental, esse processo será suspenso, até

que se resolva o incidente.

Desconsideração da personalidade jurídica

de modo incidental -art. 133 a 137 do

CPC/15

por meio de ação autônoma, que

observará o procedimento comum.

Page 33: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

33 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Contudo, não se esqueça de que se a parte não

quiser instaurar essa discussão no curso de um

processo, ela poderá ajuizar uma ação autônoma para

pleitear a desconsideração. Nesse caso, teremos o

procedimento comum. Assim, estabelece o art. 134,

§2º do CPC/15 que se dispensa a instauração do

incidente se a desconsideração da personalidade jurídica

for requerida na petição inicial, hipótese em que será

citado o sócio ou a pessoa jurídica.

Vamos, em seguida, estudar como o CPC/15 previu o incidente de

desconsideração da personalidade jurídica.

Sistematização do incidente de desconsideração da personalidade

jurídica

Como dito acima, vamos analisar o pedido de desconsideração incidental,

que ocorre em processos que estejam em curso, estabelecido nos arts. 133 a

137 do CPC/15.

Legitimidade

O incidente poderá ser instaurado mediante provocação da parte ou do

Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.

Procedimento

O incidente de desconsideração da personalidade jurídica é cabível em

qualquer fase do processo de conhecimento, no cumprimento de

sentença e na execução com base em título executivo extrajudicial.

O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos

legais específicos previstos nas leis materiais para desconsideração da

personalidade jurídica.

Por exemplo: a parte deve indicar estar preenchidos os requisitos no art.

28 do Código de Defesa do Consumidor caso requeira a desconsideração no

âmbito de uma relação consumerista.

Page 34: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

34 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao

distribuidor para as anotações devidas.

Instaurado o incidente, o processo será suspenso e o sócio ou a pessoa

jurídica será CITADO (não é intimado) para manifestar-se e requerer as provas

cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. Haverá, portanto, procedimento

instrutório.

Dar-se seguimento ao incidente com a instrução e, ao final, teremos uma

decisão interlocutória. A decisão que julgar o incidente de desconsideração

(autônomo ou incidental) pode ser questionada por agravo de instrumento,

pois trata-se de uma decisão interlocutória.

Caso o incidente tenha sido instaurado na etapa recursal, o relator tem o

poder de decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica.

Assim, se a decisão for proferida no Tribunal, em decisão monocrática do

relator, cabe agravo interno. É o disposto no art. 136 do CPC/15, observe:

CPC/15:

Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por

decisão interlocutória.

Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.

Efeitos da decisão que julga o incidente de desconsideração

Se procedente a desconsideração, a alienação ou

oneração dos bens pelo sócio será considerada fraude à

execução e, portanto, INEFICAZ para o requerente. É o que

prevê o art. 137 do CPC/15.

Depois de tudo o que aprendemos, vamos revisar o

incidente de desconsideração da personalidade jurídica com a

seguinte questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – FCC – MPE/PB- PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO- Em

relação ao incidente de desconsideração da personalidade jurídica:

Page 35: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

35 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

A) o incidente de desconsideração é cabível até o final do processo de

conhecimento, mas não na execução fundada em título executivo extrajudicial, pela

presunção de liquidez e certeza de que este goza.

B) dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da

personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o

sócio ou a pessoa jurídica.

C) instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será intimado para

impugná-lo em dez dias, requerendo as provas pertinentes, se for o caso.

D) concluída a instrução do incidente, se necessária, o incidente será

resolvido por sentença, da qual caberá apelação.

E) acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens,

havida em fraude de execução, será anulável em relação ao requerente.

Sobre o incidente de desconsideração da personalidade jurídica,

dispõe o art. 134 do CPC/15 que o incidente de desconsideração é cabível

em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de

sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial, eis o erro

da alternativa “a”. Já a alternativa “b” está correta, pois é dispensada a

instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for

requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa

jurídica. A letra “c” está incorreta, porquanto, com a instauração do

incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado (não é intimação) para

manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. A

letra “d” também está equivocada, porque o incidente será resolvido por

decisão interlocutória e não por sentença. Por fim, o erro da “e” está no fato

de que, consoante o art. 137 do CPC/15, acolhido o pedido de

desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de

execução, será ineficaz em relação ao requerente, e não anulável como aduz

a questão.

