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Antonio Albuquerque da Costa Paulo Sérgio Cunha Farias Formação Territorial do Brasil DISCIPLINA A ocupação moderna e definitiva do Sul Autores aula 09 Fo_Te_A09_VML_080710.indd Capa1 Fo_Te_A09_VML_080710.indd Capa1 08/07/10 11:53 08/07/10 11:53

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Antonio Albuquerque da Costa

Paulo Sérgio Cunha Farias

Formação Territorial do BrasilD I S C I P L I N A

A ocupação moderna e defi nitiva do Sul

Autores

aula

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Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky(UFRN)

Projeto Gráfi coIvana Lima (UFRN)

Revisoras Tipográfi casAdriana Rodrigues Gomes (UFRN)

Margareth Pereira Dias (UFRN)Nouraide Queiroz (UFRN)

Arte e IlustraçãoAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

Heinkel Hugenin (UFRN)Leonardo Feitoza (UFRN)

DiagramadoresIvana Lima (UFRN)Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)José Antonio Bezerra Junior (UFRN)Mariana Araújo de Brito (UFRN)Vitor Gomes Pimentel (UFRN)

Revisora de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisora de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais – CIPEEliane de Moura Silva

Ficha catalográfi ca elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

910.9

C837f Costa, Antônio Albuquerque da.

Formação Territorial do Brasil/ Antônio Albuquerque da Costa; Paulo Sérgio Cunha

Farias. – Campina Grande: EdUEP, 2009.

385 p.: il.

ISBN: 978-85-7879-050-9

1. Geografi a - Brasil. 2. Geografi a – Estudo e Ensino. I. Farias, Paulo Sérgio Cunha.

II. Titulo.

21. ed. CDD

Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) – UFRN

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

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Apresentação

Conforme você pôde perceber na aula anterior, até o começo da segunda metade do século XIX a ocupação e o povoamento do Sul do Brasil se encontravam dispersos e rarefeitos, apresentando manchas esparsas nos Campos, onde se praticava a pecuária,

e pontos no litoral, onde o estabelecimento de colonos açorianos possibilitou o surgimento de núcleos de ocupação e de povoamento. Assim, até esse período, amplos espaços ainda não tinham sido incorporados economicamente ao território nacional.

A ocupação e o povoamento defi nitivos do Sul do Brasil se completaram nos séculos XIX e XX, com a expansão da cafeicultura no norte do Paraná, com a colonização européia (alemães, italianos e eslavos) das áreas de matas e com as chamadas frentes pioneiras.

Nessa aula conversaremos com você sobre a ocupação e o povoamento defi nitivos e modernos do Sul do Brasil, realizados entre o fi nal do século XIX e primeira metade do século XX. Para um melhor aproveitamento dessa nossa conversa, é importante que você estude com atenção esse conteúdo, realize as atividades, consulte a bibliografi a complementar e, em caso de persistência de dúvidas, busque esclarecimentos com o tutor ou professor da disciplina.

ObjetivosCom essa aula, esperamos que você:

Compreenda os papéis que tiveram a cafeicultura, as frentes pioneiras e a colonização européia na ocupação e no povoamento defi nitivos do Sul do Brasil.

Perceba que a marcha do café, originada em São Paulo, estabeleceu a ocupação e o povoamento defi nitivos do “Norte”  paranaense

Conheça a importância da colonização com imigrantes europeus na ocupação e no povoamento das áreas de Planaltos e Matas de Araucária do Sul do Brasil.

Entenda o papel das frentes pioneiras na ocupação e no povoamento das últimas áreas de mata do Brasil Meridional.

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Vamos começar nossa conversa

Cafeicultura, colonização européia e frentes pioneiras: a ocupação e o povoamento defi nitivos do Sul do Brasil

Como já conversamos com você anteriormente, até meados do século XIX a ocupação do Sul brasileiro abrangia, de forma geral, as áreas de Campos e alguns trechos do litoral, a ocupação das Matas restringia-se aos trechos em que elas eram entremeadas

com os Campos. A ocupação defi nitiva do Brasil Meridional verifi cou-se graças à cafeicultura, às frentes pioneiras e à colonização européia.

