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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA
BIOLOGIA MOLECULAR DA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA
EDUARDO ERNST MASSARELLI
Dissertação apresentada à Universidade
Cidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para concorrer ao título de
Mestre em Ortodontia.
São Paulo
2011
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA
BIOLOGIA MOLECULAR DA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA
EDUARDO ERNST MASSARELLI
Dissertação apresentada à Universidade
Cidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para concorrer ao título de
Mestre em Ortodontia.
Orientador: Prof. Dr. Flávio Vellini Ferreira
São Paulo
2011
FOLHA DE APROVAÇÃO
Massarelli. E. E., Biologia Molecular da Movimentação Ortodôntica. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2011.
São Paulo, ____/____/________.
Banca Examinadora
1)..........................................................................
Julgamento:..................................... Assinatura:..............................
1)..........................................................................
Julgamento:..................................... Assinatura:..............................
1)..........................................................................
Julgamento:..................................... Assinatura:..............................
Resultado:............................................................
Agradecimentos
Ao meu orientador, coordenador do curso de mestrado em
Ortodontia da UNICID, Professor Doutor Flávio Vellini Ferreira, pela
sua paciência e empenho para conclusão deste trabalho.
Á minha filha Luiza, que já me ensinou tanto em tão pouco
tempo, e me dá forças para lutar por qualquer objetivo. Á minha avó
Heliette, por seu carinho e compaixão.
Ao meu co-orientador, Cláudio Antônio Barbosa de Toledo, in
memoriam.
Ao Professor Doutor Flávio Augusto Cotrim Ferreira, pela
confiança e por estar sempre disponível para ajudar.
Aos meus Professores, Doutores Ana Carla Raphaelli Nahás,
Daniela Gamba Garib, Danilo Furquim Siqueira, Hélio Scavone Jr.,
Karyna do Valle-Corotti, Paulo Eduardo Guedes Carvalho, Rívea
Inês Ferreira, pela disponibilidade em dividir seus conhecimentos.
Massarelli. E. E., Biologia Molecular da Movimentação Ortodôntica. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2011.
RESUMO
Na última década, a biologia molecular tem sido uma ferramenta de
estudo cada vez mais presente na pesquisa ortodôntica. Estar atento ao novo
conhecimento que emerge desvendando as bases moleculares da
movimentação ortodôntica é um pré-requisito para o ortodontista que almeja a
excelência em sua prática clínica. O foco desse estudo restringe-se a três
moléculas-chave, que regulam a diferenciação e ativação dos osteoclastos e,
em última instância, a reabsorção óssea necessária para movimentação
ortodôntica. São elas o Receptor Ativador do Fator Nuclear kappa β (RANK), o
seu ligante (RANKL) e a Osteoprotegerina (OPG). O presente estudo teve por
objetivo realizar um levantamento bibliográfico do papel dessas moléculas na
movimentação ortodôntica, assim como das ferramentas que o ortodontista tem
em mãos para influenciá-las e as terapias que surgem como possibilidades
futuras de garantir ao seu paciente um tratamento ortodôntico cada vez mais
eficaz e seguro. Através dos trabalhos científicos analisados, concluiu-se que,
através da variação de direção, magnitude e duração da força ortodôntica, o
ortodontista pode interferir no padrão de expressão de RANKL e OPG no
ligamento periodontal. Não obstante, o uso do laser de baixa potência para
aumentar a movimentação ortodôntica apresenta-se como uma terapia a ser
utilizada em um futuro próximo, assim como a utilização de fármacos que
garantirão uma melhor contenção pós-tratamento através da inibição da
movimentação dentária.
Palavras-chave: Biologia Molecular, RANK, RANKL, OPG, Movimentação
Dentária, Ortodontia.
Massarelli. E. E., Molecular Biology of Orthodontics Movement. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2011.
ABSTRACT
In the last decade, molecular biology has been a study tool increasingly
present in orthodontic research. The orthodontist who aspire excellence in their
clinical practice must be aware of new knowledge that emerges revealing the
molecular basis of orthodontic tooth movement. The focus of this study is three
key molecules that regulate the differentiation and activation of osteoclasts and,
ultimately, bone resorption witch is necessary for orthodontic movement. They
are the Receptor Activator of Nuclear kappa β (RANK), its ligand (RANKL) and
Osteoprotegerin (OPG). The aim of this study was to conduct a literature review
of the role of these molecules in orthodontic movement, as well as the tools that
the orthodontist has to influence it, nowadays or in the near future, to ensure his
patient an orthodontic treatment more effective and safe. Through scientific
analysis, it was concluded that, by changing the direction, magnitudes and
duration of orthodontic force, the orthodontist can interfere with the expression
pattern of RANKL and OPG in periodontal ligament. Nevertheless, the use low
level laser therapy to increase orthodontic movement presents itself as a
therapy to be used in the near future, as well as the drugs that ensure better
containment post-treatment by inhibition of tooth movement.
Keywords: Biologia Molecular, RANK, RANKL, OPG, Movimentação Dentária,
Ortodontia.
LISTA DE TRADUÇÕES E ABREVIATURAS
Termo utilizado / Traduções Abreviatura
Ácido Desoxirribonucléico
Deoxyribonucleic acid
AND
DNA
Ácido Ribonucléico
Ribonucleic acid
ARN
RNA
Fosfatase ácida resistente ao tartarato
Tartrate-resistant acid phosphatase
TRAP
Íon de hidrogênio H+
Fator Nuclear kappa β
Nuclear Factor kappa β
NF-kβ
Receptor Ativador do Fator Nuclear kappa β
Receptor Activator of Nuclear Factor kappa β
RANK
Ligante do Receptor Ativador do Fator Nuclear kappa β
Receptor Activator of Nuclear Factor kappa β ligand
RANKL
Osteoprotegerina
Osteoprotegerin
OPG
Enzyme-linked immunosorbent assay ELISA
Reação da Polimerase em Cadeia
Polymerase Chain Reaction
PCR
Reação da Polimerase em Cadeia – Transcrição Reversa
Reverse Transcryption Polymerase Chain Reaction
RT-PCR
Fator de Necrose Tumoral α
Tumor Necrosis Factor α
TNF-α
Interleucina 1
Interleukin 1
IL-1
Proteínas inibitórias da família kappa β
Inhibitory kappa β
Ikβ
Termo utilizado / Traduções Abreviatura
Retículo endoplasmático rugoso
Rough endoplasmic reticulum
RER
Prostaglandina E2
Prostaglandin E2
PGE2
Fator estimulador de colônias de macrófagos
Macrophage colony-stimulating factor
M-CSF
Arseniato de gálio e alumínio AsGaAl
Fator de transformação do crescimento β
Transforming growth factor β
TGF-β
Diodo emissor de luz
Light emitting diode
LED
Tridimensional 3D
Bidimensional 2D
Receptor do fator estimulador de colônias de macrófagos
Macrophage colony-stimulating factor receptor
c-Fms
Fator de crescimento epidérmico
Epidermal growth factor
EGF
Fator de transcrição Runt relacionado 2
Runt-related transcription factor 2
Runx2
Receptor de calcitonina
Calcitonin receptor
CTR
LISTA DE UNIDADES DE MEDIDA
Símbolo Unidade
g/cm2 grama / centímetro quadrado
Nm Nanômetro
mW Miliwatt
J Joule
mg/kg miligrama / kilograma
mm Milímetro
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO................................................................................................1
2- REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................13
3- DISCUSSÃO.................................................................................................51
3.1- As forças de pressão.............................................................................56
3.2- As forças de tensão...............................................................................59
3.3- Terapia genética.....................................................................................61
3.4- Fármacos.................................................................................................61
3.5- Vibração por ressonância......................................................................63
3.6- Laserterapia............................................................................................63
3.7- Descorticalização óssea........................................................................65
3.8- Condições patológicas locais e sistêmicas.........................................66
3.9- Reabsorção radicular.............................................................................67
4- CONCLUSÃO................................................................................................69
5- REFERÊNCIAS.............................................................................................72
INTRODUÇÃO
2
1- INTRODUÇÃO
É amplamente aceito o conceito de que o movimento ortodôntico se dá
pela reabsorção do osso alveolar decorrente da ação da raiz dentária, que sob
efeito da mecanoterapia, comprime o periodonto em uma face do alvéolo,
gerando reabsorção óssea, ao mesmo tempo em que induz à deposição óssea,
onde há força de tensão do ligamento periodontal. Durante anos os
ortodontistas têm reservado especial atenção ao diagnóstico, focado nas
análises cefalométricas, faciais e de modelo, assim como à mecanoterapia,
aprimorando modelos de braquetes, a composição dos fios ortodônticos e o
controle de ancoragem. Sem diminuir a relevância desses temas, o estudo das
reações teciduais mediadas em nível molecular deveria receber maior
destaque, sobretudo diante do advento da biologia molecular nas últimas
décadas. A duplicação (replicação do DNA), a transcrição (síntese do RNA) e a
tradução (síntese de proteínas) podem regular, em última instância, parâmetros
como reabsorção radicular e velocidade da deposição e da reabsorção óssea.
Antes do nível molecular, devem-se saber quais são as células-chave
envolvidas no processo de remodelação óssea que ocorre durante a
movimentação dentária ortodonticamente induzida. Duas linhagens de células
estão presentes no osso, cada uma com sua função específica. As células
osteogênicas, onde se incluem os osteoblastos, formam e mantém o osso nas
regiões de tensão do ligamento periodontal; enquanto os osteoclastos
reabsorvem o osso nas regiões de compressão. As principais células do
ligamento periodontal são os fibroblastos, cujos fatores secretados podem inibir
a mineralização do tecido ósseo circundante (TEN CATE, 2007).
Introdução 3
Os osteoclastos multinucleados são originados da fusão de células
mononucleares de origem hematopoiética da linhagem monócito/macrófago.
São células assimétricas que apresentam a região da membrana irregular
(borda em escova), a qual se liga à superfície óssea, onde a atividade de
reabsorção ocorre. O citoplasma adjacente à borda em escova é destituído de
organelas celulares, esta “zona clara” não somente liga as células à superfície
mineralizada, mas também isola o microambiente entre ela e a superfície
óssea. Devido ao seu tamanho, podem ser facilmente identificadas à
microscopia de luz. São identificadas citoquimicamente pelo processo da
fosfatase ácida resistente ao tartarato (TRAP) positivo, o que as distingue de
outras células gigantes. Normalmente, são encontradas na superfície óssea,
ocupando depressões criadas por eles, chamadas de lacunas de Howship
(TEN CATE, 2007).
Os osteoclastos são constituídos de muitos núcleos, cada um dos quais
é rodeado por múltiplos complexos de Golgi, mitocôndrias, retículo
endoplasmático rugoso e numerosas estruturas vesiculares situadas entre o
complexo de Golgi e a superfície de reabsorção. As enzimas como a fosfatase
ácida são sintetizadas nos retículos endoplasmáticos rugosos, transportadas
ao complexo de Golgi e levadas à borda em escova em vesículas de transporte
onde elas liberam seu conteúdo dentro de compartimentos selados adjacentes
à superfície óssea, criando essencialmente um lisossomo extracelular. Outra
característica do osteoclasto é um próton emitido associado à borda em escova
que emite íons de hidrogênio (H+) dentro do compartimento vedado (TEN
CATE, 2007).
Introdução 4
A regulação do desenvolvimento dos osteoclastos é carreada por
numerosas substâncias, tais como hormônios, citocinas, fatores de crescimento
e constituintes da matriz óssea (TEN CATE, 2007).
Na fase de reabsorção ocorre a aderência dos osteoclastos na superfície
óssea, através de sua borda em escova. O meio acidificado pela ação do
próton H+ desmineraliza o osso e expõe a matriz orgânica; ocorre então a
degradação desta matriz exposta pela ação de enzimas como a catepsina B e
fostatase ácida (TEN CATE, 2007).
Os odontoclastos são células provenientes da mesma linhagem dos
osteoclastos (monócito/macrófago). São citologicamente muito semelhantes,
apresentando múltiplos núcleos, borda em escova, zona clara e TRAP. A
principal característica que distingue odontoclastos de osteoclastos é o tecido
que reabsorvem, uma vez que os odontoclastos são encontrados em lacunas
reabsortivas na raiz dentária. Não obstante, os odontoclastos possuem menor
número de núcleos, assim como marcação para TRAP diminuída, o que sugere
uma menor diferenciação, em relação aos osteoclastos, nas suas
características de reabsorção da matriz orgânica (TSUCHIYA et al., 2008).
Na movimentação ortodôntica, a reabsorção óssea mediada pelos
osteoclastos é o fator-limite que determina a movimentação dentária. Essa
resposta fisiológica é regulada por um sofisticado processo de reações
bioquímicas que orquestram a tradução da força mecânica em movimento
ortodôntico, as quais são influenciadas por fatores como magnitude, direção e
duração da força (KRISHNAN; DAVIDOVITCH, 2006); assim como outros de
ordem genética – “a adaptação do osso às forças ortodônticas depende dos
Introdução 5
genes de osteoblastos e osteoclastos funcionando normalmente para
expressar as proteínas necessárias no tempo e locais corretos” (MASELLA e
MEISTER, 2006).
Na última década, foram identificados três agentes-chaves para que
ocorra a reabsorção óssea mediada pelo emprego da força ortodôntica, que
atuam na regulação da ativação e formação de osteoclastos, através da
ativação de um fator de transcrição denominado Fator Nuclear kappa β (NF-
kβ). São eles o Receptor Ativador do Fator Nuclear kappa β (RANK), o seu
ligante (RANKL) e a Osteoprotegerina (OPG) (KANZAKI et al., 2001, 2002;
SHIOTANI et al. 2001, 2002; OSHIRO et al., 2002). Conhecer o papel
específico desses agentes, que se mostram determinantes para ativação e
função reabsortiva dos osteoclastos, torna-se essencial para decifrar a
interação entre estímulo mecânico e resposta biológica no nível molecular, que
tem, com resultado final, a movimentação dentária ortodonticamente induzida.
Biologia Celular e Molecular
A análise de organelas isoladas em grande quantidade, a cultura de
células, o aparecimento de numerosas técnicas que permitiram manipular o
genoma através da adição ou supressão de genes para o estudo dos
mecanismos envolvidos no fenômeno biológico da hereditariedade, assim
como os processos bioquímicos que regem a produção de proteínas
(polipeptídeos) e ácidos ribonucléicos (RNA e DNA), levaram ao surgimento do
que se costuma chamar de biologia celular e molecular (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005; ALBERTS et al., 2007).
