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Acácia da Felicidade Sebastião Zevo Alcinda Sónia Jossefa Macuácua Dulce Maria Leonardo Cuavo Feliciana Magomane Langa Inácio Manuel Nhatsave Naira da Páscoa Olinda Manuel Machai Os Direitos Humanos em África Licenciatura em História Política e Gestão Pública Universidade Pedagógica Xai-Xai 2015

Direitos Humanos em Africa

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    Accia da Felicidade Sebastio Zevo

    Alcinda Snia Jossefa Macucua

    Dulce Maria Leonardo Cuavo

    Feliciana Magomane Langa

    Incio Manuel Nhatsave

    Naira da Pscoa

    Olinda Manuel Machai

    Os Direitos Humanos em frica

    Licenciatura em Histria Poltica e Gesto Pblica

    Universidade Pedaggica

    Xai-Xai

    2015

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    Accia da Felicidade Sebastio Zevo

    Alcinda Snia Jossefa Macucua

    Dulce Maria Leonardo Cuavo

    Feliciana Magomane Langa

    Incio Manuel Nhatsave

    Naira da Pscoa

    Olinda Manuel Machai

    Os Direitos Humanos em frica

    Licenciatura em Histria Poltica e Gesto Pblica

    Universidade Pedaggica

    Xai-Xai

    2015

    Trabalho de Pesquisa sobre os Direitos Humanos em

    frica para efeitos de apresentao em Seminrio e

    avaliao na Cadeira de tica Poltica.

    Sob orientao da Msc Claudina Albino Matusse

  • 2

    ndice I. Introduo ............................................................................................................... 3

    II. Definio do tema ................................................................................................... 4

    2.1. Problematizao ou Problema da pesquisa .......................................................... 4

    2.2. Hipteses .............................................................................................................. 4

    2.3. Objectivos da pesquisa ......................................................................................... 4

    2.3.1. Objectivo Geral ................................................................................................. 4

    2.3.2. Objectivos Especficos ...................................................................................... 5

    2.4. Advento e evoluo histrica dos direitos humanos em frica ............................. 5

    2.4.1. Conceito de direitos Humanos .......................................................................... 5

    2.4.2. Evoluo Histrica dos Direitos Humanos em frica ........................................ 6

    2.5. Ratificao, papel e o compromisso nos governos africanos perante a CADHP .. 9

    2.6. O papel das organizaes que velam pelo comprometimento dos direitos

    humanos em Africa ................................................................................................... 11

    2.6.1. Organizao das Naes Unidas (ONU) ........................................................ 11

    2.6.2. Unio Africana (UA) ........................................................................................ 11

    2.6.3. Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral (SADC) ................... 12

    2.7. Factores que condicionam o gozo dos direitos humanos em frica ................... 13

    2.7.1. Apartheid ........................................................................................................ 13

    2.7.2. Terrorismo ...................................................................................................... 14

    2.7.3. Pobreza absoluta ............................................................................................ 14

    2.7.4. Xenofobia ........................................................................................................ 15

    2.8. Acomodao da CADHP em Moambique ......................................................... 15

    2.9. O papel das ONGs na promoo dos Direitos Humanos em Moambique ......... 16

    2.9.1. A Liga dos Direitos Humanos ......................................................................... 16

    2.9.2. Save the Children ........................................................................................... 17

    2.9.3. JAM LIFE ........................................................................................................ 17

    2.9.4. Organizao para Alimentao e Agricultura (FAO) ....................................... 17

    2.9.5. Fundo das Naes Unidade para a Infncia (UNICEF) .................................. 17

    2.9.6. Organizao das Naes Unidas para Educao, Cincia e Cultura

    (UNESCO) ................................................................................................................. 18

    III. Concluso ............................................................................................................. 19

    IV. Referncias Bibliogrficas ............................................................................... 20

  • 3

    I. Introduo

    O tema que pretendemos apresentar tem como ttulo: Os Direitos Humanos em

    frica. Este trabalho visa fazer compreender o compromisso que os governos

    africanos tm na promoo destes direitos e proporcionar um bem-estar aos seus

    cidados.

    Segundo o artigo 1 da Declarao Universal dos Direitos Humanos refere o

    seguinte:

    Contudo, assistimos no mundo e em frica em especial factos que inibem o

    exerccio pleno desses direitos, sendo que em alguns casos essa limitao

    imposta e noutras situaes deve-se necessariamente pela falta de oportunidades.

    O presente trabalho vai cingir-se nesses e outros aspectos de modo a elucidar um

    exerccio pleno de usufruto dos direitos humanos no continente.

