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DIREITO TRIBUTÁRIO  Tatiana Piscitelli 1 IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 01. INTRODUÇÃO No intensivo I, veremos apenas a parte de direito tributário constitucional. Imunidade tributaria é uma norma de desoneração de tributo. Toda vez que um comando tributário afastar a incidência de um tributo, pode-se ter certeza que se trata de imunidade. Conclui-se que, a norma tributária é uma norma constitucional de exoneração de tributo. Ocorre que a Constituição Federal traz dois comandos que reproduzem falsas isenções. São eles: arts. 195, §7º e 184, § 5º: § 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Este dispositivo trata da contribuição para seguridade social. o contexto da norma é que haverá imunidade para as entidades beneficentes de assistência social. § 5º  - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Já neste dispositivo, trata-se de impostos federais, estaduais e municipais. O contexto é que serão imunes as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Portanto, a doutrina majoritária e o STF entendem que estes dois dispositivos não tratam de isenções, mas imunidades, que são normas constitucionais de exoneração de tributos.  A imunidade incide sobre tributo, que é gênero. Exemplo: - Imunidade pode alcançar diferentes espécies tributárias, como por exemplo, o art. 149, §2º, I, CF contribuição social e contribuição interventiva, que incidem sobre receitas decorrentes de exportação: § 2º   As contribuições sociais e d e intervenção n o domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não inci dirão sobre as receitas decorrentes de exportação; Então, se uma empresa exporta e tem receita, ela não paga o tributo que incide sobre a exportação. - Também terão imunidades as taxas previstas no art. 5º, XXXIV, “b”:  XXXIV - são a todos assegurados, in dependentemente do pa g ame nto de ta x as : a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; Detalhe interessante é que temos aqui um exemplo de imunidade para taxa. Atenção: existem dois tributos que não terão imunidades: contribuição de melhoria e empréstimo compulsório. Existe sempre um vetor axiológico que justifica a norma imunizante, ou seja, existe sempre um valor em  jogo, que autoriza a norma imunizante. Exemplos: liberdade religiosa (não há tributo sobre igreja no Brasil, conforme será visto mais à frente), liberdade política; liberdade sindical; liberdade de expressão etc.

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    DIREITO TRIBUTRIO Tatiana Piscitelli

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    IMUNIDADES TRIBUTRIAS

    01. INTRODUO

    No intensivo I, veremos apenas a parte de direito tributrio constitucional.

    Imunidade tributaria uma norma de desonerao de tributo. Toda vez que um comando tributrio afastar

    a incidncia de um tributo, pode-se ter certeza que se trata de imunidade. Conclui-se que, a norma tributria

    uma norma constitucional de exonerao de tributo.

    Ocorre que a Constituio Federal traz dois comandos que reproduzem falsas isenes. So eles: arts.

    195, 7 e 184, 5:

    7 - So isentas de contribuio para a seguridade social as entidades

    beneficentes de assistncia social que atendam s exigncias estabelecidas em

    lei.

    Este dispositivo trata da contribuio para seguridade social. o contexto da norma que haver imunidade

    para as entidades beneficentes de assistncia social.

    5- So isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operaes detransferncia de imveis desapropriados para fins de reforma agrria.

    J neste dispositivo, trata-se de impostos federais, estaduais e municipais. O contexto que sero imunes

    as operaes de transferncia de imveis desapropriados para fins de reforma agrria.

    Portanto, a doutrina majoritria e o STF entendem que estes dois dispositivos no tratam de isenes,

    mas imunidades, que so normas constitucionais de exonerao de tributos.

    A imunidade incide sobre tributo, que gnero. Exemplo:

    - Imunidade pode alcanar diferentes espcies tributrias, como por exemplo, o art. 149, 2, I, CF

    contribuio social e contribuio interventiva, que incidem sobre receitas decorrentes de exportao:

    2As contribuies sociais e de interveno no domnio econmico de que tratao caput deste artigo:I -no inc id i rosobre as receitas decorrentes de exportao;

    Ento, se uma empresa exporta e tem receita, ela no paga o tributo que incide sobre a exportao.

    - Tambm tero imunidades as taxas previstas no art. 5, XXXIV, b:

    XXXIV -so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:a)o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contrailegalidade ou abuso de poder;b)a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos eesclarecimento de situaes de interesse pessoal;

    Detalhe interessante que temos aqui um exemplo de imunidade para taxa.

    Ateno: existem dois tributos que no tero imunidades: contribuio de melhoria e emprstimo

    compulsrio.

    Existe sempre um vetor axiolgico que justifica a norma imunizante, ou seja, existe sempre um valor em

    jogo, que autoriza a norma imunizante. Exemplos: liberdade religiosa (no h tributo sobre igreja no Brasil,

    conforme ser visto mais frente), liberdade poltica; liberdade sindical; liberdade de expresso etc.

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    Visto essa introduo, vamos ao conceito de imunidade tributria.

    02. CONCEITO

    A norma imunitria assume na doutrina diferentes perspectivas conceituais. Vamos aos conceitos

    doutrinrios:

    a) imunidade limitao constitucional ao poder de tributar. (Hugo de Brito Machado).

    b) imunidade a norma de no incidncia ou forma qualificada de no incidncia (Luciano Amaro, Misabel

    Derzi).

    Porque utilizada a expresso qualificada de no incidncia? Qualificada no sentido de que a norma

    qualificada, pois est na constituio. Portanto, forma qualificada (por estar na constituio) de no incidncia do

    tributo.

    c) imunidade a norma que colabora no desenho das competncias impositivas, pela face negativa,

    sendo chamada de norma de incompetncia tributria (Paulo de Barros Carvalho).

    Competncia tributria o poder de criar o tributo. (ex: compete Unio a competncia para instituir o IR).

    Ocorre, entretanto, que existe um campo blindado em que o legislador no poder criar um tributo sobredeterminado tema, como por exemplo, no se cobrar tributo de igreja. Essa justamente a face negativa da

    competncia.

    Portanto, a norma de competncia e a norma de imunidade habitam o texto constitucional e essa ultima

    representa a face negativa daquela. Se vier questo dizendo: confronte a competncia com imunidade, aqui est a

    resposta: uma a face negativa da outra.

    d) Imunidade a norma constitucional de desonerao tributria que, justificada no conjunto de caros

    valores proclamados na Carta Magna, inibe a atribuio de competncia impositiva e credita ao beneficirio o

    direito pblico subjetivo de no incomodao perante o ente tributante. (Eduardo Sabbag)

    STF. Imunidades. Direitos Fundamentais. Clusulas Ptreas. No possvel alterar as regras de

    imunidade tributria, nem mesmo atravs de emenda constitucional. Ademais, o STF entende que a imunidade

    constitui direito fundamental, garantido por clusula ptrea.

    03. ESTUDO DA IMUNIDADE

    Agora vamos estudar o principal artigo sobre a imunidade tributria, que est previsto no art. 150, VI, da

    CF:

    Art. 150.Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

    VI - instituir impostos sobre:a)patrimnio, renda ou servios, uns dos outros;b)templos de qualquer culto;c)patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes,das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e deassistncia social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;d) livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso.

    Obs. Este inciso VI versa somente sobre impostos. Justamente por isso, igreja paga taxa.

    Consequentemente, os outros tributos incidem normalmente.

    3.1. IMUNIDADE RECPROCA (art. 150, VI, a)

    Art. 150.Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:VI - instituir impostos sobre:

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    a)patrimnio, renda ou servios, uns dos outros;

    A imunidade recproca tambm chamada de imunidade intergovernamental recproca, pelo professor

    Sasha Calmon.

    Pela imunidade tributria recproca, os entes governamentais (Unio, Estado, DF e Municpios) no

    podem cobrar impostos uns dos outros. Por qu? Essa regra constitucional serve para proteger o pacto federativo,

    (o federalismo de colaborao ou equilbrio entre os entes governamentais).

    Ademais, a imunidade recproca serve para garantir a isonomia entre as pessoas polticas (cobrado no

    concurso da PGE/SP). Por fim, a imunidade recproca existe, pois h ausncia da capacidade contributiva das

    pessoas polticas (Regina Helena Costa).

    A alnea a refere-se a um rol de impostos: sobre patrimnio, renda ou servios (arts. 19 a 73 do CTN). No

    entanto, o STF interpreta esse rol de modo amplo, lato, em homenagem ao vetor axiolgico. Consequentemente:

    - Apesar de no estar no rol, no incide ii (imposto de importao) de um bem trazido do exterior por

    municpio/Estado/DF.- Ademais, no incide IOFsobre operaes financeiras de municpios/Estado/DF. (PGE/PR).

    O STF utiliza essa mesma interpretao s alneas c, no 2, e 4, do art. 150.

    Autarquias e fundaes pblicas

    Autarquias e fundaes pblicas tambm possuem imunidade recproca.

    2- A vedao do inciso VI, "a" (imunidade recproca), extensiva s autarquias

    e s fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico, no que se refere ao

    patrimnio, renda e aos servios, vinculados a suas finalidades essenciais ou sdelas decorrentes

    Ento, consoante se extrai do 2, as autarquias e as fundaes pblicas possuem imunidade no que se

    refere finalidade essencial delas. Assim, seu patrimnio, renda e servio. Ademais, alm das finalidades

    essncias, estaro imunes atividades ligadas finalidade essencial. Como assim? Veja o exemplo: imagine que

    uma autarquia federal tem um prdio onde atende a populao. No prdio ao lado, h salas que essa autarquia

    usa para guardar documentos. Essas salas que esto no prdio ao lado tambm esto abrangidas pela

    imunidade, j que servem para finalidades ligadas atividade essencial.

    No entanto, em tese, se fosse um terreno vazio, poderia ensejar a tributao (entendimento STF).

    Empresa pblica e sociedade de economia mista (?)

    As empresas pblicas e sociedades de economia mista tm imunidade? No. Elas tm tributao normal,

    j que, em regra, possuem atividade essencialmente privada.

    Entretanto, o STF analisando 03 casos, constatou que as seguintes empresas pblicas e sociedades de

    economia mista teriam imunidade (isso cai muito em concurso): So elas:

    a) correios (empresa pblica)desempenha funo exclusiva de Estado, dotada de estatalidade.

    b) INFRAERO (empresa pblica)desempenha funo exclusiva de Estado, dotada de estatalidade.

    c) CAERD(Companhia de gua e esgoto de RondniaSociedade de Economia Mista).

    Cuidado: o Cespe j considerou vlida a idia de ponderao para a jurisprudncia dos correios, ante ofato de essa pessoa jurdica executar, tambm, servios que, inequivocamente, no so pblicos, nem se inserem

    na categoria de servios postais.

    Imunidade recproca e impostos indiretos

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    Quando uma entidade imune vende uma mercadoria, por exemplo, ela ter imunidade em relao ao

    ICMS, desde que a renda seja revertida para o propsito. No entanto, quando ela compra mercadoria, haver

    tributao normal.

