Direitos e Deveres dos Solicitadores - versão final.pdf

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  • ESCOLA SUPERIOR DE GESTO DE IDANHA-A-NOVA

    Disciplina de Deontologia e Histria da Solicitadoria

    Direitos e Deveres dos

    Solicitadores

    Anlise Crtica

    Christelle Varanda Domingos

    Francisco Duarte Baptista

    Ins Barata Garcia

    Ano Letivo 2012/2013

  • Ns somos tudo aquilo que fazemos repetidamente.

    Excelncia, ento, no um modo de agir, mas um hbito

    Aristteles (384 a.C. 322 a.C.)

    Ser solicitador ter o amor e o orgulho de contribuir, diariamente, para a proteo

    mais elevada dos direitos fundamentais dos cidados

    Mandamento VII in Doze Mandamentos Fundamentais para o exerccio da Solicitadoria

    (segundo B. Silva Rodrigues)

  • I

    ndice

    Resumo ................................................................................................................................... III

    Introduo .............................................................................................................................. IV

    Direitos dos Solicitadores (Art. 100 do ECS) ............................................................ VI

    Ponto I ................................................................................................................................. VI

    Ponto II ............................................................................................................................... VI

    Ponto III ............................................................................................................................ VII

    Ponto IV ............................................................................................................................ VII

    Deveres dos Solicitadores (Art. 109 do ECS) ............................................................ IX

    Alnea a).............................................................................................................................. IX

    Alnea b) ............................................................................................................................. IX

    Alnea c) ............................................................................................................................... X

    Alnea d) .............................................................................................................................. X

    Alnea e) .............................................................................................................................. XI

    Alnea f) ............................................................................................................................ XII

    Alnea g) ........................................................................................................................... XII

    Alnea h) .......................................................................................................................... XIII

    Alnea i) ........................................................................................................................... XIII

    Alnea j) ............................................................................................................................ XIV

    Alnea l) ........................................................................................................................... XIV

  • II

    Alnea m) .......................................................................................................................... XV

    Alnea n) ........................................................................................................................... XV

    Alnea o) .......................................................................................................................... XVI

    Alnea p) ......................................................................................................................... XVII

    Outros Direitos e Deveres dos Solicitadores .......................................................... XIX

    Exclusividade do Exerccio da Solicitadoria ....................................................... XIX

    Garantias em Geral ................................................................................................. XXI

    Sociedade dos Solicitadores ................................................................................... XXI

    Contrato de Trabalho............................................................................................. XXII

    Trajo Profissional e Medalha de Mrito Profissional ........................................ XXII

    Segredo Profissional ............................................................................................ XXIII

    Segurana Social ................................................................................................... XXIV

    Apreenso de documentos e buscas em escritrio de solicitador................. XXIV

    Direitos perante a Cmara .................................................................................... XXV

    Conta-clientes ....................................................................................................... XXVI

    Concluses .....................................................................................................................XXVIII

    Bibliografia ......................................................................................................................... XXX

  • III

    Resumo

    O trabalho em apreo pretende apresentar de forma simples e lcida os

    direitos e deveres dos solicitadores que constam no Estatuto da Cmara dos

    Solicitadores (daqui para a frente designado por ECS), apelando de forma crtica

    conscincia da sua importncia e utilidade para o desempenho da profisso.

    Os Direitos e Deveres so apangio de qualquer solicitador, razo pela qual se

    mostra imperioso que os mesmos estejam consciencializados por parte de cada

    profissional, sendo a sua prtica marca indagvel de uma conduta

    deontologicamente assertiva de qualquer profissional.

    Esperamos que no final desta apreciao crtica, a mesma tenha contribudo

    para a familiarizao para com os Direitos e Deveres do Solicitador bem como com

    os respetivos artigos que os regem.

  • IV

    Introduo

    Antigamente, a profisso de solicitador em Portugal estava intimamente

    ligada ao Direito Romano e Igreja. Para se poder exercer a profisso era necessrio

    o seguinte atributo: ser uma pessoa de bem, ou o mesmo seria dizer, no ter m

    fama e ser uma pessoa de confiana. Por esta altura o solicitador era conhecido

    como vozeiro j que a ele incumbia ser a voz dos que no sabiam defender-se.

    E s nas Ordenaes Filipinas que se regulamentou, com algum pormenor, a

    atividade forense, estabelecendo as condies de acesso, regras deontolgicas,

    incompatibilidades e honorrios.

    A profisso de solicitador no , certamente, a mais velha do mundo, mas

    considerada como uma das mais antigas de sempre, pois surgiu quando se tornou

    necessria, por elementar sentimento de retido, defender o fraco e o justo contra os

    arbtrios do poder.

    Atualmente o solicitador, aconselha, informa, d apoio moral, redige

    contratos, pactos sociais, testamentos ou previne os litgios. O solicitador , por

    natureza e origem histrica, um defensor da justia, um protetor dos fracos e dos

    oprimidos. por isso, que a solicitadoria , ou deve ser, um humanismo. Assim, a

    sua vocao profunda a de libertar e dignificar o homem, vtima de qualquer

    agravo ou injustia defendendo a sua liberdade, a sua honra e, s vezes, a prpria

    vida. Por isso, temos o conceito de Deontologia.

    A deontologia , assim, o conjunto de deveres, princpios e normas adotadas

    por um determinado grupo profissional. uma disciplina de tica especial,

    adaptada ao exerccio de uma profisso.

    O respeito pelas regras deontologia e o imperativo da elevada conscincia

    moral, individual e profissional, constitui timbre da solicitadoria. Quem tiver boa

    formao moral ter, igualmente, uma reta conscincia profissional.