    Para o sucesso do trabalho um grupo de estudantes empenhou-se incansavelmente

    na recolha de informaes atinentes ao tema adquirida atravs dos mtodos

    bibliogrficos e documental, para maior fundamentao de aspectos ou conceitos

    importantes a investigao.

    Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos

    [] devem agir uns para com os outros em esprito de fraternidade.

  • 4

    II. Definio do tema

    Os Direitos Humanos em frica

    2.1. Problematizao ou Problema da pesquisa

    A Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP) compele a

    necessidade de libertar o homem da situao da escravatura, qualquer dominao e

    mesmo explorao. Mas em alguns dos casos frequente acompanhamos

    situaes que privam essas liberdades, colocando o ser humano numa extrema

    situao, assolado de fenmenos que de certa forma limitam esses direitos, como as

    guerras, terrorismo, fome, pobreza e outros.

    Qual o compromisso que os governos africanos tm na promoo dos direitos e

    proporcionar um bem-estar aos seus cidados?

    2.2. Hipteses

    Possivelmente a criao de polticas claras em alguns governos na liderana e

    explorao dos recursos assim como redistribuio eficiente de riquezas pode evitar

    descontentamento e assimetrias sociais, fortalecendo assim o comprometimento

    destes governos na promoo de um ambiente so, seguro e alheio as atrocidades

    contra os direitos humanos, guerras e outro tipo de manifestao desumanas.

    2.3. Objectivos da pesquisa

    Segundo Siena (2007:82), os objectivos de uma pesquisa expressam os resultados

    que se pretende alcanar, os quais devem estar coerentes com o problema

    formulado, isto , o que o investigador pretende conseguir como resultado intelectual

    final de sua investigao.

    2.3.1. Objectivo Geral

    Analisar a interveno poltica dos governos africanos e o seu compromisso no

    garante dos direitos humanos como factor principal na promoo de um bem-estar

    dos seus cidados.

  • 5

    2.3.2. Objectivos Especficos

    Identificar o advento e evoluo histrica dos direitos humanos em frica;

    Compreender a ratificao, o papel e o compromisso nos governos africanos

    perante a carta africana dos direitos humanos;

    Apresentar o papel das organizaes que velam pelo comprometimento dos

    direitos humanos em Africa;

    Evidenciar os factores que condicionam o gozo dos direitos humanos em frica;

    Indicar as evidncias de acomodao da carta africana dos direitos humanos em

    Moambique;

    Estabelecer o papel das ONGs na Proteo dos Direitos Humanos em

    Moambique.

    2.4. Advento e evoluo histrica dos direitos humanos em frica

    Para podermos entender o surgimento e evoluo histrica dos direitos humanos em

    frica apraz-nos fazer uma contextualizao atravs de alguns conceitos

    importantes.

    2.4.1. Conceito de direitos Humanos

    Segundo Moreira e Gomes (2012:44) direitos humanos so todas as aspiraes que

    tm em vista proteger a dignidade humana de todas as pessoas sem excluso.

    Podemos tambm compreender a definio dos direitos humanos no seguinte

    trecho:

    A base do conceito de direitos humanos assenta no conceito da inerente

    dignidade humana de todos os membros da famlia humana, consagrado na Carta

    das Naes Unidas, na Declarao Universal dos Direitos Humanos e nos Pactos

    de 1966, que tambm reconheceram o ideal de seres humanos livres no exerccio

    da sua liberdade de viver sem medo e sem privaes e enquanto titulares de

    direitos iguais e inalienveis. Em concordncia, os direitos humanos so universais

    e inalienveis, o que significa que se aplicam em todo o lado e no podem ser

    retirados pessoa humana, ainda que com o seu consentimento. (MOREIRA e

    GOMES: 201:54)

  • 6

    Para os autores no artigo 1 da Declarao Universal dos Direitos Humanos,

    adotada pelas Naes Unidas em 1948, refere os principais pilares do sistema de

    direitos humanos, as seguintes: liberdade, igualdade e solidariedade.

    Quanto a liberdade refere-se os direitos como a liberdade de pensamento,

    conscincia de religio, bem como de opinio e de expresso;

    Quanto a igualdade, estaremos a focalizar a proteo igual contra todas as

    formas de discriminao no gozo de todos os direitos humanos, incluindo a

    igualdade total entre mulheres e homens;

    Quanto a solidariedade relaciona-se com os direitos econmicos e sociais, tais

    como o direito segurana social, remunerao justa, condies de vida

    condignas, sade e educao acessveis.

