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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO TEORIA GERAL (PRINCÍPIOS. FONTES. EFICÁCIA. FORMAS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS) Prof. Antero Arantes Martins

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO - legale.com.br · Lições preliminares de Direito. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 299. ) •Em nossa cultura jurídica, há uma tendência

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DIREITO PROCESSUAL DO

TRABALHO

TEORIA GERAL(PRINCÍPIOS. FONTES. EFICÁCIA.

FORMAS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS)

Prof. Antero Arantes Martins

PARTE 1

• “... são verdades fundantes de um sistemade conhecimento, como tais admitidas, porserem evidentes ou por terem sidocomprovadas, mas também por motivos deordem prática de caráter operacional, isto é,como pressupostos exigidos pelasnecessidades da pesquisa e da práxis”.

(Reale, Miguel. Lições preliminares deDireito. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p.299. )

• Em nossa cultura jurídica, há uma tendência emrelegar os Princípios a um segundo plano, comofonte subsidiária do direito, elegendo a normajurídica como fonte primária, como mostra o art.8º da CLT

• Se os Princípios são verdades fundamentais

que sustentam este ramo de ciência (Direito do

Trabalho), evidente que estas verdades não

podem ser confrontadas por normas legais ou

contratuais.

• Daí se concluir que os Princípios devem ser as

fontes primárias do Direito do Trabalho e, por

conseqüência, fundamental é o seu estudo.

• A função primordial dos Princípios é, sem dúvida, a de

orientação do operador da ciência respectiva na utilização de

seus institutos e instrumentos.

• No caso do direito, sua função é indicar as premissas de

interpretação das normas jurídicas e sua aplicabilidade.

• No caso específico do Direito do Trabalho e Direito

Processual do Trabalho, os Princípios têm, ainda, uma outra

função importantíssima. Funcionam como verdadeiros

FILTROS na aplicação de legislação extravagante, o que,

infelizmente, é muitas vezes esquecido pelos operadores do

direito.

• Veja-se o art. 8º, parágrafo único da CLT:

• A aplicação das regras de Direito Comum somente será

admitida no Direito do Trabalho se houver omissão das

normas trabalhistas e se o regramento que se pretende

aplicar for compatível com os Princípios fundamentais do

Direito do Trabalho.

• Não se perca de vista que o Direito Civil tem, na maioria das

vezes, o pressuposto de igualdade entre as partes

contratantes. Toda norma que tenha este pressuposto é

inaplicável ao Direito do Trabalho por violação ao Princípio

Protetor que enuncia a desigualdade entre os contratantes.

• Exemplos:

• Art. 487, II do CPC/2015 – “II - decidir, de ofício ou a

requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou

prescrição.”

• Art. 332, 1º do CPC/2015: Julgamento liminar

quando reconhecer prescrição. IN 39, art. 7º, TST:

Só decadência.

• Art. 1.032 do Código Civil – Responsabilidade do

empresário limitada a dois anos do desligamento.

Princípio da Ampla

Defesa

Princípio do Contraditório

Princípio da Igualdade ou

Isonomia

Princípio da Ordem

Consecutiva Legal

Princípio da Prova Formal e da

Persuasão racional na apreciação

da prova

Princípio da Oralidade

e da Imediação

Princípio da Publicidade Princípio da Iniciativa da

parte

Princípio Devido Processo Legal Princípio da Pluralidade

dos graus de Jurisdição

• Princípio do Devido Processo Legal: O Estado, comoresponsável por pelo poder/dever da jurisdição, nãopode assim agir arbitrariamente, sem seguir umprocesso, uma sucessão lógica de atos que garantam aefetividade de todos os princípios.

• O Princípio do Devido Processo Legal garante queninguém sofrerá qualquer pena sem um devidoprocesso realizado para avaliar o conflito.

• Está previsto no Art. 5º, LIV da CF

• Princípio do Contraditório:

• Consiste no direito de participar detodos os atos do processo e napossibilidade de reagir àqueles quelhes forem desfavoráveis.

• Contraditório real: CPC/2015: Art.

10. O juiz não pode decidir, em grau algum dejurisdição, com base em fundamento a respeito doqual não se tenha dado às partes oportunidade dese manifestar, ainda que se trate de matéria sobre

a qual deva decidir de ofício.

• Princípio da Ampla Defesa: Funciona comocomplemento do princípio do contraditório, mas comeste não se confunde. Pois o princípio da ampla defesadefende a possibilidade de se utilizar de todos os meiospara defender seus interesses no processo.