Introdução 6
Dentre as técnicas empregadas na biologia celular, pode-se citar a
citoquímica, ainda muito utilizada para a identificação e localização das
moléculas que constituem as células. Pode ser aplicada em nível de
microscopia óptica e eletrônica para localizar e/ou mensurar enzimas como as
fosfatases ácidas, através do emprego de corantes bioquímicos, ou da
produção de partículas elétron-densas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
A histoquímica compreende os métodos utilizados para identificar e
localizar substâncias em cortes histológicos. A imunohistoquímica localiza
proteínas específicas, por meio de interações moleculares de alta afinidade
(antígeno-anticorpo). Anticorpos são proteínas que fazem parte de uma grande
família, a família das imunoglobulinas. Quando o organismo é exposto a
moléculas estranhas (antígenos), pode haver uma resposta na forma da
produção de anticorpos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Para proceder a uma reação imunohistoquímica, o material que se
supõe conter uma proteína é incubado em uma solução que contém um
anticorpo que reconhece esta proteína. O anticorpo se liga especificamente á
proteína (assim como sua localização) pode então ser evidenciado através do
marcador que foi conjugado a ele. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005; ALBERTS
et al., 2007).
A técnica de eletroforese em gel tem diversas variantes para esclarecer
diferentes problemas. Uma dessas variantes serve como ferramenta para
determinar o tamanho de uma proteína ou ácido nucléico consequentemente,
os identificando. A técnica consiste na dissolução das moléculas em uma
solução que as carrega negativamente. Com as cargas positivas neutralizadas,
Introdução 7
colocam-se as moléculas sobre um gel e submete-se este a um campo elétrico.
Com todas as moléculas migrando em direção do pólo positivo, a velocidade
desta migração dependerá exclusivamente do tamanho de cada uma,
formando-se uma banda na região onde cada molécula cessa a sua migração
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005; ALBERTS et al., 2007).
As moléculas fracionadas são então transferidas (blotting) para uma
membrana de nitrocelulose ou náilon, aplicando-se sobre elas um forte campo
elétrico. Essa membrana é então colocada em uma solução com o anticorpo
marcado para revelar a proteína (Wertern blotting) de interesse ou, no caso de
ácidos nucléicos (Southern ou Northern blotting), em uma solução com uma
sonda de RNA ou DNA marcada. A banda de cada molécula pode agora então
ser visualizada com conseguinte identificação e/ou quantificação da mesma
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005; ALBERTS et al., 2007).
Através do ensaio imunoenzitáciao (ELISA), a presença de um antígeno
pode ser também detectada e quantificada. O antígeno é adsorvido em um
suporte sólido (placa de ELISA). Um anticorpo é conjugado a uma enzima e
após a adição do substrato apropriado, ocorre a coloração da ligação antígeno-
anticorpo, que pode então ser avaliada quantitativamente (ALBERTS et al.,
2007).
O PCR (Reação da Polimerase em Cadeia) é uma metodologia que se
baseia na amplificação exponencial seletiva de uma quantidade reduzida de
DNA de uma única célula. O objetivo do PCR é produzir uma grande
quantidade de um segmento específico de DNA a partir de uma quantidade
mínima. O DNA molde sofre uma amplificação controlada por enzimas,
Introdução 8
obtendo-se milhões de cópias do fragmento de DNA de interesse. O molde
pode ser qualquer forma de DNA de cadeia dupla. Um ciclo de PCR consiste
em três fases: desnaturação do DNA molde, ligação (“annealing”) dos primers e
polimerização do DNA. Na 1ª etapa faz-se a separação das cadeias de dupla
hélice de DNA através do calor. Esta separação é essencial para que, na 2ª
fase, dois primers de oligonucleótidos se liguem às sequências dos pares de
bases complementares da cadeia molde. Estes primers são desenhados e
sintetizados de modo a ligarem-se às extremidades opostas de cada uma das
cadeias de DNA molde que se pretende amplificar. Os primers servem,
portanto, de ponto de partida para a replicação de DNA e, na última etapa, faz-
se a sua extensão. A enzima responsável por esta polimerização é a DNA
polimerase termo-estável (Taq). Duas novas cadeias são sintetizadas a partir
da cadeia molde em cada ciclo completo de PCR logo, ocorre um crescimento
exponencial, havendo ao fim de n ciclos 2n vezes mais cópias do que no início
(SANTOS et al., 2004).
O RT-PCR (Transcrição Reversa da Reação da Polimerase em Cadeia)
pode ser utilizado para informação sobre a expressão de um gene em uma
célula ou tecido. A partir do RNA, a enzima transcriptase reversa sintetiza DNA
complementar (cDNA). O cDNA serve como molde então para realização de
PCR. Uma variante de RT-PCR, denominada RT-PCR em tempo real (Real
Time RT-PCR), permite quantificar a amostra obtida através do método
(SANTOS et al., 2004).
A hibridação in situ é um método que permite identificar o locus
cromossômico onde se localiza uma determinada sequência de DNA
Introdução 9
previamente clonada. Este método tem como princípio a complementaridade
das bases que reage a organização de DNA. O DNA de um esfregaço
metafásico e o DNA de uma sonda são transformados em sequências
monocatenares através da desnaturação e posteriormente são postos em
contato em condições de hibridação. Assim a sonda vai hibridar com a
sequência cromossômica onde se localizam as bases complementares. Visto
que a sonda é previamente marcada (com um fluorocromo), o local de ligação
torna-se visível, o que permite identificar especificamente o local do
cromossoma onde se localiza o gene ou a sequência não codificadora em
causa. A realização desta técnica pode ser feita usando uma única sonda ou
até mesmo várias sondas, cada uma, marcada com um fluorocromo diferente.
(ALBERTS et al., 2007).
Fatores de Transcrição
Para que a RNA polimerase II (enzima que catalisa a reação) consiga
encontrar o ponto de início da transcrição (formação de RNA a partir do DNA),
ela necessita de proteínas conhecidas como Fatores de Transcrição. Essas
proteínas se ligam a sequências específicas de DNA (promotores), que
representam o local de início da transcrição e recrutam a RNA polimerase II a
esses sítios (ALBERTS et al., 2007) O Fator Nuclear kappa β é um complexo
protéico que desempenha funções como fator de transcrição. Ele é encontrado
inativado no citoplasma de células animais, inclusive os osteoclastos, e está
envolvido na resposta celular a estímulos como estresse e antígenos
Introdução 10
(MASELLA; MEISTER, 2006; KRISHNAN; DAVIDOVITCH, 2006; MEIKLE,
2006).
Ativação do Fator Nuclear kappa β
A ligação de moléculas sinalizadoras (ligantes) aos seus receptores os
ativa, fazendo com que eles se liguem ao DNA, regulando a transcrição de
genes específicos. Estes receptores são estruturalmente semelhantes, fazendo
parte de uma superfamília de receptores nucleares. Alguns receptores estão no
citosol e entram no núcleo somente após a interação com o ligante. O receptor
inativo está ligado a complexos protéicos inibitórios, sendo que a interação com
o ligante altera a conformação do receptor, causando a dissociação do
complexo inibitório e, por conseguinte, a ligação do receptor a proteínas co-
ativadoras que induzem a transcrição gênica (ALBERTS et al., 2007).
O Fator Nuclear kappa β (NF-kβ) é um complexo protéico que
desempenha funções como factor de transcrição. NF-kβ pode ser encontrado
em quase todos os tipos de células animais e está envolvido na resposta
celular a estímulos como o estresse, citocinas, radicais livres, radiação
ultravioleta, antígenos virais e bacterianos. NF-kβ desempenha um papel
fundamental na regulação da resposta imunitária à infecção (ALBERTS et al.,
2007).
Duas citocinas de vertebrados, produzidas por células do sistema imune
inato (como macrófagos), ligam-se aos receptores de superfície e ativam o NF-
kβ. Estas citocinas são o Fator de Necrose Tumoral (TNF-α) e a Interleucina-1
(IL-1), elas são especialmente importantes na indução de respostas
inflamatórias (ALBERTS et al., 2007).
Introdução 11
As proteínas inibitórias chamadas Ikβ ligam-se firmemente ao NF-kβ no
citoplasma, mantendo-o inativo. Os sinais como TNF-α e IL-1 promovem a
degradação da Ikβ, o que expõe um sinal de localização nuclear nas proteínas
NF-kβ que se deslocam para o núcleo e estimulam a transcrição de genes
específicos (ALBERTS et al., 2007).
Para que ocorra a ativação do NF-kβ nos osteoclastos, é essencial que
se faça a ligação entre RANKL e seu receptor, RANK. Enquanto RANKL é
expresso principalmente na superfície de células do ligamento periodontal,
osteoblastos e seus precursores, RANK é expresso na superfície de
osteoclastos e seus precursores. Entretanto, a OPG, proteína solúvel e
também secretada por células do ligamento periodontal, osteoblastos e
precursores, compete com RANK na ligação com RANKL, inibindo assim a
ativação dos osteoclastos (MASELLA; MEISTER, 2006; KRISHNAN;
DAVIDOVITCH, 2006; MEIKLE, 2006) – figura 1.
A proposta dessa revisão de literatura é reunir os dados publicados
pertinentes a expressão de RANKL, RANK e OPG pelas células envolvidas na
movimentação ortodôntica; e elucidar como fatores controlados pelo
ortodontista como magnitude, duração e direção da força ortodôntica, assim
como aplicação de terapias com laser ou até o uso de fármacos, podem
Osteoblasto osteoclasto OPG
RANKL RANK
Estimula reabsorção óssea
Inibe reabsorção óssea
Figura 1: A regulação da ativação dos osteoclastos. RANKL se liga a RANK determinando a ativação. Ao se
ligar também com RANKL, a OPG compete pelos mesmos sítios inibindo assim a atividade osteoclástica.
Introdução 12
interferir nessa expressão, analisando estudos in vitro e in vivo, tanto em
humanos como em animais. O ortodontista que estiver familiarizado com esse
tema, certamente estará pronto para usufruir dos benefícios que os avanços no
campo da biologia molecular propiciarão, tanto para a maior eficiência da
movimentação ortodôntica, quanto para o controle de seus efeitos colaterais.
REVISÃO DE LITERATURA
14
2- REVISÃO DE LITERATURA
O primeiro estudo que analisou a presença de RANKL no ligamento
periodontal durante o movimento ortodôntico foi publicado por Shiotani et al.
(2001). Através da movimentação ortodôntica obtida pela inserção de elásticos
separadores entre os molares de ratos durante quatro dias, os autores
detectaram, por meio de técnicas imunohistoquímicas, a presença de
marcação para RANKL no ligamento periodontal submetido à pressão,
principalmente no citoplasma e nas cisternas do retículo endoplasmático
rugoso (RER) dos osteoblastos. RANKL também foi detectada na membrana
plasmática dos osteoblastos e células do estroma. Similar localização
subcelular foi detectada em osteócitos e fibroblastos. Nos osteoclastos,
marcação de RANKL foi detectada na membrana da borda em escova, no
citoplasma adjacente a ela, assim como na zona clara. Esta localização de
RANKL sugeriria, de acordo com os autores, uma função regulatória sobre os
osteoclastos, determinada pela localização de RANKL no RER de osteoblastos,
fibroblastos e células do estroma; associada a uma função reabsortiva,
determinada pela presença na membrana da borda em escova e na zona clara
de osteoclastos. Dessa forma, RANKL expressa por osteoclastos poderia ter
uma função auto-regulatória na sua atividade reabsortiva.
Em outro estudo, Kanzaki et al. (2001) comprovaram que o estímulo
para a ocorrência de reabsorção óssea depende do contato célula-a-célula,
entre as células do ligamento periodontal e células precursoras de
osteoclastos. O cultivo de células precursoras, juntamente com células do
Revisão de literatura 15
ligamento periodontal, estimulou a atividade reabsortiva em dentina bovina
quando comparadas às mesmas células precursoras cultivadas sozinhas.
Essas células precursoras, quando cultivadas em contato indireto (no mesmo
meio, porém, separadas por uma membrana que permitia a passagem de
fatores solúveis, mas impedia o contato célula-a-célula) com as células do
ligamento periodontal, apresentaram uma atividade reabsortiva
significantemente diminuída, assim como o número de células TRAP-positivas
diminuiu de maneira estatisticamente significante. Em paralelo, foi também
constatada a expressão (através de RT-PCR) de RANKL e OPG pelas células
do ligamento periodontal, sendo que a quantidade de OPG (medida através de
ELISA) não se alterou entre os meios cultivados em contato direto e indireto. O
estudo concluiu que as células do ligamento periodontal podem determinar o
aumento da atividade osteoclástica através do contato direto com células
sanguíneas, ou inibir a mesma através da produção contínua de fatores
solúveis.
Após a constatação de que o aumento da atividade osteoclástica se dá
pelo contato célula-a-célula entre células precursoras de osteoclastos
provenientes do sangue e células do ligamento periodontal, Kanzaki et al.
(2002), concluíram que essa atividade pode ser aumentada pelo emprego de
forças de pressão, assim como pela adição de prostaglandina E2 (PGE2) sobre
essas células em cultura. Nesse estudo, o aumento da expressão de RANKL
(medido através de RT-PCR) e do número de osteoclastos (através de
citoquímica) foi proporcional à magnitude e duração da força empregada. No
entanto, após atingir um pico de 2 g/cm2 de magnitude e 24 horas de duração,
não houve mais mudanças estatisticamente significantes no número de
Revisão de literatura 16
osteoclastos; assim como a partir de 2 g/cm2 de magnitude e 48 horas de
duração, a expressão de RANKL não foi aumentada. Já com relação à OPG,
não foi observada qualquer mudança na sua expressão (medida através de
RT-PCR) diante do emprego da força de pressão. Os níveis de PGE2
aumentaram significantemente, proporcionalmente à duração da força aplicada
até um período de 60 horas. A adição de PGE2 exógena ao meio promoveu um
aumento de RANKL (avaliado através de Western Blotting). Os autores
concluíram que o emprego de forças de pressão estimulou a
osteoclastogênese devido a uma maior expressão de RANKL, e não à
diminuição de OPG.
Com o objetivo de estudar o papel de RANKL e OPG na remodelação
óssea durante a movimentação dentária ortodonticamente induzida, Oshiro et
al. (2002), utilizaram elásticos separadores entre os incisivos superiores de
camundongos com deficiência na produção de OPG, fazendo o mesmo em
camundongos normais. Através da imunohistoquímica, observou-se um
aumento da marcação para RANKL em ambos os grupos (animais deficientes
na produção de OPG e animais normais) após 2 e 5 dias de inserção dos
elásticos. Nos camundongos com deficiência em OPG, a marcação para
RANKL foi maior em relação aos camundongos normais, somente no momento
inicial (“dia 0”). A localização de RANKL foi temporalmente diferente entre os
grupos, sendo a marcação observada em osteoblastos e fibroblastos nos
camundongos normais após 2 dias e, adicionalmente, em osteoclastos após 5
dias; já no grupo deficiente em OPG, foi observada marcação em osteoblastos
e fibroblastos após 0 dia e, após 2 e 5 dias, também em osteoclastos. O
número de osteoclastos na região do ligamento periodontal submetida à
Revisão de literatura 17
pressão, assim como a reabsorção óssea, foi maior nos camundongos com
deficiência em OPG após 0, 2 e 5 dias de inserção dos elásticos separadores,
em relação aos camundongos normais. Os autores concluíram que, durante a
movimentação ortodôntica, a osteoclastogênese é regulada por RANKL
positivamente e pela OPG negativamente.