    Segundo o artigo 29o da Declarao Universal dos Direitos Humanos, os direitos

    humanos podem interferir-se entre si quando no harmonizados por isso eles so

    limitados pelos direitos e liberdades dos outros ou por requisitos de moralidade, de

    ordem pblica e do bem comum de uma sociedade democrtica. Os direitos

    humanos dos outros tm de ser respeitados, no apenas tolerados e que os direitos

    humanos no podem ser utilizados para violar outros direitos humanos, assim todos

    os conflitos devem ser resolvidos no respeito pelos direitos dos outros.

    Segundo Ban Ki-moon apud Moreira e Gomes (2012) os direitos humanos surgem

    para garantir a liberdade, paz, desenvolvimento e justia e o cerne do trabalho das

    Naes Unidas em todo o mundo, onde o continente africano faz parte.

    2.4.2. Evoluo Histrica dos Direitos Humanos em frica

    Para entendermos o que teria mudado na histria dos povos africanos no que

    concerne os direitos dos homens, vamos repartir a nossa investigao em trs fases

    em que os africanos passaram, designadamente: pr-colonial, colonial e ps-

    independncia.

  • 7

    2.4.2.1. Perodo pr-colonial

    Neste perodo a frica era composta por cidades independentes e principados,

    reinos e imprios, sendo suas relaes baseadas na soberania, independncia e

    cooperao.

    As relaes sociais eram praticamente favorveis aos mais fortes, pois para a

    construo desses cidades ou imprios dependia-se da mo-de-obra escrava,

    resultante da dominao pelos imprios ou cidades militarmente desenvolvidos.

    As mulheres eram excludas no exerccio do poder e tambm no mbito de tomada

    de decises, ainda eram foradas a se casar com os homens poderosos ou lderes

    para garantir a honra da famlia, sem que estas estivessem de forma autnoma

    apaixonadas.

    Os reis eram autoritrios e exerciam o poder de forma vitalcio obtendo-o pela

    sucesso do herdeiro, sendo que estes obrigavam aos seus sbditos a pagarem

    impostos para garantira sua sobrevivncia e como smbolo de poder e que os fins

    das guerras que perpetravam era de expanso de poder e conseguir conquistar

    mais territrios.

    Contudo, apesar destas dissidncias sociais, podemos encontrar um legado muito

    importante no respeito pela vida, nas seguintes circunstncias:

    As pessoas no se vem como indivduos, nem se preocupam com seus direitos

    individuais, sendo a cidadania atingida em razo do papel da pessoa na

    comunidade, estando todas preocupadas com o grupo;

    As decises polticas so tomadas atravs de consenso comunitrio, devendo o

    chefe consultar os mais velhos os que representam o povo.

    2.4.2.2. Perodo Colonial

    Este perodo os povos africanos foram confiscados todos direitos que alguns

    detinham e tanto os homens assim como as mulheres foram submetidos ao mesmo

    tratamentos (escravos e trabalhadores) com fins metropolitanos.

  • 8

    Este perodo de cerca de 500 anos foi o mais triste possvel que o povo africano

    viveu, pois era caado como mercadoria, escravo e o mais graves foi o de assistir as

    suas riquezas a serem delapidados sem sobretudo ajudarem para o

    desenvolvimento local mais para a metrpole.

    Os africanos no tinham palavra nem expresso para escolher os seus dirigentes,

    criticar, muito menos a nacionalidade, nas suas prprias terras de origem. Os seus

    territrios foram expropriados pelos ocidentais atravs de fronteiras, na qual no

    foram obedecidos quaisquer formalismos locais, politicas, tnicas nem religiosas.

    O mais doloroso foi de que contrariamente com o que acontecia no perodo pr-

    colonial, essas descriminaes eram feitas por pessoas que muito bem sabiam das

    graves consequncias de descriminao, pois entre os brancos no descriminavam-

    se, mais viam no negro como um animal irracional que apenas tinha a funo de

    satisfazer as suas necessidades econmicas.

    2.4.2.2.1. O papel da 2a Guerra Mundial no despertar dos Direitos Humanos

    em Africa

    Face a 2a Guerra Mundial, os pases europeus que estavam envolvidos na guerra

    recrutaram nas suas colnias para lutarem ao seu favor contra os seus inimigos,

    sendo que este factor despertou a ideia de que os prprios africanos podiam

    tambm lutar contra o seu inimigo, neste caso os colonizadores, nasce desta forma

    a ideia de libertao de frica, dando origem ao nacionalismo um dos pilares dos

    direitos humanos.

