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  • DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DA FASE AGUDA DO ACIDENTE

    VASCULAR CEREBRAL ISQUMICO PARTE II

    Comit Executivo da Sociedade Brasileira de Doenas Cerebrovasculares e

    Departamento Cientfico de Doenas Cerebrovasculares da

    Academia Brasileira de Neurologia

    Sheila Cristina Ouriques Martins, Gabriel Rodriguez de Freitas, Octvio Marques Pontes-

    Neto, Alexandre Pieri, Carla Helosa Cabral Moro, Pedro Antnio Pereira de Jesus,

    Alexandre Longo, Eli Faria Evaristo, Joo Jos Freitas de Carvalho, Jefferson Gomes

    Fernandes, Rubens Jos Gagliardi, Jamary Oliveira-Filho.

    Comit executivo (por ordem alfabtica do ltimo sobrenome):

    Charles Andr, Aroldo Luiz Bacellar, Daniel da Cruz Bezerra, Roberto Campos, Joo Jos

    Freitas de Carvalho, Gabriel Rodrigues de Freitas, Roberto de Magalhes Carneiro de

    Oliveira, Sebastio Eurico Melo de Souza, Soraia Ramos Cabette Fbio, Eli Faria Evaristo,

    Jefferson Gomes Fernandes, Maurcio Friedrich, Marcia Maiumi Fukujima, Rubens Jos

    Gagliardi, Srgio Roberto Haussen, Maria Clinete Sampaio Lacativa, Bernardo Liberato,

    Alexandre L. Longo, Sheila Cristina Ouriques Martins, Ayrton Roberto Massaro, Cesar

    Minelli, Carla Helosa Cabral Moro, Jorge El-Kadum Noujaim, Edison Matos Nvak,

    Jamary Oliveira-Filho, Octvio Marques Pontes-Neto, Csar Noronha Raffin, Bruno

    Castelo Branco Rodrigues, Jos Ibiapina Siqueira-Neto, Elza Dias Tosta, Raul Valiente,

    Leonardo Vedolim, Marcelo Gabriel Veja, Fbio Iuji Yamamoto, Viviane Flumignan

    Ztola.

  • Corresponding author:

    Jamary Oliveira-Filho, MD, PhD

    Associate Professor, Federal University of Bahia

    Rua Reitor Miguel Calmon, sem nmero: Bairro Canela

    Instituto de Cincias da Saude, sala 455

    Salvador, Bahia, Brazil 40110-100

    Email: [email protected]

    Nesta segunda parte das Diretrizes, esto contidos os tpicos de antiagregantes

    plaquetrios, anticoagulantes e terapia de reperfuso. Os critrios para nveis de evidncia

    e graus de recomendao esto contidos na primeira parte documento. Uma verso

    traduzida destas Diretrizes encontra-se publicada no portal da Sociedade Brasileira de

    Doenas Cerebrovasculares (www.sbdcv.org.br).

    PROTOCOLO DE TROMBLISE INTRAVENOSA

    O uso do ativador do plasminognio tecidual (rt-PA), quando administrado ao

    paciente nas primeiras 4 horas 30 minutos, por via intravenosa, demonstrou diminuio na

    incapacidade funcional no grupo que utilizou a droga em relao ao placebo, sendo, no

    momento, um dos principais tratamentos especficos recomendados para o tratamento na

    fase aguda do AVC isqumico (nvel de evidncia 1A)1-4. Pacientes diabticos com AVC

    prvio foram excludos do estudo ECASS III, mas estudos de fase IV e metanlises

  • sugerem benefcio tambm nesse grupo (nvel de evidncia 1B). Estreptoquinase foi

    avaliada em diversos estudos, contudo, seu uso foi proscrito por causa dos altos ndices de

    mortalidade por hemorragia (nvel de evidncia 1A) 5-7.

    Para maior segurana, a aplicao do rt-PA deve respeitar os critrios a seguir1, 4, 8, 9:

    Critrios de incluso

    a) AVC isqumico em qualquer territrio enceflico;

    b) Possibilidade de se iniciar a infuso do rt- PA dentro de 4 horas e 30 minutos do

    incio dos sintomas (para isso, o horrio do incio dos sintomas deve ser

    precisamente estabelecido. Caso os sintomas forem observados ao acordar, deve-se

    considerar o ltimo horrio no qual o paciente foi observado normal);

    c) Tomografia computadorizada do crnio ou ressonncia magntica sem evidncia de

    hemorragia;

    d) Idade superior a 18 anos.

    Critrios de excluso

    a) Uso de anticoagulantes orais com tempo de pr-trombina (TP) >15 segundos

    (RNI>1,7);

    b) Uso de heparina nas ltimas 48 horas com TTPa elevado;

    c) AVC isqumico ou traumatismo crnio-enceflico grave nos ltimos 3 meses;

    d) Histria pregressa de alguma forma de hemorragia intracraniana ou de malformao

    vascular cerebral;

    e) TC de crnio com hipodensidade precoce igual ou maior do que um tero do

    territrio da artria cerebral mdia;

  • f) PA sistlica >=185 mmHg ou PA diastlica >=110 mmHg (em 3 ocasies, com 10

    minutos de intervalo) refratria ao tratamento antihipertensivo;

    g) Melhora rpida e completa dos sinais e sintomas no perodo anterior ao incio da

    tromblise;

    h) Dficits neurolgicos leves (sem repercusso funcional significativa);

    i) Cirurgia de grande porte ou procedimento invasivo dentro das ltimas 2 semanas;

    j) Hemorragia geniturinria ou gastrointestinal (nas ltimas 3 semanas), ou histria de

    varizes esofagianas;

    k) Puno arterial em local no compressvel na ltima semana;

    l) Coagulopatia com TP prolongado (RNI>1,7), TTPa elevado, ou plaquetas

  • neurolgico agudo: glicemia > 400 mg/dl, crise epilptica no incio do dficit neurolgico e

    diagnstico de aneurisma cerebral (Nvel de evidncia 4C).