O papel biológico de RANKL e OPG na ativação de osteoclastos foi
estudado, in vitro, por Shiotani et al. (2002). Pré-osteoclastos de camundongos
foram cultivados em presença de RANKL; ou do fator estimulador de colônias
de macrófagos (M-CSF); ou de RANKL e OPG. Já osteoclastos maduros foram
cultivados com RANKL; ou RANKL e OPG. A adição de dentina nos meios
permitiu observar a atividade reabsortiva que, através de microscopia
eletrônica, comprovou ser notadamente aumentada nos meios que receberam
apenas RANKL, tanto para pré-osteoclastos quanto para osteoclastos
maduros. Os pré-osteoclastos, após cultivados com M-CSF, apresentaram
algumas características de osteoclastos (células fundidas, com vários núcleos)
entretanto, não foi observada intensa atividade reabsortiva, assim como nos
meios em que pré-osteoclastos e osteoclastos foram cultivados com RANKL e
OPG. O estudo concluiu que M-CSF não induz a formação de osteoclastos;
RANKL é determinante na maturação e ativação de osteoclastos; e que a OPG
inibe a atividade destas células.
Uma vez elucidado o papel biológico de RANKL e OPG na diferenciação
e maturação de osteoclastos, Kanzaki et al., 2004 comprovaram a influência da
OPG sobre a movimentação dentária ortodonticamente induzida em ratos. Foi
confeccionado um aparelho ortodôntico para produzir movimentação palatina
dos molares e, após a sua ativação, os animais receberam uma injeção
Revisão de literatura 18
subperiostal, na região adjacente ao lado de pressão do ligamento periodontal,
contendo um vetor com o gene específico para indução da expressão de OPG.
Em relação aos animais submetidos apenas à força ortodôntica, os animais
com expressão de OPG induzida apresentaram uma menor atividade
osteoclástica (avaliada através de citoquímica), estatisticamente significante.
Do mesmo modo, nesses animais foi detectada maior marcação
imunohistoquímica para OPG na região do ligamento periodontal. O grupo em
que a expressão de OPG foi induzida também apresentou menor
movimentação dentária, a partir do sétimo até o vigésimo primeiro dia de
ativação, estatisticamente significante, em relação ao grupo submetido apenas
à força ortodôntica. Esses resultados levaram os autores a concluir que, sendo
OPG um receptor que inibe a ação de RANKL, a movimentação ortodôntica é
regulada primariamente pela sinalização de RANKL nas células periodontais.
Para esclarecer as mudanças que ocorrem na expressão de RANKL,
RANK e osteoprotegerina durante a reabsorção óssea, Ogasawara et al.(2004)
avaliaram a quantidade de RANK-RNAm em osteoclastos durante a
movimentação dentária ortodonticamente induzida em ratos, obtida pela
inserção de elásticos separadores entre o primeiro e o segundo molar superior.
A identificação do RNAm foi obtida pela visualização de sondas
(complementares aos RNA-alvos) marcadas, de modo semelhante à marcação
imunohistoquímica, em uma técnica denominada “hibridização in situ”. Em
condições fisiológicas (antes da inserção dos elásticos separadores), foi
evidenciada a expressão de RANKL por osteoclastos, osteoblastos e células do
ligamento periodontal, sendo que os mesmos osteoclastos RANKL-positivos
apresentaram marcação para RANK. A expressão de RANK também foi
Revisão de literatura 19
evidenciada em células mesenquimais indiferenciadas, mas não nos outros
tipos celulares. Já a expressão de OPG foi observada em osteoblastos e
células do ligamento periodontal. Durante a movimentação ortodôntica, o
número de osteoclastos RANKL e RANK-positivos aumentou, sendo
novamente a expressão de ambas concomitante em muitas dessas células. A
expressão de RANKL também sofreu um incremento, mas somente nas células
do ligamento periodontal e não nos osteoblastos. Nenhuma alteração na
expressão de OPG foi aferida. Os autores concluíram que a expressão de
RANK e RANKL ocorre concomitantemente nos osteoclastos, sob condições
fisiológicas, e que essa expressão é aumentada após o emprego da força
ortodôntica (inserção dos elásticos separadores).
Low et al. (2005) descreveram as mudanças na expressão de RANKL e
OPG durante a reabsorção radicular induzida pelo emprego de forças
ortodônticas pesadas em molares de ratos. Através de forças contínuas de
100g direcionadas para produzir mesialização dos primeiros molares inferiores,
foram obtidos dados sobre a expressão de OPG e RANKL nas áreas de tecido
ósseo e radicular submetidas à pressão, através da análise dos produtos da
reação de RT-PCR em tempo real, 14 dias após a instalação do aparelho. Os
resultados apontaram para um aumento discreto na expressão de RANKL,
enquanto que, com relação à OPG, foi detectado um aumento estatisticamente
significante. Os autores concluíram que os níveis de OPG, acima dos de
RANKL, podem ter sido induzidos pela intensa atividade inflamatória
desencadeada pelo emprego de forças ortodônticas pesadas.
Diante das evidências sobre a importância de RANK na diferenciação de
osteoclastos, Aihara, Yamaguchi e Kasai (2006) realizaram um estudo para
Revisão de literatura 20
investigar os efeitos do laser de baixa potência sobre suas células precursoras,
aferindo os níveis de expressão de RANK e quantificando o número de
osteoclastos obtido após o seu emprego. As células (provenientes de ratos) em
cultura foram expostas à radiação do laser de baixa potência de Arseniato de
gálio e alumínio (AsGaAl) por períodos de 1, 3, 6 ou 10 minutos por dia,
durante 8 dias, resultando em doses de 9,33, 27,99, 55,98 ou 93,30 J/cm2,
respectivamente. A radiação foi empregada em um comprimento de onda de
810 nm e potência de 50 mW. O número de osteoclastos foi medido através de
citoquímica e a expressão de RANK por imunohistoquímica. A comprovação da
atividade reabsortiva dos osteoclastos foi feita pela introdução de slices de
dentina no meio e a expressão de RANK pelas células em cultura aferida por
RT-PCR. Os resultados apontaram para um aumento estatisticamente
significante no número de osteoclastos, nas células irradiadas pelos períodos
de 1,3 e 6 minutos por dia, sendo o maior número obtido no período de 3
minutos por dia. As células irradiadas por esse período foram então estudadas
em relação à influência do tempo de exposição ao laser. Através de
citoquímica, observou-se a presença de osteoclastos após 2 dias de irradiação,
sendo que estas células não foram observadas antes de 3 dias nos controles.
A imunohistoquímica revelou uma maior marcação para RANK após 2 e 3 dias
de irradiação. Para esses períodos (2 e 3 dias de irradiação por 3 minutos ao
dia), foi avaliada a expressão de RANK através de RT-PCR e observada uma
banda, correspondente a RNAm para RANK, mais intensa nos meios irradiados
com laser. Ao inserir slices de dentina, constatou-se maior número de lacunas
reabsortivas, estatisticamente significante, nos meios irradiados por laser após
8 dias, por períodos de 1, 3 e 6 minutos por dia, mas não por 10 minutos por
Revisão de literatura 21
dia. Esse aumento da atividade reabsortiva foi proporcional aos períodos,
exceto 10 minutos por dia. Os autores chegaram à conclusão de que a
irradiação com laser de baixa potência (AsGaAl) induz a diferenciação e
ativação de osteoclastos in vitro, via expressão de RANK.
Kanzaki et al. (2006ª) comprovaram a influência de RANKL sob a
movimentação dentária ortodonticamente induzida em ratos, empregando
técnicas de terapia genética. Foi confeccionado um aparelho ortodôntico para
produzir movimentação palatina dos molares e, após a sua ativação, os
animais receberam uma injeção subperiostal, na região adjacente ao lado de
pressão do ligamento periodontal, contendo o vetor com o gene específico para
indução da expressão de RANKL. Em relação ao grupo controle (em que não
foi induzida a expressão de RANKL), foi observada, através de citoquímica,
uma maior atividade osteoclástica e, através de imunohistoquímica, maior
expressão de RANKL na região do ligamento periodontal, ambas
estatisticamente significantes. O grupo em que a expressão de RANKL foi
induzida também apresentou maior movimentação dentária, após a ativação do
aparelho ortodôntico em relação ao grupo controle, também estatisticamente
significante. Esses resultados levaram os autores a concluir que, sendo RANKL
um indutor da atividade osteoclástica, a movimentação ortodôntica pode ser
acelerada pelo emprego da terapia genética por eles empregada.
Para avaliar os níveis de RANKL e OPG durante a movimentação
ortodôntica em humanos, Kawasaki et al. (2006), analisaram o fluído crevicular
de pacientes adolescentes (média de 15.1 anos) e adultos (média de 31 anos).
Os grupos contavam com indivíduos de ambos os sexos, masculino e feminino.
A análise quantitativa foi feita, através de ELISA, nas amostras coletadas no
Revisão de literatura 22
lado em que o ligamento periodontal foi submetido a forças de pressão por
períodos de 0, 1, 24 e 168 horas. Os resultados apresentaram uma maior taxa
de movimentação dentária, estatisticamente significante, nos adolescentes
após 168 horas de emprego da força ortodôntica. Da mesma forma, os níveis
de RANKL apresentaram-se mais elevados após 24 horas, sendo esse
aumento estatisticamente maior nos pacientes adolescentes em relação aos
adultos. No mesmo período, OPG apresentou níveis menores em ambos os
grupos em relação aos controles, sendo que os níveis nos adultos foram ainda
menores. Após 0, 1 e 168 horas, não foi observada diferença estatisticamente
significante em relação aos níveis-controle. Os autores concluíram que a
diminuição da movimentação dentária nos pacientes mais velhos pode ser
relacionada à diminuição dos níveis de RANKL/OPG durante os estágios
iniciais da movimentação ortodôntica.
Para estudar o efeito de forças de tensão sobre a expressão de OPG,
Kanzaki et al. (2006b) utilizaram células de ligamento periodontal humano
cultivadas conjuntamente com células precursoras de osteoclastos. As células
foram submetidas a forças de tensão intermitentes por 30 minutos, 90 minutos,
6 horas, 24 horas, 48 horas ou 72 horas. Através de RT-PCR, os autores
verificaram uma maior expressão estatisticamente significante de OPG, RANKL
e TGF-β sendo, este último, uma citocina relacionada ao controle da expressão
de OPG. Os resultados apontaram para um aumento significativo da expressão
de RANKL, OPG e TGF-β após 48 e 72 horas de aplicação da força de tensão.
As células submetidas a forças de tensão apresentaram uma atividade
reabsortiva, sobre dentina adicionada aos meios, estatisticamente significante
menor. O aumento da expressão de OPG foi dependente de TGF-β, uma vez
Revisão de literatura 23
que a neutralização da citocina no meio provocou uma diminuição de OPG em
uma relação dose-dependente. Os autores concluíram que o emprego de
forças de tensão intermitentes induzem o aumento da expressão de RANKL,
OPG e TGF-β. Não obstante, TGF-β estaria envolvida na regulação da
expressão de OPG dentro deste processo.
Nishijima et al. (2006) também analisaram o fluído crevicular de
pacientes adolescentes dos sexos masculino e feminino, após a aplicação de
forças ortodônticas de pressão sobre o ligamento periodontal humano. A
análise quantitativa foi feita, através de ELISA, nas amostras coletadas no lado
em que o ligamento periodontal foi submetido a forças de pressão por períodos
de 0, 1, 24 e 168 horas e apresentaram uma maior expressão de RANKL e
uma diminuição de OPG, estatisticamente significante, somente no período de
24 horas. Adicionalmente, um estudo in vitro foi realizado em células do
ligamento periodontal humano, cultivadas e submetidas a forças de pressão
crescentes. Foi verificado que ocorreu aumento da expressão de RANKL e
diminuição de OPG, estatisticamente significante, na medida em que a
intensidade da força foi aumentada, até um limite de 2 g/cm2. Sob esta
intensidade de força compressiva, a mudança dos níveis de RANKL e OPG
apresentou o mesmo padrão proporcionalmente ao tempo de emprego da força
(0, 3, 6, 9, 12, 24 e 48 horas). Diante dos resultados obtidos, os autores
concluíram que, no fluído crevicular de humanos, os níveis de RANKL sofrem
aumento e os de OPG diminuição durante a movimentação ortodôntica, no lado
de pressão do ligamento periodontal. Nas células do ligamento periodontal
humano in vitro, as mudanças dos níveis de RANKL e OPG apresentam o
mesmo padrão em uma relação tempo e força-depentendes.
Revisão de literatura 24
Em outro estudo, que analisou como forças de tensão com magnitudes
diferentes podem influenciar a expressão de OPG e RAKNL, Tang, Lin e Li
(2006) utilizaram osteoblastos de camundongos in vitro. As células foram
submetidas a alongamento de 0%, 6%, 12% ou 18% com o incremento da
força de tensão, por um período de 24 horas. A força foi empregada de forma
intermitente e os resultados apresentaram uma diminuição de RNAm (aferido
por RT-PCR) para RANKL, assim como uma diminuição dos níveis de RANKL
(resultados obtidos por ELISA) secretada por osteoblastos, em uma relação
dependente da magnitude da força empregada. Concomitantemente, houve um
aumento da expressão de OPG (resultados obtidos por ELISA). Todas essas
variações revelaram-se estatisticamente significantes. Os autores então
concluíram que diferentes magnitudes de forças de tensão influenciam o
comportamento de osteoblastos, sendo que as mudanças observadas na
expressão de RANKL e OPG podem repercutir na ocorrência da remodelação
óssea.
Com o objetivo de relacionar a expressão de RANKL e o fenômeno de
reabsorção radicular, Yamaguchi et al. (2006), submeteram as células do
ligamento periodontal de pacientes que apresentaram reabsorção radicular
severa nos incisivos centrais após o tratamento ortodôntico à incidência de
forças pressão in vitro. Em relação às células do grupo controle (pacientes que
não apresentaram reabsorção severa), as células submetidas à força de
pressão (2,0 g/cm2), provenientes de primeiros pré-molares, apresentaram
maiores níveis de RANKL a partir do período de 6 horas (aferido por ELISA) e
uma diminuição de OPG (ELISA), sendo essas mudanças estatisticamente
significantes. Esse aumento de RANKL e diminuição de OPG foram
Revisão de literatura 25
proporcionais à duração da aplicação da força até um período de 12 horas. O
número de osteoclastos, analisado através de citoquímica, também se
apresentou estatisticamente maior nas células de pacientes com severa
reabsorção radicular, assim como os níveis de reabsorção de dentina
adicionada aos meios. Os autores concluíram que as células periodontais
derivadas de indivíduos que apresentaram severa reabsorção radicular
produzem uma maior quantidade de RANKL e menor de OPG quando
submetidas a forças de pressão, resultando em uma hiperestimulação da
osteoclastogênese.
