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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ANÁLISE DE QUEIMADORES NÃO- CONVENCIONAIS PARA FOGÕES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS, COM RECIRCULAÇÃO DE GASES. Osíris Cárdenas Orientador: Prof. Dr. Sebastião Ribeiro Ferreira Natal / RN Dezembro / 2005 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia Química Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ANÁLISE DE QUEIMADORES NÃO-CONVENCIONAIS PARA FOGÕES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS, COM RECIRCULAÇÃO DE GASES.

Osíris Cárdenas

Orientador: Prof. Dr. Sebastião Ribeiro Ferreira

Natal / RN Dezembro / 2005

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia

Departamento de Engenharia Química Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

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Osíris Cárdenas

ANÁLISE DE QUEIMADORES NÃO CONVENCIONAIS PARA

FOGÕES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS, COM

RECIRCULAÇÃO DE ENERGIA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Química, sob a orientação do Professor Dr. Sebastião Ribeiro Ferreira.

NATAL - RN 2005

CÁRDENAS, Osíris - Análise de queimadores não-convencionais para fogões domésticos e industriais com recirculação de energia, Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-graduação em Engenharia Química, Área de Concentração: Modelagem e simulação, Linha de Pesquisa: Engenharia de Processo, Natal/RN, Brasil. Orientador: Prof. Dr. Sebastião Ribeiro Ferreira RESUMO:

Nesta dissertação foi feita uma comparação da eficiência térmica entre queimadores

convencionais e não convencionais com recirculação de energia, para fogões domésticos e industriais. No mundo inteiro, utilizam-se queimadores para cocção, porém com baixas eficiências, em torno de 30 %, porém várias pesquisas têm sido realizadas com o intuito de melhorar esse resultado. Neste trabalho, faz-se uma análise baseada em modelos publicados. São avaliados alguns parâmetros de combustão de queimadores, tais como temperatura adiabática de chama e eficiência térmica, os quais são comparados com dados teóricos e experimentais da literatura. Para avaliar a eficiência térmica, foi proposto um modelo para o cálculo do tempo de aquecimento de água para o teste transiente de aquecimento, em determinada faixa de temperatura, obtendo-se o tempo de aquecimento, a entalpia do processo e em conseqüência a potência gasta. A temperatura adiabática de chama calculada para uma mistura de 40 % propano e 60 % de butano, com ar estequiométrico foi de 2033,6 ºC e o dado da literatura é 1966,8 ºC. Para a queima do propano com quantidade estequiométrica de ar, foram encontrados dados experimentais, para a temperatura adiabática de chama de 1660 ºC, medida com termopar, e de 1680 ºC, medida com infravermelho. Alguns valores calculados da eficiência térmica, no presente trabalho, concordam com dados teóricos e experimentais da literatura. Esta análise comparativa, principal contribuição desta pesquisa, permitiu fornecer subsídios que estimulem ou fundamentem o desenvolvimento de novos sistemas térmicos de queimadores com maior eficiência. Ao se discutir e comparar novos modelos e equipamentos adaptáveis às tecnologias convencionais de queimadores, tanto domésticos como industriais, pode-se propor sistemas mais eficientes que atendam aos requisitos de economia de energia, tão prementes em nossa atualidade. Palavras-chave: Engenharia Química; Queimadores - eficiência térmica; Recirculação de energia - fogões domésticos; Recirculação de energia – fogões. BANCA EXAMINADORA E DATA DE DEFESA: 22 de dezembro de 2005 Presidente: Prof. Dr. Sebastião Ribeiro Ferreira Membros: Prof. Dr. Jorge Eduardo da Silva Ourique Prof. Dr. George Santos Marinho

Dr. Francisco Antonio Vieira

ABSTRACT

In this dissertation, a comparative analysis has been made involving the thermal efficiency of conventional and alternative burners with recirculation of energy, for industrial and domestic stoves. Coction burners have been used worldwide, however with efficiencies as low as 30 %. Several researches have been carried out aiming to improve this result. In this work, the analysis was based upon models published in the appropriate literature. Some combustion parameters of burners, such as flame adiabatic temperature and thermal efficiency, have been investigated and compared with theoretical and experimental data from the literature. In order to estimate the thermal efficiency, a model for the calculation of the water heating time in transient heating mode has been proposed. This model has been applied for a specific temperature range, allowing for the determination of the heating time, the process enthalpy and, as a consequence, the power consumed. The flame adiabatic temperature calculated for a mixture containing 40 % propane and 60 % butane, with a stoichiometric amount of air, was as high as 2033.6 ºC, as compared with the listed value of 1966.8ºC. When propane alone is burnt with a stoichiometric amount of air, the experimental data found in the literature referred to a flame adiabatic temperature of 1660 ºC, measured by a thermocouple, and of 1680ºC, measured with an infrared instrument. Some calculated values of thermal efficiency, in this work, corroborate the theoretical and experimental data of the literature. Such comparative analysis, which is th e main contribution provided by this dissertation, aimed to focus on providing general knowledge that encourages or supports the development of novel thermal systems featuring burners with enhanced efficiency. Upon discussion and comparison of new models and equipment that are adaptable to the conventional burner technologies, either domestic or industrial, one may propose more efficient systems that meet the requirements of energy economy, so important in recent times.

Key words: Chemical engineering; Burners - thermal efficiency; Energy recirculation – domestic stoves; Energy recirculation – industrial stoves;

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................2 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS.......................................................................................................2 1.2 OBJETIVOS.............................................................................................................................4 2 ESTADO DA ARTE..............................................................................................................7 2.1 COMPOSIÇÃO DO GÁS NATURAL E DO GLP...........................................................................7 2.1.1 Comparação Entre o Gás Natural e Outros Gases.......................................................9 2.2 PROCESSAMENTO DE GÁS NATURAL ...................................................................................11 2.3 COMBUSTÃO DO GÁS NATURAL ..........................................................................................12 2.3.1 Processo de Combustão.................................................................................................12 2.3.2 Química da Combustão.................................................................................................13 2.3.3 Reações de Combustão..................................................................................................13 2.4 QUEIMADORES DE CIRCULAÇÃO FORÇADA .........................................................................14 2.5 QUEIMADORES ATMOSFÉRICOS...........................................................................................15 2.6. TIPOS DE QUEIMADORES (CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS) ................................18 2.6.1 Tipos de Teste para Calcular a Eficiência...................................................................21 2.6.2 Teoria Sobre Meios Porosos .........................................................................................22 2.6.3 Coeficientes de Transferência de Calor.......................................................................23 3 MODELAGEM....................................................................................................................27

3.1 MODELAGEM DO QUEIMADOR PRRB (SB), USANDO A EFICIÊNCIA DEFINIDA POR NORMA

ALEMÃ DIN EN 203-2, 1997 ..............................................................................................27 3.2. MODELAGEM DO QUEIMADOR PRRB (SB), DE ACORDO COM A NORMA BS 2491...............32 3.3 MODELAGEM DE QUEIMADORES CONTENDO MEIOS POROSOS..............................................37 3.3.1 Modelagem usando combustíveis gasosos pré-misturados ........................................37 3.3.2 Hipóteses usadas na modelagem ..................................................................................38 3.3.3 Condições de contorno ..................................................................................................39 3.3.4 Modelagem usando combustíveis gasosos ...................................................................39 3.3.5 Modelagem usando combustíveis líquidos ..................................................................43 3.3.6 Questões abertas na modelagem ..................................................................................45 4 METODOLOGIA...............................................................................................................47 4.1 MODELO PROPOSTO.............................................................................................................47 4.1.1 Eficiência térmica ..........................................................................................................48 4.1.2 Balanço de energia no trocador de calor TC2 ............................................................49 4.1.3 Balanço de energia no queimador................................................................................50 4.1.4 Balanço de energia no trocador de calor TC1 ............................................................56 4.1.5 Determinação do tempo para o aquecimento da água em um recipiente.................57 4.1.6 Modelagem do tempo para o aquecimento da água...................................................59 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .....................................................................................64 5.1 DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE AQUECIMENTO EM UM RECIPIENTE....................................67 5.2 EFEITO DA TAXA DE FLUXO DE GÁS NA EFICIÊNCIA TÉRMICA ............................................72 5.3 EXPERIMENTOS REALIZADOS DE ACORDO COM O BRITISH STANDARD.................................74 5.4 NÍVEIS REFERENCIAIS DE TEMPERATURA ALCANÇADAS NOS QUEIMADORES........................76 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ......................................................................................79 6.1 CONCLUSÕES.......................................................................................................................79 6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS.............................................................................80 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................81 ANEXOS .................................................................................................................................83

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Reservatório produtor de óleo e gás associado.......................................................11

Figura 2 - Reservatório produtor de gás. .................................................................................12

Figura 3 - Queimador Monobloco. ..........................................................................................15

Figura 4 - Chama estável .........................................................................................................15

Figura 5 - Operação do Queimador Atmosférico. ...................................................................16

Figura 6 - Queimador atmosférico auto-aspirado com fluxo radial (CB) ................................19

Figura 7 - Fluxo de chama radial convencional (CB) combinado com o suporte PRRB...................................................................................................................19

Figura 8 - Chama redemoinho central (SB) no suporte PRRB ...............................................20

Figura 9 - Queimador recirculante de poro radiante PRRB em combinação com o queimador convencional CB .................................................................................................21

Figura 10 - Modelo físico do queimador PRRB (SB). [Jugiai e Rungsimuntuchart, 2002].....28

Figura 11 -Esquema do anel do queimador redemoinho (SB) [Jugjai et al, 2001] ..................33

Figura 12 - Esquema do queimador usando meio poroso. .......................................................48

Figura 13 - Módulo representativo do queimador....................................................................50

Figura 14 - Esquema de troca de energia .................................................................................55

Figura 15 - Esquema de troca de energia no trocador TC1. .....................................................57

Figura 16 - Efeito da altura da água no recipiente sobre transferência de calor através do mesmo para o (CB) JUGJAI, S.; TIA, S.; TREWETASKSORN ( 2001)...........64

Figura 17 - Efeito da altura da água no recipiente sobre a transferência de calor através do mesmo para o (SB) JUGJAI, S.; TIA, S.; TREWETASKSORN ( 2001) .........674

Figura 18 - Efeito da altura (nível) da água no recipiente sobre a eficiência térmica. ...........655

Figura 19 - Temperatura do termopar comparada com a temperatura do infravermelho........70

Figura 20 - Efeito do fluxo de gás sobre a eficiência térmica do queimador testado com recipiente de 20 cm de diâmetro .......................................................72

Figura 21 - Efeito do fluxo de gás sobre a eficiência térmica de queimadores testados sobre o suporte do recipiente finjan......................................................................73

Figura 22 - Variação da eficiência térmica em experimentos realizados de acordo com a norma inglesa.......................................................................................................74

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Comparações do Gás Natural, em % volumétrico (Petrobrás, 1997).......................8

Tabela 2 - Composições típicas de GLP proveniente de várias fontes,......................................9

Tabela 3 - Comparação entre diferentes tipos de gás (Petrobrás, 1997). .................................10

Tabela 4 - Comparação dos rendimentos dos queimadores ...............................................77 Tabela A.I – Calor específico à pressão constante de vários gases perfeitos em função da

temperatura (Van Wylen, Sonntag e Borgnakke, 2003) .................................... 93

NOMENCLATURAS

gm•

- Fluxo mássico do gás, kg.s-1

m•

- Vazão mássica, kg.s-1

A - Área de transferência de calor m2

Cp-- Calor específico a pressão constante J.kg -1.K-1

d - Diâmetro da porta, mm

D - Diâmetro do queimador, mm

Dp - Diâmetro do recipiente, mm

F1 - Fator de forma

H - Altura, m

h - Coeficiente de transferência de calor W m-2K-1

hv - coeficiente convectivo ou pelicular volumétrico

LHV - Poder calorífico inferior do gás combustível kJ.m-3

mágua - Massa da água no recipiente, kg

n - Número de portas

Pr - Número de Prandtl, µCp/λ

Q - Calor (potência) de combustão de combustível gasoso, kW

Q1 - Calor absorvido pela água sendo aquecida, kW

Q2 -Perda de calor com os gases combustíveis, kW

Q3 - Perda de calor pela combustão incompleta, kW

Q4 - Perda de calor causada pela convecção e radiação entre a troca de calor entre os

produtos de combustão e vizinhanças, kW

Qa - Calor útil, kW

Qabs - Calor total absorvido pelo fornecimento de água no recipiente por ambas as

superfícies (superfície do fundo e superfície lateral), kW

Qb - Calor absorvido pelo fundo do recipiente, kW

Qc - Calor de combustão, J

Qcx - Calor perdido pelos gases de combustão para a saída da fornalha ou borda do

recipiente ou troca de calor na entrada, kW

Qf - Poder calorífico inferior do combustível, J.kg-1

Qent. - Calor de entrada do queimador do combustível de fornecimento e ar de combustão

arrastado, kW

Qperda - Perda de calor dos gases combustão para o trocador de calor da saída, kW

Qpre - Recirculação de calor, kW

Qs - Calor absorvido pelo recipiente pela superfície lateral, kW

Re - Número de Reynolds = ρuD / µ , adim

T - Temperatura, ºC

Tex - Temperatura de exaustão, ºC

t - Tempo de queima, s

tb - Tempo de queima na base do recipiente, s

u - Velocidade do gás (baseado no diâmetro do anel exterior do queimador) m.s-1

v - Vazão do combustível, m3.s-1

V - Velocidade do gás, m.s-1

PRRB(CB) - Queimador convencional com meio poroso radiante recirculante

PRRB(SB) - Queimador redemoinho com meio poroso radiante recirculante

Símbolos Gregos

α - Ângulo de redemoinho (entre o eixo da porta e o raio do queimador)

β - Ângulo de inclinação (entre o eixo da porta e a superfície do topo do queimador)

Φ - Média equivalente (suprimento do ar teórico para o atual de ar suprido)

ηth - Eficiência térmica

κ - Condutividade térmica W.m-1.K-1

µ - Viscosidade do gás kg.m-1.s-1

ρ - Densidade do gás kg.m-3

τ - Espessura ótica

ε - Emissividade, adim

σ - Constante de Stefan-Boltzmann, W.m-2.K-4

Subscritos

∞ - Infinito; ambiente

AP - Meio poroso de absorção

b - Superfície do fundo do recipiente

d - A Jusante

EP - Meio poroso emissor

ex - Gases de exaustão da saída do forno ou borda do recipiente ou da entrada do trocador de calor

f - Chama

g - Gás

i - Condições iniciais (303 K)

p - Recipiente ou nível de água no mesmo

p1 - Na borda do fundo do recipiente antes do gás entrar em contato com a superfície lateral do recipiente

p2 - Na parte superior da borda do recipiente após a transferência de calor através do recipiente para a

superfície lateral

pre - Pré-aquecimento

s - Superfície lateral do recipiente

u - Montante

w - Parede

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1

Capítulo 1

2

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A importância de queimadores não convencionais e, também, os objetivos desta

dissertação que visam mostrar como uma chama girante pode aumentar o aproveitamento da

energia de queima assim como a eficiência térmica do queimador, quando são utilizados

meios porosos através de um sistema de recirculação de energia que serão analisados na

presente pesquisa. A análise da temperatura de chama, do tempo de aquecimento de um

líquido em um recipiente e do poder calorífico são fatores importantes para alcançar os

objetivos da presente dissertação.

Queimadores podem ser definidos como elementos ou sistemas de combustão nos

quais um combustível é queimado. A eficiência térmica de um queimador pode ser definida

de muitas formas, sendo uma delas a seguinte:

.100 %b

in

QQ

η = (1)

Em que:

bQ quantidade de energia (potência) absorvida pela base de um recipiente que está sendo

aquecido, contendo, por exemplo, um fluido (kW).

inQ quantidade de energia fornecida pela combustão do combustível com o ar ou outro

comburente (kW).

Uma grande porcentagem dos fogões domésticos tem queimadores do tipo anel

circular, que emitem poluentes para a atmosfera devido à dificuldade de realizar uma boa

combustão sem gerar fumaça.

A maioria dos projetos de queimadores domésticos convencionais (CB – conventional

burner) é do tipo chama aberta, onde uma grande quantidade de energia é perdida no

surgimento do fluxo de gás, resultando numa eficiência térmica relativamente baixa, em geral

menor do que 30 %. Nestes queimadores a chama tem fluxo radial, não havendo giro dos

gases de combustão nem reaproveitamento de energia.

Contra este antecedente um novo conceito de queimador recirculante radiante poroso e

semiconfinado [porous radiant recirculated burner (PRRB)], baseado na recirculação e

reaproveitamento do calor dos gases de combustão, usando a tecnologia de um meio poroso,

foi desenvolvido para economizar energia em uso doméstico e em pequena escala na indústria

da alimentação. (JUGJAI; RUNGSIMUNTUCHART, 2002).

Pode-se melhorar o queimador convencional (CB) combinando-o com o queimador

PRRB (porous radiant recirculated burner), resultando no queimador com meio poroso,

combinado com o queimador convencional, PRRB (CB). Este queimador é bastante eficiente

no reaproveitamento da energia dos gases quentes de exaustão, movimentando-os através de

meios porosos interes e pré-aquecendo o ar de combustão a uma temperatura de 300 ºC.

Uma maneira de melhorar a eficiência de um queimador recirculante radiante poroso

(PRRB) é através da inclusão de redemoinho na chama (swirling burner - SB), devido a

modificações no projeto do queimador, resultando no chamado queimador recirculante

radiante poroso com redemoinho PRRB (SB). Neste sistema usa-se uma chama central

giratória, em vez da chama com fluxo radial, dos queimadores convencionais.

Os maiores desafios para o uso avançado de energia dos combustíveis fósseis, por

meio da combustão, estão focados no meio ambiente, eficiência e economia. Para suprir estes

requerimentos, no desenvolvimento de equipamentos de combustão se deve considerar o

impacto ambiental (ou seja, produzir o menor dano ambiental possível), ter grande eficiência,

pequenos custos operacionais e de capital.

O queimador de aquecimento recirculante preenche alguns dos requisitos citados, pois

os reagentes são pré-aquecidos antes da zona da chama pela transferência de calor vinda dos

produtos de queima, mas sem misturar as duas correntes, produzindo uma melhor combustão

e economizando energia, devido ao seu reaproveitamento. A energia economizada pode se

traduzir, algumas vezes, na redução de CO2 e de outros gases que causam o efeito estufa no

meio ambiente. Consideráveis benefícios vindos da recirculação dos gases em um queimador

regenerativo são apontados por Weinberg (1996), o qual propôs vários esquemas práticos para

recuperação da energia. Em síntese, os queimadores que usam meios porosos, nos quais estão

inseridos os sistemas de combustão, são dos mais promissores projetos para usos domésticos e

industriais, pois eles têm vantajosas características de combustão, quando comparados com os

queimadores convencionais.

O pré-aquecimento pode ser obtido inserindo-se um material sólido no queimador, que

facilite a recuperação da energia de combustão. Este material, que pode ser uma espuma

porosa ou uma esponja cerâmica, com condutividade térmica maior do que a do gás, absorve

parte do calor sensível da região de pós-chama e, através dos processos de radiação e

condução no meio poroso, transfere esse calor para os reagentes ainda não queimados. Essa

energia cedida temporariamente pode fazer com que a temperatura máxima na região de

combustão atinja valores acima da temperatura adiabática de chama, recebendo, o nome de

combustão superadiabática ou combustão com excesso de entalpia.

