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UNIVERSIDADECIDADE DE SÃO PAULO -UNICID PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL WHELITON SOUZA DA SILVA SÚMULA VINCULANTE E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Artigo Unicid Wheliton

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UNIVERSIDADECIDADE DE SÃO PAULO -UNICIDPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃOPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL

WHELITON SOUZA DA SILVA

SÚMULA VINCULANTE E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Rio Branco/Ac 2012

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO -UNICIDPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃOPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL

WHELITON SOUZA DA SILVA

SÚMULA VINCULANTE E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Direito Processual Civil da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista sob orientação do Prof. Me. Laurício Antonio Cioccari.

Orientador: Prof. Me. Lauricio Antonio Cioccari

Universidade Cidade de São Paulo

Rio Branco/Ac 2012

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UNIVERSIDADECIDADE DE SÃO PAULO -UNICIDPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃOPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL

WHELITON SOUZA DA SILVA

SÚMULA VINCULANTE E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Direito Processual Civil da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista sob orientação do Prof. Me. Lauricio Antonio Cioccari.

Orientadora: Prof. Me. Lauricio Antonio Cioccari

Este exemplar corresponde à redação final da Monografia apresentada e aprovada pela Banca Examinadora em: ____de_____________de________, com média _____(____)

BANCA EXAMINADORA

____________________________________Prof. Me.___________________ (orientador)

____________________________________

Prof. _________________________ (membro)

_____________________________________Prof.________________________ (membro)

Rio Branco/Ac2012

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que de modo direto ou indireto me ajudaram nessa

jornada, principalmente à família e aos amigos.

Agradeço ainda à Universidade Cidade de São Paulo e, sobretudo, a Deus, pela

oportunidade de continuar meus estudos na área de Direito em nível de pós-graduação.

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SILVA, Wheliton Souza da. Súmula vinculante e duplo grau de jurisdição. Rio Branco/Ac, 2012. 36 p. Trabalho de Conclusão de Curso - Curso de Especialização em Direito Processual Civil da Universidade Cidade de São Paulo.

RESUMO

Este trabalho centra-se em investigar a constitucionalidade da súmula vinculante conforme a Emenda Constitucional 45/2004, especialmente no que se refere ao possível ferimento da figura da súmula vinculante ao duplo grau de jurisdição. Além disso, investiga-se as características do instituto e os diversos posicionamentos doutrinários sobre a matéria, de modo a delinear essa inovação no ordenamento pátrio. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cujo caminho foi feito do geral para o particular.

PALAVRAS-CHAVE: Súmula Vinculante, Duplo Grau de Jurisdição, Constitucionalidade.

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SILVA, Wheliton Souza da. Precedente vinculante y doble grado de jurisdicción. Rio Branco / AC, 2012. 36 p. Tesis de trabajo de Conclusión de Posgrado em Derecho, Universidad Ciudad de San Pablo.

RESÚMEN

El trabajo se centra en la investigación de la constitucionalidad de precedente vinculante creyado por la Enmienda Constitucional 45/2004, especialmente con respecto al ferimiento al doble grado de jurisdicción em las apelaciónes. Además, se investigan las características y las distintas posiciones doctrinales en el precedente vinculante, com el objetivo de delinear las principales de sus caraterísticas em lo ordenamiento nacional. Cuanto al metodo, se usa de consideraciones generales de la doctrina para llegar a conclusiones particulares.

PALABRAS-LLAVES: Precedente Vinculante, doble grado de jurisdicción,

constitucionalidade

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO, 08

CAPÍTULO 1- DELINEAMENTO DO PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 1.1 Conceito de princípio, 091.2 O princípio do duplo grau de jurisdição, 11

CAPÍTULO 2- SÚMULA VINCULANTE: CARACTERÍSTICAS2.1 Conceito, 142.2 Classificação, 15a) Súmula vinculante, 15b) Súmula obstativa (impeditiva/restritiva de recursos), 15c) Súmula vinculante e efeito vinculante, 162.3 A atual súmula vinculante no ordenamento pátrio, 16a) Iniciativa, 17b) Pressuposto, 17c) Deliberação, 17d) Alcance da força vinculante, 18e) Início da força vinculante, 18f) Descumprimento da súmula vinculante, 18g) Situação das súmulas anteriores à EC 45/2004, 19

CAPÍTULO 3- SÚMULA VINCULANTE E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: PONTOS CRÍTICOS3.1 Duplo grau de jurisdição, 213.2 Natureza do Duplo grau de jurisdição, 213.3 A posição do Supremo Tribunal Federal, 243.4 Direito Comparado, 263.4.1 Direito Norte-americano, 263.4.2 Direito Inglês, 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS, 28

REFERÊNCIAS, 30

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INTRODUÇÃO

Hodiernamente o Poder Judiciário ver-se engessado tamanha a demanda que enfrenta

em ações muitas vezes idênticas que abarrotam os tribunais, num sistema em que o Duplo

Grau de Jurisdição é pinacular. Daí o advento das chamadas SÚMULAS VINCULANTES

que atingiram status constitucional com a Reforma do Judiciário implementada pela EC 45 e

que tanto debate suscitou na doutrina.

Há posições a favor e há posições contrárias, que defendem, por exemplo, a

inconstitucionalidade de tais súmulas. No entanto, o centro da discussão verdadeira não é este,

mas sim o receio entre a rigidez de um sistema que impossibilite o desenvolvimento do

próprio direito e a celeridade, a economia e a própria estabilidade do sistema, ou seja, sua boa

qualidade.

De fato, o assunto é por extremamente importante no Direito pátrio e merece ser

estudado, o que se pretende fazer neste trabalho, para melhor delinear a súmula vinculante

brasileira implementada pela Reforma do Judiciário, sopesada com o princípio do Duplo Grau

de Jurisdição.

Assim, inicia-se este labor, procurando a origem da súmula vinculante nacional, suas

semelhanças e diferenças com o Direito de outros países, suas características e pressupostos, a

fim de verificar se elas ferem ou não o Duplo Grau de Jurisdição e, por conseguinte, são

constitucionais ou não. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa bibliográfica em que

se partiu sempre do geral para o particular.

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CAPÍTULO 1- DELINEAMENTO DO PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE

JURISDIÇÃO

1.1 Conceito de princípio

Invariavelmente, nem todas as situações estão previstas em lei. Nesse caso, pode-se

aplicar regras válidas, positivadas ou não, que revelam os valores fundamentais do sistema

jurídico, como propõe Barros (2006), mas, mesmo assim, haverá casos em que não será

possível aplicar nenhuma regra válida, em razão de sua inexistência.