Dunn et al. (2007), examinaram o papel da OPG na regulação da
remodelação óssea ortodonticamente induzida em ratos. Através de um
dispositivo ortodôntico, forças contínuas de 54±2 gramas foram empregadas no
sentido de mover mesialmente os primeiros molares superiores de ratos. Doses
de 0,5 e 5,0 mg/kg de OPG recombinante foram injetadas duas vezes por
semana no lado de pressão do ligamento periodontal dos molares
movimentados. A dose de 5,0 mg/kg inibiu a movimentação ortodôntica, de
forma estatisticamente significante, em taxas de 45,7%, 70,6% e 78,7% nos
períodos de 7, 14 e 21 dias respectivamente (medida pela análise de modelos);
assim como diminuiu significantemente o número de osteoclastos
(quantificados por citoquímica) em comparação com o grupo controle, nas
áreas de pressão do ligamento periodontal. A dose de 0,5 mg/kg também inibiu
a movimentação de forma estatisticamente significante, mas em níveis
menores, sendo 43,8% e 31,8% nos períodos de 7 e 14 dias. Os resultados
sugerem, segundo os autores, que a injeção de OPG recombinante nas áreas
submetidas à reabsorção óssea (mucosa palatal adjacente à raiz mesial, de
Revisão de literatura 26
acordo com a direção da força aplicada), inibe a movimentação ortodôntica e
pode contribuir para solução da perda de ancoragem na mecânica ortodôntica.
Garlet et al. (2007) realizaram um estudo onde observaram a expressão
de várias citocinas, além de OPG e RANKL, no ligamento periodontal de
humanos, onde incidiram tanto forças de pressão quanto de tensão in vivo. Os
dentes analisados (pré-molares) foram extraídos 7 dias após o início do
tratamento com expansor Hyrax e, através da análise de RT-PCR em tempo
real, a expressão das diversas citocinas, OPG e RANKL foram avaliadas nos
lados de tensão e pressão do ligamento periodontal. As citocinas TGF-β, TNF-
α e IL-10 apresentaram aumento estatisticamente significante na sua
expressão no grupo experimental, sendo os níveis de expressão de IL-10
maiores no lado de tensão do ligamento periodontal; e TNF-α maiores no lado
de pressão. Com relação a RANKL e OPG, os resultados apontaram uma
maior expressão, estatisticamente significante, de ambas as citocinas tanto nos
lados de pressão quanto tensão. Entretanto, esse aumento da expressão de
RANKL foi estatisticamente maior no lado de pressão em relação à OPG,
assim como o aumento de OPG no lado de tensão revelou-se estatisticamente
maior em relação à RANKL. A expressão de um marcador bioquímico de
formação óssea, a Osteocalcina, também foi analisada e demonstrou um
padrão de variação semelhante à OPG. Os autores concluíram que o estudo
não apresentou evidências da relação de causa-efeito entre as citocinas
analisadas, OPG, RANKL e a resposta tecidual, uma vez que os dados
gerados in vivo são influenciados por um ambiente complexo, onde a presença
de diversos tipos celulares, citocinas e hormônios (que podem interagir e
Revisão de literatura 27
influenciar uns aos outros) podem mascarar os resultados e induzir a
conclusões não condizentes com a realidade.
Segundo Keles et al. (2007) a perda de ancoragem e a recidiva são os
maiores problemas clínicos enfrentados na ortodontia. Nesse contexto, os
autores realizaram um estudo com o objetivo de investigar a eficácia de OPG e
do bisfosfonato (substância capaz de inibir a reabsorção óssea) Pamidronato
na inibição do movimento ortodôntico. Com a utilização de um aparelho
ortodôntico instalado em camundongos, foram empregadas forças iniciais de
22,4 gramas sobre os molares superiores. Após 12 dias de ativação, a força
final correspondia a 20,1 gramas. O número de osteoclastos (avaliado através
de citoquímica) nas áreas de pressão do ligamento periodontal aumentou de
forma estatisticamente significante após 3 dias, atingindo o pico em 4 dias e
persistindo até 12 dias. O movimento obtido foi proporcional ao número de
osteoclastos, sendo aumentado de maneira estatisticamente significante após
8 dias. O índice de apoptose osteoclástica foi muito baixo, o que sugere que o
recrutamento, mais do que a morte celular programada, é um regulador crítico
da atividade reabsortiva sob a ação de forças constantes. Tanto a OPG quanto
o Pamidronato, após injetados subcutaneamente nas áreas adjacentes ao
ligamento periodontal sob pressão, diminuíram o número de osteoclastos, de
forma estatisticamente significante, sendo que o último mostrou-se menos
efetivo (redução de 70%) em relação à OPG (95%). A movimentação
ortodôntica obtida também foi inibida, sendo no nível de 77% com a OPG
(estatisticamente significante), contra 34% com o Pamidronato. Os autores
concluíram que as forças empregadas com essa metodologia desencadeiam o
recrutamento, ativação e função dos osteoclastos; e que a OPG pode ter uma
Revisão de literatura 28
utilidade clínica relevante na prevenção dos movimentos ortodônticos
indesejáveis.
Kim et al. (2007) investigaram as mudanças na expressão de RANKL
pelas células do ligamento periodontal de ratos, submetidas à força ortodôntica
contínua. Em um estudo longitudinal, 15 ratos foram utilizados, sendo que no
grupo experimental os primeiros molares receberam a força ortodôntica
contínua de 17,6 gramas na direção vestibular. Através de reação citoquímica,
osteoclastos foram localizados na distal dos molares não submetidos à força
ortodôntica, e no lado de pressão do ligamento periodontal após 1 dia de
ativação, atingindo o número máximo após 3 e mantendo-se após 7 dias. A
imunohistoquímica revelou marcação de RANKL em osteoblastos,
osteoclastos, células do ligamento periodontal e cementoblastos na região
distal dos molares que não foram submetidos à força ortodôntica, assim como
nas regiões de pressão do ligamento periodontal nos molares vestibularizados.
Em relação ao lado de tensão, o lado de pressão apresentou maior marcação
imunohistoquímica para RANKL após 3 e 7 dias de emprego da força. Os
autores concluíram que as células do ligamento periodontal submetidas a
forças contínuas de pressão expressam RANKL. Além disso, outras citocinas
estariam relacionadas no equilíbrio do processo de reabsorção óssea, posto
que os níveis de RANKL não determinaram o aumento contínuo do número de
osteoclastos nos períodos estudados.
Para estudar os efeitos das forças intermitentes sobre a expressão de
RANKL, OPG e outra citocina, IL-1β, Nakao et al. (2007) empregaram forças de
pressão sobre células periodontais humanas em cultura. As células foram
submetidas a forças de 2,0 ou 5,0 g/cm2, por 2 a 4 dias, 8 horas por dia ou de
Revisão de literatura 29
forma contínua. Através de RT-PCR, foi quantificada a expressão de RANKL,
OPG e IL-1β. As células foram analisadas com relação aos danos causados
pelas forças de pressão, de acordo com o nível de desoxihidrogenase lática
liberada pelas mesmas, obtido através de ELISA. Os resultados apontaram
para um dano celular menor com a força de 2,0 g/cm2 em relação a 5,0 g/cm2.
Na comparação entre forças contínuas e intermitentes, as forças contínuas de
2,0 g/cm2 resultaram em maior dano celular, estatisticamente significante, em
relação às forças intermitentes de mesma intensidade. A expressão de OPG se
mostrou maior nas células controle, nas quais não incidiu a força e menor
proporcionalmente à magnitude e duração da força nas células submetidas à
pressão, sendo que somente após 3 dias a expressão foi menor sob forças
intermitentes em relação às contínuas. Já a expressão de RANKL não foi
detectada nas células controle, porém, as forças intermitentes se mostraram
mais eficientes em estimular a expressão de RANKL em relação às contínuas,
sendo a expressão aumentada proporcionalmente à magnitude da força de
pressão empregada. Já a expressão de IL-1β foi maior sob a incidência de
forças intermitentes de 2,0 g/cm2 após 4 dias. Ao neutralizar a IL-1β do meio
neste período, a expressão de RANKL foi inibida. Os autores concluíram que
as forças de pressão intermitentes podem induzir a expressão de RANKL pelas
células do ligamento periodontal humano in vitro, produzindo menos danos
celulares; e que a IL-1β é um regulador autócrino da expressão de RANKL sob
essas condições.
Em outro estudo, Zuo et al. (2007) observaram a influência da
movimentação dentária ortodonticamente induzida sobre a ativação do Fator
Nuclear kappa β. Através de imunohistoquímica, foi constatado um aumento da
Revisão de literatura 30
ativação do Fator Nuclear kappa β no osso alveolar adjacente ao ligamento
periodontal de incisivos de ratos submetidos à força ortodôntica contínua de 40
gramas. A marcação revelou-se presente em osteoclastos, em baixa
intensidade no grupo controle (sem movimentação); e em alta intensidade após
3 e 12 horas de ativação do aparelho ortodôntico. Osteoclastos de
camundongos em cultura também foram analisados e, após a adição de
RANKL ao meio, não foram observadas mudanças no nível de ativação do
Fator Nuclear kappa β. Através de Western Blotting, foi constatado aumento na
ativação do Fator Nuclear kappa β após os osteoclastos em cultura serem
submetidos a estresse mecânico (as células foram agitadas com uma espátula
plástica). Os autores concluíram que a ativação do Fator Nuclear kappa β se dá
após estímulo ortodôntico.
Com o objetivo de examinar os efeitos do laser de baixa potência
(AsGaAl) na expressão de RANK, RANKL e OPG durante o movimento
dentário ortodonticamente induzido, Fujita et al. (2008) aplicaram força
ortodôntica constante de 10 gramas nos molares de ratos durante 7 dias. O
laser foi irradiado com uma potência de 100 mW em um comprimento de onde
de 810 nm, sendo a dose recebida por cada um dos 25 animais correspondeu
a 54 J/cm2; aplicada uma vez por dia por 3 minuntos em cada ponto da gengiva
adjacente aos molares, nas regiões mesial, palatal e vestibular. Além do grupo
controle (25 animais não irradiados), outros 25 ratos foram irradiados com LED,
seguindo a mesma metodologia, com comprimento de onde de 850 nm,
potência de 75 mW e dose idêntica ao grupo experimental. Cada grupo foi
dividido em 5 subgrupos de 5 animais cada, para análise dos diferentes
períodos de movimentação ortodôntica (1, 2, 3, 4 e 7 dias). A região de pressão
Revisão de literatura 31
do ligamento periodontal foi analisada histologicamente. Através de
imunohistoquímica, foi verificada uma marcação maior para RANKL,
estatisticamente significante, no grupo irradiado com laser em todos os
períodos analisados. A marcação para RANKL foi detectada em osteoclastos,
osteoblastos e células do ligamento periodontal. A marcação para RANK, a
partir de 2 dias de irradiação, foi estatisticamente maior nos animais que
receberam laser e foi visualizada em osteoclastos e células mononucleares no
ligamento periodontal. Marcação imunohistoquímica para OPG foi visualizada
em todos os grupos, mas nenhuma variação foi detectada durante os períodos
analisados, sendo que foi restrita aos osteoblastos. O número de osteoclastos,
avaliado por citoquímica, foi estatisticamente maior nos animais irradiados com
laser a partir de 2 dias de movimentação. A partir de 3 dias da ativação do
aparelho, os animais que receberam a irradiação laser apresentaram maior
movimentação ortodôntica, estatisticamente significante, em relação aos dois
grupos controle (não irradiados e irradiados com LED). Para confirmar os
efeitos observados in vivo, células precursoras de osteoclastos também
receberam, in vitro, irradiação laser com comprimento de onda de 810 nm,
potência de 50 mW e dose correspondente a 27,99 J/cm2; aplicada uma vez
por dia durante 8 dias. Através de RT-PCR, foi detectada uma maior expressão
de RANK, estatisticamente significante, após 2 e 3 dias de irradiação. Com
esses resultados, os autores concluíram que o laser de baixa potência estimula
a velocidade da movimentação ortodôntica, via indução de RANK e RANKL.
Garlet et al. (2008) estudaram, dentre outras proteínas, a expressão de
RANKL e osteocalcina (proteína utilizada como marcador para formação
óssea) nas regiões de tensão e pressão do ligamento periodontal de 16
Revisão de literatura 32
pacientes (32 dentes) submetidos a expansão rápida maxilar, com uma força
intermitente de 7 Newtons (aproximadamente 714 gramas), durante 7 dias. O
ligamento periodontal dos pré-molares extraídos foi analisado logo após a
remoção do disjuntor. Através de RT-PCR, foi detectada uma maior expressão
de RANKL e osteocalcina, estatisticamente significante, tanto no lado de
pressão quanto no lado de tensão em relação ao grupo controle. Entretanto, o
aumento da expressão de RANKL foi estatisticamente maior no lado de
pressão em relação ao lado de tensão, sendo o contrário observado para
osteocalcina. Outras citocinas também apresentaram aumento e diminuição da
expressão variando conforme o lado do ligamento periodontal analisado,
enquanto outras não apresentaram variação. Os autores concluíram que há
uma expressão diferencial de citocinas, RANKL e osteocalcina conforme a
direção de emprego da força, gerando pressão ou tensão, sendo que esse
padrão acarreta o estabelecimento de microambientes distintos que contribuem
para os diferentes padrões de remodelação óssea observados em ambos.
Em outro estudo in vitro, Nakajima et al. (2008) estudaram o efeito de
forças de pressão contínuas (0,5; 1,0; 2,0; 3,0 e 4,0 g/cm2), empregadas
durante 1, 3, 6, 9, 12 e 24 horas, na expressão de RANKL solúvel e do Fator de
crescimento de fibroblastos 2 nas células do ligamento periodontal humano. As
células foram obtidas de pré-molares extraídos durante o tratamento
ortodôntico de seis jovens (14 a 16 anos). Através de ELISA, foi detectado
aumento nos níveis do Fator de crescimento de fibroblastos 2 e RANKL,
estatisticamente significante, após 24 horas de emprego da força,
independentemente da magnitude. Entretanto, a força de magnitude 4,0 g/cm2
demonstrou aumento estatisticamente significante maior em relação às outras
Revisão de literatura 33
magnitudes empregadas. Já a OPG apresentou aumento dos níveis após 24
horas, estatisticamente significante, com diminuição da magnitude das forças
de pressão empregadas, sendo que as forças de 0,5 e 1,0 g/cm2 resultaram em
níveis ainda maiores, estatisticamente significantes, em relação às forças de
maior magnitude. Através de RT-PCR, foi observado também um aumento na
expressão do fator de crescimento de fibroblastos 2 proporcional à magnitude
da força empregada, por um período de 24 horas. A neutralização do Fator de
crescimento de fibroblastos 2 no meio coincidiu com uma diminuição dos níveis
de RANKL e OPG, estatisticamente significante, após 24 horas do emprego da
força de 4,0 g/cm2. Os autores concluíram que o Fator de crescimento de
fibroblastos 2 pode estar parcialmente envolvido na osteoclastogênese durante
a movimentação dentária ortodonticamente induzida.
Nishimura et al. (2008), investigaram a influência da vibração por
ressonância, aplicada sobre o esmalte dentário, na movimentação
ortodonticamente induzida em ratos. Os molares receberam força contínua de
12,8 gramas na direção vestibular por 21 dias, sendo que, durante 8hs, foi
aplicada vibração nesses dentes, após 0, 7 e 14 dias de ativação do aparelho.