  • V

    A responsabilidade disciplinar do solicitador destina-se a assegurar o

    cumprimento dos deveres a que esto vinculados os membros de qualquer corpo

    social, pblico ou privado, e garantir a prossecuo dos seus objetivos. O conjunto

    desses deveres constitui a disciplina do corpo, e a sua violao desencadeia a ao

    disciplinar como forma de defesa dos respetivos interesse e fins.

    A responsabilidade disciplinar emerge, assim, da violao culposa de

    qualquer dever deontolgico-profissional e destina-se a garantir o bom nome dos

    solicitadores e a respeitabilidade da nossa Instituio a Cmara dos Solicitadores.

  • VI

    Direitos dos Solicitadores

    Os direitos esto descritos no artigo 100 (Direitos dos Solicitadores) do ECS:

    Ponto I

    Os solicitadores podem, no exerccio da sua profisso, requerer, por escrito ou

    oralmente, em qualquer tribunal ou servio pblico, o exame de processos, livros

    ou documentos que no tenham carcter reservado ou secreto, bem como a

    passagem de certides, sem necessidade de exibir procurao.

    Este direito consagra vrias faculdades, em favor do solicitador, com vista a facilitar

    o exerccio da sua atividade. Enumeram-se as seguintes, requerimento por escrito ou

    oralmente, dirigido ao tribunal ou servios pblicos para exame de processos, livros

    ou documentos que no tenham carter reservado ou secreto.

    O solicitador pode, por intermdio de empregado seu maior de 18 anos, por si

    credenciado e mediante exibio de carto emitido pela Cmara, pedir informaes,

    fazer pagamentos e entregar e receber documentos em qualquer repartio pblica.

    Ponto II

    A recusa do exame ou da certido a que se refere o nmero anterior deve ser

    justificada imediatamente e por escrito.

    A recusa do exame ou certido deve ser justificada imediatamente e por escrito.

    Dessa justificao pode-se ainda reclamar para o Juiz nos termos do artigo 172 do

    CPC (Cdigo do Processo Penal). Importa ainda salientar, que diferentemente da

    recusa a confiana ter ocorrido e o solicitador ter ultrapassado o prazo fixado,

    assim nestes casos aplicar-se- o artigo 180, n.os 3 e 4, do CPC, que implica de tal

    facto seja dado conhecimento ao Ministrio Pblico para que ele promova o

  • VII

    procedimento pelo crime de desobedincia e seja apreendido o processo, dando-se,

    de tal facto, conhecimento Cmara dos Solicitadores.

    Ponto III

    Os solicitadores tm direito de comunicar, pessoal e reservadamente, com os

    constituintes, mesmo quando estes se encontrem detidos ou presos.

    O procedimento surge como um direito fundamental diferenciado que nos parece,

    simultaneamente, como garantia de liberdade e limitador do poder estatal. O

    arguido goza Ser assistido por defensor em todos os atos processuais em que

    participar e, quando detido, comunicar, mesmo em administrao da justia.

    Ponto IV

    Os solicitadores, no exerccio da sua profisso, tm preferncia no atendimento e

    direito de ingresso nas secretarias judiciais e outros servios pblicos, nos termos

    da lei.

    Face a este ponto pouco existe a comentar j que o mesmo de forma bem explcita

    sublinha a importncia e a necessidade de se cumprir com o direito de preferncia

    no atendimento e direito de ingresso nas secretarias judiciais e outros servios

    pblicos por parte dos solicitadores. Importante referir que tal prioridade acaba

    muitas vezes, por puro desconhecimento da populao em geral, por criar

    constrangimentos. Por este motivo, foi aconselhado que cada servio pblico

    publicasse em local visvel as normas atinentes ao atendimento prioritrio ou

    preferencial tendo em conta uma determinada hierarquia desses direitos legalmente

    previstos, a criao de balces prioritrios, entre outros. Referir ainda que este

    atendimento prioritrio revela-se de extrema importncia para o desempenho da

    profisso do solicitador j que o tempo de espera de atendimento nos Servios

  • VIII

    Pblicos tende a ser elevado e o mesmo, face natureza do seu trabalho, necessita

    constantemente recorrer aos mesmos.

  • IX

    Deveres dos Solicitadores

    No que concerne aos deveres, estes esto definidos no artigo 109 (Deveres dos

    Solicitadores) do ECS.

    Sem prejuzo dos demais deveres designados no ECS, na lei, usos e costumes, aos

    solicitadores cumpre:

    Alnea a)

    No solicitar contra lei expressa, no usar meios ou expedientes ilegais, nem

    promover diligncias inteis ou prejudiciais para a correta aplicao do direito e

    descoberta da verdade.

    Fica rotundamente proibido ao solicitador levar a cabo determinados atos, a pedido

    do seu cliente, que no tenham viabilidade jurdica e contendam directamente contra

    um determinado dispositivo normativo, no usar meios ou expedientes vedados por

    lei, no mbito do processo civil, e proibir o uso de expedientes dilatrios que em

    nada acrescentam para a viabilizao e ganho no processo e apenas visam ganhar

    tempo, atrasando o normal decorrer do processo.

    Alnea b)

    Declarar no acto de inscrio, para efeito de verificao de incompatibilidade,

    qualquer cargo ou actividade profissional que exera.

    fundamental que cada solicitador cumpra com este dever de verdade, j que a

    voluntria omisso do desempenho de cargos, que se sabe incompatveis e que esto

    descritos nos Art. 114 e 115 (incompatibilidades e impedimentos no exerccio de

    solicitadoria) e Art. 120 (solicitador de execuo) levar verificao de uma falta

  • X

    disciplinar sendo que o mesmo poder desembocar, a manter-se a respetiva

    incompatibilidade, pena mxima de expulso (Art. 142, n 1, alnea h).