Por óbvio, nesse ponto, quando da inexistência de regras válidas para aplicação em

caso concreto recorre-se a elementos externos à norma positivada, anteriores à criação da

legislação explícita (DWORKIN, 2002), e esses elementos não são tidos como regras, mas

como princípios, pois são a alma do próprio sistema.

Portanto, princípios não compreendem somente fundamentos jurídicos, mas também

culturais e estruturadores do próprio direito, situando-se além da questão de validade, isto é,

na questão do peso de cada princípio, ou seja, os princípios em colidência não perdem sua

validade, pois

quando os princípios se entrecruzam, aquele que vai resolver o conflito tem que levar em conta a força relativa de cada um. Esta não pode ser, por certo, uma mensuração exata e o julgamento que determina que um princípio ou uma política particular é mais importante que outra frequentemente será objeto de controvérsia. (DWORKIN, 2002, p. 42).

Por sua vez, as regras, quando não aplicadas ao caso concreto, perdem sua validade.

Em outras palavras, cada caso possui princípios que devem prevalecer e a partir daí cria-se

uma nova regra.

Nesse sentido, Ayala (2009, p.17), citando Canotilho, afirma que é necessário uma

“fixação de uma função objetiva dos princípios definida não mais em termos absolutos de

precedência, mas em torno de suas condições e possibilidades de atuação nas potenciais

relações de colisão”.

Em consequência “os princípios vinculam, mas essa vinculação não é possível senão

dentro de possibilidades e condições de atuação concreta, inviabilizando atualmente a defesa

de qualquer posição que se lhes imputasse um poder absoluto de vinculação, que levaria em

um juízo concreto, sua preferência em face de outras variáveis normativas ou não”

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(CANOTILHO apud AYALA, 2009, p.16). É também esse posicionamento que adota Alexy

(2002, p. 99) quanto à colidência de princípios, pois, em suas palavras:

[…] os princípios são comandos de otimização que se caracterizam pelo eco de que possam ser satisfeitas em vários graus e sua devida medida de cumprimento não depende apenas das responsabilidades reais jurídicas, mas também [...] Em contraste, as regras podem ser aplicadas ou não [...] Em certas circunstâncias, um princípio precede o outro. Sob outras circunstâncias, a precedência pode ser resolvida em sentido inverso. Isto é o que eu quero dizer em casos específicos os princípios têm diferentes pesos e prima o Princípio com mais peso. Conflitos de regras são executadas em dimensão de validade, já colisão de princípios - como só podem entrar em colisão princípios válidos, ocorrerá além da dimensão de validade, na dimensão do peso1 (tradução livre)

Rodrigues (2009), também citando Canotilho, distingue três categorias de princípios:

1) Os estruturantes que se referem à estrutura do Estado;

2) Os gerais relativos às garantias individuais e coletivas previstas no art. 5º da

Constituição Federal de 1988; e

3) Os específicos, que orientam determinada ciência. Nesse sentido, o Direito

Processual civil apresenta alguns princípios pinaculares.

Os princípios da ciência processual civil costumam ser divididos pela doutrina em dois

grupos: princípios informativos e princípios fundamentais.

Dentre os informativos são apontados quatro: o lógico, o jurídico, o político e o

econômico. Enquanto que os fundamentais observa Marcus Vinícius Rios Gonçalves,

“constituem as verdadeiras premissas da ciência processual”. E ele prossegue:

Muitos deles têm estatura constitucional. Por isso mesmo, costuma-se falar em um direito constitucional processual, embora somente razões didáticas possam justificar a designação, na medida em que não se está diante de um novo ramo do direito e do processo, mas de um conjunto de normas e princípios processuais que adquirem particular importância, por terem sido tratados pelo legislador constitucional. (GONÇALVES, 2004, p. 26)

Nelson Nery Junior, na obra Princípios do Processo Civil na Constituição Federal

distingue dentro da ciência processual a existência de um direito processual constitucional e de

um direito constitucional processual. Ana Cândido Menezes Marcato distingue esses dois ramos

da seguinte forma:

Essa ligação entre a Constituição e o processo é vista por Nelson Nery Junior de uma forma um pouco diferenciada, ao afirmar a existência de um Direito Constitucional Processual ao lado de um Direito Processual Constitucional; o primeiro deles significa o conjunto das normas de direito processual que se encontra na Constituição Federal (exemplos: art. 5º, XXXV, e art. 8º, III, da Constituição Federal), e o outro corresponderia à reunião dos princípios para o fim de regular a denominada jurisdição constitucional (exemplos: mandado de segurança, habeas data, ação de direta de inconstitucionalidade etc. (MARCATO, 2006, p.16)

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De fato, os princípios processuais mais importantes estão contidos na Constituição

Federal e muitos figuram na galeria dos direitos fundamentais. Entre esses, podemos citar o

Devido Processo Legal, apontado por Nery Junior como sendo àquele do qual todos os demais

derivam. Segundo Nery Junior derivam do devido processo legal os seguintes princípios:

princípio da isonomia; princípio do juiz e do promotor natural; princípio da inafastabilidade

do controle jurisdicional (princípio do direito de ação); princípio do contraditório; princípio

da proibição da prova ilícita; princípio da publicidade dos atos processuais; princípio do

Duplo Grau de Jurisdição; princípio da motivação das decisões judiciais.

No entanto, há entendimento de que o Duplo Grau de Jurisdição não deriva do devido

processo legal. Em razão da natureza deste trabalho, trabalhar-se-á apenas com o princípio do

Duplo Grau de jurisdição.

1.3 O Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

Trata-se de princípio que remonta à Constituição do Império, de 24 de março de 1824

(NERY JUNIOR, 1992 apud DUARTE NETO; LUCON; TEIXEIRA, 2009, p. 54). “Consiste

em uma garantia concedida ao jurisdicionado, destinada a lhe propiciar uma maior segurança.

Se, por um lado, a possibilidade de recorrer concede um maior conforto psicológico àquele

que resta vencido, por outro impõe uma maior segurança jurídica.” (DUARTE NETO;

LUCON; TEIXEIRA, 2009, p. 54).

Assim, como a Constituição Federal prescreveu a existência de diversos órgãos

jurisdicionais, estipulando-lhes as suas competências funcionais, os juízes de primeiro grau,

salvo quando apreciam embargos de declaração, ou compõem turmas recursais têm suas

decisões, caso o sucumbente deseje, reavaliadas por órgãos de instância superior.