A cafeicultura consolidou a ocupação e o povoamento defi nitivos do Norte do Paraná. Antes da instalação da cultura cafeeira, essa área tinha conhecido apenas frágeis movimentos de ocupação e povoamento com as missões espanholas do século XVII, que foram destruídas pelos bandeirantes paulistas, e com a instalação, pelo Império Brasileiro, da colônia militar de Jataí (1855) e, em seguida, dos núcleos de São Pedro de Alcântara e de São Jerônimo (que deu origem a atual cidade de Arapongas).

O Norte do Paraná, por suas características fi siográfi cas específi cas no contexto do Brasil Meridional – corresponde a sua parte tropical, possibilitou o transbordamento da cultura cafeeira desde São Paulo, sua extraordinária expansão e êxito econômico (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 150).

A marcha do café pelo interior de São Paulo, que foi facilitada pela presença do sistema de circulação ferroviário, alcançou o Norte paranaense já na segunda metade do século XIX. Essas frentes pioneiras penetraram no Norte paranaense primeiramente através dos cursos superior e médio do rio Itararé e tratavam-se de movimentos de fazendeiros plantadores de café oriundos de áreas paulistas de povoamento antigo, que lançaram as bases dos núcleos de Siqueira Campos (1862), de Santo Antônio da Platina (1866), de Venceslau Brás e de São José da Boa Vista (1867), de Carlópolis e de outros. A segunda área logo incorporada às frentes pioneiras de povoamento e ocupação do Norte do Paraná com a cultura do café foi a do Terceiro Planalto (Ver mapa 01 – Relevo da Região Sul do Brasil) e que teve duas fases: a mais antiga, realizada no trecho entre os rios Itararé e Tibaji, e a mais nova, do planalto de Tibaji às margens do rio Paraná. A fase mais antiga se assemelhou a uma invasão da vaga cafeeira paulista, que se processou através de Ourinhos, sobretudo depois que esta cidade foi alcançada pela Estrada de Ferro Sorocabana, em 1908. O fl orescimento da cultura do café no Terceiro Planalto foi responsável por lançar as bases dos núcleos de Jacarezinho (1900), Cambará

Terceiro Planalto

Corresponde a porção do Planalto meridional localizada após a Serra geral. Estende-se pelos três Estados do Sul do Brasil, mas cobre quase toda a extensão dos Estados do Paraná

e Santa Catarina.

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(1904), Bandeirante (1921) e Cornélio Procópio (1924). Contudo, várias áreas permaneceram “vazias”, sem ocupação econômica efetiva, só sendo posteriormente ocupadas, inclusive com colonos japoneses (colônia de Açaí, 1931) (MAGNANINI e SOUTO MAYOR, 1977, p. 150-151).

Mapa 01 – Relevo da Região Sul do Brasil

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A expansão do café pelo Norte do Paraná contou também com a contribuição de políticas de povoamento e ocupação planejadas tanto pelo Estado quanto pela iniciativa privada. Foi o que ocorreu na porção ocidental do Tibaji, onde se efetuou, para Magnanini e Souto Mayor (1977, p. 151), “a maior obra de povoamento planejado do Brasil”.