    O nacionalismo constitui um dos primeiros movimentos africanos que de forma viva

    critica e revindica os direitos dos homens em frica aos colonizadores, sendo que

    em alguns pases teve que utilizar a luta armada para ganhar as suas

    independncias, principalmente nos pases colonizadas pelos portugueses, como o

    caso de Moambique.

    Nessas lutas, o sacrifcio dos homens favoreceu a independncia dos povos, o que

    possibilitou uma transio para a outra fase.

  • 9

    2.4.2.3. Perodo ps-independncia

    Apos independncia os lideres e partidos africanos que conduziram os estados

    independncia, assumiram o poder, sem contudo, obedecer ao critrio democrtico.

    A edificao de sistemas monopartidrios regidos por princpios militaristas,

    conduziu a um descontentamento que reflectiu-se em guerras civis e golpes de

    estados entre esses governos e partidos que sentiam no ter oportunidade de

    participar na tomada de certas decises nacionais.

    2.5. Ratificao, papel e o compromisso nos governos africanos perante

    a CADHP

    Segundo Morreira e Gomes (2012:71) o sistema africano de direitos humanos foi

    criado em 1981 na 18a Conferncia de Estados e de Governo com a adopo,

    realizada de 17 a 26 de Junho em Nairobi na Qunia, pela ento Organizao da

    Unio Africana (OUA), da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, que

    entrou em vigor em 1986.

    Atualmente, todos os 54 Estados membros da Unio Africana, que sucedeu OUA

    em 2001, ratificaram esta carta e seguem a abordagem da Declarao Universal dos

    Direitos Humanos unindo todas as categorias de direitos humanos.

    Segundo Andrade (2001:24) a Carta estabelece uma Comisso Africana dos Direitos

    Humanos e dos Povos, formada por 11 membros, dotados de competncia em

    matria de direitos humanos e dos povos, os quais so eleitos secretamente pela

    Conferncia dos Chefes de Estado e de Governo membros por um perodo de seis

    anos com possibilidade de reeleio e gozam dos privilgios e imunidades

    diplomticos. Esta Comisso tem a misso de assegurar a proteo dos direitos

    humanos e dos povos nas condies fixadas pela prpria Carta e executar

    quaisquer outras tarefas que lhe sejam eventualmente confiadas pela Conferncia

    dos Chefes de Estado. Esta comisso tem sede em Banjul, na Gmbia.

    Em 1993, a Comisso Internacional de Juristas, sob os auspcios dos ento

    presidentes senegals Abdou Diouf e da Assembleia da OUA, constituram em

    Dakar um pequeno grupo de juristas africanos e especialistas em direitos humanos e

    formaram uma Corte (inciso) Africana de Direitos Humanos e dos Povos com vistas

  • 10

    a convencer os lderes africanos a se comprometerem a tomar medidas concretas.

    De salientar que tambm composto por 11 juzes num mandato de seis anos

    renovveis e responsabiliza-se por tomar as medidas necessrias no caso de

    violao da Carta de Banjul, a qual se preocupa por reparao da medida assim

    como a sua devida indeminizao.

    De referir que na Cimeira de Maputo, em 2003, a UA adotou um Protocolo Adicional

    Carta sobre os Direitos das Mulheres em frica, o qual entrou em vigor em 2010.

    No seu prembulo a Carta Africana introduz alguns princpios como os da no

    discriminao, o respeito ao direito dos povos, o direito autodeterminao, o direito

    ao desenvolvimento e o cumprimento dos deveres individuais.

    Na parte I dividida em dois captulos, sendo que o 1o trata dos direitos humanos e

    dos povos, em quanto o 2o da trata dos deveres individuais.

    Nestes captulos os Estados so obrigados a adotarem as medidas necessrias

    (legislativas e outras) para a aplicao dos direitos, deveres e liberdades enunciados

    na Carta. Neles esto arrolados os direitos individuais, os quais os Estados se

    comprometem a respeitar, salvaguardando clusulas que permitem a suspenso ou

    violao dos direitos enunciados baseada em determinados imperativos pblicos.

    A Carta de Banjul procura espelhar e preservar contornos caractersticos da cultura

    e da formao histrica africana, destacando trs principais aspectos:

    A consagrao dos valores tribais como corolrio do esprito da Carta;

    A disposio singular no s de direitos, mas tambm de deveres dos indivduos

    africanos para com seus grupos familiares; e

    A afirmao conceitual dos direitos dos povos como direitos humanos, em

    especial aqueles concernentes ao direito independncia, autodeterminao e

    autonomia dos Estados africanos.