Em verdade, a expressão Duplo Grau de Jurisdição é equívoca, tendo em vista que

evoca o sentido de que haveria duas jurisdições, ou seja, evoca a existência de uma outra

jurisdição paralela, o que é impossível tendo em vista que a jurisdição é una. É por isso que

Orestes Nestor de Sousa Laspro afirmar que seria melhor a denominação “duplo grau de

cognição e julgamento”. (LASPRO, 1995. p. 18)

Em síntese, reexame seria a palavra mais adequada para definir Duplo Grau de

Jurisdição, pois duplo grau significa justamente a possibilidade de reexame, geralmente

realizada por instância superior. Porém, alerta Reys Friede que “o recurso, como instrumento

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de viabilização do Duplo Grau de Jurisdição, não necessariamente obriga a reapreciação da

decisão original por uma instância superior e por um julgador diverso do primitivo.”

(FRIEDE, 1990, p. 68).

Logo, não é necessariamente obrigatório que o Duplo Grau de Jurisdição seja

exercido por órgão de instância superior. No entanto, Flávio Cheim Jorge, em sentido oposto,

disserta:

Acreditamos, na esteira de Barbosa Moreira, Moacyr Amaral Santos e Rogério Lauria Tucci, que o simples reexame da causa não permite concluir pela existência do duplo grau de jurisdição, sendo imprescindível que a segunda análise seja feita por um órgão de hierarquia superior (JORGE, 2004. p. 185. )

Assim, para ele não se pode confundir simples reexame da causa com Duplo Grau de

Jurisdição. Essa posição é, portanto, mais acertada até mesmo pela origem do Duplo Grau de

Jurisdição em que as apelações sempre foram julgadas por instâncias superiores.

Uma característica importante dos recursos é a que decisão revista será feita por um

colegiado, o que dá maior grau de bom senso à decisão. Mesmo com a nova redação dada ao

art. 557 do Código de Processo Civil (Lei 9.756/98), conferindo ao relator do recurso o poder

de, democraticamente, dar-lhe provimento ou negar-lhe seguimento, não se elimina a

característica da instância recursal.

Com efeito, o princípio não é absoluto (DUARTE NETO; LUCON; TEIXEIRA,

2009, p. 55), sendo permitido limitações como regras de preparo ou as que sancionam o

intuito meramente protelatório. Aliás, sob a perspectiva de que Duplo Grau de Jurisdição

pressupõe análise por instância superior, as sentenças do Supremo Tribunal Federal não estão

sujeitas ao duplo grau, mas tão-somente a reexame da causa pelos próprios membros do

Supremo Tribunal Federal.

Da mesma forma, as ações autônomas impugnativas como Mandado de Segurança

não configuram instrumentos do Duplo Grau de Jurisdição, tendo em vista que engendram

uma nova relação processual.

Por outro lado, mesmo no recurso, o órgão ad quem não deve se pronunciar sobre

aquilo que não foi suscitado. Sandro Marcelo Kozikoski explica que:

Há que se ressalvar que o órgão ad quem pode examinar todas as questões que foram suscitadas e debatidas perante o juízo a quo (CPC, art. 515, § 1º), mas não pode se pronunciar quando da elaboração do seu julgado, com respeito àquilo que não foi objeto do pedido de nova decisão (KOZIKOSKI, 2007, p. 982)

Ademais, o órgão colegiado que irá julgar o recurso não pode agravar a situação da

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parte recorrente, ou seja, é a aplicação da vedação da reformatio in pejus pela qual:

veda-se que, por força do recurso interposto, ocorra uma majoração do resultado desfavorável imposto pela decisão recorrida. Ou seja, obsta-se que o julgamento do recurso importe num resultado exatamente contrário àquele pretendido pelo recorrente, consistente na obtenção de uma situação mais confortável. Em outras palavras, o princípio em questão veda que o órgão ad quem profira uma decisão pior aos interesses do recorrente, seja ela examinada do ponto de vista quantitativo, seja ela observada sob o prisma qualitativo (KOZIKOSKI, 2007, p. 155)

Essa vedação, mesmo em remessa obrigatória (Duplo Grau de Jurisdição obrigatório-

CPC, art. 475) no caso de decisão contra a Fazenda Pública, o enunciado da Súmula 45 do

Superior Tribunal de Justiça é taxativo em proibir o agravamento da condenação da Fazenda

Pública, in verbis: “No reexame necessário, é defeso ao Tribunal, agravar a condenação imposta

à Fazenda Pública”.

Nesse passo, além da questão da devolutibilidade do recurso, impõe-se a natureza

substitutiva da sentença proferida no órgão superior. Mesmo que a sentença recorrida seja

confirmada, lembra Orestes Nestor de Sousa Laspro que a sentença de segundo grau é a que será

confirmada.

No entanto, a alteração sofrida pelo artigo 515, § 3°, do Código de Processo Civil

trouxe inovações em relação ao julgamento das sentenças de primeiro grau que põem fim ao

processo sem julgamento de mérito. Antes, o órgão superior mandava o juízo a quo decidir-se

quanto ao mérito da demanda. Hoje, tal remessa é desnecessária, sendo permitido ao órgão

superior preferir sentença de mérito. Trata-se, então, de mitigação do Duplo Grau de

Jurisdição, pois, ainda que proferida a sentença por órgão superior, trata-se apenas de uma

decisão e não de duas decisões válidas.

Logo, a existência de duas decisões válidas, proferidas por órgãos jurisdicionais

diferentes, sendo um superior ao outro é o pressuposto do Duplo Grau de Jurisdição. Dessa

forma, o princípio do Duplo Grau de Jurisdição não pode ser confundido com recursos, apesar

dos recursos serem a concretização do Duplo Grau de Jurisdição. Nesse sentido, toda vez que

houver um recurso simplesmente pedindo a anulação ou cassação de uma sentença, não há

Duplo Grau de Jurisdição.

Da mesma forma, as decisões do juízo a quo submetidas à turma recursal no rito da lei

9.099/95, não se trata de aplicação de Duplo Grau de Jurisdição, tendo em vista que a turma

recursal não é hierarquicamente superior aos juízes de primeiro grau. Logo, neste rito, houve

mitigação do Duplo Grau de Jurisdição.