    Exemplo PGE/PR: uma entidade beneficente adquiriu um veculo. Incide o ICMS? Se ela estivesse

    vendendo, teria imunidade recproca, no incidindo. No entanto, quando ela compra, haver incidncia do tributo,

    consoante entendimento do STF.

    Portanto, fica a dica final, que vlida para todas as alneas: imunidade tributria e os tributos

    indiretos (STF):

    Nas vendas de mercador ias h im uni dade (em re lao ren da revert id a)

    Nas comp ras de mercadori as - h inc idnc ia do tr ibu to.

    3.2. IMUNIDADE RELIGIOSA

    Art. 150.Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:VI - instituir impostos sobre:b)templos de qualquer culto;

    Os templos de qualquer culto no sero alvos de impostos (os demais tributos podero ser cobrados,

    como por exemplo: taxa).

    E por qu no pode haver incidncia de imposto sobre a igreja? Porque protege-se a liberdade de culto,

    liberdade religiosa (art. 5, VI e VIII, da CF).

    Exemplos:

    No incide IPVA sobre o carro da igreja.

    No incide IPTU em relao ao bem imvel da igreja.No incide IR sobre a renda da igreja.

    Quanto ao rol classificatrio, ver o art. 150, 4:

    4 - As vedaes expressas no inciso VI, alneas "b" e "c", compreendemsomente o patrimnio, a renda e os servios, relacionados com as finalidadesessenciais das entidades nelas mencionadas.

    A alnea b refere-se a um rol de impostos: sobre patrimnio, renda ou servios (arts. 19 a 73 do CTN). No

    entanto, o STF interpreta esse rol de modo amplo, lato, em homenagem ao vetor axiolgico. Portanto, quanto aos

    outros impostos, prevalece o entendimento do STF. (ex: no incide ii sobre bem adquirido pela igreja no exterior).

    O que significa templo? O vocbulo plurvoco, importando em inmeras concepes, adaptadas desde

    a doutrina clssica de ontem at os entendimentos modernos de hoje. Assim, j se entendeu, restritivamente, que

    templo era apenas o local do culto. Na atualidade, o STF e a doutrina majoritria do uma interpretao ampliativa

    para o vocbulo, concebendo-o como entidade, ou seja, uma organizao em todas as manifestaes direta ou

    indiretamente relacionadas com o propsito eclesistico.

    A palavra usada no 4 (entidades) significa igreja em sentido amplo, ou seja, a norma amplamente

    protetiva, em homenagem laicidade/laicismo/secularismo no Brasil.

    Casos prticosa)O imvel pertence ao Joo, que o aluga igreja X. Incide IPTU? Sim, pois as convenes particulares

    no podem alterar o sujeito passivo legalmente determinado (art. 123, CTN).

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    Art. 123. Salvo disposies de lei em contrrio, as convenes particulares,relativas responsabilidade pelo pagamento de tributos, no podem ser opostas Fazenda Pblica, para modificar a definio legal do sujeito passivo dasobrigaes tributrias correspondentes.

    Ento, se a igreja no paga o IPTU, a fazenda pblica vai cobrar de quem? De Joo. Ele o proprietrio.

    Diante disso, Joo no poder apresentar seu contrato particular de locao e mostrar para a fazenda pblica na

    tentativa de no pagar o IPTU. Ele paga, depois vai em regressiva contra a igreja.

    b) Igreja X, proprietria de um apartamento, aluga-o terceiros. Incide IPTU sobre este bem? Depende.

    A renda obtida deve ser vertida finalidade essencial da igreja, consoante se extrai do 4: relacionados

    com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

    Ademais, no pode haver prejuzo livre concorrncia (se a igreja tem, por exemplo, 200 apartamentos

    alugados, isso no igreja, mas uma imobiliria celestial. Isso fere a livre concorrncia, j que ela no paga

    imposto sobre esses bens).

    Ver a smula 724, STF:Sm. 724. Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imvel

    pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da

    constituio, desde que o valor dos aluguis seja aplicado nas atividades

    essenciais de tais entidades.

    c) E quanto ao terreno da igreja dedicado a sepultamentos de fiis/religiosos?Em relao ao cemitrio de

    propriedade de igreja (cemitrio para mulumanos, para judeus etc.), no incidir o IPTU, pois h extenso do

    templo (STF, cobrado em prova Cespe).

    E se o cemitrio for de um particular? Essa questo foi levada ao STF. O terreno de uma mulher que

    alugou para cemitrio. Seus advogados foram ao STF e alegaram que o cemitrio equiparado a templo, isso

    porque, historicamente, as Constituies anteriores assim previam. Porm, no RE 544.815, o STF entendeu que:

    terreno de propriedade de pessoa natural, alugado para cemitrio privado, deve pagar tributo.

    3.3. IMUNIDADES DOS PARTIDOS POLTICOS, DE ENTIDADES DE TRABALHADORES, DE ENTIDADES

    EDUCACIONAIS E ENTIDADES DE ASSISTNCIA SOCIAL

    Art. 150.Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:VI - instituir impostos sobre:

    c)patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes,das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e deassistncia social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

    Essas imunidades compreendem:

    Partidos polticos (inclusive as suas fundaes).

    Sindicatos de trabalhadores (e no de empregadores, j que estes pagam),

    Entidades escolares abrangem escolas, faculdades, museus, bibliotecas etc.

    Entidades de assistncia social.

    Vetores axiolgicos protegidos neste dispositivo:- Em relao ao partido poltico, o vetor axiolgico (o que se protege) a liberdade poltica.

    - Em relao aos sindicatos de trabalhadores, o vetor axiolgico a liberdade do hipossuficiente.

    - No tocante s entidades escolares, o vetor axiolgico a educao (art. 205, CF);

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    - Por fim, em relao s entidades de assistncia social, o vetor axiolgico a assistncia social (art. 202,

    CF).

    Qual a nica entidade brasileira que , ao mesmo tempo, imune de impostos e de contribuies da

    seguridade social?Entidade de assistncia social.

    Na parte final da alnea c, diz: entidade sem fins lucrativo. Ento, ser que para uma faculdade ser

    imune, ela no pode ter lucro?

    A alnea c a nica imunidade que no autoaplicvel, dependendo de lei para ser aplicvel (caiu na

    defensoria pblica/SP de 2012). A regulao da imunidade est condicionada a um dispositivo legal, que uma

    Lei Complementar, consoante se extrai do art. 146, II, da CF:

    Art. 146. Cabe lei complementar:II- regular as limitaes constitucionais ao poder de tributar;

    E que lei essa? o CTN, que na verdade no Lei Complementar, pois nasceu como lei ordinria,

    porm, foi recepcionado pela CF com statusde Lei Complementar.

    O CTN trata em seu art. 14 dos requisitos para que a instituio que no tem fins lucrativos tenha direito

    imunidade. So eles:

    a)se tiver lucro, este no pode ser distribudo com os mantenedores;

    b)se tiver lucro, no pode ser remetido dolosamente para o exterior;

    c)manuteno em dia da escriturao contbil.

    Art. 14. O disposto na alnea c do inciso IV do artigo 9 subordinado observncia dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:I no distriburem qualquer parcela de seu patrimnio ou de suas rendas, a

    qualquer ttulo;II - aplicarem integralmente, no Pas, os seus recursos na manuteno dos seusobjetivos institucionais;III - manterem escriturao de suas receitas e despesas em livros revestidos deformalidades capazes de assegurar sua exatido.

    Vamos detalhar os incisos:

    I A alnea c do art. 150, VI, prev que, para fazer jus imunidade, as entidades devem ser sem fins

    lucrativos. Isso significa que a entidade pode ter lucro, porm, no podero repartir os lucros (no se probe o

    animus lucrandi, mas probe-se oanimus distribuendi). justamente disso que se trata o art. 14, I, do CTN.

    Se a entidade no distribuir lucros entre si, mas cria um pagamento de salrioaos seus proprietrios,

    ser que estar havendo burla ao sistema tributrio? Depende. Deve-se analisar a razoabilidade do salrio,

    aferindo-se no caso concreto. Se houver um pagamento de salrio exagerado ao mantenedor da instituio sem

    fins lucrativos, h uma presuno de que est havendo distribuio de lucros, sendo que essa entidade no faz

    jus imunidade do art. 150, VI, c, da CF.

    Obs. O art. 12, 2, da Lei 9.532/97 foi considerado inconstitucional pelo STF, por condicionar a perda ou

    suspenso da imunidade ao mero pagamento de salrios aos mantenedores da instituio.

    II o inciso II probe que haja uma remessa despropositada de lucro para o exterior. Repare que essaproibio no absoluta. Ela acaba sendo um complemento do inciso I. Na verdade, deve-se analisar o caso

    concreto. Ex: Faculdade quer mandar os seus professores para fazer mestrado na Itlia, sendo que faz depsito

    na conta de uma faculdade na Itlia. Isso no burla imunidade.

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    III Segundo o inciso III, as entidades tm a obrigao de manter a escriturao contbil de seus livros

    fiscais. Repare que o fato de ser imune no exime as entidades da responsabilidade secundrias, como de manter

    a escriturao contbil. Ademais, o art. 175, pargrafo nico do CTN tambm faz essa previso:

    Art. 175, Pargrafo nico, do CTN.A excluso do crdito tributrio no dispensa

    o cumprimento das obrigaes acessrias dependentes da obrigao principal

    cujo crdito seja excludo, ou dela consequente.

    Obs. Recentemente, o STF entendeu que o acessrio segue o principal. Como assim? No RE

    250.844/SP, (de abril 2012, no informativo 662).

    3.3.1. Dicas finais

    a)O SENAC adquiriu um bem imvel. Incide o ITBI?Essa pergunta difcil, pois trata das entidades do

    sistema S, que promove a integrao das pessoas no sistema de trabalho. Existe um artigo na CF que trata da

    promoo da integrao no mercado de trabalho: o art. 203, III, da CF:

    Art. 203. A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar,independentemente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos:III- a promoo da integrao ao mercado de trabalho;

    Pelo dispositivo, percebe-se que as entidades do sistema S so equiparados s entidades de seguridade

    social. Ento, no caso dessa questo, o SENAC no pagar o ITBI na compra do imvel, j que possui imunidade,

    pois comparado s entidades de assistncia social (STF, RE 235.737 ).