    Resumidamente podemos demostrar o papel da carta nos seguintes aspectos:

    Reforar a unidade e a solidariedade dos Estados Africanos;

    Coordenar e intensificar a cooperao tendo em vista a melhoria da vida de

    todos os africanos;

  • 11

    Defender a soberania dos Estados africanos, a sua integridade territorial e a sua

    independncia; e

    Eliminar de frica o colonialismo sob todas as suas formas.

    2.6. O papel das organizaes que velam pelo comprometimento dos

    direitos humanos em Africa

    Com vista a preservar e garantir o cumprimento dos direitos humanos em frica,

    temos a considera o papel das seguintes organizaes: Organizao das Naes

    Unidas (ONU), Unio Africana (UA), Comunidade para o Desenvolvimento da frica

    Austral (SADC).

    2.6.1. Organizao das Naes Unidas (ONU)

    Segundo Fenhane e Capece (2003:66) um organismo internacional fundado em

    1945 em substituio da Sociedade das naes instinto logo com incio da 2 Guerra

    Mundial com sua sede a Nova Iorque e seu actual secretrio-geral o coreano Ban Ki-

    moom, criado com objectivo de evitar conflitos entre naes e promover a

    cooperao internacional.

    A jurisdio desta organizao mundial e engloba todos pases soberanos, onde

    Moambique faz parte, o seu papel circunscreve-se nos seguintes:

    Manter a paz e segurana no mundo;

    Promover as relaes amigveis entre as naes, baseando no principio de

    igualdade de direitos da autodeterminao os povos;

    Promover a cooperao econmica, social, cultural e humanitria;

    Encorajar o espeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais dos

    cidados, sem qualquer tipo de descriminao.

    2.6.2. Unio Africana (UA)

    Segundo Chissaque e Rainde (2014:14) uma organizao pan-africana que

    sucedeu a Organizao da Unidade Africana fundada em 1963, com sua sede na

    Addis Abeba na Etipia, com uma presidncia anual, sendo para 2015 dirigida pelo

    actual presidente da Mauritnia Mohammed Ould Abdelazizd, sendo que a

    passagem da liderana em Moambique foi em 2004 sob liderana de Joaquim

  • 12

    Alberto Chissano um organizao que est objectivado a promoo da paz e

    prosperidade num continente unido.

    Atravs da Nova Parceria para o Desenvolvimento de frica (NEPAD) a UA

    desempenha os papeis seguintes:

    Erradicar a pobreza;

    Coloca os pases africanos individuais e colectivamente no caminho do

    desenvolvimento sustentvel;

    Acabar com a marginalizao do continente africano no contexto do processo de

    globalizao fortalecendo a sua integrao na economia global; e

    Promover o papel da mulher no desenvolvimento social e econmico.

    2.6.3. Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral (SADC)

    Segundo Chissaque e Rainde (2014:15) uma organizao que substitui a

    Conferncia Coordenadora para o Desenvolvimento da frica Astral (SADCC) criada

    em 1980 em Lusaka na Zmbia objectivado a libertar esta regio da dependncia

    econmica relativamente a frica do Sul que constitua uma ameaa devido o

    apartheid.

    Com o fim do apartheid foi criada em Windhoek na Nambia a comunidade para o

    desenvolvimento da frica Austral (SADC), cuja sua sede esta em Gaborone,

    no Botswana, sendo actual presidente da organizao Robert Mugabe, Presidente

    do Zimbabwe na 34 Cimeira realizada na Cidade de Victria, no Seychelles.

    O papel desta agremiao pode resumir-se da seguinte maneira:

    Promover o desenvolvimento sustentvel;

    Aliviar a pobreza;

    Elevar a qualidade de vida dos povos da regio;

    Promover a paz e segurana;

    Desenvolver valores polticos comuns, sistemas e instituies;

    Alcanar a complementaridade entre as estratgias e programas nacionais;

    Usar racionalmente os recursos naturais existentes; e

    Protege o meio ambiente.

  • 13

    2.7. Factores que condicionam o gozo dos direitos humanos em frica

    Apesar da influncia e exigncias que so impostas pelas organizaes acima

    descritas, a paz e segurana dos povos africanos encontra-se extremamente

    condicionada por factores intra e extra governamentais que estes de certa forma tm

    favorecido violaes brbaras dos direitos a que os povos detm.

    Neste trabalho podemos citar alguns exemplos que atentam a liberdade, paz e

    solidariedade como foi exposto na Carta africana de Direitos Humanos e dos Povos.

    2.7.1. Apartheid

    Apartheid que significa "vidas separadas" em africano era um regime

    segregacionista que negava aos negros da frica do Sul os direitos sociais,

    econmicos e polticos adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos

    do Partido Nacional na frica do Sul.