    Alnea c)

    Requerer a suspenso da inscrio na Cmara quando ocorrer incompatibilidade

    superveniente.

    Esta alnea refere que o solicitador, caso venha a ser nomeado para um cargo

    incompatvel com o desempenho das suas funes, mesmo aps a sua inscrio na

    Cmara dos Solicitadores, dever, no mais curto prazo (no superior a 30 dias),

    requerer a suspenso da sua inscrio, podendo faz-lo durante cinco anos.

    Cessando tal incompatibilidade, poder o solicitador recuperar os seus direitos.

    Alnea d)

    Pagar as quantias devidas a ttulo de inscries, quotas, assinatura da revista,

    multas e taxas.

    O pagamento das quotizaes e demais prestaes pecunirias tem como principal

    objetivo o financiamento da Cmara dos Solicitadores, da a importncia deste

    dever.

    assim relevante aludir que a falta da sua liquidao constitui a violao de um

    dever e que pode originar responsabilidade disciplinar do solicitador, a manter-se tal

    incumprimento.

    Na seguinte tabela (Tabela 1) destacam-se, a ttulo de exemplo, os valores das quotas

    a pagar no ano de 2012.

  • XI

    NORMAL trimestral..

    RED. 60% (1 ANO INSCRIO)

    RED. 40% (2 ANO INSCRIO)

    RED. 30% (3 ANO INSCRIO)

    INSCRIO SUSPENSA trimestral

    ANUAL S/ REDUO.

    PAGAMENTO INTEGRAL AT 31 MARO DE

    2012 (BENEFICIA DE REDUO DE 7%).

    101,85

    40,74

    61,11

    71,30

    16,98

    407,40

    378,88

    (Fonte: http://solicitador.net/)

    Face ao exposto, ento o regulamento n.58/2003, de 31 de outubro, que regula

    sobre a Reduo e forma de pagamento das quotizaes. Os artigos 1 e 2 referem-se

    reduo do valor da quota e solicitadores suspensos, respetivamente. Sendo que o

    artigo 3 indica que so os conselhos regionais quem pode organizar a cobrana das

    quotas (mensal ou trimestral).

    Alnea e)

    Ter domiclio profissional e comunicar ao respectivo conselho regional a sua

    alterao no prazo de 15 dias.

    Manter um domiclio profissional dotado de uma estrutura que assegure o

    cumprimento dos seus deveres deontolgicos, nos termos de regulamento a aprovar

    pelo conselho geral, e o dever de manter o seu endereo atualizado junto dos

    servios da Cmara (lugar onde a profisso exercida).

  • XII

    Alnea f)

    Manter os seus funcionrios registados na Cmara, nos termos do regulamento

    aprovado em assembleia-geral.

    Este dever exclusivo dos solicitadores, no estando os advogados obrigados a tal.

    Apesar de ambos no compartilharem da mesma obrigao, o seu dever devido ao

    facto do trabalhador-funcionrio estar sujeito a uma estrita obrigao de segredo ou

    sigilo profissional que ir muito para alm da durao da relao laboral.

    Apesar de este dever estar consagrado no ECS, o regulamento n.6/2004, de 6 de

    fevereiro, regula sobre os Funcionrios de Solicitadores. No regulamento est

    previsto no n.2 do 1 artigo a forma como o registo deve ser efetuado, sendo que

    quanto ao registo ele da responsabilidade do Conselho Regional e para

    comunicao da cessao da relao laboral deve o solicitador comunicar tal facto ao

    Conselho Regional no prazo de 30 dias.

    Este dever permite Cmara uma maior facilidade na investigao e controlo sobre

    a origem das fugas ao sigilo profissional, no caso de se verificar uma determinada

    participao ou denncia.

    Alnea g)

    Recusar mandato ou nomeao oficiosa para causa que seja conexa com outra em

    que se representem ou tenham representado a parte contrria.

    Esta alnea refere que o solicitador, no sentido de manter um clima de insuspeio e

    independncia sobre a sua atuao, dever recusar um mandato ou nomeao

    oficiosa para uma determinada causa que tenha ligaes com uma outra onde j

    tenha intervindo, quer ao nvel do mandato forense, quer ao nvel das consultas

    jurdicas ou demais atos tpicos da sua atividade forense ou de solicitadoria. Tal

  • XIII

    impedimento tem toda a pertinncia pois se o solicitador j interveio num momento

    temporal anterior numa causa conexionada com aquela que se prope aceitar no

    conseguir assegurar dois dos princpios bsicos desta profisso, a sua

    imparcialidade e independncia. Por esse mesmo motivo o mesmo ter o dever legal

    de recusar tal mandato sob pena que tal infrao se configure como uma violao

    aos ECS.

    Alnea h)

    Atuar com zelo e diligncia relativamente a todas as questes que lhe sejam

    confiadas e proceder com urbanidade para com os colegas, magistrados,

    advogados e funcionrios.

    O solicitador deve agir de forma correta e profissional no ato das suas funes.

    Remota sua origem, a perspetiva de que este um homem de bem. Este dever, no

    s previsto no ECS, mas tambm deontologicamente, emerge a necessidade de

    tutelar a confiana da comunidade no exerccio ntegro das suas funes.

    De um modo geral, seja para os seus constituintes, colegas, magistrados, advogados

    ou funcionrios, o solicitador deve atuar de forma diligente e respeitosa, dando a

    relevncia necessria s questes que lhe so expostas.