Os redemoinhos têm amplos efeitos sobre a combustão, resultando em aumento da

eficiência energética do queimador. De acordo com os dados apresentados (TAMIR;

ELPERIN; YOTZER, 1989), o aproveitamento da energia de combustão pode ser aumentada

pelo fluxo em redemoinho devido à tensão de cisalhamento resultante do movimento de

rotação dos gases. Além disso, fluxos tipo redemoinho são apropriados especialmente para

regulagem do tempo de retenção nos dispositivos de combustão. Os queimadores a gás, com

chama tipo redemoinho, têm uma eficiência térmica de 40 a 60 %, resultando em aumento de

eficiência em relação aos queimadores convencionais, que têm eficiência, em geral, menor do

que 30 % (JUGJAI; RUNGSIMUNTUCHART, 2002)

1.2 OBJETIVOS

O objetivo desta dissertação é calcular a eficiência de queimadores não convencionais,

baseando-se em dados experimentais e teóricos, obtidos através da utilização de meios

porosos como espuma porosa ou esponja cerâmica.

Em síntese, na presente dissertação pretende-se:

a) Avaliar alguns parâmetros de queimadores de fogões domésticos e industriais, tais

como o tempo para aquecimento de água em recipiente, a eficiência térmica de um

queimador e a temperatura de chama, e compará-los com dados experimentais da

literatura.

b) Demonstrar que o uso de um queimador com recirculação e reaproveitamento da

energia de gases quentes é um método de combustão que aumenta tanto a velocidade

de chama, como a temperatura máxima na zona de reação, assim como a eficiência

térmica;

c) Calcular a eficiência térmica, η , usando as equações de avaliação, já apresentadas no

presente trabalho, que estão baseadas em normas inglesa e alemã. As eficiências

térmicas calculadas serão comparadas com dados experimentais, obtidos por Jugjai e

Rungsimuntuchart, 2002, Hoffmann et al, 1997.

d) A confirmação do aumento do desempenho de um queimador não convencional,

econômico e que não agrida o ambiente, serão contribuições importantes desta

pesquisa

CAPÍTULO 2

ESTADO DA ARTE

Capítulo 2

7

2 ESTADO DA ARTE

Neste capítulo é realizada uma revisão sobre os diversos tipos de queimadores,

incluindo entre outros temas, algumas considerações sobre o processamento de gás natural e

composição dos mesmos, modelagem de queimadores para cocção convencionais e não

convencionais com chama girante e meio poroso inerte.

Existem dois tipos fundamentais de queimadores: atmosféricos e de circulação

forçada. Na presente pesquisa será dada ênfase aos queimadores atmosféricos, nos quais após

o ajuste do obturador, para obtenção das características desejadas, a relação ar/gás permanece

constante, mantendo a chama estável.

Nos queimadores de circulação forçada, devido aos requisitos de potência e segurança

do sistema, é necessário o emprego de instrumentos que controlem a relação ar/gás para

manter o equipamento dentro dos padrões especificados.

2.1 COMPOSIÇÃO DO GÁS NATURAL E DO GLP

1.1.1

Na Tabela 1 são apresentadas composições do gás natural, a partir de gás associado, de

não-associado e processado no Brasil e na Bolívia.

O GLP – gás liquefeito de petróleo proveniente de unidades de conversão tais como

unidades de coque e unidades de craqueamento catalítico, apresenta altos teores de olefinas.

Já o GLP proveniente de destilação direta de petróleo e associado ao gás natural não tem

olefinas. A Tabela 2 é apresentada a composição destes gases liquefeitos.

Capítulo 2

8

Tabela 1 -. Comparações do Gás Natural, em % volumétrico (Gás, 1997).

1 Gás mistura dos campos do R.G. do Norte 2 Gás do campo de Miranga, na Bahia 3 Saída da UPGN-Candeias na Bahia

Fonte: GÁS, 1997, p. 3.

Elementos Associado1 Não

Associado2 Processado3

Metano 81,57 85,48 88,56

Etano 9,17 8,26 9,17

Propano 5,13 3,06 0,42

I-Butano 0,94 0,47 -

N-Butano 1,45 0,85 -

I-Pentano 0,26 0,20 -

N-Pentano 0,30 0,24 -

Hexano 0,15 0,21 -

Heptano e Superiores 0,12 0,06 -

Nitrogênio 0,52 0,53 1,20

Dióxido de Carbono 0,39 0,64 0,65

Total 100 100 100

Densidade Relativa 0,71 0,69 0,61

Riqueza (%Mol C3+) 8,35 5,09 0,42

Poder Cal. Inf.(kcal/m3) 9.916 9.583 8.621

Poder Cal. Sup.(kcal/m3) 10.941 10.580 9.549

Capítulo 2

9

Tabela 2. Composições típicas de GLP proveniente de várias fontes, em porcentagem em

volume (Garcia, 2002).

GLP proveniente de

Componentes

Unidade de

Craqueamento

Catalítico Fluido

Unidade de Coque

Destilação

Atmosférica de

Petróleo

Etano + eteno 0,52 0,23 Zero

Propano 14,12 40,46 40

Propeno 21,43 16,38 Zero

N – butano 16,14 18,99 48

I – butano 16,85 5,28 12

I – buteno 8,38 5,91 Zero

Butadieno – 1,3 0,21 0,00 Zero

Buteno – 1 6,18 6,82 Zero

Cis – buteno – 2 6,38 1,79 Zero

Trans – buteno – 2 8,30 2,63 Zero

N – pentano 0,34 0,39 -

I – pentano 1,16 0,11 -

Superior a C5 - 0,10 -

H2S (Tutwiller) grãos /

100 ft3 53 486 -

Densidade a 20/4°C 0,560 - -

2.1.1 Comparação Entre o Gás Natural e Outros Gases

Com o objetivo de evitar a utilização inadequada e ilustrar as aplicações comuns do

gás natural, são listadas a seguir as principais diferenças e semelhanças entre esse e os gases

disponíveis no Brasil atualmente: o GLP, o gás de refinaria e o gás de rua (usado para

iluminação), como destacado na Tabela 3. O uso de GLP – gás liquefeito de petróleo ou gás

de cozinha em veículos é proibido por lei.

Existe uma diferença fundamental entre a origem desses gases: o gás natural é

encontrado na natureza em reservatórios no subsolo, como se deduz pelo seu nome, ao passo

que todos os outros gases provêm de processos industriais.

Capítulo 2

10

Na Tabela 3 pode-se constatar que o poder calorífico do GLP é aproximadamente três

vezes maior que o poder calorífico do gás natural. Usando o ar como referência, a densidade

relativa do GN é menor do que 1. Por ser mais leve do que o ar, quando liberado em locais

abertos sobe, evitando a sua concentração e a formação de atmosferas explosivas,

considerando-se isso como uma grande vantagem.

Tabela 3 - Comparação entre diferentes tipos de gás (Gás, 1997)

Gás

Natural GLP Gás de Rua Gás de Refinaria

Origem Reservatórios de

petróleo e de gás

Destilação de

petróleo e

processamento de

gás natural

Reforma termo-

catalítica de gás

natural

Processo de refino de

petróleo (craqueamento

catalítico, destilação,

reforma e coqueamento

retardado)

Peso

Molecular 17 a 21 44 a 56 16 24

Poder Calorífico

Superior (kcal/m3)

Rico: 10.900

Processado:

9.300

24.000

a 32.000

4.300

10.000

Densidade Relativa

(A referência é o ar) 0,58 a 0,72 1,5 a 2,0 0,55 0,82

Principais

Componentes Metano, Etano Propano, Butano

Hidrogênio,

Metano,

Nitrogênio

Monóxido de

carbono, dióxido

de carbono

Hidrogênio, Nitrogênio,

Metano, Etano

Principais

Utilizações

Residencial,

comercial,

automotivo,

combustível

industrial

Combustível

residencial e

comercial

Combustível

residencial e

comercial

Industrial

(combustível e

petroquímica)

Pressão de

Armazenamento

(kgf/cm2)

200

15

------------ -------------

Capítulo 2

11

2.2 PROCESSAMENTO DE GÁS NATURAL

A indústria de processamento de gás tem condições de processar gás natural bruto e

torná-lo comercial como energia útil para uso em várias aplicações como combustível e como

matéria-prima básica para indústrias petroquímicas. O gás natural fica depositado no subsolo

de duas formas principais: gás associado e gás não-associado.

O gás associado é encontrado em reservatórios de óleo cru, dissolvido no óleo, como

apresentado na Figura 1. O gás é retirado dos poços junto com o óleo. É separado do óleo na

cabeça de poço. No início da indústria de produção de gás, praticamente todo o gás vinha dos

poços de óleo.

Capade

Gás

Óleo + Gás

Água

Gás em solução

R ó óESERVAT RIO PRODUTOR DE LEO

Gás livre

GÁS ASSOCIADO

Figura 1. Reservatório produtor de óleo e gás associado.

Fonte: GÁS, 1997, p. 2.

O gás não-associado ocorre separadamente do óleo, como apresentado na Figura 2. A

produção do gás não-associado não depende da de óleo cru. É chamado comumente poço-de-

gás. Aproximadamente 75 % de todo o gás natural norte-americano é produzido por

reservatórios de gás não-associado. No Brasil as reservas do Nordeste são compostas por 50

% de gás associado e 50 % de não-associado, o que proporciona maior flexibilidade da

produção, ao contrário do que ocorre na Bacia de Campos, onde toda a produção é de gás

associado.

Capítulo 2

12

Gás

GÁS NÃO ASSOCIADO

Óleo + Gás

Água

Gás em solução

R ó GáESERVAT RIO PRODUTOR DE S

Gás livre

Figura 2. Reservatório produtor de gás.

Fonte: GÁS, 1997, p. 2.

2.3 COMBUSTÃO DO GÁS NATURAL

2.3.1 Processo de Combustão

Conforme Wylen; Sonntag; Borgnakke (2003) o processo de combustão envolve a

oxidação dos constituintes do combustível que são oxidáveis e pode, portanto, ser

representado por uma equação química. “Durante o processo de combustão, a massa de cada

elemento permanece a mesma. Assim, escrever as equações químicas e resolver os problemas

que envolvem quantidades dos vários constituintes implica, basicamente, na conservação da

massa de cada elemento. Uma breve revisão deste assunto, para o caso particular do processo

de combustão, é apresentada neste capítulo.

Considere-se, inicialmente, a reação do carbono com o oxigênio.

2 2

Re Pr

C O CO

agentes odutos

+ → (2)

Esta equação indica que um kmol de carbono reage com um kmol de oxigênio para

formar um kmol de dióxido de carbono. Isso também significa que 12 kg de carbono reagem

com 32 kg de oxigênio para formar 44 kg de dióxido de carbono. Todas as substâncias

iniciais, que sofrem o processo de combustão, são chamadas reagentes e as substâncias que

resultam do processo são chamadas produtos.

Capítulo 2

13

Quando um combustível constituído por hidrocarbonetos é queimado, o carbono e o

hidrogênio são oxidados. Por exemplo, considere a combustão do metano, dada pela seguinte

equação:

4 2 2 22 2CH O CO H O+ → + (3)

Neste caso, os produtos de combustão incluem dióxido de carbono e água.

Comumente a água pode estar nas fases vapor ou líquida, dependendo da temperatura e

pressão resultante para os produtos de combustão.

Deve ser observado que, nos processos de combustão, sempre ocorre a formação de

muitos produtos intermediários durante a reação química.

Na maioria dos processos de combustão, o oxigênio é fornecido pelo ar e não como

oxigênio puro. A composição do ar, em base molar, é aproximadamente 21 % de oxigênio,

78 % de nitrogênio, e 1 % de argônio. Neste trabalho é admitido que o nitrogênio e o argônio

não participam das reações químicas.

2.3.2 Química da Combustão

Combustão é a combinação de oxigênio com um combustível, tal como GLP ou o gás

natural a qual resulta em liberação de calor. A maior parte dos combustíveis contém carbono e

hidrogênio, e o oxigênio normalmente vem do ar. A combustão geralmente consiste da

seguinte reação ou uma combinação de reações do tipo da representada pela Equação (1) com

as Equações (3) e/ou (4):

12 2 2 ( )2 gH O H O CALOR+ → + (4)

2.3.3 Reações de Combustão

1.1.2

O componente hidrocarboneto mais encontrado no gás natural é o metano (85 %), que

pode ser usado para representar a reação de combustão completa:

CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O(g) + CALOR (5)

Capítulo 2

14

Combustão perfeita ou estequiométrica é obtida pela mistura e queima exata das

proporções de combustível e oxigênio, evidentemente não sobrando nem faltando oxigênio.

Se oxigênio é fornecido além da proporção estequiométrica, a mistura é pobre e a reação é

oxidante, produzindo uma chama relativamente curta. Se o combustível é fornecido em

proporção maior do que a estequiométrica, a mistura é rica e a reação é redutora, resultando

em uma chama que é relativamente longa e a combustão será incompleta. A maioria das

indústrias de queimadores fornece ar em excesso para diminuir a formação de

hidrocarbonetos não queimados, monóxido de carbono e material particulado.

Os termos “poder calorífico” ou “calor de reação” representam a quantidade de calor

transferida da câmara durante a combustão ou reação à temperatura constante. No caso de

pressão constante, ou processo de escoamento em regime permanente, conclui-se, pela

primeira lei da termodinâmica, que eles são iguais à entalpia de combustão com o sinal

contrário. Por este motivo a quantidade de calor transferida é, algumas vezes, chamada de

poder calorífico a pressão constante.

No caso de um processo a volume constante, a quantidade de calor transferida é igual

à energia interna de combustão com sinal contrário e isto é, algumas vezes designado como

poder calorífico a volume constante.

Junto com o termo poder calorífico, são usados os termos “superior” e “inferior”. O

PCS - poder calorífico superior é a quantidade de calor transferida com a água presente nos

produtos de combustão no estado líquido. Já o PCI - poder calorífico inferior é a quantidade

de calor transferida com a água presente nos produtos de combustão no estado vapor ou seja,

parte da energia é gasta para evaporar água.

2.4 QUEIMADORES DE CIRCULAÇÃO FORÇADA

Os queimadores de recirculação forçada são queimadores que precisam de introdução

de ar por meios mecânicos para o seu funcionamento como se mostra na Figura 3.

Esse suprimento de ar é normalmente feito por um ventilador. Dependendo de como é

acoplado o ventilador no conjunto, os queimadores podem ser:

a) Monobloco – quando o ventilador e o queimador formam um único conjunto, como

destacado na Figura 3. Normalmente são aplicados em processos de “baixa

Capítulo 2

15

temperatura” e ambiente não agressivo; exemplos: caldeiras de vapor, aquecedores de

fluido térmico, secadores de grãos etc.

b) Duobloco – todos os componentes são montados separadamente do corpo principal,

incluindo ventilador e sistema de controle; são utilizados em processos de “alta

temperatura” e ambientes agressivos; exemplos: fundição, geradores de gases quentes,

fornos de tratamento térmico, fornos cerâmicos etc.

Figura 3. Queimador Monobloco.

Fonte: MAXON, 2005

2.5 QUEIMADORES ATMOSFÉRICOS

Empregam preferivelmente o ar de combustão vindo do ambiente circundante que é

arrastado pelo fluxo de combustível de um queimador atmosférico com chama estável, como

apresentado na Figura 4.

Figura 4 : Chama estável

Fonte: DUTTON, 1994, p. 156

Motor Ventilador

Queimador

Combustível

Capítulo 2

16

Como apresentado na Figura 5, o combustível entra sob baixa pressão (da ordem de 5

a 15 mbar), porém com altas velocidades através de um orifício no queimador simples de

orifício de escape ar/gás. Ar primário é absorvido, sem interrupção, abrindo-se uma janela

devido ao momento do jato de combustível e pode ser controlado pelo ajuste de ar na janela.

O efeito venturi aumenta o arraste. Misturas acontecem na extensão ampliada do tubo

e da garganta. O fluxo da mistura vai direto a região da cabeça do orifício onde o escape

ar/gás queima logo após o orifício do queimador. A chama arrasta o ar secundário, o qual

completa a combustão.

Queimadores com arraste de ar operam com 40 a 60 % de excesso de ar primário,

como apresentado na Figura 5.

A razão entre a área da garganta do venturi e a área do orifício do combustível varia

geralmente de 50 a 100 e entre a área do orifício de escape ar/gás e a garganta do venturi

variam de 1,25 para 1,5.

Figura 5. Operação do Queimador Atmosférico

Fonte: DUTTON, 1994, p. 152

O princípio de funcionamento de um queimador atmosférico consta das seguintes

etapas:

a) O gás combustível sob pressão, flui através do tubo de distribuição (manifold) para o

orifício do queimador;

b) O gás que flui através do orifício do queimador sai na forma de fluxo de gás, com um

aumento de velocidade em razão da presença do tubo de distribuição;

Capítulo 2

17

c) A sucção é criada na garganta do queimador, devido à diminuição da área e

conseqüente aumento de velocidade do fluxo de gás. A área de sucção na entrada do

queimador induz a entrada do ar primário, que está à pressão atmosférica, através do

obturador da câmara de mistura;

d) Esse ar induzido, chamado de ar primário, é misturado ao fluxo de gás proveniente do

orifício na garganta do queimador. O gás e o ar continuam misturando-se ao longo do

tubo de mistura;

e) O tubo de mistura do queimador tem um formato de um venturi, onde a seção

transversal do mesmo começa menor e tende a aumentar progressivamente até a boca

do queimador. Como resultado, há uma redução na velocidade e um aumento da

pressão. O aumento desta pressão é chamado de ganho estático, que é necessário para

dar à mistura um aumento de pressão tal que permita a queima na boca do queimador.

f) A combustão ocorre parcialmente através de uma pré-mistura do ar com o gás, que

sofre a ignição na boca do queimador. O ar secundário se localiza em torno da chama

e é responsável por proporcionar a combustão completa.

Dependendo do tipo do queimador, aproximadamente 30 a 50 % do total do ar

necessário para a combustão, é ar primário. É necessário o ar secundário para completar o

processo de combustão. Pelas próprias características dos queimadores domésticos comuns

(CB), que são do tipo chama de combustão aberta, sua eficiência térmica está em torno de 30

%.

Cientes destes dados e visando um campo de crescimento e inovação que se

harmonizassem com as leis ambientais, foi desenvolvido um novo conceito de queimador

recirculante usando a tecnologia de fluxos através de meio poroso, radiante e semiconfinado

apoiado na recirculação de calor de combustão, para economizar em uso doméstico e em

pequena escala na indústria de alimentos. Quando se usa o queimador PRRB (CB) é obtido

um aumento na eficiência térmica em torno de 12 % maior que o queimador convencional

(CB), resultando para o PRRB (CB) em uma eficiência média de 42 %.

Os sistemas de recirculação de energia de combustão ou de recirculação de gases

quentes com pré-aquecimento de ar e combustão fluxos turbulentos redemoinhos são algumas

das tecnologias mais utilizadas e aplicadas para melhorar a eficiência de sistemas em

queimadores ou caldeiras industriais. Aplicando-se essa tecnologia aos queimadores

domésticos convencionais, inclusive recirculação e utilizando a tecnologia de meios porosos,

Capítulo 2

18

pode-se melhorar a eficiência térmica do processo, economizar energia e diminuir a poluição

ambiental.