• Não basta apenas ter a oportunidade de acompanhar osatos e se manifestar (contraditório), deve também ter aliberdade de argumentar, produzir provas, etc

• Princípio da Igualdade ou da Isonomia: As partesdevem receber tratamento igual no processo,consistindo em igualdade de oportunidades,paridade de tratamento ou “paridade de armas”.

• Certas ocasiões, o sistema estabelece exceções aeste princípio em favor de certas instituições,como à Fazenda Pública, ao Ministério Público ea Defensoria Pública, as quais possuem prazomaior do que os entes privados

• Princípio da Ordem Consecutiva Legal: O processo estáordenado de forma legal pelo procedimento, e a ordemdos atos deve ser observada, porque se destina àgarantia das partes e da aplicação dos demaisPrincípios.

• Princípio da Prova Formal e da Persuasão racional naapreciação da prova:

• O mundo do Juiz é o mundo dos autos. O Juiz está adstrito àverdade dos autos. O fato não provado não existe. É agarantia da parte. Prova não produzida no processo ou semo contraditório, não tem valor. A prova deve ser, portanto,formal.

• O Juiz tem o livre convencimento diante da prova, mas esteconvencimento deve decorrer de um raciocínio lógico ecoerente que o leve à decisão prolatada, fundamentando-a.

• Princípio da Oralidade e Imediação: Oralidade (Art. 449 doCPC/2015). Garantem a sinceridade da prova. Não se faráaudiência quando a prova for eminentemente documental oude interpretação do direito (art. 355, CPC/2015).

• A imediação, prevista no art. 132 do CPC/1973 não foiexplicitamente agasalhada no CPC/2015. De qualquer sorte,sua aplicação no Processo do Trabalho sempre foiquestionada. Inicialmente por conta dos Juízes temporários(Classistas) e, depois, face ao Princípio da Celeridade, eisque remeter os autos ao Juiz que encerrou a instrução eaguardar o retorno destes atrasava o julgamento do feito.

• Só para lembrar: Art. 132 (CPC/1973): O juiz, titular ou

substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiverconvocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou

aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor

• Princípio da Publicidade: Devem ser públicos osatos processuais, porque sua tramitação transcendeo interesse das partes, caindo no interesse público.É a garantia da democracia no processo. Exceção:Segredo de Justiça (Art. 189 do CPC/2015), quandoas partes puderem ser constrangidas pela publicaçãodestes autos.

• Princípio da Iniciativa da parte: “Ne procedat iudex ex officio”.Assegura a eqüidistância do Juiz. O Juiz que promove a demandaou decida fora do pedido compromete sua condição deimparcialidade, ou seja, uma autoridade arbitrária (Arts 2º e 492do CPC/2015);

• Princípio da Pluralidade dos Graus de Jurisdição.Conhecido como Duplo Grau de Jurisdição, é a garantiade reexame da decisão, a fim de assegurar a certezadesta decisão e minimizar a possibilidade de erro.

Fundamentais

Princípio da Instrumentalidade das Formas

Princípio do Impulso Oficial

Princípio da Preclusão

Princípio da Identidade Física do Juiz

Princípio da Concentração do Atos

Princípio da Lealdade Processual

Princípio da Economia Processual

• Princípio da Instrumentalidade das Formas: O processo

é um instrumento do Estado para se prestar a jurisdição,

solucionar conflitos e, consequentemente, promover a

paz social. Assim, não é um fim em si mesmo.

• Portanto, o direito processual deve estar a disposição do

direito material, e não o inverso.

• Art. 188 do CPC/2015.

• Assim, vela este princípio que, se uma determinada

finalidade foi cumprida, ainda que de forma diversa da

prevista em lei, sem gerar prejuízos, tal ato é válido.

• Ex: citação por carta a outra comarca.

• Princípio do Impulso oficial: O princípio anteriorrestringe-se aos limites objetivos do processo, ou seja,sua iniciativa e seu objeto. Entretanto, cabe ao Juizzelar pelo andamento do mesmo, uma vez proposto, afim de que chegue ao seu ato-fim, que é a decisão. Oautor é o dominus litis. O Juiz é o dominus processus.

• Art. 2º do CPC/2015.