    O apartheid trouxe violncia e um significativo movimento de resistncia interna, bem

    como um longo embargo comercial contra a frica do Sul, uma srie de revoltas

    populares e protestos causaram o banimento da oposio e a deteno de lderes

    antiapartheid. Conforme a desordem se espalhava e se tornava mais violenta, as

    organizaes estatais respondiam com o aumento da represso e da violncia at

    quando o ento presidente sul-africano tomou vrias medidas para colocar fim ao

    apartheid, como a libertao de Nelson Mandela, preso desde 1964 por lutar contra

    este regime.

    No regime do apartheid o governo era controlado pelos brancos de origem europeia

    (holandeses e ingleses), que criavam leis e governavam apenas para os interesses

    dos brancos. Aos negros eram impostos vrias leis, regras e sistemas de controlos

    sociais, que dentre vrias podem-se destacar:

    Proibio de casamentos entre brancos e negros em 1949;

    Obrigao de declarao de registro de cor para todos sul-africanos (branco,

    negro ou mestio) em 1950;

    Proibio de circulao de negros em determinadas reas das cidades em 1950;

  • 14

    Determinao e criao dos bantustes (bairros s para negros) em 1951;

    Proibio de negros no uso de determinadas instalaes pblicas (bebedouros,

    banheiros pblicos) em 1953;

    Criao de um sistema diferenciado de educao para as crianas dos

    bantustes em 1953.

    2.7.2. Terrorismo

    Segundo Galito (2013:3) terrorismo o uso da violncia fsica ou psicolgica contra

    alvos no combatentes, selecionados ou aleatrios, para impor o medo sobre um

    povo, um governo ou um Estado, com objectivo de obter efeitos psicolgicos que

    ultrapassem largamente o crculo das vtimas, o resto da populao do territrio de

    modo a alcanar seus objetivos, como organizaes polticas de esquerda e direita,

    grupos separatistas e at por governos no poder.

    No continente africano podemos estacar alguns grupos terroristas como:

    Boko Haram que significa a educao no islmica pecado, sendo s vezes

    traduzido tambm como a educao ocidental pecado., esta organizao

    terrorista objetiva implantar a sharia (lei islmica) no territrio da Nigria;

    Al-Shabab, instalada na Somlia e ameaa impor a lei islmica na Somlia;

    Al Qaeda considerada a organizao-me da jihad ("guerra santa" islmica)

    global, cuja sua meta a instaurao de um Estado religioso abrangendo todos

    os pases e territrios muulmanos. Desde a morte de Osama bin Laden, em

    maio de 2011, seu lder o egpcio Ayman al-Zawahiri. Atualmente a rede agem

    de maneira basicamente autnoma em diferentes pases, entre eles o Magrebe

    Islmico, que opera principalmente na Arglia e no norte do Mali.

    2.7.3. Pobreza absoluta

    A palavra "pobre" veio do latim "pauper", que vem de pau que significa "pequeno"

    e prio "dou luz" e originalmente referia-se a terrenos agrcolas ou gado que no

    produzirem o desejado.

    Segundo a Declarao das Naes Unidas emitido na Cimeira Mundial sobre o

    Desenvolvimento Social, em Copenhaga, na Dinamarca em 1995, a pobreza

  • 15

    absoluta "uma condio caracterizada por uma grave privao de necessidades

    humanas bsicas, como alimentos, gua potvel, instalaes sanitrias, sade,

    residncia, educao e informao os quais no s depende do rendimento, mas

    tambm do acesso aos servios".

    Contudo, a pobreza pode ser entendida em vrios sentidos, principalmente:

    Carncia de bens e servios essenciais tipicamente envolvendo as

    necessidades da vida cotidiana como alimentao, vesturio, alojamento e

    cuidados de sade;

    Falta de recursos econmicos, nomeadamente a carncia

    de rendimento ou riqueza (no necessariamente apenas em termos

    monetrios).

    Carncia Social, como a excluso social, a dependncia e a incapacidade de

    participar na sociedade, isto inclui a educao e a informao.

    2.7.4. Xenofobia

    A definio etimolgica da palavra Xenofobia deriva no grego xnos que

    significa "estranho" e , translit. phbos: "medo." a averso (raiva) ou a

    profunda antipatia em relao aos estrangeiros, a desconfiana em relao a

    pessoas estranhas ao meio daquele que as julga ou que vm de fora do seu pas.

    A xenofobia pode ter como alvo no apenas pessoas de outros pases, mas de

    outras culturas, subculturas, sistemas de crenas ou caractersticas fsicas. O medo

    do desconhecido pode ser mascarado no indivduo como averso ou dio, gerando

    preconceitos.

