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1 O Designer instrucional e os Direitos autorais na EaD Ana Paula Silva Figueiredo Lucia Dias Introdução Todos os profissionais que estão envolvidos com a produção de materiais que serão disponibilizados nos ambientes de Educação a distância (EaD) devem estar atentos a questão dos direitos autorais. Se na maioria dos cursos disponibilizados pela EaD utiliza-se a internet como meio de distribuição, isto não quer dizer que tudo que esteja na rede mundial de computadores possa ser distribuído livremente. legislação que deve ser conhecida por todos os envolvidos nesta modalidade, em especial a dos direitos autorais. Segundo Piva Junior e Amorim (2012) numa era em que a informação constitui a base da sociedade, o direito de propriedade deve ser entendido para que se possam respeitar os autores assim como sermos respeitados. Na produção de material para a EaD deve considerar que o autor pode criar uma obra com o intuito de comercializá-la levando à cobrança de direitos pela cópia e nos casos em que não se visa lucro espera-se que ao divulgar a obra cite-se o autor. Presenciam-se comumente na internet casos em que não são respeitados os direitos do autor, quando uma obra ou trabalho é publicado usando ideias ou frases diretas de outro autor sem citá-lo ou referenciá-lo, o que é caracterizado como plágio. Segundo Gomes e Dalberio (2010), a grande diferença entre o meio digital e o impresso para distribuição de conteúdo está na liberdade de acesso ao primeiro, já os materiais presentes na internet oferecem a oportunidade de fazer cópia do conteúdo sem esforço para a criação de um novo.

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Especialização em Design Instrucional Universidade Federal de Itajubá Ana Paula Silva Figueiredo e Lucia Dias Outubro de 2014

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O Designer instrucional e os Direitos autorais na EaD

Ana Paula Silva Figueiredo

Lucia Dias

Introdução

Todos os profissionais que estão envolvidos com a produção de materiais que serão disponibilizados nos ambientes de Educação a distância (EaD) devem estar atentos a questão dos direitos autorais. Se na maioria dos cursos disponibilizados pela EaD utiliza-se a internet como meio de distribuição, isto não quer dizer que tudo que esteja na rede mundial de computadores possa ser distribuído livremente. Há legislação que deve ser conhecida por todos os envolvidos nesta modalidade, em especial a dos direitos autorais.

Segundo Piva Junior e Amorim (2012) numa era em que a informação constitui a base da sociedade, o direito de propriedade deve ser entendido para que se possam respeitar os autores assim como sermos respeitados. Na produção de material para a EaD

deve considerar que o autor pode criar uma obra com o intuito de comercializá-la levando à cobrança de direitos pela cópia e nos casos em que não se visa lucro espera-se que ao divulgar a obra cite-se o autor. Presenciam-se comumente na internet casos em que não são respeitados os direitos do autor, quando uma obra ou trabalho é publicado usando ideias ou frases diretas de outro autor sem citá-lo ou referenciá-lo, o que é caracterizado como plágio. Segundo Gomes e Dalberio (2010), a grande diferença entre o meio digital e o impresso para distribuição de conteúdo está na liberdade de acesso ao primeiro, já os materiais presentes na internet oferecem a oportunidade de fazer cópia do conteúdo sem esforço para a criação de um novo.

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O processo de definição ou identificação de plágio não é fácil, já que ele pode ocorrer de forma total ou parcial, com a cópia de um texto na sua totalidade ou apenas de um parágrafo ou frase. Pode-se também apenas alterar a ordem de frases e substituir palavras, mas com a manutenção de conclusões e ideias, isto continua a ser plágio (BALBINO, 2009). Para combater o plágio, tem surgido grande número de softwares que localizam cópias integrais e parciais na internet, entre eles pode-se citar o programa gratuito Plagium (Septet Systems Inc, 2014) e o programa Copyscape (Indigo Stream Technologies Ltd, 2014) que fornece um verificador de

plágio para encontrar cópias de páginas on line. As figuras 1 e 2 mostram as páginas on line destes programas. Apesar do Plágio muitas vezes não ser levado a um tribunal, é considerado violação dos direitos autorais de outro, com implicações cíveis e penais, amparadas pelos Códigos Civil e Penal. No Código Civil, art. 524: “a lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer que, injustamente, os possua” e o código Penal considera o crime contra o Direito Autoral, previsto nos Artigos 7, 22, 24, 33, 101 a 110, e 184 a 186 (UFF, 2014).

