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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO “Modelamento e Simulação do processo d solidificação de ligas multicomponentes” ALUNA: INGRID MEIRELLES SALVINO ORIENTADOR: PROF. Dr. ALEXANDRE FURTADO

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DISSERTAÇÃO

DE MESTRADO

“Modelamento e Simulação do processo de

solidificação de ligas multicomponentes”

ALUNA: INGRID MEIRELLES SALVINO

ORIENTADOR: PROF. Dr. ALEXANDRE FURTADO

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INGRID MEIRELLES SALVINO

MODELAMENTO E SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO

DE LIGAS MULTICOMPONENTES

Orientador: Prof. Dr. ALEXANDRE FURTADO FERREIRA

Volta Redonda

2010

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Engenharia Metalúrgica da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Metalúrgica. Área de concentração: Simulação de Processos e Fenômenos.

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INGRID MEIRELLES SALVINO

MODELAMENTO E SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO

DE LIGAS MULTICOMPONENTES

Aprovada em de setembro de 2010.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Prof. Dr. ALEXANDRE FURTADO FERREIRA – Orientador EEIMVR – UFF – Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________________

Prof. Dr. LUIZ HENRIQUE DIAS ALVES Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do sudeste de Minas Gerais

__________________________________________________________

Prof. Dr. IVALDO LEÃO FERREIRA EEIMVR – UFF – Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________________

Prof. Dr. CARLOS ROBERTO XAVIER UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda

Volta Redonda 2010

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Engenharia Metalúrgica da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Metalúrgica. Área de concentração: Simulação de Processos e Fenômenos.

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Dedico este trabalho a toda minha família, em especial aos meus pais Paulo

Roberto Salvino e Maria do Carmo Meirelles Salvino, ao meu namorado Adam

Bruno Donato Mariano de Gonçalves Tomaszewski e aos meus amigos, pelo apoio

e incentivo durante os dois anos de Mestrado.

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AGRADECIMENTOS

À Deus,

À Universidade Federal Fluminense,

Ao professor Doutor Alexandre Furtado Ferreira,

A todos os amigos da Pós-Graduação,

A todos os professores com quem convivi e

de quem tive o privilégio de ser aluna no

curso de Mestrado em Engenharia

Metalúrgica,

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

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RESUMO

Grande parte dos processos de fabricação de materiais metálicos e suas

ligas envolvem o fenômeno da solidificação. A morfologia da microestrutura

formada nesta etapa irá determinar, juntamente com a composição química, as

propriedades mecânicas do produto.

O estudo e entendimento do crescimento dendrítico tem sido beneficiado

pela simulação da solidificação de materiais puros e ligas através do modelo de

Campo de Fase. Este modelo de Campo de Fase é um método muito útil para

a simulação da evolução da microestrutura com a qual se descreve o

crescimento dendrítico. A vantagem deste modelo está associada ao fato da

posição da interface em relação ao tempo ser determinada implicitamente por

um parâmetro de ordem.

O presente estudo buscou resolver numericamente as equações do

Campo de Fase, Energia e Concentração de Soluto num sistema bidimensional

objetivando a determinação da morfologia das dendritas geradas no processo

de solidificação de ligas multicomponentes (Fe-C-P-Mn), para diferentes

condições de resfriamento e composição da liga.

Palavras chaves: Método do Campo de Fase, dendritas, ligas

multicomponentes.

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ABSTRACT

Much of the manufacturing processes of metallic materials and its alloys

involve the phenomenon of solidification. The morphology of the microstructure

formed in this step will define, jointly with the chemical composition, the

mechanical properties of the product.

The study and understanding of dendritic growth has been benefited by

the simulation of solidification of pure materials and alloys through the Phase-

Field Model. This model of Phase-Field is a very useful method for the

simulation of microstructural evolution used to describe the dendritic growth.

The advantage of this model is associated with the fact that the interface

position related to time be determined implicitly by an order parameter.

This study aims to solve numerically the equations of the Phase-Field,

energy and concentration of solute in a two-dimensional system focusing the

determination of the morphology of dendrites generated in the solidification

process of multicomponent alloys (Fe-C-P-Mn), for different cooling conditions

and alloy composition.

Keywords: Phase Field Method, dendrites, multicomponent alloys.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO, p. 1

2 OBJETIVO, p. 4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA , p. 6

3.1 ASPECTOS TEÓRICOS DO PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO, p. 6

3.1.1 Solidificação de metais puros, p. 6

3.1.2 Solidificação de ligas cristalinas, p. 12

3.2 MÉTODO DO CAMPO DE FASE, p. 16

3.2.1 Método do campo de fase para metais puros, p. 18

3.2.2 Método do campo de fase para ligas multicomponentes, p. 24

3.2.3 Aplicações do método do campo de fase, p. 29

3.2.3.1 Estudo da influência da anisotropia no crescimento dendrítico em ligas binárias

através da simulação pelo método do campo de fase, p. 29

3.2.3.2 O método do campo de fase aplicado ao processo de solidificação de ligas

multicomponentes, p. 30

3.2.3.3 Estudo da influência das interações dos solutos no processo de solidificação

de ligas multicomponentes, p. 31

3.2.3.4 Estudo da microssegregação em ligas ternárias utilizando o Método do Campo

de Fase, p. 35

3.2.3.5 Modelo do Campo de Fase para solidificação de ligas ternárias, p. 40

4 METODOLOGIA, p. 45

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES, p. 46

5.1 SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO DE UMA LIGA

MULTICOMPONENTE, p. 46

5.1.1 Fração solidificada versus tempo, p. 47

5.1.2 Estimativa das concentrações dos solutos no sólido, p. 48

5.1.3 Velocidade da ponta da dendrita versus concentrações dos solutos, p. 53

5.1.4 Simulação dos perfis dos solutos (C-P-Mn) durante a solidificação, p. 55

5.1.5 Simulação da evolução microestrutural da liga Fe-C-P-Mn, p. 57

5.1.6 Estudo da intensidade do crescimento competitivo para diferentes super-

resfriamentos, p. 60

5.1.7 Efeito das concentrações dos solutos sobre a morfologia dendrítica, p. 61

5.1.8 Simulação do fenômeno de colisão da liga multicomponente, p. 66

6 CONCLUSÕES, p. 68

ANEXOS, p. 76

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fig. 1.1 Estrutura dendrítica crescendo em líquido puro super-resfriado, p. 1

Fig. 3.1 Ilustração das nucleações homogênea e heterogênea, p. 7

Fig. 3.2 Os dois tipos de interfaces existentes entre a fase sólida e líquida em equilíbrio

termodinâmico, p. 8

Fig. 3.3 Avanço da interface sólido/líquido no processo de solidificação sem super-

resfriamento, p. 9

Fig. 3.4 Avanço da interface sólido/líquido no processo de solidificação com super-

resfriamento, p. 10

Fig. 3.5 Estrutura dendrítica metálica composta por três níveis de ramificações, p. 11

Fig. 3.6 Representação esquemática do diagrama de equilíbrio de ligas binárias, p. 13

Fig. 3.7 Perfil de concentração de soluto na fase sólida, p. 14

Fig. 3.8 Perfil de concentração de soluto na fase líquida, p. 14

Fig. 3.9 Perfil de concentração soluto para diferentes velocidades de crescimento, p. 15

Fig. 3.10 Diagramas de fases pseudo-binário para liga (Fe-C-P-Mn), p. 27

Fig. 3.11 Variação da composição durante a solidificação em 1D da liga Al-Cu-Mg

(t=9x104s), com e sem a presença de interação entre os solutos, p. 32

Fig. 3.12 Morfologia dendrítica gerada durante o processo de solidificação, p. 33

Fig. 3.13 Comparação da velocidade da ponta da dendrita e do raio entre as condições

com e sem interação entre os solutos na liga Al-Cu –Mg, p. 34

Fig. 3.14 Comparação da velocidade da ponta da dendrita e do raio entre as condições

com e sem interação entre os solutos na liga Al-Cu –Si, p. 35

Fig. 3.15 Fração solidificada versus tempo, p. 36

Fig. 3.16 Concentração de carbono na fase líquida versus fração solidificada, p. 37

Fig. 3.17 Concentração de fósforo na fase líquida versus fração solidificada, p. 37

Fig. 3.18 Simulações das dendritas isotérmicas, p. 38

Fig. 3.19 Velocidade e raio da ponta da dendrita versus concentração de fósforo, p. 39

Fig. 3.20 Início do crescimento da dendrita t = 4x10-7s, p. 40

Fig. 3.21 Perfil de concentração de carbono (em vermelho) e fósforo (em verde) na

região da interface sólido/líquido, p. 41

Fig. 3.22 Campo de concentração de carbono: (a) 0,5% e fósforo (b) 0,001%, p. 42

Fig. 3.23 Campo de concentrações de soluto de carbono e fósforo, p. 43

Fig. 3.24 Velocidade da ponta da dendrita versus concentração de fósforo, p. 44

Fig. 5.1 Fração solidificada versus tempo de solidificação, p. 48

Fig. 5.2 Comparação entre a estimativa de concentração de carbono no sólido dada

pelo Modelo do Campo de Fase e a equação de Scheil adaptada, p. 50

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Fig. 5.3 Comparação entre a estimativa de concentração de fósforo no sólido dada pelo

Modelo do Campo de Fase e a equação de Scheil, p. 51

Fig. 5.4 Comparação entre a estimativa de concentração de manganês no sólido dada

pelo Modelo do Campo de Fase e a equação de Scheil, p. 52

Fig. 5.5 Velocidade da ponta da dendrita versus concentração de carbono, p. 53

Fig. 5.6 Velocidade da ponta da dendrita versus concentração de fósforo, p. 54

Fig. 5.7 Velocidade da ponta da dendrita versus concentração de manganês, p. 54

Fig. 5.8 Perfil de concentração dos solutos (carbono e fósforo) durante a solidificação

da liga multicomponente Fe-C-P-Mn, p. 56

Fig. 5.9 Perfil de concentração dos solutos (carbono e manganês) durante a

solidificação da liga multicomponente Fe-C-P-Mn, p. 56

Fig. 5.10 Evolução microestrutural da liga multicomponente Fe-C-P-Mn, p. 58

Fig. 5.11 Evolução do campo de concentração dos solutos (C-P-Mn), p. 59

Fig. 5.12 Morfologia dendrítica da liga multicomponentes Fe-C-P-Mn com diferentes

super-resfriamento, p. 61

Fig. 5.13 Estudo da influência do teor de carbono na morfologia dendrítica, p. 63

Fig. 5.14 Estudo da influência do teor de fósforo na morfologia dendrítica, p. 64

Fig. 5.15 Estudo da influência do teor de manganês na morfologia dendrítica, p. 65

Fig. 5.16 Simulação do fenômeno de colisão durante o crescimento dendrítico, p. 67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Direções cristalográficas de crescimento dendrítico, p. 11

Tabela 5.1 - Propriedades físicas da liga Fe-C-P-Mn, p. 46

Tabela 5.2 - Parâmetros computacionais, p. 47

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Fe elemento químico Ferro

C elemento químico Carbono

P elemento químico Fósforo

Mn elemento químico Manganês

∆T super-resfriamento térmico (K)

v velocidade da ponta da dendrita ou velocidade de avanço da interface sólido/líquido

(m/s)

C0 composição inicial da liga

Ke coeficiente de redistribuição

φ variável do campo de fase

h(φ) função suavizante da variável do campo de fase φ

ε0 Parâmetro do método do campo de fase correlacionado com a espessura da

interface (J/m)1/2

θ0 ângulo preferencial de crescimento

M mobilidade da interface (m3/s J)

F energia livre total do sistema

φf densidade de energia livre em função da variável do campo de fase φ

ε parâmetro de correção de gradiente de energia

Ω domínio de solidificação

f s densidade de energia livre da fase sólida

f L densidade de energia livre da fase líquida

W fator da energia livre de excesso (J/m3)

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σ tensão superficial (J/m2)

λ espessura da interface sólido/líquido (m)

g(φ) função que modela a energia livre na interface

H∆ calor latente de solidificação (J/m3)

T temperatura inicial do metal (K)

Tm temperatura de fusão (K)

µk coeficiente cinético interfacial (m/s K)

α constante que depende da espessura da interface do modelo

θ ângulo formado entre o vetor normal à interface e o eixo x

φy derivada de φ em relação à y

φx derivada de φ em relação à x

r número aleatório gerado entre -1 e +1

a fator de amplitude do ruído

D difusividade térmica (m2/s)

DL difusividade do soluto no líquido

DS difusividade do soluto no sólido

cp calor específico do metal (J/m3 K)

cL concentração da fase líquida

cS concentração na fase sólida

Vm volume molar (m3)

eLc concentração de cada soluto no líquido em equilíbrio

e

Sc concentração de cada soluto no sólido em equilíbrio

Me inclinação da linha liquidus

δε força de anisotropia

w tensão superficial

∆t passos no tempo (s)

dx,dy espaçamento da malha

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J modo de anisotropia

fs fração solidificada

kef coeficiente de redistribuição efetivo

δ tamanho da camada limite de difusão do soluto no líquido

t tempo (s)

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1. INTRODUÇÃO

O fenômeno de solidificação está presente em grande parte dos processos de

fabricação, desde uma simples produção de cubos de gelo até processos industriais.

A solidificação consiste em uma transformação de fase onde o material passa do

estado líquido para o estado sólido de acordo com a evolução da extração de calor.

Ao longo da transformação de fase, cristais de fase sólida se precipitam em meio à

fase líquida e durante o processo crescem e criam ramificações, adquirindo forma

semelhante à de uma árvore. Devido essa característica os cristais de fase sólida são

chamados de dendritas, figura 1.1.

Figura 1.1 – Estrutura dendrítica crescendo em líquido puro super-resfriado 1.

Pode-se estimar que, pelo menos 1 bilhão de toneladas de produtos metálicos

passam por essa transformação anualmente, por meio de inúmeros processos

industriais, que vão desde a produção de matéria-prima (ferro gusa, alumínio, cobre,

zinco, etc.), seu beneficiamento (aços, ferros fundidos, alumínio eletrolítico, etc.) e,

finalmente, acabamento (fundição, soldagem, etc.). Mesmo tendo despertado a

atenção dos cientistas e engenheiros desde os primórdios da Revolução Industrial, o

estudo da solidificação cresceu em importância durante a década de 60, quando a

tecnologia passou a exigir materiais com alto grau de pureza e estruturas cada vez

mais controladas 2.

O conhecimento e controle dos fenômenos de solidificação possibilitam

grandes economias em escala industrial, tendo em vista que essa é a forma mais

rápida de transformação da matéria-prima ao produto final. Isso faz com que o

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processo de fundição constitua a rota mais econômica na conformação de uma peça

metálica, desde que o ponto de fusão não seja extremamente elevado 3. Devido essa

característica, o processo de solidificação pode ser considerado uma das

especialidades mais importante da metalurgia e da ciência dos materiais.