Gabarito: B.

6. Amicus Curiae

Para encerrar, vamos estudar a figura do amicus curiae, que está

disciplinado em um único artigo do CPC/15, que é o art. 138.

Page 36: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

36 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

A amicus curiae, em uma tradução literal do latim, significa “amigo da

corte”. Essa figura ganhou destaque com o Código de Processo Civil de 2015 e

tem por finalidade que o julgamento seja mais preciso, pois há ajuda de um

técnico sobre o assunto.

Assim, temos que o amicus curiae é alguém que, mesmo sem ser parte,

é chamado ou se oferece para intervir em processo relevante com o objetivo de

apresentar ao Tribunal a sua opinião sobre o debate que está sendo travado nos

autos, fazendo com que a discussão seja amplificada e o órgão julgador possa

ter mais elementos para decidir de forma legítima.

Por exemplo: a Ação Direta de

Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de

Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132

discutiam a possibilidade de reconhecimento da união

estável para casais do mesmo sexo. Para auxiliar na

decisão a ser tomada pelo STF em tais ações, a Suprema

Corte admitiu como amicus curiae diversas entidades

para apresentar sua opinião sobre o assunto, como o Instituto Brasileiro de

Direito de Família – IBDFAM. Ao final do julgamento, o STF reconheceu a união

estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.

O CPC/15 estabelece em seu art. 138, a possibilidade de intervenção

deste terceiro, denominado de amicus curiae, levando em consideração: i)

relevância da matéria; ii) especificidade do tema objeto da demanda

e/ou iii) repercussão social da controvérsia.

Esquematicamente, temos que são três as hipóteses em que é cabível a

intervenção do amicus curiae:

Page 37: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

37 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Leia com muita atenção ao art. 138 do CPC/15:

CPC/15:

Art. 138 O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a

especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da

controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das

partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de

pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com

representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

§ 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de

competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de

embargos de declaração e a hipótese do § 3o.

§ 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a

intervenção, definir os poderes do amicus curiae.

§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de

resolução de demandas repetitivas.

Vamos, agora, destrinchar esse artigo.

O amicus curiae pode ser pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade

especializada, com representatividade adequada.

O amicus curiae não precisa demonstrar que os efeitos do processo

poderão atingir sua esfera jurídica. O seu interesse é INSTITUCIONAL,

decorrente da matéria que se discute em juízo.

Autoriza-se a intervenção do amicus

curiae no processo quando, considerando

I - relevância da matéria

II - especificidade do tema

III- repercussão social da controvérsia

Page 38: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

38 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

A sua intervenção não implica alteração de competência nem autoriza,

via de regra, a interposição de recursos. No entanto, ele poderá recorrer duas

situações:

➢ Para oposição de embargos de declaração e

➢ Decisão que julgar o incidente de demandas

repetitivas. Nesse caso, o amicus curiae terá

legitimidade para interpor recurso especial ou

extraordinário contra acordão do Tribunal que tiver

julgado incidente de demandas repetitivas.

Veja que essa exceção foi cobrada da seguinte forma nessa questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – CESPE – STJ- ANALISTA JUDICIÁRIO – O amicus curiae possui

legitimidade para interpor recurso especial ou extraordinário contra acórdão de

tribunal que tiver julgado incidente de resolução de demandas repetitivas.

Muito cuidado com essa questão. Em regra, o amicus curiae não pode

interpor recursos. No entanto, ele poderá recorrer, interpondo recurso

especial ou extraordinário, da decisão que julgar o incidente de resolução

de demandas repetitivas, conforme previsão contida no §3º do art. 138 do

CPC.

Resposta: CERTO

Vamos, agora, responder a algumas perguntas frequentes sobre essa

importante forma de intervenção de terceiros.

1- Como o amicus curiae apresenta sua opinião para o Tribunal?

Ele apresenta memoriais com a explanação técnica do que se deseja

esclarecer. Poderá também fazer sustentação oral.

Page 39: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

39 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

2 - Qual é a natureza jurídica do amigo da corte?

Esse tema não é pacífico na doutrina. A doutrina majoritária defende que

o amicus curiae seria uma forma de intervenção anômala de terceiros.

3 - Como é o seu procedimento de ingresso?