Assim, o que se conclui é que o Duplo Grau de jurisdição é princípio diverso dos

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outros e não se confunde com recurso, instrumento de concretização do princípio. Aliás, é

princípio não absoluto, que tutela o direito à revisão das decisões judiciais de primeiro grau,

requerida pela parte insatisfeita ou vencida, para um outro órgão judicante competente para

reapreciar a questão, sendo as duas decisões válidas e completas, prevalecendo a segunda

decisão sobre a primeira.

Portanto, o Duplo Grau de Jurisdição é essencial nos modernos sistemas jurídicos,

pois sua existência é garantia fundamental para o cidadão ser satisfeito em suas demandas,

além de produzir maior segurança jurídica nos cidadãos.

No próximo tópico trabalhar-se-á a súmula vinculante de maneira a delineá-la e no

posterior discutir as críticas à súmula vinculante diante o Duplo Grau de Jurisdição.

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CAPÍTULO 2- SÚMULA VINCULANTE: CARACTERÍSTICAS

2.1 Conceito

A palavra súmula, derivada do latim summula, significa sumário ou índice de alguma

coisa, mas doutrinariamente há vários conceitos.

Se para Anchieta da Silva, ao conceituar súmula, ela é “a jurisprudência mais

consagrada, norteadora do entendimento sedimentado nas cortes de julgamento sobre

determinado assunto.” (SILVA, 1998, p. 46), já para De Plácido e Silva, a súmula seria algo

“que de modo abreviadíssimo explica o teor, ou o conteúdo integral de uma coisa. Assim, a

súmula de uma sentença, de um acórdão, é o resumo, ou a própria ementa da sentença ou do

acórdão" (DE PLÁCIDO E SILVA, 1987, p. 297).

No entanto, é melhor adotar o conceito jurídico de súmula, sendo estas, juridicamente,

enunciados jurisprudenciais que refletem entendimentos já pacificados em determinados

tribunais, editados em numeração sequencial, servindo como instrumento de contribuição para

o convencimento do magistrado nas futuras soluções processuais (JAMBO, 2005).

Então, a partir desse conceito, salta aos olhos que apesar de servirem de paradigma aos

operadores do Direito, não há obrigação dos membros do Poder Judiciário em aplicá-la

(MUSCARI, 1999, p.36.)

Nesse sentido, é imperativo concordar com Enéas Castilho Chiarini Júnior ao dizer

que

súmulas são, portanto, entendimentos firmados pelos tribunais que, após reiteradas decisões em um mesmo sentido, sobre determinado tema específico de sua competência, resolvem por editar uma súmula, de forma a demonstrar qual o entendimento da corte sobre o assunto, e que servem de referencial não obrigatório a todo o mundo jurídico. (CHIARINI JÚNIOR, 2004.)

Adotando o conceito jurídico de súmula, é mister conhecer sua classificação.

2.2 Classificação

Quanto as mais variadas espécies de súmulas existentes, Lenio Luiz Streck (1998, p.

168.), numa das poucas obras dedicadas ao assunto, as classifica em quatro gêneros:

tautológicas, intra legem, extra legem e contra legem/inconstitucionais. Sob outro ponto de

vista, Marco Antônio Botto Muscari (MUSCARI, 1999, p.40.) admite a possibilidade de

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classificar as súmulas em persuasiva, vinculante e obstativa (impeditiva/restritiva de recurso).

Neste trabalho, adota-se a classificação de Muscari (1999) e como se dedica ao estudo

das súmulas vinculantes, não se verá as outras espécies de súmulas, exceto a impeditiva de

recursos, por razões que no decorrer deste labor serão expostas.

a) Súmula vinculante

Vinculantes são “as súmulas dotadas de força obrigatória, se não para o órgão

jurisdicional que as emitiu (ao qual sempre restaria a possibilidade de alterá-las por maioria

simples ou qualificada), ao menos para os juízos monocráticos e colegiados que lhe são

inferiores.” (MUSCARI, 1999, p.40).

Maria Helena Diniz, em seu Dicionário Jurídico, define súmula vinculante como “...

aquela que, emitida por Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, STM, TSE) após reiteradas

decisões uniformes sobre um mesmo assunto, torna obrigatório seu cumprimento pelos

demais órgãos do Poder Judiciário” (DINIZ, 1998, p.464).

b) Súmula obstativa (impeditiva/restritiva de recursos)

As súmulas obstativas são aquelas que observadas por um juiz ou tribunal, impede a

interposição de recurso para o juízo ad quem; o magistrado não está obrigado a aplicar a

orientação consagrada na súmula obstativa, porém se o fizer, não será lícito ao sucumbente

recolocar o tema para apreciação perante instância superior. (MUSCARI,1999, p.51/52).

c) Súmula vinculante e efeito vinculante

Segundo Marco Antônio Botto Muscari, súmula vinculante e efeito vinculante

possuem significados diferentes, deste modo:

Súmula é uma proposição sintética, caracterizando o produto da jurisprudência assentada pelo tribunal; como regra, é emitida após diversos pronunciamentos da corte, num mesmo sentido, a respeito de certa matéria. O efeito vinculante, tal qual idealizado na Proposta de Emenda à Constituição... é atributo das decisões definitivas de mérito da Suprema Corte, e não da súmula que venha a ser editada com base nessas decisões. Em tese, uma só decisão definitiva de mérito, desde que aprovada por dois terços dos integrantes do Pretório Excelso, pode merecer efeito vinculante. (MUSCARI, 1999, p. 2.)

Estabelecidas esses primeiros parâmetros, a fim de delinear melhor a configuração das

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súmulas vinculantes, necessário consignar que a súmula vinculante apareceu com status

constitucional apenas a partir da EC 45/2004, com algumas características previstas no art.

103-A e seus parágrafos 1 a 3.

Para regulamentar a questão foi editada a Lei 11.417, de 19.12.2006, com vigência a

partir de três anos contados da data da publicação. A seguir serão feitos comentários sobre a

configuração das súmulas vinculantes conforme a dicção do art. 103-A da Constituição

Federal e da Lei 11.417/2006.

2.3 A atual súmula vinculante no ordenamento jurídico brasileiro

O objetivo declarado da norma é o de evitar a divergência de entendimentos entre

órgãos judiciários ou entre estes e a Administração Pública, sempre que estiver em causa

matéria de caráter constitucional já decidida e pacificada em súmula do Supremo Tribunal

Federal.