Do ponto de vista físico, a solidificação é a transformação de fase líquida para

fase sólida. Mas essa transformação não ocorre de maneira passiva, e sim de

maneira ativa e dinâmica, já que os fenômenos de nucleação e crescimento de

estruturas dendríticas ocorrem ao longo da evolução do processo. Esses fenômenos

devem ser acompanhados com bastante cautela, pois qualquer descontrole pode dar

origem a diversos tipos de heterogeneidades que comprometem a qualidade do

produto final. No entanto, é de grande importância o entendimento do crescimento

dendrítico durante a solidificação porque as características das dendritas e o controle

de segregação irão influenciar fortemente as propriedades do produto final.

No caso de solidificação de metais puros, a formação de estrutura dendrítica

ocorre devido à presença de super-resfriamento da fase líquida, ou seja, a

temperatura da fase líquida se encontra abaixo da temperatura de fusão do metal.

Esse super-resfriamento permite que instabilidades na interface sólido/líquido

avancem para dentro da fase líquida e encontrem temperatura propícia para seu

desenvolvimento e ramificação. Entretanto, a formação de estruturas dendríticas na

solidificação de ligas metálicas ocorre devido ao super-resfriamento constitucional,

que é provocado pelo acúmulo de soluto a frente da interface sólido/líquido, segundo

Prates4. Ainda de acordo com Prates4, as propriedades de ductilidade, condutividade

elétrica e resistência mecânica dos sólidos, são determinadas pela microestrutura

formada durante a solidificação. Assim, é importante controlar a microestrutura

formada para se obter as propriedades desejadas nas peças produzidas. As

condições de formação de dendritas em metais puros e ligas metálicas serão

discutidas com mais detalhes no capítulo 3.

Do ponto de vista tecnológico, o modelamento matemático do processo de

solidificação através das equações de transporte clássicas torna-se inadequado para

casos de fenômenos que devem ser considerados regimes de solidificação

metaestáveis. Como por exemplo, o caso de solidificação de substância pura num

sistema super-resfriado, ou ainda na solidificação de ligas, onde pode haver

instabilidades na interface sólido/ líquido devido ao super-resfriamento constitucional.

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Por isso, vários cientistas vêm desenvolvendo métodos numéricos que sejam

eficientes para processos com interfaces complexas.

O Método do Campo de Fase tem se mostrado muito eficaz no modelamento

de interfaces sólido/líquido complexas, devido sua capacidade de simular a cinética

da interface e a formação da morfologia gerada no processo de solidificação. Sendo o

Campo de Fase especialmente eficiente no tratamento numérico, pois a interface tem

sua posição determinada através da variável do campo de fase (φ). Assim, a interface

é a região localizada entre os valores de +1 que representa a fase sólida e 0 que

representa o fase líquida.

Neste trabalho será apresentado o modelamento e simulação do processo de

solidificação de ligas multicomponentes (Fe-C-P-Mn) num sistema super-resfriado,

utilizando o Método do Campo de Fase, levando-se em conta os efeitos da tensão

superficial, cinética do super-resfriamento e anisotropia cristalina.

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2. OBJETIVOS

O foco principal desse presente trabalho é simular a morfologia de dendritas de

ligas multicomponentes (Fe-C-P-Mn) obtidas em diferentes processos de

solidificação, utilizando a técnica do Campo de Fase. Através das simulações

realizadas neste trabalho pretendemos analisar os seguintes fatores:

a) Estimativa da fração solidificada versus tempo de solidificação. O objetivo deste item

é estabelecer a relação entre a fração solidificada com o tempo de solidificação;

b) Estimativa da concentração de solutos na fase solidificada. Nesta etapa será gerado

um gráfico de concentração de soluto versus fração solidificada. Estes resultados

serão comparados com a equação de Scheil citada em Chalmers5;

c) Estudo da influência das concentrações dos solutos sobre cinética de solidificação.

Neste item será analisada a velocidade de avanço da ponta da dendrita para

diferentes composições de solutos;

d) Simulação dos perfis dos solutos (C, P e Mn) durante a solidificação. Neste item, será

analisado o perfil de concentração dos solutos na fase sólida, líquida e interface;

e) Simulação da evolução microestrutural da liga (Fe-C-P-Mn). Nesta etapa o Método do

Campo de Fase será aplicado na simulação da solidificação destas ligas em um

sistema super-resfriado, visando acompanhar os estágios de crescimento dendrítico

em diferentes tempos de solidificação, e assim, fazer um estudo das características

mais relevantes da dendrita;

f) Estudo da intensidade de crescimento competitivo em diferentes condições de super-

resfriamento. O objetivo desta etapa é fazer uma análise qualitativa do crescimento

competitivo entre os braços dendrítico em função do super-resfriamento;

g) Estudo do efeito das concentrações dos solutos sobre a morfologia dendrítica gerada

no processo de solidificação. Neste item o objetivo é estudar como as concentrações

de soluto afetam as dendritas geradas;

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h) Simulação do fenômeno de colisão das dendritas da liga multicomponente. Nesta

etapa, será discutido o comportamento do Método do Campo de Fase numa situação

de colisão entre dendritas que crescem em diferentes direções.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica deste trabalho será dividida em duas etapas. Na primeira

etapa será feita a revisão da teoria do processo de solidificação para os casos de

metais e ligas cristalinas. A solidificação de ligas multicomponentes é um assunto

complexo, por isso neste trabalho começaremos pelo estudo do processo de

solidificação de metais puros, que possui um modelamento mais simples, e

posteriormente iremos estender o estudo para ligas. A segunda etapa será

direcionada para revisão do Método do Campo de Fase, essa etapa irá abranger os

aspectos teóricos do modelamento do processo de solidificação utilizando o Método

do Campo de Fase para metais puros e ligas cristalinas. Algumas aplicações do

Método do Campo de Fase serão apresentadas no final da revisão bibliográfica.

3.1. ASPECTOS TEÓRICOS DO PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO

Durante o processo de solidificação, cristais de fase sólida se precipitam em

meio à fase líquida, que crescem e criam ramificações, adquirindo forma semelhante

à de uma árvore. Devido essa característica os cristais de fase sólida são chamados

de dendritas. Essas dendritas formadas irão influenciar as propriedades finais do

produto.

No próximo item será discutida a maneira como são formadas as estruturas

dendríticas na solidificação de metais puros.

3.1.1 SOLIDIFICAÇÃO DE METAIS PUROS

O processo de solidificação em metais pode ser dividido em duas etapas

sucessivas, nucleação e crescimento. Sendo, a nucleação definida como a etapa

onde são formados núcleos de cristais estáveis de fase sólida em meio à fase líquida.

Enquanto, a etapa de crescimento ocorre quando os núcleos continuam a crescer à

medida que prossegue a extração de calor. A nucleação por sua vez, pode ser

classificada como homogênea e heterogênea.

Nucleação homogênea ocorre quando não existe nenhum tipo de estimulante

energético externo, tais como: filmes de óxidos, partículas de impurezas e paredes de

molde, que possam contribuir energeticamente para a nucleação da fase sólida em

meio à fase líquida. O primeiro núcleo formado só irá sobreviver se sua presença

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diminuir a energia livre total do sistema, por isso acredita-se que os núcleos formados

através de nucleação homogênea possuem a forma esférica, já que a geometria

esférica possui a menor relação superfície/volume. A nucleação homogênea

raramente ocorre num banho metálico porque os agentes estranhos (estimulantes

energéticos) quase sempre estão presentes. Enquanto que a nucleação heterogênea

ocorre em banhos metálicos que apresentam estimulantes energéticos, tais como:

aditivos, inoculantes, partículas de impureza e filmes superficiais de óxidos, que

auxiliam a nucleação da fase sólida em meio à fase líquida. Devido à presença

desses agentes estimulantes, a nucleação heterogênea se origina exatamente neles,

possuindo o formato de uma calota esférica.

A figura 3.1, ilustra os dois tipos de nucleação, heterogênea e homogênea.

Figura 3.1 – Ilustração das nucleações homogênea e heterogênea.

Após o término da etapa de nucleação, tem início a etapa de crescimento,

caracterizada pela forma como os núcleos crescem em meio à fase líquida. O

desenvolvimento desta etapa depende da estrutura atômica da interface

sólido/líquido, que será determinada pelas condições de solidificação impostas ao

metal ou liga metálica, e da movimentação (difusão) de átomos entre as duas fases.

De acordo com Chalmers 5 e Jena 7, a interface pode ser classificada em dois tipos:

(1) Interface difusa, ocorre quando a região, interface, que separa a fase líquida

(região totalmente desordenada atomicamente) da fase sólida (região ordenada

atomicamente) é composta de partes ordenadas e desordenadas, tendo uma

espessura aproximada de 50 átomos;

(2) Interface facetada, ocorre quando a região, interface, que separa a fase

líquida da fase sólida é composta por no máximo 5 átomos alinhados.

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8

Segundo Garcia3, a formação desses dois tipos de interface está ligada à

variação da energia livre de superfície por ocasião da incorporação aleatória de

átomos às camadas atômicas de maior ordenação.

Os dois tipos de interface de crescimento são mostrados na figura 3.2.

Figura 3.2 - Os dois tipos de interfaces existentes entre a fase sólida e líquida8.

A interface difusa é comum em metais, enquanto a interface facetada é típica

de cerâmicos4.

Na solidificação de metais puros sem super-resfriamento, o avanço da interface

sólido/líquido é controlado pela extração de calor. Devido à ausência do super-

resfriamento da fase líquida, a interface avança de forma plana e estável

macroscopicamente, segundo Chalmers5. Assim, qualquer instabilidade que apareça

na interface irá se projetar para uma região com temperatura maior que a temperatura

de fusão e, conseqüentemente, será fundida novamente, permitindo que a interface

continue avançando de forma plana.

Fase sólida

Fase sólida

Fase líquida

Fase líquida

Interface difusa

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9

A figura 3.3 ilustra o avanço desse tipo de interface sólido/líquido.

Figura 3.3 – Avanço da interface facetada no processo de solidificação sem super-resfriamento4.

No entanto, freqüentemente observa-se que mesmo com a temperatura do

metal abaixo da temperatura de fusão, o metal ainda não está totalmente solidificado.

Neste caso a fase líquida encontra-se em condição de super-resfriamento. No caso

de solidificação com interface sólido/líquido com super-resfriamento da fase líquida,

qualquer instabilidade que apareça na interface irá avançar para uma região com

temperatura inferior a temperatura de fusão, e dessa maneira encontrará condições

propícias para se desenvolver e criar ramificações. Assim, a interface degenera-se

morfologicamente, crescendo com uma forma ramificada semelhante a uma árvore,

conhecida como estrutura dendrítica, segundo Prates4. Essas dendritas, formadas

devido à presença de super-resfriamento da fase líquida, são também conhecidas

como dendritas térmicas.

O avanço da interface sólido/líquido em condição de super-resfriamento é

mostrado na figura 3.4.

T (Local) > Tfusão

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10

Figura 3.4 – Avanço da interface difusa no processo de solidificação com super-resfriamento4.

Uma estrutura dendrítica totalmente desenvolvida possui três níveis de

ramificações. O braço primário, correspondente a espinha dorsal da estrutura

dendrítica, os braços secundários que são ortogonais ao braço primário e os braços

terciários que crescem paralelos ao braço primário, figura 3.5.

Os braços secundários formam-se nas proximidades das pontas das dendritas

e com poucas ramificações uniformemente espaçadas. No entanto, em regiões

próximas da raiz da dendrita, os espaçamentos aumentam devido o desaparecimento

de ramificações pequenas e do engrossamento dos braços secundários. Desta forma,

o tamanho final do espaçamento entre os braços secundários depende do tempo em

que essas ramificações ficam em contato com a fase líquida. Para tempos maiores de

contato ocorre maior difusão de soluto da fase líquida para a fase sólida, uma vez que

a difusividade do soluto no líquido é maior que no sólido. Como resultado tem-se

braços secundários mais grossos e, conseqüentemente, um menor espaçamento

entre eles. De acordo com Garcia3, os espaçamentos menores possibilitam uma

distribuição mais uniforme das segregações de solutos entre os braços secundários, o

que permite um melhor comportamento mecânico do metal solidificado.

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11

Figura 3.5 - Estrutura dendrítica metálica composta por três níveis de ramificações2.

O crescimento dendrítico ocorre em direções cristalográficas preferenciais,

devido à facilidade de agregação de átomos em uma superfície destas direções, que

é diretamente proporcional ao seu fator de acomodação de átomos, que por sua vez é

inversamente proporcional à densidade desta superfície. Uma vez que existem planos

cristalográficos em que o processo de ajuste dos átomos na transformação

líquido/sólido é mais fácil, é natural que nem todas as orientações cristalográficas

cresçam com mesma velocidade, segundo Silva9. Neste sentido, as direções

cristalográficas preferenciais para o crescimento das dendritas em sólidos metálicos

são apresentadas na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Direções cristalográficas de crescimento dendrítico3.

Material Estrutura cristalina Direção cristalográfica

Fe, Latão β Cúbica de corpo centrado <100>

Al, Cu, Ag, Au, Pb Cúbica de face centrada <100>

Zn, Cd, MG Hexagonal compacta <1010>

Sn Tetragonal <110>

O crescimento dendrítico só termina quando dendritas provenientes de

diferentes núcleos crescem e se encontram, formando contornos de grãos que,

conseqüentemente, definem a microestrutura do metal solidificado.

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12

A velocidade do crescimento dendrítico pode ser medida através da velocidade

de avanço da ponta da dendrita para dentro da fase líquida, que é fortemente

influenciada pela presença de super-resfriamento. De acordo com Fisher, citado em

Chalmers5, a velocidade da ponta da dendrita é proporcional ao quadrado do super-

resfriamento, v α (∆T)2. Para formulação dessa expressão matemática, Fisher

considerou que a ponta da dendrita é esférica, perde calor de forma radial e ainda

move-se para dentro da fase líquida sem alterar sua forma. Segundo Garcia3,

qualquer condição que permita que a ponta da dendrita seja acelerada em relação às

raízes deve favorecer a formação de uma estrutura dendrítica menos definida.

Em metais puros, o avanço da interface sólido/líquido ocorre devido ao super-

resfriamento da fase líquida, já que a interface poderá percorrer uma larga faixa de

líquido super-resfriado. Já os metais impuros são menos susceptíveis ao super-

resfriamento da fase líquida. Nestes casos a formação de estrutura dendríticas ocorre

pela maior extração de calor, ou pela presença de solutos a frente da interface o que

diminui a temperatura de solidificação. Desta forma a liga poderia ser considerada

super-resfriada constitucionalmente devido ao acúmulo destes elementos na fase

líquida, o próximo item tratará deste tipo de solidificação.

3.1.2 SOLIDIFICAÇÃO DE LIGAS CRISTALINAS

O processo de solidificação de ligas cristalinas, assim como a solidificação de

metais puros, pode ser dividido em duas etapas sucessivas, nucleação e crescimento.