Não há um ritual pré-estabelecido. Em linhas gerais, temos que os

poderes do amicus curiae serão fixados pelo juiz ou relator na decisão que

solicitar ou admitir o terceiro. Ele pode ingressar a requerimento da parte

(intervenção espontânea), por quem deseja se manifestar no processo ou por

provocação do Estado-Juiz (intervenção provocada).

4 - Admitido o amicus curiae, cabe recurso dessa decisão do juiz

ou relator?

Não. O art. 138 do CPC/15 expressamente prevê que a decisão que

autoriza a sua inserção é irrecorrível.

5 - E quando ele for inadmitido, cabe recurso?

Também não. Decidiu o Supremo Tribunal Federal

que a decisão do Relator que ADMITE ou INADMITE o

ingresso do amicus curiae é irrecorrível. (STF. Plenário.

RE 602584 AgR, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em

17/10/2018.)

Para finalizar o nosso estudo, responda a essa questão:

AFIRMATIVA DE PROVA:

2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA

-A decisão do Magistrado que admitir uma entidade especializada, com

representatividade adequada como amicus curiae, pode ser objeto de recurso de

agravo de instrumento.

A questão está incorreta, pois essa decisão do magistrado que admitir

uma entidade especializada é irrecorrível, consoante o art. 138 do CPC/15.

Resposta: ERRADO

Page 40: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

40 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA

▪ Intervenção de terceiro: sempre que um terceiro for atingido de

modo direito ou indireto/reflexo por uma decisão proferida em um processo

alheio, ele se tornará parte legítima para ingressar no processo. Esse fenômeno

processual é chamado de intervenção de terceiros.

▪ Conceito de Terceiro: é todo aquele que não for parte no processo.

Ele é aquele que não pede e não tem pedidos formulados contra si. Como regra

geral, quando ele entra no processo alheio, ele deixa de ser terceiro e torna-se

parte, de modo que poderá formular pedidos e terá pedidos formulados contra

si.

▪ As diversas formas de intervenção de terceiros:

Terceiro

Não era parte

do processo.

Se ele for for atingido direta ou indiretamente pela decisão proferida em processo alheio, se tornará parte legítima

para ingressar no processo

Terceiro

Ao ingressar no processo

alheio, deixa de ser terceiro e

se torna parte, exceto o

amicus curiae

Intervenção de terceiros previstas no CPC/15

AssistênciaDenunciação

da lide

Chamamento ao

processo

Amicus curiae

Incidente de desconsideração da personalidade

jurídica.

- Nomeação à autoria foi extinta

-Oposição se tornou um procedimento

especial

Page 41: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

41 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

▪ Classificação da intervenção de terceiros:

▪ Assistência: diz respeito às situações em que a parte ingressa em

juízo para auxiliar uma das partes por possuir interesse jurídico que uma das

partes vença na demanda. Ele requer o seu ingresso para auxiliar aquele que

ele deseja que tenha uma sentença favorável.

▪ Denunciação da lide: é uma modalidade de intervenção de terceiro

forçada, fundamentada no direito de regresso, por meio do qual se cumulam

ações judiciais. Tem por finalidade garantir economia processual, pois com a

denunciação à lide, não são necessárias duas demandas distintas para situações

jurídicas que, a despeito de serem diversas, estão unidas em razão da mesma

situação fática. Assim, para a resolução integral de todo o conflito, já se cumula

a ação condenatória e a outra regressiva.

▪ Chamamento ao processo: é uma forma de intervenção que só

pode ser manejada pelo réu e tem por finalidade “chamar ao processo” os

demais devedores de determinada obrigação comum que não foram

demandados pelo autor originariamente ou o afiançado, de modo que sejam

responsabilizados em uma mesma sentença.

Classificação

Intervenção de terceiros espontânea

:

- assistência

Intervenção de terceiros provocada

-denunciação da lide;

- chamamento ao processo;

- indicente de desconsideração da personalidade jurídica

Page 42: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

42 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

▪ Incidente de desconsideração da personalidade jurídica: com

a finalidade de coibir a fraude e o abuso de direito, o juiz poderá, em

determinadas situações estabelecidas pelo direito material, desconsiderar a

personalidade jurídica da empresa, responsabilizando os sócios pelos débitos da

empresa, sem que haja a dissolução da personalidade jurídica.