    A violao deste dever considerado um incumprimento pelo ECS, mas tambm

    pode implicar responsabilidade criminal, nos termos do disposto no artigo 370 do

    Cdigo Penal.

    Alnea i)

    Prestar as informaes que lhe sejam pedidas pela parte, relativas ao estado das

    diligncias que lhe foram cometidas, e comunicar-lhe prontamente a sua

    realizao ou a respectiva frustrao, com indicao das suas causas.

  • XIV

    Esta alnea pressupe que o solicitador tenha por obrigao facultar elementos

    comprovativos dos atos que j praticou, quando tais documentos no estejam,

    obviamente, sob segredo de justia. Tal alnea assume-se de extrema importncia na

    medida que acaba por justificar ou legitimar os honorrios solicitados ou a solicitar,

    por parte do solicitador, uma vez que ao informar o exequente ou cliente, de cada

    uma das diligncias que levou a cabo, fundamentando as razes de terem tido

    sucesso ou no, est a prestar informaes que lhe sero teis no momento de

    fundamentar a sua nota de honorrios.

    Cabe ainda referir que a demora de resposta, num perodo superior a 2 meses,

    levar, por regra, responsabilidade disciplinar.

    Alnea j)

    Aplicar devidamente as quantias e coisas que lhe sejam confiadas.

    O solicitador deve dar a aplicao devida a valores, objetos e documentos que lhe

    tenham sido confiados, bem como prestar conta ao cliente de todos os valores deste

    que tenha recebido, qualquer que seja a sua provenincia, e apresentar nota de

    honorrios e despesas, logo que lhe seja solicitado. Vale a pena relembrar que a

    apropriao por parte do solicitador, das quantias e coisas confiadas, pode

    configurar o crime de abuso de confiana.

    Alnea l)

    Diligenciar no sentido do pagamento dos honorrios e demais quantias devidas

    aos colegas ou aos advogados que os antecederam no mandato que lhes venha a

    ser confiado.

    Diligenciar para que sejam embolsados dos honorrios e demais quantias devidas, e

    fazer tudo quanto de si dependa para que sejam embolsados dos honorrios e

  • XV

    demais quantias que lhes estejam em dvida, colega ou advogado a quem

    anteriormente tenha sido confiado assunto que agora se lhe pretenda cometer.

    Alnea m)

    No contactar ou manter relaes com a parte contrria ou contra-interessados,

    quando representados por solicitador ou advogado, salvo se por eles for

    previamente autorizado.

    O dever de correo e de lealdade, probe o solicitador de se corresponder ou de

    receber a parte contrria ou contra interessados. Tal alnea afigura-se como bastante

    pertinncia na medida que defende uma verdadeira e s defesa dos interesses da

    parte que se patrocina, de tal modo que fica vedado ao solicitador, mesmo aps o

    desenvolvimento do processo, mudar-se para o outro lado ou efetuar diligncias no

    sentido a vir ser adotado como mandatrio, j que tal prtica afigurar-se-ia como

    uma prtica desleal. O mesmo se passa se a partir de determinada altura, o

    solicitador, comear a conviver com a outra parte, j que tal facto iria levar o seu

    cliente a ter dvidas do seu brio profissional. Trata-se, no fundo, de manter uma

    certa independncia a transparncia na atividade do solicitador, no sentido do

    solicitador no pressionar ou influenciar os depoimentos ou a atuao das partes

    contrrias e contra-interessados. Por isso, nunca ser de bom-tom, que mesmo

    conhecendo a parte contrria, o solicitador cumprimente de forma efusiva a parte

    contrria, mantendo assim a sua integridade e independncia profissional intactas

    no deixando a impresso que esteja a efetuar jogo duplo.

    Alnea n)

    No desenvolver publicidade fora dos limites previstos por regulamento

    aprovado em assembleia-geral.

  • XVI

    No fica vedado ao solicitador o recurso publicidade, mas esta alnea prev que no

    que respeita a essa matria o solicitador deve ter em conta dois princpios: a sua

    atividade e qual no se coaduna com os demais produtos, bens ou servios e por

    ltimo a realizao dessas aes publicitrias dentro dos limites convencionados

    pelo ECS.

    No que se refere regulamentao sobre a publicidade, deve ser tido em conta o

    Cdigo da Publicidade e por consequente o Regulamento de publicidade dos

    Solicitadores n.34/2005, de 4 de maio, o qual determina quais os atos lcitos e ilcitos

    que dizem respeito a profisso do solicitador.

    Assim, cabe ao solicitador informar sobre a sua atividade profissional de forma

    objetiva, verdadeira e digna, tendo sempre presente a noo de servio justia, de

    forma a garantir a credibilidade e respeito que a sociedade exige dos solicitadores.

    Alnea o)

    No solicitar nem angariar clientes por si ou por interposta pessoa.

    Este dever preza a livre e transparente concorrncia no mercado. Assim, o solicitador

    no deve incitar ou aliciar constituintes, seja por que meio for. O solicitador aquele

    que est disposto a zelar pelo mais justo e tem um papel ativo na realizao do

    interesse pblico, por isso, no deve encarar a sua profisso como um

    negcio/empreendimento.

    Numa avaliao mais exaustiva sobre este dever, pode ser consultado o Decreto-Lei

    n.57/2008, de 26 de maro, que estabelece regras/definies quanto s prticas

    comerciais desleais. No entanto, entenda-se sobre prticas comerciais desleais, de

    acordo com os artigos n.os 5 e 1 do referido Decreto-Lei, que estas so qualquer

    prtica comercial desconforme diligncia profissional, que distora ou seja

    suscetvel de distorcer de maneira substancial o comportamento econmico do

  • XVII

    consumidor seu destinatrio ou que afete este relativamente a certo bem ou

    servio.