Entretanto, na solidificação de ligas, o primeiro núcleo de fase sólida formado tem

composição igual a C0Ke, sendo C0 a composição inicial da liga e Ke o coeficiente de

redistribuição. Caso a solubilidade do soluto no sólido for menor do que no líquido, o

coeficiente de redistribuição assumirá valores abaixo da unidade, ou seja, Ke<1 e,

conseqüentemente, haverá uma rejeição de soluto a partir da fase sólida, figura 3.6a.

Essa rejeição provoca um enriquecimento de soluto na fase líquida em torno deste

núcleo de fase sólida. Caso contrário, Ke>1 haverá uma rejeição de solvente da fase

sólida, assim a fase líquida próxima ao núcleo solidificado sofrerá um acúmulo de

solvente, figura 3.6b.

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13

(a) (b)

Figura 3.6 – Representação esquemática do diagrama de equilíbrio de ligas binárias: a) k<1; b)k>1; Tliq

temperatura liquidus e Tsol temperatura solidus3.

A idealização de um diagrama de fases onde as linhas liquidus e solidus são

retas é feito com o objetivo de determinar o coeficiente de redistribuição em função da

concentração de soluto e da temperatura, de forma que Ke seja constante durante a

solidificação, facilitando a abordagem teórica.

Na solidificação de ligas cristalinas com Ke<1, sob condição de não equilíbrio,

as camadas adjacentes de fase sólida formadas no primeiro núcleo solidificado terão

a composição cada vez mais enriquecida de soluto, devido o enriquecimento de

soluto na fase líquida. A figura 3.7 mostra o perfil de concentração de soluto na fase

sólida durante a solidificação da liga, pode-se notar que durante o transiente inicial a

concentração da fase sólida tende a concentração inicial da liga C0. Já no transiente

final a concentração do líquido próximo a interface assume valores maiores que C0/Ke,

enquanto o sólido formado atinge concentrações maiores que C0.

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14

Figura 3.7 – Perfil de concentração de soluto na fase sólida4.

Em regiões distantes da interface as composições aproximam-se

exponencialmente da composição inicial, Co, devido à difusão de soluto para dentro

da fase líquida. A figura abaixo mostra a concentração de soluto na fase líquida à

frente da interface.

Figura 3.8 – Perfil de concentração de soluto na fase líquida4.

Deste modo, a espessura da camada difusa depende do coeficiente de

redistribuição, do coeficiente de difusão do soluto na fase líquida e da velocidade de

avanço da interface sólido/líquido. Sendo a influência da velocidade de avanço da

interface sólido/líquido mostrada na figura 3.9, onde é visto que o aumento da

velocidade da interface S/L promove a diminuição da espessura da camada difusa,

mantendo-se a difusividade do soluto e o coeficiente de redistribuição constante

durante a solidificação.

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15

Figura 3.9– Perfil de concentração de soluto para diferentes velocidades de crescimento10.

No processo de solidificação de ligas ocorre uma redistribuição do soluto

devido à rejeição de soluto para fase líquida, esse fenômeno pode provocar

instabilidade na interface sólido/líquido. Numa condição onde não exista um super-

resfriamento na fase líquida, ou seja, a partir da interface toda fase líquida encontra-

se com temperatura acima da temperatura de fusão, variações locais na composição,

associadas à redistribuição de soluto, podem proporcionar uma variação da

temperatura de fusão, em diferentes regiões no líquido. Nessas condições, parte do

líquido pode ser super-resfriado constitucionalmente. Assim, o super-resfriamento é

resultante das variações constitucionais da fase líquida. A existência desta região de

super-resfriamento constitucional possibilita que instabilidades da interface avancem

para regiões com temperatura favorável ao seu desenvolvimento. Inicialmente tem-se

uma estrutura celular, a partir da interface plana, e conforme esta estrutura celular

avança se torna instável e ramifica-se, dando origem à estrutura dendrítica.

De acordo com Chalmers5, o crescimento dendrítico é fortemente

cristalográfico, ou seja, os braços primários, secundários e terciários possuem seus

eixos paralelos às direções cristalográficas específicas. Por exemplo, em ligas

cúbicas de corpo centrado, as direções preferenciais de crescimento são <100>.

O espaçamento dos braços primários, secundários e terciários depende das

condições de solidificação, ou seja, em velocidades de crescimento elevadas, podem

formar somente braços primários, mas à medida que a velocidade decresce,

desenvolvem-se também ramificações laterais. Assim, uma medida dos efeitos das

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16

condições de solidificação sobre a estrutura dendrítica é o espaçamento entre os

braços dendríticos10.

Normalmente, cada dendrita ramificada cresce de um único núcleo e possui

uma única orientação. Mudanças de orientação podem ocorrer durante o crescimento,

devido fatores como turbulência do líquido, direção do fluxo de calor, presença de

impurezas no líquido etc.

Atualmente, pesquisadores têm utilizado um método muito eficaz, conhecido

como Método do Campo de Fase, para descrever a evolução de interfaces sólido/

líquido complexas num estado de desequilíbrio, como é o caso do processo de

solidificação de metais puros e ligas cristalinas. No próximo item será estudado o

Método do Campo de Fase e sua aplicação no processo de solidificação.

3.2 MÉTODO DO CAMPO DE FASE

O Método do Campo de Fase é um método relativamente novo, o primeiro

trabalho utilizando esse método surgiu no início dos anos 8013. De acordo com Qin e

Wallach11, os primeiros modelos utilizando o Campo de Fase para solidificação de

substâncias puras foram desenvolvidos por J.B. Collins12 e G. Caginalp13.

Kobayashi14, no ano de 1993, utilizou o Método do Campo de Fase no modelamento

matemático do processo de solidificação de um metal puro. Neste trabalho,

Kobayashi14 apresentou simulações do crescimento dendrítico, onde ficou caracterizado

a influência dos parâmetros físicos do modelo na morfologia dendrítica simulada.

Também ficou demonstrada a importância da fonte de ruídos para as ramificações

laterais das dendritas em algumas situações. O primeiro modelo utilizando o Método do

Campo de Fase para simulação da solidificação de ligas binárias foi desenvolvido por

Wheeler e colaboradores15 na década de 90 e foi aplicado com sucesso na simulação

do processo de solidificação de ligas Ni-Cu, considerando solidificação em sistemas

isotérmicos. Wheeler e colaboradores15 mostraram que os parâmetros que

caracterizam o modelo do campo de fase estão relacionados aos parâmetros do

material e a dados termodinâmicos empregados em modelos clássicos de interface

fina. Warren e Boettinger16 investigaram o crescimento dendrítico de ligas binárias,

utilizando o modelo de Wheeler15. Já o modelamento da solidificação isotérmica de

ligas ternárias através do Campo de Fase foi feito por Ode e colaboradores17 no ano

de 2000. Ode e colaboradores17 simularam o crescimento dendrítico de uma liga de

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17

Fe-C-P, com objetivo de analisar o fenômeno de micro-segregação. Os resultados

obtidos por Ode e colaboradores17 mostraram boa concordância com a equação de

Clyne-Kurz. Posteriormente, Miyazaki18 e Cha e colaboradores19 desenvolveram o

modelo apropriado para simulação do processo de solidificação de ligas

multicomponentes. No trabalho desenvolvido por Cha e colaboradores19 foi proposto

um modelo do Campo de Fase para estudar o crescimento dendrítico da ligas

ternárias (Fe-C-Mn) contendo solutos intersticiais e substitucionais, com a capacidade

de simular a cinética de solidificação. Cha e colaboradores19 demonstraram que o

modelo fornece boa descrição da cinética de solidificação. Outra característica do

modelo desenvolvido por Cha e colaboradores19 é a capacidade do modelo em

simular o crescimento isotérmico de dendritas em um líquido altamente

supersaturado, e de prever o padrão de distribuição dos solutos no sólido e na fase

líquida.

Uma das principais características do método do Campo de Fase é a

capacidade de simular a cinética de interfaces complexas e a formação da morfologia

gerada em vários processos de solidificação. Por isso, um grande número de modelos

utilizando esse método tem sido produzido por muitos pesquisadores. O Campo de

Fase é eficiente, especialmente no tratamento numérico, já que não é necessário

determinar a posição exata da interface sólido/líquido. Para evitar esse

monitoramento direto da interface sólido/líquido, é usada uma variável conhecida

como variável do campo de fase (φ), que assume valor igual a +1 na fase sólida, 0 na

fase líquida e valores entre 0 e +1 na região da interface sólido/líquido

respectivamente. Para que o modelo considere o crescimento dendrítico durante a

solidificação é necessário que a interface sólido/líquido seja difusa. Para que essa

condição seja obedecida, é utilizada uma função suavizante h(φ), que promove uma

transição suave (líquido para sólido) da variável (φ) na região da interface.

No método do Campo de Fase, a espessura da interface é uma questão

importante, pois para espessuras muito delgadas o esforço computacional é muito

grande. Assim, o método correlaciona um parâmetro ε0, com a espessura real da

interface, como este parâmetro possui uma ordem de grandeza superior a espessura

da interface sólido/líquido, torna-se possível o uso de malhas mais grosseiras com

número menor de volumes de controle durante as simulações, minimizando o esforço

computacional. No entanto para espessuras da interface mais espessas o método do

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18

Campo de Fase é bastante eficaz, fornecendo como resultado muitas características

do crescimento dendrítico durante a solidificação de um sistema super-resfriado. A

morfologia da interface é determinada pelas condições de solidificação (super-

resfriamento), sendo o super-resfriamento responsável por determinar também a

velocidade da frente de solidificação. Quanto à orientação preferencial de

crescimento, no método do Campo de Fase esta orientação é determinada

previamente por um ângulo preferencial de crescimento (θ0). A questão das

perturbações na interface sólido/líquido provocadas por vibrações no molde, presença

de elementos estranhos na fase líquida e etc., durante a solidificação, é representada

no modelo através da adição de uma fonte de ruídos na equação de fase.

O modelamento matemático pelo método de Campo de Fase para o caso de

solidificação de metais puros consiste na solução simultânea das equações de

energia e da equação de fase (φ). Enquanto para o caso de solidificação de ligas, o

modelamento consiste na solução da equação de energia, equação de concentração

de soluto e da equação de fase. Neste trabalho, como foram estudadas ligas

quaternárias de (Fe-C-P-Mn), o modelamento matemático é constituído da solução

simultânea das equações de fase, energia e concentração de soluto. Utilizando o

método de volumes finitos na forma explícita para resolver as equações de fase e

concentração de soluto, enquanto a equação de energia foi resolvida na forma

implícita, para garantir a convergência para qualquer passo no tempo. Em todas as

simulações realizadas, admite-se que um núcleo sólido estável foi previamente

adicionado ao domínio líquido, que dependendo das condições do sistema, tais como

o super-resfriamento (∆T), o mesmo poderá desenvolver-se.

Primeiramente será tratado o modelamento das equações aplicado à

solidificação de um metal puro, posteriormente será discutida a questão do

modelamento aplicado à solidificação de ligas.

3.2.1 MÉTODO DO CAMPO DE FASE PARA METAIS PUROS

Segundo Bhadeshia20, para o modelamento do processo de solidificação

através do Método do Campo de Fase deve-se considerar três variáveis distintas: o

núcleo solidificado (isolado do meio líquido pela interface), o meio líquido e a

interface. A interface tem seu movimento determinado pelas condições de contorno

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19

consistente com o mecanismo de transformação. Considera-se a interface como

sendo uma superfície bidimensional, sem espessura ou estrutura.

No Método do Campo de Fase, a variável φ assume diferentes valores de

acordo a região do sistema, ou seja, quando φ = +1, φ = 0 e entre 0 e +1 representam

o núcleo solidificado, o meio líquido e a interface, respectivamente. Segundo

Furtado10, as condições de contorno para a variável φ são nulas na fronteira do

domínio, ou seja, admite-se fluxo de fase nulo (∂φ/∂t = 0).

A evolução do núcleo solidificado com o tempo é assumida ser proporcional à

variação de um funcional de energia livre com relação à variável φ, segundo Ruijie e

colaboradores21, está relação é mostrada a seguir:

)( 22φφε

δφ

δφfM

FM

t−∇=−=

∂ (3.1)

M é a mobilidade da interface, F a energia livre total do sistema, φ

f a

densidade de energia livre em função da variável do campo de fase φ e ε o

parâmetro de correção de gradiente de energia. A equação (3.1) garante que a

densidade de energia livre diminuirá em relação à t∂

∂φ, ou seja, na transformação de

líquido para sólido há um decréscimo da densidade de energia do sistema. De acordo

com Ruijie e colaboradores21, a energia livre em função da variável do campo de

fase φ pode ser determinada através do termo F representada por:

Ω

∇+= ∫

Ω

−− dCCCfCCCF nn

22121121 )(

21

),...,,,(),...,,,( φεφφ (3.2)

Onde Ω é todo domínio de solidificação e C é a concentração do soluto. O

primeiro termo é a soma das energias livres do núcleo solidificado e do meio líquido, e

também contem uma variável que representa a energia livre de excesso devido à

interface. O segundo termo da equação (3.2) depende do gradiente de φ e, portanto, é

diferente de zero somente na região da interface. A equação que representa a soma

das energias livres que compõem o primeiro termo da equação (3.2) é descrita por:

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20

[ ] )(),...,,()(1),...,,()(),...,,,( 121121121 φφφφ wgCCCfhCCCfhCCCf Ln

LLLSn

SSSn +−+= −−− (3.3)

f s e f L representam a densidade de energia livre das fases sólida e líquida

respectivamente. W é o fator da energia livre de excesso, este fator é um parâmetro

do modelo que posteriormente será correlacionado com as propriedades do material

como tensão superficial (σ) e espessura da interface ( λ ). Como citado em Ruijie e

colaboradores21, a função suavizante h(φ) e a função g(φ) que modela a energia livre

na interface são expressas:

)10156()( 23 +−= φφφφh (3.4)

22 )1()( φφφ −=g (3.5)

As equações (3.4) e (3.5) serão diferentes de zero apenas na região da

interface sólido/ líquido, 0<φ<1, quando ambas as fases estão presentes.

Substituindo a equação (3.3) na equação (3.2) e, posteriormente, substituindo a

equação (3.2) na equação (3.1), tem-se:

( )[ ])(),...,,(),...,,()( '

121121

'22 φφφεφ

WgCCCfCCCfhMt

S

n

SSSL

n

LLL −−+∇=∂

∂−− (3.6)

Na equação (3.6), t∂

∂φ é o termo transiente, φε 22∇ é o termo difusivo da

equação, ),...,,(),...,,()(( 121121

' S

n

SSSL

n

LLLCCCfCCCfh −− −φ é a força motriz do processo de

solidificação, e )(' φWg é a tensão superficial na região da interface. )(' φh e )(' φg são

as derivadas das equações (3.4) e (3.5) em relação a variável do campo de fase φ.