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Figura 1 – Tela do programa Plagium

Figura 2 – Tela do programa Copyscape

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A lei de direitos autorais

No Brasil a legislação que garante ao autor seus direitos é contemplada pela Constituição Federal, no Título II, que trata dos Direitos e Garantias Fundamentais em seu art. 5º que trata da igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Os direitos autorais dizem respeito à proteção da criação intelectual. Quando alguém cria uma obra registada num meio tangível este, o autor tem direitos sobre ela. Como a EaD é uma modalidade de

educação cuja premissa é o compartilhamento de conteúdos, cabe ao Designer instrucional garantir que o conteúdo dos cursos sob sua responsabilidade atendam a legislação, e no caso brasileiro, a legislação brasileira no que se refere a este assunto. No Brasil, estes direitos estão resguardados na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 (Brasil, 1998). Esta lei foi atualizada em 2013, através da Lei nº 12853 que dispõe sobre a gestão coletiva de direitos autorais (Brasil, 2013). A tabela 1 apresenta um resumo de alguns termos definidos na lei que são comuns nas questões que se referem à produção de conhecimento e materiais didáticos na EaD e sua distribuição.

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Tabela 1 – Algumas definições de termos presentes na Lei nº 9610

Termo Definição Publicação O oferecimento de obra literária, artística ou científica ao

conhecimento do público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por qualquer forma ou processo.

Transmissão ou emissão

A difusão de sons ou de sons e imagens, por meio de ondas radioelétricas; sinais de satélite; fio, cabo ou outro condutor; meios óticos ou qualquer outro processo eletromagnético.

Distribuição A colocação à disposição do público do original ou cópia de obras literárias, artísticas ou científicas, interpretações ou execuções fixadas e fonogramas, mediante a venda, locação ou qualquer outra forma de transferência de propriedade ou posse.

Comunicação ao público

Ato mediante o qual a obra é colocada ao alcance do público, por qualquer meio ou procedimento e que não consista na distribuição de exemplares.

Reprodução A cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária, artística ou científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio de fixação que venha a ser desenvolvido.

Obra

a) em coautoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores. b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por ser desconhecido. c) pseudônima - quando o autor se oculta sob o nome suposto. d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação. e) póstuma - a que se publique após a morte do autor. f) originária - a criação primigênia. g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da transformação de obra originária. h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação autônoma. i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento, independentemente dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios utilizados para sua veiculação.

Editor A pessoa física ou jurídica à qual se atribui o direito exclusivo de reprodução da obra e o dever de divulgá-la, nos limites previstos no contrato de edição.

Titular originário

O autor de obra intelectual, o intérprete, o executante, o produtor fonográfico e as empresas de radiodifusão.

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A Lei 12853 garante mais transparência ao repasse de direitos autorais, aumentando o percentual que chega às mãos dos artistas, ou seja, esta mais voltada às artes. Enquanto não há uma lei específica para a EaD, esta lei tem sido aquela que fornece subsídios jurídicos em termos de violação dos direitos autorais. Segundo Marcacini (2012) as leis vigentes já são suficientes na regulação das relações envolvendo a propriedade intelectual, inclusive na EaD. Afirma ainda que cabe ao contrato

estabelecer precisamente quais os termos em que se poderá fazer uso do material protegido e, portanto especial atenção deve ser dada nos termos de cessão ou autorização de uso. Nesta lei está explícito em seu art. 4º que interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos sobre os direitos autorais, e isto quer dizer que a contratação é compreendida pelo que está escrito textualmente, assim o que não está expressamente permitido, é proibido.

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Os direitos do autor

Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.

Os direitos morais dizem respeito a reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra, de ter seu nome indicado como sendo o do autor na utilização de sua obra. Assim como assegurar a integridade da obra opondo-se a quaisquer modificações que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra. Cabe ressaltar que os direitos morais são inalienáveis e irrenunciáveis, exatamente por serem direitos da personalidade; aliás, são os únicos direitos dotados de validade infinita, pois projeta a personalidade do criador para todo o sempre (BRASIL,1998).

Os direitos patrimoniais dizem respeito ao direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como a reprodução parcial ou integral, a edição, a adaptação, a tradução para qualquer idioma. É o direito patrimonial que permite a

obtenção de lucro pelo autor. Isso ocorre com a criação da obra intelectual, ou seja, basta a sua existência, pois é desse momento em diante que o autor pode passar a comercializá-la. A aquisição do original de uma obra, ou de exemplar, não confere ao adquirente qualquer dos direitos patrimoniais do autor, salvo convenção em contrário entre as partes. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil (BRASIL,1998).