    Determinados fatores interferem no risco/benefcio da terapia tromboltica, no sendo,

    contudo, contra-indicao de seu uso1, 10.

    NIHSS > 22

    Idade > 80 anos

    Hiperglicemia

    Consentimento ps informao necessria a discusso com os familiares ou

    responsveis sobre os riscos / benefcios do tratamento e fazer o registro por escrito no

    pronturio do paciente.

    Manejo da hipertenso arterial O uso de rt-PA para o tratamento do AVC isqumico

    agudo implica na necessidade de um controle rigoroso da presso arterial, pois o risco de

    hemorragia cerebral correlaciona-se com os nveis pressricos10. Durante o tratamento,

    deve-se estar alerta para o risco de hipotenso medicamentosa. Em pacientes candidatos

    teraputica tromboltica recomenda-se seguir o protocolo do NINDS rt-PA Stroke Study

    Group1, 10, no qual so aceitos os seguintes nveis de presso arterial nas primeiras 24 horas:

    PAD

  • a cada hora. O aumento do escore do NIHSS em 4 pontos ou mais sinal de alerta para

    hemorragia e sugere reavaliao tomogrfica. Tambm devem ser considerados sinais de

    alerta cefalia intensa, piora do nvel de conscincia, elevao sbita da presso arterial,

    nuseas e vmitos.

    2. A presso arterial deve ser rigorosamente monitorizada, conforme TABELA 2.

    3. No utilizar antitrombticos (antiagregantes, heparina ou anticoagulante oral) nas

    prximas 24 horas ps-tromboltico.

    4. No realizar cateterizao venosa central ou puno arterial nas primeiras 24 horas.

    5. No introduzir sonda vesical at pelo menos 30 minutos do trmino da infuso do rt-PA.

    6. No introduzir sonda nasoenteral nas primeiras 24 horas aps a infuso do rt-PA.

    7. Sugere-se realizar exame de neuroimagem (tomografia ou ressonncia magntica) ao

    final de 24 horas antes de iniciar a terapia antitrombtica.

    Tabela 1. Manejo da hipertenso arterial pr-tratamento com rt-PA.

    No iniciar a infuso de rt-PA antes de controlar a presso arterial

    PAD 110 mmHg ou PAS 185 mmHg:

    Metoprolol ou Esmolol

    Metoprolol: (1 amp = 5 ml, 1 mg/ml). Aplicar EV: 5 mg a cada 10 min, sendo 1 mg/min. Mximo 20 mg.

    Esmolol: (1 amp = 10 ml, 10 mg/ml). Aplicar EV: 500 g/Kg/min em 1 minuto. Seguir com 50 g/Kg/min por 4 minutos. Se PA ainda inadequada, novo bolus de 500 g/Kg/min em 1 minuto e aumentar a dose de manuteno para 100 g/Kg/min. Se PA seguir inadequada nos prximos 4 minutos, novo bolus de 500 g/Kg/min em 1 minuto e aumentar a dose de manuteno para 150 g/Kg/min. Se PA seguir

  • *Em casos de asma, insuficincia cardaca ou grave anormalidade da funo cardaca que contra-indiquem o uso de beta-bloqueadores, ou em casos de hipertenso no controlada. PAS: presso arterial sistlica; PAD: presso arterial diastlica

    *Em casos de asma, insuficincia cardaca ou grave anormalidade de funo cardaca que contra-indiquem o uso de beta-bloqueadores ou em casos de hipertenso no controlada. PAS: presso arterial sistlica; PAD: presso arterial diastlica.

    Rotina de uso do rt-PA

    Inicialmente devem ser obtidos dois acessos venosos perifricos. O rt-PA deve ser

    administrado na dose de 0,9 mg/kg, at um total mximo de 90 mg. Injetar 10% da dose EV

    inadequada nos prximos 4 minutos, novo bolus de 500 g/Kg/min em 1 minuto e aumentar a dose de manuteno para 200 g/Kg/min (dose mxima). Aps atingir a presso arterial desejada, manter infuso contnua.

    Nitroprussiato de Sdio*

    Nitroprussiato de sdio: (1 amp = 50 mg), diluda em soluo de glicose 5%. Aplicar EV: 0,5 a 8 g/Kg/min, fazendo reajustes, se necessrio, a cada 10 minutos.

    Tabela 2. Manejo da hipertenso arterial durante e aps o tratamento com rt-PA.

    Monitorizar a presso arterial durante as primeiras 24 horas aps iniciar o tratamento.

    Medir a cada 15 minutos nas primeiras 2 horas Medir a cada 30 minutos nas prximas 6 horas Medir a cada 60 minutos at completar 24 horas

    Pacientes que necessitem de tratamento com antihipertensivos intravenosos devero ser monitorizados a cada 15 minutos durante as primeiras 24 horas.

    PAS 105 mmHg ou PAS 180 mmHg

    Metoprolol ou Esmolol ver tabela 2

    Nitroprussiato de sdio: (1 amp = 50 mg), diluda em soluo de glicose 5%. Aplicar EV: 0,5 a 8 g/Kg/min, fazendo reajustes, se necessrio, a cada 10 minutos.

  • em at 1 minuto, e o restante em 60 minutos, em bomba de infuso. O paciente dever estar

    monitorado por perodo mnimo de 24 horas para a deteco de quaisquer mudanas no

    quadro neurolgico, sinais vitais, ou evidncia de sangramento1, 10. A monitorao poder

    ser realizada em leito reservado para o tratamento da fase hiperaguda