▪ Amicus curiae: é alguém que, mesmo sem ser parte, é chamado

ou se oferece para intervir em processo relevante com o objetivo de apresentar

ao Tribunal a sua opinião sobre o debate que está sendo travado nos autos,

fazendo com que a discussão seja amplificada e o órgão julgador possa ter mais

elementos para decidir de forma legítima.

LEGISLAÇÃO ESTUDADA NA AULA

CPC/15:

TÍTULO III

DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

CAPÍTULO I

DA ASSISTÊNCIA

Seção I

Disposições Comuns

Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro

juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá

intervir no processo para assisti-la.

Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e

em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em

que se encontre.

Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido

do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.

Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse

jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.

Seção II

Page 43: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

43 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Da Assistência Simples

Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal,

exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o

assistido.

Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o

assistido, o assistente será considerado seu substituto processual.

Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça

a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a

ação ou transija sobre direitos controvertidos.

Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o

assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão,

salvo se alegar e provar que:

I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos

do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;

II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido,

por dolo ou culpa, não se valeu.

Seção III

Da Assistência Litisconsorcial

Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre

que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

CAPÍTULO II

DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das

partes:

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi

transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe

resultam;

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em

ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.

§ 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a

denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.

§ 2o Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo

denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja

responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova

Page 44: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

44 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação

autônoma.

Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o

denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser

realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.

Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a

posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição

inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.

Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:

I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo

prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;

II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com

sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua

atuação à ação regressiva;

III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação

principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal

reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.

Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for

o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos

limites da condenação deste na ação regressiva.

Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao

julgamento da denunciação da lide.

Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não

terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao

pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.

CAPÍTULO III

DO CHAMAMENTO AO PROCESSO

Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:

I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;

II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;

III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de

alguns o pagamento da dívida comum.

Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo

será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta)

dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento.

Page 45: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

45 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção

judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.

Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor

do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor

principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar.

CAPÍTULO IV

DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será

instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no

processo.

§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os

pressupostos previstos em lei.

§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração

inversa da personalidade jurídica.

Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do

processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em

título executivo extrajudicial.

§ 1o A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao

distribuidor para as anotações devidas.

§ 2o Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da

personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o

sócio ou a pessoa jurídica.

§ 3o A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do

§ 2o.

§ 4o O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos

legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica.

Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado

para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido

por decisão interlocutória.

Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.

Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração

de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

CAPÍTULO V

DO AMICUS CURIAE

Page 46: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

46 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a

especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia,

poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem

pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou

jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no

prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

§ 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência

nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de

declaração e a hipótese do § 3o.

§ 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a

intervenção, definir os poderes do amicus curiae.

§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de

resolução de demandas repetitivas.

QUESTÕES COMENTADAS

Chegou o momento para fixar o conteúdo da aula. Caso você queira

resolver as questões sem ver o comentário, pule esta parte e vá direto para o

próximo tópico – Questões sem comentários.

1 – 2018 – CESPE – TCE/MG– ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – Em

um processo judicial, o autor pleiteou a um dos devedores o pagamento

da dívida comum. Em resposta, o réu requereu ao juiz que este

determinasse a citação dos demais devedores para integrarem a lide.

Page 47: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

47 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Nessa situação hipotética, o réu requereu:

A) a assistência litisconsorcial.

B) a inclusão de amicus curiae.

C) a denunciação da lide.

D) o chamamento ao processo.

E) a assistência simples.

A questão traz um clássico exemplo do instituto “chamamento ao

processo”. Vamos relembrar seu conceito? O chamamento ao processo é uma

forma de intervenção de terceiros que somente poderá ser requerida pelo réu,

nas hipóteses elencadas no artigo 130, CPC/15, quais sejam: I - do afiançado,

na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta

contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando

o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. Como

você pode vê, o chamamento ao processo objetiva a inclusão do devedor

principal ou dos coobrigados pela dívida a integrarem o polo passivo da relação

já existente.

Resposta: D

2 - 2018 – CESPE – MPE/PI – ANALISTA MINISTERIAL - Deverá ser

decidido pelo relator do processo o incidente de desconsideração da

personalidade jurídica, modalidade de intervenção de terceiros cabível

em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de

sentença e na execução, quando for instaurado originariamente no

tribunal.