Para que haja uma produção acadêmica ou de material didático são utilizadas várias fontes e referências bibliográficas e diante disto deve-se reconhecer que não constitui ofensa aos direitos autorais a reprodução de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos; ou ainda a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, na medida justificada para o fim a atingir,

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indicando-se o nome do autor e a origem da obra (BRASIL, 1998). Isto posto é imprescindível que ao se utilizar da obra de outrem o autor faça a citação e referência ao autor original. No caso de citação de obras, a referência aos autores tem norma que a descreve como fazer. Para as citações um exemplo é a norma da ABNT NBR 10520 - Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação, e para as referências a norma ABNT NBR 6023 Informação e documentação - Referências – Elaboração. Nesta era em que a internet se faz cotidiana surgem nossos conceitos de comunicação possibilitando a disseminação do conhecimento e

incluindo questões relacionadas ao direito autoral. Piva Junior e Amorim (2012) sugerem ações e cuidados que devem ser tomados no desenvolvimento conteúdos para a EaD. Dentre os cuidados recomenda que as obras utilizadas estejam sob a licença Creative Commons (CC) ou que estejam em domínio público, e quando não for esta a situação, que seja solicitada a autorização para uso da obra.

O Designer Instrucional deve garantir que o curso sob sua responsabilidade não viole os direitos autorais, para isso deve assegurar que os materiais disponibilizados estejam licenciados, sob domínio público ou autorizados pelo autor.

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A Licença Creative Commons

A Creative Commons (2014) é uma organização sem fins lucrativos que gerencia a licença Creative Commons (CC). Esta licença estabelece ao autor algumas possibilidades quando disponibiliza a sua obra. Todas as obras sob a licença CC estão disponíveis para que outras pessoas a distribuam, remixem, adaptem ou criem obras derivadas dela. Ao incorporar outras atribuições esta licença assume algumas particularidades. Por exemplo, ao incluir a atribuição (by) o autor que está fazendo uso da obra deve dar o crédito ao autor original.

A tabela 2 apresenta as licenças, suas atribuições, seu símbolo e a descrição. Para que um autor disponibilize a sua obra sob esta licença deve acessar o site da Creative Commons.

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Tabela 2 – Licenças Creative Commons e suas descrições

Licença Descrição

Atribuição

(by)

Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem ou criem obras derivadas, mesmo que para uso com fins comerciais, contanto que seja dado crédito pela criação original. Esta é a licença menos restritiva de todas as oferecidas, em termos de quais usos outras pessoas podem fazer de sua obra.

Atribuição –

Compartilhamento pela mesma Licença

(by-sa)

Esta licença permite que outros remixem, adaptem, e criem obras derivadas ainda que para fins comerciais, contanto que o crédito seja atribuído ao autor e que essas obras sejam licenciadas sob os mesmos termos. Esta licença é geralmente comparada a licenças de software livre. Todas as obras derivadas devem ser licenciadas sob os mesmos termos desta. Dessa forma, as obras derivadas também poderão ser usadas para fins comerciais.

Atribuição – Não a Obras Derivadas

(by-nd)

Esta licença permite a redistribuição e o uso para fins comerciais e não comerciais, contanto que a obra seja redistribuída sem modificações e completa, e que os créditos sejam atribuídos ao autor.

Atribuição – Uso Não

Comercial (by-nc)

Esta licença permite que outros remixem, adaptem, e criem obras derivadas sobre a obra licenciada, sendo vedado o uso com fins comerciais. As novas obras devem conter menção ao autor nos créditos e também não podem ser usadas com fins comerciais, porém as obras derivadas não precisam ser licenciadas sob os mesmos termos desta licença.

Atribuição – Uso Não

Comercial – Compartilhamento

pela mesma Licença (by-nc-sa)

Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem obras derivadas sobre a obra original, desde que com fins não comerciais e contanto que atribuam crédito ao autor e licenciem as novas criações sob os mesmos parâmetros. Outros podem fazer o download ou redistribuir a obra da mesma forma que na licença anterior, mas eles também podem traduzir, fazer remixes e elaborar novas histórias com base na obra original. Toda nova obra feita a partir desta deverá ser licenciada com a mesma licença, de modo que qualquer obra derivada, por natureza, não poderá ser usada para fins comerciais.

Atribuição – Uso Não

Comercial – Não a Obras Derivadas

(by-nc-nd)

Esta licença é a mais restritiva dentre as seis licenças principais, permitindo redistribuição. Ela é comumente chamada “propaganda grátis” pois permite que outros façam download das obras licenciadas e as compartilhem, contanto que mencionem o autor, mas sem poder modificar a obra de nenhuma forma, nem utilizá-la para fins comerciais.