A súmula visa à uniformização de entendimentos, como, aliás, já era conhecida do

direito processual brasileiro positivo (CPC, arts. 476 - 479). A novidade reside no

qualificativo "vinculante" que se lhe atribuiu. Pelo novo instituto, a decisão do Supremo

obrigatoriamente deve ser obedecida pelos tribunais e juízes, assim como pelos agentes do

Poder Executivo, em caráter cogente. A grande novidade para a Administração Pública que,

agora, passa a ser obrigada a acatá-la e destarte, como a principal frequentadora dos tribunais.

O procedimento não se encontra suficientemente disciplinado na lei regulamentadora,

a qual se limita a estabelecer o quórum qualificado de apreciação pelo plenário, o rol de

legitimados ativos para propositura de enunciado com efeito vinculante da súmula do Pretório

Excelso, possibilidade de manifestação de terceiros, a modulação de efeitos materiais e

temporais do respectivo verbete, a possibilidade de reclamação em face da inobservância da

súmula vinculante, bem como a aplicação subsidiária do Regimento Interno do Supremo

Tribunal Federal.

a) Iniciativa

A iniciativa pertence ao Supremo Tribunal Federal, o qual poderá aprovar, rever ou

cancelar súmula vinculante de ofício, ou mediante proposta:

a) Dos legitimados a propor a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI);

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b) Do Defensor Público Geral da União;

c) Dos tribunais superiores, tribunais de Justiça de Estados ou do distrito Federal e

Territórios, Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.

Evidente que o Município poderá propor de modo incidental, no processo em que faça

parte, a edição, a revisão ou cancelamento de súmula, mas isso não autoriza a suspensão do

processo.

b) Pressupostos

Os requisitos segundo a CF/1988 são quatro, que devem atuar de forma cumulativa: a)

matéria constitucional; b) existência de reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal

sobre a matéria constitucional; c) existência de controvérsia atual entre órgãos judiciários ou

entre esses e a administração pública; d) a controvérsia acarrete grave insegurança jurídica e

relevante multiplicação de processo sobre a questão pública.

c) Deliberação

A apreciação de proposta de edição, revisão ou cancelamento de súmula vinculante é

de competência do órgão pleno do Supremo Tribunal Federal, o qual irá deliberar pelo

quórum qualificado de 2/3 (dois terços) de seus membros.

Formulada a proposta ex officio ou por parte de um dos legitimados ativos, esta será

distribuída a um relator que, em homenagem ao disposto no art. 103, §1º, da CRFB, e em

obediência ao art. 2º, §2º, da lei regulamentadora, irá proceder à oitiva do Procurador-Geral

da República, tão-somente, nas proposições não formuladas pelo mesmo, podendo, ainda,

admitir, ou não, manifestação de terceiros.

Feito isto, o procedimento será submetido ao pleno do Pretório para deliberação. Uma

vez apreciado o pedido no sentido de editar, rever ou cancelar enunciado de súmula com

efeito vinculante, o Supremo Tribunal Federal terá prazo de 10 (dez) dias para publicar o

respectivo verbete na imprensa oficial, a qual irá produzir efeitos imediatos, a partir da data de

sua publicação, podendo, todavia, o Pretório Excelso modular seus efeitos temporais,

restringindo, ainda, sua eficácia vinculante, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de

excepcional interesse público. Outrossim, há que ser ressaltado que a formulação de proposta

de enunciado de súmula com efeito vinculante não autoriza a suspensão dos processos

subjetivos que tenham como fundamento questão idêntica, não tendo o referido procedimento

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força de questão prejudicial.

d) Alcance da força vinculante

Vincula os demais órgãos do Poder Judiciário, bem como a Administração Pública, tal

como já foi exposto, seja ela Federal, Estadual ou Municipal, não vinculando apenas o próprio

Supremo Tribunal Federal e o Legislativo na função legiferante, pois este está submetido na

função atípica de administrar.

e) Início da força vinculante

A força vinculante inicia seus efeitos a partir da publicação da súmula e uma vez

publicada terá eficácia imediata, sendo que o Supremo Tribunal Federal, por meio de 2/3 dos

seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou até mesmo dá efeitos a partir de

outro momento, tendo em vista questões de segurança jurídica ou interesse público

excepcional, segundo a dicção da Lei 11.471/2006, segundo lembra Marcelo Alexandrino e

Vicente Paulo (ALEXANDRINO; PAULO, 2008).

f) Descumprimento da súmula vinculante

O descumprimento enseja Reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo de

recursos ou outros meios de impugnação de ato administrativo do Poder Judiciário ou decisão

judicial que contrariou a súmula vinculante.

Quanto à omissão ou ato administrativo do Poder Executivo só caberá Reclamação

após o esgotamento das vias administrativas.

Julgada procedente a Reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato ou

cassará a decisão judicial, conforme o caso.

g) Situação das súmulas anteriores à EC 45/2004

Pode ser dado efeito vinculante às súmulas anteriores à Emenda Constitucional

45/2004, desde que a súmula seja confirmada por 2/3 dos membros da Corte Suprema e

publicada na imprensa oficial.

Dessa forma, as súmulas que não passarem por esse processo não possuem efeito

vinculante. Por fim, demonstra-se que as características da Súmula Vinculante demonstram

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20

uma extrema preocupação com a certeza jurídica, seja pela sua forma de aprovação, seja, pela

forma de iniciativa, os pressupostos, etc.

Agora que já foram delineadas as características da súmula vinculante, no próximo

capítulo será possível confrontar a súmula vinculante com as principais críticas elaboradas

pelos seus opositores.

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21

CAPÍTULO 3- SÚMULA VINCULANTE E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO:

PONTOS CRÍTICOS

As súmulas vinculantes sofrem severas críticas e entre elas podem ser destacadas a

questão da independência dos poderes, o acesso à justiça, a ofensa à obrigatoriedade de

motivação das decisões, o Duplo Grau de Jurisdição e a independência dos juízes. Devido o

foco do trabalho ser o confronto entre a súmula vinculante e o Duplo Grau de Jurisdição não

se tecerá comentários quanto às demais críticas, ou seja, discutir-se-á tão somente a

compatibilidade ou não do instituto da súmula vinculante com o Duplo de Grau de Jurisdição.

Nesta parte do trabalho expõe-se uma visão geral sobre as críticas em relação ao

Duplo Grau de Jurisdição.

3.1 Duplo Grau de Jurisdição

Com efeito, a crítica à súmula quanto ao ferimento ao Duplo Grau de Jurisdição reside

no fato de que o recurso pela parte desfavorecida seria fatalmente inócuo já que previamente

conhecida a decisão do tribunal por força da súmula vinculante.