Consoante o art. 134 do CPC/15, o incidente de desconsideração é cabível

em TODAS AS FASES do processo de conhecimento, no cumprimento de

sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.

Quando o processo for instaurado originariamente no Tribunal, caberá ao

relator decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, nos

termos do art. 932, VI, do CPC/15.

Page 48: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

48 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Resposta: CERTO

3 - 2018 – FCC – MPE/PB- PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO- Em

relação ao incidente de desconsideração da personalidade jurídica:

A) o incidente de desconsideração é cabível até o final do

processo de conhecimento, mas não na execução fundada em título

executivo extrajudicial, pela presunção de liquidez e certeza de que este

goza.

B) dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração

da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em

que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.

C) instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será

intimado para impugná-lo em dez dias, requerendo as provas

pertinentes, se for o caso.

D) concluída a instrução do incidente, se necessária, o incidente

será resolvido por sentença, da qual caberá apelação.

E) acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a

oneração de bens, havida em fraude de execução, será anulável em

relação ao requerente.

Sobre o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, dispõe o

art. 134 do CPC/15 que o incidente de desconsideração é cabível em todas as

fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na

execução fundada em título executivo extrajudicial, eis o erro da

alternativa “a”.

Já a alternativa “b” está correta, pois é dispensada a instauração do

incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição

inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.

A letra “c” está incorreta, porquanto, com a instauração do incidente, o

sócio ou a pessoa jurídica será citado (não é intimação) para manifestar-se e

Page 49: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

49 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias (não é no prazo de

10 dias). Essa alternativa cobra o conhecimento do art. 135 do CPC/15.

A letra “d” também está equivocada, porque o incidente será resolvido

por decisão interlocutória e não por sentença, nos termos do art. 136 do

CPC/15.

Por fim, o erro da “e” está no fato de que, consoante o art. 137 do

CPC/15, acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de

bens, havida em fraude de execução, será INEFICAZ em relação ao requerente,

e não anulável como aduz a questão.

Resposta: B

4 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

Na assistência simples sendo revel o assistido, o assistente não será

considerado seu substituto processual.

Como estudamos, o assistente simples atuará como auxiliar da parte

principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus

processuais que o assistido. Nesse sentido, dispõe o parágrafo único, do art. 121

CPC/15 que sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o

assistente será SIM considerado seu substituto processual. Eis o erro da

questão.

Resposta: ERRADO.

5 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

A decisão do Magistrado que admitir uma entidade especializada, com

representatividade adequada como amicus curiae, pode ser objeto de

recurso de agravo de instrumento.

A questão está incorreta, pois essa decisão do magistrado que admitir uma

entidade especializada é irrecorrível, consoante o art. 138 do CPC/15.

Resposta: ERRADO

Page 50: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

50 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

6 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

Havendo denunciação da lide, se o denunciante for vencedor na ação

principal, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem

prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de

sucumbência em favor do denunciado.

A questão está perfeita e traz o parágrafo único do art. 129 do CPC/15,

segundo o qual se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá

o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao

pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.

Resposta: CERTO.

7 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

Instaurado o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, o

sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as

provas cabíveis no prazo de 10 dias.

O erro da questão está no prazo. De acordo com o art. 135 do CPC/15,

instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-

se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias, e não dez dias

como aduz a questão.

Resposta: ERRADO

8 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

Admitido o assistente simples a parte principal não pode renunciar ao

direito sobre o que se funda a ação.

O erro da questão é que se for admitido o assistente simples, a parte

principal pode sim renunciar ao direito sobre o que se funda a ação. Nesse

sentido, diz o art. 122 do CPC/15, que assim dispõe: “a assistência simples não

obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da

Page 51: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

51 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos

controvertidos.”

Resposta: ERRADO

9 - 2018 – FGV – TJ/AL – OFICIAL DE JUSTIÇA – A modalidade de

intervenção por meio da qual o terceiro, devedor solidário de uma

obrigação, se integra ao processo por iniciativa do réu que tenha sido

demandado pelo credor para pagar a dívida comum, é:

A) denunciação da lide;

B) assistência simples;

C) assistência litisconsorcial;

D) amicus curiae;

E) chamamento ao processo.