    2.8. Acomodao da CADHP em Moambique

    Segundo os nos 1 e 2 do artigo 18 da CRM referem que os instrumentos regionais e

    internacionais desde que ratificados tm o mesmo valor jurdico que as normas

    infraconstitucionais emanadas da Assembleia da Repblica e do Governo. Isto

    implica que todos os instrumentos internacionais de direitos humanos de que

    Moambique Estado Parte aplicam-se a todos os domnios da vida do pas aps a

    sua publicao oficial no Boletim da Repblica. Isto implica, por conseguinte, que as

  • 16

    normas internacionais no campo dos direitos humanos podem ser invocadas de

    forma directa nas instncias judiciais do pas.

    Podemos fundamentar esta tese referenciando que no prembulo da CRM faz

    meno ao respeito pelos direitos humanos ao consagrar no seu 4. pargrafo que:

    .

    A constituio moambicana possui um extenso catlogo de direitos, deveres,

    liberdades e garantias fundamentais que constam do Ttulo III, os quais se alinham

    aos princpios internacionais constantes nos diversos tratados de direitos humanos

    de que o pas Estado parte, incluindo da Carta Africana dos Direitos do Homem e

    dos Povos em que grande parte dos direitos nela consagradas esto

    constitucionalmente previstos.

    Para alm do exposto, importa referir que, de acordo com o artigo 43 da CRM as

    previses constitucionais e legais relativas aos direitos fundamentais so

    interpretadas e integradas na ordem jurdica moambicana de harmonia com a

    Declarao Universal dos Direitos Humanos e a Carta Africana dos Direitos do

    Homem e dos Povos.

    2.9. O papel das ONGs na promoo dos Direitos Humanos em

    Moambique

    Em moambique existem muitas ONGs que em cooperao com o Estado tm

    envidado esforos na promoo de um bem-estar social, que neste trabalho

    destacaremos as mais evidentes, designadamente:

    2.9.1. A Liga Moambicana dos Direitos Humanos

    A Liga uma associao scio humanitria, no-governamental, dotada de uma

    personalidade jurdica sem fins lucrativos, que tem como objectivo a defesa e

    promoo dos direitos fundamentais do homem, incluindo denncias das violaes e

    outras arbitrariedades.

    A presente Constituio reafirma, desenvolve e aprofunda os princpios

    fundamentais do Estado moambicano, consagra o carcter soberano do Estado de

    Direito Democrtico, baseado no pluralismo de expresso, organizao partidria e

    no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais dos cidados

  • 17

    A Liga Moambicana dos Direitos Humanos, foi criada tendo como viso global

    liderar o processo de promoo e defesa dos Direitos Humanos em Moambique. A

    LDH conta ainda como misso de promover os Direitos Humanos atravs da

    Advocacia, Educao Cvica, Monitoria, Presso e Assistncia Jurdica onde haja

    vazio institucional. Sendo que objectivo geral contribuir para uma maior aderncia

    e respeito pelos Direitos Humanos no Pais, quer pelas instituies do Estado, quer

    pela sociedade civil.

    2.9.2. Save the Children

    uma ONG, que opera em Moambique desde 1987 em quase todas provncias,

    tem a misso de ajudar as crianas a conseguir mudanas imediatas e duradouras,

    ela desenvolve aces nas reas de proteco e direitos da criana e governao,

    sade e nutrio, educao, emergncia e assistncia Humanitria.

    2.9.3. JAM LIFE

    uma organizao global que opera em Moambique desde 1992, sua misso de

    ajudar as pessoas em especial crianas no mbito de combate a malnutrio,

    distribuindo alimentos e promovendo aces para uma agricultura desenvolvida e

    sustentvel.

    2.9.4. Organizao para Alimentao e Agricultura (FAO)

    A FAO uma instituio das Naes Unidas que tem em vista promoo de

    programas de apoio as populaes com ocorrncias alimentares. No nosso pas

    esta organizao tem apoiado as populaes em casos de calamidades como

    cheias, secas ou outras situaes que provocam a falta de comida. Outrossim este

    programa intensifica suas aces em muitos centros moambicanos com regime de

    internato para melhorar a dieta dos alunos.

    2.9.5. Fundo das Naes Unidade para a Infncia (UNICEF)

    uma organizao que opera em Moambique desde a 1975, no pas esta

    organizao apoia mutos projectos de desenvolvimento orientados para crianas, a

    sade e a comunidade.