A eficiência térmica dos queimadores poderá ser melhorada em função da combinação

com o queimador redemoinho de chama central, resultando no queimador PRRB (SB),

obtendo-se assim uma eficiência térmica em torno de 60 % e a energia economizada de cerca

de 50 % na média sobre a faixa de operação. O queimador PRRB (SB) proporciona alta

eficiência térmica e apreciável melhoria na economia de energia, além de produzir emissões,

em geral, mas nem sempre, menos prejudiciais ao ambiente (Jugjai e Rungsimuntuchart,

2002).

Em alguns experimentos conduzidos por Jugjai e Rungsimuntuchart (2002), foram

obtidas maiores concentrações, de CO e NOX (em ppm) nos gases de combustão em

queimadores PRRB (SB) do que em queimadores PRRB (CB). Entretanto como o queimador

PRRB (SB) tem área total de furos menor do que o queimador PRRB (CB), haverá menor

aeração por ar primário no queimador PRRB (SB) que pode provocar uma combustão

incompleta e, portanto, maior produção de CO e NOX no queimador PRRB (SB) do que no

PRRB (CB). Como no equipamento de detecção de NOX usado pelos citados pesquisadores a

incerteza era de ± 5 ppm e a diferença média entre as concentrações das emissões de NOX nos

queimadores PRRB (SB) e PRRB (CB) foi em média de aproximadamente 5 ppm, na faixa

analisada, pode-se especular que é difícil afirmar se houve diferença nas concentrações nessas

emissões, como apresentado no trabalho de Jugjai e Rungsimuntuchart (2002).

2.6 TIPOS DE QUEIMADORES (CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS

Os queimadores atmosféricos domésticos, auto-aspirados com fluxo radial,

denominado queimadores convencionais, CB, apresentados na Figura 6, não serão analisados

aqui, porque eles são simples, porém de larga aplicação doméstica e em menor escala em

queimadores industriais. Esses queimadores são menos atrativos porque eles têm

relativamente baixa eficiência, menor do que 30 %.

O queimador convencional (CB) pode ser combinado com o PRRB (porous radiant

recirculated burner), resultando no queimador convencional contendo meio poroso, PRRB

(CB), como apresentado na Figura 7. Tanto nesta figura como na Figura 8 são destacados os

meios porosos que estão ao lado da chama, os quais são usados para reaproveitamento de

energia, devido à recirculação de gases quentes através deles.

Capítulo 2

19

O queimador recirculante radiante poroso (PRRB) pode ser melhorando incluindo

redemoinho na chama (SB – swirling burner), resultando no chamado queimador recirculante

radiante poroso com redemoinho PRRB (SB), como apresentado na Figura 8.

Figura 6 - Queimador atmosférico auto-aspirado com fluxo radial (CB)

[Jugjai e Rungsimuntuchart, 2002]. Fonte: JUGJAI; RUNGSIMUNTUCHART, 2002, p.584

Figura 7. Fluxo de chama radial convencional (CB) combinado com o suporte PRRB, resultando no queimador PRRB (CB) [Jugjai e Rungsimuntuchart, 2002]. Fonte: JUGJAI; RUNGSIMUNTUCHART, 2002, p.587

Capítulo 2

20

Figura 8. Chama redemoinho central (SB) no suporte PRRB

[Jugjai e Rungsimuntuchart, 2002]. Fonte: JUGJAI; RUNGSIMUNTUCHART, 2002, p.584

Conforme Jugjai (2002) em estudos prévios sobre queimadores com meios porosos

radiantes com recirculação (PRRB), propostos por Jugjai e Sanijai (1996), Jugjai;

Rungsimuntuchart (2002) combinaram o queimador convencional (CB) com o suporte PRRB,

aumentando a potência, passando de 5 kW para 30 kW, especialmente usado em pequenas

indústrias de processamento de alimentos, cujo esboço da nova versão do PRRB (CB) está

apresentado na Figura 9 e, também, na Figura 7.

Na Figura 9 estão destacados o meio poroso emissor (EP) e o meio poroso absorvedor

(AP), através dos quais parte da entalpia dos gases de exaustão é transferida para o ar da

combustão ou ar primário, por radiação térmica e condução no meio poroso. Pode-se

considerar a troca de energia entre os meios porosos EP e AP, como se fosse um trocador de

calor em contra corrente. Ambos EP e AP são formados por camadas de peças de inox tendo

40 mesh por polegada.

Capítulo 2

21

Figura 9. Queimador recirculante de poro radiante PRRB em combinação com o queimador convencional CB,

resultando no queimador PRRB (CB) [Jugjai e Rungsimuntuchart, 2002]. Fonte: JUGJAI; RUNGSIMUNTUCHART, 2002, p.584

2.6.1 Tipos de Teste para Calcular a Eficiência

Para a avaliação da eficiência térmica de um queimador podem ser usados vários

métodos, entre eles:

a) Teste transiente de aquecimento de um líquido puro (em geral, água) contido em um

recipiente, desde uma temperatura média inicial até uma temperatura média final; em

geral, nestes tipos de teste a temperatura final é menor que a temperatura de ebulição

do líquido, para não incluir nos cálculos a entalpia de vaporização do referido líquido,

mas somente o seu calor específico na citada faixa de temperatura. Uma variante deste

método é o uso de um líquido não puro, por exemplo, um líquido contendo algum

soluto, como um alimento líquido. Neste teste deveria ser empregado o calor

específico do alimento em vez do calor específico do líquido puro.

b) Teste de fervura do líquido (água) contido no recipiente; neste tipo de teste o líquido é

aquecido desde a sua temperatura média inicial até a temperatura de fervura e, a partir

deste momento, é contabilizado o tempo de teste. Nos cálculos são considerados o

tempo de teste, as massas inicial e final de água no recipiente e a entalpia de

vaporização da água na temperatura e pressão consideradas.

Capítulo 2

22

2.6.2 Teoria Sobre Meios Porosos

Na literatura, são usados meios porosos para obter maior reaproveitamento do calor de

recirculação, através do qual parte da entalpia dos gases de exaustão é recirculada para o ar da

combustão (constituído pelos gases de exaustão + ar primário). Os meios porosos que

fornecem um acréscimo na temperatura do ar os quais são denominados meio poroso

absorvedor, AP, meio poroso emissor, EP, são formados, por exemplo, por uma grande

quantidade de camadas de aço inox e malhas ou filtros, tendo 40 mesh por polegada e

espessura óptica aparente τAP = 3 e τEP = 1,5, respectivamente (JUGJAI;

RUNGSIMUNTUCHART, 2002). A espessura óptica é dada por τ = kx, onde k é o

coeficiente de absorção do meio poroso usado e x é a coordenada de posição (espessura)

(Yoshida, Yun e Echigo, 1989).

A combustão de combustíveis como hidrocarbonetos, dentro de um meio poroso

inerte, envolve a estabilização de uma onda de reação, que pode incluir a estrutura da matriz

porosa (HOWELL; HALL; ELLZEY, 1996). A pré-mistura de combustível e ar entra na

matriz porosa, onde é convectivamente aquecida e passa através dos vazios intersticiais do

material da matriz à montante da zona de reação. O material à montante é aquecido por

radiação emitida da zona de reação e por condução através da matriz sólida. A mistura, pré-

aquecida de combustível e ar, passa através da zona de reação, onde a mistura é arrastada pela

influência local da mecânica dos fluidos, a reação ocorre e energia é liberada.

O efeito dessa recuperação de energia é a transferência líquida de entalpia dos gases

queimados para os gases não queimados. Através deste mecanismo é teoricamente possível

alcançar uma temperatura maior que a chamada temperatura adiabática de chama da mistura

de entrada do queimador, com uma entalpia de excesso de combustão. Enquanto um pico de

temperatura pode ser maior do que a temperatura adiabática da chama, a temperatura de saída

não pode sê-lo, devido ao limite imposto pela primeira lei da termodinâmica.

Por causa da estrutura reticulada dos materiais porosos, é muito difícil usar modelos

para predizer propriedades termofísicas, como condutividade térmica e permeabilidade.

Propriedades de transporte tais como coeficiente de transferência de calor entre a superfície

sólida e o gás que flui, são igualmente difíceis de predizer. Por essas razões, as propriedades

devem ser, geralmente, determinadas experimentalmente.

O tratamento de interações de radiação em escala microscópica, através do modelo da

absorção e reflexão da radiação, através das intersecções da estrutura porosa, não tem

Capítulo 2

23

recebido muita atenção dos pesquisadores. Em vez disso, o meio poroso é tratado como

homogêneo, em análises de radiação, considerando a absorção e o espalhamento da radiação.

Os efeitos de inércia são significativos em esponjas cerâmicas, tornando o fluxo não

Darciano. As quedas de pressão, através da esponja cerâmica, são muito pequenas devido às

suas grandes porosidades. Os fluxos são laminares em uma grande faixa de velocidade,

havendo transição para fluxo totalmente turbulento, para números de Reynolds nos poros de

aproximadamente 150.

A idéia do excesso da entalpia da chama, com retroalimentação de radiação, tem sido

empregada recentemente por alguns pesquisadores, que projetam queimadores com um

mínimo de emissões de CO e NOx, os quais maximizam a saída de radiação e operam em uma

ampla faixa de razões equivalentes de ar. Embora com um excesso de entalpia da chama se

possa ter uma temperatura que pode exceder a temperatura da chama adiabática, as emissões

de CO podem ser pequenas, quando se trabalha com pequenas razões equivalente de ar, a

produção térmica de NOx é eliminada ou diminuída se for usada uma pequena temperatura

pós-chama.

Modelos computacionais dos processos de transporte e reação dentro dos meios

porosos têm fornecido consideráveis informações sobre os seus efeitos no processo da

combustão. Têm sido examinados modelos uni e bidimensionais, assim como mecanismos de

reação tanto em uma só etapa com em múltiplas etapas. Muitos modelos têm predito com

sucesso condições super-adiabáticas e têm mostrado a importância dos efeitos recuperativos

de radiação e condução na matriz sólida, na zona de reação dos gases à montante. Pode ser

predita a velocidade máxima da chama sustentável dentro do queimador (limite de purga); a

mínima razão equivalente de ar, para manter a combustão; a tendência de velocidade da

chama em função do diâmetro do poro e a razão equivalente de ar (especialmente para

pequenas razões equivalente de ar) e emissões medidas de CO, CO2 e NO. A importância da

matriz porosa na turbulência permanece como um problema ainda não resolvido.

2.6.3 Coeficientes de Transferência de Calor

Uma vez que a área superficial da estrutura de espuma cerâmica é difícil de avaliar ou

medir, coeficientes de transferência de calor para estes materiais e outras estruturas em forma

de pacotes são geralmente apresentados em termos de um coeficiente convectivo ou pelicular

volumétrico, hv [W/(m3K)], ou seja, a transferência de calor por grau de diferença de

temperatura por unidade de volume de material empacotado. Os coeficientes convectivos são

Capítulo 2

24

importantes para o cálculo da energia que pode ser recuperada no meio poroso, através do

movimento de um gás no mesmo. Os valores dos coeficientes convectivos foram baseados em

várias suposições de modelos anteriores de transferência convectiva em cerâmicas reticuladas.

Chen et al (1987 apud HOWELL; HALL; ELLZEY, 1996) simplesmente assumiram que o

coeficiente de transferência de calor volumétrico era tão grande que a temperatura do sólido e

do fluxo de gás adjacente poderiam ser considerados iguais. Sathe et al (1990) escolheram um

valor de 2x109 W/(m3K) baseado em valores computados para cilindros em fluxo cruzado.

Hsu et al (1993a) escolheram um valor de 107 W/(m3K) de forma que eles puderam comparar

resultados da análise de um queimador com Yoshizawa et al (1988), que escolheram o mesmo

valor tendo como base o fluxo através de leito empacotado. Hsu et al estudaram e usaram o

valor de 107 W/(m3.K) como linha de base, e o efeito de variações de 10-1 a 10-3 vezes este

valor sobre o desempenho estimado de queimadores usando meios porosos.

Younis; Viskanta (1993 apud HOWELL; HALL; ELLZEY, 1996) determinaram

experimentalmente o coeficiente de transferência de calor volumétrico para espumas de

alumina e de cordierita fornecida por diferentes fabricantes. Os diâmetros de poro variaram

entre 0,29 e 1,25 mm. Para a alumina, uma correlação empírica dos dados em termos do

número de Nusselt,

Nu = hv d2/kg (6)

é dada por:

Nu = 0,819 [1-7,33(d/L)]Re0,36[1+15,5(d/L)] (7)

Onde d é o diâmetro real de poro (m) e L é a espessura da amostra na direção do fluxo

(m). O número de Reynolds é definido por

Re = ρUd/µ, (8)

onde U é a velocidade superficial ou facial. A correlação é valida para 0,005 < (d/L) <

0,316, e 5,1 < Re < 564.

Para a cordierita – segundo dicionário Aurélio, mineral, aluminossilicato de magnésio

e ferro – apenas uma amostra com um diâmetro real de poro de 1,27 mm foi testada e

encontrada uma correlação resultante, validada na faixa de número de Reynolds para 64 < Re

< 457. Howell, Hall, Ellzey (1996, p. 126)

Nu = 2,43Re0,42 (9)

Capítulo 2

25

Através de comparação com a correlação para Nu da transferência de calor em leitos

empacotados e metais sintetizados, descobriu-se que o coeficiente de transferência de calor

nas espumas cerâmicas era consideravelmente maior. Estas correlações, dadas pelas Equações

(6) e (7), não predizem o mesmo valor de Nu para o mesmo diâmetro de poro d = 12,7 mm, o

que indica que a estrutura particular no interior da espuma cerâmica fornecida por diferentes

fabricantes é importante para se determinar o coeficiente de transferência de calor

volumétrico, e o diâmetro de poro por si só é uma descrição insuficiente. Mas, tais correlações

constituem grande avanço a partir da informação previamente disponível.

Viskanta (1995 apud HOWELL; HALL; ELLZEY, 1996) revisou as correlações

disponíveis e os enfoques teóricos para estimar o coeficiente de transferência de calor em

materiais porosos, e apresentou resultados experimentais que mostram uma dependência do

numero de Nusselt com a espessura da amostra em teste, o que modifica as previsões de

Younis e Viskanta (1993).

MODELAGEM

CAPÍTULO 3

Capítulo 3

27

3 MODELAGEM Neste capítulo são discutidos alguns modelos para calcular a eficiência térmica de

queimadores baseando-se nos trabalhos de Jugjai e colaboradores. É realizada uma discussão

teórica da modelagem de queimadores contendo meios porosos, para que se observem as

dificuldades enfrentadas na modelagem de meios porosos.

3.1 MODELAGEM DO QUEIMADOR PRRB (SB), USANDO A EFICIÊNCIA DEFINIDA POR NORMA ALEMÃ DIN EN 203-2, 1997

Com o objetivo de medir o desempenho dos queimadores varias metodologias foram

propostas para permitir calcular a eficiência térmica, definida como a razão entre a energia

utilizada e a energia fornecida. Destes procedimentos destacam-se os apresentados na Norma

Inglesa BSI 5258-2 1978 e a norma Alemã DIN EN 203-2 (German standard, 1997).

Na norma alemã é considerada como área de transferência térmica somente o fundo do

recipiente. Este procedimento está descrito em vários trabalhos como os de Jugjai,

Rungsimuntuchart (2002), Howell, Hall e Ellzey (1996) e Echigo (1986). No artigo de Jugjai,

Rungsimuntuchart (2002) onde é usada a eficiência térmica calculada por norma técnica

alemã (German Standard, 1997), se apresenta um diagrama esquemático do fluxo de energia

através do volume de controle de um sistema típico PRRB (SB), como apresentado nas

Figuras 8 e 10. A potência Qin é a de entrada no anel do queimador, fornecida pela queima do

combustível, em presença do ar primário, enquanto Qb e Qloss, representam respectivamente

potência absorvida pelo fundo do recipiente e a potência perdida com o fluxo dos gases, pelas

laterais do recipiente, e que vão para a saída do meio poroso emissor (EP). A potência Qpre é a

internamente transferida dos gases de exaustão para o ar de arraste de combustão (ar primário

e secundário), sendo pré-aquecidos à temperatura Tar, pré, devido à passagem dos gases no

meio poroso.

Capítulo 3

28

Figura 10. Modelo físico do queimador PRRB (SB).

Fonte: JUGIAI; RUNGSIMUNTUCHART, 2002, P. 586

Para simplificar, é assumido aqui que a velocidade de combustão, da mistura de gases

elevando-se através das portas do anel queimador, é instantânea, produzindo a máxima

temperatura, chamada temperatura de chama (Tf) que se admite que é formada entre a saída

do anel do queimador e a região de estagnação no fundo do recipiente. São desprezadas as

perdas de calor devido à reação de combustão incompleta e à radiação da chama.

No queimador com recuperação de energia e chama redemoinho, PRRB(SB), os gases

quentes se movem em redemoinho e saem em jatos radiais divergentes, provenientes dos

pontos de estagnação da borda do recipiente, diminuem a sua temperatura, Tex, a qual é

equivalente à temperatura Tep,u, que é obtida experimentalmente, como pode ser visto na

Figura 9, do Capítulo 2. Ocorre a diminuição da entalpia dos gases quentes é causada pela

transferência de calor através do fundo do recipiente, Qex. O calor absorvido pelo líquido

através do fundo do recipiente é Qb, onde se considera que existe um coeficiente médio de

transferência de calor, hb, e uma temperatura interna constante na parede do fundo do

recipiente, Tw. Na modelagem pela norma alemã, se considera que a transferência de calor

através da superfície lateral do recipiente é desprezível, porque o coeficiente de transferência

de calor, para a lateral do recipiente, é relativamente pequeno comparado com aquele da face

do fundo do recipiente. Isto é válido especialmente para o queimador PRRB (SB), mas para o

CB (sem redemoinho), as perdas de energia pelas laterais do recipiente podem ser

significativas, pois o coeficiente na lateral do recipiente pode ser da mesma ordem da

Capítulo 3

29

magnitude do coeficiente no fundo do recipiente, ou seja, da ordem de 2 a 30 W/m2 °C ou em

média de 15 W/m2 °C. Esses valores representam convecção natural de gases, cujos valores

podem ser encontrados em livros como o de Bird et al (2002).

Como resultado do movimento em redemoinho, no queimador PRRB (SB), é formado

um disco de chama no fundo do recipiente, ao contrário do que ocorre no queimador PRRB

(CB), no qual se forma um anel de chama no fundo do recipiente, pois não há giro dos

produtos de combustão ou da chama.

A chama do PRRB (SB) pode ser considerada uma chama turbulenta, a qual influencia

no valor dos parâmetros de transferência de energia entre o gás e o fundo do recipiente, por

exemplo, aumentando o coeficiente convectivo de transferência de calor, hb.