• Princípio da Preclusão: É o princípio que defende que oprocesso deve sempre “andar para frente” e solucionaro conflito. (Processo = pro cedere = seguir adiante)

• A preclusão é a perda da faculdade de praticardeterminado ato processual, quer pela intempestividadedo ato (preclusão temporal), quer pela já consumaçãodo ato (preclusão consumativa), ou porque outro ato, devalor inversamente proporcional, foi praticadoanteriormente (preclusão lógica)

• Princípio da Identidade Física do Juiz: Defende que ojuiz que encerrar a instrução probatória do processo éque deverá julgar a lide.

• Isto se deve ao fato de o juiz que acompanhou ainstrução do processo ter tido maior contato com aspartes e as provas, no momento da sua produção, sendonaturalmente a melhor pessoa para julgar a demanda.

• Discutir o cancelamento da Súmula 136 do TST (Nãose aplica ao processo do Trabalho?)

• Princípio Da Concentração Dos Atos: É a reunião deatos processuais em uma única audiência. Em uma únicaaudiência trabalhista, será realizada desde aapresentação da defesa até a prolação da sentença.

• Ocorre que, na prática a audiência é dividida.Raramente as sentenças são proferidas na mesmaaudiência da apresentação de defesa, por diversosmotivos.

• Princípio da Lealdade Processual. O dever delealdade e colaboração com a Justiça cabe à ambasas partes, e é ressaltado nos arts. 77 e 340 doCPC/2015.

• Cabe ao Juiz reprimir qualquer ato desleal (Art.139, III do CPC/2015) e puni-los com a litigânciade má-fé (art. 80/81 do CPC/2015 - conhecimento eArt. 774 do CPC/2015 - execução).

• Princípio da Economia Processual. Economia não ésuprimir atos, mas escolher o menos gravoso às partesquando houverem duas ou mais formas de praticardeterminado ato.

Princípio da Celeridade

Princípio da Proteção

Princípio da Irrecorribilidade das

Decisões Interlocutórias

Princípio Verdade Real

Princípio da Informalidade ou

Oralidade

Princípio da

Subsidiariedade

Natureza

Conciliatória

• Princípio Da Celeridade: É o princípio que defende que o processo deve andar da maneira mais célere possível a fim de solucionar o conflito, vez que a lide tem objeto de natureza alimentar.

• Princípio Da Proteção: Não é aplicável ao processo dotrabalho, tendo em vista ser um princípio exclusivo doDireito Material.

• Apesar disso, parte da doutrina defende a sua aplicaçãotambém no processo do trabalho, contudo esteentendimento é minoritário.

• Princípio da Irrecorribilidade imediata das DecisõesInterlocutórias

Na Justiça do Trabalho, não é possível recorrer imediatamente das

decisões interlocutórias, as quais somente poderão ser atacadas

quando do recurso da decisão definitiva.

Está em consonância com os Princípios da Celeridade e da

Concentração

Decisão interlocutória é toda manifestação do juiz, com caráter

decisório, mas que não põe fim à lide.

Este princípio está previsto no Art. 893, §1º da CLT.

• Princípio da Informalidade ou Oralidade:

Possui relação com os princípios da imediatividade, princípio da

identidade Física do Juiz, princípio da Concentração e Princípio da

Irrecorribilidade das decisões interlocutórias.

Este princípio defende a oralidade dos atos processuais. Em nosso

ordenamento jurídico adota o sistema misto, em que parte dos atos

são por escrito, e parte deles orais.

• Princípio da Verdade Real:

Segundo Carlos Bezerra Leite, deriva do princípio da primazia da

realidade.

Segundo este princípio, o juiz não ficará adstrito às provas

documentais ou à “roupagem” de uma determinada relação.

Contido neste princípio esta o poder inquisitivo do Juiz Trabalhista,

que deixa de ser um mero espectador das provas e passa a ter o

dever de velar e conduzir o processo em busca da verdade real.

Este princípio está bem definido no Art. 765 da CLT

• Princípio da Subsidiariedade:

É o princípio que diz que o direito comum será fonte subsidiária

do direito processual trabalhista nos casos em que a Legislação

Trabalhista for omissa (Art. 769 da CLT). Quando estiver em fase

de execução, a fonte subsidiária será a Lei de Execuções Fiscais

(Art. 889 da CLT).

No nosso entender, e também da IN 39 do C. TST, o art. 15 do

CPC/2015 não alterou esta situação.