  • 18

    Actualmente esta organizao continua a priorizar a sobrevivncia e o

    desenvolvimento das criana, o combate a HIV/SIDA, a educao bsica e a

    proteco da criana. O Programa procura reduzir as disparidades no bem-estar das

    crianas, assegurando que as crianas vulnerveis nas famlias em desvantagem e

    comunidades tambm tenham direitos sobrevivncia, desenvolvimento, proteco

    e participao.

    Ainda o programa apoia os esforos nacionais para melhorar a prestao de

    servios, na sade e nutrio das crianas, educao bsica, gua, saneamento e

    higiene, proteco da criana e poltica social, advocacia e comunicao.

    2.9.6. Organizao das Naes Unidas para Educao, Cincia e Cultura

    (UNESCO)

    A UNESCO uma organizao tem sua sede em Pars na Frana, tem a finalidade

    de desenvolver e promover a cultura, sobretudo nos pases pobres, sendo que a

    ajuda mais dirigida ao combate contra a ignorncia e o analfabetismo. Outrossim

    tem a funo de promover a liberdade de expresso nos meios de comunicao e

    informao, proteger heranas culturais do mundo, desenvolver o pluralismo e

    fomentar polticas de defesa do ambiente.

  • 19

    III. Concluso

    O continente africano afirmou-se com uma forma de governao em que seus

    lderes foram confiscados o poder no momento da sua partilha, sendo que deste

    perodo at as independncias o povo sofreu graves atrocidades sociais no que

    tange o usufruto dos direitos humanos, pois os povos nele vivente eram explorados

    sob varias formas, situao que comeou a abrandar com a afirmao da Carta

    Africana dos Direitos Humanos e dos Povos.

    Do exposto, podemos afirmar categoricamente que os governos africanos ratificaram

    esta carta e consequentemente a Declarao Universal dos Direitos Humanos, onde

    estes governos esto comprometidos com a promoo destes direitos nos seus

    territrios, sob risco de correrem certas sanes regionais ou mesmo internacionais,

    conforme as competncias da Corte Africana dos Direitos Humanos que funcionam

    como uma espcie de tribunal africano. Outrossim a violao destes princpios

    internacionais incorre o risco de ser penalizados pelo Tribunal Penal Internacional.

    Ainda pode se fundamentar que em todos pases de frica recorrem as eleies

    para eleger seus dirigentes, evidncia muto importante nos direitos humanos.

    Para aumentar as relaes intra e extra continentais estes governos acreditam nos

    seus territrios organizaes no-governamentais a operarem de modo a

    proporcionar alguns direitos que o povo necessita, dando assim um contributo na

    boa governao.

    Contudo, existem situaes que mancham este desejo dos governos pois em

    algumas situaes os objectivos individuais tem sobrepostos os da colectividade,

    gerando assim manifestaes, guerras etc. Apesar dos instrumentos legais estarem

    disponveis existem tambm pessoas de mal carcter que ousam em defraudar

    esses direitos colectivos para satisfazer as suas vontades pessoais, sendo esta a

    actual preocupao das instituies que velam pelos direitos humanos.

    .

  • 20

    IV. Referncias Bibliogrficas

    Obras

    ANDRADE Jos H. Fischel de. A Proteo dos Direitos Humanos e dos Povos

    na frica. Artigo baseado em comunicao apresentada pelo autor, aos

    15.5.2001, no I Colquio Anual de Direitos Humanos, realizado na PUC/SP,

    de 14-25.05.2001, sob os auspcios do Consrcio Universitrio pelos Direitos

    Humanos (PUC/SP, USP e Columbia University/New York);

    CHISSAQUE, Rosa David e RANDE, Remgio Ernesto. Guio do Professor

    2014. Editora: MINED. Maputo 2014;

    FANHANE, Jose e CAPECE, J. Lvro do Aluno Educao Moral e Cvica. 6

    Classe, Textos Editora, Maputo 2003;

    GALITO, Maria Sousa. Terrorismo Conceptualizao Do Fenmeno. Editora:

    CESA, Lisboa 2013;

    MOREIRA, Vital e GOMES, Carla de Marcelino. Compreender os Direitos

    Humanos: Manual de Educao para os Direitos Humanos. 3a ed. Ediora:

    FDUC, Coimbra, 2012;

    SIENA, Osmar. Metodologia de Pesquisa Cientfica: Elementos Para

    Elaborao e Apresentao de Trabalhos Acadmicos. Porto Velho, 2007;

    Documentos

    Carta Africana dos Direitos Humanos dos Povos (CADHP)

    REPBLICA DE MOAMBIQUE, Constituio da Repblica de 2004;