Muscari (1999) reage a essa crítica dizendo que aplicada a súmula vinculante não se

estará ferindo tal princípio, pois será dado ao sucumbente a oportunidade de provocar o

reexame da decisão que, a seu ver, aplicou mal a disposição sumular. Para tanto é necessário

ao sucumbente demonstrar que o caso concreto é substancialmente diverso do precedente que

deu origem a súmula vinculante. Logo, ao vencido será concedido a chance de alterar a

orientação sumulada desde que seja invocado argumento novo e convincente ainda não

apreciado pelo Supremo Tribunal Federal (MUSCARI, 1999, p. 68).

Em verdade, sem dúvida, a súmula vinculante caracteriza uma forma de restrição ao

Duplo Grau de Jurisdição. A questão é saber se essa restrição é constitucional ou não. Em

primeiro lugar, é necessário avançar na natureza do Duplo Grau de Jurisdição.

3.2 Natureza do Duplo Grau de Jurisdição

A respeito da natureza do Duplo Grau de Jurisdição há três correntes. A primeira

corrente considera o Duplo Grau de Jurisdição como uma garantia fundamental de status

constitucional. Se o princípio for aceito como garantia fundamental, qualquer tentativa no

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22

sentido de restringir a sua aplicação terá coloração inconstitucional, o que significa dizer que

qualquer restrição à interposição de recursos estabelecida fora da Lei Maior é inadmissível.

Para essa corrente, o Duplo Grau de Jurisdição decorre de um outro princípio, o devido

processo legal.

Do lado dessa primeira corrente, Djanira Maria Radamés de Sá, em sua obra Duplo

Grau de Jurisdição – conteúdo e alcance constitucional disserta que

29. Esteja o duplo grau expressamente previsto ou não, decorre ele direta e imediatamente do devido processo legal, porque a aspiração à sentença favorável é bem incorpóreo protegido pela cláusula due process of law, que, por sua abrangência, admite a interpretação em seu elastério. 30. Decorrente do devido processo legal, o princípio do duplo grau de jurisdição é imperativo de ordem jurídico-constitucional imantado aos escopos do Estado e da jurisdição, constituindo, inegavelmente, garantia constitucional que permite o acesso à decisão justa e, conseqüentemente, à ordem jurídica justa. (SA, 1999, p. 88.)

A segunda corrente entende não ter o princípio patamar constitucional, pelo que não

há problemas na restrição. Para essa corrente o duplo grau não decorre diretamente do devido

processo legal, sendo possível assegurar cada um deles de per si, sem necessidade de se

amparar um no outro.

Em verdade, o Duplo Grau de Jurisdição atua para que se efetue a revisão das decisões

nos casos de inconformismo ou de decisão contrária aos ditames legais, mas isso não significa

que o aludido princípio seja decorrente do devido processo legal. Entre os defensores desta

corrente destacam-se Luiz Guilherme Marinoni e Orestes Nestor de Souza Laspro.

Aliás, Orestes Nestor de Souza Laspro, como defensor dessa corrente, afirma que o

Duplo Grau de Jurisdição advém da garantia às partes de um processo que obedeça aos

“princípios do acesso à justiça, do direito de ação, do juiz natural, do contraditório, da ampla

defesa, da motivação da sentença, entre outros” (LASPRO, 1995, 93-96).

Nas palavras de Laspro:

Com efeito, a inclusão no Texto Constitucional do duplo grau de jurisdição depende muito mais de uma escolha legislativa, que pondere os princípios da alegada certeza jurídica e da brevidade processual (LASPRO, 1995, 93-96).

Já Maria Fernanda Rossi Ticianelli fala que:

A não-previsão do duplo grau de jurisdição em determinadas situações não significa afirmar que o processo não se desenvolveu em respeito ao devido processo legal, pois é perfeitamente possível que um processo se desenvolva regularmente e tenha decisão justa, sem que necessariamente exista a previsão do reexame da decisão. (TICIANELLI, 2005, p. 133.)

No entanto, dentro desta segunda corrente há uma corrente intermediária,

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23

prevalecente, atualmente, entre os estudiosos. Essa corrente vê o princípio como de status

constitucional, mas não como garantia absoluta. Para Cândido Rangel Dinamarco

[...] A Constituição Federal prestigia o duplo grau como princípio, não como garantia, ao enunciar seguidas vezes a competência dos tribunais para o julgamento dos recursos: mas ela própria põe ressalvas à imposição desse princípio, especialmente ao enumerar hipóteses da competência originária dos tribunais, nas quais é quase sempre problemática a admissibilidade de algum recurso, seja para o próprio tribunal, seja para outro de nível mais elevado (DINAMARCO, 2003, p. 151)

E completa:

[...] diferentemente dos demais princípios integrantes da tutela constitucional do processo, este não é imposto pela Constituição com a exigência de ser inelutavelmente observado pela lei. Além de não explicitar exigência alguma a respeito, ela própria abre caminho para casos em que a jurisdição será exercida em grau único, sem possibilidade de recurso. (DINAMARCO, 2003, p. 151)

Por sua vez, Laspro afirma que

Ao ampliar o seu cabimento contra qualquer decisão, a Constituição tacitamente admitiu que a supressão do direito de apelar não ofende o direito ao devido processo legal, na medida em que garantido está o acesso à mais alta Corte, a fim de proteger os direitos fundamentais. (LASPRO, 1995, p. 159).

Portanto, ao Duplo Grau de Jurisdição não se pode atribuir a condição de garantia, sob

pena de ele mesmo ter que ser aplicado a todas as hipóteses, o que por vezes ferirá outros

princípios também importantes ao processo. É o que defende Luiz Guilherme Marinoni,

verbis:

Em nenhum ordenamento, nem na Itália nem em qualquer outro país – nem mesmo na França, onde a idéia do doublé degré de jurisdiction parece estar particularmente arraigada –, considera o duplo grau de jurisdição como uma garantia constitucional. Ao contrário, em quase todos os países existem mitigações do duplo grau, justamente para atender ao princípio fundamental de acesso à justiça (MARINONI, 2002, p.219).

A doutrina, inclusive, entende que o Duplo Grau de Jurisdição, no âmbito do processo

penal é garantia constitucional por força da incorporação em nosso ordenamento jurídico do

Pacto de San José da Costa Rica, conforme o § 2º do art. 5º da CF (Os direitos e garantias

expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por

ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja

parte).