• Princípio da Natureza Conciliatória:

No processo do Trabalho, a tentativa de conciliação é

obrigatória em pelo menos dois momentos:

-Antes da apresentação da defesa (Art. 846 da CLT)

- Após a formulação das razões finais (Art. 850 da

CLT)

-Isso não impede que no decorrer do processo o

magistrado não tente a conciliação das partes durante o

processo.

-Art. 3, §§ 2º e 3º do CPC/2015

• Princípio da Natureza Conciliatória:

Este princípio é a essência da Justiça do Trabalho, que

desde a sua criação teve como escopo solucionar o

conflito mediante acordo.

O Art. 764 da CLT traduz este espírito conciliador da

Justiça do Trabalho

FORMAS DE SOLUÇÃO DOS

CONFLITOS INDIVIDUAIS E

COLETIVOS DO TRABALHO

PARTE 3

Solução dos conflitos trabalhistas individuais e coletivos

• Direito Material x Direito Processual

TRABALHO

C O N F L I T O

Conflito: Pretensão x Resistência

• Conflitos individuais

Titular do direitoplenamenteidentificado.

Resulta de um contratode trabalho.

Pode conter um oumais individuos.

Homogêneos ou não.

• Conflitos coletivos

Titulares não

identificados, mas

identificáveis.

Titulares ligados entre

si por uma relação

jurídica ou de fato.

Representação sindical

Natureza das formas de solução dos conflitos

• AUTOTUTELA

Greve

Lockout (proibido: Art.

17, L. 7783/89)

• AUTOCOMPOSIÇÃO

Conciliação

Mediação

• HETEROCOMPOSIÇÃO

Arbitragem

Jurisdição

Autotutela

• Consiste na solução do conflito pela imposição da

vontade de um sobre o outro.

• Forma mais primitiva de solução dos conflitos.

• De regra, vedada no ordenamento jurídico. Aceita

em hipóteses expressamente autorizadas:

Greve

Lockout

(vedado)

Crítica: Em geral não solucionam o

conflito. Apenas forçam a solução por um

dos outros meios.

AUTOCOMPOSIÇÃO

• A autocomposição é a solução do litígio

pelas próprias partes envolvidas.

• Pode ser realizada sem a participação de

terceiros (conciliação) ou com a

participação de terceiros (mediação).

• Sob a ótica social e filosófica, é a melhor

forma de solução dos conflitos, eis que

encontrada pelas próprias partes.

CONCILIAÇÃO

• São diametralmente opostas as orientações

no que tange à conciliação de conflitos

trabalhistas, consoante sua natureza

(coletiva ou individual).

• A conciliação é preferencial na solução dos

conflitos coletivos, à luz do art. 114, § 2º, da

Constituição Federal.

“Recusando-se qualquer das partes à negociação ...”

CONCILIAÇÃO

• Já nos conflitos individuais, há enorme

resistência quanto à conciliação, principalmente em

face à hipossuficiência do empregado e ao Princípio

da irrenunciabilidade.

Admite-se apenas a conciliação judicial, que,

como veremos, não é conciliação.

Na prática pode-se constatar sua ocorrência mas,

dificilmente encontram reconhecimento quando

questionados judicialmente.

PDV: Não é conciliação. OJ 270, SDI-1, TST

• Há, entretanto, decisão do STF em sentido contrário:

*

CONCILIAÇÃO DE CONFLITOS COLETIVOS

• A exaustiva tentativa de conciliação tem sidoconsiderada pelo TST como condição da açãopara os dissídios coletivos.

• Se frutífera gera convenção coletiva ouacordo coletivo.

• Convenção coletiva: Entre sindicatos.Aplicabilidade para toda categoriaprofissional e patronal.

• Acordo coletivo: Entre sindicato e empresa.Aplicabilidade restrita.

MEDIAÇÃO

• Alguns autores consideram forma deheterocomposição. Não é correto.

• Terceiro aproxima as partes para alcançar aconciliação que não foi possível sem suaparticipação. Não impõe a solução da lide.

• A mediação pode ser voluntária ou legal.

• Para conflitos coletivos: Ministério doTrabalho (“mesa redonda”).

• Para conflitos individuais: CCP

CCP

• Sua instituição é facultativa.

• Pode ser no âmbito empresarial ou entre

sindicatos.

• Só pode conciliar conflitos envolvendo

empregados da respectiva categoria e desde

que não envolva apenas verbas rescisórias.

(Portaria 329/2002).

CCP –ASPECTOS POLÊMICOS

• Constitucionalidade.