Os regimes de combustão, que podem ser em estado estacionário ou transiente,

dependem de vários parâmetros, embora, inevitavelmente afetem as características de

transferência de calor. O processo de transferência de calor proveniente do gás quente, para o

recipiente contendo água é admitido como sendo estacionário, na parede do recipiente. No

conteúdo do recipiente (por exemplo: água), o processo de transferência de energia é

transiente, de uma temperatura inicial T1 até uma temperatura final T2, que geralmente é

considerada 90 ou 93°C. Não foi encontrada nenhuma modelagem consultada, para calcular,

por exemplo, o tempo para que a água no recipiente passe da temperatura T1 até a T2. Isto

oferece uma excelente oportunidade para modelagem desta parte do processo. Na seção 4.1.4

– modelagem do tempo para o aquecimento da água, são apresentadas sugestões para futuros

trabalhos na modelagem transiente do mencionado processo.

O balanço de energia depende do volume de controle escolhido. Considerando-se um

volume de controle o qual é limitado pela película de fluido existente no fundo do recipiente,

pelo fundo do recipiente e pelos gases quentes de exaustão, a eficiência térmica pode ser

calculada usando o conjunto de equações a seguir (Jugjai e Rungsimuntuchart, 2002):

, ,100 %. (363 ) /%

.agua p agua agua i

th

m C T t

v LHVη

−= (10)

.100 %% b

thin

Q

Qη = (11)

( ) ( )( ) ( )ln /

[ ][ ]

f W ex W

b b b

f W ex W

T T T TQ h A

T T T T

− − −=

− − (12)

Capítulo 3

30

( ),b p g f exQ C T Tgm= −⋅

(13)

0,50,42 0,50

1,531,96 Pr Reb

p

Dh k

D

=

(14)

Onde: ηth = eficiência térmica

mágua = massa da água no recipiente, kg

Cp = calor específico à pressão constante J.kg-1K-1

ν = vazão do combustível, m3s-1

T = temperatura, °C

t = tempo de queima, s

LHV = poder calorífico inferior do gás combustível, kJ.m-3

Qent = calor de entrada do queimador do combustível de fornecimento e ar de combustão arrastado, kW

Qb = calor absorvido pelo fundo do recipiente, kW

hb = coeficiente de transferência de calor na base do recipiente, Wm-2k-1

Ab = área de transferência de calor na base do recipiente, m2

Tf = temperatura de chama, °C

Tw = temperatura da parede, °C

Tex = temperatura de exaustão, °C.

Aqui hb é o coeficiente da transferência de calor na superfície do fundo do recipiente,

obtido de experimentos, usando o mesmo procedimento empregado por Bussman (1988),

obtendo-se a correlação dada pela Equação (14) e k é a condutividade térmica.

A eficiência, %thη , dada pela Equação (10), é definida como a razão entre a potência

obtida a partir do calor sensível absorvido pela massa de água existente no recipiente dividido

pelo tempo t, e a potência de combustão fornecida pela queima do combustível gasoso

( .inQ v LHV= ). Em alguns experimentos Jugjai e Rungsimuntuchart (2002) usaram uma

massa 20aguam kg= . A água muda de temperatura desde a temperatura inicial ,agua iT , até a

temperatura T = 363 K. Na Equação (8), o símbolo v (m3/s), representa a vazão de

combustível, LHV (kJ/m3) é o poder calorífico inferior do combustível gasoso, t (s) é o tempo

de queima.

Em síntese, como se pode observar na Equação (10) e no esquema da Figura 10, a

eficiência relaciona o calor que entra pelo fundo do recipiente, bQ (kW) com a energia

fornecida pela queima do combustível,inQ .

Na Equação (13) Cp, g (J kg-1K-1) é o calor específico do combustível gasoso.

Capítulo 3

31

Na Equação (12) Re = ρuD/µ é o número de Reynolds e u representa a velocidade

média na queimador de diâmetro D, como apresentado no esquema da Figura 11. O símbolo

Pr = µCp/λ é o número de Prandtl, onde µ (kg m-1 s-1) é a viscosidade do gás e λ (W m-1 K-1) é

a condutividade térmica do gás.

O termo ( ) ( )

( ) ( )ln /

f W ex W

f W ex W

T T T T

T T T T

− − − − −

= LMTD, da Equação (12), é a diferença média

logarítmica de temperatura; onde a temperatura do gás diminui desde a temperatura da chama,

Tf, até chegar à temperatura de saída do trocador, Tex, como pode ser visto na Figura 10.

A velocidade mássica do gás de combustão gm⋅

(kg/s), na Equação (13), é o

somatório da velocidade mássica do combustível, do ar primário (definido como o ar de

combustão que provém de um orifício, arrastado por um jato de gás, indo para o tubo de

mistura) e do ar secundário (definido como o restante do ar de combustão o qual entra através

de aberturas no fundo do queimador).

Para resolver a Equação (12) ou (13), obtendo-se o calor recebido pelo líquido (Qb),

devem ser conhecidas a temperatura de chama (Tf) e a temperatura dos gases de exaustão

(Tex), na borda do fundo do recipiente.

A temperatura de chama (Tf), pode ser obtida teoricamente, considerando a

termoquímica da mistura do combustível mais comburente, desde que sejam especificadas a

velocidade mássica (m•

g) e a temperatura dos gases pré-aquecidos (Tair,pré). Entretanto é muito

difícil especificar corretamente o valor de m•

g, pois depende do arraste do ar primário e do

secundário. Pode-se usar o método de tentativa e erro, em combinação com o método gráfico,

para obter o calor recebido pelo líquido Qb. Para uma dada vazão de combustível v (m3/s), se

admite uma velocidade mássica (m•

g) e é calculada a temperatura Tf, por termoquímica,

levando em conta o efeito do ar de combustão pré-aquecido Tar, pré do experimento. Fazendo

um gráfico do parâmetro Qb versus Tex, das Equações (12) e (13), usando os valores medidos

ou admitidos para os parâmetros hb, Ab e Tw. Este processo de ensaio e erro prossegue para

estimar m•

g e Tf, deslocando o gráfico de Qb versus Tex das Equações (12) e (13), obtendo-se

um ponto de interseção, produzindo um Qb. A eficiência térmica ηth é então calculada pela

Equação (9), com o valor conhecido de Qin.

Poder-se-ia usar um procedimento simplificado para os cálculos anteriores, admitindo

como primeira aproximação que a quantidade m•

g é a quantidade estequiométrica.

Capítulo 3

32

A estabilidade de chama proveniente do queimador multi-portas é fortemente

influenciada pela interação da chama, que está em rotação, dependendo do tamanho, formato

e disposição das portas da chama sobre a cabeça do queimador. Se os espaços borda a borda

das portas do queimador forem menores do que 5 mm, então as chamas estáveis sobre as

portas individuais podem interagir pela troca de calor (pelo trocador de calor) e radicais

reativos.

Existem outras maneiras de avaliar a eficiência térmica, por exemplo, usando a

Equação (10); sendo que em uma delas é necessário conhecer experimentalmente o tempo, t,

que a água contida no recipiente demora em passar da temperatura inicial, Tágua,i, até a

temperatura final T = 363 K. Outra maneira é calculando teoricamente o tempo t, através da

modelagem transiente do processo de aquecimento da água desde a temperatura Tágua,i até a

temperatura 363 K. Esta última possibilidade não foi encontrada na literatura pertinente

consultada e este fato oferece uma interessante possibilidade de modelagem, a qual é

comentada no Capítulo 4, na seção 4.1.4.

3.2 MODELAGEM DO QUEIMADOR PRRB (SB), DE ACORDO COM A NORMA BS 2491

À diferença entre a norma alemã, e a norma britânica BS-2491 (British Standard,

1963) considera o calor transferido pela superfície lateral do recipiente além do calor

transferido pelos fundos. Este procedimento é empregado no trabalho de Jugjai, Tia,

Trewetasksorn (2001).

Nesta seção a nomenclatura é algo diferente da empregada na seção anterior.

A Figura 11 está mostrado o esquema do volume de controle selecionado segundo a

norma inglesa para o balanço de energia do sistema PRRB(SB) ou PRRB(CB). Para

simplificar é assumido que as velocidades de combustão da mistura gasosa e da mistura do ar

de arraste e do gás de combustão, que emerge das portas do queimador, são instantâneas,

então a temperatura máxima do gás (Tf), entre a saída do queimador e a região estagnada na

superfície externa no fundo do recipiente pode ser considerada como uma temperatura

uniforme.

Capítulo 3

33

Figura 11. Esquema do anel do queimador redemoinho (SB)

Fonte: Jugjai, Tia, Trewetasksorn , 2001

No citado trabalho é proposta uma técnica de uso de chama redemoinho central, para

melhorar a eficiência térmica de um fogão convencional de chama aberta, atmosférica.

Estudos extensivos foram feitos em um esforço para melhorar a eficiência térmica do fogão

pela redução da inércia térmica do suporte do recipiente, usando a tecnologia do meio poroso

para recuperar o calor de radiação da chama e pré-aquecer o ar secundário arrastado do fundo

do queimador. Os resultados experimentais mostraram que a eficiência térmica do queimador

com chama redemoinho central com suporte convencional é aproximadamente 15 % maior do

que o queimador convencional de fluxo radial. Isso pode ser atribuído ao maior coeficiente de

transferência de calor entre o fluxo dos gases quentes e a superfície do recipiente do

queimador redemoinho do que do queimador convencional. Trocando o suporte convencional

pelo suporte do queimador redemoinho que é mais leve, a massa foi reduzida por um fator de

3,7 e a eficiência térmica aumentou em aproximadamente 3 %. Usando o pré-aquecimento

secundário de ar ao invés do suporte leve, a eficiência térmica pode ser melhorada em 3 %. A

eficiência térmica predita obtida do modelo proposto concorda bem com os dados

experimentais apresentados por Jugjai e colaboradores.

O calor perdido devido à combustão incompleta é desprezível. Então, o gás quente

vindo do PRRB (SB) forma um jato divergente, que gira radialmente a partir do ponto de

estagnação para a borda do recipiente, com uma redução de temperatura desde Tf para Tp1,

causada pela transferência de calor (Qb) através do fundo do recipiente. Como pode ser visto

na Figura 11, esta mudança de temperatura, de Tf para Tp1, é conseqüência da troca energia

entre duas correntes em um trocador de calor, uma corrente que entra a Tf e sai a Tp1, e outra

Capítulo 3

34

que entra a Tw e sai a Tw, pois no fundo do recipiente, justamente na superfície interna da

parede a temperatura é considerada uniforme e igual a Tw.

Então o gás faz um giro de 90º e o fluxo é dirigido para cima, ao longo da superfície

lateral do recipiente, devido ao efeito da força de empuxo.

Do mesmo modo, o gás transfere calor através da superfície lateral Qs e deixa o

recipiente com temperatura Tp2 na borda superior. Portanto, uma camada de gás quente, em

forma de disco, com espessura finita, é formada no fundo do recipiente, e sobe pelas

superfícies laterais do recipiente, como se fosse um cilindro vertical oco de gás envolvendo o

recipiente. O processo de transferência de calor desde o gás quente ao recipiente com água se

assume em estado estacionário, isto é, em um teste de ebulição. Com isto, o fundo interno do

recipiente permanece à temperatura de ebulição da água (Tw ).

Jugjai, Tia, Trewetasksorn (2001 define que a eficiência térmica usada na presente

modelagem está baseada em uma norma inglesa (British Standard, BS 2491, 1963). A

eficiência mencionada é calculada pela relação entre o calor absorvido pela água contida no

recipiente (Qabs), tanto pelo fundo como pelas paredes laterais do recipiente, e o calor de

combustão fornecido pelo combustível (Qc), ou seja, a eficiência térmica é calculada pelas

Equações (15) ou (16):

( )

th

Q Q Qabs b sQ Q

c cη

+= = (15)

(93 ) /w p oo bth

f f

m C C T t

m Qη •

° −= (16)

Onde:

Qc Calor de combustão = f fm Q•

(kW)

tb Tempo de funcionamento do queimador (s).

Considerando um volume de controle que inclui o gás quente que envolve a superfície

externa do recipiente, como destacado na Figura 11, o balanço de energia entre o sistema

constituído pelo fogão e as fronteiras do volume do controle pode ser escrito como:

1 2 3 4Q Q Q Q= + + (17)

Capítulo 3

35

Onde Q1 é o total de calor entrando no volume de controle, em função de Qf (J/kg)

sendo dado por:

1 . fQ f Qm⋅

=⋅

(18)

Onde:

Qf Poder calorífico inferior do combustível (J.kg-1)

fm• Fluxo mássico do combustível (kg.s-1)

O calor perdido pelo volume de controle, Q2, causado pela radiação entre o volume do

gás de combustão e os arredores, é calculado por:

( )4 42 1 fQ F A T Tεσ ∞= − (19)

Onde:

A Área (m2)

ε Emissividade (adim.)

σ Constante de Stefan-Boltzmann (W.m-2K-4)

F1 Fator de forma da radiação (adim.).

Na equação anterior as temperaturas Tf e T∞ são dadas em Kelvin.

A quantidade total de calor absorvido para aquecer o conteúdo do recipiente, Q3 =

Qabs, é dado por:

3 abs b sQ Q Q Q= = + (20)

Onde:

Qb Calor absorvido pela parede do fundo do recipiente (kW)

Qs Calor absorvido pela parede lateral do recipiente (kW).

As perdas de calor no fluxo de gases, saindo pelas laterais superiores do recipiente, à

temperatura Tp2, após transferir calor para as laterais do recipiente, são calculadas por:

Capítulo 3

36

4 2( )P p wQ m C T Tg•

= − (21)

Onde:

Tw = temperatura da parede (°C).

Como já foi citado, a velocidade mássica proporcional do gás de combustão mg• é o

somatório das massas do combustível mf• , do ar primário (definido como o ar de combustão,

arrastado por um jato de gás emergindo de um pequeno diâmetro injetor para um tubo de

mistura) e do ar secundário (definido como o ar remanescente de combustão, o qual é

arrastado através da abertura entre o queimador e o fundo do recipiente).

Nota-se que a quantidade de calor Q5 é o calor conduzido para fora, com o fluxo dos

gases à temperatura Tp1, no volume de controle, pelas bordas laterais do fundo do recipiente,

em contato com a superfície lateral do recipiente, ou seja:

5 1( )P pQ m C T Tg•

∞= − (22)

Então, da Equação (15) a eficiência térmica do queimador, definida de forma diferente

da Equação (1), é:

( )1

b sth

Q Q

+= (23)

Onde o calor absorvido pela superfície do fundo do recipiente, Qb, é calculado por um

balanço global de energia considerando a saída à temperatura Tp1 e a entrada à Tf. Ou, então

admitindo que se tem um trocador de calor entre o gás quente fora do fundo do recipiente e a

água no fundo do recipiente à temperatura Tw, ou seja:

( ) ( )( )

1

1

1

) (= m

ln ) /(

b b f w p wgb p f p

f w p w

h A T T T TQ C T T

T T T T

• − − − − = − −

(24)

Capítulo 3

37

E o calor absorvido pela superfície lateral do recipiente, Qs, é dado por:

5 4sQ Q Q= − (25)

Usando as equações (20), (21) e (25) ou considerando a troca de calor na lateral do

recipiente com o coeficiente convectivo hs e a área lateral As, resulta que o calor absorvido

pela superfície lateral do recipiente, Qs, é:

( ) ( ) ( )( ) ( )

1 2

1 2

1 2

mln /

S S p w p wgs p p p

p w p w

h A T T T TQ C T T

T T T T

• − − − = − = − −

(26)

O termo do segundo membro da Equação (25) é a diferença média logarítmica de

temperatura (LMTD), sendo usado quando se considera que na superfície lateral do recipiente

existe um trocador de calor. Nele existe a troca de calor entre o gás que flui para fora da

superfície lateral do recipiente, e diminui a sua temperatura desde Tp1 até Tp2, e troca calor

com a água, que está no interior do recipiente, sendo que a superfície interior da parede do

recipiente permanece à temperatura constante, Tw.

3.3 MODELAGEM DE QUEIMADORES CONTENDO MEIOS POROSOS

Serão consideradas modelagens para combustíveis gasosos pré-misturados e para

combustíveis líquidos. Esta seção (3) está baseada no trabalho de Howell, Hall e Ellzy (1996).

3.3.1 Modelagem usando combustíveis gasosos pré-misturados

As equações básicas de fenômenos de transporte são válidas para uma fase, por

exemplo, para a fase líquida ou a fase sólida ou a fase gasosa. Quando há transferência de

matéria ou de energia ou de quantidade de movimento entre fases, podem ser propostas as

citadas equações para cada fase considerada. A união ou acoplamento entre as equações de

uma fase, por exemplo, a fase sólida e de outra fase, por exemplo, a fase gasosa, é feita pelas

condições de contorno.

Capítulo 3

38

O processo de combustão no meio poroso é bastante complexo, mas pode ser

simplificado admitindo-se que o fluxo no meio poroso é turbulento, então o perfil reto de

velocidade, como resultado requereria somente uma solução acoplada da equação de

transferência de energia e cinética química (conservação da matéria) ocorrendo localmente no

meio. A equação da energia em geral é escrita separadamente para o meio sólido e para a fase

gasosa que passa através do meio, porque senão se teria que admitir que o meio, constituído

pelo meio poroso + a fase gasosa, é pseudo-homogêneo.

O número de Reynolds para um meio poroso pode ser definido como:

R e P PP

u dρµ

= (27)

Onde Pu é a velocidade média na seção transversal do poro,

Pd é o diâmetro do

poro, ρ é a densidade do gás e µ sua viscosidade.

Quando o número de Reynolds no meio poroso é Rep < 2,3 o fluxo é considerado no

regime de Darcy; quando 5 < Rep < 80, o regime é denominado de Forchheimer e se ReP >

120, o regime de fluxo é considerado turbulento (HOWELL, HALL, ELLZEY, 1996).

Os efeitos da condução e da convecção podem ser incluídos na equação da energia da

fase sólida. A convecção, a condução e a energia química liberada podem ser incluídas na

equação da fase gás.

3.3.2 Hipóteses usadas na modelagem

Em todo modelo de combustão, contendo meio poroso, se fazem certas suposições

comuns, as quais são complementadas por outras realizadas por outros pesquisadores.

As suposições comuns são: a mistura combustível/ar é completamente pré-misturada,

assim que entra no queimador, numa dada temperatura e numa razão mássica combustível/ar

conhecida; não ocorrem perdas radiais de energia nos queimadores cilíndricos, então a

solução (da equação diferencial) é unidimensional, no eixo do queimador; as propriedades

radiantes dos materiais porosos são fontes de dispersão (scattering) e absorção de energia,

porém o gás dentro dos poros pode ser considerado transparente; e o movimento do fluido

através do queimador é incompressível e unidimensional e, portanto, a equação da quantidade

Capítulo 3

39

de movimento não precisa ser resolvida explicitamente. Dessas considerações, a não perda de

energia na dimensão radial é provavelmente a mais imprecisa.

3.3.3 Condições de contorno

As condições de entrada, para a razão mássica combustível/ar e para a temperatura,

são fixadas em todos os modelos. Entretanto, as condições de contorno de radiação na entrada

e na saída devem ser bem especificadas. A temperatura de saída é a temperatura dos produtos

de combustão deixando o queimador. Os produtos de combustão que deixam o queimador

estarão à mesma temperatura se o queimador for suficientemente longo, para que todos os

componentes atinjam o equilíbrio químico e térmico. Esta condição de contorno pode ser

apropriada se o queimador é usado em um forno refratário ou outra aplicação de alta

temperatura.Uma condição alternativa é especificar a temperatura da vizinhança na saída do

queimador e, disto, calcular o fluxo de radiação incidente, na face do queimador.