Os resultados apontaram para um aumento da movimentação dentária,
estatisticamente significante, através da aplicação da vibração com 21 dias de
ativação. Através de imunohistoquímica, foi detectada uma maior marcação
para RANKL nos animais submetidos à vibração, sendo mais intensa no lado
de pressão do ligamento periodontal. Também foi detectado um aumento no
número de osteoclastos (através de citoquímica e estatisticamente significante)
após 7 dias. A marcação para RANKL foi visualizada em fibroblastos e
osteoclastos no ligamento periodontal submetido à pressão; e em fibroblastos e
Revisão de literatura 34
osteoblastos no lado de tensão. Histologicamente, não foram observadas
diferenças no padrão de reabsorção radicular com a aplicação da vibração
conjuntamente com a força ortodôntica. Os autores concluíram que a aplicação
de vibração sobre os dentes, em conjunto com a força ortodôntica, pode
acelerar o movimento dentário através da indução do aumento da expressão
de RANKL no ligamento periodontal, sem promover aumento de danos
teciduais indesejáveis, como a reabsorção radicular.
Toygar et al. (2008), investigaram o nível de OPG no fluído crevicular de
adolescentes (13 a 17 anos) submetidos à força ordotôntica contínua de 150
gramas (distalização de caninos), no lado de pressão do ligamento periodontal.
As amostras foram colhidas antes da instalação do aparelho e após, 1 hora, 24
horas, 168 horas, 1 mês e 3 meses de ativação do mesmo. A concentração de
OPG foi avaliada por ELISA, sendo que os resultados apontaram uma
diminuição estatisticamente significante, em relação aos níveis basais, após 1
hora, mantendo-se durante os 3 meses analisados. No entanto, o grupo
controle (sem força ortodôntica) apresentou concentrações variáveis que,
quando comparadas com o grupo experimental, não apresentaram diferenças
estatisticamente significantes. Os autores concluíram que OPG é um
importante mediador responsável pela remodelação alveolar durante o
movimento dentário ortodonticamente induzido.
Com o intuito de averiguar a origem dos osteoclastos responsáveis pela
reabsorção óssea durante a movimentação ortodôntica, Xie, Kuijpers e Maltha
(2008), avaliaram espacial e sequencialmente a distribuição dos precursores de
osteoclastos, através da detecção de três receptores: Receptor de M-CSF (c-
Fms), RANK e Receptor de Calcitonina. A diferenciação entre células
Revisão de literatura 35
precursoras e osteoclastos maduros foi feita através de imunohistoquímica. Foi
utilizado o critério de que células precursoras jovens apresentam marcação
para c-Fms, enquanto células precursoras maduras para c-Fms e RANK. A
marcação para o Receptor de Calcitonina é considerada exclusiva de
osteoclastos ativados. Elásticos separadores foram inseridos entre os molares
de ratos, e os períodos de 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 dias foram avaliados. Na medula
óssea, foram detectadas células mononucleares com marcação para c-Fms e
RANK. A marcação para RANK sofreu aumento nessas células,
estatisticamente significante, após 3 dias decrescendo após 6 dias mas
mantendo-se estatisticamente aumentada em relação ao nível basal. A
marcação para c-Fms apresentou variação semelhante, mas não
estatisticamente significante. Já as células multinucleares apresentaram-se em
menor número em relação às mononucleares. Osteoclastos maduros,
apresentando marcação para Receptor de Calcitonina, foram visualizados em
maior número com 2 dias de ativação, decrescendo até os níveis basais, com 6
dias. Na região do ligamento submetida a pressão, as células mononucleares
apresentaram marcação apenas para RANK, tendo seu número elevado
(estatisticamente insignificante) até que, após 3 dias, seguiu diminuindo
progressivamente. As células multinucleares desta região não apresentaram
marcação tanto para c-Fms, quanto para RANK e Receptor de Calcitonina
antes da introdução dos elásticos. Entretanto, após 1 dia de ativação, a
marcação para ambos aumentou, apresentando um aumento no número de
osteoclastos maduros, estatisticamente significante, com 3 dias de ativação,
voltando a diminuir após esse período mas mantendo o aumento
estatisticamente significante em relação aos níveis basais. Os autores
Revisão de literatura 36
concluíram que os precursores de osteoclastos se diferenciam dentro da
medula óssea e então migram para o ligamento periodontal durante os estágios
iniciais da movimentação ortodôntica.
Alves et al. (2009) avaliaram a influência da injeção do Fator de
Crescimento Epidérmico (EGF), via lipossomo, na mucosa adjacente de
molares de ratos submetidos a força ortodôntica contínua de 20 gramas, para
mesialização dos molares superiores. Sendo EGF um fator estimulador da
reabsorção óssea, o lipossomo (vesículas produzidas artificialmente) foi
utilizado como um veículo para a avaliação de seus efeitos sobre a quantidade
de osteoclastos e a movimentação ortodôntica produzida pela ativação do
aparelho. Através de citoquímica, constatou-se um aumento do número de
osteoclastos, estatisticamente significante, até 14 dias após a ativação do
aparelho. Esse aumento esteve correlacionado com uma maior marcação
imunohistoquímica (estatisticamente significante) para RANKL em osteoclastos
e osteoblastos no mesmo período. A movimentação ortodôntica obtida também
apresentou aumento em relação aos controles, estatisticamente significante,
mesmo quando comparada com a injeção de somente EGF (sem lipossomo).
Foi avaliado, para obtenção desses dados, o período de 5 a 21 dias de
ativação. Os autores concluíram que a injeção local de EGF, utilizando como
veículo lipossomos estimula a osteoclastogênese e a movimentação
ortodôntica.
No sentido de avaliar o efeito de outra citocina na movimentação
ortodôntica, Andrade Jr. et al. (2009), também utilizaram RANKL e OPG como
marcadores da atividade osteoclástica. Empregando forças ortodônticas
constantes de 0,1 Newton (aproximadamente 10,2 gramas) para mesializar os
Revisão de literatura 37
molares de ratos, os autores estudaram o papel que um receptor de CCL5
(uma citocina envolvida no recrutamento de osteoclastos), denominado CCR5,
desempenha durante a movimentação dentária ortodonticamente induzida.
Para tanto, a expressão de RANKL e outros marcadores da atividade
osteoclástica; assim como a expressão de OPG, e outros marcadores da
atividade osteoblástica foram avaliadas em ratos deficientes em CCR5. Através
de citoquímica, foram observados osteoclastos na região distal dos molares
antes da ativação do aparelho. Constatou-se um aumento no número de
oseoclastos, estatisticamente significante, na região de pressão do ligamento
periodontal (mesial dos molares) dos animais deficientes em CCR5 e normais,
com 7 dias de ativação. Com 12 dias de ativação, o aumento de osteoclastos
nos animais deficientes em CCR5 foi estatisticamente significantemente maior
em relação aos animais normais. Através de RT-PCR, foi detectada uma maior
expressão de RANKL, estatisticamente significante, a partir de 3 dias de
ativação na mesma região, sendo esse aumento estatisticamente
significantemente maior nos animais deficientes em CCR5 em relação aos
normais. Da mesma forma, detectou-se uma diminuição da expressão de OPG,
estatisticamente significante, após 3 dias de ativação nos animais deficientes
em CCR5. Não obstante, os ratos deficientes em CCR5 apresentaram, após 7
dias, uma movimentação dentária estatisticamente maior em relação aos
animais normais. Esses dados levaram os autores a concluir que o receptor
CCR5 pode desempenhar uma função inibitória sobre a reabsorção óssea
durante a movimentação ortodôntica.
No sentido de desvendar as bases moleculares dos estágios iniciais da
movimentação ortodôntica, Brooks et al. (2009), avaliaram a presença de KI-67
Revisão de literatura 38
(um marcador da proliferação celular), Fator de Transcrição Runt Relacionado
2 (Runx2) e RANKL em ratos submetidos a forças contínuas de 10 gramas na
direção de mesialização dos molares superiores, em períodos de 3 e 24 horas.
Através de imunohistoquímica, foi detectado aumento da marcação para KI-67
e RANKL nas regiões de pressão do ligamento periodontal após 3 horas, sendo
a marcação de RANKL citoplasmática. Após 24 horas, a marcação para
RANKL e KI-67 apresentou-se diminuída. Em contrapartida, foi detectado um
aumento da expressão de Runx2 (considerado um marcador de precursores
osteoblásticos), nas áreas de tensão após 24 horas. Os osteoclastos foram
detectados apenas na região distal da raiz dos molares mesializados, assim
como dos controles (não movimentados ortodonticamente). Os autores
concluíram que o aumento da marcação de RANKL (após 3 horas de ativação)
indica que nesse estágio da movimentação ortodôntica as células estão
envolvidas na sinalização de precursores osteoclásticos. Além disso, a baixa
expressão de KI-67 próxima ao ponto médio das raízes pode representar o
centro de rotação do dente, representando, através da observação de eventos
em nível molecular, a visualização do padrão mecânico da movimentação.
George e Evans (2009) realizaram um estudo para avaliar a liberação de
proteínas da matriz orgânica e citocinas no fluído crevicular em pacientes
apresentando reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico. O fluído
crevicular foi coletado das regiões mesial e distal dos incisivos superiores de 20
pacientes não submetidos a tratamento e sem indícios de reabsorção radicular;
20 pacientes submetidos a tratamento a pelo menos 1 ano com reabsorção
radicular moderada (até 2 mm); e 20 pacientes submetidos a tratamento a pelo
menos 1 ano com reabsorção radicular severa (maior do que 2 mm) . Através
Revisão de literatura 39
de ELISA, foi detectado um aumento da expressão de OPG proporcional ao
grau de reabsorção radicular, no entanto, essa diferença não foi
estatisticamente significante. Por outro lado, o aumento da expressão de
RANKL dos grupos com reabsorção radicular em relação aos controles (sem
reabsorção) demonstrou-se estatisticamente significante, assim como a
diferença na relação entre RANKL/OPG. Os autores concluíram que a
presença de proteínas da matriz orgânica, assim como citocinas, foi confirmada
em pacientes acometidos por reabsorção radicular durante o tratamento
ortodôntico. Além disso, as mudanças no nível de RANKL e na relação
RANKL/OPG podem ser utilizadas para identificar dentes sob o risco de sofrer
reabsorção radicular. Concluíram também que há um aumento de RANKL,
enquanto OPG mantém seus níveis normais durante o tratamento.
Kook et al. (2009), examinaram a influência de forças mecânicas sobre
os fibroblastos da gengiva de humanos na produção de OPG e inibição da
osteoclastogênese. Os fibroblastos foram obtidos do tecido gengival adjacente
aos terceiros molares extraídos de três indivíduos, sendo submetidos à
centrifugação (50 g/cm2) por períodos de 30, 60 e 90 minutos. Através de RT-
PCR, foi verificada uma maior expressão de OPG, estatisticamente significante,
após 30 minutos de centrifugação, mantendo-se nesse nível até 8 horas após o
término da mesma, retornando aos níveis basais após 16 horas. Através de
ELISA, foi detectado um aumento nos níveis de OPG, estatisticamente
significante, somente após 9hs cessada a centrifugação, atingindo o pico após
48 horas. Em relação à RANKL, o aumento foi observado após 9 horas,
mantendo-se constante seus níveis após 48 horas. A adição de IL-1β aos
fibroblastos, 24 horas após a centrifugação, coincidiu com um aumento da
Revisão de literatura 40
detecção de RANKL e OPG, através de ELISA. O mesmo procedimento
realizado com TNF-α não apresentou mudanças nos níveis de RANKL, mas
coincidiu com um aumento de OPG semelhante ao observado com a adição de
IL-1β. Ao cultivar conjuntamente os fibroblastos com células precursoras de
osteoclastos, foi detectada marcação citoquímica para osteoclastos 5 dias após
a centrifugação. Neutralizando-se a OPG deste meio, o número de
osteoclastos aumentou estatisticamente significantemente e, ao analisar essas
células sem a incidência de centrifugação, o incremento foi maior ainda. Os
autores concluíram que a incidência de força centrífuga sobre fibroblastos
gengivais, in vitro, estimula a expressão de OPG por essas células, inibindo a
osteoclastogênese. Portanto, os fibroblastos da gengiva de humanos podem ter
um mecanismo de defesa natural contra reabsorção óssea induzida por
estresse mecânico.
Com o objetivo de estudar os efeitos da inflamação periodontal na
movimentação ortodôntica, Okamoto et al. (2009), instalaram aparelhos
ortodônticos para mesializar os molares de camundongos com forças contínuas
de 10 gramas durante 14 dias, sendo que a periodontite induzida através da
presença de um fio de ligadura ao redor do dente. Os resultados apresentaram
uma diminuição estatisticamente significante na movimentação ortodôntica dos
animais submetidos à inflamação periodontal nos períodos de 7 e 14 dias.
Também foi detectada uma redução estatisticamente significante no número de
osteoclastos (através de citoquímica), nas áreas de pressão do ligamento
periodontal submetido às forças ortodônticas, dos tecidos com inflamação
periodontal induzida. O número de osteoclastos nesses casos foi
estatisticamente significantemente maior nas regiões de septos interradiculares
Revisão de literatura 41
e interdentais. Através de imunohistoquímica, foi visualizado um padrão de
marcação para RANKL idêntico ao observado para osteoclastos, sendo
estatisticamente maior nas regiões do ligamento periodontal submetidas a
pressão nos dentes sem inflamação induzida; e maior nas regiões de cristas
ósseas quando há peridontite. Os autores concluíram que a inflamação dos
tecidos periodontais pode diminuir a eficiência do tratamento ortodôntico.
Tan et al. (2009), estudaram a expressão de RANKL e OPG em ratas
ovariectomizadas, durante a mesialização de molares com força ortodôntica
contínua de aproximadamente 20,4 gramas (0,2 Newton). Uma vez
ovariectomizados, os animais desenvolvem osteoporose e aumento da
velocidade do movimento ortodôntico. Através de imunohistoquímica, foi
avaliada a relação entre o aumento da velocidade do movimento ortodôntico
nestes animais experimentais e a presença de RANKL e OPG. As análises
foram feitas após 0, 1, 3, 5, 7, 10 e 14 dias e os resultados apontaram para
uma maior taxa de movimentação dentária, estatisticamente significante, nas
ratas ovariectomizadas a partir de 5 dias da ativação do aparelho. A marcação
para OPG apresentou aumento, no lado de tensão do ligamento periodontal,
sendo esse aumento estatisticamente significante maior nas ratas não
ovariectomizadas, no período de 7 a 14 dias após a ativação do aparelho. A
expressão de RANKL, no lado de pressão, apresentou-se estatisticamente
significante maior nas ratas ovariectomizadas antes da instalação do aparelho
e a partir de 10 dias de ativação. Foi detectada uma mudança estatisticamente
significante na proporção OPG/RANKL ao longo do tempo somente no lado de
pressão nas ratas ovariectomizadas. Os autores concluíram que a
movimentação dentária ortodonticamente induzida foi maior nas ratas
Revisão de literatura 42
ovariectomizadas, sendo a expressão de RANKL e OPG diferenciada sob
essas condições.