O E. STF concedeu medida liminar nas ADIN’s

2.139 e 2.160 com efeito “erga omnes” no sentido de

que a passagem pela Comissão de Conciliação Prévia

é facultativa e entendimento em contrário viola a

Constituição Federal. Eficácia liberatória.

Efeitos da conciliação:

Total – Todo o Contrato

Parcelas –Apenas parcelas transacionadas

Valores - Quitação x acordo

HETEROCOMPOSIÇÃO

• Heterocomposição implica na

solução do conflito imposta por um

terceiro.

• Pode ser privada (arbitragem) ou

publica (jurisdição)

ARBITRAGEM - LEI 9.307/96

• Requisitos: Agente capaz e direito disponível

• Árbitro: um ou mais (sempre ímpar), “ad hoc” ouinstitucional.

• Critérios: “de direito” ou “de eqüidade”.

• Instituição: cláusula compromissória (extrajudi-cial) ou compromissório arbitral (judicial).

• Prazo: Fixado pelas partes. No silêncio – 6 meses.

• Resultado: Sentença arbitral. Não sujeita arecurso. Vale como título executivo judicial.

ARBITRAGEM - LEI 9.307/96

Sujeita-se a ação anulatória e não rescisória.

• O MPT pode atuar como árbitro (Art. 83, XI, LeiComplementar 75/93), inclusive de propostasfinais.

VANTAGENS:

• Pressupõe alguma convergência de vontade(escolha do árbitro, critérios da arbitragem, etc.).

• Maior celeridade na solução dos conflitos, já que adecisão não está sujeita a recursos.

APLICABILIDADE DA ARBITRAGEM NOS CONFLITOS

COLETIVOS

• Nos conflitos coletivos, tem preferência àsolução jurisdicional (art. 114, §2º, CF).

• Pode ser instituída com fundamento no art.613, V, CLT. Estabelecer formas de soluçãode conflitos entre os convenentes.

• Embora a Lei 9.307/96 não preveja aaplicação para conflitos trabalhistas, háexpressa previsão constitucional.

APLICABILIDADE DA ARBITRAGEM NOS CONFLITOS

INDIVIDUAIS

• Não há previsão constitucional ouinfraconstitucional.

Art. 613, V, CLT trata dos convenentes e não de seusrepresentados.

Aplicação subsidiária da Lei 9.307/96 é impossível emface ao art. 8º da CLT. Princípio protetor afasta a igualdadeentre as partes.

Implica em renúncia ao direito de acesso ao PoderJudiciário

Quando o direito comum reconhece a hipossuficiência deum dos contratantes (relação de consumo), declara nula acláusula compromissória (art. 51, VIII, CDC).

JURISDIÇÃO

• Jurisdição é forma heterônoma estatal de

solução dos conflitos.

• Provém da expressão latina juris dictio que

significa “dizer o direito”.

• É definida como o Poder/dever do Estado

de dizer o direito no caso concreto,

solucionando o conflito.

JURISDIÇÃO

• É um poder eis que, uma vez instaurada, a sua solução

vincula as partes envolvidas no conflito, apresentando-

se, assim, como uma das faces da jurisdição.

• É um dever porque o Estado impede a autotutela e, ao

faze-lo, assume para si o ônus de solucionar todo

conflito que lhe for apresentado

• A todo dever corresponde um direito.

• Qual o direito que corresponde ao dever de jurisdição?

• É o direito de ação, que se define como a faculdade

geral e abstrata de provocar a jurisdição

AUTOR RÉU

ESTADO (JUIZ)

Pedido de entrega de

tutela jurisdicional.

D. Processual

A própria pretensão

resistida. Mérito do

conflito.

D. Material

D. Processual: Ramo do direito que rege a forma

pela qual o Estado entregará a tutela Jurisdicional

JURISDIÇÃO E DIREITO DE

AÇÃO

JURISDIÇÃO

• Termo que se origina do latim juris dictio e

significa “dizer o direito”.

• Jurisdição é o Poder/Dever do Estado de

Dizer o direito solucionando o conflito no

caso concreto.

• É um Poder porque a solução estatal é

vinculativa. Seu cumprimento não depende

da vontade das partes

JURISDIÇÃO (CONT.)

• É um dever, na medida em que o Estado

impede a autotutela. Ao assim fazer, atrai

para si a obrigação de solucionar o conflito.

• A toda obrigação corresponde um direito.