Algumas condições de contorno de fluxo deste tipo são usadas, por exemplo, nas

seções (3.1) e (3.2) nas modelagens para o cálculo da eficiência térmica de um queimador.

3.3.4 Modelagem usando combustíveis gasosos

Modelos com diferentes graus de sofisticação têm sido usados para predizer

velocidade de chama, perfis de temperatura, concentração e eficiência energética de

combustão em meio poroso.

Echigo (1982) foi um dos primeiros a reconhecer a possibilidade de converter a

entalpia de gases quentes de combustão passando-os através de um meio poroso e

aproveitando parte da sua energia útil.

Echigo (1986), Echigo (1991) e Yoshizawa (1988) pesquisaram a troca de energia

dentro de um meio com grande porosidade, considerando a radiação, a condução, a convecção

e a combustão. Como havia poucos dados disponíveis de propriedades termofísicas ou

propriedades de transporte nesses sistemas no momento da realização dos seus trabalhos, eles

fizeram várias suposições e escolheram os valores das citadas propriedades. Usaram uma só

etapa para o mecanismo de reação de combustão de metano, em vez de usar múltiplas etapas.

Eles admitiram que o queimador pode ser dividido em três regiões, uma região a montante

onde a reação não ocorre, portanto a temperatura do gás/sólido será constante; a zona de

combustão, onde ocorre a reação de combustão, em uma só etapa; e a zona de saída, onde os

Capítulo 3

40

gases deixam a zona de combustão sem ocorrer reação posterior. Baseado-se nessas

suposições, obtiveram perfis de temperatura no gás.

Um dos resultados desses trabalhos será prognosticar a temperatura da chama “super-

adiabática” dentro de um meio poroso. Essa temperatura é, em algum local, onde a

temperatura do gás pode exceder a temperatura de chama adiabática. Estes efeitos têm sido

estudados para combustão dentro de canais de geometria simples, tanto experimental e

teoricamente por Takeno et al (1979), Bernstein e Churchil (1977), Choi, Churcill (1979) e

por Min e Shin (1991).

Echigo (1986) prognosticaram, para combustão dentro de espuma cerâmica reticulada,

uma temperatura local que pode exceder a temperatura de chama adiabática em até 30 %. A

condução e a radiação da região de chama, para regiões frias, a montante e a jusante do

queimador, resultam numa diminuição nessa temperatura local superadiabática, na região a

jusante do queimador. A temperatura de saída do queimador não excede a temperatura

adiabática normal da chama. Estes prognósticos aumentam o interesse nessa classe de

queimador, que funciona como se tivesse um “pré-aquecedor interno”, com os quais há

possibilidades de maior aproveitamento da energia, aumentando a eficiência dos mesmos.

Chen, Matheus, Howell (1987) modelaram queimadores com meios porosos, usando as

equações da energia e das espécies (equação da conservação da matéria). Além disso, usaram

um mecanismo de várias etapas para a combustão de metano, empregando um pacote

computacional desenvolvido por Kee, Miller e Jefferson (1980). A difusão térmica (efeito

Soret) também foi considerada. As propriedades de transporte da fase gás foram computadas

baseando-se no programa TRANFIT, de Kee (1986). Foram realizadas variações paramétricas

da condutividade térmica do sólido, do coeficiente volumétrico de transferência de calor e das

propriedades de radiação, para determinar seus efeitos sobre a velocidade da chama e dos

perfis de temperatura. A solução completa da equação da transferência de radiação foi

baseanda em um meio unidimensional, porém a dispersão da radiação foi desprezada. Este

modelo de radiação foi resolvido usando o programa PREMIX modificado, para resolver as

equações da energia e das espécies (Kee et al, 1985). Como o coeficiente de transferência de

calor é muito grande, as temperaturas do sólido e do gás podem ser consideradas iguais, ou

seja, sem gradiente de temperatura, resultando que somente uma equação de energia precisa

ser resolvida. Já Chen et al (1988) não usaram esta suposição. Um resultado surpreendente

deste trabalho foi que a temperatura de chama superadiabática, prognosticada por outros

pesquisadores, desapareceu quando se usou um mecanismo em uma só etapa, em vez de

múltiplas etapas.

Capítulo 3

41

Além do mais, Chen et al (1988) realizaram um estudo dos parâmetros de influência

da condutividade térmica efetiva do material poroso, do coeficiente volumétrico de

transferência de calor [W/(m3oC)], e das condições de contorno de saída sobre os perfis de

temperatura e velocidades de chama nos queimadores.

As condições de contorno de saída (radiação para vizinhanças a maiores ou menores

temperaturas) influenciam significativamente nas velocidades de chama e nos perfis de

temperatura. Modificando o valor do coeficiente de transferência de calor volumétrico, acima

da linha de referência, que é de 107 W/(m3oC), os resultados não mudam significativamente,

porém abaixo do valor da linha de referência, reduz a velocidade de chama e se observa uma

diferença significativa entre os perfis de temperatura no sólido e no gás, nas regiões próximas

da frente de chama. Os efeitos eram maiores sobre a velocidade da chama do que sobre a

distribuição da temperatura. Com valores de condutividade térmica cobrindo a faixa desde a

condutividade do ar puro até o da zircônia pura, foram observados pequenos efeitos sobre os

perfis da temperatura; entretanto, foram observados efeitos significativos sobre a velocidade

da chama, devido ao aumento da quantidade de gás pré-aquecido, causado pela condução à

montante da frente de chama.

Sathe, Peck e Tong (1989) realizaram uma modelagem numérica similar à de Chen et

al (1988) pesquisa experimental e teórica de combustão em meio poroso, usando mecanismo

de reação em uma só etapa, porém incluindo os efeitos da dispersão da energia, a qual

resultou ser importante. Eles observaram que a chama pode ser estabilizada na entrada ou na

saída do queimador, porém a melhor saída da radiação pode ser obtida se a chama estiver

localizada perto do centro do queimador, se o queimador tiver pequena dispersão de energia,

tipo de albedo (albedo é a relação entre a quantidade de radiação eletromagnética refletida por

um objeto e a quantidade que sobre ele incide), se a condutividade térmica do sólido for

pequena, se o coeficiente de transferência de calor sólido-gás for grande e se tiver uma

espessura ótica em torno de dez. Eles compararam as predições obtidas com o seu modelo

com os resultados experimentais para o metano, como combustível de queimadores, usando

espuma de silicato de lítio-alumínio, dos trabalhos de Sathe, Peck e Tong (1989, 1990), Zhu,

Egolfopoulos e Law (1988). Houve boa concordância entre os prognósticos dos perfis de

temperatura das paredes e as medições, para um conjunto particular de parâmetros usados no

modelo. As diferenças nas predições foram atribuídas, pelos autores, às incertezas nos valores

disponíveis dos coeficientes de transferência de calor.

Hsu e colaboradores (Hsu et al, 1993a, Hsu et al, 1993b, Hsu e Matthews, 1993)

estenderam o modelo de Chen et al (1988), para incluir um mecanismo de reação, com três

Capítulo 3

42

reações e duas espécies adicionais, para a química do NO, e valores experimentais para

condutividade térmica e coeficiente de radiação de extinção que não estavam disponíveis no

modelo proposto por Chen et al (1988).

Na sua modelagem, Hsu e colaboradores, usaram um queimador com duas regiões,

uma com poros de tamanho pequeno, na seção à montante, e poros grandes, na seção à

jusante. Esta configuração de queimador melhora a estabilidade de chama, porém requer

cuidados na modelagem da transferência de energia por radiação entre as regiões com

diferenças nas propriedades de radiação. Um método de cálculo para a transferência de

energia por radiação, estabelecido por Tan e Howel (1990) foi usado para este propósito,

porque ele é fácil de ser empregado em meios não homogêneos. A estabilidade de chama,

observada na interface entre as duas regiões, é aparentemente devida às perdas por condução

da frente de chama dentro dos pequenos poros (grande condutividade térmica) na região à

montante. Não está claro se a estabilização da chama é devida às perdas de calor, ou ao

aumento de pré-aquecimento dos gases na região à montante devido ao aumento da condução

da frente de chama, ou pelo aumento da reflexão da radiação da região à montante.

A convecção também foi incluída na modelagem, resolvendo-se, separadamente, as

equações da energia para o sólido e para o gás e acoplando-as através do fluxo convectivo, no

qual está incluído o coeficiente convectivo de transferência de calor. A equação da energia

para o gás não inclui termos de radiação e a equação da energia para os sólidos não inclui a

liberação de energia pela reação.

Hsu e colaboradores compararam os resultados obtidos com o seu modelo, com dados

experimentais (Hsu, 1993a, Evans, Howell e Varghese, 1991). O seu modelo teve boa

precisão, por exemplo, no prognóstico da máxima velocidade de chama dentro do queimador

e na avaliação das emissões de CO, CO2 e NO. Com o modelo se podem obter explicações

para a estabilização de chama, na interface entre as duas regiões, contendo diferentes

tamanhos de poro. O modelo não pôde, porém, prognosticar a velocidade mínima de

sustentabilidade no queimador (limite de retrocesso de chama).

Hsu e Mattheus (1993) predizem a concentração de saída, de produtos de combustão e

NO, de queimadores contendo meios porosos, os quais foram obtidos pela pré-mistura de

metano e ar. Foi encontrada muito baixa emissão de NO porque a baixa temperatura de chama

pôde ser mantida estável nestes queimadores à baixa razão equivalente de ar. A razão

equivalente de ar é a relação entre a quantidade de ar teórico (estequiométrico) pela

quantidade de ar usado.

Capítulo 3

43

Escobedo e Viljoen (1994) compararam os resultados do modelo analítico e numérico,

usados para estudar os efeitos das propriedades de vários queimadores porosos e condições do

fluxo, na eficiência radiante. Os modelos são em uma dimensão e usam uma etapa no

mecanismo de reação. Duas soluções estáveis foram encontradas, uma perto da entrada e

outra perto da saída do meio poroso. De acordo com seus modelos, a faixa de velocidades de

fluxo estáveis, para uma dada razão equivalente, aumenta com o aumento do coeficiente de

transferência de calor entre o sólido e o gás; a eficiência máxima de radiação foi obtida para

valores intermediários do coeficiente de transferência de calor.

Sahraoui e Kaviany (1994) realizaram uma comparação entre um modelo de um

queimador poroso baseado nas propriedades médias no volume e um modelo bidimensional

por simulação numérica direta. Na simulação direta se considera que o meio poroso é

discretizado em seções quadradas, incluindo uma etapa no mecanismo de reação e não inclui a

radiação. Com o modelo que usa médias no volume se pôde prognosticar a velocidade de

chama, porém não as temperaturas locais super adiabáticas na fase gás. A simulação direta

determinou a geometria do meio poroso para ter a hidrodinâmica, que afeta fortemente as

velocidades de chama prognosticadas. Eles também encontraram que a velocidade de chama

aumenta com a diminuição do tamanho dos poros, quando a condutividade térmica do sólido é

maior do que a do gás, mas isto é contrário à maioria dos resultados experimentais.

Mohamad, Ramadhyani e Viskanta (1994) modelaram a matriz do queimador poroso

com um canal interno de líquido refrigerante com o objetivo de manter uma baixa temperatura

no queimador e reduzir a emissão de NOx na saída do queimador. Eles usaram um passo no

mecanismo de reação, porém usaram modelos bidimensionais para as equações do movimento

e da energia, e incluíram o efeito de empuxo sobre o fluxo. O equilíbrio térmico local foi

assumido entre fase gás e a fase sólida, então somente uma equação da energia é usada. A

comparação dos prognósticos do modelo e de valores experimentais, de diversas quantidades

medidas, estava na faixa de ±15 %.

3.3.5 Modelagem usando combustíveis líquidos

Uma menor quantidade de trabalhos tem sido publicada sobre combustão de

combustível líquido em queimadores contendo meios porosos (HOWELL, HALL E

ELLZEY, 1996). Nos modelos modernos, é assumido que a atomização do combustível

ocorre à montante da entrada do queimador, e a mistura das gotículas de combustível e ar,

então, ocorre na região porosa.

Capítulo 3

44

Haack (1993) modelou a combustão de atomização de gotículas de decano em

queimadores contendo meios porosos, usando a absorção de radiação pelas gotículas. Ele

modelou a vaporização das gotículas, sendo que elas são expostas a um campo de radiação e

ar pré-aquecido, convectivamente, durante a aproximação da frente de chama, num queimador

poroso. Neste modelo se assume que as gotículas entram instantaneamente em equilíbrio com

as vizinhanças e que as quedas de pressão são insignificantes. Ele constatou que o efeito da

radiação sobre a velocidade de evaporação das gotículas é pequeno. Para atomização de

gotículas de 50 µm de diâmetro, que são tipicamente gotículas produzidas em atomizadores

comerciais, a vaporização completa ocorre em menos do que 0,03 segundo, quando as

gotículas estão expostas a uma radiação de um corpo negro a 1200 ºC. Deste modo, para uma

velocidade de chama equilibrada em 100 cm/s, uma seção a 3 cm, à montante do queimador, é

adequada para fornecer a vaporização completa e permitir que a combustão seja tratada como

se a mistura combustível/ar fosse um gás pré-misturado. O modelo de combustão

simplificado, usado por Haack, emprega duas etapas para o mecanismo de reação, para

predizer os perfis de temperatura no queimador e a velocidade de chama na combustão do

decano. Este modelo prognostica um forte efeito à jusante (após a frente de chama) da

extensão do queimador, sobre a velocidade de chama, para baixa temperatura no plenum à

jusante.

Tseng e Howell (1994,1996) estenderam o modelo detalhado de queimadores pré-

misturados de Chen, Matthews e Howell (1987) e de Hsu et al (1993a), para incluir os efeitos

de vaporização das gotículas na região de entrada de um queimador contendo meios porosos.

Eles modelaram a evaporação das gotas de heptano, numa corrente de entrada de ar, que é

responsável na diminuição da temperatura da mistura devido à evaporação na região da

entrada. Eles concluíram que a velocidade de chama encontrada, considerando-se o

tratamento completo do processo de evaporação/combustão no queimador, é essencialmente

igual ao de se considerar que a evaporação e a mistura ocorrerem antes da entrada do meio

poroso, e o queimador é tratado como um queimador de pré-mistura a gás. Os valores preditos

da velocidade de chama e da temperatura máxima de chama versus razão equivalente de ar,

foram comparadas com dados experimentais para combustíveis líquidos, em queimadores

com meios porosos, usando heptano, havendo uma razoável concordância, particularmente

para pequenas razões equivalentes de ar.

Capítulo 3

45

3.3.6 Questões abertas na modelagem

Comparando os resultados dos vários modelos, se obtém algumas conclusões

interessantes:

a) Os perfis de temperatura, prognosticado por pesquisadores que usam somente uma

etapa no mecanismo de reação, diferem consideravelmente dos prognósticos de

pesquisadores que usam mecanismos de reação detalhados; mas os prognósticos

de velocidades de chama são menos sensíveis à escolha das etapas do mecanismo

de reação;

b) A escolha das condições de contorno de radiação, para a saída do queimador,

também tem uma forte influência sobre a velocidade de chama;

c) Para alguns propósitos, o mecanismo de uma só etapa, pode ser apropriado,

obtendo-se prognósticos com razoável precisão para temperaturas de saída e

velocidades de chama; mas são necessários detalhados mecanismos de reação, em

várias etapas, para prognosticar concentrações de saída de poluentes e a eficiência

da combustão;

d) Os efeitos da turbulência sobre os processos da combustão podem ser importantes,

particularmente para grandes razões equivalentes de ar; e

e) O estado de modelagem da combustão dentro de grande poro reticulado cerâmico

tem melhorado muito nos últimos dez anos. Os prognósticos de comportamento

dos gases e de alguns líquidos combustíveis para razões equivalentes de ar abaixo

de 0,6 podem ser descritos adequadamente, porém os prognósticos são piores para

razões equivalentes maiores.

METODOLOGIA

CAPÍTULO 4

Capítulo 4

47

4 METODOLOGIA

São apresentadas metodologias comumente usadas no cálculo do PCI – poder

calorífico inferior do combustível, da troca de energia pelo fundo do recipiente e no meio

poroso, assim como o tempo para aquecimento da água no recipiente.

Neste capítulo são apresentadas maneiras de implementar os mencionados cálculos

discutidos nos capítulos 2 e 3, usando parte das equações assim como alguns dados

experimentais obtidos principalmente dos trabalhos de Jugjai e colaboradores.

O sistema físico é representado por módulos e cada módulo será representado por um

modelo matemático. É empregado um modelo para propor uma metodologia de cálculo, com

já foi mencionado.

São apresentadas sugestões para a modelagem do tempo para aquecer a água contida

em recipiente, em determinada faixa de temperatura, contribuindo para futuros trabalhos de

cálculo da eficiência térmica de queimadores.

4.1 MODELO PROPOSTO

Um queimador pode ser modelado como no esquema da Figura 12. O modelo proposto

é composto de um recipiente, um sistema de troca de calor Qb, T.C.1 (trocador de calor 1,

representado pela parede do fundo do recipiente), um queimador Qin (que fornece a potência

para aquecer a água) e um sistema de troca de calor Qp, T.C. 2 (trocador de calor 2,

representado pelo meio poroso).

No modelo apresentado são incluídas as equações envolvidas no sistema de um

queimador, usando um combustível, e as relações de ar primário e secundário, através de um

meio poroso para obter um ganho entálpico.

O modelo da Figura 12 é simplesmente o de um queimador com meio poroso inerte,

no qual a energia entra somente pelo fundo do recipiente. Este modelo pode ser facilmente

ampliado para que seja considerada a entrada de energia pela superfície lateral do recipiente,

assim como perdas de energia pela tampa do recipiente.

O trocador de calor TC2 que é o início do modelo proposto recebe a massa de ar

primário (mar,prim.) que passa através de um meio poroso a uma temperatura de entrada T0,

através do qual parte da entalpia dos gases de exaustão é transferida ao ar da combustão ou ar

primário.

Capítulo 4

48

Figura 12 - Esquema do queimador usando meio poroso

Pode-se considerar esse tipo de trocador de calor como em contracorrente. A

temperatura de saída do TC2 aumenta de Tex para Tpré, entrando no queimador que fornece a

energia Qin, com velocidade mássica de ar secundário (mar, séc.) e saindo com uma temperatura

final Tf.

O trocador de calor TC1 recebe o calor absorvido Qb que entra pela área do fundo do

recipiente, para aquecimento da água nele contida, medido em kW.

Portanto, quando é usado um meio poroso, parte do calor é recirculado no sistema

queimador + meio poroso, resultando em um ganho entálpico (energético) e em conseqüência,

em um aumento da eficiência térmica do queimador.

4.1.1 Eficiência térmica

A eficiência térmica será calculada, de acordo com o esquema da Figura 12, por:

in

b

Q

Q=η (28)

Queimador

Comb (Gás)

mar, sec

Qin

Tpré.

ar, sec

Tf

To

Qp

ar prim.

T.C 2

mar, prim.

T = Tw = Cte T.C.1

Qb

Tex

Capítulo 4

49

Onde Qb é o calor absorvido pela área do fundo do recipiente e Qin é o calor produzido

pela queima do combustível em presença do ar de combustão, medido em kW.