Em outro estudo utilizando terapia a laser, Altan, Sokucu e Ozkut (2010)
analisaram o efeito da irradiação de laser de baixa potência (AsGaAl) nas
áreas de pressão do ligamento periodontal (distal das raízes) de incisivos de
ratos movimentados ortodonticamente. Foi empregada força ortodôntica
contínua de 20 gramas por 8 dias, sendo que os grupo experimentais
receberam irradiação a 820 nm e 100 mW de potência, com 54 J de energia
laser total em um dos grupos e 15 J no outro, em 5 pontos na região
correspondente à distal da raiz dos incisivos. O grupo que recebeu 54 J de
energia total apresentou maior movimentação dentária, embora essa diferença
não tenha sido estatisticamente significante em relação aos outros, no entanto,
através de citoquímica, foi observado um número de osteoclastos
estatisticamente significante maior neste grupo em relação aos demais. Além
disso, o número de osteoblastos foi estatisticamente significante maior nos
grupos que receberam irradiação laser em relação ao controle.
Histologicamente, também foi observado um aumento no número de capilares,
estatisticamente significante maior nos grupos irradiados, sendo esse aumento
proporcional ao tempo de movimentação (analisados períodos após 3 e 7 dias).
O número de células inflamatórias foi maior no grupo que recebeu 54 J de
irradiação em relação aos outros, assim como a taxa de neoformação óssea. A
marcação imunohistoquímica para RANKL foi visualizada em fibroblastos,
osteoblastos e osteoclastos, nas superfícies ósseas submetidas à força
ortodôntica, após 3 e 7 dias. Essa marcação foi mais intensa de maneira
proporcional a energia total irradiada. A marcação de OPG foi visualizada em
Revisão de literatura 43
osteoblastos, fibroblastos e osteoclastos, porém, sem apresentar diferença
entre os grupos. De acordo com esses resultados, os autores concluíram que a
irradiação com laser de baixa potência acelera a remodelação óssea através
do estímulo a proliferação e ativação de osteoblastos e osteoclastos durante o
movimento dentário ortodonticamente induzido.
Han et al. (2010) relatam a “recidiva” como “maior consenso entre os
ortodontistas”. Neste contexto, os autores avaliaram os efeitos da sinvastatina,
um fármaco frequentemente utilizado para diminuição dos níveis de colesterol
sanguíneo em humanos e estimulador da formação óssea, na movimentação
ortodôntica em ratos. Para tanto, molares inferiores foram mesializados,
através do emprego de forças ortodônticas contínuas de aproximadamente 60
gramas, por 21 dias. Logo após, o aparelho ortodôntico foi removido e os
animais do grupo experimental receberam sinvastatina por 4 semanas, em uma
dose de 2,5 mg/Kg por dia. Após a remoção do aparelho, a movimentação
ortodôntica característica de recidiva foi estatisticamente significantemente
menor nos animais que receberam sinvastatina. Através de imunohistoquímica,
detectou-se uma marcação maior, estatisticamente significante, de OPG nos
lados de pressão e tensão do ligamento periodontal no grupo experimental,
sendo o contrário observado para RANKL. Os autores concluíram que a
sinvastatina inibe a reabsorção óssea por osteoclastos e, ao mesmo tempo,
estimula a neoformação provavelmente, através do controle dos níveis de
RANKL e OPG no ligamento periodontal. Portanto, a sinvastatina pode ser útil
na retenção após o movimento ortodôntico.
Tyrovola et al. (2010), avaliaram o nível de OPG e RANKL solubilizados
no fluído crevicular e no sangue de 14 ratos submetidos à reabsorção radicular
Revisão de literatura 44
com o emprego de força ortodôntica contínua de 25 gramas. Os molares de
ratos foram mesializados por 21 dias e então extraídos para quantificar o nível
de reabsorção radicular ocorrido, no terço cervical do lado de pressão do
ligamento periodontal, na raiz mesial, em relação ao grupo controle (dentes que
não foram submetidos à força ortodôntica). As amostras de fluído crevicular
foram extraídas no primeiro dia de emprego da força ortodôntica, sendo obtidas
dos dentes de ancoragem (incisivos). Já as amostras de sangue foram
extraídas da região ocular antes e após o emprego da força ortodôntica. Os
resultados detectaram um padrão de reabsorção radicular mais alto
(estatisticamente significante) em quatro animais. Nesse grupo, com alta taxa
de reabsorção radicular, foi detectada, através de ELISA, uma concentração
estatisticamente significante maior de RANKL no sangue antes do experimento.
Já no fluído crevicular, a concentração de RANKL apresentou forte tendência
de ser diminuída nesse grupo. A concentração de OPG apresentou-se
estatisticamente significantemente menor no sangue dos animais com alta taxa
de reabsorção, após o experimento, mas a concentração no fluído crevicular
não apresentou diferenças significantes. Foi encontrada uma correlação linear
positiva entre a concentração inicial de RANKL no sangue e a diminuição da
taxa de reabsorção radicular. Já a concentração inicial de RANKL no fluído
crevicular apresentou uma correlação linear negativa em relação à sua
concentração inicial sanguínea. Os autores concluíram que a relação entre as
concentrações de OPG e RANKL no sangue provém o melhor prognóstico pré-
tratamento sobre o nível de reabsorção radicular após o tratamento ortodôntico.
Com o objetivo de estabelecer um modelo de cultura de células do
ligamento periodontal humano, mais fidedigno às condições observadas in vivo,
Revisão de literatura 45
Li et al. (2011), avaliaram a expressão de indutores da osteoclastogênese
(inclusive RANKL) em células periodontais humanas cultivadas de forma
tridimensional (3D). Para tanto, foram cultivadas em 3D células do ligamento
periodontal de dentes extraídos por indicação ortodôntica e então submetidas a
forças de pressão de 5, 15, 25 ou 35 g/cm2. Em um experimento paralelo,
células do ligamento periodontal de pré-molares submetidas a forças de
pressão in vivo, por 24 horas, também foram utilizadas. Nas células in vitro
(cultivadas em 3D), as forças a partir de 25 g/cm2 de magnitude, empregada
por 6 horas resultou em uma maior expressão de RANKL, estatisticamente
significante (avaliada através de RT-PCR). Com essa magnitude de força, a
expressão de RANKL apresentou decréscimo com o passar do tempo. Já a
expressão de OPG apresentou-se diminuída, estatisticamente
significantemente, após 6 horas, aumentando após 24 e 72 horas. Outros
indutores de osteoclastogênese foram avaliados e, em relação às células
submetidas à força de pressão in vivo, apresentaram padrão de expressão
semelhante. Os autores concluíram que o modelo apresentado, de cultivo de
células periodontais humanas em 3D, apresenta uma alternativa promissora
para uma efetiva e eficiente ferramenta que possibilitaria o estudo da
biomecânica do movimento dentário ortodonticamente induzido in vitro.
Em outro estudo in vitro (2D), Mitsuhashi et al. (2011), empregaram
forças de pressão durante diferentes períodos (0, 1, 3, 6, 9, 12 e 24 horas) e
com magnitude crescente (1, 2 ou 4 g/cm2), com o intuito de observar se uma
proteína relacionada a estresse celular (HSP70) pode influenciar a expressão
de RANKL, OPG e TNF-α nessas condições. As células utilizadas foram
extraídas do ligamento periodontal de 6 adolescentes (14 a 16 anos) durante o
Revisão de literatura 46
tratamento ortodôntico. A expressão de HSP70 (avaliada através de RT-PCR)
aumentou de maneira estatisticamente significante a partir do período de 6
horas de incidência da força de 4 g/cm2, atingindo o pico após 12 horas e
mantendo-se estável até 24 horas. Com relação à, TNF-α, a expressão foi
aumentada de maneira estatisticamente significante a partir de 1 hora,
atingindo o pico em 9 horas e decaindo até próximo aos níveis iniciais após 24
horas. Já a expressão de RANKL apresentou aumento estatisticamente
significante após 3 horas, atingiu o pico após 6 horas, decaindo levemente
após 9 horas e mantendo-se constante após 24 horas. Não houve mudanças
estatisticamente significantes na expressão de OPG. Através de ELISA, foi
detectado aumento, estatisticamente significante, no nível de HSP70
proporcionalmente á magnitude e duração da força no período analisado. A
adição de HSP70 exógena inibiu a expressão de RANKL e TNF-α, de maneira
estatisticamente significante, proporcionalmente à dose empregada após 6 e
12 horas. Os autores concluíram que a proteína relacionada ao estresse,
HSP70 pode modular a expressão de TNF-α e RANKL nas células do
ligamento periodontal submetidas à força de compressão.
Em outro estudo envolvendo o processo de reabsorção radicular,
Nakano et al. (2011), avaliaram a expressão de M-CSF, c-Fms, RANKL e
RANK nas áreas acometidas por reabsorção radicular após o emprego de força
ortodôntica pesada. Os molares de 40 ratos foram movidos mesialmente, com
força contínua de 10 ou 50 gramas, por períodos de 0, 3, 7 e 10 dias. As áreas
em que o ligamento periodontal foi submetido à pressão foram analisadas. Ao
fim de 10 dias de movimentação, não houve diferenças estatisticamente
significantes entre a quantidade de movimentação dentária obtida nos animais
Revisão de literatura 47
que receberam 10 gramas, em relação aos submetidos a 50 gramas de força
ortodôntica. Microscopicamente, foram detectadas lacunas reabsortivas no
osso alveolar após 7 dias de emprego de força de 10 e 50 gramas nas
superfícies radiculares. Através de citoquímica, constatou-se um número de
oseoclastos estatisticamente significante maior com o uso de 50 gramas de
força ortodôntica. Maior número de odontoclastos foram visualizados após 7
dias com o emprego de força pesada (50 gramas). Após 7 e 10 dias, foi
detectado um aumento da marcação imunohistoquímca para RANKL e M-CSF
em fibroblastos e osteoblastos, assim como para RANK e c-Fms em
osteoclastos, proporcional à magnitude da força empregada. Os autores
concluíram que RANK, RANKL, M-CSF e c-Fms podem estar envolvidos no
processo de reabsorção radicular causado pelo emprego de força ortodôntica
pesada.
Baloul et al. (2011) avaliaram o efeito da indução osteoclástica, via
corticotomia, na movimentação ortodôntica em ratos. Forças contínuas de 25
gramas foram empregadas para mesialização dos primeiros molares por
períodos de 3, 7, 14, 21, 28 e 42 dias. A corticotomia foi realizada sob baixa
rotação e refrigeração constante nas paredes palatinas e vestibulares do osso
adjacente a raiz mesial. Os animais submetidos á corticotomia e força
ortodôntica apresentaram maior movimentação dentária, estatisticamente
significante, em relação aos que não sofreram o procedimento cirúrgico nos
primeiros 7 dias de ativação. A movimentação diminui após 21 dias no grupo
que não foi submetido à corticotomia, sendo que, no grupo operado, a
diminuição ocorreu somente após 28 dias. Após 42 dias, não houve diferenças
estatisticamente significantes entre os dois grupos. Para os experimentos que
Revisão de literatura 48
utilizaram RT-PCR, foram colhidas as áreas do ligamento periodontal ao redor
dos molares, obtendo-se amostras mesiais, distais, vestibulares e linguais. A
expressão de RANKL foi maior (estatisticamente significante) no grupo
submetido à corticotomia em relação ao não operado somente após 28 dias de
movimentação. Já a expressão de OPG aumentou após 3 dias no grupo
submetido à corcotomia e diminuiu no mesmo período no grupo não submetido
ao procedimento cirúrgico, ambos de de forma estatisticamente significante. O
aumento estatisticamente significante no grupo não operado só ocorreu após
14 dias e, após 42 dias, não houve mudanças estatisticamente significantes na
expressão de OPG para ambos os grupos. A expressão do receptor de
calcitonina (CTR) também foi avaliada para detecção dos osteoclastos
maduros. A expressão de CTR apresentou o maior aumento estatisticamente
significante após 3 dias em relação aos outros grupos, decaindo após 7 dias e
sofrendo novo aumento após 14 dias. No grupo sem corticotomia ocorreu
diminuição da expressão de CTR após 14 dias, sendo novamente aumentado
após 21 dias. Em ambos os grupos, houve diminuição após 28 dias, mas a
expressão manteve-se aumentada após 42 dias em relação aos níveis basais.
Os autores concluíram que a corticotomia acelera a movimentação ortodôntica,
através do aumento da taxa de remodelação óssea.
Braga et al. (2011) investigaram o efeito da diabetes sobre a
movimentação ortodôntica. A diabetes foi induzida em 35 camundongos, sendo
que dez receberam injeções de insulina. A movimentação ortodôntica foi
induzida pelo emprego de força contínua de 35 gramas, resultando em
mesialização do primeiro molar. Os camundongos diabéticos que não
receberam insulina apresentaram movimentação ortodôntica maior,
Revisão de literatura 49
estatisticamente significante, após 6 e 12 dias. O número de osteoclastos,
avaliado através de citoquímica na região de pressão do ligamento periodontal,
aumentou em todos os grupos (controle, diabetes, e diabetes + insulina)
nesses períodos, sendo estatisticamente significante maior no grupo de
animais diabéticos que não receberam insulina. Nesse mesmo grupo, a
expressão de RANK (avaliada através de RT-PCR) em todo o ligamento
periodontal não demonstrou diferenças significantes em relação aos controles,
entretanto, foi detectada uma expressão estatisticamente significantemente
aumentada de RANKL após 72 horas de ativação. Os autores concluíram que a
movimentação ortodôntica é facilitada em camundongos diabéticos, mas esse
efeito pode ser revertido pelo controle da hiperglicemia através de insulina.
Além disso, os resultados sugerem que a diabetes altera o padrão de
reabsorção óssea através da mudança no número de osteoclastos e da
expressão de citocinas osteoclastogênicas como RANKL.
Yu, de Vos e Ren (2011) estudaram o papel da OPG na maturação de
osteoblastos. Para tanto, pré-osteoblastos foram cultivados e submetidos à
transfecção (introdução de ácidos nucléicos em células eucarióticas utilizando
vetor viral ou plasmídeo) para hiper-estimular a expressão de OPG. Através de
ELISA, foi detectada uma concentração duas vezes maior (estatisticamente
significante) de OPG secretada por essas células, em relação às células que
não receberam o plasmídeo como gene OPG. A análise com Western blotting
detectou maior quantidade de OPG também no citoplasma das células
transfectadas. A expressão de RANKL (avaliada através de RT-PCR) não
sofreu alterações significantes com a hiper-expressão de OPG, já a expressão
de fosfatase alcalina (um marcador expresso por pré-osteoblastos durante a
Revisão de literatura 50
diferenciação em osteoblastos) sofreu um aumento estatisticamente
significante nas células transfectadas. Com base nesses resultados, os autores
concluíram que a hiper-expressão de OPG em pré-osteoblastos promove sua
diferenciação em osteoblastos maduros.