Ao dever do Estado de prestar jurisdição é

correspondente o direito de ação concedido

a todo cidadão.

JURISDIÇÃO (CONT.)

• A jurisdição é una e indivisível, como o

próprio Poder Soberano. Dizer que

sobre um mesmo território existem

várias jurisdições é o mesmo que

admitir a existência de várias

soberanias.

JURISDIÇÃO (CONT.)

• Competência é a limitação da jurisdição.

AÇÃO

• A ação é o direito correspondente ao

dever de jurisdição do Estado.

• A concepção moderna da teoria da

ação a define como um direito público,

subjetivo, constitucional e abstrato de

provocar a jurisdição.

AÇÃO

• Público porque exercido contra o Estado.

• Subjetivo porque está no campo da facultas agendi, já que

seu exercício pelo titular é uma faculdade e não uma

obrigação.

• Constitucional porque está expressamente amparado pela

Constituição Federal. (Art. 5º, XXXV).

• Abstrato porque sua existência não está relacionada com

a existência do direito material nela perseguido. O direito

de ação existe ainda que improcedente seja o seu

resultado final. Logo, o direito de ação é o direito de

postular a tutela jurisdicional para solução do conflito,

tendo ou não seu autor direito a esta pretensão.

ELEMENTOS DA AÇÃO

• A ação tem elementos subjetivos e

elementos objetivos. Os elementos

subjetivos são as partes e os objetivos

o pedido e a causa de pedir.

CONDIÇÕES DA AÇÃO

1. Legitimidade de parte– Ordinária e extraordinária– Pode-se dizer que há legitimidade daquele a quem a tutela

jurisdicional afetará positivamente (autor) ou negativamente (réu)

2. Interesse de agir– Necessidade e adequação do Provimento– O Poder Judiciário não é órgão de consulta. É preciso que o

autor tenha necessidade do provimento jurisdicional sem o qualnão terá acesso ao objeto da pretensão. Ademais, é preciso quetal provimento atenda à situação fática narrada pelo autor(adequação)

3. Posibilidade jurídica do pedido– Refere-se ao pedido Imediato e não Mediato

PROCESSO

• O processo é o meio pelo qual se materializa do direito deação, podendo ser definido como uma série de atosordenados em relação de causa e efeito cujo objetivo éatingir a entrega da tutela jurisdicional.

• A teoria moderna aponta o processo como instrumento dajurisdição, ou seja, a forma pela qual o Estado deve atuar napacificação dos conflitos sociais.

• Daí porque a tendência, não só do Processo do Trabalhomas também do Processo Civil, é a redução do formalismo ea busca da efetividade do processo.

PROCESSO. Pressupostos processuais

• São os requisitos necessários à constituição ouvalidade do processo. Existem duas teorias.

• A primeira diz que sem os pressupostos processuais, oprocesso não chega a nascer. Seria inexistente.

• A segunda, mais correta e atual, sustenta que sem ospressupostos o processo existe, apenas não temcondições de prosseguir validamente. Tem razão estateoria, na medida em que é valida a sentença proferidaneste processo que o extingue sem exame do méritopela falta de um dos pressupostos. Ora, se o processoresulta numa sentença válida, é evidente que existiu etem efeitos no mundo jurídico.

PROCESSO. Pressupostos processuais

• Relativamente aos pressupostos processuais, existem duasdoutrinas. A primeira mais tradicional, é restritiva. Asegunda, mais atual, é ampliativa. Tudo depende da maneiracomo você encara o processo, a ação e a jurisdição. Adoutrina tem adquirido uma tendência para a segunda teoria.

• Teoria restritiva:

• É evidente que se restringimos às hipótese de pressupostosprocessuais, mais possibilidades abrimos para que oprocesso chegue a uma decisão final de mérito, que é o queinteressa à Jurisdição, posto que somente assim se resolve oconflito de interesses e se devolve a paz à sociedade.

• Segundo esta teoria, são pressupostos processuais.

PROCESSO. Pressupostos processuais

• 1) Uma demanda regularmente formulada (Art. 2º do CPC) =Provocação da parte na forma prevista em Lei. (Ne procedatiudex ex officio);

• 2) Capacidade de quem a formula;

• Esta capacidade processual em nada se relaciona à legitimidadede parte. A parte pode ser legítima, mas não ter capacidadeprocessual. A capacidade de ser parte deve ser vista sob duasóticas:

• A capacidade civil, porque a parte deve possuir seus direitos civispara propor a ação. Se não for será representada ou assistida peloresponsável legal. (Representada = atuar por e assistir = atuarcom).