Os projetos de colonização, que tiveram no café a sua base econômica, começaram a ser implantados em 1919, quando o Governo do Estado do Paraná cedeu a particulares três glebas de terra, que deram origem as colônias de Primeiro de Maio (1923), Sertanópolis (1924) e Zacarias de Góis. Após a instalação desses três assentamentos coloniais, a ocupação e o povoamento da área se intensifi caram por volta de 1929, quando a Companhia de Terras Norte do Paraná (empresa privada de colonização) se encarregou dessas tarefas. Foi a supracitada Companhia que implantou, entre outras, a infra-estrutura necessária ao pleno desenvolvimento da cafeicultura na área, a exemplo da construção de ferrovias e rodovias. Ao sabor dessa iniciativa, em 1929, surgiu o núcleo da atual cidade de Londrina. Em 1944, a Companhia em questão passou para o controle de capitalistas paulistas, com o nome de Companhia de Melhoramentos Norte do Paraná. A ação colonizadora dessa Companhia fez brotar, em 1946, como centro pioneiro, a atual cidade de Maringá. No rastro desse processo colonizador, seguindo o exemplo da referida Companhia, o Governo do Estado do Paraná e

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alguns particulares empreenderam ações no sentido de ocupar e povoar também a área que estava localizada nas vizinhanças das áreas daquela Companhia. Da ação colonizadora do Estado nasceram os núcleos coloniais de Içara, Jaguapitã, Centenário e Paranavaí. Da ação colonizadora de outros particulares surgiu Ibiporã.

Dessa forma, a marcha do café, seja de forma espontânea ou de maneira planejada pelo Estado ou pelas Companhias particulares, completou o povoamento e a ocupação do Norte paranaense (Ver mapa 02 – Marcha do café em São Paulo e no Norte do Paraná). Essa região é, ainda hoje, uma das mais ricas e prósperas do Paraná. A expansão paulista e a lavoura cafeeira deram ao povoamento e a ocupação dessa região um caráter bem distinto do restante do Brasil Meridional: foram executados por nacionais e não por estrangeiros de qualquer nacionalidade, cujos núcleos são pouco signifi cativos no interior do seu território.

Mapa 02 – Marcha do café em São Paulo e no Norte do Paraná

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Faz-se necessário lembrar aqui para você que a colonização moderna do Norte paranaense – expressão da territorialização do capital na área em questão, como as antigas frentes de ocupação do período colonial, funcionou como desarticuladora e desterritorializadora dos remanescentes indígenas que habitavam a área e nela desenvolviam seus modos de vida sui generis.

Se foi especialmente o café a atividade econômica que possibilitou o povoamento e a ocupação do Norte do Paraná, região propícia à sua expansão e êxito econômico por causa da sua tropicalidade e dos seus solos de terra roxa, você sabe como se processou o

Solo de terra roxa

É um tipo de solo bastante fértil caracterizado por ser o resultado da decomposição

de rochas de arenito-basáltico originadas do

maior derrame vulcânico que o planeta já presenciou.

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complemento do povoamento e da ocupação das áreas de Mata de Araucária ou dos Planaltos, que até a segunda metade do século XIX se encontravam com povoamento e ocupação dispersos  e  rarefeitos?

A preocupação pelo povoamento e ocupação dessas áreas começou já nos primeiros anos do Império, quando Dom Pedro I estimulou a vinda de imigrantes europeus (alemães, especifi camente). Todavia, só a partir da segunda metade do século XIX o fl uxo de imigrantes europeus para a região se tornou mais intenso, atingindo o seu ápice na Primeira República e arrefecendo-se a partir de 1934, quando a Constituição Brasileira estabeleceu o seu controle através do sistema de cotas e as migrações internas davam os primeiros contornos para a formação do mercado de mão-de-obra nacional.

Os objetivos iniciais do império brasileiro, ao incentivar a vinda de imigrantes europeus para a região Sul, prendiam-se a política destinada a evitar que toda a parte escassamente povoada dessa região acabasse ocupada pelos vizinhos argentinos e uruguaios. Foi com essa intenção que o governo instalou imigrantes europeus nas colônias de Chopim (1882) e Foz do Iguaçu (1889) para preservar a posse do território em face da questão de limites com  a  Argentina.