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No Google é possível buscar imagens que atendam estas configurações de licença.

A Figura 3 mostra uma pesquisa de imagens sobre “direito autoral” em que o usuário selecionou a opção “marcadas para a reutilização”.

Figura 3 – Busca no Google de imagens que atendam licença “marcada para reutilização”.

Para verificar o tipo de licença da imagem, pode-se clicar sobre ela e verificar sua licença.

Por exemplo, a Figura 4 mostra uma imagem com licença CC-BY-SA.

Figura 4 – Exemplo de imagem com licença CC BY-AS (by Nina Parley)

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Youtube O Youtube atua como uma plataforma de distribuição para criadores de conteúdo original. Quando um autor disponibiliza um vídeo no Youtube ele assume nos Termos do Serviço do mesmo, conforme apontado na Figura 5, ceder a todos os usuários do Youtube uma licença não exclusiva para acessar o seu conteúdo e usar, reproduzir, distribuir, exibir e executar tal conteúdo conforme permitido pelas funcionalidades do

Serviço e de acordo com os Termos de Serviço. O autor também assume que “não enviou material protegido por direitos autorais, por segredo de negócio ou de qualquer outra forma protegido por direitos de terceiros, a menos que tenha permissão do legítimo proprietário do material ou caso esteja legalmente autorizado a publicar o material e ceder ao Youtube todos os direitos de licença concedidos” (Youtube, 2014a).

Figura 5 – Tela de submissão de vídeo no youtube, indicando os Termos de Serviço.

Deste modo quando o conteúdista e o Designer Instrucional decidem utilizar um vídeo do Youtube estarão se valendo do Termo de Serviço (Youtube, 2014b) assumido pelo autor do vídeo, do mesmo modo que se disponibilizarem um

vídeo neste serviço estarão concordando com a premissa de que qualquer pessoa poderá utilizar seu vídeo nos mesmos termos.

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Domínio público

De acordo com a Legislação Autoral brasileira, se a obra estiver em domínio público, pode ser utilizada por toda a sociedade, independentemente de autorização, licença ou pagamento de direitos autorais. O domínio público representa o grande manancial da cultura, num momento histórico que se experimenta o aumento das regras de proteção aos direitos autorais e os autores tentam proteger suas criações contra o uso não autorizado (BRANCO, 2011).

Na Lei de Direitos Autorais (LDA), o art. 45, trata de maneira específica do domínio público e traz em seu texto três requisitos distintos e não cumulativos para uma obra ingressar em domínio público: o decurso de tempo; o falecimento de autor sem deixar herdeiros e ser a obra de autoria desconhecida.

No tocante ao decurso de tempo, o prazo-padrão da lei é de 70 (setenta) anos contados de primeiro de janeiro do ano subsequente ao da morte do autor (LDA, art. 41). Quanto ao falecimento do autor, sem deixar herdeiros, a contagem do prazo de proteção é simples, se inicia a 1º de janeiro do ano subsequente ao

evento. Como o principal objetivo de manter a proteção patrimonial das obras protegidas por direitos autorais mesmo após a morte do autor é permitir a exploração econômica por parte de seus sucessores, a inexistência de herdeiros elimina o interesse na proteção. Em relação a obras de autor desconhecido, existe uma diferenciação entre obras anônimas, que são aquelas em que o autor optou pelo anonimato quando poderia ter optado por publicá-la sob seu próprio nome ou pseudônimo e obras de autor desconhecido, que são aquelas cuja indicação de autoria se perdeu no tempo, ainda que a perda da autoria tenha se dado sem o conhecimento do autor (BRANCO, 2011).

Encontra-se hoje grande número de obras em domínio público disponíveis na internet ou em espaços públicos. No Brasil, podem-se citar exemplos de arquivos públicos como o da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, considerada uma das dez maiores do mundo, o Arquivo Nacional, o Museu da Imagem e do Som e o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.

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O Governo Federal criou o Portal Domínio Público, vinculado ao Ministério da Educação, cujo acervo virtual reúne além de obras literárias, artes, ciências e pesquisas científicas, com possibilidade de pesquisa e download gratuitos. A figura 6 mostra o site deste portal. O acervo disponível para consulta neste endereço eletrônico (http://www.dominiopublico.gov.br) é composto, em sua grande

maioria, por obras que se encontram em domínio público ou obras que contam com a devida licença por parte dos titulares dos direitos autorais pendentes. Este portal propõe o compartilhamento de conhecimentos de forma equânime, colocando à disposição de todos os usuários internet uma biblioteca virtual para ser referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral (Brasil, 2014).