    Ademais, eles tero imunidade para o ISS, nos hotis-escola do SENAC.

    b) As entidades fechadas de previdncia social privada so imunes? So os fundos de penso. Neste

    caso, a jurisprudncia j formulou o assunto:

    SMULA N 730:A imunidade tributria conferida a instituies de assistncia

    social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, "c", da Constituio, somente alcana

    as entidades fechadas de previdncia social privada se no ho uve r c ont ri buio

    do s benef ic irio s

    Todas as entidades fechadas de previdncia social privada so imunes? No, mas somente aquelas em

    que no houver contribuio dos beneficirios. Entenda: quem banca a minha previdncia privada? Eu. Quem

    banca a previdncia privada do Joo? O prprio Joo. Ento, essa smula quer dizer o seguinte: nos casos em

    que o empregador bancar a previdncia social privada de seus funcionrios, neste caso ela ter imunidade deimpostos, conforme a smula 730 do STF. (isso raro, mas acontece com a empresa Shell).

    3.4. IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS, PERIDICOS E O PAPEL DESTINADO A SUA IMPRESSO.

    Art. 150.Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:VI- instituir impostos sobre:d)livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso.

    Neste caso, a imunidade incidir sobre os livros, jornais, peridicos e papel destinados impresso. Trata-

    se de imunidade objetiva, ou seja, uma imunidade sobre bens (afasta os impostos sobre bens e no sobrepessoas, como ocorre nas hipteses das alneas a, b, c).

    Portanto, memorize isso:

    Imunidade objetivaprotege bens.

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    Imunidade subjetivaprotege pessoas.

    Ento, uma editora deve pagar o IPTU de seu prdio, IPVA de seus carros, IR sobre sua renda, ITBI etc.

    Entretanto, alguns impostos no vo incidir, quando se tratar de bens ligados aos livros, jornais, peridicos e papel

    destinado sua impresso. E quais impostos estariam imunes? So eles: ICMS, IPI eIE.

    Pergunta concurso: editora paga PIS/COFINS? Estes nem impostos so, e incidem sobre o faturamento

    da empresa. Portanto, bvio que a editora deve pagar, porque no a editora que imune, mas os livros etc.

    Vetores axiolgicos protegidos neste dispositivo: protege-se

    - Liberdade de expresso;

    - Difuso do conhecimento;

    - Utilidade social do bem

    Interessante saber que o STF reconheceu a imunidade tributria sobre os impostos que incidiriam sobre a

    lista telefnica, justamente para proteger a utilidade social do bem, que um dos vetores axiolgicos protegidos

    por esta imunidade. Repare que a lista telefnica no entrou como livro, mas como peridico.

    Ser que o contedo das informaes tem alguma relao imunidade? Exemplo: ser que uma revista

    pornogrfica fica impedida de receber a imunidade tributria? Um livro, como por exemplo, Cama Sutra, deve

    receber a imunidade? Segundo o STF, o contedo da informao irrelevante, sendo que o que importa o

    vetor da liberdade de expresso, merecendo a imunidade.

    Como fica a questo do suporte material, isto , livros digitais, CD-ROM etc. Merecem imunidade?Pense:

    Ser que livro somente aquele feito de papel? A matria divergente, sendo que doutrina e a jurisprudncia

    oscilam quanto extenso da imunidade aos livros eletrnicos e sucedneos (como por exemplo: audiobook, E-

    book etc.). Assim:

    Segundo Roque Antnio Carrazza, a interpretao deve ser a mais ampla possvel, uma vez que o

    conceito de livro aberto e atemporal. Sabbag adota essa posio, pois entende que o conceito de livro

    deve ser aquele que atende ao propsito axiolgico de transmisso do conhecimento, sendo irrelevante o

    suporte material.

    Por outro lado, Ricardo Lbo Torres defende que no se pode saltar da cultura tipogrfica para a cultura

    eletrnica, afastando a extenso da imunidade.

    No plano jurisprudencial a controvrsia persiste. S que em fevereiro de 2010, o Min. Dias Toffoli, em

    deciso monocrtica, no RE 330.817, afastou a imunidade no caso de uma enciclopdia jurdica em formato de

    CD-ROM. Deve-se aguardar o julgamento definitivo.

    Peridicos

    Peridicos so as revistas ou semelhantes. J vimos que o primeiro peridico que tem imunidade a lista

    telefnica.

    Ademais, o lbum de figurinhas tambm possui imunidade de imposto, segundo o STF. Para a Min. Helen

    Gracie, os lbuns de figurinhas possuem expressiva qualidade cultural e valor pedaggico, no ato ldico de

    transmisso de conhecimento.

    Insumos

    O papel destinado impresso dos livros, peridicos etc. possuem imunidade. Isso fato. O problema quesurge que h outros insumos na fabricao de livros, como por exemplo: tinta para impresso, linha para

    amarrao da capa dos livros etc.

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    A doutrina sempre pleiteou uma interpretao ampliativa para o signo papel, previsto no art.150, VI, d,

    sob pena de esvaziar a norma.

    Os Tribunais, por sua vez, sempre oscilaram no tempo. Repare que h sumula do STF prevendo que

    haver imunidade em relao aos filmes e papeis fotogrficos destinados publicao de jornais e peridicos.

    Smula 657:A imunidade prevista no art. 150, VI, "d", da Constituio Federal

    abrange os filmes e papis fotogrficos necessrios publicao de jornais e

    peridicos.

    O Cespe vrias vezes perguntou se a tinta possua imunidade. os tribunais sempre entenderam que a

    tinta tinha tributao normal. Incidia o tributo sobre todos os outros tributos diferentes do papel.

    Ocorre que em abril de 2011, no RE 202.149, o STF en tendeu que importao de chapas offset para

    impresso de jornais tem direito imunidade tributria. Portanto, no julgamento perante o STF ficou empatado,

    sendo que o voto de desempate foi da Min. Carmen Lcia. Segundo ela, a referncia, no preceito, a papel,

    exemplificativa e no exaustiva. O conceito de papel deve ser ampliativo.

    04. JURISPRUDNCIA DO STF

    a) Listas telefnicas:

    EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTRIO. IMUNIDADE. LIVRO, JORNAL, PERIDICO EPAPEL DESTINADO A SUA IMPRESSO. EXTENSO S LISTAS TELEFNICAS.PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. Segundo orientao do Supremo TribunalFederal, a imunidade do livro, jornal, perodo e do papel destinado sua impresso aplicvels operaes com listas telefnicas. Agravo regimental ao qual se nega provimento. AI 663.747AgR/SP

    TRIBUTRIO. MUNICPIO DE SO PAULO. EXIGNCIA DE IMPOSTO SOBRE SERVIOS(ISS) SOBRE A EDITORAO, COMERCIALIZAO, PRODUO INDUSTRIAL EDISTRIBUIO DE LISTAS TELEFONICAS. INQUINADA OFENSA AO ART. 19, III, D, DACARTA DE 1969. Orientao jurisprudencial do STF, no sentido de que no esto excludos daimunidade constitucional as publicaes que cuidam de informaes genricas ou especificas,

    sem carter noticioso, discursivo, literrio, potico ou filosfico, mas de inegvel utilidadepblica, como e o caso das listas telefnicas. Recurso provido. RE 134.071/SP

    b) lbuns de figurinhas e respectivos cromos adesivos:

    EMENTA lbum de figurinha. Imunidade tributria. art. 150, VI, "d", da Constituio Federal.Precedentes da Suprema Corte. 1. Os lbuns de figurinhas e os respectivos cromos adesivosesto alcanados pela imunidade tributria prevista no artigo 150, VI, "d", da ConstituioFederal. 2. Recurso extraordinrio desprovido. RE 179893/SP

    c) Encartes de propaganda distribudos com jornais e peridicos:

    EMENTA: TRIBUTRIO. ENCARTES DE PROPAGANDA DISTRIBUDOS COM JORNAIS EPERIDICOS. ISS. ART. 150, VI, d, DA CONSTITUIO. Veculo publicitrio que, em face de

    sua natureza propagandstica, de exclusiva ndole comercial, no pode ser considerado comodestinado cultura e educao, razo pela qual no est abrangido pela imunidade deimpostos prevista no dispositivo constitucional sob referncia, a qual, ademais, no seestenderia, de qualquer forma, s empresas por eles responsveis, no que concerne rendabruta auferida pelo servio prestado e ao lucro lquido obtido. Recurso no conhecido. RE213094/ES

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    d) Filmes e papis fotogrficos necessrios publicao de jornais e peridicos:

    EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINRIO. IMUNIDADE.IMPOSTOS. LIVROS, JORNAIS E PERIDICOS. ART. 150, VI, "D", DA CONSTITUIO DOBRASIL. INSUMOS. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que agarantia constitucional da imunidade tributria inserta no art. 150, VI, "d", da Constituio do

    Brasil, estende-se, exclusivamentetratando-se de insumos destinados impresso de livros,jornais e peridicos a materiais que se mostrem assimilveis ao papel, abrangendo, emconsequncia, para esse efeito, os filmes e papis fotogrficos. Precedentes. Agravoregimental a que se nega provimento. RE 495.385 AgR/SP

    e) Tinta especial para jornal:

    EMENTA: Imposto de importao. Tinta especial para jornal. No-ocorrncia de imunidadetributria. Esta Corte j firmou o entendimento (a ttulo de exemplo, nos RREE 190.761,174.476, 203.859, 204.234 e 178.863) de que apenas os materiais relacionados com o papel -assim, papel fotogrfico, inclusive para fotocomposio por laser, filmes fotogrficos,

    sensibilizados, no impressionados, para imagens monocromticas e papel para telefoto -esto abrangidos pela imunidade tributria prevista no artigo 150, VI, "d", da Constituio. - Nocaso, trata-se de tinta para jornal, razo por que o acrdo recorrido, por ter esse insumo comoabrangido pela referida imunidade, e, portanto, imune ao imposto de importao, divergiu dajurisprudncia desta Corte. Recurso extraordinrio conhecido e provido. RE 273308 / SP

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    PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTRIOS

    01. PRINCPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRFICA OU UNIFORMIDADE TRIBUTRIA

    Art. 151. vedado Unio:I - instituir tributo que no seja uniforme em todo o territrio nacional ou que

    implique distino ou preferncia em relao a Estado, ao Distrito Federal ou a

    Municpio, em detrimento de outro, admitida a concesso de incentivos fiscais

    destinados a promover o equilbrio do desenvolvimento scio-econmico entre as

    diferentes regies do Pas;

    Os tributos federais devero ter a mesma alquota em todo o Brasil.

    E porque os tributos federais devem ter a mesma alquota em todo Brasil? Isso ocorre porque se est

    homenageando o Pacto Federativo, ou seja, a isonomia das entidades federativas.

    Caso concreto: IPI majorado por Decreto, devendo incidir o aumento apenas para as industrializaes doproduto no Estado do Paran. Neste caso, h um vcio quanto ao princpio da uniformidade geogrfica ou

    tributria.

    Repare que o princpio da uniformidade geogrfica somente vale para a Unio. Ou seja, aplica-se somente

    : IPI, IR, II, IE etc.

    Mas h exceo: a regra excepcionada pela promoo do equilbrio socioeconmico entre as diferentes

    regies do Pas. Exemplos: na dcada de 60, criou-se a zona franca de Manaus, criando-se incentivos para as

    pessoas mudarem para aquela regio.