As políticas de incentivo à imigração foram levadas a cabo pelos Governos Federal (imperial e republicano) e Estaduais, além da iniciativa privada, através de Companhias de colonização, essa começou a atuar a partir do fi nal do século XIX, adquirindo as terras para revendê-las aos colonos.

Os principais grupos de imigrantes que se estabeleceram no Sul do Brasil foram: alemães (os pioneiros), italianos e eslavos (começaram a aportar no Sul, especialmente no Paraná, no início do período republicano).

As primeiras levas de imigrantes que se estabeleceram no Sul foram os alemães, na região de São Leopoldo (1824), ao norte de Porto Alegre. Posteriormente novas levas de alemães se instalaram nas proximidades de São Leopoldo, em Novo Hamburgo, no vale do rio dos Sinos, em Estrela e em Lajeado. Nesse Estado, os alemães ocuparam as áreas de relevo mais baixo. Em Santa Catarina, os imigrantes europeus se fi xaram um pouco depois. Nesse Estado, em 1851 foi instalada a colônia alemã de Joinville, em 1860, a de Blumenau e, em 1860, a de Brusque.

A guerra de unifi cação da Alemanha (1870-1871) mais a divulgação nesse país das más condições a que eram submetidos muitos colonos que se fi xaram no Brasil, diminuíram o fl uxo de imigrantes alemães, a partir de 1851. Nesse contexto, as autoridades brasileiras passaram a se empenhar em atrair imigrantes de outras nacionalidades. Em função disso, os italianos passaram a compor os maiores fl uxos imigratórios para o Brasil. Os italianos se fi xaram nas áreas de encostas e planaltos do nordeste do Rio Grande do Sul, onde foram responsáveis pela criação de núcleos coloniais como os de Caxias do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves. Em Santa Catarina, os italianos se instalaram nas proximidades do Vale do Itajaí, nas vizinhanças das colônias alemães que as precederam; junto à encosta sul do Planalto Catarinense, na

Primeira República

Também chamada de República Velha, é o período que se estendeu da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até a Revolução de 1930..

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chamada região carbonífera - Criciúma, Urussanga e Lauro Müller. No Paraná, a colonização foi menos compacta que nos outros Estados sulinos, suas colônias de imigrantes compuseram uma confi guração territorial formada por núcleos isolados e menos numerosos, alguns com colonização mista. Esse Estado, no fi nal do século XIX, foi o principal destino dos imigrantes eslavos (poloneses, russos, ucranianos e bielo-russos), que se estabeleceram em Curitiba, Ponta Grossa, Castro e Lapa. Os eslavos se fi xaram, também, em número bem menor em um pequeno trecho do Estado de Santa Catarina (Ver Mapa 03 - Colonização Européia na Região Sul do Brasil).

Mapa 03 - Colonização Européia na Região Sul do Brasil

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A organização socioespacial no interior das colônias implantadas nas áreas de Mata de Araucária ou dos Planaltos sulinos estava assentada nas pequenas propriedades, nas quais, através do trabalho familiar, os colonos praticavam uma agricultura de gêneros alimentícios. A presença de artesão entre os imigrantes de algumas colônias possibilitou o desenvolvimento de uma indústria artesanal e doméstica, que se constituiu como o esboço pioneiro da indústria nessas áreas e em todo o Sul.

A produção agrícola das colônias de imigrantes do Sul se consubstanciou em um importante celeiro fornecedor de alimentos tanto para essa região quanto para as demais regiões do país, especialmente o Sudeste.

O crescimento da população nas áreas de colonização européia, que levou a subdivisão das pequenas propriedades e, por conseguinte, a falta de espaço sufi ciente para todos os descendentes das levas anteriores de imigrantes, levou as novas gerações, ou mesmo os

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imigrantes que chegaram mais tarde, a buscarem novas terras mais a Oeste, criando assim novas áreas coloniais. Foi nesse processo que, no início do século XX, todo o Norte e o Noroeste do Rio Grande do Sul foram ocupados por frentes pioneiras de descendentes de imigrantes. Por essa mesma razão, até a década de 1940, o Centro-Oeste de Santa Catarina foi sendo ocupado pelos descendentes de colonos do Leste do Estado e do Norte do Rio Grande  do Sul.