3.3 A posição do Supremo Tribunal Federal

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O Supremo Tribunal Federal no Recurso Ordinário em Habeas Corpus 79.785-7/RJ,

da Relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence (DJ 22.11.2002), por maioria (2 votos vencidos),

entendeu que o princípio não é garantia constitucional :

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS N. 79.785-7 RIO DE JANEIRO [....]

Ementa: I. Duplo grau de jurisdição no Direito Brasileiro, à luz da Constituição e da Convenção Americana de Direitos Humanos.

1. Para corresponder à eficácia instrumental que lhe costuma ser atribuída, o duplo grau de jurisdição há de ser concebido, à moda clássica, com seus dois caracteres específicos: a possibilidade de um reexame integral da sentença 35 de primeiro grau e que este reexame seja confiado à órgão diverso do que a proferiu e de hierarquia superior na ordem judiciária.

2. Com esse sentido próprio – sem concessões que o desnaturem – não é possível, sob as sucessivas Constituições da República, erigir o duplo grau em princípio e garantia constitucional, tantas as previsões, na própria Lei Fundamental, do julgamento de única instância ordinária, já na área cível, já, particularmente, na área penal.

3. A situação não se alterou, com a incorporação ao Direito brasileiro da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José), na qual, efetivamente, o art. 8º, 2, h, consagrou, como garantia, ao menos na esfera processual pena, o duplo grau de jurisdição, em sua acepção mais própria: o direito de “toda pessoa acusada de delito”, durante o processo, “de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior”.

4. Prevalência da Constituição, no Direito Brasileiro, sobre quaisquer convenções internacionais, incluídas as de proteção aos direitos humanos, que impede, no caso, a pretendida aplicação da norma do Pacto de São José: motivação.

II – A Constituição do Brasil e as convenções internacionais de proteção aos direitos humanos: prevalência da Constituição que afasta a aplicabilidade das cláusulas convencionais antinômicas.

1. Quando a questão – no estágio ainda primitivo de centralização e efetividade da ordem jurídica internacional – é de ser resolvida sob a perspectiva do juiz nacional – que, órgão do Estado, deriva da Constituição sua própria autoridade jurisdicional – não pode ele buscar, senão nessa Constituição mesma, o critério da solução de eventuais antinomias entre normas internas e normas internacionais; o que é bastante a firmar a supremacia sobre as últimas da Constituição, ainda quando esta eventualmente atribua aos tratados a prevalência no conflito: mesmo nessa hipótese, a primazia derivará da Constituição e não de uma apriorística força intrínseca da convenção internacional.

2. Assim como não o afirma em relação às leis, a Constituição não precisou dizer-se sobreposta aos tratados: a hierarquia está ínsita em preceitos inequívocos seus, como os que submetem a aprovação e a promulgação das convenções ao processo legislativo ditado pela Constituição e menos exigente que o das emendas a ela e aquele que, em conseqüência, explicitamente admite o controle da constitucionalidade dos tratados (CF, art. 102, III, b).

3. Alinhar-se ao consenso em torno da estatura infraconstitucional, na ordem positiva brasileira, dos tratados a ela incorporados, não implica assumir compromisso de logo com o entendimento – majoritário em recente decisão do Supremo Tribunal Federal (ADInMC 1.480) – que, mesmo em relação às convenções internacionais de proteção de direitos fundamentais, preserva a jurisprudência que a todos equipara hierarquicamente às leis ordinárias.

4. Em relação ao ordenamento pátrio, de qualquer sorte, para dar a eficácia pretendida à cláusula do Pacto de São José, de garantia do duplo grau de jurisdição, não bastaria seque lhe conceder o poder de aditar a Constituição,

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acrescentando-lhe limitação oponível à lei com é a tendência do relator: mais que isso, seria necessário emprestar à norma convencional força abrogante da Constituição mesma, quando não dinamitadoras do seu sistema, o que não é de admitir.

III. Competência originária dos Tribunais e duplo grau de jurisdição.

1. Toda vez que a Constituição prescreveu para determinada causa a competência originária de um Tribunal, de duas uma: ou também previu recurso ordinário de sua decisão (CF, arts. 102, II, a; 105, II, a e b; 121, § 4º, III, IV e V) ou, não o tendo estabelecido, é que o proibiu.

2. Em tais hipóteses, o recurso ordinário contra decisões de Tribunal, que ela mesma não criou, a Constituição não admite que o institua o direito infraconstitucional, seja lei ordinária seja convenção internacional: é que, afora os casos da Justiça do Trabalho – que não estão em causa – e da Justiça Militar – na qual o STM não se superpõe a outros Tribunais -, assim como as do Supremo (BRASIL, 2000, p.01)

No entanto, o julgamento foi anterior à incorporação do tratado, e ainda hoje sua

incorporação não foi feita conforme o § 3º do art. 5º da Constituição Federal, razão pela qual o

entendimento do Supremo Tribunal Federal ainda não foi alterado, embora já exista uma forte

tendência em se considerar que os tratados de direitos humanos façam parte de um bloco de

constitucionalidade. O excerto de outro julgado do Supremo Tribunal Federal, já posterior à

referida emenda (DJ. 08/04/2005 – Ag. Rg. no Agravo de Instrumento 513.044-5/SP, Relator

Min. Carlos Velloso, julgado em 22/02/2005) é enfático ao demonstrar que o posicionamento

do Supremo Tribunal Federal não mudou:

[...] Ademais, conforme já decidiu esta 2ª Turma, não há, no ordenamento jurídico brasileiro, a garantia do duplo grau de jurisdição (RHC 80.919/SP, Rel. Ministro Nelson Jobim, “DJ” de 14.9.2001). Verifica-se, assim, a prevalência da Constituição Federal em relação aos tratados e convenções internacionais não aprovados segundo o procedimento descrito no § 3º do art. 5º da CF/88. Tribunal, com relação a todos os demais Tribunais e Juízos do País, também as competências recursais dos outros Tribunais Superiores – o STJ e o TSE - estão enumeradas taxativamente na Constituição, e só a emenda constitucional poderia ampliar.

3. À falta de órgãos jurisdicionais ad qua (sic), no sistema constitucional, indispensáveis a viabilizar a aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição aos processos de competência originária dos Tribunais, segue-se a incompatibilidade com a Constituição da aplicação no caso da norma internacional de outorga da garantia invocada. (BRASIL, 2005, p. 02)

Portanto, o Duplo Grau de Jurisdição não está garantido pela Constituição Brasileira,

sendo possível sofrer restrições em situações em que entre em conflito com outros princípios

igualmente importantes.