    02. PRINCPIO DA VEDAO DAS ISENES HETERNOMAS

    Art . 151. vedado Unio:III- instituir isenes de tributos da competncia dos Estados, do Distrito Federal

    ou dos Municpios.

    Esse dispositivo muito cobrado em provas de concurso. Em provas, eles dizem que vedado Unio,

    Estados e Municpios instituir isenes de tributos de competncia alheia. Ento, cuidado, pois vedado somente

    Unio.

    Portanto, esse tributo veda que a Unio crie isenes de tributos de competncia alheia, como dos

    Estados, do DF e dos Municpios.

    A CF/67 permitia a iseno heternoma, mas a CF/88 probe. Isso j foi objeto da prova do Cespe, na

    magistratura Federal.

    E porque a expresso heternoma? O poder de isentar correlato ao poder de criar. Ento, o ente que

    tem o poder de criar o tributo, tem poder de isentar os tributos. Assim, A Unio cria tributo e isenta o seu prprio

    tributo. O mesmo acontece com os Estados, com o Municpio e com o DF, com o detalhe que o DF pode isentar

    tributos municipais e estaduais. Portanto, a regra no Brasil que haja isenes autonmicas.

    Existe exceo ao princpio da vedao das isenes heternomas?Sim, existem excees. Sabbag citacomo exemplo de exceo ao princpio da vedao de iseno heternoma a regra prevista no art.156, 3, II, da

    CF. Por esta regra, a CF admite que a Unio, por meio de Lei Complementar (LC 116/2003), poder isentar o ISS

    nas exportaes de servios para o exterior. Essa a posio do Sabbag, mas a matria extremamente

    controversa.

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    Art . 156, 3. Em relao ao imposto previsto no inciso III (ISS) do caput desteartigo, cabe lei complementar:II- excluir da sua incidncia exportaes de servios para o exterior.

    Ateno:Ser qu e trat ado in tern acio nal po de c riar i seno?

    O tratado internacional pode, sim, isentar tributos no federais, sem violar o art. 151, III, da CF. Para o

    Supremo Tribunal Federal, no RE 229.096 (de 2007), o Presidente da Republica no subscreve tratados como

    Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existncia de uma iseno heternoma,vedada pelo art.151, III, da CF.

    Entenda que, quando a Unio celebra o tratado, ela a pessoa poltica internacional, na defesa dos

    interesses soberanos da Nao (e no a Unio como ente poltica, que impedida de fazer a iseno

    heternoma).

    Todos os princpios previstos no art. 150 tratam de todos os Entes Polticos: Unio, Estados, DF e

    Municpios. J o art. 151 trata somente da Unio. Passemos agora ao estudo do art.150 da CF.

    03. PRINCPIO DA LIBERDADE AO TRFEGO DE PESSOAS E BENSEste princpio tambm chamado de princpio da ilimitabilidade do trfego de pessoas e bens. Tem

    previso no art. 150, V, da CF:

    Art . 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

    V - estabelecer limitaes ao trfego de pessoas ou bens, por meio de tributos

    interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrana de pedgio pela

    utilizao de vias conservadas pelo Poder Pblico;

    A intermunicipalidade e a interestadualidade no pode servir como fato gerador de tributo. Portanto, a

    simples transposio do limite do municpio ou de divisa do estado, no podem ser fatos geradores de tributos.

    Esse princpio decorre do direito fundamental da liberdade de ir e vir.

    Mas quando uma carreta transporta mercadoria, porque ela tem que parar no posto fiscal e pagar

    eventualmente ICMS quando este no foi devidamente recolhido? Ou porque quando eu viajo de uma estrada

    para outra, tenho que pagar o pedgio?

    Dicas para responder essas questes:

    a) quando se exige o ICMS, no se cogita de violao desse princpio, pois o fato gerador desse imposto

    no a intermunicipalidade e nem a interestadualidade. O FG do ICMS a circulao de mercadorias e aprestao de servio interestadual e intermunicipal.

    b) Da mesma forma, a cobrana do pedgio no viola o princpio da liberdade de trfego, uma vez que o

    pagamento dele liga-se conservao da via, e no intermunicipalidade e nem a interestadualidade. Basta ler a

    parte final do inciso V, do art. 150, da CF.

    04. PRINCPIO DA VEDAO AO CONFISCO

    Art . 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado

    Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

    IV -utilizar tributo com efeito de confisco;

    O que se probe no o confisco, mas sim, o efeito confiscatrio do tributo.

    O efeito confiscatrio do tributo aquele cuja carga tributria desproporcional, excessiva, escorchante.

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    Como se aferir o efeito confiscatrio do tributo no Brasil? Deve ser aferido individualmente, no caso

    concreto, com anlise casustica (caso a caso).

    Obs. Carga tributria um conceito relacional, ou seja, ela se quantifica com relao ao PIB. Vale dizer

    que, por exemplo, 38% de carga tributria (que o estimado no Brasil) equivalem ao seguinte: 38% do que o Pas

    produz transforma-se em tributo, devendo retornar coletividade.

    O STF j considerou o confisco a partir da anlise da globalidade da carga tributria (carga tributria

    global), o que de todo relevante para nosso Pas. (ADI 2.010, de 1999).

    Aplica-se o princpio da vedao ao confisco s multas excessivas? O STF entende que sim, e o faz

    desde a dcada de 60. Assim, a Suprema Corte estendeu o princpio tributrio uma realidade diversa do tributo

    (as multas), em homenagem ao direito de propriedade (art. 5, XXII) e liberdade empresarial (Art.5, XIII). Alm

    disso, aquela corte sempre mencionou nos julgados os critrios de razoabilidade e proporcionalidade que devem

    ser bem perseguidos pelo Estado (ADI 1.075 e 551).

    05. PRINCPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTRIA

    Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado

    Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios

    III- cobrar tributos:a)em relao a fatos geradores ocorridos antes do incio da vigncia da lei que os

    houver institudo ou aumentado.

    Art. 144, do CTN:O lanamento reporta-se data da ocorrncia do fato gerador

    da obrigao e rege-se pela lei ento vigente, ainda que posteriormente

    modificada ou revogada.

    Por este princpio, probe-se a retroatividade (retroao) da lei tributria. Como se sabe, a lei deve viger

    sempre para frente, no podendo ter vigncia retrospectiva, sob pena de ferir o ato jurdico perfeito, o direito

    adquirido e a coisa julgada (art. 5, XXXVI, da CF).

    Perceba que o art.5, XXXVI, da CF trata de disposio genrica. J o art. 150, III, a, trata de

    irretroatividade tributria.

    Ento, a lei tributria somente poder atingir fatos geradores que lhes so supervenientes.

    Consequentemente, s se pode cobrar o tributo com relao a fatos geradores ocorridos aps a vigncia da lei,

    que tiver criado ou aumento este tributo.

    Em regra, as leis tributrias tm publicao e vigncia na mesma data. Mas a eficcia, conforme ser visto

    no principio da anterioridade, ser adiada.

    Exemplo de vcio: Lei publicada em 28.05.12, atingindo-se fatos geradores a partir de 01.01.12. Repare

    que essa lei est retroagindo para atingir fatos geradores anteriores sua publicao. Portanto, fere o princpio da

    irretroatividade da lei tributria.

    06. PRINCPIO DA LEGALIDADE

    O princpio da legalidade tem previso legal no art. 150, I, da CF, bem como seu detalhamento no art. 97

    do CTN.Todo tributo deve ser criado e modificado por lei. Essa afirmao que aparentemente simples, envolve

    detalhes importantes.

    O primeiro ponto importante entender o significa criar ou modificar tributo? E mais. O tributo deve ser

    criado ou modificado por lei. Mas que tipo de lei? Ser que Medida Provisria pode criar tributo?

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    6.1. Instituio e modificao de tributo

    Dizer que o tributo deve ser criado e modificado por lei significa dizer que todos os elementos do tributo

    devem estar previstos em lei, de forma exaustiva (ou seja, no pode faltar nada no tributo).

    Os elementos do tributo esto definidos no art. 97 do CTN. Ento, para se criar um tributo, a lei deve

    prever:

    Fato gerador

    Base de clculo

    Alquotas

    Sujeito passivo (aquele que paga o tributo) e ativo (aquele que exige o tributo)

    Pelo princpio da taxatividade ou tipicidade cerrada: o tributo deve estar detalhado na lei sem que haja

    margem para lacunas, isto , todos os elementos do tributo devem estar exaustivamente previstos em lei.

    Penalidade: O art. 97 do CTN tambm diz que a lei ser responsvel pelo estabelecimento de

    penalidades do no pagamento do tributo. Mas ateno: a penalidade (multa) no elemento do tributo. Ela

    resultante do no cumprimento da norma tributria; assim, como se trata de um dever patrimonial,necessariamente a penalidade dever estar prevista em lei.

    6.1.1. Destaques relevantes do tema na jurisprudncia

    a) Prazo de pagamento do tributo

    Imagine o seguinte caso: O ICMS tinha como prazo de pagamento todo dia 15 do ms. Sobrevm um

    Decreto que altera o prazo de pagamento para todo dia 05 do ms, antecipando a data de vencimento do tributo.

    O decreto poderia fazer isso? Este decreto constitucional?

    Ser que estabelecer data de vencimento equivale a criao ou modificao do tributo? Criao oumodificao do tributo equivale alterar os elementos do tributo, que esto previstos no art. 97 do CTN (FG, BC, AL

    e SUJ). Sendo assim, a jurisprudncia (STF) entendeu que neste caso especfico, a lei desnecessria, j que o

    prazo de pagamento no elemento do tributo. Portanto, o Decreto constitucional. (RE 203.684, STF).

    Essa questo do Decreto poder aparecer em provas tanto questionando sobre a legalidade quanto a

    anterioridade. Em ambos os casos, o decreto no preciso observar nenhum dos dois princpios, j que no se

    trata de criao ou majorao do tributo.

    b) Atualizao da base de clculo

    Quando se fala em base de clculo, est se falando sobre o valor sobre o qual incidir a alquota dotributo. Exemplo: Qual a base de calculo do IPTU? o valor venal do imvel.

    O art. 97, 1 diz que, se houver a modificao da base de clculo resultando em tributo mais oneroso, a

    consequncia ser a majorao do tributo, sendo que, nesse aspecto, dever haver a observncia do princpio da

    legalidade.

    Art. 97, 1Equipara-se majorao do tributo a modificao da sua base declculo, que importe em torn-lo mais oneroso.

    O 1 primeiro deve ser confrontado com o 2, que diz que existe um caso de modificao da Base declculo, que torna o tributo mais oneroso, porm, no equivale majorao. Nesse caso, portanto, no necessrio observar a legalidade. Que situao essa? a atualizao monetria da base de clculo:

    2 No constitui majorao de tributo, para os fins do disposto no inciso II desteartigo, a atualizao do valor monetrio da respectiva base de clculo.