• A capacidade postulatória, porque o processo, em regra, nãoadmite ao leigo a postulação em Juízo, sendo o “jus postulandi”privativo dos advogados (Art. 1º da Lei 8.906/94). Exceções:Justiça do Trabalho, Juizado de Pequenas Causas e “HabeasCorpus”.

PROCESSO. Pressupostos processuais

• Não esquecer que os vícios de representação são sanáveis e,portanto, é preciso conceder prazo razoável para aregularização antes da extinção (art. 76, CPC/2015). Nãosaneado o vício:– Se o autor: Nulo é o processo que será extinto sem resolução do

mérito.

– Se o réu: Decreta-se a revelia. Lembrar que o preposto deve sernecessariamente empregado, consoante jurisprudência consolidadapelo C. TST.

• 3) Juiz Competente: Critérios absolutos.Incompetência integral, remessa dos autos.Incompetência parcial, extinção do pedido por faltade pressuposto processual.

PROCESSO. Pressupostos processuais

• Teoria ampliativa.

• Pelo raciocínio inverso, temos que quanto maior for onúmero de hipóteses classificadas como pressupostosprocessuais, menor a possibilidade de que o processochegue ao seu final com a prolação da sentença de mérito esolução definitiva do conflito.

• Esta teoria acrescenta ainda, os seguintes pressupostosprocessuais.• Que não haja impedimento ao desenvolvimento do processo, como

litispendência e coisa julgada;

• Observância da forma adequada à pretensão;

• Existência do instrumento de mandato ao advogado;

• Inexistência de inépcia, ou qualquer outra nulidade prevista na Leiprocessual.

ATOS PROCESSUAIS.

PARTE 2

Atos Processuais.

• A forma não deve ser desprezada, sob pena de se

levar ao caos e à insegurança entre os litigantes.

Entretanto, a forma não deve sufocar o processo.

• Os sistemas podem ser rígidos ou flexíveis. No

Brasil o sistema é rígido. Estabeleceu-se o

procedimento comum, chamado ordinário. Os

demais foram estabelecidos para atender a situações

peculiares, em face às relações materiais existentes

entre as partes, incompatíveis ao procedimento

comum.

Atos Processuais.

• Embora possa ser enquadrado como rígido, porque

disciplina exaustivamente as formas, podemos

considerar que existe um abrandamento no sistema

brasileiro, na medida que permite ao Juiz o

enquadramento do correto procedimento e permite o

aproveitamento de atos que não foram realizados

segundo a forma prescrita, desde que não contenham

prejuízos às partes.

Atos Processuais.

• Exigências quanto à forma:

• Do lugar: Os atos processuais cumprem-se normalmente na

sede do Juízo, salvo por sua natureza ou disposição legal.

(Citação, penhora, etc.).

• Tempo: É levado em consideração sob dois aspectos: a

época de sua realização (dias úteis, horário, etc.) e o prazo

para sua realização. Quando o prazo se dá em uma distância

mínima para evitar qualquer cerceamento, chama-se

dilatório e quando fica uma distância máxima, chama-se

aceleratório.

Atos Processuais.

• Os prazos podem ser legais (fixados em Lei),

judiciais (a cargo do Juiz) e convencionais

(acordado entre as partes).

• Os prazos são ordinatórios (em benefício das partes)

e podem ser alterados, estendidos ou reduzidos ou

peremptórios, que não podem ser modificados.

Vencidos, entretanto, ocorre a preclusão.

Atos Processuais.

• Daí decorre a preclusão, que vem a ser a perda de um

direito, poder ou faculdade de praticar um ato processual. A

inércia da parte não pode prejudicar a marcha do processo.

• A preclusão pode ser:

• Temporal: Quando decorrido o prazo fixado sem a prática

do ato.

• Lógica: Quando a prática do ato é incompatível com a de

outro, já praticado.

• consumativa: Quando a faculdade processual já foi

validamente praticada. (Art. 507, CPC).

NULIDADES PROCESSUAIS

PARTE 3

Introdução

As questões relativas às nulidades processuais

devem ser discutidas, sempre, antes do mérito

da pretensão. Estão ligadas à impossibilidade

de entrega da tutela jurisdicional pretendida e,

portanto, precedem a discussão quanto ao

resultado desta entrega (positiva = procedência

ou negativa = improcedência). .