    No que respeita matria de defesa da concorrncia (prticas individuais), pode

    consultar-se o Decreto-lei n.370/93, de 29 de outubro, alterado pelos Decretos-Lei

    n.os 140/98, de 16 de maio e 10/2003, de 18 de janeiro.

    Alnea p)

    Usar o trajo profissional quando pleiteiam oralmente.

    Esta alnea deve ser analisada e concretizada luz do disposto no regulamento do

    trajo profissional e das insgnias dos solicitadores, solicitadores honorrios e

    solicitadores de execuo, o qual estabelece as normas do trajo profissional e das

    insgnias dos solicitadores de uma forma detalhada.

    Artigo 1 - Trajo Profissional

    O trajo profissional do solicitador compe-se de toga, de cor preta e ter a

    forma do modelo junto (Figura 1).

    Alm dos solicitadores, s os solicitadores honorrios podero usar a toga de

    solicitador, mas exclusivamente em sesses solenes.

    dever do solicitador, sob pena de procedimento disciplinar, velar pela

    completa compostura e asseio da toga.

    Artigo 2 - Uso Obrigatrio

    O solicitador deve obrigatoriamente usar a toga:

    Em ato solene ou de posse;

    Quando pleiteie oralmente;

    Figura 1. Trajo profissional

  • XVIII

    Em qualquer ato judicial presidido por magistrado a usar beca;

    As medalhas de dirigentes com as insgnias da Cmara s podem ser usadas com a

    toga e em sesses e atos solenes.

    Para alm do previsto nos dois artigos referidos, o solicitador tem ainda o dever de

    zelar pela completa compostura e asseio da toga, projectando uma boa imagem

    quando se apresenta como representante da Cmara, pois toga no uma distino,

    uma responsabilidade, porque simboliza o compromisso milenar do solicitador

    com o direito e a justia.

  • XIX

    Outros Direitos e Deveres dos Solicitadores

    Os direitos e deveres esto previstos nos artigos 100 e 109, respetivamente, como j

    foi referido. H no entanto, outros artigos que prevem aos solicitadores direitos e

    deveres devidos da sua profisso.

    Exclusividade do Exerccio da Solicitadoria

    O artigo 99 do ECS, corresponde Exclusividade do Exerccio da Solicitadoria, onde

    no ponto 1 indica que Alm dos advogados, apenas os solicitadores com inscrio

    em vigor na Cmara podem em todo o territrio nacional e perante qualquer

    jurisdio, instncia, autoridade ou entidade pblica ou provada, praticar atos

    prprios da profisso, designadamente exercer o mandato judicial, nos termos da lei,

    em regime de profisso remunerada. Em complemento com este artigo temos o

    artigo 1 da lei 49/2004, de 24 de agosto, que define os atos prprios doa advogados

    e dos solicitadores, e os quais so:

    1. Apenas os licenciados em Direito com inscrio em vigor na Ordem dos

    Advogados e os Solicitadores inscritos na Cmara dos Solicitadores podem

    praticar os actos prprios dos advogados e dos solicitadores.

    2. Podem ainda exercer consulta jurdica juristas de reconhecido mrito e os

    mestres e doutores em Direito cujo grau seja reconhecido em Portugal,

    inscritos para o efeito na Ordem dos Advogados nos termos de um processo

    especial a definir no Estatuto da Ordem dos Advogados.

    3. Exceptua-se do disposto no n 1 a elaborao de pareceres escritos por

    docentes das faculdades de Direito.

    4. No mbito da competncia que resulta do artigo 173-C do Estatuto da Ordem

    dos Advogados e do artigo 77 do Estatuto da Cmara dos Solicitadores,

    podem ser praticados actos prprios dos advogados e dos solicitadores por

    quem no seja licenciado em Direito.

  • XX

    5. Sem prejuzo do disposto nas leis de processo, so actos prprios dos

    advogados e dos solicitadores:

    a) O exerccio do mandato forense;

    b) A consulta jurdica.

    6. So ainda actos prprios dos advogados e dos solicitadores os seguintes:

    a) A elaborao de contratos e a prtica dos actos preparatrios tendentes

    constituio, alterao ou extino de negcios jurdicos, designadamente

    os praticados junto de conservatrias e cartrios notariais;

    b) A negociao tendente cobrana de crditos;

    c) O exerccio do mandato no mbito de reclamao ou impugnao de actos

    administrativos ou tributrios.

    7. Consideram-se actos prprios dos advogados e dos solicitadores os actos que,

    nos termos dos nmeros anteriores, forem exercidos no interesse de terceiros

    e no mbito de actividade profissional, sem prejuzo das competncias

    prprias atribudas s demais profisses ou actividades cujo acesso ou

    exerccio regulado por lei.

    8. Para os efeitos do disposto no nmero anterior, no se consideram praticados

    no interesse de terceiros os actos praticados pelos representantes legais,

    empregados, funcionrios ou agentes de pessoas singulares ou colectivas,

    pblicas ou privadas, nessa qualidade, salvo se, no caso da cobrana de

    dvidas, esta constituir o objecto ou actividade principal destas pessoas;

    9. So tambm actos prprios dos advogados, todos aqueles que resultem do

    exerccio do direito dos cidados a fazer-se acompanhar por advogado

    perante qualquer autoridade.