Com o intuito de investigar a expressão de RANKL e OPG na ocorrência
de reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico, Zhou et al. (2011)
empregaram forças ortodônticas de 100 gramas na mesialização de molares de
40 ratos. Analisando o ligamento periodontal submetido à pressão, assim como
áreas adjacentes foi constatado aumento estatisticamente significante no
número de osteoclastos (citoquímica) e, através de hibridização in situ,
aumento da expressão de RANKL. Os autores concluíram que ocorre maior
expressão de RANKL paralelamente ao aumento do número de osteoclastos e
reabsorção radicular.
DISCUSSÃO
52
3- DISCUSSÃO
É uma constatação da prática clínica que uma das principais
preocupações do paciente submetido ao tratamento ortodôntico se refere ao
tempo de duração do tratamento. O ortodontista frequentemente procura
alternativas para satisfazer a expectativa do seu paciente, finalizar o tratamento
na maior brevidade possível, tendo os objetivos almejados sido alcançados.
Para tanto, há inúmeros sistemas de braquetes, que se renovam e ressurgem
com o passar dos anos, fios confeccionados com diferentes ligas, assim como
diversas alternativas de mecânicas ortodônticas para o mesmo tipo de
movimentação pretendida. Por outro lado, o ortodontista pode se deparar em
seu caminho com talvez os maiores óbices da prática ortodôntica, a perda de
ancoragem e a ocorrência de reabsorções radiculares.
Dentro desse contexto, muitos estudos têm investigado terapias que
permitam abreviar o tempo de tratamento ortodôntico, com foco nos eventos
que ocorrem em nível molecular e culminam com a remodelação óssea, essa
imprescindível para que ocorra a movimentação dentária (AIHARA;
YAMAGUCHI; KASAI, 2006; KANZAKI et al., 2006ª; FUJITA et al., 2008;
NISHIMURA et al., 2008; ALVES et al., 2009; ALTAN; SOKUCU; OZKUT,
2010; BALOUL et al., 2011).
Com este enfoque, em nível molecular, o indesejado fenômeno de
reabsorção radicular tem sido abordado no sentido de encontrar subsídios para
aumentar a segurança do paciente submetido a terapia ortodônticas (LOW et
53
al., 2005; YAMAGUCHI et al., 2006; GEORGE; EVANS, 2009; NAKANO et al.,
2011; TYROVOLA et al., 2010; ZHOU et al., 2011); assim como a perda de
Discussão 54
ancoragem, apontando promissoras terapias, alternativas ao uso de
dispositivos como mini-implantes ortodônticos (KANZAKI et al., 2004; DUNN et
al., 2007; KELES et al., 2007; HAN et al., 2010).
Na última década, ficou evidenciado o papel de três moléculas-chave
que desempenham papel crucial na remodelação óssea estimulada pelo
emprego da força ortodôntica. São elas o Receptor Ativador do Fator Nuclear
kappa beta – RANK, seu ligante – RANKL e a osteoprotegerina – OPG
(KANZAKI et al., 2001; SHIOTANI et al., 2002; DUNN et al., 2007; BROOKS et
al., 2009; LI et al., 2011; TAN et al., 2009).
A ligação entre RANK e RANKL é determinante para que ocorra a
reabsorção óssea nas áreas adjacentes ao ligamento periodontal submetido às
forças de pressão (KANZAKI et al., 2001; SHIOTANI et al., 2002; BROOKS et
al., 2009). Já a OPG, uma proteína solúvel, é expressa por osteoblastos e
fibroblastos do ligamento periodontal (OGASAWARA et al., 2004). A OPG se
liga com RANKL, bloqueando a ativação de RANK e inibindo a reabsorção
óssea (OSHIRO et al., 2002; DUNN et al., 2007; TAN et al., 2009).
O contato direto entre as células precursoras de osteoclastos e as
células do ligamento periodontal é crucial para que ocorra a osteoclastogênese.
Portanto, antes da secreção de fatores solúveis que promovam a maturação de
osteoclastos, o fluxo de células precursoras sanguíneas ao ligamento
periodontal é fundamental para o estímulo da reabsorção óssea (KANZAKI et
al., 2001).
Apesar de outras moléculas guardarem importância sobre a maturação e
ativação de osteoclastos, Shiotani et al. (2002), comprovaram que RANKL
Discussão 55
exerce papel determinante nesse processo. Mesmo o fator estimulador de
colônias de macrófagos não é capaz de promover a maturação completa de
osteoclastos in vitro, sendo que, apenas da presença de RANKL, os pré-
osteoclastos são convertidos em células com função reabsortiva sobre o tecido
ósseo. Já a OPG inibi a formação de bordas em escova e, logo, a atividade
reabsortiva de osteoclastos. O aumento da expressão de RANKL determina,
segundo Kanzaki et al. (2002), o aumento proporcional da reabsorção óssea.
Portanto, RANKL expressa na superfície de osteoblastos e células do
ligamento periodontal é a principal molécula responsável pela reabsorção
óssea, uma vez que pode promover a maturação e ativação de osteoclastos
através da ligação com RANK que, conforme demonstrado por Ogasawara et
al. (2004), é expresso pelas células precursoras e osteoclastos inativados.
Outro achado que evidencia o papel de RANKL é a presença dessa
molécula na zona clara de osteoclastos, conforme estudos de Shiotani et al.
(2001). Por ser uma zona desprovida de organelas encontrada apenas em
osteoclastos ativados (TEN CATE; 2008), as moléculas de RANKL ali
presentes podem estar sendo transportadas para o meio extracelular. Como já
sabido, lisossomos participam desse trânsito, enviando enzimas como a
fosfatase ácida para a região de reabsorção óssea (TEN CATE; 2008). Os
osteoclastos maduros teriam, portanto, um mecanismo de regulação autócrina,
uma vez que essas mesmas células podem expressar RANKL e RANK
concomitantemente, como elucidado por Ogasawara et al. (2004).
O fato de os próprios osteoclastos expressarem tanto RANKL quanto
RANK, poderia levantar a hipótese de que essas células, ao receber o estímulo
Discussão 56
adequado, seriam capazes de iniciar o processo de reabsorção óssea
sozinhas.
Entretanto, o estudo de Oshiro et al. (2002) demonstraram, em cobaias,
que a expressão de RANKL por osteoclastos guarda um atraso de 72 horas em
relação a RANKL expresso por fibroblastos e osteoblastos. Portanto, RANKL
expresso por osteoclastos só participa da regulação da reabsorção óssea em
um segundo momento, após o processo ter sido deflagrado. Dessa forma, a
expressão de RANKL por osteoclastos é uma evidência da atividade
osteoclástica ou, vsitos de outra forma, RANKL é um marcador da atividade
osteoclástica (ANDRADE JR. et al., 2009).
Mas o que deflagraria o processo de reabsorção óssea? Shiotani et al.
(2001) submeteram cobaias a forças ortodônticas de pressão e estudaram a
localização de RANKL e RANK no ligamento periodontal, no entanto, os
autores não relacionaram a expressão dessas proteínas ao estímulo aplicado.
Já Oshiro et al. (2002), assim como Ogasawara et al. (2004) e Kim et al.
(2007), citaram o aumento da expressão de RANKL após a aplicação das
forças de pressão, mas não submeteram seus resultados à análise estatística.
A seguir será explanado como a direção da força ortodôntica, a terapia
genética, a utilização de fármacos, a laserterapia, condições patológicas e a
reabsorção radicular influenciam e/ou estão relacionados com RANKL e OPG.
Nos próximos parágrafos, será elucidado como a reabsorção óssea é
deflagrada através do aumento de RANKL. Em continuação, como ela pode ser
modulada, através da alteração nos níveis de RANKL e OPG, para produzir a
Discussão 57
movimentação ortodôntica com a maior eficiência e menor dano tecidual
possível.
3.1- AS FORÇAS DE PRESSÃO
Os precursores de osteoclastos se diferenciam dentro da medula óssea
e então migram para o ligamento periodontal durante os estágios iniciais da
movimentação ortodôntica (XIE; KUIJPERS; MALTHA, 2008).
Kanzaki et al. (2002) foram os primeiros autores a demonstrar,
estatisticamente, o aumento da expressão de RANKL e do número de
osteoclastos através do emprego de forças de pressão sobre células do
ligamento periodontal e células precursoras de osteoclastos in vitro. Ambos os
aumentos foram proporcionais à magnitude e o tempo de aplicação da força de
pressão, até que, após um determinado nível de magnitude e passadas
algumas horas, não houve mais aumento, tanto da expressão de RANKL
quanto no número de osteoclastos. Com relação aos níveis de OPG, os
autores não relataram qualquer mudança. Em outro estudo semelhante, Nakao
et al. (2007) apresentaram resultados que sugerem que forças de pressão
leves e intermitentes são as ideais para induzir a expressão de RANKL, em
quantidade e com menor dano celular, entretanto, não foi apresentada análise
estatística desses dados. Já Nakajima et al. (2008) constataram o aumento da
expressão de RANKL, proporcional ao tempo e magnitude da força de pressão
empregada.
Já foi largamente difundido o conceito de “força ótima” em magnitude e
tempo para realização de tratamentos ortodônticos em humanos, sendo que,
Discussão 58
esses resultados, são os indícios moleculares de como e por que isso ocorre.
Entretanto, o fato desses dados a respeito da expressão de RANKL sob a
influência de forças de pressão terem sido obtidos in vitro, além de alguns
serem apresentados sem análise estatística, exige que sejam guardadas
ressalvas antes de se afirmar que o mesmo ocorre em humanos, in vivo.
Outros resultados concordantes com o conceito de “força ótima” foram
obtidos por Li et al. (2011), também in vitro. Foi constatado que, com o
aumento do tempo de aplicação das forças de pressão sobre células do
ligamento periodontal, os níveis de RANKL, antes aumentados, apresentaram-
se diminuídos, sendo o contrário observado para OPG. Apesar das ressalvas
com que se deve analisar os resultados in vitro, há de se levar em
consideração que o tempo de aplicação da força, e não só a sua direção,
podem influenciar diferentemente a expressão de RANKL e OPG. Resultados
semelhantes de Mitsuhashi et al. (2011), corroboram com Li et al. (2011). No
entanto, a diminuição de RANKL com o aumento do tempo de aplicação da
força de pressão não foi estatisticamente significante.
Kanzaki et al. (2006ª) aplicaram um modelo em que a expressão de
RANKL foi estimulada através de terapia genética e força ortodôntica em ratos.
Pode-se constatar in vivo, que o aumento da expressão de RANKL na região
do ligamento periodontal submetido a forças de pressão estimula a
osteoclastogênese e, como conseguinte, a movimentação ortodôntica. Esses
resultados são sustentados por Zuo et al. (2007), que constataram a ativação
do Fator Nuclear kappa β após o emprego de força ortodôntica em cobaias.
Discussão 59
O aumento da expressão de RANKL em relação a OPG, no ligamento
periodontal submetido a forças ortodônticas contínuas de pressão foi
demonstrado por Kim et al. (2007). Em acordo com esses dados, Brooks et al.
(2009) observaram aumento de RANKL no ligamento periodontal sob forçars
ortodônticas de pressão, também em cobaias Entretanto, nesses estudos in
vivo, não foi apresentada análise estatística dos dados obtidos.
Os primeiros estudos em humanos que avaliaram os níveis de OPG e
RANKL no ligamento periodontal após o emprego de forças de pressão são de
Kawasaki et al. (2006) e Nishijima et al. (2006). Ambos relataram aumento nos
níveis de RANKL e diminuição de OPG após 24 horas da ativação do aparelho
fixo, na região de pressão do ligamento periodontal. Entretanto, em outro
estudo em humanos, Garlet et al. (2007) relataram aumento tanto nos níveis de
OPG quanto de RANKL, sendo que no lado de pressão do ligamento
periodontal, o aumento de RANKL foi mais pronunciado. Com relação a
RANKL, os mesmos resultados foram obtidos em outro estudo de Garlet et al.,
2008. Concordando com Kawasaki et al. (2006) e Nishijima et al. (2006), o
estudo de Toygar et al. (2008) também demonstrou em humanos que, sob
forças ortodônticas de pressão, há uma diminuição dos níveis de OPG no
ligamento periodontal.
Esses diferentes resultados, principalmente com relação a OPG,
comprovam que a região do periodonto estudada, assim como o tipo e
magnitude de força empregada podem influenciar sensivelmente nos dados
obtidos. Nos trabalhos de Garlet et al., são analisados o ligamento periodontal
de pré-molares extraídos submetidos à ancoragem para disjunção maxilar não
cirúrgica (força ortopédica); já nos trabalhos de Kawasaki et al. (2006),
Discussão 60
Nishijima et al. (2006) e Toygar et al. (2008), é analisado o fluído crevicular de
caninos submetidos à retração após a extração de primeiros pré-molares (força
ortodôntica). A despeito da metodologia empregada, pode-se concluir que, sob
a influência de forças de pressão in vivo, os níveis de RANKL sofrem um
aumento no ligamento periodontal (KAWASAKI et al., 2006; NISHIJIMA et al.,
2006; GARLET et al., 2007; 2008). Já os níveis de OPG podem ser
aumentados também sob forças de pressão, quando estas apresentam
grandes magnitudes, neste caso, forças ortopédicas (GARLET et al., 2007) ou
diminuídos sob a ação de forças ortodônticas (TOYGAR et al., 2008).
Outro fato que chama a atenção para o aumento de OPG observado por
Garlet et al. (2007) no lado de pressão do ligamento peiodontal, é que os
autores não mencionam o intervalo de tempo entre o fim da ativação do
aparelho e a remoção do mesmo, no momento em que foram feitas as
análises. Como demonstrado por Mitsuhashi et al. (2011) e Li et al. (2011) o
tempo de aplicação da força pode, além de sua direção e magnitude,
influenciar na expressão de RANKL e OPG.
3.2- AS FORÇAS DE TENSÃO
Assim como as forças de pressão, as forças de tensão também
demonstraram, in vitro, influenciar a expressão de RANKL e OPG em células
do ligamento periodontal. Kanzaki et al. (2006b) constataram aumento de
RANKL e OPG. Com relação à atividade reabsortiva, foi evidenciada uma
diminuição, estatisticamente significante, nas células submetidas à tensão.
Tang, Lin e Li (2006) concluíram, em estudo semelhante, que há aumento da
Discussão 61
expressão de OPG e diminuição de RANKL, proporcional a magnitude da força
de tensão aplicada sobre osteoblastos. Apesar dos estudos utilizarem forças
intermitentes, os resultados díspares com relação à RANKL podem ser
explicados pela duração de emprego da força de tensão ser diferente. A
diminuição de RANKL foi constatada após 24 horas; e o aumento após 48
horas. Entretanto, ambos os estudos concordam em afirmar que o emprego de
forças de tensão intermitentes promovem aumento nos níveis de OPG in vitro.
Com relação aos resultados obtidos in vivo, foi demonstrado que os
níveis de OPG no ligamento periodontal de humanos são aumentados quando
do emprego de forças de tensão pesadas (ortopédicas), o mesmo ocorrendo
com RANKL, porém, em menor escala (GARLET et al., 2007; 2008).