Para solidificação de metais puros, a força motriz do processo de solidificação

pode ser representada em função do calor latente de solidificação e da temperatura

de fusão do metal, como segue abaixo:

)( M

m

SLTT

T

Hff −

∆−=− (3.7)

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21

H∆ representa o calor latente liberado durante a solidificação, T é a

temperatura inicial do metal e Tm é a temperatura de fusão. Substituindo a equação

(3.7) na equação (3.6), tem-se:

−−

∆−∇=

∂)()()(

''22 φφφεφ

WgTTT

HhM

tm

m

(3.8)

Os parâmetros ε , W e M na equação de fase são relacionados com a energia

interfacial σ, espessura da interface 2 λ , e o coeficiente cinético interfacial µk. ε e W

podem ser obtidos através das equações propostas por Ode e colaboradores17,

expressas por:

W

εαλ 22 = (3.9)

23

Wεσ = (3.10)

Neste estudo, a espessura da interface foi definida pela distância através do

qual φ varia de 0,1 a 0,9. α é uma constante que depende da espessura da interface

do modelo, neste trabalho α é igual a 2,2 para φ entre 0,1 a 0,9.

O parâmetro M do modelo que representa a mobilidade da interface pode ser

determinado considerando-se a equação de fase proposta por Kim e colaboradores24,

para uma interface plana movendo-se com velocidade constante.

Assim, o parâmetro M será descrito por:

λ

µ

H

TM

k

m

∆=

73.20 (3.11)

Utilizando as equações (3.9) e (3.10), chega-se às seguintes relações:

λσε 73.2= (3.12)

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22

λ

σ6.6=W (3.13)

A forma da equação de Fase (3.8) é utilizada em cálculos computacionais do

processo de solidificação, visando à simulação de interfaces planas, sem

perturbações ou ramificações, independente das condições de solidificação (super-

resfriamento), devido à equação de fase não incluir a anisotropia da interface. Para a

simulação de interfaces complexas, que gerariam estruturas dendríticas similares às

estruturas dendríticas encontradas em experimentos com super-resfriamento, duas

questões devem ser admitidas no método do Campo de Fase aplicado à solidificação

de metais puros: a anisotropia e a instabilidade da frente de solidificação.

Primeiramente é introduzida na equação de fase a questão da anisotropia, e

posteriormente será tratada a questão instabilidade. Para que a anisotropia seja

adicionada na equação de fase é necessário assumir que ε dependa de um ângulo θ,

para sistemas bidimensionais. Onde θ é o ângulo formado entre o vetor normal à

interface e o eixo x, dado pela seguinte relação:

( )x

y

φ

φθ =tan (3.14)

Onde φy e φx representam as derivadas de φ em relação à y e x,

respectivamente.

Com esta consideração dois novos termos com derivadas cruzadas aparecerão

na equação de fase. Assim, a equação de fase admitindo a anisotropia é dada por 25:

( )( )( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )m

m

y

TTT

HhWg

yxxtM

−∆

−−

∂−

∂+∇⋅∇=

∂⋅

φφ

φθεθε

φθεθεφθε

φ

θ

''

''1 2

(3.15)

Sendo ( ) tM ∂

∂⋅

φ

θ

1, o termo transiente. ( )( )( )φθε ∇⋅∇

2 , o termo difusivo. Como

visto as derivadas cruzadas, segundo e terceiro termo do lado direito, representam o

fator de anisotropia do modelo do Campo de Fase. ( )φ'Wg é a tensão superficial da

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23

interface, ou seja, este termo inibe o avanço da interface para dentro da fase líquida.

( ) ( )m

m

TTT

Hh −

∆φ' representa a força motriz do processo de solidificação, que é obtido

pela relação ( )

m

m

T

TT −, onde T é a temperatura calculada no ponto pela equação da

energia, Tm temperatura de fusão e ∆H o calor latente liberado na interface.

Pela estrutura da equação (3.15) pode ser observado que a força motriz para o

avanço da frente de solidificação é dependente do super-resfriamento (∆T) e, a

presença da densidade de energia W no termo que representa a tensão superficial da

interface, mostra que deverá haver um super-resfriamento para que a fase sólida

cresça com o avanço do processo de solidificação.

De acordo com Wheeler 27, para o cálculo bidimensional os parâmetros ε (θ) e

M(θ), presentes na equação (3.15), são determinados através das equações (3.16) e

(3.17):

( ) ( )( )00 cos1 θθδθ −+= jMM M (3.16)

( ) ( )( )00 cos1 θθδεθε ε −+= j (3.17)

δM e δε são as constantes de anisotropia. O modo de anisotropia j controla o

número de pontas da dendrita, que irão crescer no núcleo solidificado. Como

exemplo, j vale 0 para o caso isotrópico. A constante θ0 determina a direção do

crescimento preferencial, pois é a orientação da interface com a máxima anisotropia.

Na literatura24, a influência da força de anisotropia sobre a mobilidade da

equação de fase é nula, δM=0, portanto M(θ)=M0.

A adição de um termo que represente a instabilidade da frente de solidificação

é feita através de uma fonte de ruído no lado direito da equação de fase (3.15). A

fonte de ruído favorece a obtenção de uma estrutura dendrítica assimétrica em

relação às ramificações secundárias. Estes ruídos representam as perturbações na

interface durante o processo de solidificação tais como: vibrações no molde, presença

de elementos estranhos na fase líquida e etc. A fonte de ruídos é adicionada

utilizando um gerador de números aleatórios, que geram uma instabilidade na

interface. Segundo Warren e Boettinger 26, a equação que representa os ruídos tem a

seguinte forma:

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24

( )22 116 φφ −= arNoise (3.18)

O r é o número aleatório gerado entre -1 e +1 e ‘a’ o fator de amplitude do

ruído. Observando a equação (3.18) nota-se que o ruído só é diferente de 0 para

valores no intervalo 0< φ <1, ou seja, na região da interface.

O modelo do Campo de Fase empregado em processos de solidificação de

metais puros é constituído pela equação de energia e pela equação de fase, φ. A

equação (3.19) é a equação de energia.

( )t

hc

HTD

t

T

p ∂

∂∆+∇=

∂ φφ'2 (3.19)

O primeiro termo do lado esquerdo é o termo transiente da equação de

energia. No termo difusivo, D é a difusividade térmica e T a temperatura. O termo

fonte, o último termo do lado direito é composto pelo ∆H calor latente liberado na

interface, cp calor específico do metal, h’(φ) função suavizante responsável por um

comportamento suave de φ dentro dos valores limites (0 e 1) e t∂

∂φtermo transiente da

variável de fase φ.

As soluções numéricas das equações de fase e energia utilizadas no

modelamento da solidificação de metais puros são encontradas no Anexo I.

No item a seguir, será discutido o método do Campo de Fase aplicado ao caso

de solidificação de ligas multicomponentes. No caso das ligas multicomponentes, será

necessária uma equação de concentração de soluto para cada tipo de soluto, e da

mesma forma acoplá-la à equação de fase e energia.

3.2.2 MÉTODO DO CAMPO DE FASE PARA LIGAS MULTICOMPONENTES

O Método do Campo de Fase empregado para modelar o processo de

solidificação de ligas multicomponentes consiste na equação de fase, equação de

energia e equações de concentração de solutos.

A forma estendida da equação de concentração de soluto, proposta por Ode17

para ligas ternárias, é representada por:

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25

( ) ( )[ ] ( )( )( )

( ) ( )( )( )

( )

+++−∇⋅

++−

+++−+

++−

+++−−

∇=∂

nLLL

L

nSS

nSSSS

nLL

nLLLL

ccc

cLn

cc

cccch

cc

cccchD

t

c

...1

...1

...1

...1

...11

21

1

2

211

2

2111

1

φφφ

(3.20)

( ) ( )[ ] ( )( )( )

( ) ( )( )( )

( )

+++−∇⋅

+++−

+++−+

+++−

+++−−

∇=∂

nLLL

L

nSSS

nSSSS

nLLL

nLLLL

ccc

cLn

ccc

cccch

ccc

cccchD

t

c

...1

...1

...1

...1

...11

21

2

31

212

31

2122

2

φφφ

(3.21)

Forma geral

( ) ( )[ ] ( )( )( )

( ) ( )( )( )

( )

+++−∇⋅

+++−

+++−+

+++−

+++−−

∇=∂

∂ −−

nLLL

nL

SnSS

nSSSnS

LnLL

nLLLnLn

n

ccc

cLn

ccc

cccch

ccc

cccchD

t

c

...1

...1

...1

...1

...11

21

121

21

121

21 φφφ

(3.22)

D(φ) é o coeficiente de difusividade do soluto no sólido ou no líquido, h(φ) é

uma função suavizante para que φ tenha um comportamento suave dentro dos limites

entre 0 e 1, cL é a concentração da fase líquida e cS é a concentração na fase sólida e

n representa o soluto da liga.

A equação de energia utilizada no modelo do Campo de Fase empregado para

o processo de solidificação de ligas multicomponentes é a mesma usada no

modelamento da solidificação de metais puros, equação (3.19).

A forma estendida da equação de fase, segundo Ode 17, sem os termos que

representa a anisotropia é representada a seguir:

( )( ) ( )( )( )( ) ( )( )

( ) ( )φφφεφ ''

2121

212122

...1...1

...1...11Wgh

cccccc

ccccccLn

V

RT

tM nSSS

e

nL

e

L

e

L

nLLL

e

nS

e

S

e

S

m

+++−+++−

+++−+++−+∇=

∂ (3.23)

Os parâmetros ε , W presentes na equação de fase são obtidos da mesma

forma que no caso de metais puros através das equações (3.9) e (3.10). Para a

determinação da mobilidade da interface, M, é utilizado à expressão proposta por

Ode17 dada por:

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26

+++= ),(

1....),(

1),(

1

2

1222

2

111

1

3e

nS

e

nLn

ni

e

S

e

L

i

e

S

e

L

i

ccD

ccD

ccDWM

ξξξσ

ε (3.24)

Sendo

[ ][ ]∫ −−+−−

−−=

1

0

2

)1()1()()1()(1

)(1)()(

φφ

φ

φφ

φφξ

d

cchcch

hhcc

V

RTe

nS

e

nS

e

nL

e

nL

e

nS

e

nL

m

n (3.25)

iD1 , iD2 e niD representam a difusividade dos solutos 1, 2 e n na interface

sólido/líquido. R é a constante dos gases, T é temperatura, Vm é o volume molar e, eLc e e

Sc representam a concentração de cada soluto no líquido e no sólido em

equilíbrio, respectivamente. Estas concentrações em equilíbrio podem ser obtidas

pelos diagramas de fases pseudo - binário (Fe-C), (Fe-Mn) e (Fe-P) gerados pelo

Thermo-Calc software AB –TCW5 com a base de dados TCFE6, como mostrado a

seguir.

(a)

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27

(b)

(c)

Figura 3.10– Diagramas de fases pseudo-binário para liga (Fe-C-P-Mn), (a) Diagrama de fases Fe-C; (b) Diagrama de fases Fe-Mn; (c) Diagrama de fases Fe-P.

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28

As concentrações em equilíbrio são obtidas através das seguintes relações29:

e

meL

M

TTc

−= (3.26)

( )e

em

eS

M

KTTc −= (3.27)

Me representa a inclinação da linha liquidus no diagrama de fases, Tm a

temperatura liquidus da liga e Ke o coeficiente de redistribuição da liga.

Na simulação dos processos de solidificação de ligas multicomponentes,

utilizando o método do Campo de Fase, que geram estruturas dendríticas similares às

encontradas em experimentos, a anisotropia e a instabilidade da interface devem ser

admitidas na equação de fase da mesma forma como feito para metais puros. Assim,

a forma da equação de fase considerando a influência da anisotropia no crescimento

dendrítico é descrita por:

( ) ( ) ( ) ( )

( )( ) ( )( )( )( ) ( )( )

( ) ( ) 22''

2121

2121

''22

)1(16...1...1

...1...1

1

φφφφ

φθεθε

φθεθεφε

φ

−+−

+++−+++−

+++−+++−

+

∂−

∂+∇=

arWghcccccc

ccccccLn

V

RT

yxxytM

nSSS

e

nL

e

L

e

L

nLLL

e

nS

e

S

e

S

m

(3.28)

A instabilidade na frente de solidificação é provocada de maneira semelhante

ao método aplicado a metais puros, ou seja, através de uma fonte de ruído, obtida por

Warren e Boettinger26, acoplada do lado direito da equação (3.28).

No modelamento matemático de ligas multicomponentes, o núcleo sólido

adicionado ao domínio líquido, tem composição inicial igual à eS KCc 0= . O C0 é a

concentração inicial do líquido e Ke é o coeficiente de redistribuição da liga.

As soluções numéricas das equações de fase, concentração e energia

utilizadas no modelamento da solidificação de ligas multicomponentes (Fe-C-P-Mn)

são encontradas no Anexo II.

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29

3.2.3 APLICAÇÕES DO MÉTODO DO CAMPO DE FASE

O método do Campo de Fase é utilizado por muitos pesquisadores com

diferentes finalidades. Nos tópicos abaixo serão mostrados alguns estudos de

diferentes processos de solidificação utilizando o Campo de Fase.

3.2.3.1 Estudo da influência da anisotropia no crescimento dendrítico em ligas

binárias através da simulação pelo Método do Campo de Fase

Entre os trabalhos que empregaram o método do Campo de Fase para ligas

binárias, pode-se citar o de Xiao e colaboradores31, que no ano de 2009 fez um

estudo da influência da anisotropia )γ( na morfologia dendrítica gerada na

solidificação isotérmica de ligas binárias Ni-Cu. Nesse trabalho, foram apresentadas

simulações das dendritas com as direções preferenciais de crescimento <110> e

<100>. O objetivo das simulações feitas por Xiao e colaboradores31 é estabelecer uma

relação qualitativa entre as formas das dendritas apresentadas com os diferentes

valores de anisotropia. Também mostrou o efeito da anisotropia na velocidade de

crescimento dendrítico e no coeficiente de redistribuição do soluto.

Para o desenvolvimento deste estudo, Xiao e colaboradores31, simularam o

crescimento dendrítico nas direções <100> com modo de anisotropia igual a 4 e

variaram a anisotropia entre os valores 0,035, 0,055 e 0,07. Em um segundo

momento, Xiao e colaboradores31 simularam o crescimento dendrítico nas direções

<110> com modo de anisotropia igual a 6. Nesta segunda simulação, Xiao e

colaboradores31 assumiram os seguintes valores para anisotropia: 0,005, 0,020, 0,025

e 0,030.

Entre os resultados apresentados por eles, está a percepção de que para as

dendritas <100> com modo de anisotropia igual a 4, um aumento no nível de

anisotropia causa um aumento na quantidade de soluto segregado. Segundo Xiao e

colaboradores31, isso acontece porque com o aumento da anisotropia ocorre um

aumento na velocidade de avanço da ponta da dendrita. No entanto, como a

difusividade do soluto na fase sólida (~10-9 cm/s) é significativamente inferior à

velocidade de crescimento, o soluto não tem tempo suficiente de ser redistribuído no

sólido. Outro fator observado é que, com o aumento da anisotropia, o raio da ponta da

dendrita diminui. Xiao e colaboradores31 perceberam ainda que, para valores de

anisotropia em torno de 0,070, a dendrita fica mais fina, os braços secundários se

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30

desenvolvem mais, o espaçamento entre os braços torna-se mais estreito e a

tendência dos braços secundários crescerem perpendiculares ao braço primário

aumenta.