Figura 6 – Portal Domínio Público

Cabe ao profissional que atua na EaD pesquisar fontes de acesso a obras de domínio público para aprimorar de forma legal seu trabalho. Segundo Branco (2011), é através de um domínio público

robusto e facilmente acessível que se processa o acesso à educação, à liberdade de expressão, ao conhecimento, à cultura, que conduzem todos à dignidade da pessoa humana.

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Conclusões Recomenda-se ao conteúdista e ao Designer Instrucional que tenham conhecimento das licenças das imagens, vídeos e demais obras que façam parte do conteúdo disponibilizado no curso, de modo a evitar incidir em violação do direito autoral ao produzir seu material a ser disponibilizado e ter que responder a sansões de natureza civil e penal. A Lei de Direitos Autorais é clara ao expressar que a pessoa que utiliza obra intelectual sem indicar o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor, deve responder por danos morais. A Educação a Distância possibilita a expansão do conhecimento a grande contingente da população, mas deve fazer isso de acordo com a regulamentação e legislação vigente e, portanto respeitar os termos de uso de imagens, vídeos, textos entre outras obras disponíveis. O Designer instrucional

deve estar atento ao uso destas obras e dos termos de seu uso garantindo integridade ética, moral e porque não dizer financeira ao projeto sob sua responsabilidade. O uso da licença Creative Commons, de vídeos disponibilizados no Youtube, assim como das obras no domínio público, e em outros portais são incentivadas na produção de materiais para a EaD. O uso possibilita um dinamismo e atendimento aos estilos de aprendizagem dos alunos, aumentando a eficiência deste aprendizado. Ao tomar tal atitude o autor deve sempre referenciar suas fontes. Da mesma forma, disponibilizar o material produzido a toda a comunidade que possa se interessar também é uma ação incentivada no âmbito da EaD, tornando-a mais colaborativa na divulgação dos saberes.

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Referências Balbino, J. Como referenciar? Fui plagiado, e agora? 28/05/2009. Disponível em http://senaed2009.wordpress.com/category/temas-em-debate/plagio/. Acesso em 14/10/2014. Branco, S. O domínio público no direito autoral brasileiro: uma obra em domínio público. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/9137. Acesso em 14/10/2014. BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, Atualiza e Consolida a Legislação Sobre Direitos Autorais e Dá Outras Providências. BRASIL, Lei nº 12853, de 14 de agosto de 2013. Altera os arts. 5º, 68, 97, 98, 99 e 100, acrescenta Arts. 98-A, 98-B, 98-C, 99-A, 99-B, 100-A, 100-B e 109-A e revoga o art. 94 da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, para dispor sobre a gestão coletiva de direitos autorais, e dá outras providências. BRASIl. Portal do Domínio Público. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/Missao/Missao. Acesso em 16 de outubro de 2014. Creative Commons. As licenças. Disponível em http://creativecommons.org.br/as-licencas/. Acesso em 07/10/2014. Gomes, L. Z. e Dalberio, O. Aspectos Éticos no uso da Internet como ferramenta de pesquisa. EccoS – Rev. Cient. v. 12, n. 1, p. 195 – 205, jan./jun. 2010. Disponível em: http://www4.uninove.br/ojs/index.php/eccos/article/view/1471/1815. Acesso em: 10 de outubro de 2014. Indigo Stream Technologies Ltd. Copyscape. Disponível em http://www.copyscape.com/. Acesso em 16 de outubro de 2014. Marcacini, A. T. R. Propriedade intelectual e a EaD. Cap.39. In: Educação a distância: o estado da arte. Orgs: Litto, F. M. e Formiga, M. Editora Pearson, vol 2. 2012. Piva Junior, D. e Amorim, J. A. Direitos autorais em EaD. Capítulo 40. In: Educação a distância: o estado da arte. Orgs: Litto, F. M. e Formiga, M. Editora Pearson, vol 2. 2012. Portal Domínio Público. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 16/10/2014

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Septet Systems Inc. Plagium. Disponível em http://www.plagium.com/detectordeplagio.cfm?language=pt, acesso em 16 de outubro de 2014. UFF. Nem tudo que parece é: entenda o que é plágio. Cartilha sobre Direitos Autorais. Convenção Universal. Lei de Direitos Autorais/Constituição. Disponível em http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-academico.pdf. Acesso em 15 de outubro de 2014. Youtube. Disponível em https://www.youtube.com/upload, acesso em 07/10/2014a. Youtube. Disponível em https://www.youtube.com/t/terms, acesso em 07/10/2014b.