3.4 Direito comparado

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Prosseguindo as críticas, alega-se, de uma maneira geral, que as súmulas vinculantes

são uma indevida cópia do sistema jurídico do common law, por isso, é mister conhecer um

pouco dos sistemas anglo-saxões, principalmente o americano e o inglês.

3.4.1 Norte-americano

No Brasil, o Supremo interpretando a lei em sentido similar, gera acórdãos similares e

estes acabam sendo a fonte da súmula. Nos Estados Unidos da América (EUA) a

jurisprudência acaba determinando como se comportar diante fatos similares, parecidos. Se o

fato for diferente há desvinculação do precedente.

Curioso é notar, que o não cumprimento da decisão norte-americana, pode ensejar a

prisão por desacato à autoridade da lei federal, fato este que já ocorreu na história americana.

No Brasil isto é absolutamente inaplicável.

Nos Estados Unidos da América, existe o mecanismo processual conhecido como

distinguishing, que permite ao juiz a não aplicação do precedente judicial ao caso concreto,

visto ser o fato sob análise distinto e em sua apreciação não cabe o precedente.

3.4.2 Direito inglês

A regra do precedente do direito inglês significa, brevemente, que as regras de direito

formuladas nas decisões judiciais devem ser rigorosamente cumpridas pelos juízes sob pena

de comprometer a estabilidade do sistema. Por isto, a jurisprudência é vinculante. Assim,

embora o precedente judicial tenha, em todo o mundo, força persuasiva, e, portanto,

importância dentro dos diversos sistemas jurídicos, na Inglaterra ele é ainda mais importante,

chegando a uma natureza coercitiva. Em alguns casos o juiz inglês deve se ater ao precedente

mesmo contra a sua convicção.

Todavia, esta regra, como qualquer outra, não é absoluta e admite algumas exceções.

Efetivamente, há que se dizer que não é todo o teor da sentença que vincula, mas somente o

necessário ao deslinde da questão (ratio decidendi). Também não é qualquer decisão que

vincula, já que existe uma hierarquia na organização judiciária inglesa.

Mas quando se diz que o juiz está vinculado a uma decisão judicial anterior, por trás

desta ideia está uma obrigação do magistrado de aplicar uma particular ratio decidendi aos

fatos diante de si, quando não houver diferenças entre estes fatos e aqueles que ensejaram

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aquela decisão (stare decisis= significa a obrigação do juiz em aplicar uma particular ratio

decidendi aos fatos diante de si na falta de uma fundada distinção legal entre estes fatos e os

fatos objeto do processo anterior do qual emana a ratio, ou seja, numa interpretação ortodoxa,

fixar-se na ratio decidendi dos casos anteriores).

Ao passo que no Brasil como a súmula é um extrato de um posicionamento reiterado

do Supremo Tribunal Federal em casos semelhantes, perde-se a fundamentação dos acórdãos,

e, com isso, a razão de decidir do Tribunal. Isso permitiria que casos com fatos distintos

pudessem ser tratados diferentemente. É justamente assim na common law, onde a vinculação

se dá não pelo dispositivo do acórdão, mas sim na sua ratio decidendi.(ou seja, a razão ou

fundamento para decidir).

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28

CONSIDERAÇÕES FINAIS

À guisa de conclusão, pode-se inferir que a súmula vinculante é instituto novo do

Direito Brasileiro mas há muito tempo se tenta incorporá-la ao Direito Pátrio. Porém, tão

somente com a EC 45/2004 os seus asseclas obtiveram êxito, propondo a diminuição da

morosidade da justiça e uma maior segurança jurídica.

Por meio da súmula vinculante percebe-se um movimento de aproximação do sistema

jurídico brasileiro (de raiz romano-germânica – civil law) com o sistema anglo-saxão

(common law), no qual os precedentes têm primazia na construção do Direito. Mas mesmo

havendo essa aproximação ela não é total, pois a súmula vinculante não se identifica

perfeitamente com o stare decisis norte-americano, porque lá a ratio decidendi dos

precedentes vinculatórios tem de ser deles extraída pelo intérprete, enquanto que aqui o

princípio ou regra jurídica vinculatória é fornecido pelo próprio tribunal, em uma fórmula

linguística concisa e genérica – texto normativo.

Quanto às críticas à súmula vinculante, elas não se sustentam, pois, da maneira como

foi concebida, é totalmente constitucional e, de fato, garante maior celeridade à justiça sem

ferir os direitos como o acesso à justiça, a motivação das decisões, a separação dos poderes e

o duplo grau de jurisdição.

Com efeito, o Duplo Grau de Jurisdição, a independência do juiz e o acesso à justiça

não são feridos, pois se assim o fosse, as ações de inconstitucionalidade, que possuem efeito

vinculante também feririam esses princípios.

Ora, o Duplo Grau de Jurisdição, conquanto princípio constitucional, não é uma garantia

absoluta, pelo que pode, em algumas hipóteses, ser suprimido, sem que haja ferimento aos

princípios constitucionais e legais do processo, como, por exemplo, o do devido processo legal, e

seus corolários, como o contraditório e a ampla defesa e o próprio princípio da razoável duração

do processo.

Ademais, não só as súmulas vinculantes restringem o Duplo Grau de Jurisdição, mas

também outros institutos como a súmula impeditiva de recursos, valor da alçada, multas, a

transcendência (da justiça trabalhista), a repercussão geral, bem como até mesmo a extinção de

alguma modalidade de recurso.

No mais, tal como está configurada, a súmula só será editada quando o Judiciário tiver

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29

a certeza do julgamento, sem falar que dois outros grandes princípios constitucionais, o da

segurança jurídica e o da igualdade substancial ou material, devem prevalecer sobre a

irrestrita liberdade do magistrado.

Além disso, o magistrado que descumprir a súmula não pode sofrer sanção, devendo

sempre fundamentar sua decisão, demonstrando que o caso não se amolda à súmula, podendo

o desfavorecido entrar com Reclamação no próprio Supremo Tribunal Federal.

Portanto, diante do exposto, é necessário reconhecer a súmula vinculante como

totalmente constitucional e importante instrumento de desafogamento do Judiciário, que

restringe sim o Duplo Grau de Jurisdição, mas este não é garantia constitucional ao contrário

do devido processo legal, podendo sofrer mitigações legitimamente.

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