Os resultados obtidos por Xiao e colaboradores31 para a simulação do

crescimento preferencial nas direções <110> e com modo de anisotropia igual a 6,

mostraram que quando as condições de solidificação favorecem o crescimento

dendrítico nas direções <110>, uma dendrita com simetria hexagonal pode ser obtida.

Perceberam também que, os braços secundários crescem com o aumento da

anisotropia. De acordo com Xiao e colaboradores31, quando a anisotropia assume

valores menores que 0,02, os braços principais que crescem nas direções [101] e

[011] são mais desenvolvidos que os braços primários que crescem ao longo da

direção [110]. Entretanto, quando 02,0=γ , o braço principal que mais se desenvolve

é o da direção [110]. Segundo Xiao e colaboradores31, isso acontece porque para

valores de anisotropia menor que 0,02, a velocidade da ponta da dendrita é menor na

direção [110] do que nas direções [101] e [011]. Porém, essa situação se inverte,

quando a anisotropia é maior que 0,02.

Xiao e colaboradores31 estudaram também o efeito da anisotropia no

coeficiente de redistribuição do soluto. Através da simulação das dendritas <100>,

Xiao e colaboradores31 concluíram que o aumento da anisotropia não afeta

significativamente o coeficiente de redistribuição. Mas, para as dendritas <110>, o

coeficiente de redistribuição do soluto varia significativamente na direção [110] com

pequenos incrementos na anisotropia. E, quando 02,0=γ , o coeficiente de

redistribuição do soluto nas direções [110] e [101] assumem o mesmo valor, igual a

0,932.

3.2.3.2 O método do campo de fase aplicado ao processo de solidificação de

ligas multicomponentes

No ano de 2005, Cha e colaboradores32 desenvolveram um modelo baseado

no método do Campo de Fase para simulação do processo de solidificação isotérmica

de ligas multicomponentes diluídas de Fe-C-Mn. Na elaboração deste modelo, Cha e

colaboradores32 utilizaram a variável de concentração de soluto em unidade de

número de moles por unidade de volume. Essa unidade foi usada porque os

mecanismos de difusão entre os solutos substitucionais e intersticiais são diferentes.

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31

E, segundo Cha e colaboradores32, para ligas com solutos intersticiais admitir fração

molar como unidade de concentração dos solutos pode causar um grave erro. Cha e

colaboradores32 consideram também a interface como uma mistura de sólido e líquido

com mesmo potencial químico, mas com concentrações diferentes. Essas hipóteses

foram assumidas para que a contribuição dos solutos na energia livre da interface

seja considerada, permitindo assim que o modelo não sofra com limitação na

espessura da interface sólido/líquido. Neste trabalho foram apresentadas simulações

de dendritas com diferentes tempos, temperatura de solidificação e perfil de

concentração de carbono e manganês no crescimento dendrítico. Na morfologia

dendrítica simulada observou-se baixa concentração dos solutos no braço principal e

em alguns braços secundários, enquanto nas regiões entre os braços secundários as

concentrações de solutos são maiores, tais características são semelhantes às

dendritas reais. Na comparação entre as dendritas obtidas com temperaturas de

1770K e 1780K, notou-se que a dendrita de 1780K possui baixa velocidade de avanço

da interface sólido/líquido e maior raio de ponta da dendrita. Devido à baixa

velocidade de avanço da interface observou-se uma homogeneização da

concentração de manganês e carbono na fase sólida. A baixa velocidade da interface

sólido/líquido para 1780K quando comparada com 1770K ocorreu devido ao menor

super-resfriamento.

3.2.3.3 Estudo da influência das interações dos solutos no processo de

solidificação de ligas multicomponentes

O método do Campo de Fase foi utilizado por Zhang e colaboradores33, no ano

de 2010, como ferramenta no estudo da influência da interação dos solutos no

processo de solidificação de ligas multicomponentes Al-Cu-Mg e Al-Cu-Si,

respectivamente. O motivo de escolha dessas ligas é que a interação dos solutos

ocorre de maneira diferente em cada uma delas, pois na liga Al-Cu-Mg existe uma

interação de atração entre os solutos e na liga Al-Cu-Si uma interação de repulsão

entre os solutos. Foram apresentadas neste trabalho, simulações das morfologias

dendríticas para as duas ligas estudadas, objetivando uma relação qualitativa da

morfologia da dendrita gerada com a presença e ausência da interação dos solutos.

Estudou-se também a influência da interação dos solutos na velocidade da ponta da

dendrita e no raio da ponta da dendrita. Para que fosse possível estudar a

solidificação de ligas multicomponentes levando em consideração a interação entre os

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32

solutos foi necessário o acoplamento do modelo do Campo de Fase com um banco

de dados termodinâmico e de difusividade dos solutos. As figuras a seguir mostram

alguns resultados obtidos por Zhang e colaboradores33:

Figura 3.11- Variação da composição durante a solidificação em 1D da liga Al-1,1 at.%Cu -1,8

at.%Mg (t=9x104s), com e sem a presença de interação entre os solutos33.

Para simulação da figura 3.11, Zhang e colaboradores33 adotaram uma malha

com dimensões 1000x1000 volumes de controle.

Os resultados da figura 3.11, obtidos por Zhang e colaboradores33, mostram

que para o caso onde é considerada a interação dos solutos a velocidade de avanço

da interface sólido/líquido é menor, que quando não é considerada a interação dos

solutos.

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33

(1) (2)

Figura 3.12-Morfologia dendrítica gerada durante o processo de solidificação. (1.a) dendrita da

liga Al -1,1 at.%Cu – 1,8 at.%Mg (t=4,5x10-5s) com interação dos solutos; (1.b) dendrita da liga Al -1,1

at.%Cu – 1,8 at.%Mg (t=4,5x10-5s) sem interação dos solutos; (2.a) liga Al -1,0 at.%Cu – 0,9 at.%Si

(t=8,4x10-5s) com interação dos solutos; (2.b) liga Al -1,0 at.%Cu – 0,9 at.%Si (t=8,4x10-5s) sem

interação dos solutos33.

Nas simulações da figura 3.12, feitas por Zhang e colaboradores33, é possível

observar a influência da interação entre solutos para as ligas Al-Cu-Mg e Al-Cu-Si na

morfologia dendrítica. Através das simulações (1.a) e (1.b) nota-se que a ponta da

dendrita para o caso sem interação de solutos avança cerca de 40 volumes de

controle a mais que a ponta da dendrita com a interação atrativa dos solutos no tempo

de 4,5x10-5 s. Observou-se também que os braços secundários crescem mais e que o

espaçamento entre os braços secundários é menor, quando não é considerada a

interação atrativa entre os solutos. Observa-se nas simulações (2.a) e (2.b) que a

ponta da dendrita com interação repulsiva dos solutos cresce cerca de 50 volumes de

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34

controle a mais que sem a interação dos solutos para um tempo de 8,4x10-5s de

solidificação. Além disso, os braços secundários crescem mais na presença da

interação repulsiva dos solutos do que na ausência dessa interação.

Zhang e colaboradores33 também fizeram um estudo da influência da interação

na velocidade da ponta da dendrita e no raio da ponta da dendrita. Esse estudo pode

ser visto nas figuras 3.13 e 3.14. A figura 3.13 mostra o resultado do estudo feito por

Zhang e colaboradores33 na liga Al-1,1 at.%Cu - 1,8 at.%Mg. Para um tempo de

solidificação superior a 3,0x10-5s, nota-se que o crescimento dendrítico entra num

estado quase estacionário. A velocidade da ponta da dendrita é cerca de 0,155 m/s

com interação e 0,175 m/s sem interação dos solutos, respectivamente. Os raios das

pontas das dendritas são cerca de 3,4x10-8m e 3,1x10-8m para essas duas condições.

Figura 3.13 - Comparação da velocidade da ponta da dendrita e do raio entre as condições

com e sem interação entre os solutos na liga Al-1,1 at.%Cu - 1,8 at.%Mg33.

A figura 3.14 mostra um estudo simular feito por Zhang e colaboradores33 para

liga Al-Cu-Mg, mas agora para a liga Al-1,0 at.%Cu – 0,9 at.%Si. Pode ser notado que

para um tempo superior a 5,0x10-5s, o crescimento dendrítico atinge um estado quase

estacionário. A velocidade da ponta da dendrita é cerca de 5,1x10-2 m/s e 4,7x10-2

m/s no caso com e sem interação dos solutos, respectivamente. Os raios das pontas

das dendritas são cerca de 2,8x10-8m e 2,5x10-8m para essas duas condições.

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35

Figura 3.14 - Comparação da velocidade da ponta da dendrita e do raio entre as condições

com e sem interação entre os solutos na liga Al-1,0 at.%Cu – 0,9 at.%Si33.

Os resultados apresentados por Zhang e colaboradores33 mostram que existe

influência no processo de solidificação devido à interação de atração dos solutos na

liga Al-Cu-Mg e da interação de repulsão na liga Al-Cu-Si. Para o caso com interação

atrativa, Zhang e colaboradores33 concluíram que os solutos são orientados em

direção a interface sólido/líquido pelo gradiente de composição do outro soluto e para

longe da interface pelo seu próprio gradiente de composição. Mas no caso de

interação repulsiva, os solutos são conduzidos para longe da interface sólido/líquido já

que seus gradientes de composição são negativos. No entanto, nos casos em que a

concentração de um soluto for muito menor que a concentração do outro soluto ou

quando as interações entre os solutos forem muito fortes, o comportamento da

difusão dos solutos pode ser diferente dos resultados apresentados por Zhang e

colaboradores33.

3.2.3.4 Estudo da microssegregação em ligas ternárias utilizando o Método do

Campo de Fase

Ode e colaboradores17, no ano 2000, estenderam o modelo do Campo de Fase

desenvolvido por Kim e colaboradores para ligas ternárias, aplicando uma condição

de liga diluída para aproximação no cálculo da densidade de energia livre. A relação

entre os parâmetros do campo de fase de e as propriedades dos materiais foram

determinados para uma espessura limite de interface. Foi assumido que os

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36

coeficientes de redistribuição dos solutos para ligas ternárias são os mesmos que

para ligas binárias. Entre os objetivos de Ode e colaboradores17 neste trabalho, está

à análise da microssegregação numa liga de Fe-C-P. Os resultados obtidos nesta

simulação mostraram concordância com a equação de Clyne-Kurz, citado em Ode e

colaboradores17. A figura 3.15, mostra a mudança na fração solidificada em relação

ao tempo com taxas de resfriamento de 4,6 e 18 K/s.

Figura 3.15 – Fração solidificada versus tempo17.

Ode e colaboradores17 concluíram através da figura 3.15, que a fração

solidificada aumenta rapidamente no estágio inicial da solidificação e sua taxa diminui

gradualmente. De acordo com Ode e colaboradores17, isso ocorre devido ao fato da

mobilidade do Campo de Fase diminuir com a temperatura. Na análise da

microssegregação real, a fração solidificada é assumida ser proporcional ao tempo ou

a raiz quadrada do tempo. Neste trabalho proposto por Ode e colaboradores17, o

movimento da interface é determinado pela força motriz da solidificação. Os

resultados para a microssegregação são mostrados na figura 3.16:

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37

Figura 3.16 – Concentração de carbono na fase líquida versus fração solidificada17.

Segundo Ode e colaboradores17, o perfil para o carbono, apresentado na figura

3.16, está em concordância com a equação de Clyne-Kurz porque a difusão do soluto

de carbono no líquido é suficientemente rápida.

O perfil de concentração do fósforo na fase líquida obtido na simulação feita

por Ode e colaboradores17 é apresentado na figura 3.17.

Figura 3.17 – Concentração de fósforo na fase líquida versus fração solidificada17.

Ode e colaboradores17 concluíram que o perfil de fósforo mostrado na figura

3.17 está melhor ajustado à equação de Clyne-Kurz quando comparado com a

equação de Scheil quando a fração solidificada ultrapassa 0,5. A diferença no estágio

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inicial da solidificação para o perfil de fósforo calculado é devido ao transiente inicial

provocado pela pequena difusividade do fósforo na fase líquida. Estes resultados,

apresentados por Ode e colaboradores17, mostram que a equação de Clyne-Kurz

pode estimar a composição no líquido para o carbono e o fósforo em concordância

com os cálculos realizados pelo modelo do Campo de Fase. O trabalho proposto por

Ode e colaboradores17 demonstrou que o método do Campo de Fase pode estimar

não somente a concentração no líquido nos estágios finais da solidificação, mas

também o perfil de concentração na fase sólida.

Em seu trabalho, Ode e colaboradores17 também simularam o crescimento

dendrítico isotérmico bidimensional de uma liga binária Fe-0,5 mol% C, e das ligas

ternárias Fe-0,5 mol% C – 0,001mol % P, Fe-0,5 mol% C-0,01 mol% P e Fe-0,5 mol%

C – 0,02 mol% P com temperatura inicial de 1780K. Essas simulações são mostradas

na figura 3.18 abaixo.

Figura 3.18 – Simulações das dendritas isotérmicas, (a) Fe-0,5 mol%C, (b)

Fe-0,5 mol% C – 0,001 mol% P, (c) Fe-0,5 mol% C – 0,01 mol% P e (d)

Fe-0,5 mol% C – 0,02 mol%l P17.

Na figura 3.18 (a) e (b), observa-se que para concentrações maiores de

fósforo, os braços secundários são mais desenvolvidos e os espaçamentos tornam-se

mais delgados. Conforme Ode e colaboradores17, isso ocorre porque a interface

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enriquecida de fósforo tem a sua estabilidade reduzida. Na figura 3.18 (c) e (d) nota-

se que as formas das dendritas tornam-se mais grosseiras com o aumento do teor de

fósforo. Isto é devido ao fato da diminuição da mobilidade da equação de fase.

Ode e colaboradores17 estudaram também a relação entre a velocidade da

ponta da dendrita e o seu raio, figura 3.19.

Figura 3.19 – Velocidade e raio da ponta da dendrita versus concentração de fósforo17.

Nestes resultados, Ode e colaboradores17, concluíram que a velocidade da

ponta da dendrita diminui suavemente com o aumento da concentração de fósforo,

devido à diminuição da mobilidade do Campo de Fase, como mencionado

anteriormente. A mobilidade do Campo de Fase segundo Ode e colaboradores 17,

para ligas ternárias, Fe-0,5 mol% C – 0,001mol % P, Fe-0,5 mol% C-0,01 mol% P e

Fe-0,5 mol% C – 0,02 mol% P é de 95%, 69% e 54% da mobilidade do Campo de

Fase da liga binária, respectivamente. As variações na velocidade da ponta da

dendrita são afetadas pela mobilidade do Campo de Fase. O raio da ponta da

dendrita aumenta à medida que a sua velocidade diminui. Este trabalho proposto por

Ode e colaboradores17 mostrou que pequenas adições de fósforo alteram

significativamente o espaçamento dendrítico sempre quando a velocidade da ponta

da dendrita não for significativamente alterada.