A equação anterior é básica na modelagem discutida nesta dissertação, mas a

eficiência também pode ser avaliada por outras equações, tais como: (a) considerando-se a

energia trocada no fundo do recipiente e a superfície lateral do recipiente, resultando na

seguinte equação: ( )b s

in

Q Q

Qη += , sendo sQ a energia que é trocada com a superfície lateral

do recipiente contendo água; (b) considerando-se que existe além das trocas energéticas

mencionada, também, a possibilidade de troca energética através da tampa do recipiente,

resultando na seguinte equação:

( )b S Tampa

in

Q Q Q

Q

η+ +

=

� � �

� (29)

4.1.2 Balanço de energia no trocador de calor TC2

Usando os esquemas apresentados na Figura 12 se pode modelar o balanço de energia

no trocador TC2, representado pelo meio poroso. Podem ser usados modelos tanto para o gás

como para o meio poroso inerte, sobre os quais foram realizadas considerações teóricas nos

capítulos 2 e 3. As modelagens do meio poroso usando as propriedades de radiação do meio

são complexas para serem implementadas devido às dificuldades experimentais e também de

cálculo computacional. Por isto, é apresentado um modelo simplificado e relativamente fácil

de ser avaliado, dado pela equação seguinte, usando a nomenclatura apresentada na Figura 12:

. Pr 0( )P P éar prim C T TQ m= −� �

(30)

A equação, proposta neste trabalho, tem a vantagem de ser simples de ser usada, pois

depende somente de variáveis macroscópicas, que são relativamente fáceis de medir

experimentalmente. O que não acontece com modelagens microscópicas de um meio poroso,

nas quais são necessárias medições de propriedades óticas, coeficientes volumétricos de

transferência de calor etc, resultando em um trabalho experimental e computacional

Capítulo 4

50

QUEIMADOR saídam

Tf

W•

entm•

Tpré

Q•

imensamente maior. Uma das vantagens dessas modelagens macroscópicas é que com elas se

obtém um conhecimento maior da intimidade da matéria e dos fenômenos envolvidos.

4.1.3 Balanço de energia no queimador

Para o queimador pode-se construir o módulo representativo mostrado na figura 13:

Figura 13- Módulo representativo do queimador

Onde m& ent denota o fluxo mássico de ar que entra no queimador a uma temperatura

prévia Tpré e m& sai é o fluxo mássico de saída.

Em uma reação de combustão onde se tem o combustível gás natural no qual o metano

é da ordem de 85% e combinado com o comburente 2O2 (oxigênio) obtém-se como resultado

da reação: 2H2O(g) + elementos tóxicos indesejáveis, como CO e CO2, respectivamente

monóxido de carbono e dióxido de carbono. E, finalmente, energia em forma de calor que é o

resultado mais desejado, pois se objetiva o máximo de calor e não água e nem elementos

tóxicos.

4 2 2 2 ( )2 2 gCH O CO H O CALOR+ → + + (31)

4 2 23 22CH O CO H O CALOR+ → + + (32)

Para conhecer a quantidade de calor gerada é preciso fazer um balanço de energia. A

diferença de entalpia entre os produtos e reagentes nos dá a quantidade de calor transformado.

Para quantificar as entalpias dos reagentes e produtos, se utilizam as entalpias de formação de

cada elemento, dado que é disponível em tabelas, normalmente para uma temperatura de

referência de 25°C. Para as condições de reação, as entalpias de formação são calculadas

somando a entalpia de formação padrão (0fh , T = 25°C) a entalpia devido a temperatura de

Capítulo 4

51

( )RPRP HHm

h −=− 1

[ ( ) ( ) ]ef

Resf

PSRP hhnhhn

mh ∆+−∆+= ∑∑

−001

reação usando a capacidade calorífica do elemento ( )0f f p refh h c T T = + − , onde fh é a

entalpia de formação a temperatura T, 0fh a entalpia de formação a 25°C ou padrão, o Cp é o

calor especifico médio de acordo com a variação de temperatura entre T e Tref.

Considere um processo de combustão que ocorre adiabaticamente e sem envolver

trabalho ou variações de energia cinética ou potencial. Para esse processo, a temperatura

atingida pelos produtos é chamada de temperatura adiabática de chama. Como admitimos que

o trabalho no processo é nulo e que as variações de energia cinética ou potencial são nulas,

esta é a máxima temperatura que pode ser atingida pelos produtos, porque qualquer

transferência de calor no processo e qualquer combustão incompleta tenderiam a diminuir a

temperatura dos produtos.

A máxima temperatura adiabática da chama que pode ser atingida, para um dado

combustível e um certo estado nos reagente (p e T), ocorre quando a mistura é

estequiométrica. A temperatura adiabática da chama pode ser controlada pela quantidade de

excesso de ar que é utilizada. Isso é importante, por exemplo, nas turbinas a gás, onde a

temperatura máxima admissível é determinada por considerações metalúrgicas. Assim, é

essencial realizar um controle rigoroso da temperatura dos produtos de combustão nesta

aplicação.

Os dados apresentados por Van Wylen, Sonntag, Borgnakke (2003, p. 462) indicam

que a entalpia de combustão é definida como a diferença entre a entalpia dos produtos e a

entalpia dos reagentes quando ocorre combustão completa a uma dada temperatura e pressão.

Isto é:

(33)

(34)

uma vez que a entalpia de combustão pode ser expressa por unidade de massa de combustível,

tal como por kg de combustível ( )RPh ou por kmol de combustível ( )RPh ,

onde: im massa do reagente i= ; jm massa do produto j= e onde os índices “s”

e “e” relacionam-se a “saída” e “entrada” respectivamente

Capítulo 4

52

( )RPRP UUm

u −= 1

( ) ( )

−∆+−−∆+= ∑ ∑P R

fifiRP PvhhnPvhhnm

u 001

A entalpia de formação é fixa. Assim, pode-se considerar que ela é composta pelos

termos:

0Η = Η + ∆Η (35)

Onde:

0

0fiR i

R

n h−

Η =∑ iR iR

n h−

Η = ∆∑ (36)

e

0

0fi iP i P i

P P

n h n h− −

Η = Η = ∆∑ ∑ (37)

A diferença entre a entalpia dos produtos e dos reagentes pode ser escrita da seguinte

forma:

0 0P R P R P RΗ − Η = Η − Η + ∆Η − ∆Η (38)

0RP P Rh= + ∆Η − ∆Η (39)

Observa-se que a diferença de entalpias é função da entalpia de combustão no estado

de referência e das variações de entalpia dos produtos e reagentes. Estas variações são nulas

quando os produtos e os reagentes estão no estado de referência.

As tabelas de entalpia de combustão normalmente apresentam valores de entalpia

referente à temperatura de 25 ºC e pressão de 0,1 MPa. Na literatura (SONNTAG et al, 2003)

podem ser encontradas tabelas que fornecem entalpia de combustão de alguns combustíveis

constituídos por hidrocarbonetos, nesta temperatura e pressão as quais serão designadas por

hRPO.

A energia interna de combustão é definida de modo análogo, como:

(40)

(41)

Capítulo 4

53

Quando todos os constituintes gasosos puderem ser considerados como gases perfeitos

e o volume dos constituintes líquidos e sólidos for desprezível em relação ao volume dos

constituintes gasosos, a relação para RPu fica reduzida a:

( )RP RP produtos gasosos reagentes gasososu h RT n n= − − (42)

Onde R é a constante universal dos gases e T é a temperatura absoluta em graus Kelvin.

De acordo com a primeira Lei da Termodinâmica:

δ•

Η = Qδ•

− Wδ•

(43)

Onde:

δ•

Η : Variação da entalpia = (entalpia dos produtos) – (entalpia dos reagentes)

Qδ•

: Calor que entra no sistema

Wδ•

: Trabalho realizado pelo sistema

No caso do queimador da figura 12 ou 13, tem-se:

Q•

= 0, sem troca de calor (adiabático)

W•

= 0, sem trabalho de eixo

Então a primeira lei da termodinâmica resulta:

•∆ Η = produtos

•Η − reagentes

•Η = 0 (44)

Mas:

Capítulo 4

54

produtosnosscomponentejCmCprod pj

m

jjP

prod

m :;1∑

=

=

( ) dTCmTH pj

T

T

m

jjFprod

F

pre

prod

∫ ∑=

=1

produtos

•∆ Η = produtos

•Η (TF) − produtos

•Η (Tref) (45)

reagentes

•∆ Η = reagentes

•Η (Tpré) − reagentes

•Η (Tref) (46)

Substituindo (57) e (58) em (56), obtém-se, considerando as temperaturas do esquema

apresentado na figura 12 ou 13 para o queimador:

•∆ Η produtos(TF) =

•Η produtos(Tref) −

•Η reagentes(Tpré) +

•Η reagentes(Tref) = 0

•Η produtos(Tref) −

•Η reagentes(Tref) =

•Η produtos(TF) −

•Η reagentes(Tpré)

•∆ Η reação(Tref.) =

•Η produtos(TF) −

•Η reagentes(Tpré) (47)

As entalpias de produtos e reagentes podem ser expressas em termos de integrais da

seguinte forma, em função do calor específico Cp:

•Η produtos (TF) = reagenteH∆ (48)

pre

ref

T

reag p

T

( ) = m C dTreag preH T ∫ (49)

Mas:

(50)

;1

reagentem

reagente p i pi ii

m C m C=

= ∑ (51)

Substituindo (50) e (51) em (48) e (49), respectivamente tem-se:

(52)

Capítulo 4

55

( ) ( ) ( )dTCmdTCmTHpré

ref

reagfinal

reag

prodT

T

m

ipii

T

T

m

jpjjrefreação ∫ ∑∫ ∑

==

−=∆11

0

H

0H∆ =

prodH∆

reaçãoH∆

FT

T

P réT

reagH∆

R e fT 3

0

2

1

H3

H2 H0 = H1

1

( )pré

ref

T m reag

reagente pré i piiT

H T m C dT=

=

= ∑∫ (53)

Substituindo (52) e (53) em (47) obtém-se:

(54)

Figura 14. Esquema de troca de energia

reagente∆Η=Η−Η=∆Η→− 0220

reação∆Η=Η−Η=∆Η→− 2332

P∆Η=Η−Η=∆Η→− 3013

010 01 =Η−Η=∆Η→−

estadodeFunção−Η∆Η+∆Η+∆Η=∆Η −−−− 13322010

Capítulo 4

56

Preaçãoreag ∆Η+∆Η+∆Η==

∴Η−Η+Η−Η+Η−Η=

0

00

0 302302

Substituindo as equações acima, vem:

O balanço de energia vai ser nulo

A figura 14 é uma representação gráfica do fenômeno descrito pela equação 64, em

que os reagentes são transformados em produtos através de diferentes etapas envolvendo

variação de entalpia e temperatura.

O reag∆Η é a entalpia para se levar os reagentes a uma pressão constante desde a

temperatura pré-aquecida até a temperatura de referência 25 ºC. Neste caso, a entalpia final é

menor que a inicial devido ao resfriamento.

4.1.4 Balanço de energia no trocador de calor TC1

Usando os esquemas apresentados nas Figura 12 e 15, se obtém o balanço de energia

no trocador de calor 1, TC1, ou seja para a troca de calor no fundo do recipiente:

( )b p ex FQ mC T T= −& (55)

sec.com arprimario arm m m m= + +& & & & (56)

. .b b bQ h A LMTD= (57)

0>∆Η

∆Η−∆Η−=∆Η

reação

preagreação

ou

Capítulo 4

57

( ) ( )

ln

F ex W

F W

ex W

T Tw T TLMTD

T T

T T

− − −= −

(58)

No numerador da equação anterior as diferenças de temperatura (Tf – TW) e (Tex – TW)

representam, respectivamente, as diferenças de temperatura na saída e na entrada do trocador,

que é o fundo do recipiente. Nota-se que a temperatura do fluido em contato com o fundo do

recipiente, é considerada constante no estado estacionário e igual a TW.

Figura 15. Esquema de troca de energia no trocador TC1.

4.1.5 Determinação do tempo para o aquecimento da água em um recipiente

Quando existem dados experimentais do aquecimento de um líquido em um recipiente

é possível calcular o tempo necessário para o aquecimento do fluido em uma determinada

faixa de temperatura. Basicamente se divide a energia transferida para aquecer a água, em

Joules, pela potência absorvida pelo líquido e o material constituinte do recipiente, em Joules

por segundo, resultando no tempo de aquecimento em segundos.

Ou seja, considerando um recipiente metálico de massa fixa, contendo um líquido,

com a água, a qual vai ser aquecida em uma dada faixa de temperatura, a partir da energia

absorvida a partir da queima de um combustível.

Tex

Tw

∆ T2

TF

L=0 L=L

T

L

Capítulo 4

58

Portanto, como o recipiente do sistema tem uma massa fixa, o balanço de energia neste

caso pode ser expresso como:

Eentrada - Esaída = ∆Esistema (59)

Ou, reescrevendo a equação anterior:

Eentrada = ∆Usistema = ∆Uágua + ∆Urecipiente (60)

Então a quantidade de energia necessária, em Joules, para elevar a temperatura de 30

até 93 ºC, é:

Eentrada = (m Cp ∆T)água + (m Cp ∆T)recipiente (61)

Se a potência recebida pela água + recipiente for AbsQ�

, dada em Joules por segundo,

então o tempo para o mencionado aquecimento é dado por:

(m Cp T)água + (m Cp T)recipiente

Abs

t

Q

∆ ∆=�

(62)

Em geral, o segundo termo do numerador da Equação (62) é desprezível em

comparação com o primeiro termo, nos experimentos analisados neste trabalho, para um

recipiente metálico de alumínio de massa m, calor específico Cp quando é aquecido

juntamente com dada massa de água etc. Portanto, a Equação (62) se transforma em:

(m Cp T)água

Abs

t

Q

∆=�

(63)

Usando a potência absorvida da equação anterior AbsQ , com temperatura final da água

T = 93 ºC, se pode calcular a eficiência térmica de um queimador como sendo:

Capítulo 4

59

ηth = , ,(366 ) /(%) 100%

.agua p água água i

th

m C T t

v LHVη

−= (64)

No numerador da Equação (64) está toda a potência recebida pela água, a qual pode

entrar tanto pelo fundo como pela superfície lateral do recipiente. No limite, quando a

superfície lateral estiver isolada (termicamente) e/ou for desprezível a potência recebida por

ela, a potência absorvida corresponderá somente à potência que entra pela base do recipiente.

4.1.6 Modelagem do tempo para o aquecimento da água

Para usar o procedimento apresentado na seção anterior, é necessário conhecer os

dados experimentais da potência absorvida pela água durante o seu aquecimento. Dependendo

das condições experimentais, por exemplo, do conhecimento de uma temperatura média no

fundo do recipiente é possível calcular o tempo para obter determinada temperatura média na

água contida no recipiente e, a partir, disto calcular a potência absorvida pela água. A seguir

são apresentadas sugestões para futuros trabalhos de modelagem do tempo de aquecimento de

água etc.

Como foi mencionado no Capítulo 2 - , uma das maneiras de calcular a eficiência

térmica de um queimador é modelando o tempo necessário para o aquecimento da água desde

a temperatura média inicial até a temperatura média final.

Para a citada modelagem podem ser idealizadas várias situações, entre elas são citadas:

a) Supor que a transferência entre os produtos de combustão (fluido externo ao

recipiente contendo água) e as superfícies que delimitam o recipiente é um processo

no estado estacionário. Com este tipo de modelagem resulta relativamente fácil

avaliar a quantidade de energia que é trocada entre os produtos de combustão e o

recipiente. Na realidade existe transferência de energia entre o fluido externo e a

superfície do fundo do recipiente, assim como entre o fluido externo e a superfície

lateral do recipiente e, também, entre o fluido externo e a superfície superior do

recipiente (tampa). Mas, como em toda modelagem sempre há algum parâmetro que

deve ser avaliado a partir da teoria ou experimentalmente ou através de alguma

correlação da literatura. Entre estes parâmetros encontra-se o coeficiente convectivo

de transferência de calor, h. Na modelagem mencionada neste item a transferência de

Capítulo 4

60

energia está enfocada no meio externo e é admitida como no estado estacionário, mas

se a citada modelagem estiver centrada no conteúdo do recipiente (água), em um teste

de aquecimento, o processo de transferência de energia ocorre no estado não

estacionário ou transiente, como é discutido nos itens a seguir.

b) Supor que o conteúdo do recipiente cilíndrico (água) somente recebe energia através

do fundo do recipiente, em um processo transiente de transferência de energia. Neste

tipo de modelagem é desprezada a entrada de energia pela superfície lateral do

recipiente e, também, a troca de energia pela superfície superior do recipiente (tampa).

Com estas considerações, o fluxo de energia pode ser admitido com unidimensional

em y, considerando a superfície lateral assim como a tampa como isoladas

(termicamente). Nesta idealização o cilindro de comprimento L é transformado em

uma placa fictícia de comprimento 2L. A tampa é considerada isolada e, portanto,

através dela não há transferência de energia, sendo, portanto, um ponto de mínimo em

relação ao fluxo de energia, ou seja, pela lei de Fourier de transferência de calor:

dTq = k 0

dy− → (65)

c) Supor que o conteúdo do recipiente cilíndrico (água) transfere energia tanto pela

superfície do fundo, assim como pela tampa e pela superfície lateral, em um processo

transiente de transferência de energia. Nesta idealização o recipiente é considerado

como sendo um cilindro finito. Uma situação limite desta idealização é quando se

supõe que existem transferências de energia tanto pelo fundo como pela superfície

lateral do recipiente cilíndrico, a qual se aproxima satisfatoriamente do processo real

de aquecimento de água em uma panela cilíndrica.

Por exemplo, com a modelagem mencionada no item (c) se poderia supor que existem

temperaturas médias constantes na superfície do fundo do recipiente assim com na superfície

lateral. Com este tipo de idealização se pode obter:

I) Uma temperatura média para o cilindro finito, a qual poderia ser, por

exemplo, TM = 93ºC, a qual seria atingida após certo tempo t do processo

de aquecimento da água no recipiente.

Capítulo 4

61

II) Com este tempo, a massa de água no recipiente, o calor específico médio

na faixa de temperatura T1 a TM, é possível calcular a potência absorvida

pela água, que representa o numerador da Equação (64).

III) Com os dados anteriores, a vazão do combustível e o seu poder

calorífico inferior se avalia o denominador da Equação (64) e, portanto, a

eficiência térmica do queimador usado, nas condições experimentais

especificados.

IV) Uma vantagem importante desta metodologia é que não é necessário

medir os coeficientes convectivos hconv nem os coeficientes de radiação

hRAD, em relação ao fundo e à superfície lateral do recipiente. Para estas

avaliações se necessita um razoável trabalho experimental.

V) Para usar a modelagem citada é necessário somente conhecer a

temperatura inicial da água T1, a temperatura média final TM, a massa de

água mÁGUA, além da temperaturas média no fundo em y = L, TML e a

temperatura média na superfície lateral do recipiente em r = R, TMR e o o

calor específico médio da água na faixa de temperatura considerada:

M

1

T

Tm

M 1

Cp dTCp =

(T T )−∫

(66)

VI) É difícil medir temperatura externa de uma superfície, mas se pode

realizar um arranjo experimental suficientemente preciso, que é inserir

termopares na superfície do recipiente metálico, por exemplo, de

alumínio. Este procedimento é razoavelmente preciso para medir a

temperatura media na superfície, fazendo, por exemplo, uma medida no

centro da superfície do fundo e outra na borda do fundo do recipiente e

outra na borda superior da superfície lateral no nível de água no

recipiente.