A questão cobra o conhecimento da intervenção de terceiros

“chamamento ao processo”, que é uma forma de intervenção por meio da qual

o devedor solidário de uma obrigação (caso exemplificado na questão) ou o réu

fiador, originariamente demandado, chama para compor o polo passivo os

demais devedores solidários ou o afiançado.

Resposta: E

10- 2018 – FCC – ALESE- ANALISTA LEGISLATIVO – A empresa Joli's

Doces e Guloseimas tornou-se insolvente porque todos os seus sócios

passaram a desviar recursos da empresa para contas pessoais,

abusando da personalidade jurídica e causando confusão patrimonial.

Em ação de execução de crédito decorrente de compra e venda de

insumos, uma empresa fornecedora da Joli's Doces e Guloseimas:

A) não poderá requerer a desconsideração da personalidade

jurídica, que é cabível apenas nas relações regidas pelo Código de

Defesa do Consumidor.

Page 52: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

52 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

B) poderá requerer a desconsideração da personalidade jurídica,

a fim de que os bens dos administradores ou sócios da pessoa jurídica

respondam pela dívida contraída pela empresa.

C) poderá requerer a desconsideração da personalidade jurídica,

que implica a extinção da empresa.

D) poderá requerer a desconsideração da personalidade jurídica,

para excussão dos bens do administrador da empresa, porém não de

seus sócios.

E) não poderá requerer a desconsideração da personalidade

jurídica, pois a empresa e seus sócios não se confundem.

A questão aborda o incidente da desconsideração da personalidade

jurídica. No caso, a empresa fornecedora poderá requerer a desconsideração da

personalidade jurídica, a fim de que os bens dos administradores ou sócios da

pessoa jurídica respondam pela dívida contraída pela empresa Joli's Doces e

Guloseimas, como prevê a alternativa “B”.

A alternativa “A” está errada, pois tal incidente não é cabível apenas nas

relações regidas pelo Código de Defesa do Consumidor, as relações

empresariais, como é o caso exemplificado na questão, podem sim ensejar tal

incidente.

O requerimento da desconsideração não implica na extinção da empresa,

este é o erro da Letra “C”.

Já a alternativa “D” está incorreta, pois o requerimento de

desconsideração da personalidade jurídica pode atingir os bens dos sócios,

quando há desvio da finalidade de recursos.

Por fim, tem-se que a desconsideração pode sim ser requerida pela parte,

o que faz com que a alternativa “E” esteja incorreta.

Resposta: B

Page 53: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

53 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

11 - 2018 – CESPE – STJ- ANALISTA JUDICIÁRIO – O amicus

curiae possui legitimidade para interpor recurso especial ou

extraordinário contra acórdão de tribunal que tiver julgado incidente de

resolução de demandas repetitivas.

Muito cuidado com essa questão. Em regra, o amicus curiae não pode

interpor recursos. No entanto, ele poderá recorrer, interpondo recurso especial

ou extraordinário, da decisão que julgar o incidente de resolução de

demandas repetitivas, conforme previsão contida no §3º do art. 138 do CPC.

Resposta: CERTO

12 - 2018 – CESPE – STJ- ANALISTA JUDICIÁRIO – De acordo com o

CPC, a ausência de denunciação da lide acarreta a perda do direito de

regresso que o réu eventualmente possua contra aquele que estiver

obrigado, por lei ou por contrato, a lhe ressarcir.

A ausência de denunciação da lide não acarreta perda do direito de

regresso, pois tal direito regressivo poderá ser exercido por ação autônoma

quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for

permitida, conforme o §1º do art. 125 do CPC/15.

Resposta: ERRADO

QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS

1 – 2018 – CESPE – TCE/MG– ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – Em

um processo judicial, o autor pleiteou a um dos devedores o pagamento

da dívida comum. Em resposta, o réu requereu ao juiz que este

determinasse a citação dos demais devedores para integrarem a lide.

Nessa situação hipotética, o réu requereu:

A) a assistência litisconsorcial.

B) a inclusão de amicus curiae.

Page 54: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

54 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

C) a denunciação da lide.

D) o chamamento ao processo.

E) a assistência simples.

2 - 2018 – CESPE – MPE/PI – ANALISTA MINISTERIAL - Deverá ser

decidido pelo relator do processo o incidente de desconsideração da

personalidade jurídica, modalidade de intervenção de terceiros cabível

em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de

sentença e na execução, quando for instaurado originariamente no

tribunal.