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3.2.3.5 Modelo do Campo de Fase para solidificação de ligas ternárias

No ano de 2007, um modelo do Campo de Fase foi proposto por Furtado34,

com objetivo de analisar a difusividade dos solutos numa liga metálica de Fe-C-P.

Para tanto Furtado34 utilizou a técnica de volumes finitos para resolver numericamente

as equações de estado utilizadas em seu trabalho para uma malha uniforme. Neste

trabalho Furtado34 apresentou os perfis de soluto do carbono e do fósforo nas fases

sólido, líquido e interface, a simulação microestrutural da liga Fe-C-P e a influência

dos teores de fósforo na velocidade de solidificação. Segundo Furtado34, a razão de

estudar o fósforo é que, mesmo presente em pequenas quantidades nos aços, este

soluto exerce grande influência sobre sua qualidade. O fósforo em geral é

considerado como um elemento nocivo, devido à fragilidade a frio que confere aos

aços, principalmente em aços de alto carbono e quando o seu teor ultrapassa certos

limites. Para elaboração dos perfis dos solutos nas fases sólido, líquido e interface,

Furtado34 utilizou o modo de anisotropia igual a 4, temperatura inicial de 1750K e

concentração inicial molar do carbono e fósforo é de 5x10-3% e 1x10-5%,

respectivamente. A figura 3.20 mostra a ponta da dendrita de onde Furtado34 retirou

os dados para elaboração dos perfis dos solutos.

Figura 3.20 – Início do crescimento da dendrita t = 4x10-7s34.

De acordo com Furtado34, a região avermelhada representa a região

solidificada; a região de cor azul representa o líquido remanescente; localizada entre

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o sólido e o líquido está à região da interface. O perfil de concentração de carbono e

fósforo obtido por Furtado34, através da dendrita acima, é mostrado na figura 3.21.

Figura 3.21 – Perfil de concentração de carbono (em vermelho) e fósforo

(em verde) na região da interface sólido/líquido34.

Através da análise da figura 3.21, Furtado34 concluiu que a região do sólido é

empobrecida de carbono e fósforo, devido ao fato de que, durante a solidificação, os

solutos são rejeitados para a fase líquida, dessa forma enriquecendo a região logo à

frente da interface. Na fase líquida, a concentração dos solutos à frente da interface

diminui exponencialmente para a concentração inicial dos solutos no líquido.

Observando-se os dois perfis (carbono e fósforo) pode-se também concluir que a

camada difusa do carbono é maior que a camada difusa do fósforo. Isso se deve ao

fato do carbono apresentar uma difusividade maior que a do fósforo.

Para simulação microestrutural de uma dendrita de Fe-C-P, com 0,5% C e

0,001% P, Furtado34 adicionou previamente uma semente de fase sólida ao domínio

em Y= 0 m e X = 0,75x10-5 m. E obteve os seguintes campos de concentrações de

carbono e fósforo:

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Figura 3.22 – Campo de concentração de carbono: (a) com 0,5% e fósforo (b) com 0,001%34.

Pode-se observar que a camada difusa do carbono é mais extensa que a

camada do fósforo. Como citado em Furtado34, isto ocorre devido à difusividade do

soluto de carbono ser maior que a difusividade do fósforo. Furtado34 notou também

que entre os braços secundários da dendrita acontece o aprisionamento de soluto de

carbono e fósforo, sendo essas regiões as mais ricas em concentração dos dois tipos

de soluto. Segundo Furtado34, este acréscimo tem como conseqüência o abaixamento

da temperatura de solidificações nesses pontos, e elas serão as últimas a serem

solidificadas.

Neste trabalho, Furtado34 realizou também simulações para as ligas ternárias

Fe-0,5% C- 0,01%P e Fe-0,5%C- 0,02%P. As figuras abaixo mostram os resultados

obtidos por Furtado34 nestas simulações.

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Figura 3.23 – Campo de concentrações de soluto de carbono e fósforo. Para a liga com 0,5% de C e

0,01% de P Fig (a) e (b), para a liga com 0,5% de C e 0,02% de P Fig.(c) e (b)34.

Pelas simulações apresentadas no trabalho de Furtado34 nota-se que dobrando

o teor de fósforo da liga, a forma da dendrita permaneceu praticamente inalterada.

Portanto, não ocorreram mudanças significativas na espessura dos braços da

dendrita ou na forma da dendrita gerada na simulação.

No estudo da influência dos teores de fósforo sobre a velocidade de

solidificação, Furtado34 observou que a velocidade diminui com o aumento do teor de

fósforo. Isto se deve ao fato do fósforo diminuir a mobilidade da interface, atuando

como uma barreira para o avanço da mesma. A figura 3.24 mostra a relação, obtida

por Furtado34, entre a velocidade da ponta da dendrita e o teor de fósforo.

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Figura 3.24 – Velocidade da ponta da dendrita versus concentração de fósforo34.

Através das simulações apresentadas neste trabalho, Furtado34 pode concluir

que as dendritas simuladas apresentaram braços secundários pouco desenvolvidos,

devido ao fenômeno de crescimento competitivo entre os braços secundários.

Furtado34 concluiu também que durante o processo de solidificação, solutos de

carbono e fósforo são aprisionados entre os braços secundários. Esse aprisionamento

tem como conseqüência a diminuição da temperatura de solidificação nessas regiões,

portanto esses pontos levarão um tempo maior para se solidificarem. Devido à

difusividade do carbono ser maior, quando comparada à do fósforo, as simulações

apresentam uma camada difusa mais espessa para o carbono. Pode-se concluir

ainda que o fósforo afeta a mobilidade da interface sólido/líquido.

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4. METODOLOGIA

Para a elaboração desta dissertação, primeiramente foi desenvolvido um

modelo do Campo de Fase para simulação do processo de solidificação de metais

puros. Duas razões foram determinantes para estudarmos inicialmente a solidificação

de metais puros. A primeira razão é que os primeiros modelos que surgiram para o

Campo de Fase utilizavam materiais puros, e, portanto eles forneciam mais detalhes

sobre a questão do método. Um exemplo deste tipo de trabalho é o de Kobayashi14. A

segunda razão é a simplicidade do modelo para metais puros, que é constituído

basicamente de nove equações: 1) equação de fase; 2) equação de energia; 3)

função h(φ); 4) função g(φ); 5) função do parâmetro ε(θ); 6) equação para determinar

o parâmetro ε; 7) equação para determinar o parâmetro w; 8) equação para

determinar M; e 9) equação para determinar M(θ). Posteriormente, foi desenvolvido

um modelo do Campo de Fase para simulação da solidificação de ligas

multicomponentes. Essa ordem de desenvolvimento foi estabelecida devido o modelo

para ligas multicomponentes possuir um maior número de equações para serem

resolvidas numericamente, uma vez em que é necessária uma equação de

concentração de soluto para cada tipo de soluto presente na liga, além das equações

de fase, energia e auxiliares.

Após a implementação computacional do método para o caso de metais puros,

passou-se para a implementação do método para ligas multicomponentes. Modelando

o processo de solidificação de ligas binárias, passando para ligas ternárias e, por

último, ligas quaternárias. No último caso, por ser uma liga quaternária adicionou-se

ao modelo três equações de concentração de soluto. As equações de concentração

de soluto foram resolvidas pela técnica de volumes finitos no esquema explícito, e

foram acopladas às equações de fase e energia para serem resolvidas

simultaneamente. Nas simulações não foi utilizada qualquer técnica especial para

aumentar a eficiência computacional, com exceção da utilização de armazenamento

dos dados gerados ao longo do tempo de simulação.

No modelamento matemático do processo de solidificação, as equações de

fase e energia foram resolvidas numericamente através da técnica de volumes finitos,

devido a esta técnica ser conservativa. Para a equação de fase foi utilizado esquema

explícito, no entanto, para equação de energia, foi utilizado o esquema implícito. A

forma implícita foi utilizada para equação de energia devido à estabilidade do método

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nesta equação. No caso da equação de energia, foi utilizado esquema implícito pela

estabilidade do Método do Campo de Fase nessa equação.

Os resultados obtidos através das simulações feitas pelo modelo do Campo de

Fase para ligas quaternárias (Fe-C-P-Mn), proposto nesta dissertação, serão

apresentados em oito tópicos separadamente, para melhor exposição e

entendimento. Os resultados serão mostrados e discutidos a seguir.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO DE UMA LIGA

MULTICOMPONENTE

Neste primeiro tópico serão apresentadas as condições e os parâmetros do

modelo utilizados nas simulações e as propriedades físicas da liga quaternária (Fe-C-

P-Mn).

As propriedades físicas da liga multicomponente (Fe-C-P-Mn) utilizada no

desenvolvimento desta dissertação são apresentadas na tabela 5.1, abaixo.

Tabela 5.1 - Propriedades físicas da liga Fe-C-P-Mn.

Propriedades C P Mn Fe

Concentração inicial, C (% molar) 6,93x10-3 4,65x10-5 7,58x10-3

Coeficiente de redistribuição, Ke 0,17171 0,28958 0,7213 -

Inclinação da linha líquidus, Me (K/mol) 1772,77 2059,54 495,32 -

Difusividade de soluto no líquido, DL (m2/s) 2,0x10-8 1,7x10-9 1,0x10-9 -

Difusividade de soluto no sólido, DS (m2/s) 6,0x10-9 5,5x10-11 3,0x10-13 -

Volume molar, Vm (m3/mol) - - - 7,7x10-6

Temperatura liquidus da liga, Tm (K) - - - 1811

Energia interfacial, σ (J/m2) - - - 0,204

Os parâmetros utilizados no método do Campo de Fase relacionados com as

propriedades físicas do material, aplicado à solidificação da liga (Fe-C-P-Mn), foram

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calculados através das equações (3.9), (3.10) e (3.24). Os valores destes parâmetros

são mostrados na tabela 5.2.

Tabela 5.2 - Parâmetros computacionais.

Força de anisotropia, δε 0,05

Espessura da interface, ε0 (J/m)1/2 1,054858x10-4

Tensão superficial, w (J/m3) 6, 732003x107

Mobilidade da interface, M (m3/sJ) 0,166399

Passos no tempo, ∆t (s) 1,0x10-8

Espaçamento da malha, dx = dy (m) 3,0x10-8

Em todas as simulações um núcleo de fase sólida foi adicionado ao domínio e

foram impostas condições adiabáticas para as equações de concentração, energia e

de fase, em todas as fronteiras do domínio.

A linguagem computacional utilizada no trabalho foi FORTRAN 90, e os

resultados gerados nas simulações foram visualizados através do software TECPLOT

10.

Nos próximos tópicos serão apresentados os resultados e simulações geradas

neste trabalho. E também será feito uma comparação entre os resultados e

simulações deste trabalho, com os resultados presentes na teoria de solidificação

encontrada nas principais literaturas.

5.1.1 FRAÇÃO SOLIDIFICADA VERSUS TEMPO DE SOLIDIFICAÇÃO

O objetivo deste item é estabelecer a relação entre a fração solidificada com o

tempo de solidificação. Para isso, foram utilizadas as propriedades da tabela 5.1 e os

parâmetros do modelo do Campo de Fase da tabela 5.2. O super-resfriamento

imposto ao domínio de 300x100 volumes de controle, foi de 61 K, o que indica uma

temperatura inicial de 1750 K. Os resultados dessa simulação são apresentados na

figura 5.1, onde pode ser visto que fração solidificada aumenta rapidamente no início

da solidificação. E, de acordo com que o tempo de solidificação aumenta, ocorre um

decréscimo gradual da taxa de solidificação. Esse decréscimo da taxa deve-se ao

aumento da temperatura no domínio computacional, devido ao calor latente liberado

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na interface durante a mudança de fase que ocorre ao longo do processo. Como as

fronteiras do domínio estudado são adiabáticas, essa liberação de calor latente

provoca um aumento na temperatura, que por sua vez causa a redução da mobilidade

da interface sólido/líquido.

Figura 5.1 – Fração solidificada versus tempo de solidificação.

As principais literaturas5,17,35 afirmam que a fração solidificada deve ser

proporcional ao tempo ou à raiz quadrada do tempo de solidificação. Assim, é

possível observar através da figura 5.1, que a estimativa da fração solidificada versus

o tempo de solidificação feita pelo método do campo de fase indica uma boa

concordância com a literatura.

5.1.2 ESTIMATIVA DA CONCENTRAÇÃO DOS SOLUTOS NA FASE SÓLIDA

O processo de solidificação, na maioria dos casos, não ocorre em condições de

equilíbrio. Para que esse tipo de solidificação ocorra é necessário que o avanço da

interface sólido/líquido seja suficientemente lento para permitir que os solutos

rejeitados sejam uniformemente distribuídos no líquido, e que a difusão dos solutos no

sólido mantenha a composição uniforme e em equilíbrio com a composição do líquido.

Por tanto, para se fazer a estimativa da concentração dos solutos em fase sólida dos

processos de solidificação que ocorrem em condições de equilíbrio, emprega-se a

Sqrt(t)

Campo de Fase

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Regra da Alavanca. Por outro lado, para os casos de solidificação fora das condições

de equilíbrio, é utilizada a equação de Scheil3,5.

A equação de Scheil é descrita por Garcia3 da seguinte forma:

)1-()-1(

0k

SfCek

SC = (5.1)

Onde CS é a concentração do soluto em fase sólida, ke é o coeficiente de

redistribuição do soluto, C0 a concentração inicial e fs a fração solidificada.

A equação (5.1) permite estimar o perfil de concentração dos solutos na fase

sólida formada para o caso de mistura completa dos solutos no líquido e ausência de

difusão dos solutos no sólido. No entanto, o modelo do Campo de Fase apresentado

neste trabalho, considera a difusividade dos solutos no líquido, e considera a difusão

dos solutos em fase sólida. Desta forma, para que fosse viável uma comparação entre

as concentrações dos solutos no sólido obtidas pelo modelo do Campo de Fase e

pela equação de Scheil, foi necessário adaptar a equação de Scheil para a situação

de mistura parcial dos solutos no líquido. Essa adaptação foi feita utilizando o valor de

kef no lugar do coeficiente de redistribuição, ke.

A expressão usada neste trabalho para o calculo do kef, de acordo com

Garcia3, é dada por:

)exp()1(

LD

vkk

k

efk

δ−−+

= (5.2)

v é a velocidade de avanço da interface sólido/ líquido, δ é a espessura da

camada limite de difusão do soluto no líquido e DL é a difusividade do soluto no

líquido.