VII) Uma imensa vantagem desta metodologia é que se forem especificadas

as temperatura médias na lateral e no fundo do recipiente, é possível

prever a potência que teoricamente poderia absorver a água contida no

recipiente, de posse da massa m, das temperaturas T1, TM, do calor

específico médio etc.

Capítulo 4

62

Em síntese, nesta seção foram apresentadas sugestões potencialmente promissoras

para futuras modelagens para o cálculo da eficiência térmica, tanto de queimadores

convencionais como não convencionais, para fogões domésticos e industrias.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

CAPÍTULO 5

Capítulo 5

64

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são implementados alguns cálculos usando as metodologias

mencionadas no capítulo 4, como, por exemplo, o tempo para o aquecimento de água em um

recipiente a partir de dados experimentais e a eficiência térmica do queimador usado para

aquecer a citada água. É realizada uma comparação entre os valores calculados e dados

experimentais encontrados na literatura.

Além disto, são avaliadas temperaturas adiabáticas de chama, apresentadas nos Anexos

a esta dissertação, as quais são comparadas com dados experimentais e teóricos da literatura.

Processo para determinação do Qb utilizando a fórmula da eficiência térmica

Sabendo que a fórmula é:

( ), ,363%

. .água p água água i

Th

m C T

LHV tη

ν−

= (67)

Do trabalho de Jugjai (2002) obtém-se: a massa específica da água mágua = 20 kg, a

temperatura final 363 K, o poder calorífico inferior LHV = 115 MJ/m3 para o GLP, contendo

40 % de propano e 60 % de butano em volume.

O calor específico da água, a 90 ºC Cp = 4,2164 kJ/(kgK), à pressão de 1 bar, o Cp,

médio da água = 4,1909 kJ/(kg.K).

A temperatura inicial da água, ou seja, ambiente foi considerada 30 ºC ou 303 K.

Para obter a vazão do gás, foram usados dados de Tamir, Elperim e Yotzer (1988)

sobre a variação da eficiência térmica na performance nos experimentos de acordo com a

Norma Inglesa (British Standard). Realizada em um recipiente com 20 cm de diâmetro com

gás natural.

De acordo com Jugjai, Tia, e Trewetasksorn (2001), a eficiência térmica é a razão

entre o calor absorvido pelo recipiente com água e o calor de combustão do combustível

gasoso queimado.

ηth % = , ,(93 )

. .agua p água água im C T

mf Qf tb

− (68)

Capítulo 5

65

Para encontrar-se a eficiência térmica de um recipiente com diâmetro Dp = 0,19m e

uma altura Hp = 0,4 m, a temperatura ambiente 30°C, massa de 11,34 kg e a vazão mássica

do fluxo de combustível e utiliza-se o ν da Figura 16 igual a 1 L/min; e o poder calorífico

inferior (LHV) igual a 115.000 kJ/m3.

Figura 16 - Efeito da altura da água no recipiente sobre transferência de calor através do mesmo para o (CB)

Fonte: JUGJAI, S.; TIA, S.; TREWETASKSORN , 2001, p. 672.

Figura 17. Efeito da altura da água no recipiente sobre a transferência de calor através do mesmo para o (SB)

Fonte: JUGJAI, S.; TIA, S.; TREWETASKSORN, 2001, p. 672.

Capítulo 5

66

Figura 18. Efeito da altura (nível) da água no recipiente sobre a eficiência térmica

Fonte: JUGJAI, S.; TIA, S.; TREWETASKSORN, 2001, p. 671.

Capítulo 5

67

5.1 DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE AQUECIMENTO EM UM RECIPIENTE

Os cálculos apresentados a seguir estão baseados no desenvolvimento teórico

apresentado na seção (4.1.5), do capítulo 4.

Para se aquecer 11,34 kg de água no estado líquido dentro de um recipiente metálico

com 0,4 m de altura e 0.19 m de diâmetro inicialmente a 30ºC até 93ºC segundo Norma

Inglesa com uma potência térmica de 0,94 kW e de acordo também com o gráfico da fig. 20,

Jugjai, Tia, Trewetasksorn, 2001; para queimador de chama redemoinho tipo (SB), verifica-se

que a massa do recipiente metálico é de 2,0 kg e tem um coeficiente de calor especifico de

4,19 kJ/kg ºC e despresando as perdas de calor no recipiente .

Propriedades: o calor específico deve ser 0,7 kJ/kg ºC para o recipiente e 4,19 kJ/kg ºC para a

água.

Então a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura de 30 ºC até 93 ºC

é:

Eentrada = (m Cp ∆T)água + (m Cp ∆T)recipiente

= (11,34 kg)(4,19 kJ/kg ºC)(93-30) ºC + (2,0 kg)(0,7 kJ/kg ºC) (será desprezado)

= 2993,42 kJ (69)

A potência térmica do queimador (SB) tipo redemoinho da fig.17, tem uma energia de

fornecimento de 0,94 kW ou 0,94 kJ por segundo.

Portanto o tempo necessário para suprir 2993,42 kJ de calor à massa de 11,34 kg de

água é determinado por:

2993,42

3184,49 0,880,94

Total de energia transferida kJt s h

kJRazão de energia transferidas

∆ = = = = (70)

Baseado nestes cálculos foi elaborada uma tabela para o entendimento e discussões

sobre os vários tipos de aplicações dos queimadores, como apresentado na Tabela 5.

Capítulo 5

68

De acordo com a figura 25 de Jugjai, Tia e Trewetasksorn (2001, p.671) temos:

ηth = , ,(366 )

. .agua p água água im C T

v LHV t

− (71)

ηth = 3

3

11,34 . 4,1909 (366 303).

0,06 .115000 . 0,88

kJkg Kkg Km kJ hh m

− = 0,4912

ηth = 49,12%

ν = 3

3

min1 .1 .60

min 10

l m

l h= 0,06m3/h

Procedimento de Cálculo da Tabela 5 – Comparação dos rendimentos dos

Queimadores (JUGJAI, 2001)

Os dados da coluna ressaltados foram obtidos aplicando-se os dados experimentais as

equações.

Eentrada = (m Cp ∆T)água + (m Cp ∆T)recipiente (72)

será desprezado

( ,

2001, .672 )abs

Total de energia transferida kJt

kJRazão de energia transferidas

valor obtido do gráfico Jugjai

p potência Q

∆ = =

(73)

303

, ,(366 )

.água p água água i

th

m C T K

LHV tη

ν−

= (74)

Capítulo 5

69

Fazendo o cálculo e aplicando as equações acima, tem-se:

(1) Eentrada = (m Cp ∆T)água + (m Cp ∆T)recipiente

= (11,34 kg)(4,19 kJ/kg ºC)(93-30) ºC + (2,0 kg)(0,7 kJ/kg ºC) (será desprezado)

= 8,51 x 4,19 x 63 = 2246,38 kJ

2246,38 2642,80,734

0,85 3600

Total de energia transferida st h

Razão de energia transferida∆ = = = =

3 3

8,51 4,19 6,3 2246,380,44 44%

0,06 / 115000 / 0,734 5064,60th

x x

m h x kJ m xη = = = ≅

(2) Eentrada = (11,34)(4,19)(63) = 2993,42 kJ

2993,421870,89 0,52

1,60

Total de energia transferidat s h

Razão de energia transferida∆ = = = =

3 3

2993,42 2993,420,417 41,7%

0,12 / 115000 / 0,52 7176th m h x kJ m xη = = = ≅

(3) Eentrada = 8,51 x 4,19 x 63 = 2246,38 kJ

2246,38 1449,280,403

1,55 3600t h∆ = = =

3 3

851 4,19 63 2246,380,403 40,4%

0,12 / 115000 / 0,403 5561,4th

x x

m h x kJ m xη = = = ≅

(4) Eentrada = 11,34 x 4,19 x 63 = 2993,42 kJ

2993,42 3991,231,109

0,75 3600t h∆ = = =

3 3

2993,42 2993,420,3912 39,1%

0,06 / 115000 / 1,109 7652,1th m h x kJ m x hη = = = =

Capítulo 5

70

(5) Eentrada = 8,51 x 4,19 x 63 = 2246,38 kJ

2246,38 3455,970,96

0,65 3600t h∆ = = =

3 3

2246,38 2246,380,3391 33,9%

0,06 / 115000 / 0,964 6624th m h x kJ m x hη = = = =

(6) Eentrada = 8,51 x 4,19 x 63 = 2246,38 kJ

2993,42 2064,430,3786

1,45 3600t h∆ = = =

3 3

2993,42 2993,420,3786 37,9%

0,12 / 115000 / 0,573 7907,4th m h x kJ m x hη = = = =

(7) Eentrada = 8,51 x 4,19 x 63 = 2246,38 kJ

2246,38 1826,320,507

1,23 3600t h∆ = = =

3 3

2246,38 2246,380,3354 33,5%

0,12 / 115000 / 0,507 6996,6th m h x kJ m x hη = = = =

Capítulo 5

71

Esta eficiência térmica foi determinada de acordo com a Norma Britânica (BS 2491,

1963).

A temperatura de chama da combustão para o queimador redemoinho (SB) é

relativamente maior do que o queimador convencional (CB) devido a um baixo arraste de ar

primário, causando perto da combustão estequiométrica tão bem quanto um aumento no

processo da mistura combustível ar causado pelo movimento de rotação do campo de fluxo.

Evidência pode ser vista da medição da temperatura da chama de aproximadamente 1400 K

(1126,8 ºC), em média, para o queimador redemoinho (SB), enquanto que o queimador

convencional (CB) é em torno de 1200 K (926,85 ºC), em média, para a mesma faixa de fluxo

de combustível. Além disso, a chama central redemoinho cobre uma grande área da superfície

da face do fundo e da superfície lateral do recipiente em comparação com a chama em forma

de anel (cinta) do queimador convencional (CB) (JUGJAI, TIA E TREWETASKSORN,

2001, p. 667).

Os dados apresentados (CHAR, YEH, 1996), para a temperatura do propano medida

com termopar é da ordem de 1660 ºC e medidas com infravermelho é da ordem de 1680 ºC

conforme representado na figura a seguir.

Figura 19 - Temperatura do termopar comparada com a temperatura do infravermelho

Fonte: CHAR, YEH, 1996, p. 140

Capítulo 5

72

5.2 EFEITO DA TAXA DE FLUXO DE GÁS NA EFICIÊNCIA TÉRMICA

De acordo com Tamir, Elperin, Yotzer (1989, p. 375), um dos aspectos mais notáveis

de unidades com placas quentes aquecidas a gás é sua ampla variedade de velocidades

operacionais de aquecimento disponíveis. O consumidor, dessa forma, dispõe de um meio

rápido para aquecer um utensílio e sua carga de cozimento com a diversificada escolha de

velocidades de aquecimento requeridas em muitas operações específicas de cozimento. Em

muitos casos, a velocidade de aquecimento é praticamente o único meio tangível através do

qual o consumidor pode julgar o desempenho do queimador.

O uso do novo queimador permite aumentar consideravelmente as velocidades de

aquecimento para uma taxa especificada de entrada de gás, em comparação com queimadores

convencionais. O aumento das velocidades de aquecimento provém da maior eficiência

térmica do novo queimador sobre uma vasta gama de taxas de fluxo de gás.

A figura 20 demonstra a variação em eficiência térmica com taxas de fluxo de entrada

de gás natural para um recipiente com diâmetro de base de 20 cm (fig. 20). Devido à

descoberta de que a construção com suporte afeta a eficiência térmica do queimador, os

suportes com placa quente originais foram modificados a fim de atingir a máxima eficiência

térmica possível. Uma comparação esquemática da versão original do suporte com a versão

modificada é mostrada no topo da figura 20. Como se pode ver na figura 20, com o suporte

modificado, a eficiência térmica do novo queimador é 12 % maior para a panela maior. Este

desempenho melhorado é alcançado principalmente através da implementação da chama

central circulante, uma vez que (a) o processo de troca de calor entre os produtos de

combustão e a panela que está sendo aquecida é aumentado pela rotação induzida do fluxo e

(b) a chama central cobre uma maior área superficial da base da panela em comparação com a

chama em forma de banda do queimador convencional.

As curvas mostradas nas figuras 20 e 21 para os queimadores novo e convencional

revelam as mesmas feições qualitativas. Quando a taxa de fluxo de gás é aumentada, a

eficiência do queimador aumenta até atingir uma faixa ótima. Uma taxa de entrada de gás

excessiva, contudo, causará uma diminuição na eficiência. Uma explicação para este

comportamento é apresentada a seguir. As taxas de entrada de gás relativamente baixas, o

coeficiente de transferência de calor entre os gases de combustão e o fundo da panela é

relativamente pequeno devido à baixa velocidade dos fluxos de gás no fundo da panela. O

processo de transferência de calor é intensificado com o aumento da taxa de entrada de gás até

que condições ótimas sejam alcançadas, devido ao aumento do número de Reynolds, quando a

eficiência térmica alcança seu maior valor. Além deste ponto, a área superficial disponível

Capítulo 5

73

para a transferência de calor no fundo do recipiente, para uma dada massa de água e uma

temperatura fixa, torna-se o fator controlador. Em outras palavras, as taxas de perda de calor

para o ambiente com os gases canalizados aumentam mais rapidamente do que a taxa de

absorção de calor do recipiente.

Conforme mostrado nas figuras 20 e 21, quanto maior o suporte para a panela, maior a

quantidade de calor perdido pelo aquecimento. Nota-se nessas figuras que o efeito do suporte

da panela é mais pronunciado com o novo queimador uma vez que um suporte robusto

interfere com a rotação da chama e, portanto prejudica as características do desempenho do

novo queimador ao mesmo tempo em que diminui sua eficiência térmica. Assim, a aplicação

eficiente do novo queimador também requer um projeto cuidadoso de seu suporte para

panelas.

Figura 20 - Efeito do fluxo de gás sobre a eficiência térmica do queimador testado com recipiente de 20 cm de diâmetro Fonte: TAMIR, ELPERIN, YOTZER , 1989, p. 376.

Capítulo 5

74

Figura 21 - Efeito do fluxo de gás sobre a eficiência térmica de queimadores

testados sobre o suporte do recipiente finjan Fonte: TAMIR, ELPERIN, YOTZER , 1989, p. 376.

5.3 EXPERIMENTOS REALIZADOS DE ACORDO COM O BRITISH STANDARD

Os efeitos de variação da taxa de entrada de gás com uma mudança apropriada do

tamanho da panela na eficiência térmica do queimador também foram estudados por Tamir;

Elperin e Yotzer (1989). A fim de obedecer aos requisitos das normas do British Standard,

um aumento na taxa de entrada de gás foi acompanhado por um aumento no tamanho da

panela. Como se pode ver na figura 22, a eficiência térmica do novo queimador aumenta com

o aumento da taxa de entrada de gás. Este resultado é esperado uma vez que (a) uma maior

taxa de entrada de gás causa uma maior velocidade de fluxo dos produtos de combustão, por

conseguinte resultando numa melhor transferência de calor para o recipiente; (b) sob as

normas do British Standard, o recipiente maior com seu fundo mais largo proporciona uma

maior área superficial disponível para trocas de calor entre a chama e o recipiente. Contudo, a

Capítulo 5

75

diferença em termos de eficiência térmica entre o queimador convencional e o novo fica

menor quando uma maior taxa de entrada de gás é fornecida a um recipiente maior. Este

resultado pode ser explicado da seguinte forma. A taxas de entrada de gás relativamente

pequenas aplicadas a um recipiente de mesmo tamanho, a rotação da chama aumenta o tempo

de residência dos produtos quentes de combustão na vizinhança do fundo do recipiente, assim

aumentando a eficiência térmica do queimador. Conforme mostrado na figura 20, a diferença

em eficiência térmica entre o novo queimador e o queimador convencional é considerável

para V < 2 L/min. A taxas de entrada de gás maiores, uma maior razão de absorção de calor

para a entrada de gás é alcançada e, neste ponto, a diferença fica menor (fig. 20). Assim,

quanto maior a taxa de entrada de gás, menor a diferença em eficiência térmica entre os

queimadores novos e convencionais. Além disso, quando uma maior taxa de entrada de gás é

equacionada com um aumento na entrada de gás, o efeito da chama central é virtualmente

eliminado.

Diâmetro da Panela (cm)

Figura 22 -Variação da eficiência térmica em experimentos realizados de acordo com a norma inglesa.

Fonte: TAMIR, ELPERIN, YOTZER , 1989, p. 377.

Capítulo 5

76

Os resultados apresentados na figura 22 confirmam novamente que o projeto do

suporte da panela afeta o desempenho do queimador.

Poder calorífico

É uma propriedade importante para quem manuseia com combustíveis. É a quantidade

de calor liberado pela queima total de uma unidade de combustível.

Existem duas definições para o poder calorífico do combustível, em função do estado

físico que se considera para a água formada ao final da combustão. São conhecidos: “poder

calorífico superior” – PCS e “poder calorífico inferior” – PCI. No PCS, considera-se que a

água formada permanece no estado líquido. Logo, o seu calor latente de vaporização é

incluído no calor obtido na combustão. No PCI, a água formada permanece no estado gasoso,

ficando excluído o seu calor latente de vaporização do calor obtido na combustão. É o que

ocorre na prática onde a temperatura dos gases de combustão é superior à temperatura de

saturação do vapor d’água à pressão atmosférica, permanecendo então a água na forma de

vapor superaquecido.

5.4 NÍVEIS REFERENCIAIS DE TEMPERATURA ALCANÇADAS NOS QUEIMADORES

O poder calorífico calculado para o GLP (gás liquefeito de petróleo) é de 115, MJ/m3,

de acordo com os dados de Jugjai e Rungsimuntuchart (2002). A temperatura adiabática de

chama, por exemplo, calculada para uma mistura de 40 % propano e 60 % de butano com ar

estequiométrico, é de 2033,6 ºC. Compare-se este valor com aquele apresentado por Perry e

Green (1999), qual seja, 1966,8 ºC. Para a queima do propano com ar estequiométrico, os

dados experimentais para a temperatura adiabática de chama são de 1660 ºC, medida com

termopar, e de 1680 ºC, medida com infravermelho, de acordo com Char e Yeh (1996).

Na Tabela 4, é feita a comparação entre os dados dos gráficos das Figuras 16, 17 e 18.

São levadas em consideração a Norma Inglesa e a Norma Alemã, comparando seus valores,

tais como o PC – poder calorífico (LHV), os tipos de queimadores (CB – convencional; SB –

redemoinho), Qb (calor base), Qabs (calor absorvido), tSB (Qabs, Qb), tCB (Qabs, Qb),

temperaturas inicial e final, nas alturas H = 0,3 e 0,4 m, e ν (vazão), de 1 L/min ou 2 L/min.