    10. Nos casos em que o processo penal determinar que o arguido seja assistido

    por defensor, esta funo obrigatoriamente exercida por advogado, nos

    termos da lei.

    11. O exerccio do mandato forense e da consulta jurdica pelos solicitadores est

    sujeito aos limites do seu estatuto e da legislao processual.

  • XXI

    Garantias em Geral

    As Garantias em Geral esto previstas no artigo 101, onde nos indica que, a lei

    assegura aos solicitadores as imunidades necessrias ao exerccio do mandato e

    regula o patrocnio forense como elemento essencial administrao da justia, e

    para a defesa dos direitos e garantias individuais. Para a defesa dos direitos e

    garantias individuais, os solicitadores podem requerer a interveno dos rgos

    jurisdicionais competentes.

    D-se especial relevncia na medida em que a disposio dos vrios lugares, na sala

    de audincia, tem uma carga representativa e teatral, que j leva um longo caminho,

    tendo-se alterado a estrutura fsica dos tribunais no sentido do Ministrio Publico e

    advogados ou solicitadores se encontrarem ao mesmo nvel e em estruturas idnticas

    e igualmente condignas.

    Sociedade dos Solicitadores

    No que respeita s Sociedades de Solicitadores, o artigo 102 do ECS indica que so

    sociedades em que dois ou mais solicitadores acordam no exerccio em comum da

    profisso de Solicitadoria, a fim de repartirem entre si os respetivos lucros. Seguindo

    alguns requisitos, entre os quais: elemento pessoal, elemento patrimonial ou

    industrial, atividade profissional forense / Solicitadoria / Agente de execuo e

    Escopo finalstico ou lucrativo.

    O ECS em 1976 j acalentava o sonho de regulamentar as sociedades de

    Solicitadores, j que referia, no artigo 62, n.2 que, A Cmara regulamentar a

    criao de tais sociedades entre os membros e colaborar na regulamentao das

    restantes.

    O regulamento do registo das Sociedades de Civis de Solicitadores, que viria a ser

    aprovado pelo Conselho Geral de Solicitadores, na sua reunio de 1 de julho de 2005.

  • XXII

    Contrato de Trabalho

    Deve entender-se que o contrato de trabalho, celebrado entre empregador e

    solicitador, apenas ser vlido se, alm de conter os requisitos genricos de validade

    do contrato de trabalho, contiver os especficos da profisso de solicitadoria. Tal, est

    previsto no artigo 103 do ECS.

    Trajo Profissional e Medalha de Mrito Profissional

    No decorrer deste trabalho j se referiu que um dos deveres do solicitador o uso do

    trajo profissional quando pleiteiam oralmente (alnea p, do artigo 109 do ECS). no

    entanto importante, que ao tomarmos conhecimento deste dever consultemos

    tambm o artigo 107 (Trajo Profissional) e artigo 108 (Medalha de Mrito

    Profissional).

    No artigo 107 o uso do trajo considerado um direito, na medida em este o

    smbolo do poder civil, da legalidade. Este o smbolo da igualdade, as partes

    vestidas de igual modo, valem pelo seu talento. Ao vesti-lo o solicitador falar em

    nome do constituinte, mas f-lo em nome do Direito.

    O artigo 108 refere que So galardoados com a medalha de mrito profissional os

    solicitadores que distingam por uma conduta exemplar. O seu simbolismo o

    mrito pessoal, pelos servios relevantes prestados Cmara dos Solicitadores ou

    causa da justia e do Direito, na defesa dos direitos liberdades e garantias dos

    cidados, no acesso ao direito, na construo do estado de direito e de um mundo de

    paz e liberdade assento nos respeito pela dignidade da pessoa humana, primrdios

    em que se fundamenta a ao da Cmara dos Solicitadores.

    obrigatrio o uso das medalhas com insgnias nas sesses e atos solenes

    organizados por quaisquer rgos da Cmara dos Solicitadores, bem como em

  • XXIII

    sesses solenes das estruturas judiciais nacionais ou internacionais na qual se

    determine o uso dos trajes profissionais.

    As suas caratersticas sero to variadas como a quem se destinam (presidente da

    Cmara, solicitadores de honorrios, entre outros) e tero gravado no verso o nome

    profissional do solicitador, o cargo, ou a qualidade e a data da posse.

    Para alm dos artigos j referidos o regulamento n8/2004, de 6 de fevereiro,

    regulamenta sobre o trajo profissional e das insgnias dos solicitadores, solicitadores

    honorrios e solicitadores de execuo.

    Segredo Profissional

    Atravs da sua atividade o solicitador tem conhecimento de vrios factos atravs da

    revelao pelo prprio cliente, das buscas necessrias para obter elementos para

    instruir os processos e das diligncias decorrentes de tentativas de conciliao.

    Ao violar o Segredo Profissional, dever previsto no artigo 110 do ECS, o solicitador

    est a quebrar a relao de confiana estabelecida entre si e o seu cliente. Por sua vez,

    o solicitador pode revelar informao, na base em esta deciso seja no prprio

    interesse do constituinte e com a sua autorizao, tendo sempre presente o disposto

    no n.3 do artigo 110, ...Cessa a obrigao do segredo profissional em tudo quanto

    seja absolutamente necessrio defesa da dignidade, direitos e interesses legtimos

    do solicitador, do cliente ou seus representantes, mediante prvia autorizao do

    presidente do conselho regional..., ou ainda quando esta diga respeito a factos

    notrios, factos de domnio pblico, factos revelados pelas partes, factos revelados

    em juzo, documentos autnticos ou autenticados.

    Tal como o solicitador tambm os funcionrios que lhe prestem servios esto

    abrangidos pelo segredo profissional.