Neste item, são apresentados gráficos comparativos das concentrações dos

solutos em fase sólida versus a fração solidificada, obtidos via modelo do Campo de

Fase e equação de Scheil adaptada. Os dados para a confecção dos gráficos são os

mesmos da tabela 5.1, a velocidade de avanço da interface sólido/líquido foi de 0,15

m/s e a espessura da camada limite de difusão para o carbono foi de 1,7x10-7 m.

A figura 5.2 apresenta uma comparação entre a concentração de carbono na

fase sólida obtida pelo modelo do Campo de Fase e pela equação de Scheil

adaptada. Nota-se que pelo modelo do Campo de Fase, ocorre um enriquecimento da

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região sólida ao longo da solidificação. A partir de 50% de fração solidificada, a curva

obtida pelo modelo do Campo de Fase para a concentração de carbono na fase sólida

está abaixo da curva de Scheil. As duas curvas não coincidem totalmente, porque

apesar da equação de Scheil ter sido adaptada para considerar a mistura parcial do

carbono no líquido, a referida equação não considera a difusividade no sólido, como é

feito pelo método do Campo de Fase.

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

0,035

0,04

0,045

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Fração solidificada

Co

nce

ntr

ação

de

carb

on

o n

a fa

se s

óli

da

Figura 5.2 - comparação entre a estimativa de concentração de carbono no sólido dada pelo

Modelo do Campo de Fase e a equação de Scheil adaptada.

Para o caso do fósforo e do manganês não foi utilizada a equação de Scheil

adaptada, com kef substituindo k, na comparação com a estimativa da concentração

dos solutos em fase sólida via modelo do Campo de Fase. A razão para isso é a

difusividade do fósforo e do manganês no líquido ser muito baixa, 1,7x10-9 m2/s e

1,0x10-09 m2/s, respectivamente. A baixa difusividade em fase líquida faz com que o

coeficiente de redistribuição efetivo, kef, apresente valor unitário, e conseqüentemente,

a representação gráfica da equação de Scheil adquire formato linear constante. Como

o processo de solidificação estudado neste trabalho não ocorre em condições de

equilíbrio, foi utilizado o valor do coeficiente de redistribuição do fósforo e do

manganês, 0,2895 e 0,7213, na equação de Scheil.

Curva de Scheil

Curva do modelo do Campo de Fase

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A figura 5.3 mostra a comparação entre a estimativa da concentração de

fósforo dada pelo modelo do Campo de Fase e a equação de Scheil. É visto que a

concentração de fósforo difere dos valores obtidos com a equação Scheil. Observa-se

também que a concentração de fósforo no sólido é quase constante para o modelo de

Campo de Fase. Isso decorre do fato de que a difusividade do fósforo na fase sólida é

na ordem de 10-11, o que indica, praticamente, inexistência de difusão do fósforo no

sólido.

Figura 5.3 - comparação entre a estimativa de concentração de fósforo no sólido dada pelo Modelo do

Campo de Fase e a equação de Scheil.

A comparação entre a equação de Scheil e o modelo do Campo de Fase para

a concentração de manganês no sólido é apresentada na figura 5.4. Nota-se um

comportamento muito semelhante ao do fósforo, figura 5.3. A explicação para a

concentração do manganês ser praticamente constante é difusividade do manganês

no sólido ser muito baixa, 3,0x10-13 m2/s, sugerindo baixíssima difusão do manganês

em fase sólida. Outra característica apresentada na figura 5.4 assim como a figura 5.3

é que os valores calculados pelo modelo do Campo de Fase diferem dos obtidos pela

equação de Scheil. Isso se deve ao fato da equação de Scheil considerar mistura

completa dos solutos no líquido, enquanto o modelo do Campo de Fase admite a

difusividade no líquido.

Curva de Scheil

Curva do modelo do Campo de Fase

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Figura 5.4 - Comparação entre a estimativa de concentração de manganês no sólido dada pelo Modelo

do Campo de Fase e a equação de Scheil.

5.1.3 VELOCIDADE DA PONTA DA DENDRITA VERSUS CONCENTRAÇÕES DOS

SOLUTOS

O objetivo deste item é determinar a influência da concentração dos solutos na

a velocidade de avanço da ponta da dendrita. Foram utilizadas as propriedades

físicas da tabela 5.1, com exceção das concentrações dos solutos, que foram

variadas. Um domínio de 600x300 volumes de controle preenchido com a liga Fe-C-P-

Mn no estado líquido com super-resfriamento de 26 K, foi usado na simulação. De

forma semelhante ao tópico anterior, neste item as concentrações dos solutos foram

alteradas.

A figura 5.5, mostra o gráfico ‘velocidade da ponta da dendrita versus

concentração de soluto’ gerado quando somente a concentração de carbono é

alterada. Pode-se notar que a velocidade da ponta da dendrita decresce à medida

que a concentração de carbono aumenta. Esse comportamento pode ser explicado

pelo fato da mobilidade do Campo de Fase diminuir quando a concentração de

carbono na liga é aumentada, já que a quantidade de carbono rejeitado à frente da

interface sólido/líquido é maior.

Curva de Scheil

Curva do modelo do Campo de Fase

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Figura 5.5 – Velocidade da ponta da dendrita versus concentração de carbono.

Na figura 5.6 é visto o efeito da concentração de fósforo na velocidade de

avanço da ponta da dendrita. Observa-se que, de forma semelhante ao carbono, a

velocidade de avanço da ponta da dendrita diminui com o aumento na concentração

do fósforo. Entretanto, para concentrações de fósforo na faixa de 6,65x10-5 % fração

molar até 1,00x10-3 % de fração molar, a velocidade da dendrita permanece

constante. Uma hipótese para este comportamento constante para baixas

concentrações de fósforo é que, como a concentração do fósforo é muito pequena, a

mobilidade da interface sólido/líquido não é alterada de forma significativa, e somente,

quando a concentração do fósforo assume valores maiores é que a mobilidade da

interface é reduzida, e conseqüentemente, diminui a velocidade da ponta da dendrita.

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Figura 5.6 – Velocidade da ponta da dendrita versus concentração de fósforo.

A influência da concentração de manganês na velocidade de avanço da ponta

da dendrita é mostrada da figura 5.7. Nota-se que, da mesma forma como aconteceu

para os outros dois solutos, a velocidade de avanço da ponta da dendrita também tem

um comportamento inversamente proporcional a concentração de manganês.

Figura 5.7 – Velocidade da ponta da dendrita versus concentração de manganês.

Os resultados das figuras 5.5, 5.6 e 5.7 mostram que a velocidade de avanço

da ponta da dendrita é sensível à concentração de todos os solutos presentes na liga

Fe-C-P-Mn, devido à variação na concentração dos solutos (C, P e Mn) provocarem

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uma redução na mobilidade da interface sólido/líquido, atuando como uma barreira

para o movimento da mesma.

5.1.4 SIMULAÇÃO DOS PERFIS DOS SOLUTOS (C, P e Mn) DURANTE A

SOLIDIFICAÇÃO

Neste tópico será mostrada a aplicação do método do Campo de Fase no

processo de solidificação da liga multicomponente estudada nesta dissertação, com o

objetivo de se obter uma estimativa dos perfis dos solutos na interface sólido/líquido.

Todo domínio encontra-se em condição de super-resfriamento térmico, ∆T=26 K, com

a temperatura inicial no valor de 1785 K. Nesta simulação foi utilizado um domínio de

600x600 volumes de controle. O núcleo de fase sólida que foi adicionado previamente

ao domínio, foi localizado em sua parte inferior e centralizado. Na equação de fase foi

adicionada uma fonte de ruídos, com amplitude no valor de 0,02, com o objetivo de

simular perturbações na interface sólido/ líquido, que favorecem a instabilidade inicial

da frente de solidificação. O modo de anisotropia (J) vale 4 e o ângulo preferencial de

crescimento (θ0) vale 90º. Para estas simulações, todos os parâmetros do modelo,

apresentados na tabela 5.2 foram mantidos constantes.

As figuras 5.8 e 5.9 mostram os perfis dos solutos durante o processo de

solidificação da liga Fe-C-P-Mn. Na figura 5.8, as linhas vermelha e verde

representam os perfis de concentração do carbono e do fósforo, respectivamente. No

entanto, na figura 5.9, as linhas vermelha e verde representam os perfis de

concentração do carbono e do manganês, respectivamente.

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Figura 5.8 – Perfil de concentração dos solutos (carbono e fósforo) durante a solidificação da

liga multicomponente Fe-C-P-Mn.

Na figura 5.8 observa-se que a camada difusa no líquido do carbono é maior

que a camada difusa do fósforo. Isso acontece porque a difusividade do carbono no

líquido é maior que a difusividade do fósforo na mesma fase.

Figura 5.9 – Perfil de concentração dos solutos (carbono e manganês) durante a solidificação

da liga multicomponente Fe-C-P-Mn.

Aplicando o mesmo raciocínio para figura 5.9, nota-se que devido à

difusividade do carbono na fase líquida ser maior que a difusividade do manganês

Interface sólido/ líquido

Interface sólido/ líquido

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também no líquido, o carbono tem maior camada difusa na fase líquida do que o

manganês.

Através das figuras 5.8 e 5.9 nota-se na região solidificada, que as camadas

adjacentes de fase sólida formada a partir do primeiro núcleo solidificado têm a

composição cada vez mais enriquecida de soluto, devido à rejeição dos solutos para

fase líquida durante a solidificação da liga. Devido a essa rejeição de soluto, a região

líquida à frente da interface sólido/líquido encontra-se enriquecida de solutos. Outra

característica observada nestas figuras, é que as concentrações dos solutos

diminuem exponencialmente para a concentração inicial dos solutos no líquido, de

acordo com que se avança para dentro da fase líquida, proveniente da difusão dos

solutos no líquido. Como a difusividade do carbono é maior que a difusividade dos

outros dois solutos (fósforo e manganês), pode-se dizer que a camada difusa do

carbono é maior que a camada difusa do fósforo e do manganês.

5.1.5 SIMULAÇÃO DA EVOLUÇÃO MICROESTRUTURAL DA LIGA Fe-C-P-Mn

O objetivo deste tópico é simular a evolução microestrutural durante o processo

de solidificação da liga multicomponente Fe-C-P-Mn, em condição de super-

resfriamento, com temperatura inicial de 1785 K. Os dados utilizados nesta simulação

são os mesmos da tabela 5.1. A figura 5.10 mostra a evolução de uma dendrita com

ângulo preferencial de crescimento de 90º. Para tanto, um núcleo de fase sólida foi

adicionado na parte inferior do domínio de 600x600 volumes de controle. Na figura

5.10, os tempos de solidificação são de (a) 3,999x10-6 s, (b) 7,300x10-5 s e (c)

1,499x10-4 s. No início da solidificação, o núcleo de fase sólida começa a crescer em

meio à fase líquida, figura 5.10 (a). Com o avanço da solidificação, surgem os

primeiros braços secundários ainda pequenos e pouco definidos, figura 5.10 (b). Na

figura 5.10 (c) é observado um aumento sutil do crescimento competitivo ente os

braços secundários, fazendo com que os braços com maior velocidade de

crescimento cresçam em detrimento dos braços com menor velocidade de

crescimento, tornando os braços secundários mais definidos, como mostrado na

figura 5.10 (c).

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(a) (b)

(c) Figura 5.10 – Evolução microestrutural da liga multicomponente Fe-C-P-Mn.

A figura 5.11, abaixo mostra a evolução do campo de concentração dos solutos

(C, P e Mn) durante a evolução microestrutural da dendrita mostrada na figura 5.10b e

5.10c.

X (m)

Y (m) Y (m)

X (m)

Y (m)

X (m)

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(a.I) (a.II)

(b.I) (b.II)

(c.I) (c.II)

Figura 5.11– Evolução do campo de concentração dos solutos (C-P-Mn), (a.I) e (a.II) campo de

concentração do carbono no meio e fim da solidificação, (b.I) e (b.II) campo de concentração do fósforo

no meio e fim da solidificação, (c.I) e (c.II) campo de concentração do manganês no meio e fim da

solidificação.

X (m) X (m)

Y (m) Y (m)

X (m) X (m)

Y (m) Y (m)

X (m) X (m)

Y (m) Y (m)

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Na figura 5.11, a região logo à frente da interface sólido/líquido possui uma

concentração elevada dos solutos presentes na liga Fe-C-P-Mn, como pode ser visto

nas legendas ao lado de cada figura. Isso acontece devido à rejeição de soluto que

ocorre a partir da fase sólida que está sendo formada. As maiores concentrações de

soluto são encontradas entre os braços das dendritas. A fase sólida é a região que

apresenta as menores concentrações dos solutos, em conseqüência da baixa

concentração inicial e do baixo coeficiente de redistribuição dos solutos.

5.1.6 ESTUDO DA INTENSIDADE DO CRESCIMENTO COMPETITIVO PARA

DIFERENTES SUPER-RESFRIAMENTOS

Neste tópico será apresentado um estudo da influência do grau de super-

resfriamento na intensidade do crescimento competitivo dos braços secundários. As

propriedades físicas e os parâmetros do modelo utilizados para essa simulação são

as da tabela 5.1 e 5.2. Um núcleo previamente solidificado foi adicionado à parte

inferior do domínio de 1000x1000 volumes de controle. O ângulo preferencial de

crescimento foi de 90º e o modo de anisotropia de 4. A figura 5.12 mostra a

morfologia de uma dendrita com diferentes temperaturas iniciais, de: (a) 1770 K, (b)

1775 K, (c) 1780 K e (d) 1785 K. Observa-se que para temperatura inicial próxima da

temperatura liquidus da liga de Tm=1811K, condição de menor super-resfriamento, a

morfologia dendrítica é mais refinada, figura 5.12 (d). Isso ocorre devido ao calor

latente, liberado na região da interface sólido/líquido e conduzido para dentro da fase

líquida, ser mais perceptível nesta condição, provocando a inibição do crescimento

das ramificações vizinhas que surgiram posteriormente, assim a morfologia dendrítica

torna-se mais definida. Para uma condição de menor super-resfriamento pode-se

notar também, que o crescimento competitivo é maior na região próxima a ponta da

dendrita. No entanto, em regiões distantes da ponta da dendrita, os braços

secundários são mais desenvolvidos e espaçados entre si, como decorrência do

desaparecimento de braços secundários menores para o engrossamento dos braços

secundários maiores. A figura 5.12 (a) mostra uma dendrita com temperatura inicial

de 1770K, em condição de maior super-resfriamento. Nota-se uma dendrita pouco

definida, com braço primário mais grosseiro e com braços secundários pouco

desenvolvidos.

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(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.12 – Morfologia dendrítica da liga multicomponentes Fe-C-P-Mn com diferentes super-

resfriamento.

No próximo item será estudada a relação entre as concentrações dos solutos e

a morfologia dendrítica gerada durante a solidificação da liga.