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    Exemplo: base de clculo do IPTU o valor venal. Entretanto, se o valor do IPTU estiver desvalorizado,poder o municpio atualizar a base de clculo, procedendo a atualizao monetria. Se fizer isso, poder seratravs por decreto, sendo que este no implica em desrespeitar a legalidade, ainda que o tributo fique maisoneroso

    Para atualizao monetria deve-se buscar os ndices oficiais, entendendo-se que haver recomposioda moeda.

    Smula 160/STJ: defeso, ao Municpio, atualizar o IPTU, mediante decreto, em

    percentual superior ao ndice oficial de correo monetria.

    6.2. Lei competente para criar ou modificar o tributo

    A regra para criao e modificao do tributo alei o rd inria.

    A lei complementar, excepcionalmente, poder ser utilizada para criar alguns tributos, mas somente em

    alguns casos bem especficos, que sero vistos adiante.

    Ademais, os tributos podem ser criados atravs de outros instrumentos normativos que tenham fora de lei

    ordinria. So eles: a med ida pro vis ria (art. 62, CF) elei d elegada (art. 68, CF). Em ambos os casos, tanto a

    MP, quanto a Lei delegada, podem criar ou modificar tributos. E por qu? O motivo simples: no existe vedaoespecfica nesse sentido, isto , a CF no probe expressamente a MP ou a LD de criarem tributos. Outro motivo

    que elas possuem fora de lei ordinria.

    Se elas possuem fora de lei ordinria, pressupe que podem criar ou modificar tributos que tenham sido

    criados por lei ordinria.

    6.2.1. Criao e/ou modificao de tributos por lei complementar

    Podero ser criados atravs de lei complementar:

    a) Imposto s obre grandes for tunas(art. 153, VII, da CF)

    b) Emprstim os compu lsrio s(art. 148 da CF)

    c) Impo sto s e co ntr ibu ies da seg uri dad e soc ial RESIDUAIS da Un io

    Repare que os impostos residuais devem ser criados pela LC. No mbito da competncia tributria (poder

    de tributar), existe uma competncia ordinria e uma competncia residual.

    Em relao aos impostos, a competncia ordinria est prevista no art. 153 da CF. Por este dispositivo,

    temos todos os impostos de competncia da Unio, que so: II, IE, IOF, IPI, IGF, IR e ITR. J em relao aos

    impostos de competncia ordinria para as contribuies da seguridade social, a CF prev o rol no art. 195, comopor exemplo: impostos sobre salrios, sobre lucros, sobre faturamento, sobre receita etc.

    Em relao competncia ordinria, todos estes impostos podem ser criados por lei ordinria, por medida

    provisria e por lei delegada.

    S que pode acontecer de a Unio reparar para esse rol do art. 153 e do 195 e encontrar uma lacuna,

    sobre um objeto que poderia ter sido estipulado mas at hoje no foi. Se ela perceber isso, poder criar este

    imposto residual, com fato gerador ainda no criado pela Unio. O grande detalhe que somente a Unio possui

    competncia residual para criao de impostos e contribuies da seguridade social. Ento, pensando nisso a CF

    trata dos impostos residuais da Unio no art. 154, I, da CF, bem como no art.195, 4 da CF.

    Ocorre que, nos casos de impostos residuais, a CF prev que a criao dever se dar atravs de leicomplementar e no atravs de lei ordinria. O motivo porque como estes impostos no so ordinrios,

    necessrio que seja criada atravs de processo legislativo mais elaborado, isto , atravs de LC.

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    Tratamento do art. 146, III, da CF

    O art. 146, III, da CF um dispositivo que regula o papel da lei complementar em matria tributaria.

    Art . 146. Cabe lei complementar:III- estabelecer normas gerais em matria de legislao tributria, especialmentesobre: ( o CTN)a)definio de tributos e de suas espcies, bem como, em relao aos impostos

    discriminados nesta Constituio, a dos respectivos fatos geradores, bases declculo e contribuintes;b)obrigao, lanamento, crdito, prescrio e decadncia tributrios;c)adequado tratamento tributrio ao ato cooperativo praticado pelas sociedadescooperativas. (Ateno: caiu em concurso)d) definio de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas epara as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificadosno caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuies previstas no art. 195,I e 12 e 13, e da contribuio a que se refere o art. 239. ( o SIMPLES)

    Segundo se infere do art. 146, III, da CF, a Lei complementar estabelecera normas gerais em matria

    tributaria. Normas gerais devem ser entendidas aquelas normas nacionais, ou seja, que so validas tanto paraUnio, Estados, DF e Municpios.

    O objetivo de ter essas normas gerais promover uma uniformizao do direito tributrio, garantindo o

    mnimo de uniformidade no direito tributrio aplicvel no pas.

    Ento, essas normas gerais previstas em lei complementar devero prever:

    a a definio do que seja tributo e suas espcies. O tributo deve ser igual em todos os lugares. O

    imposto deve ser o mesmo, tanto no norte, quanto no sul, quanto no nordeste. Quem faz isso, no direito tributrio

    brasileiro? O CTN. O Cdigo Tributrio Nacional, que possui fora de lei complementar, quem tem o papel de

    uniformizar a matria tributria no Brasil, prevendo o que seja tributo em todo territrio nacional.

    Continuando, a alnea a ainda vai dizer que, em relao aos impostos discriminados na CF, haver

    definio dos fatos geradores, bases de clculo e contribuintes. Repare que a CF discrimina impostos para todos

    os entes da Federao. Assim, os impostos da Unio esto todos previstos no art. 153 da CF. J os impostos dos

    estados esto previstos no art. 155 da CF. Por fim, os impostos dos Municpios e do DF esto todos previstos no

    art. 156, da CF.

    O grande detalhe que, a LC no tem que criar esses impostos. O que a LC faz uniformizar todos esses

    impostos. Exemplo: ela diz assim: o ICMS, que o imposto que incide sobre a circulao de bens e mercadorias,

    ser cobrado em todo o territrio nacional, sendo que o Fato gerador, a base de clculo, os sujeitos devem ser o

    mesmo em todo pas, independentemente de qual estado do pas voc estiver. justamente isso que o CTN faz.

    Ele faz previso genrica, do que seja o imposto e tudo que deve dele constar, para ser cobrado uniformemente

    em todo pas.

    Pode acontecer que existir um imposto que no tem previso da norma geral prevendo a base de clculo,

    fato gerador, sujeitos etc. o que acontece no Brasil hoje com o IPVA. Ser que se no existe uma Lei

    complementar que cria a uniformizao, no podem os estados criarem o IPVA? Essa questo foi levada ao STF.

    O Supremo entendeu que, neste caso, como h omisso legislativa da Unio, os Estados exercem competncia

    legislativa plena (art. 24, 3, da CF). Neste sentido, AGr. no AI, 176.777, STF.

    Contribuies e lei complementarAs contribuies, em regra, sero criadas por lei ordinria (bem como pode ser por medida provisria e lei

    delegada).

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    Todo mundo fica com medo, achando que deve ser criada por lei complementar, mas no! Somente as

    contribuies residuais devem ser cridas por LC (art. 195, 4 da CF). A regra que sejam criadas por lei

    ordinria.

    O debat e em tor no da COFINS, que a con trib uio para o f inan ciam ento da seguri dad e soc ial

    A COFINS foi criada pela LC 70/91, vindo sofre modificaes posteriores por lei ordinria (Leis 9718/98 e

    9430/96). Repare: a COFINS LC que foi alterada por lei ordinria. Pergunta: essas alteraes so

    constitucionais? Isso no fere o princpio da hierarquia das leis? O STF entendeu que no fere o princpio das leis,

    j que este princpio sequer existe. Isso porque, o tema tratado no gira em torno da hierarquia das leis, mas sim,

    sobre a competncia tributria. Como assim?

    Segundo o STF, a LC no superior LO. O que acontece que a LC possui um mbito de aplicao

    distinto da LO, servindo para matrias especficas. Sendo assim, o fato de haver LC isoladamente considerada

    no implica em dizer que ela no poder ser alterada por lei ordinria. Assim, se esta LC tratar de matria de LO,

    a LC ser materialmente ordinria (pouco importando a forma; o que interessa, na verdade, o contedo).

    Portanto, a LC 70/91 uma lei formalmente complementar, porm, materialmente ordinria, que pode ser

    modificada por lei ordinria. E porque ela lei materialmente ordinria? simples: a criao de contribuies,como regra, deve ser feita atravs de lei ordinria. Ento, mesmo que o legislador tenha sido cauteloso e criado a

    COFINS por LC, ela poder ser alterada por lei ordinria ou instrumento com fora de lei ordinria (MP e LD).

    6.3. Excees ao princpio da legalidade

    Temos dois grandes blocos: a) alteraes de alquotas e; b) definio de alquotas.

    a) Bloco de excees com alteraes de alquotas.

    Neste caso, j existe lei prevendo as alquotas. As excees legalidade esto previstas no art. 153, 1,

    da CF, que trata dos impostos extrafiscais, que so aqueles que tm por objetivo intervir na economia. So eles:

    Imposto de importao (II);

    Impostos de exportao (IE);

    Imposto sobre produtos industrializados (IPI); e

    Impostos sobre operaes financeiras (IOF).

    Ademais, temos ainda o art. 177, 4, I, b da CF, que trata da CIDE Combustveis.

    Em todos estes casos, a alterao da alquota poder ser por decreto.

    b) Bloco de excees com definio de alquotas

    O ICMS - Combustveis ter suas alquotas criadas por um convnio. Este convnio uma deliberao

    estabelecida entre os Estados e o DF, realizada no mbito do poder Executivo. Art. 155, 4, IV, da CF.

    Art. 155, 4, IV - as alquotas do imposto sero definidas mediante deliberaodos Estados e Distrito Federal, nos termos do 2, XII, g, observando-se oseguinte:a) sero uniformes em todo o territrio nacional, podendo ser diferenciadas porproduto;b)podero ser especficas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem,incidindo sobre o valor da operao ou sobre o preo que o produto ou seu similaralcanaria em uma venda em condies de livre concorrncia;c) podero ser reduzidas e restabelecidas, no se lhes aplicando o disposto noart. 150, III, b

    O caso do ICMSCombustveis uma exceo da legalidade pois a prpria alquota do tributo feita por

    convnio e no por lei.

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    07. PRINCPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI TRIBUTRIA

    O princpio da anterioridade uma verdadeira vacatio legis especfica para a lei tributria. Trata -se de

    um prazo em que h uma publicao da lei tributria, porm, a sua vigncia fica postergada para momento

    posterior. O perodo que corresponde entre a publicao e a vigncia seria o perodo da anterioridade.