Apesar de os estudos evidenciarem o aumento de OPG nas células
periodontais submetidas às forças de tensão (KANZAKI et al., 2006b; TANG;
LIN; LI, 2006; GARLET et al., 2007; 2008), o resultado obtido por Kanzaki et al.
(2006b) torna-se o mais relevante sobre o aspecto clínico, uma vez que foi
evidenciado uma diminuição da atividade reabsortiva dos osteoclastos in vitro.
Yu, de Vos e Ren et al. (2011), observaram o comportamento de pré-
osteoblastos in vitro que foram estimulados geneticamente a expressar OPG. O
estudo concluiu que o aumento nos níveis de OPG não influenciou RANKL,
mas promoveu estímulo maior à maturação de osteoblastos. Portanto, além de
inibir a atividade osteoclástica, a OPG exerce importante papel na neoformação
óssea que ocorre no lado de tensão (através do estímulo à maturação de
osteoblastos) do ligamento periodontal, uma vez já comprovado o aumento dos
níveis de OPG sob forças de tensão (KANZAKI et al., 2006b; TANG; LIN; LI,
Discussão 62
2006; GARLET et al., 2007; 2008). Assim como RANKL representa um
marcador da atividade osteoclástica, a OPG é um marcador da atividade
osteoblástica (ANDRADE JR. et al., 2009).
3.3- TERAPIA GENÉTICA
No momento atual, a ciência tem obtido avanços significativos no estudo
da genética. Através da terapia genética, Kanzaki et al. (2004 e 2006ª)
promoveram a aceleração e o retardamento da movimentação ortodôntica in
vivo. Através da indução da expressão de RANKL no ligamento periodontal
submetido a forças de pressão, Kanzaki et al. (2006ª) observaram um aumento
da movimentação ortodôntica. Em outro estudo utilizando a mesma
metodologia, Kanzaki et al. (2004) estimularam a expressão de OPG e
constataram uma diminuição da movimentação ortodôntica. Ambos os estudos
têm grande relevância clínica, uma vez que foram realizados in vivo.
Entretanto, ainda não há evidências suficientes para que a técnica seja
empregada com segurança em humanos.
3.4- FÁRMACOS
Uma vez que as terapias genéticas ainda não encontram respaldo
científico para aplicação em humanos, o estudo de Keles et al. (2007) busca
como alternativa a utilização de fármacos para influenciar a movimentação
ortodôntica. O Pamidronato dissódico, largamente utilizado no tratamento da
osteoporose, foi avaliado como inibidor da movimentação ortodôntica in vivo,
uma vez que atua na inibição da atividade osteoclástica (KELES et al., 2007).
Discussão 63
Os resultados apontaram para uma diminuição de 34% na movimentação
ortodôntica, porém, não estatisticamente significante, com a injeção local do
fármaco. Em contrapartida, a injeção de OPG demonstrou-se eficiente
(estatisticamente significante) na inibição da movimentação ortodôntica. Apesar
dos resultados obtidos com a injeção de OPG, não há fármacos com esse
princípio ativo que tenham aplicação comprovadamente segura em humanos.
No sentido de acelerar a movimentação ortodôntica, Alves et al. (2009)
avaliaram os efeitos da injeção local do Fator de Crescimento Epidérmico
(EGF) in vivo. Apesar de os autores constatarem um aumento estatisticamente
significante na movimentação ortodôntica após 14 dias da ativação do
aparelho, no caso do EGF também não há evidências científicas que suportem
sua aplicação em humanos.
Além da utilização de fármacos para acelerar (ALVES et al., 2009) ou
inibir (KELES et al., 2007) a movimentação ortodôntica, Han et al., em 2010,
estudaram uma alternativa para solucionar o problema da recidiva nos
tratamentos ortodônticos. Nesse estudo, Han et al. (2010) prescreveram
Sinvastatina a cobaias e, in vivo, observaram que a recidiva após o uso do
aparelho fixo apresentou-se significantemente reduzida. Além desses dados,
foi constatado um aumento dos níveis de OPG no ligamento periodontal nesses
casos. Isso indica que, não obstante o aumento dos níveis de OPG inibir a
movimentação ortodôntica (KANZAKI et al., 2004), também a movimentação
dentária característica de recidiva pós tratamento ortodôntico também é
reduzida (HAN et al., 2010).
Discussão 64
Entretanto, apesar da Sinvastatina (HAN et al., 2010) já ser, como o
Pamidronato (KELES et al., 2007), largamente utilizada, ainda não há estudos
que comprovem a sua eficácia em prevenir a recidiva ortodôntica em humanos.
Portanto, o uso de fármacos que influem nos níveis de OPG e RANKL
no ligamento ortodôntico, ainda não encontra respaldo científico para aplicação
clínica.
3.5- VIBRAÇÃO POR RESSONÂNCIA
Nishimura et al. (2008) constataram aumento da movimentação
ortodôntica através do emprego de vibração por ressonância sobre o esmalte
dentário de cobaias. Concomitantemente, foi observado aumento nos níveis de
RANKL, embora não revelados estatisticamente significantes. Embora seja um
pouco invasivo, há poucas evidências científicas que respaldem o emprego
desse método em humanos com o propósito de estimular a movimentação
ortodôntica.
3.6- LASERTERAPIA
O uso do laser na área médica e odontológica já é bastante difundido
atualmente. No entanto, o primeiro estudo a relacionar variação da atividade
osteoclástica, via RANKL, através de laserterapia foi realizado por Aihara,
Yamaguchi e Kasai, em 2006. Esses autores demonstraram estimulação da
osteoclastogênese, assim como da atividade reabsortiva, nas células
precursores de osteoclastos irradiadas com laser de baixa potência (AsGaAl) e
Discussão 65
citaram um aumento dos níveis de RANKL (não confirmado estatisticamente).
Corroborando com esse estudo, Fujita et al. (2008) realizaram experimentos, in
vivo, em que comprovaram, além do aumento dos níveis de RANKL e do
número de osteoclastos nas áreas de pressão do ligamento periodontal, maior
movimentação ortodôntica com a irradiação do laser de baixa potência
(AsGaAl) de forma estatisticamente significante. No entanto, o laser não
demonstrou qualquer influência sobre os níveis de OPG.
Altan, Sokucu e Ozkut (2010), em estudo semelhante, confirmaram os
resultados obtidos por Fujita et al. (2008), porém, relataram aumento não
estatisticamente significante na movimentação ortodôntica. Em ambos os
estudos, foi empregada a mesma dose de laserterapia em cada cobaia (54 J).
A diferença entre ambos restringiu-se a duas variáveis importantes; enquanto
Fujita et al. (2008) utilizaram 25 cobaias no grupo experimental e força de 10
gramas aplicada à molares, Altan, Sokucu e Ozkut (2010) fizeram uso de 11
cobaias e força de 20 gramas aplicada à incisivos.
Se por um lado a maior amostra confere maior valor estatístico ao
estudo de Fujita et al. (2008), o estudo de Altan, Sokucu e Ozkut (2010)
emprega força ortodôntica de intensidade duplicada (20 gramas versus 10
gramas). Além disso, o fato da análise deter-se sobre elementos dentais
diversos (incisivos e molares), não permite uma conclusão que valide mais um
dos estudos em detrimento do outro.
Apesar de não haver estudos, em humanos, comprovando o aumento da
movimentação ortodôntica através da variação dos níveis de RANKL/OPG com
laserterapia, o emprego do laser de baixa potência já mostra eficácia no
Discussão 66
aumento da movimentação ortodôntica em estudos pré-liminares (CRUZ et al.,
2004; YOUSSEF et al., 2007).; além de comprovar-se eficaz e seguro no alívio
da dor causada pela ativação do aparelho ortodôntico (LIM; LEW; TAY, 1995;
TURHANI et al, 2006; TORTAMANO et al, 2009).
No Brasil, a norma adotada para regulamentar o uso do laser de baixa
potência é a da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que, por
sua vez, tem base na norma européia IEC 60601-2-22. O laser de AsGaAl
pode ser classificado como pertencente a Classe IIIb e demanda, por isso, o
uso de óculos de proteção (específico para o comprimento de onda utilizado) e
dispositivo de interrupção de emissão laser.
Portanto, apenas a realização de mais estudos respaldando a utilização
do laser de baixa potência para aumento da movimentação ortodôntica em
humanos é aguardada para que seu emprego possa ser difundido para este fim
(CRUZ et al., 2004; YOUSSEF et al., 2007). Entretanto, já é confirmado pela
literatura a eficácia e segurança do emprego dessa terapêutica no alívio da dor
resultante da ativação do aparelho ortodôntico (LIM; LEW; TAY, 1995;
TURHANI et al, 2006; TORTAMANO et al, 2009).
3.7- DESCORTICALIZAÇÃO ÓSSEA
A descorticalização (remoção da cortical óssea) tem-se demonstrado um
método eficaz de aumentar a movimentação ortodôntica em humanos (KIM et
al., 2009; WILCKO et al., 2009). Baloul et al. (2011) constataram, em cobaias,
que concomitantemente à maior movimentação ortodôntica, há aumento na
expressão de RANKL através do emprego dessa técnica. Entretanto, trata-se
Discussão 67
de um procedimento cirúrgico, onde há a remoção parcial da cortical óssea no
entorno das raízes dos dentes a serem movimentados.
3.8- CONDIÇÕES PATOLÓGICAS LOCAIS E SISTÊMICAS
O primeiro indício de que condições patológicas sistêmicas podem
influenciar a expressão de RANKL e, por conseqüência, a movimentação
ortodôntica foi apresentado por Braga et al., em 2011. Cobaias diabéticas, além
de apresentarem maior movimentação ortodôntica, têm a expressão de RANKL
aumentada no ligamento periodontal submetido a forças de pressão (BRAGA et
al., 2011).
Segundo Okamoto et al. (2009), a saúde local do tecido periodontal
também tem influência sobre as mudanças nos níveis de RANKL observados
durante a incidência de força ortodôntica. O aumento da expressão de RANKL
nas áreas do ligamento periodontal sob a incidência de forças de pressão tem
um padrão alterado na presença de doença periodontal, sendo os maiores
níveis de RANKL observados nas regiões da crista óssea. Não obstante, nas
áreas onde o ligamento encontra-se comprimido, a expressão de RANKL é
menor em relação ao ligamento periodontal saudável. Já foi demonstrado, in
vitro, que fibroblastos gengivais, embora sobre a influência de forças de
pressão, têm a expressão de OPG aumentada, no que pode ser um
mecanismo de defesa contra reabsorção da crista alveolar (KOOK et al., 2009).
A doença periodontal, portanto, além de suplantar esse mecanismo de defesa,
tem o potencial de inibir a movimentação ortodôntica através da menor
expressão de RANKL nas outras áreas de pressão do ligamento periodontal.
Discussão 68
3.9- REABSORÇÃO RADICULAR
A reabsorção radicular é um fenômeno de etiologia multifatorial que
pode acometer os dentes submetidos a tratamento ortodôntico, principalmente
nos casos onde esse tratamento se estende por longo período; e/ou emprega
forças ortodônticas pesadas (LOW et al., 2005; YAMAGUCHI et al., 2006;
GEORGE; EVANS, 2009; NAKANO et al., 2011; TYROVOLA et al., 2010;
ZHOU et al., 2011; JUNG; CHO, 2011).
Recentemente, as moléculas envolvidas no processo de reabsorção
radicular têm sido o foco de vários estudos, em especial RANKL e OPG (LOW
et al., 2005; YAMAGUCHI et al., 2006; GEORGE; EVANS, 2009; NAKANO et
al., 2011; TYROVOLA et al., 2010; ZHOU et al., 2011).
O aumento dos níveis e expressão de RANKL está relacionado à
reabsorção radicular, seja no fluído crevicular, no ligamento periodontal ou no
sangue circulante, in vitro e in vivo (YAMAGUCHI et al., 2006; GEORGE;
EVANS, 2009; NAKANO et al., 2011; TYROVOLA et al., 2010; ZHOU et al.,
2011). Em apenas um estudo (LOW et al., 2005), realizado in vivo, foi
constatado aumento na expressão de OPG nas áreas de pressão do ligamento
periodontal dos dentes que sofreram reabsorção radicular.
O fato de cobaias acometidas por reabsorção radicular durante o
tratamento ortodôntico com forças leves apresentarem, antes do tratamento,
maiores níveis séricos de RANKL em relação àquelas não acometidas, aponta
um método de predizer o risco de um indivíduo apresentar reabsorção radicular
antes do início do tratamento através de um exame sanguíneo (TYROVOLA et
al., 2010). Entretanto, apenas o estudo de Tyrovola et al. (2010), realizado em
Discussão 69
cobaias, fornece evidências para aplicação deste método, que utiliza RANKL
como marcador biológico para reabsorção radicular.
Um método de induzir a reabsorção radicular em pesquisas científicas é
o emprego de forças ortodônticas pesadas (LOW et al., 2005; NAKANO et al.,
2011; ZHOU et al., 2011). O aumento da magnitude da força ortodôntica é
proporcional ao aumento de RANKL (KANZAKI et al. 2002; NAKAJIMA et al.
2008; NAKAO et al. 2007). Porém, a partir de uma magnitude muito elevada,
há uma diminuição de RANKL (KANZAKI et al. 2002; LI et al. (2011)
MITSUHASHI et al. 2011). Essa diminuição de RANKL pode ser uma maneira
de reequilibrar a proporção fisiológica entre RANKL/OPG, uma vez que ela
encontre-se muito alterada. Entretanto, não há evidências da existência desse
mecanismo de regulação entre RANKL e OPG.
Portanto, o aumento de RANKL está relacionado à reabsorção radicular,
sendo a incidência de forças ortodônticas pesadas por longos períodos o
principal fator desencadeador desse processo.
CONCLUSÃO
71
4- CONCLUSÃO
Fazendo uma análise dos trabalhos científicos apresentados, julga-se
lícito concluir que:
• A RANKL RANK e OPG têm papel fundamental no processo de
maturação e ativação dos osteoclastos.
• Enquanto RANKL estimula a reabsorção óssea, OPG a inibe.
• A direção da força ortodôntica pode influenciar na expressão de
RANKL, no sentido de que forças de pressão aumentam os níveis de RANKL,
enquanto forças de tensão aumentam os níveis de OPG no ligamento
periodontal.
• A magnitude da força ortodôntica pode influenciar na expressão de
RANKL. Os níveis de RANKL aumentam proporcionalmente à magnitude da
força ortodôntica de pressão, até um limite.
• A OPG inibe a movimentação dentária, tanto ortodôntica quanto de
recidiva em cobaias. No entanto, não há ainda respaldo científico para o
emprego de terapias que aumente os níveis de OPG com o intuito de evitar a
recidiva pós-tratamento ortodôntico em humanos.
• Condições patológicas locais e sistêmicas podem influenciar na
expressão de RANKL e, portanto, na movimentação ortodôntica.
• O laser de baixa potência induz a expressão de RANKL e acelera a
movimentação ortodôntica em humanos, de forma não-invasiva.
• A reabsorção radicular está relacionada com o aumento dos níveis de
RANKL.
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