    A violao desta obrigao implica incumprimento de acordo com o ECS, crime

    (artigo 195 do Cdigo Penal) e responsabilidade civil (artigo 483 do Cdigo Civil).

  • XXIV

    Com isto tudo no podemos pois ignorar que a confiana a pedra basilar da

    solicitadoria e o segredo mais no que o exerccio da atividade do solicitador.

    Segurana Social

    A Segurana Social dos solicitadores, artigo 113, assegurada pela Caixa de

    Previdncia dos Advogados e dos Solicitadores, nos termos das disposies legais e

    regulamentares aplicveis. Alm deste artigo deve ainda considerar-se a Portaria

    n487/83, de 1 de outubro, que regulamenta sobre a Caixa de Previdncia dos

    advogados e dos solicitadores. A existncia da caixa tem vrias finalidades, tais

    como, conceder penses de reforma por velhice aos beneficirios e subsdios por

    morte s respetivas famlias, sem prejuzo de outros benefcios que venham a ser

    estabelecidos nos termos legais e, alm disso conceder ainda subsdios por invalidez

    aos beneficirios, subsdios de sobrevivncia aos respetivos familiares, subsdios de

    doena aos beneficirios e antigos advogados e solicitadores, de harmonia com as

    responsabilidades anuais do fundo de assistncia. Para que cada Solicitador possa

    beneficiar da sua inscrio na Caixa deve pagar as suas contribuies a partir do

    incio do ms seguinte ao da inscrio na Cmara dos Solicitadores, at data em

    que o cancelamento da inscrio deva produzir os seus efeitos. A contribuio paga

    at ao ltimo dia de cada ms, calculada pela aplicao da taxa de 17% a uma

    remunerao convencional.

    Apreenso de documentos e buscas em escritrio de solicitador

    O art. 105 protege o solicitador em atos de apreenso de documentos e buscas no

    seu escritrio confinando o profissional a um conjunto de direitos, nomeadamente o

    direito de ser previamente avisado conforme o n 1 do mesmo art.. Importa salientar

    que a busca e apreenso dever somente ocorrer em escritrio do solicitador ou em

    qualquer outro local onde este faa arquivo, sendo que a mesma dever somente

  • XXV

    ocorrer presidida por um juiz. Para tal efeito dever tambm ser previamente

    avisado o Presidente Regional competente.

    Outro aspeto no menos importante no que se refere aos direitos do solicitador vem

    explanado no n 2 e refere-se apreenso de documentos que estejam abrangidos

    pelo segredo profissional. Com isto permitido ao arguido o exerccio dos seus

    direitos de defesa, j que importa referir que o dever de segredo profissional (j

    mencionado neste trabalho e que est mencionado no Art. 110 do ECS) afigura-se

    de extrema importncia. Por este mesmo motivo, havendo requerimento do

    solicitador a invocar segredo profissional para obstar tal entrega, implicar que o

    juiz s poder obt-los se tiver dvidas sobre a legitimidade da recusa de entrega e

    tiver desenvolvido as devidas averiguaes. No entanto, a regra de no apreenso de

    documentos abrangidos pelo segredo profissional derrogada pelo tribunal superior

    sempre que exista a suspeita que o solicitador em causa esteja envolvido num ilcito

    criminal e tais documentos constituem objeto ou elemento dos mesmos como refere

    o Art. 135, n 3 do Cdigo Processo Penal.

    Direitos perante a Cmara

    De acordo com o referido no art. 106, os solicitadores inscritos na Cmara dos

    Solicitadores passam a estar abrangidos por um conjunto de direitos, j que esta

    instituio, enquanto associao pblica, um rgo representativo dos solicitadores

    com um conjunto de atribuies explanados no art. 4 do ECS. Por esse mesmo

    motivo a Cmara dos solicitadores tem perante os seus membros, um dever de

    proteo e defesa efetivos e, sobretudo, um dever de solidariedade. Como

    associados, o solicitador pode candidatar-se a quaisquer cargos nos rgos da

    Cmara, requerer a convocao das assembleias nos termos do ECS; apresentar

    propostas e formular consultas nas conferncias de estudo e debate sobre quaisquer

    assuntos que interessem ao exerccio da solicitadoria; examinar as contas e livros de

  • XXVI

    escriturao da Cmara (aps o fecho de contas no final do ano de cada exerccio) e o

    direito de reclamar de atos lesivos dos seus direitos.

    Este art. trata, essencialmente, de um direito cujo reconhecimento visa a melhoria

    da atividade de solicitadoria.

    Conta-clientes

    O termo, no consagrado nos anteriores ECS, est regulamentado no art. 112 e

    consiste na obrigatoriedade do solicitador depositar as quantias detidas por conta

    dos seus clientes ou terceiros, para efeitos de liquidao de despesas em contas

    abertas em instituies de crdito em seu nome e identificadas como conta-clientes.

    Desta forma, as contas-clientes permitem uma efetiva distino entre o patrimnio

    pessoal e profissional do solicitador pois assumem-se que as quantias l depositadas

    so propriedade dos clientes. De referir que atualmente, com a vantagem de se

    poder aceder online s instituies de crdito, vieram-se obter ganhos a nvel de

    rapidez e veracidade j que o solicitador pode controlar diariamente estas mesmas

    contas e desta forma, proceder a uma resposta mais clere ao cliente. Por este mesmo

    motivo, este normativo consagra alguns princpios, nomeadamente o princpio do

    registo de constante atualizao de movimentos bancrios, o princpio de

    informao atual e clere e o princpio da diferenciao entre as quantias

    depositadas e detidas pelo solicitador a outro ttulo.