A colonização européia deixou nas paisagens do Sul as marcas da cultura trazida pelos imigrantes, especialmente na forma de produzir o espaço com a prática da agricultura ou na arquitetura presente em muitas cidades da região, que se originaram com a presença desses imigrantes (Ver Foto 01 – As marcas da colonização européia na paisagem da região Sul do Brasil). Isso faz do Sul do Brasil uma região com paisagens culturais sui generis em ralação às demais regiões do país.

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As últimas áreas da região Sul a serem ocupadas foram o Oeste e o Sudoeste do Paraná, na década de 1960. Essa ocupação resultou de frentes pioneiras que se deslocaram do Norte desse Estado, mas também de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Essas frentes eram formadas por agricultores que não encontravam mais terras nas áreas muito ocupadas da região e procuraram se instalar nas últimas manchas de mata nela existente. A ocupação dessas manchas por essas frentes pioneiras fechou defi nitivamente a fronteira agrícola na região Sul, levando os agricultores dessa região a buscarem terra em outras regiões do país - Centro-Oeste, Amazônia e, recentemente, nos cerrados nordestinos.

Vamos refl etir um pouco sobre a conversa que acabamos de ter com você.

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Como se encontrava a ocupação da região Sul até a primeira metade do século XIX?

Como se processou a ocupação dos espaços “vazios” que existiam na região Sul a partir do começo da segunda metade do século XIX?

Observe o mapa 02 apresentado na aula:

a) Descreva a marcha do café desde São Paulo até o Norte paranaense.

b) Quais os fatores que contribuíram para essa marcha?

c) Por que o café se adaptou tão bem ao Norte do Paraná?

d) Como se processou, através da cafeicultura, a ocupação do Norte paranaense?

Comente sobre a distribuição espacial das colônias estrangeiras e analise suas organizações socioespaciais.

Explique as causas e os efeitos socioespaciais das frentes pioneiras que aturam no interior do Sul do Brasil durante a primeira metade do século XX.

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Resumo

Concluindo nossa conversa

Ao longo dessa nossa rápida conversa você pôde perceber que a ocupação e o povoamento do Brasil Meridional só se completaram entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX. Foram o café, a imigração européia e os movimentos internos das frentes pioneiras que completaram a ocupação e o povoamento defi nitivos do Sul do Brasil, assegurando-a, com todas as especifi cidades socioespaciais produzidas ao longo da sua formação territorial, como região brasileiríssima.

Nesta aula, você teve oportunidade de aprender que: a) até o começo da segunda metade do século XIX, a ocupação do Sul do Brasil se restringia ao litoral e aos Campos interioranos; b) foram a cafeicultura, a imigração européia e o movimento interno das frentes pioneiras, que se processaram entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, que completaram a ocupação e o povoamento do Sul do Brasil; c) o café, através de movimentos espontâneos de fazendeiros paulistas ou das políticas públicas e privadas de colonização, consolidou a ocupação e o povoamento do Norte do Paraná; d) as colônias de imigrantes europeus (principalmente alemães, italianos e eslavos) se fi xaram nas áreas dos planaltos ou da Mata de Araucária dos três Estados do Sul, onde desenvolveram uma agricultura diversifi cada de gêneros alimentícios, baseada no trabalho familiar; e) as frentes pioneiras da primeira metade do século XX foram movimentadas pela escassez de terra nas áreas de colonização européias mais antiga e possibilitaram a ocupação das últimas áreas de mata da região Sul do Brasil; f) a ocupação e o povoamento dessas últimas áreas de mata fecharam a fronteira agrícola da região Sul do Brasil; g) a colonização européia deixou traços marcantes na paisagem cultural dessa região do Brasil; h) e, por fi m, o fechamento da fronteira agrícola com a ocupação das últimas terras disponíveis nas áreas de mata levou os agricultores do Sul do Brasil a buscarem terras em outras regiões do país: Centro-Oeste, Amazônia e, recentemente, cerrados nordestinos.