Conceito:

É o estado do processo que o impede de

produzir os efeitos pretendidos ou retira os

efeitos já produzidos até então.

O objetivo do processo é garantir a eficácia do

Direito Material. Se for possível ao processo

produzir este efeito, então não há nulidade a ser

declarada. .

Prejudicialidade

Como já se viu, o ato processual não contém finalidade em si

mesmo. Existe para que um efeito seja alcançado. Portanto, a

ausência da prática do ato e/ou sua prática de forma irregular

não será considerada como nulidade processual se destes

vícios não houver nenhum prejuízo às partes.

Está incorporado no art. 794 da CLT que assim dispõe:

Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do

Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos

inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.

Prejudicialidade

Ressalte-se que o prejuízo a que se refere o dispositivo é de

natureza processual e não de natureza econômica,

financeira, moral, etc., ligadas intimamente ao Direito

Material a que se refere a própria lide.

O prejuízo deve ser “manifesto”. Trata-se de prejuízo de

monta que seja suficiente, por si só, a impedir que o

processo alcance ao fim desejado.

Verificando-se que, por outros meios, o resultado do

processo seria o mesmo a nulidade não deve ser declarada.

Ex: Falta de citação. Por outros meios a ré tomou ciência da

ação, compareceu à audiência e apresentou defesa.

Convalidação (Preclusão)

Assim como no direito material (Direito do Trabalho) o

ato nulo prescreve (analisar conjuntamente os artigos

9º e 11 da CLT), no Direito Processual do Trabalho o

ato nulo preclui.

Com efeito o art. 795 da CLT estabelece:

Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão

mediante provocação das partes, as quais deverão

argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em

audiência ou nos autos.

Convalidação (Preclusão)

Com fundamento neste dispositivo é forçoso

concluir que a não provocação da parte no

momento adequado acarreta na preclusão, não

sendo possível ao Poder Judiciário declarar a

nulidade. A expressão “ ... não serão...” impede

que o Juízo o faça, mesmo que assim

entender. Não se trata, pois, de uma faculdade

do Juízo. Trata-se de vedação legal.

Convalidação (Preclusão)

• Em que momento deve ser caracterizada a“primeira vez” que tiver que falar nos autos?

• Depende. Se o ato ocorre em audiência, naprópria audiência. Se fora da audiência, naprimeira oportunidade que é concedida à parteo direito de manifestação. Pelo rito tradicional,a parte tem primeira oportunidade demanifestação em razões finais. Entretanto, se oato é praticado “fora” de audiência, a primeiraoportunidade pode ser um prazo judicialmenteconcedido à parte.

Convalidação (Preclusão)

• Como manifestar o inconformismo?

• O inconformismo pode ser manifestado de qualquerforma. Não há previsão legal para tanto. A “práxis”consagrou o uso do termo “protesto” ou “protesto anti-preclusivo”. A jurisprudência tem aceito que o simples usoda expressão isoladamente, em geral, é suficiente paraevitar a preclusão. A cautela, entretanto, exige que aapresentação dos “protestos” venha acompanhada defundamentação, ainda que breve, a caracterizar anulidade.

• De qualquer sorte, é preciso “renovar” esta manifestaçãode inconformismo quando da interposição de recursoordinário, nas razões recursais, em preliminar em face aoefeito devolutivo do recurso (“Tantum devolutum quantumapelatum”)

Economia Processual

• Não se pode perder de vista que o Princípiomaior do Processo do Trabalho é oPrincípio da Celeridade, ou seja, aprestação jurisdicional deve ser entregueno menor espaço de tempo possível.

• Por vezes há nulidade, mas esta nulidadenão compromete todo o processo,permitindo que seja refeito o ato,convalidando-se os demais.

Economia Processual (cont)

• Estabelecem os artigos 796, a e 797 da CLT:

Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:

a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato;

Art. 797 - O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos

a que ela se estende.

• Daí se extrai que, sendo possível aproveitar atos

processuais, ainda que posteriores ao viciado, mas

que dele não decorram, a nulidade será restrita, como

restritos serão seus efeitos.

Interesse

• Além de demonstrar o prejuízo, a parte devedemonstrar o interesse que resulta dosaneamento da nulidade. Isto porque o art.796, b da CLT estabelece:

Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:

b) quando argüida por quem lhe tiver dado causa.

Decorre do princípio Geral de direito queenuncia que a ninguém é dado beneficiar-se desua própria torpeza.