    A previso legal da anterioridade est basicamente prevista em dois dispositivos na CF. So eles:

    a) Art. 150, III, b e c tratam da regra geral.

    b) Art. 195, 6, - trata de regra especfica.

    Vamos comear pela anlise da regra especfica, j que esta regra inspirou a regra geral.

    7.1. ANTERIORIDADE NONAGESIMAL ou MITIGADA (art. 195, 6, da CF)

    6 - As contribuies sociais de que trata este artigo s podero ser exigidas

    aps decorridos noventa dias da data da publicao da lei que as houver institudo

    ou modificado, no se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

    O 6, do art. 195, da CF se aplica s contribuies do financiamento da seguridade social, previstas no

    mesmo art. 195. Segundo este dispositivo constitucional, entre a data da publicao da lei e a data em que a lei

    passar a viger, dever haver um intervalo de 90 dias. Somente a partir desses 90 dias, a norma passar a ter

    efeitos.

    O prazo de 90 dias contado de forma corrida. Neste caso, no preciso esperar o prximo exerccio

    financeiro, podendo ser cobrado no mesmo exerccio. Portanto, a lei dever esperar 90 dias corridos, a partir da

    sua publicao, para s ento gerar efeitos.

    Observao: Antigamente havia dvida sobre a CPMF. Este tributo, quando existia, foi prorrogado pordiversas vezes. A dvida que surgiu era: ser que, cada vez que fosse prorrogada a CPMF, deveria se respeitar o

    princpio da anterioridade nonagesimal? O STF, na ADI 2.666, entendeu que o prazo de anterioridade neste caso,

    no deve ser observado. Isso porque a prorrogao diferente de criao ou majorao de tributo. Portanto, no

    h que se falar em observncia da anterioridade no caso de prorrogao da CPMF.

    Recentemente, no STF, discutiu-se no RE 587.008, com repercusso geral reconhecida (em fevereiro de

    2011), que a prorrogao diferente de criao ou majorao, sendo que nesses casos, no h observncia da

    anterioridade. Portanto, o STF manteve sua posio.

    Este entendimento do STF vale tanto para a anterioridade nonagesimal (art. 195, 6, CF), bem como

    para a anterioridade geral, prevista no art. 150, III, b e c. (RE 584.100).

    Porque alguns autores costumam chamar essa anterioridade de anterioridade mitigada? Isso porque,

    eles comparam com a regra geral do art. 150, III, b e c. Neste caso, a regra geral prev que o tributo somente

    comear a produzir efeitos no exerccio financeiro seguinte. J no caso da anterioridade nonagesimal, no

    preciso esperar o exerccio financeiro seguinte, bastando aguardar o perodo de 90 dias. Com isso, percebe-se

    que o entendimento doutrinrio que, a anterioridade geral mitigada em relao regra geral.

    7.2. ANTERIORIDADE GERAL (Art. 150, III, b e c, da CF)

    Essa regra geral foi modificada pela EC 42/2003, tendo inserido a alnea c.

    Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:III- cobrar tributos:

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    b)no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiuou aumentou;c)antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei queos instituiu ou aumentou, observado o disposto na alnea b;

    Antes da EC 42/03

    Antes da EC 42/03, somente existia a alnea a e b. Esta alnea b estabelecia que, se uma lei tributaria

    fosse criada ou majorada, somente poderia produzir efeitos a partir do primeiro dia do exerccio financeiroseguinte, isto , somente produziria efeitos a partir do primeiro dia de janeiro do ano posterior ao qual ela foi

    criada. Ex: se a lei foi criada em maro de 2000, ele somente passaria a ter eficcia em 01.01.2001.

    A anterioridade gera, em tese, uma segurana jurdica para os contribuintes, j que ele podem se

    programar para comear a pagar o tributo no prximo exerccio financeiro. Ela tambm mais favorvel do que a

    anterioridade mitigada, j que neste caso, ela deve aguardar apenas 90 dias para gerar efeito, independentemente

    de ser no mesmo exerccio financeiro ou no.

    Ocorre que na prtica, as leis tributrias acabavam sendo aprovadas no final do ano, sendo que j

    passariam a ter vigncia no exerccio seguinte. Isso implicaria em dizer que, o prazo de anterioridade seriamnimo, de poucos dias. Inclusive, houve um caso emblemtico de uma lei que foi publicada em 31 de dezembro,

    passando a ter vigncia no dia seguinte, ou seja, 1 de janeiro. Por este motivo, o constituinte foi obrigado a criar

    a EC 42/03, acrescentando a alnea c do art. 150, III, da CF.

    Depois da EC 42/03

    A redao atual do art. 150, III, da CF passou a ter agora 3 alneas, tendo includo a alnea c, com a

    seguinte redao:

    c)antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que

    os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alnea b

    O que essa alnea quer dizer? Que os tributos no podem ser cobrados antes de decorrido 90 dias da data

    em que foram publicados, desde que respeitada a anterioridade anual.

    Portanto hoje temos a anterioridade do exerccio seguinte conjugada com a anterioridade de 90 dias.

    Exemplo: imagine uma lei criada em 20.05.2009. Neste caso, ela deve respeitar o prazo de anterioridade

    do exerccio seguinte (alnea b), ou seja, somente ter vigncia a partir do prximo ano. Somado-se isso,

    consoante se extrai da alnea c, alm da anterioridade do exerccio seguinte, essa lei dever ainda respeitar o

    perodo de 90 dias da data em que haja sido publicada a lei.

    Portanto, neste exemplo, como a lei foi publicada em 20.05.2009, ela poder ser cobrada em 1 de janeiro

    de 2010, j que alm de respeitar a anterioridade do ano seguinte, ela aguardar tambm o perodo de 90 dias dadata da publicao da lei.

    Vamos a outro exemplo: lei publicada em 20.12.2009. Neste caso, a lei deve respeitar o prazo de

    anterioridade do exerccio seguinte, devendo ser cobrada em 2010. Entretanto, deve respeitar o prazo de 90 dias.

    Portanto, ela somente poder ser exigida a partir do dia 20.03.2010.

    Conc luind o, temos que a lei pod er prod uzir efeitos apenas no exerccio seguin te e, entre a data da

    pu bl ic ao e a d ata d e p ro duo de efeit os dev e haver , no mnimo, 90 di as.

    7.2.1. Excees ao princpio da anterioridade tributria

    Vamos analisar algumas excees ao art. 150, III, b e c, da CF.

    a) Situaes de exigncia imediata

    So casos em que no se aplica nada de anterioridade. A lei publicada e j cobrada no dia seguinte.

    So os seguintes casos:

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    - Imposto Extraordinrio de Guerra so impostos criados pela Unio no caso de guerra externa ou sua

    iminncia. Neste caso, como a Unio precisa de dinheiro rpido, no precisa aguardar a anterioridade.

    - Emprstimos compulsrios decorrentes de guerra ou calamidades pblicas. Tambm tem a mesma

    finalidade do IEG.

    - Por fim, so excees anterioridade tributria os impostos extrafiscais, que so aqueles que tm por

    objetivo intervir na economia. So eles: II, IE e IOF.

    b) Situaes de exigncia aps 90 dias

    Neste caso, preciso apenas observar o perodo de 90 dias de anterioridade para o imposto passar a ter

    eficcia. So os seguintes tributos:

    - IPIApesar de ser um tributo extrafiscal, ele dever aguardar o perodo de 90 dias.

    - ICMS-Combustveis e a CIDE-Combustveis.

    - Contribuies para a Seguridade Social (art. 195, 6, da CF). Aqui o fundamento outro, que no o art.

    150, III, mas em todo caso, deve respeitar tambm o perodo de 90 dias para serem cobradas.

    c) Situaes apenas no exerccio seguinte

    So casos em que o tributo apenas poder ser cobrado no exerccio seguinte:

    - IRo imposto de renda poder ser cobrado no exerccio financeiro seguinte, no precisando aguardar o

    perodo de 90 dias.

    - Base de clculo do IPTU e do IPVA

    Excees anterioridade Tributria

    Situaes de exigncia imediata Situaes apenas aps 90 dias. Situaes apenas no exerccio

    seguinte

    IEG IPI IR

    Emp. Compul. Calamid. Pblica. ICMS-Combustveis Base de clculo do IPTU

    II CIDE Combustveis Base de clculo do IPVA.

    IE Contribuies p/ Seguridade Social

    IOF

    7.3. Observaes importantes sobre o princpio da anterioridade

    a) Anterioridade Vs. Anualidade

    O princpio da anualidade no existe mais na CF/88. Segundo este princpio, o tributo somente poderia ser

    exigido se estivesse previsto na lei oramentria. Essa exigncia no tem lugar na CF/88. O nico critrio temporal

    para a exigncia de tributos o princpio da anterioridade.

    b) Anterioridade e medidas provisrias

    A medida provisria pode criar ou majorar tributo, mas ela possui prazo de validade inicial de 60 dias,

    prorrogveis por mais 60 dias, para se converter em lei.

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    Pode acontecer de existir uma MP criada em 20.10.2010. Ao trmino do prazo de 60 dias (20.12.10), ela

    prorrogada, tendo seu prazo final em 20.02.11. Neste caso, qual o termo inicial do princpio da anterioridade?

    Ser que se conta a partir da data da publicao da MP ou da data de publicao da lei?

    Segundo a doutrina, para impostos deve-se contar da data da converso da MP em lei. Isso com

    fundamento no art. 62, 2 da CF:

    2Medida provisria que implique instituio ou majorao de impostos, exceto

    os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, s produzir efeitos no exerccio

    financeiro seguinte se houver sido convertida em lei at o ltimo dia daquele em

    que foi editada

    Para as demais espcies tributrias, o correto contar da data de publicao da medida provisria. Essa

    regra acaba servindo para as hipteses de contribuies.

    Exemplo: aumento da COFINS por MP. A publicao da MP foi em 20.05.2010. Decorridos 60 dias,

    prorroga-se por mais 60 dias. Em 20.08.2010, haver incidncia da COFINS majorada. Se essa MP no for

    convertida em lei, ser que aqueles que recolheram o tributo podero pedir restituio? No, pois pagou-se

    quando a medida provisria estava vlida.

    c) Anterioridade e revogao de iseno

    Pense no seguinte caso: existe uma lei prevendo a iseno de pagamento de um determinado tributo,

    sendo que essa lei revogada. Portanto, o tributo passa a ser exigido. Essa lei que revoga a iseno deve

    observar o princpio da anterioridade?

    Segundo o STF, no se deve observar a anterioridade. Isso porque, a revogao de iseno diferente de

    criao ou majorao de um tributo. Portanto, aps a revogao, a cobrana imediata.

    Somente existem dois casos em que a anterioridade deve ser observada, especificamente a anterioridade

    do exerccio seguinte: so os casos do art. 104, III do CTN. So situaes de revogao de iseno sobre o

    patrimnio ou a renda (IPTU, IPVA, IR etc.). Neste caso, deve-se respeitar sim a anterioridade.

    Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exerccio seguinte quele em queocorra a sua publicao os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre opatrimnio ou a renda:III- que extinguem ou reduzem isenes, salvo se a lei dispuser de maneira maisfavorvel ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.

    08. PRINCPIO DA ISONOMIA TRIBUTRIA(art. 5, cap ut , c.c. 150, II, da CF)

    Todos aqueles que realizarem o fato gerador sero considerados sujeitos passivos da obrigao tributria.

    Assim, segundo a CF, vedado instituir distino entre contribuintes que esto em situao equivalente.

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas ainviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes.

    Art. 150.Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado

    Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:II- instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situaoequivalente, proibida qualquer distino em razo de ocupao profissional oufuno por eles exercida, independentemente da denominao jurdica dosrendimentos, ttulos ou direitos;

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    Se proibido haver distino entre contribuintes que esto em situaes equivalentes, percebe-se que,

    por outro lado, deve existir tratamento equivalente (isonmico) em situaes equivalentes. Por sua vez, se houver

    contribuintes em situao de desigualdade, dever haver tratamento desigual.

    a consagrao da famosa frase: Igualdade para os iguais e desigualdade para os desiguais.

    Para Ricardo Lbo Torres, o dispositivo (parte final), vem coibir a concesso de pr iv ilgios od io so s,

    evitando que a tributao ocorra em funo de cargo ocupado ou funo exercida.

    O importante, assim, a interpretao objetiva do fato gerador, desconsiderando-se quaisquer aspectos

    externos a ele, como por exemplo: incapacidade civil, ilicitude do ato etc.

    Ademais, a definio legal do Fato Gerador interpretada abstraindo-se da validade jurdica dos atos e

    dos efeitos dos fatos ocorridos (art. 118 do CTN)

    Art. 118.A definio legal do fato gerador interpretada abstra indo-se:

    I - da validade jurdica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes,responsveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seusefeitos;II- dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.

    Esse comando entrou em nossa legislao a partir da adoo de uma idia que vem do direito aliengena

    (Frana, Alemanha e Itlia). Trata-se do prin cpio do no n o let. Na poca de Roma, o imperador Vespasiano

    entabulou um dilogo clebre com seu filho Tito, acerca da tributao sobre a utilizao de banheiros pblicos, do

    qual se extraiu a vetusta idia de que pecunia non olet (tributo no tem cheiro).

    Nessa medida, a renda oriunda do ilcito (ex. jogo do bicho, trfico de drogas, lenocnio etc.) dever ser

    alcanada pela tributao, uma vez que a hiptese de incidncia do tributo (auferir renda) jamais ser

    contaminada pela ilicitude.

    Exemplo: o menor ter capacidade tributria (a incapacidade civil irrelevante)art. 126, I.

    Outro exemplo ser daquele que tem obstado o seu exerccio de atividade profissional (habilitao

    cassadaainda assim ter que recolher os impostos) - art. 126 II.

    Por fim, aquele vendedor ambulante, que no est regularmente constitudo, tambm ter capacidade

    tributria passiva. Ex. Vendedor ambulante, alm de no pagar o imposto, quando a receita o pega, deve pagar

    tributo e multaArt. 126, III.

    Art. 126.A capacidade tributria passiva independe:I- da capacidade civil das pessoas naturais;II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privao oulimitao do exerccio de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou daadministrao direta de seus bens ou negcios;III - de estar a pessoa jurdica regularmente constituda, bastando que configure

    uma unidade econmica ou profissional.

    Para bem entender a isonomia tributria, necessria a leitura do art. 145, 1 da CF (Pri ncpi o d a

    capacidade contr ibut iva) :

    1-Sempre que possvel, os impostos tero carter pessoal e sero graduados

    segundo a capacidade econmica do contribuinte, facultado administrao

    tributria, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar,

    respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimnio, os

    rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte.

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    Segundo o princpio da capacidade contributiva, sempre que possvel os impostos tero carter pessoal e

    sero graduados segundo a capacidade econmica de cada um. Ento, a idia do dispositivo tratar

    desigualmente aqueles que so desiguais.

    Observe que o princpio da capacidade contributiva se refere a impostos, salientando-se, que a CF/46

    fazia meno a tributos. O STF vem aplicando o princpio outras espcies tributrias (taxas, por exemplo).

    A expresso Sempre que possvel (...) indica que o princpio ser aplicado de acordo com a

    potencialidade tcnica de cada imposto. Ex: IR, IPTU, ICMS, IPI etc.

    O princpio da capacidade contributiva ser concretizado a partir de tcnicas de incidncia de alquotas,

    tais como: progressividade, seletividade etc.

    Progressividade: alquotas variveis. Existem 03 impostos progressivos no Brasil:

    a) IR (art. 153, 2, I);

    2 - O imposto previsto no inciso III (IR): I - ser informado pelos critrios da

    generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;

    b) IPTU (art. 182, 4, II c/c art. 156, 1, I e II):

    4 - facultado ao Poder Pblico municipal, mediante lei especfica para reaincluda no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietrio do solourbano no edificado, subutilizado ou no utilizado, que promova seu adequadoaproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:II- imposto sobre a propriedadepredial e territorial urbana progressivo no tempo; 1 Sem prejuzo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, 4,inciso II, o imposto previsto no inciso I poder: I ser progressivo em razo do

    valor do imvel; e

    c) ITR (art. 153, 4, I, da CF)

    4O imposto previsto no inciso VI (ITR) do caput:I - ser progressivo e ter suas alquotas fixadas de forma a desestimular a

    manuteno de propriedades improdutivas

    Seletividade: uma tcnica de incidncia de alquotas que variam na razo inversa da essencialidade do

    bem. Quanto mais essencial o bem, menor ser o imposto seletivo. Exemplo: cesta bsica como os tributos so

    essenciais, os impostos destes produtos so menores.

    Razo direta superfluidade do bem. Exemplo: cosmticos. Para o legislador, trata-se de bens no

    essenciais, motivo pelo qual tem tributao elevada.

    Razo diretanocividade. Exemplo: bebida alcolica e cigarros.

    Quais so os dois impostos seletivos previstos no Brasil? So 02:

    a) ICMS (art. 155, 2, III, da CF)

    3 exceo dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art.

    153, I e II, nenhum outro imposto poder incidir sobre operaes relativas a

    energia eltrica, servios de telecomunicaes, derivados de petrleo,combustveis e minerais do Pas.

    No ICMS, a seletividade facultativa.

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    b) IPI (art. 153, 3 , I, da CF)

    3- O imposto previsto no inciso IV (IPI):I - ser seletivo, em funo da essencialidade do produto;

    No IPI, a seletividade obrigatria.

    Dica Final: conceito de CARGA TRIBUTRIA

    um conceito relacional, em que se confronta o peso do tributo com o PIB (produto interno bruto).

    Exemplo: carga tributria brasileira gira em torno de 40%. Ou seja, 40% do que o Brasil produz convertem-se em

    tributo pago que deveria retornar em servios para a populao.

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    DOS TRIBUTOS

    01. CONCEITO DE TRIBUTO

    O conceito do que tributo encontra-se previsto no art. 3 do CTN:

    Art. 3Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor

    nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e

    cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

    Tributo prestao...

    1. Pecuniria;

    2. Compulsria;

    3. Diversa de multa;

    4. Instituda por meio de lei;

    5. Cobrada por lanamento.

    1.1. Tributo prestao pecuniria

    Quando se l que o tributo prestao pecuniria, disso decorre que no se admite o tributo in natura,como por exemplo, sacas de caf, bem como, no se admite o tributo in labore(em prestao de servios).

    E o pagamento do tributo com um imvel, possvel? Sim, atravs da dao em pag ament o d e bem

    imvel(art. 156, XI, com redao dada pela LC 104, 2001)

    1.2. Tributo prestao compulsrio

    Significa que o tributo no facultativo, no voluntrio e no contratual, ou seja, compulsrio. Uma

    vez praticado o fato gerador, o pagamento do tributo situao que se impe.

    1.3. Tributo prestao diversa de multaTributo no se confunde com multa. Entretanto, o STF j defendeu a aplicao do princpio tributrio que

    veda o efeito confiscatrio a certas multas excessivas, em homenagem ao direito de propriedade e aplicao

    dos princpios da razoabilidade e proporcionalidade.

    1.4. Tributo prestao instituda por meio de lei

    Decorre do princpio da legalidade, j visto.

    1.5. Tributo prestao cobrada mediante lanamento

    O lanamento tributrio define o que seja lanamento tributrio.

    Art. 142.Compete privativamente autoridade administrativa constituir o crdito

    tributrio pelo lanamento, assim entendido o procedimento administrativo

    tendente a verificar a ocorrncia do fato gerador da obrigao correspondente,

    determinar a matria tributvel, calcular o montante do tributo devido, identificar o

    sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicao da penalidade cabvel

    02. ESPCIES DE TRIBUTOS

    Para o STF, existem cinco tributos no Brasil, adotando-se a teoria pentapartida:

    1. Impostos;

    2. Taxas;3. Contribuies de melhoria;

    4. Emprstimos compulsrios;

    5. Contribuies (especiais);

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    Ocorre que o CTN, em seu art. 5, adota a teoria tripartida, que diz: Art. 5Os tributos so impostos,

    taxas e contribuies de melhoria.

    Ento, o art. 5 do CTN, respaldado na teoria tripartida, acolheu a existncia de apenas trs espcies de

    tributos: impostos, taxas e contribuies de melhoria. Desde a CF/88, evidenciava-se a adoo de uma nova

    teoria, a pentapartida, segundo a qual os emprstimos compulsrios e as contribuies especiais tambm

    desfrutavam da condio de tributos.

    Teoria pentapartida (STF) Teoria tripartite CTN (minoritria)

    Impostos Impostos

    Taxas Taxas

    Contribuies de melhoria Contribuies de melhoria

    Emprstimos compulsrios

    * Alguns entendem que so espcie de impostosContribuies especiais

    Vamos aprofundar nas espcies de tributos.

    03. EMPRSTIMO COMPULSRIO

    Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimoscompulsrios:I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica,de guerra externa ou sua iminncia;

    II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante interessenacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".(deve obedecer a anterioridade).Pargrafo nico. A aplicao dos recursos provenientes de emprstimocompulsrio ser vinculada despesa que fundamentou sua instituio. (tributo de

    receita vinculada)

    O emprstimo compulsrio tributo federal, criado exclusivamente pela Unio.

    considerado tributos sim, segundo entendimento do STF. Existe uma smula 418 do STF, que j est

    superada no sendo aplicado mais. Cuidado com esta smula.