Capítulo 5

77

Tabela 4 - Comparação dos rendimentos dos queimador es

H (m) 0,4 0,3 0,4 0,3 ν / (10-5 m3 · s-1) 1,67 1,67 3,33 3,33 mH2O (kg) 11,34 8,51 11,34 8,51 SB Qabs (W) 0,94 0,85 1,60 1,55 CB Qabs (W) 0,75 0,65 1,45 1,23

tSB (s) 3184,5 2642,8 1870,9 1449,3 Tempo de Aquecimento tCB (s) 3991,2 3456,0 2064,4 1826,3

SB N. Inglesa (%) 49,1 44,4 41,7 40,4

Eficiência

CB N. Inglesa (%) 39,1 33,9 37,9 33,5

Fig.18 JUGJAI Experimental

SB N. Inglesa (%) 54 52 48 45

Fig.18 JUGJAI Experimental

CB N. Inglesa (%) 41 37 42 37

Desvios Rel. Jugjai SB N. Inglesa (%) 4,88 7,65 6,29 4,61 Desvios Rel. Jugjai CB N. Inglesa (%) 1,88 3,09 4,14 3,46

Algumas verificações são feitas a partir desses resultados:

1º) Comparando os queimadores CB com o SB confirma-se o aumento de eficiência térmica

do SB para todas as situações como esperado, pois a eficiência da chama redemoinho é

superior. No caso de aumento de vazão do gás combustível, a diferença de eficiência entre os

dois tipos de queimadores se torna desprezível.

2º) Quando o volume de água a ser aquecida aumenta mantendo-se o fornecimento de

combustível constante (ν) ocorre o aumento da eficiência de todos os queimadores devido o

aumento fornecimento de calor através da superfície lateral do recipiente.

.100 %b

in

QQ

η = (75)

3º) Aumentando o fornecimento de combustível, ocorre aumento de calor fornecido ao

sistema de aquecimento, acarretando redução da eficiência térmica.

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

CAPÍTULO 6

Capítulo 6

79

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

6.1 CONCLUSÕES

A partir dos resultados e discussões apresentados no capítulo anterior, são obtidas as

seguintes conclusões:

• Esta análise comparativa, principal contribuição desta investigação, permitiu fornecer

subsídios que estimulem ou fundamentem o desenvolvimento de novos sistemas

térmicos de queimadores com eficiência intensificada.

• Este trabalho da análise sobre queimadores não convencionais com recirculação de

gases pode contribuir de maneira significativa ao desenvolvimento de materiais

comercialmente encontrados no mercado nacional para construção e execução de

protótipos de queimadores.

• Materiais de alta condutibilidade térmica, usados para recirculação de gases ou como

os próprios suportes dos recipientes nos queimadores, podem ser construídos com esta

inovadora tecnologia de meios porosos.

• Ao se discutir e comparar novos modelos e equipamentos adaptáveis as tecnologias

convencionais de queimadores, sejam eles domésticos ou industriais, pode-se propor

sistemas mais eficientes que atendam aos requisitos de economia de energia, tão

prementes em nossa atualidade.

• O poder calorífico para o GLP – gás liquefeito de petróleo é de 115 MJ/m3, de acordo

com os dados de Jugjai e Rungsimuntuchart (2002) que é de 115 MJ/m3.

• Alguns valores calculados da eficiência térmica, no presente trabalho, concordam com

dados teóricos e experimentais da literatura.

• Através de dados experimentais nos trabalhos de Jujgai, Tia e Trewetasksorn (2001),

analisando os gráficos referentes à eficiência térmica e transferência de calor versus

altura da água nos recipientes (CB) e (SB), conclui-se que o rendimento dos

queimadores (CB) e (SB) são sempre maiores quando aplicada a Norma Inglesa.

Capítulo 6

80

6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Com a conclusão deste trabalho novas possibilidades de pesquisa na área de

combustão com recirculação de gases foram apresentadas. Ademais, as seguintes sugestões

podem ser feitas:

1 – Desenvolver queimadores com meios porosos utilizando materiais de fácil

aquisição no mercado brasileiro;

2 – Pesquisar novos desenhos de queimadores utilizando chamas redemoinho com

outras características mais eficientes, como diferentes aspectos geométricos no projeto

dos queimadores.

3 – Realizar as modelagens propostas na seção 3.1.4 desta dissertação, pois elas

podem proporcionar subsídios tanto para trabalhos teóricos como experimentais, por

exemplo, para a previsão da eficiência térmica etc.

81

REFERÊNCIAS

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PERRY, R. H.; GREEN, D. W., Perry’s Chemical Engineers. New York: McGraw-Hill. (1999). Handbook. SCHEIDEGGER, A. The physics of flow through porous media. 3. ed. Michigan: UMI,1998. SMITH, D. J.; WHITE, I. F. Effect of vitiation of combustion air on the flame stability of domestic multi-port aerated gas burners. Journal of the Institute Fuel, v. 30, p. 30–34, 1976.

82

TAMIR, A.; ELPERIN, T.; YOTZER, S. Performance characteristics of a gas burner with a swirling central flame. Energy, v.14, n. 7, p. 373–382, 1985. VAN WYLEN, Gordon J.; SONNTAG, Richard E.; BORGNAKKE, Claus. Fundamentals of thermodynamics. Tradução de Euryale de Jesus Zerbini. 6. ed. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 2003. YOSHIDA, H.; YUN, J. H.; ECHIGO, R. Transient characteristics of combined conduction, convection and radiation heat transfer in porous media. Internation Journal Mass Transfer, v. 36, n. 5, p. 847-857, 1989. YOSHIZAWA, Y.; SASAKI, K.; ECHIGO, R., Analytical study of the structure of radiation controlled flame. Int. J. Heat Mass Transfer, v. 31, n. 2, p. 311–319, 1988. WEINBERG, F. J. Heat recirculating burners: principles and some recent developments. Combust. Sci. Technol, v.121, p. 3-22, 1996. WEINBERG, F. J. Combustion temperatures: the future. Nature, v. 233, p. 239–241, 1971.

83

ANEXOS

Anexos

84

A.1 – Temperatura Adiabática da Chama

O exemplo a seguir mostra como a temperatura adiabática de chama pode ser

calculada (Van Wylen, Sonntag e Borgnakke, 2003). A dissociação que ocorre nos produtos

da combustão, que tem um efeito significativo na temperatura adiabática da chama.

Exemplo:

Octano líquido a 25 °C é queimado em regime permanente, com 400 % de ar teórico a

25 °C numa câmara de combustão. Determine a temperatura adiabática de chama.

Volume de controle: Câmara de combustão.

Estado de entrada: temperatura conhecida do combustível e do ar.

Processo: Regime permanente com combustão.

Modelo: Gases perfeitos, (Dados de Van Wylen, Sonntag e Borgnakke, 2003), tais como:

nitrogênio, diatômico (N2) e nitrogênio, monoatômico (N); oxigênio, diatômico (O2) e

oxigênio, monoatômico (O); dióxido de carbono (CO2) e monóxido de carbono (CO); água

(H2O) e hidroxila (OH); hidrogênio (H2) e hidrogênio monoatômico (H); óxido nítrico (NO) e

dióxido de nitrogênio (NO2).

Tomam-se a entalpia de formação e entropia absoluta de várias substâncias a 25°C e

100 kPa (Van Wylen; Sonntag; Borgnakke, 2003, p. 533).

Análise: A reação é:

C8H18 (L) + 4 (12,5) O2 + 4 (12,5) ( 3,76) N2 ⇒ 8 CO2 + 9 H2 O (g) + 37,5 O2 + 188,0 N2

Onde:

L = líquido

g = gasoso

Primeira lei da termodinâmica: Como o processo é adiabático, a entalpia dos reagentes

(incluindo o ar) é igual à dos produtos, HR = HP

0 0

f fe sR Pe s

n h h n h h− − + ∆ = + ∆

∑ ∑ (A.1)

Anexos

85

Onde:

sn = número de moles dos reagentes

0

hf−

= entalpia de formação padrão

h−

∆ = entalpia sensível desde 298K até tempo T

sn = número de moles dos produtos

Onde sh∆ se refere a cada constituinte, nos produtos, a temperatura adiabática de

chama.

A solução é fornecida pelos dados de propriedades de compostos encontrados em Van Wylen,

Sonntag e Borgnakke, 2003:

( )8 18

0 0

250105 /f fR eR

C H

H n h h h kJ kmol de combustível

= + ∆ = = −

∑l

(A.2)

Mas:

HP =

( ) ( )2 2 2 2

0

8 393522 9 241826 37,5 188,0

fP sP

s

CO H O O N

H n h h

h h h h

= + ∆

= − + ∆ + − + ∆ + ∆ + ∆

∑ (A.3)

Devemos ter: HP = HR

A temperatura dos produtos é encontrada, resolvendo-se esta equação por tentativas.

Admitindo-se TP = 900 K e usando-se as entalpias das tabelas de Van Wylen, Sonntag e

Borgnakke (2003), obtém-se:

( ) ( ) ( ) ( )

0

8 393522 28030 9 241826 21892 37,5 19249 188,0 18222

755769 /

fP sP

s

H n h h

kJ Kmol de combustível

= + ∆

= − + + − + + += −

(A.4)

Anexos

86

Admitindo-se:

TP =1000 K

( ) ( ) ( ) ( )

0

8 393522 33400 9 241826 25956 37,5 22710 188,0 21461

62487 /

fP sP

s

H n h h

kJ kmol de combustível

= + ∆

= − + + − + + +=

(A.5)

Como HP = HR = −250105 kJ encontramos, por interpolação, que a temperatura

adiabática de chama é 961,8 K, que está, evidentemente, entre as duas temperaturas,

admitidas T = 900 e T = 1000 K. O resultado apresentado não é o exato porque a entalpia dos

produtos não é exatamente proporcional à temperatura.

A partir da equação de reação do octano em presença de ar com 400% de excesso,

pode-se obter a temperatura adiabática de chama usando a equação (34) – equação (33) = 0. A

equação resultante é de quarto grau na temperatura. Resolvendo pelo programa Excel® se

obtém a temperatura com sentido físico T = 960,9ºC, como apresentado a seguir. Foram

usados ao calores específicos dos reagentes e produtos apresentados na Tabela 3 (ver corpo da

tese). Por exemplo, para a CO2 o resultado da integral pc dT∫ da temperatura de referência T

= 298 K até a Tc = Tchama, é multiplicado pelo seu peso molecular 2COM = 44

kg

kgmol e é

adicionado ao calor de formação do CO2. Assim:

pc dT∫ = 250105 + 8*(-393522) + 44*(0,45*(B3-298) + 1,67/1000/2*(B3^2-298^2) -

1,27/10^6/3*(B3^3-298^3) + 0,39/10^9/4*(B3^4-298^4) + 9*(-241826) +

18*(1,79*(B3-298)) + 0,107/1000/2*(B3^2-298^2) + 0,586/10^6/3*(B3^3-298^3) -

0,2/10^9/4*(B3^4-298^4))) + 37,5*32*(0,88*(B3-298) - 0,001/1000/2*(B3^2 -

298^2) + 0,54/10^6/3*(B3^3 - 298^3) - 0,33/10^9/4*(B3^4 - 298^4)) +

188*28*(1,11*(B3-298) - 0,48/1000/2*(B3^2 - 298^2) + 0,96/10^6/3*(B3^3-298^3) -

0,42/10^9/4*(B3^4 - 298^4) = 0 (A.6)

Anexos

87

Onde B3 é a célula do programa Excel® utilizado para este cálculo, contendo a incógnita

correspondente à temperatura de interesse (B3 ≡ T = temperatura). A resolução da equação

(A.6) fornece T = 960,9 °C.

Considere-se, então, um processo de combustão que ocorre adiabaticamente e sem

envolver trabalho ou variação de energia cinética ou potencial. Para esse processo, a

temperatura atingida pelos produtos é chamada de temperatura adiabática de chama. Como se

admite que o trabalho no processo é nulo e que as variações de energia cinética ou potencial

são nulas, a temperatura adiabática é a máxima temperatura que pode ser atingida pelos

produtos, porque qualquer transferência de calor no processo e qualquer combustão

incompleta tenderiam a diminuir a temperatura dos produtos (Baseado em dados de Van

Wylen, Sonnteg e Borgnakke, 2003). Observação: fenômenos adiabáticos não apresentam

trocas térmicas com o ambiente.

A máxima temperatura adiabática da chama que pode ser atingida, para um dado

combustível e um certo estado nos reagentes (P e T), ocorre quando a mistura é

estequiométrica. A temperatura adiabática da chama pode ser controlada pela quantidade de

excesso de ar que é utilizada. Isso é importante, por exemplo, nas turbinas a gás, onde a

temperatura máxima admissível é determinada por considerações metalúrgicas. Assim, é

essencial realizar um controle rigoroso da temperatura dos produtos da combustão nesta

aplicação.

Em geral, a eficiência das turbinas varia de 25 % a 40 %, dependendo to tipo e da

aplicação. A parcela de energia não recuperada ou perdida compõe-se de 5 % de perdas por

radiação e 10 % de perdas na exaustão. A energia restante (45 % a 60 %) é a parcela térmica

recuperável nos gases de exaustão.

Parte considerável da potência desenvolvida pela turbina é utilizada no acionamento

de seu compressor, sendo a parcela restante disponível para sua carga.

A massa de ar comprimido, após ser aquecida na câmara de combustão pela queima do

combustível expande-se pela turbina impulsionando-a. A potência desenvolvida pela turbina

é, portanto, diretamente dependente das pressões e temperatura que ocorrem na câmara de

combustão. Na prática, são as temperaturas máximas a que podem ser expostas as ligas

metálicas de que são feitas as paredes das câmaras de combustão e as palhetas das turbinas

(1200 ºC tecnicamente possíveis atualmente) que limitam a potência e a eficiência de cada

turbina em sua classe.

Turbinas a gás empregam de 3 a 4 vezes o volume de ar necessário à queima

estequiométrica do combustível, resultando daí que os gases de exaustão apresentam um alto

Anexos

88

conteúdo de oxigênio, normalmente cerca de 16% a 18% de seu volume, e temperaturas entre

425 e 600 ºC.

1º Exemplo: Propano com ar estequiométrico

( )3 8 2 2 2 2 25 5(3,76) 3 4 18,8gC O N CO O NΗ + + → + Η + (A.7)

De acordo com dados de Van Wylen, Sonntag e Borgnakke (2003), as entalpias de formação dos reagentes e produtos são:

3 8

0

103900R f

C

h−

Η

Η = = −

kJ kmol-1 (A.8)

( )2 2 2

3 393522 4 241826 18,8p CO H O Nh h h

− − Η = − + ∆ + − + +

∆ ∆ (A.9)

Resolvendo por tentativas, para obter a entalpia dos produtos:

-1

-1

-1

1000 1540174,6 kJ kmol

2000 527025,4 kJ kmol

2600 120136,4 kJ kmol

p p

p p

p p

T K

T K

T K

= → Η = −

= → Η = −

= → Η =

Interpolando para obter a entalpia dos produtos igual à dos reagentes:

120136,4 2600

103900

527025,4 2000

2000 103900 527025,4

600 120136,4 527025,4

x

x

−− −− − −

− − +=+

o2392 2120x K C= ≈

Propano com ar estequiométrico: Tchama o2120 C≈

2º Exemplo: Butano com ar estequiométrico

( )4 10 2 2 2 2 2

13 133,76 4 5 24,44

2 2 gC O N CO O NΗ + + → + Η + (A.10)

Anexos

89

4 10

0

126200R f

C

h−

Η

Η = = −

-1kJ kmol

( )2 2 2

4 393522 5 241826 24,44p CO H O Nh h h

− − Η = − + ∆ + − + +

∆ ∆

-1

-1

2000 681533,72 kJ kmol

2600 157093,72 kJ kmol

p p

p p

T K

T K

= → Η = −

= → Η =

157093,72 2600

126200

681533,72 2000

2000 126200 681533,72

600 157093,72 681533,72

2397

x

x

x K

−− −− −

− − +=+

=

02124 C≈

Butano com ar estequiométrico = Tchama o2124 C≈

3º Exemplo: Mistura 40% Propano + 60% Butano com ar estequiométrico

( )3 8 4 10 2 2 2 2 20,4 0,6 5,9 5,9.3,76 3,6 4,6. 22,184gC C O N CO O NΗ + Η + + → + Η + (A.11)

3 8 4 10

0 0-1 -1 ( 103900 126200) kJ kmol 230100 kJ kmolR f f

C C

h h− −

Η Η

Η = + = − − = −

(A.12)

-1

-1

2000 619730,392 kJ kmol

2600 142310,792 kJ kmol

p p

p p

T K

T K

= → Η = −

= → Η =

o

2600 142310,792

230100

2000 619730,392

20000,511298

600

2306,78 2033,63

x

x

x K C

→→ −→ −

− =

= ≅

Mistura: Propano + Butano 0,4 + 0,6 com ar estequiométrico: Tchama o2033,63C≅

Anexos

90

Tabela A.I – Calor específico à pressão constante de vários gases perfeitos em função da

temperatura (Van Wylen, Sonntag e Borgnakke, 2003)

2 30 0 1 2 3pc C C C Cθ θ θ= + + + kJ/kg K ( ) / 100T Kelvinθ =

Gás Fórmula 0C 1C 2C 3C Intervalo K

Acetileno 2 2C H 1,03 2,91 -1,92 0,54 250-1200

Água vapor 2H O 1,79 0,107 0,586 -0,20 250-1200

Amônia 3NH 1,60 1,40 1,00 -0,7 250-1200

Ar (atmosférico) - 1,05 -0,365 0,85 -0,39 250-1200

Argônio Ar 0,52 0 0 0 250-1200

Butano 4 10C H 0,163 5,70 -1,906 -9,049 250-1200

Dióxido de carbono 2CO 0,45 1,67 -1,27 0,39 250-1200

Dióxido de enxofre 2SO 0,37 1,05 -0,77 0,21 250-1200

Etano 2 6C H 0,18 5,92 -2,31 0,29 250-1200

Etanol 2 5C H OH 0,20 -4,65 -1,82 0,03 250-1200

Etileno 2 4C H 1,36 5,58 -3,00 0,63 250-1200

Hélio He 5,193 0 0 0 250-1200

Hidrogênio 2H 13,46 4,6 -6,85 3,79 250-1200

Metano 4CH 1,2 3,25 0,75 -0,71 250-1200

Metanol 3CH OH 0,66 2,21 0,81 -0,89 250-1200

Monóxido de carbono CO 1,10 -0,46 1,00 -0,454 250-1200

Neônio Ne 1,03 0 0 0 250-1200

Nitrogênio 2N 1,11 -0,48 0,96 -0,42 250-1200

n - octano 8 18C H -0,053 6,75 -3,67 0,775 250-1200

Oxido nítrico NO 0,98 -0,031 0,325 -0,14 250-1200

Oxido nitroso 2N O 0,49 1,65 -1,31 0,42 250-1200

Oxigênio 2O 0,88 -0,0001 0,54 -0,33 250-1200

Propano 3 8C H -0,096 6,95 -3,60 0,73 250-1200

R-12 2 2CCI F 0,260 1,47 -1,25 0,36 250-500

R-22 2CHCIF 0,200 1,87 -1,35 0,35 250-500

R-32 2 2CF H 0,227 2,27 -0,93 0,041 250-500

R-125 2 3CHF CF 0,305 1,68 -0,284 0 250-500

R-134a 3 2CF CH F 0,165 2,81 -2,23 1,11 250-500

Trióxido de enxofre 3SO 0,24 1,70 -1,50 0,46 250-1200

Anexos

91

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