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Leitura complementarSugerimos como leitura essencial para o aprofundamento da conversa que tivemos sobre

a ocupaçõe e povoamento modernos e defi nitivos do Sul do Brasil:

MAGNANINI, Ruth da Cruz; SOUTO MAYOR, Aridne Soares. População. In: Fundação Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. Diretoria Técnica. Geografi a do Brasil. Vol. V (Região Sul). Rio de Janeiro: IBGE, 1977, p. 143-155.

Trata-se de parte de vasta obra sobre a Região Sul, produzida por pesquisadores do IBGE, que versa sobre a população dessa região. Nela, recomendamos, para os objetivos estabelecidos nessa aula, a leitura do trecho que trata dos seus movimentos de povoamento e ocupação antigos e modernos.

AutoavaliaçãoAponte e comente a principal diferença entre a colonização do Norte do Paraná e das demais áreas de colonização moderna do Sul do Brasil.

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Quais foram os objetivos iniciais do Brasil para incentivar a imigração européia para a região Sul?

Quais foram os principais grupos de imigrantes europeus que se instalaram no Sul do Brasil? Analise a distribuição espacial desses imigrantes nessa região e comente sobre as suas formas de organização socioespacial.

Quais foram as últimas porções da região Sul ocupadas e povoadas durante a primeira metade do século XX? Aponte e comente os motivos dessa ocupação e desse povoamento.

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5 Diferencie os processos de ocupação e povoamento do Norte paranaense do processo de ocupação e povoamento feitos com o imigrante europeu nos seguintes aspectos: ecossistemas onde se instalaram, relações sociais que modelaram as suas geografi as, formas de organização espacial, tipos de paisagens que produziram.

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Aula 09 Formação Territorial do Brasil 15

6Analise as contribuições da cafeicultura, da imigração européia e das frentes pioneiras para a formação territorial do Brasil Meridional.

ReferênciaMAGNANINI, Ruth da Cruz; SOUTO MAYOR, Aridne Soares. População. In: Fundação Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. Diretoria Técnica. Geografi a do Brasil. Vol. V (Região Sul). Rio de Janeiro: IBGE, 1977, p. 143-155.

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Anotações

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AULAS

01 Sobre o território brasileiro: como teorizar a sua formação à luz dos conceitos da Geografi a

02 A territorialização ibérica do mundo e a expansão do capitalismo na sua fase embrionária

03 A chegada dos portugueses ao continente americano: do “descobrimento” às primeiras formas de territorialização do colonizador português no Brasil (as feitorias)

04 A territorialização de fato do colonizador português: as capitanias hereditárias e a plantation açucareira

05 A penetração da colonização para o interior: entradas e bandeiras alargam o território colonial e transformam o Tratado de Tordesilhas em “letra morta”

06 A ocupação do Sertão nordestino e da Amazônia

07 A mineração e agricultura alimentar na ocupação do Brasil Central

08 A ocupação antiga do Brasil Meridional

09 A ocupação moderna e defi nitiva do Sul

10 O “arquipélago” de “ilhas” econômicas do Império e da Primeira República

11 A Primeira República e a consolidação das fronteiras

12 Do arquipélago de “ilhas” econômicas à integração do território

EMENTA

> Antonio Albuquerque da Costa

> Paulo Sérgio Cunha Farias

Formação territorial e econômica; federalismo e fragmentação territorial; desenvolvimento das forças produtivas e dinâmica

territorial; o brasil no contexto da economia globalizada e a divisão territorial do trabalho.

Formação Territorial do Brasil – GEOGRAFIA

AUTORES

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