    A este nvel, importante ainda referir que a no informao atempada ao cliente por

    parte do solicitador, leva-o ao incumprimento do art. 109, alnea i) do ECS (j aqui

    mencionado), j que o mesmo tem o dever de informao ao cliente, podendo

    configurar-se como infrao disciplinar, nos termos do art. 133, n 1, do ECS.

    Ainda neste normativo h a destacar duas distintas situaes, a primeira em caso de

    falecimento e a segunda em caso de impedimento de exerccio de profisso por parte

    do solicitador. Em qualquer uma destas situaes, os herdeiros ou representantes

    legais tero de designar um solicitador que assuma a liquidao das respetivas

  • XXVII

    contas-clientes e proceda aos correspondentes pagamentos, devendo requerer a

    interveno do conselho regional sempre que lhe surjam fundadas dvidas sobre os

    proprietrios como refere o n.6. No mesmo sentido, devido a qualquer impedimento

    por deciso disciplinar, o conselho regional tambm dever designar um solicitador

    que proceda liquidao das respetivas contas-clientes. Numa e noutra situao, o

    solicitador substituto ou o representante legal dever receber toda a colaborao das

    instituies de crdito. Em jeitos de concluso, referir ainda, que o solicitador tem

    como dever no usufruir do dinheiro das contas-clientes para qualquer outro fim

    especfico sem ser o j mencionado (n 9 do mesmo art.).

  • XXVIII

    Concluses

    Enquanto estudantes da licenciatura em Solicitadoria, acolhemos de bom grado os

    Direitos e Deveres aqui plasmados e somos unnimes em concluir que a

    concretizao destes princpios deontolgicos e a retido de conscincia do

    solicitador so mil vezes mais importante que o tesouro de conhecimentos.

    Ser honesto, ser firme e ser prudente so valores morais fundamentais para o

    desempenho da profisso, assim como a conscincia que o exerccio da solicitadoria

    consiste na realizao de uma plena cidadania. Paralelamente, as questes de cariz

    deontolgico tm tambm uma importncia acrescida, no s porque fazem parte de

    um quadro de princpios e valores inerentes a uma atividade profissional, mas

    porque se traduzem em si mesmo valores a defender e a preservar com o objetivo de

    enaltecer a classe dos solicitadores.

    Mesmo considerando que alguns princpios que norteiam a sua atividade, geram

    alguma controvrsia no seu alcance e definio, outros assumem-se

    indiscutivelmente como princpios de decoro profissional, de conduta exmia, de

    confiana e de independncia profissional.

    A solicitadoria traz consigo a necessidade no apenas de observncia dos ditames

    ticos e deontolgicos, condio indissocivel ao seu pleno exerccio, assim como,

    incute ao solicitador um compromisso de respeito para com, a lei, a tica e a moral.

    Uma instituio como a Cmara dos Solicitadores, deve funcionar como um todo e

    no cada um por si e para isso necessrio haver verdade, honestidade, respeito por

    estas normas e para com os colegas e clientes.

    De facto, ao solicitador importa agir com diligncia, com correo, com honestidade,

    consciente do seu papel na sociedade. Mas importa igualmente o respeito

    permanente pelas regras de conduta deontolgica vigentes.

  • XXIX

    Perante o no cumprimento de qualquer uma destas regras de conduta deontolgica

    referidas ao longo deste trabalho, incorre o solicitador infrao disciplinar (art.

    133 j mencionado no trabalho). O solicitador poder ser alvo de responsabilidade

    disciplinar como rege o art. 132 e ser-lhe instaurado um processo disciplinar caso

    venha oficiosamente, ou tendo por base uma queixa, denncia ou participao

    apresentada pelo lesado ou por uma pessoa devidamente identificada. Recebida a

    queixa, a Cmara procede a uma apreciao preliminar destinada a determinar a

    possibilidade da conduta do solicitador participado poder constituir infrao

    disciplinar (art. 159). Em caso afirmativo, o processo distribudo e instaurado o

    processo disciplinar que segue os parmetros normais referidos nos art. 140 e 141.

    Aps apreciao do processo disciplinar, a pena (art 142) a aplicar poder ser de

    vria ordem, da mais leve, que passa pela advertncia suspenso por um

    determinado perodo, at chegar em ltima instncia mais gravosa, sua expulso

    (art. 82 alnea a) e b)] caso venha a ser esse o resultado do processo disciplinar

    instaurado. Poder ser cancelada a inscrio do solicitador (art. 88 alnea b) quando

    aplicada a pena de expulso como resultado do processo disciplinar.

    Concluindo, todos estes direitos e deveres mencionados ao longo do trabalho, como

    normas deontolgicas que so, quando assumidas como facto natural, so o

    apangio do solicitador que se preze.

  • XXX

    Bibliografia

    Lei 49/2004, de 24 de agosto, Dirio da Repblica I srie A, n.199.

    Rodrigues, B. S. (2010). Estatuto (da Cmara) dos Solicitadores (e Agentes de Execuo). 2

    Edio. Quid Juris.

    Regulamento sobre a reduo e forma de pagamento de quotizaes, n.58/2003, de

    31 de outubro.

    Regulamento do trajo profissional e das insgnias dos Solicitadores, Solicitadores de

    Honorrios e Solicitadores de Execuo, n.8/2004, de 6 de fevereiro.

    Regulamento de publicidade dos Solicitadores, n.34/2005, de 4 de maio.

    Site da Cmara dos Solicitadores: http://solicitador.net/, visitado a 7 de novembro

    de 2012.