3 - 2018 – FCC – MPE/PB- PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO- Em

relação ao incidente de desconsideração da personalidade jurídica:

A) o incidente de desconsideração é cabível até o final do

processo de conhecimento, mas não na execução fundada em título

executivo extrajudicial, pela presunção de liquidez e certeza de que este

goza.

B) dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração

da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em

que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.

C) instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será

intimado para impugná-lo em dez dias, requerendo as provas

pertinentes, se for o caso.

D) concluída a instrução do incidente, se necessária, o incidente

será resolvido por sentença, da qual caberá apelação.

E) acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a

oneração de bens, havida em fraude de execução, será anulável em

relação ao requerente.

4 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

Na assistência simples sendo revel o assistido, o assistente não será

considerado seu substituto processual.

Page 55: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

55 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

5 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

A decisão do Magistrado que admitir uma entidade especializada, com

representatividade adequada como amicus curiae, pode ser objeto de

recurso de agravo de instrumento.

6 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

Havendo denunciação da lide, se o denunciante for vencedor na ação

principal, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem

prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de

sucumbência em favor do denunciado.

7 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

Instaurado o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, o

sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as

provas cabíveis no prazo de 10 dias.

8 - 2018 – FCC – TRT/2ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADAPTADA -

Admitido o assistente simples a parte principal não pode renunciar ao

direito sobre o que se funda a ação.

9 - 2018 – FGV – TJ/AL – OFICIAL DE JUSTIÇA – A modalidade de

intervenção por meio da qual o terceiro, devedor solidário de uma

obrigação, se integra ao processo por iniciativa do réu que tenha sido

demandado pelo credor para pagar a dívida comum, é:

A) denunciação da lide;

B) assistência simples;

C) assistência litisconsorcial;

D) amicus curiae;

E) chamamento ao processo.

Page 56: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

56 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

10- 2018 – FCC – ALESE- ANALISTA LEGISLATIVO – A empresa Joli's

Doces e Guloseimas tornou-se insolvente porque todos os seus sócios

passaram a desviar recursos da empresa para contas pessoais,

abusando da personalidade jurídica e causando confusão patrimonial.

Em ação de execução de crédito decorrente de compra e venda de

insumos, uma empresa fornecedora da Joli's Doces e Guloseimas:

A) não poderá requerer a desconsideração da personalidade

jurídica, que é cabível apenas nas relações regidas pelo Código de

Defesa do Consumidor.

B) poderá requerer a desconsideração da personalidade jurídica,

a fim de que os bens dos administradores ou sócios da pessoa jurídica

respondam pela dívida contraída pela empresa.

C) poderá requerer a desconsideração da personalidade jurídica,

que implica a extinção da empresa.

D) poderá requerer a desconsideração da personalidade jurídica,

para excussão dos bens do administrador da empresa, porém não de

seus sócios.

E) não poderá requerer a desconsideração da personalidade

jurídica, pois a empresa e seus sócios não se confundem.

11 - 2018 – CESPE – STJ- ANALISTA JUDICIÁRIO – O amicus

curiae possui legitimidade para interpor recurso especial ou

extraordinário contra acórdão de tribunal que tiver julgado incidente de

resolução de demandas repetitivas.

12 - 2018 – CESPE – STJ- ANALISTA JUDICIÁRIO – De acordo com o

CPC, a ausência de denunciação da lide acarreta a perda do direito de

regresso que o réu eventualmente possua contra aquele que estiver

obrigado, por lei ou por contrato, a lhe ressarcir.

Page 57: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

57 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

D C B E E C E E E B

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

C E

Page 58: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

58 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br

Finalizamos aqui a terceira e última aula desse

minicurso gratuito de Direito Processual Civil.

Espero ter cumprida meu objetivo que foi o de

apresentar para você uma visão panorâmica de alguns dos

principais institutos do Direito Processual Civil.

Vamos juntos!

Page 59: Direito Processual Civil - CDF Concursos · Direito Processual Civil Minicurso Gratuito Aula 3 5 de 59 Profª.Érica Costa direito ou reflexo, deve o sistema processual franquear

Direito Processual Civil

Minicurso Gratuito

Aula 3

59 de 59

Profª.Érica Costa www.cdfconcursos.com.br