    Sm. 418:O emprstimo compulsrio no tributo, e sua arrecadao no est

    sujeita exigncia constitucional da prvia autorizao oramentria. (Smula

    superada)

    Emprstimo compulsrio um tributo autnomo. Sacha Calmo Navarro Coelho defende-o como espcie

    de imposto, restituvel. Hugo de Britto Machado, por outro lado, considera-o como tributo autnomo.

    A criao do emprstimo compulsrio somente poder se dar atravs de Lei Complementar. No

    esquecer que, Medida Provisria nunca poder tratar sobre matria de LC (art. 62, 1, III, CF).

    Os dois incisos do art. 148 da CF no hospedam fatos geradores. Assim, por exemplo, calamidade pblica

    no fato gerador para se criar tributo. Portanto, os dois incisos versam sobre pressupostos fticos ou

    situaes deflagrantes, no sendo considerados fatos geradores

    A histria nos mostra que o emprstimo compulsrio j existiu no Brasil, sobretudo na dcada de 80. Eles

    vieram como adicionais de impostos, isto , foram criados com fato geradores de impostos. Exemplo: Em 1986,

    havia o emprstimo compulsrio sobre a aquisio de veculos e consumo de combustveis (Dec.-Lei 2288/86),

    que era o adicional de ICM. Este tributo foi declarado inconstitucional, j que no tinha critrio de restituio.

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    3.1. Emprstimo Compulsrio no caso de calamidade pblica e guerra externa

    Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimoscompulsrios:I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica,de guerra externa ou sua iminncia;

    Esta espcie de emprstimo compulsrio ser criada para atender a despesas extraordinrias, no caso de

    calamidade pblica ou guerra externa.

    Repare que no basta a situao de calamidade, mas que haja tambm a inanio estatal, ou seja,

    preciso esgotar o patrimnio estatal para instituir o emprstimo compulsrio.

    Ademais, conforme se infere do art. 150, 1, da CF, o emprstimo compulsrio previsto no art. 148, I, da

    CF, exceo s duas anterioridades (diferentemente do inciso II, que regra s duas anterioridades).

    1A vedao do inciso III, b, no se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I(emprstimo compulsrio decorrente de calamidade pblica o guerra externa ou

    sua iminncia)...

    Guerra Externa: a guerra externa poder ensejar dois tributos federais. So eles:

    a)emprstimo compulsrio (art. 148, I, CF);

    b)imposto extraordinrio (de guerra) - (art. 154, II, da CF)

    Ateno: no constitucional o emprstimo compulsrio criado em face de conjuntura econmica que

    exija a absoro de poder aquisitivo da moeda. Isso porque, o art. 15, III, do CTN no foi recepcionado pela

    CF/88. Ele, poca, deu ensejo quele emprstimo compulsrio famoso (de 1986, no ICM). Hoje, portanto, se a

    Presidenta Dilma quiser conter inflao, no poder se valer desse tributo para resolver o problema.

    Art. 15. Somente a Unio, nos seguintes casos excepcionais, pode instituiremprstimos compulsrios:I -guerra externa, ou sua iminncia;II - calamidade pblica que exija auxlio federal impossvel de atender com osrecursos oramentrios disponveis;III - conjuntura que exija a absoro temporria de poder aquisitivo. (norecepcionado pela CF/88)

    3.2. Emprstimo compulsrio no caso de investimento pblico de carter urgente e relevante

    Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos

    compulsrios:II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante interessenacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".(deve obedecer as duasanterioridades).

    3.3. Vinculao do Emprstimo Compulsrio

    Art. 148, Pargrafo nico.A aplicao dos recursos provenientes de emprstimocompulsrio ser vinculada despesa que fundamentou sua instituio.

    Se houver um emprstimo compulsrio no Brasil, no poder haver desvio de finalidade (ou tredestinao,

    como se diz no direito pblico). Ou seja, os recursos provenientes do emprstimo compulsrio tm despesa

    vinculada ao motivo que justificou sua instituio.

    04. TAXA E CONTRIBUIO DE MELHORIA

    Vamos analisar as caractersticas comuns ambos os tributos:

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    Tributos de competncia federal, estadual e municipal e do DF. Isto , todos os entes possuem

    competncia para institu-los.

    A lei para sua instituio ser a Lei Ordinria.

    O fato gerador, em ambos os tributos, no so realizados pelo contribuinte, mas sim, pelo Estado. Ou

    seja, h uma contraprestao do Estado. Portanto, nos os dois tributos so bilaterais, contraprestacionais

    ou sinalagmticos. (Fato gerador = ao Estatal. No imposto, o FG = contribuinte).

    Aplicam-se os princpios constitucionais tributrios s duas espcies tributrias.

    Iseno de t ri bu to s: a iseno, como regra, no extensiva s taxas e contribuies de melhoria, salvo

    se houver lei em sentido contrrio (art. 177, II, do CTN):

    Art. 177.Salvo disposio de lei em contrrio, a iseno no extensiva:I - s taxas e s contribuies de melhoria;

    Imp ut ao em pag ament o:a ordem de imputao em pagamento ser: contribuio de melhoria, taxa eimposto. (art. 163, II, do CTN):

    Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais dbitos vencidos do mesmosujeito passivo para com a mesma pessoa jurdica de direito pblico, relativos aomesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniria ou jurosde mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamentodeterminar a respectiva imputao, obedecidas as seguintes regras, na ordemem que enumeradas:II - primeiramente, s contribuies de melhoria, depois s taxas e por fim aosimpostos;

    4.1. DAS TAXAS

    As taxas so tributos cujos fatos geradores so vinculados a uma atuao estatal especfica.

    Mas que atuao estatal essa? Temos duas atuaes estatais aptas a gerar a cobrana de taxa:1- Prest ao de serv ios pbli co s

    2- Exercci o do Pod er de Po lci a

    Ento, temos duas modalidades de taxa: taxa de servio pblico e taxa de polcia.

    A base de clculo das taxas no pode ser igual base de clculo dos impostos, ou seja,independentemente do tipo de taxa, no poder haver identidade entre a base de clculo de taxa e a de imposto.Art. 145, 2, CF, e 77, pargrafo nico, CTN.

    A base de clculo da taxa deve mensurar seu fato gerador. Mas como se mensura isso? Como se chega aessa base de clculo? O critrio deve ser o custo da atuao estatal (seja a prestao do servio pblico seja oexerccio do Poder de Polcia).

    4.1.1. Taxa de servio pblico

    O fato gerador dessa taxa a utilizaoefetiva ou potencial de um servio pblico.

    Esse servio pblicodeve ser especfico e divisvel.Quando falamos em utilizao efetiva, isso significa dizer que o servio pblico foi realmente utilizado (foi

    o uso concreto de um servio pblico).

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    Quando se tem utilizao potencial, no h necessidade do uso concreto para ter de pagar a taxa. Bastaque o servio esteja disposio do usurio. No pago pelo uso concreto, mas sim pelo fato de o servio estar disposio.

    Ex.: fornecimento de gua. Esse servio envolve, alm do fornecimento de gua, a utilizao de rede deesgotos (saneamento bsico). Se voc fica fora de casa por um ano, apesar de no usar efetivamente a gua,dever pagar por um servio que estar sua disposio, que a rede de esgotos (utilizao potencial). Quando

    voc volta, alm de pagar pelo servio da rede de esgotos (que de utilizao potencial), voc pagar pelo usoefetivo da gua que utilizar (voc s paga o que usa).

    Duas caractersticas so essenciais para a definio de taxa: Servio pblico especfico: aquele que se direciona a um determinado usurio, ou seja, eu consigo

    identificar a pessoa ou o grupo de pessoas que se beneficia desse servio. Consigo identificar o usuriodo servio (grupo de pessoas determinado).

    Servio pblico divisvel: deve ser possvel mensurar a utilizao desse servio por cada usurio.Consigo identificar quanto cada usurio utilizou do servio.Isso est no art. 145, II, CF (disciplina geral das taxas). Temos tambm os arts. 77 e 79, CTN.

    A partir disso temos alguns debates importantes na jurisprudncia.

    Debates na jurisprudncia (principalmente no STF)

    a) Discusso relativa Taxa de Iluminao Pblica (TIP)A questo que alguns municpios criaram uma taxa de iluminao pblica com o objetivo especfico de

    custear o servio de iluminao pblica.

    possvel a cobrana de uma taxa sobre o servio de iluminao pblica, cujo fato gerador seja autilizao efetiva ou potencial de iluminao pblica? bvio que no. O servio de iluminao pblica no especfico e indivisvel, mas sim um servio geral (universal), que atende a toda a coletividade. No se conseguemensurar quanto que cada pessoa se utiliza da iluminao pblica.

    O STF reconheceu a inconstitucionalidade da TIP. Isso resultou na edio da smula 670, SFT:

    Sm. 670. O servio de iluminao pblica no pode ser remunerado mediantetaxa.

    S que os municpios continuaram com o problema, pois a despesa com iluminao pblica muito alta.Posteriormente, houve alterao da CF, pela EC 39/2002, que introduziu no texto da CF o art. 149-A, que

    estabelece a competncia dos municpios e do DF para criarem uma contribuio de iluminao pblica.

    Art. 149-A Os Municpios e o Distrito Federal podero instituir contribuio, naforma das respectivas leis, para o custeio do servio de iluminao pblica,observado o disposto no art. 150, I e III.Pargrafo nico. facultada a cobrana da contribuio a que se refere o caput,na fatura de consumo de energia eltrica.

    Agora, est ok. Por meio de contribuio (que no taxa) possvel o custeio do servio de iluminaopblica.

    Assim, temos dois resultados:1- Smula 670, STF.2- EC 39/2002, que incluiu na CF o art. 149-A, que defere competncia para os municpios e DF criarem a

    COSIP (Contribuio para o Custeio do Servio de Iluminao Pblica).

    b) Discusso relacionada Taxa do Lixo:Trs so as discusses:

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    1- Quanto sua constitucionalidade;2- Quanto ao tipo de servio (que pode ser onerado pela taxa do lixo);3- Sobre a composio da base de clculo da taxa do lixo.

    b1)A taxa do lixo constitucional?

    O fato gerador a utilizao de servio de coleta de resduos slidos domiciliares. Essa utilizao,

    inclusive em alguns municpios, pode ser potencial (posto que o servio estar disposio).

    A pergunta essencial para se definir quanto constitucionalidade : esse servio especfico e divisvel?Caso o fato gerador se limite ao servio de coleta de resduos slidos domiciliares (ou seja, utilizao do

    caminho de lixo), o servio pblico, sim, ser especfico e divisvel e ser constitucional.

    Mas note que deve se tratar de um servio exclusivamente vinculado coleta. Mas porque isso importante? Isso nos leva 2 discusso.

    b2)Tipo de servio que pode ser custeado pela taxa

    De um lado, temos o servio de limpeza de logradouros pblicos (gari = pessoa que limpa a rua) e