5.1.7 EFEITO DAS CONCENTRAÇÕES DOS SOLUTOS SOBRE A MORFOLOGIA

DENDRÍTICA

Para o desenvolvimento deste tópico, foi utilizado um domínio de 1000x1000

volumes de controle, preenchido com uma liga multicomponente de Fe-C-P-Mn na

fase líquida com super-resfriamento de ∆T=31 K, portanto a temperatura inicial do

sistema de 1780 K. As propriedades físicas da liga utilizada nesta simulação são as

mesmas da tabela 5.1, exceto as concentrações dos solutos que foram alternadas

X (m) X (m)

Y (m) Y (m)

Y (m)

X (m) X (m)

Y (m)

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para que pudéssemos avaliar a influência de cada concentração de soluto na

morfologia da dendrita, e os parâmetros do modelo utilizados são os da tabela 5.2. O

objetivo deste tópico é demonstrar que variações nas concentrações dos solutos

podem provocar alterações na morfologia dendrítica gerada no processo de

solidificação.

O primeiro soluto a ser estudado foi o carbono. Para isso as concentrações de

fósforo e manganês foram mantidas constantes, e somente, a concentração de

carbono foi variada. Num segundo momento, para estudar a influência do fósforo na

microestrutura, foi feita a variação da concentração do fósforo, mantendo a

concentração do carbono e manganês constantes. Por último, foi feito o estudo da

influência do manganês na morfologia dendrítica, fixando as concentrações do

carbono e do fósforo.

A figura 5.13 mostra a influência do teor de carbono na morfologia da dendrita

gerada na solidificação da liga estudada. Nota-se que, a morfologia dendrítica é mais

refinada para uma maior concentração de carbono. Esse comportamento pode ser

explicado pelo fato da quantidade de carbono rejeitado à frente da interface

sólido/líquido, ser maior para elevadas concentrações iniciais de carbono. Assim a

interface se torna mais instável, com alguns pontos da interface avançando mais

rapidamente, enquanto outros têm seu avanço inibido formando uma estrutura mais

refinada, como mostrada na figura 5.13 (d). Para concentrações menores de carbono

na fase líquida o avanço da interface ocorre de forma homogênea, sem muitas

perturbações para seu crescimento, como mostra a figura 5.13 (a). Pelo diagrama de

fases Fe-C, a temperatura liquidus da liga (Tm) diminui conforme a concentração de

carbono aumenta, portanto se fazendo necessárias temperaturas menores para a

solidificação ocorrer. Assim a interface demorará mais para avançar, propiciando uma

solidificação mais lenta. No presente trabalho, o avanço da interface é retardado

devido à presença de soluto segregado à sua frente.

Para concentrações menores de carbono, o crescimento competitivo entre os

braços secundários é intenso; a dendrita não apresenta uma forma muito definida e o

braço primário é robusto, figura 5.13 (a). Conforme o teor de carbono na liga é

aumentado, observa-se que o braço primário fica mais delgado, e os braços

secundários ficam mais definidos, figuras 5.13 (b), (c) e (d). Na figura 5.13 (d) é

possível perceber braços secundários pouco desenvolvidos próximo da ponta da

dendrita, ocasionado pelo fenômeno de crescimento competitivo entre os braços

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secundários, como também, braços secundários mais desenvolvidos em regiões

longe da ponta da dendrita, que crescem em detrimento de braços secundários

menores.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.13 – Estudo da influência do teor de carbono na morfologia dendrítica: (a) 3,93x10-3 %fração

molar de C; (b) 5,93x10-3 %fração molar de C; (c) 6,93x10-3 %fração molar de C e (d) 8,93x10-3

%fração molar de C.

A figura 5.14 mostra a simulação de uma dendrita quando apenas a

concentração de fósforo é alterada. Percebe-se que quando a concentração de

fósforo está na ordem 10-5 % de fração molar, mesmo que ocorra aumento na

concentração, não é possível visualizar alterações na morfologia dendrítica, figuras

5.14 (a) e (b). Entretanto, para concentrações de fósforo na ordem de 10-3 % de

fração molar, variações no teor de fósforo provocam mudanças na morfologia

dendrítica, onde a dendrita passa a ter uma forma mais refinada, com braço primário

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mais delgado, ponta da dendrita mais afinada, braços secundários mais

desenvolvidos e perpendiculares ao braço primário, espaçamentos entre os braços

secundários tornaram-se maiores e presença de braços terciários, figura 5.14 (d).

Esta mudança na morfologia da dendrita se deve ao fato da quantidade de fósforo

rejeitado pela fase sólida ser maior quando a concentração de fósforo é aumentada, e

como a difusividade do fósforo na fase líquida é muito baixa, na ordem de 10-9, a

interface enriquecida ainda mais de fósforo tem sua estabilidade e velocidade de

avanço reduzida.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.14– Estudo da influência do teor de fósforo na morfologia dendrítica: (a) 4,65X10-5 %fração

molar de P; (b) 6,65X10-5 %fração molar de P; (c) 1,0x10-3 %fração molar de P e (d) 4,65X10-3 %fração

molar de P.

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A simulação da morfologia dendrítica para o estudo da influência do manganês

na microestrutura de solidificação é apresentada na figura 5.15.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.15– Estudo da influência do teor de manganês na morfologia dendrítica: (a) 5,58X10-3

%fração molar de Mn; (b) 7,58X10-3 %fração molar de Mn; (c) 9,58x10-3 %fração molar de Mn e (d)

1,58X10-2 %fração molar de Mn.

O resultado mostrado na figura 5.15 não apresentou mudanças aparentes na

morfologia da dendrita, quando somente o teor de manganês foi alterado. Isso

ocorreu porque o manganês é o soluto que possui maior coeficiente de redistribuição,

KMn= 0,7213, o que indica que o manganês é menos absorvido pela fase sólida do

que os outros solutos (C e P). Portanto, a concentração de manganês no líquido é

menor do que as concentrações de carbono e fósforo na mesma fase, pois a

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concentração inicial do manganês é menor e o seu coeficiente de redistribuição é

maior. Assim, é necessário aumentar significativamente a concentração do soluto de

manganês para que alguma alteração na morfologia dendrítica seja percebida.

Os resultados das figuras 5.13, 5.14 e 5.15 apontam que o aumento da

concentração dos solutos pode afetar a morfologia da dendrita gerada, refinando-a,

no processo de solidificação desde que o seu coeficiente de partição seja pequeno.

Contudo a simulação mostrou uma estrutura dendrítica bem desenvolvida,

apresentando suas ramificações como os braços secundários e terciários. A dendrita

gerada nesta simulação mostrou microestrutura similar observada em experimentos

encontrados na literatura5,17,34,35.

5.1.8 SIMULAÇÃO DO FENÔMENO DE COLISÃO DA LIGA MULTICOMPONENTE

A figura 5.16 mostra várias etapas do processo de solidificação da liga Fe-C-P-

Mn. Nesta figura observa-se o crescimento de duas dendritas e sua subseqüente

colisão. Os cálculos utilizaram os dados das tabelas 5.1 e 5.2, o super-resfriamento

térmico inicial é de 31 K. O domínio utilizado é de 1500x1500 volumes de controle,

sendo que nas extremidades inferiores, canto esquerdo e direito, foram colocados

dois núcleos solidificados. Para promover a colisão foi adicionado ao método do

Campo de Fase, o crescimento preferencial na direção de 45o em relação ao eixo de

referência, com modo de anisotropia (J) igual a 4. Os tempos de solidificação para a

evolução microestrutural das dendritas de Fe-C-P-Mn, na figura 5.16, foi de (a)

1,319x10-4 s, (b) 1,669x10-4 s (c)1,933x10-4 s, (d)3,398x10-4 s.

(a) (b) X (m) X (m)

Y (m) Y (m)

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(c) (d)

Figura 5.16 – Simulação do fenômeno de colisão durante o crescimento dendrítico.

Na figura 5.16, além do fenômeno do crescimento competitivo, as dendritas

que crescem a partir dos cantos inferiores do domínio se encontram, reproduzindo o

fenômeno da colisão; a dendrita que cresce a direita da figura sobressai à dendrita à

esquerda, e então continua o seu crescimento preferencial. Entretanto a dendrita

localizada a esquerda, apesar de seu crescimento preferencial ser inibido, devido à

colisão, esta passa a crescer preferencialmente em outra direção. Nesta seqüência de

figuras, pode-se perceber a presença de braços secundários e pequenos braços

terciários crescendo a partir dos braços primários. No encontro das duas dendritas a

região entre os braços secundários das dendritas permanece líquida pelo acúmulo

dos solutos entre as duas dendritas, formando assim o contorno do grão.

X (m) X (m)

Y (m) Y (m)

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6. CONCLUSÕES

O que se pretende mostrar com os resultados apresentados neste trabalho, é

que o Método do Campo de Fase é uma alternativa interessante para simulação de

processos de solidificação, quando trabalhamos com a solidificação de ligas

multicomponentes num sistema super-resfriado. Como exemplo, no caso do método

do Campo de Fase utilizado para determinar os perfis dos solutos durante a

solidificação, concluiu-se que a região do sólido se encontra com as concentrações

dos solutos empobrecidas. Esse empobrecimento ocorre porque os solutos (C, P e

Mn) são rejeitados para a fase líquida, criando uma região enriquecida de solutos logo

a frente da interface sólido/líquido. Outra característica observada nesta simulação e

que está em concordância com a teoria de solidificação, é que as concentrações dos

solutos a frente da interface diminuem exponencialmente para a concentração inicial

no líquido, isso se dá pelo fato do modelo considerar a difusão dos solutos no líquido.

Como a difusividade do carbono é maior que a difusividade dos outros dois solutos

(fósforo e manganês), concluímos que a espessura da camada difusa do carbono é

maior, quando comparada com a camada dos outros dois solutos.

Para a simulação numérica da evolução microestrutural da liga

multicomponentes de Fe-C-P-Mn, concluiu-se que, com o avanço da frente de

solidificação, as pontas das dendritas tornaram-se instáveis e ramificações são

geradas. Algumas destas ramificações cresceram mais rapidamente que as outras e

se transformaram em braços secundários. Com o surgimento dos braços secundários,

teve início o crescimento competitivo, onde alguns braços continuaram crescendo,

enquanto outros tiveram seu crescimento inibido. Os braços secundários

desenvolvidos foram obtidos após o crescimento competitivo, estes por sua vez

tornaram-se instáveis, esta instabilidade deu origem aos braços terciários. Num último

estágio do processo de solidificação observou-se a competição entre os braços

secundários e terciários. A presença deste tipo de ramificações, braços secundários e

terciários, é observada em experimentos envolvendo a solidificação de ligas e metais

puros. Neste mesmo tópico foi demonstrada também, a evolução do campo de

concentração dos solutos durante a solidificação, aonde pode-se concluir que a região

logo à frente da interface sólido/líquido possui a maior concentração de solutos

presentes na liga Fe-C-P-Mn. Isso aconteceu por causa da rejeição dos solutos que

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ocorre a partir da fase sólida que está sendo formada, enquanto a fase sólida é a

região que apresenta as menores concentrações.

No estudo da influência do super-resfriamento sobre a intensidade do

crescimento competitivo dos braços secundários, concluiu-se que para temperatura

inicial próxima da temperatura liquidus da liga, condição de menor super-resfriamento,

a morfologia dendrítica foi mais refinada devido ao calor latente liberado na região da

interface sólido/líquido. O calor latente gerado na solidificação é mais perceptível

nesta condição, provocando a inibição do crescimento das ramificações vizinhas que

surgiram posteriormente. Para uma condição de menor super-resfriamento notou-se

também, que o crescimento competitivo foi maior na região próxima a ponta da

dendrita. No entanto, em regiões distantes da ponta da dendrita os braços

secundários se desenvolveram mais e ficaram mais espaçados entre si, em

decorrência do desaparecimento de braços secundários menores.

No estudo do efeito das concentrações dos solutos (C, P e Mn) na morfologia

dendrítica gerada no processo de solidificação, comprovou-se que alterações nas

concentrações dos solutos provocam mudanças na morfologia da dendrita. Sendo

que o carbono é o soluto que mais influência na morfologia dendrítica. Notou-se que,

a morfologia dendrítica ficou mais refinada para teores maiores de carbono. Esse

comportamento pode ser explicado pelo fato da quantidade de carbono rejeitado à

frente da interface sólido/líquido, ser maior para concentrações maiores de carbono.

Assim a interface se torna mais instável. Outra característica observada nessa

simulação, é que conforme o teor de carbono na liga foi aumentado, o braço primário

ficou mais refinado. Sendo possível perceber também a ocorrência do fenômeno de

crescimento competitivo entre os braços secundários.

No estudo do efeito do fósforo na morfologia formada durante a solidificação

concluiu-se que somente quando a concentração do fósforo está acima da ordem de

10-3 % de fração molar, se torna possível provocar mudanças relevantes na

morfologia dendrítica, onde a dendrita passa a ter uma forma mais refinada, com

braço primário mais delgado, braços secundários mais desenvolvidos e

perpendiculares ao braço primário, espaçamentos entre os braços secundários

tornaram-se maiores e presença de braços terciários. Esta mudança na morfologia da

dendrita se deve ao fato da quantidade de fósforo rejeitado pela fase sólida ser maior

quando a concentração de fósforo é aumentada. A difusividade do fósforo na fase

líquida é muito baixa, na ordem de 10-9, a região a frente da interface é enriquecida de

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fósforo diminuindo a sua estabilidade e o avanço no meio líquido. No entanto, a

simulação não apresentou mudanças aparentes na morfologia da dendrita quando

somente o teor de manganês foi alterado. Isso ocorreu porque o manganês é o soluto

que possui maior coeficiente de redistribuição, o que indica que ele é mais absorvido

pela fase líquida do que os outros solutos (C e P). Assim, é necessário aumentar

consideravelmente a concentração de manganês para que alguma alteração na

morfologia dendrítica seja percebida.

Para o caso do modelo do Campo de Fase usado com objetivo de relacionar a

velocidade de avanço da ponta da dendrita com as concentrações dos solutos, foi

possível perceber que a velocidade da ponta da dendrita é sensível às variações nas

concentrações de todos os solutos da liga, devido ao fato da mobilidade da interface

sólido/líquido diminuir quando as concentrações dos solutos são aumentadas, já que

a presença de solutos rejeitados atua como barreira para o movimento da interface.

Na estimativa da fração solidificada versus tempo de solidificação, foi visto que

a fração solidificada aumenta rapidamente no início da solidificação. E de acordo com

que o tempo de solidificação aumenta, ocorre um decréscimo gradual da taxa de

solidificação. Este decréscimo deve-se ao aumento da temperatura devido ao calor

latente liberado na interface durante a mudança de fase que ocorre ao longo do

processo. Como as fronteiras do domínio estudado são adiabáticas, essa liberação de

calor latente provoca um aumento na temperatura, que por sua vez causa a redução

da mobilidade da interface sólido/líquido.

Para a simulação numérica do fenômeno de colisão, durante o crescimento de

dendritas de Fe-C-P-Mn, o método do Campo de Fase reproduziu o fenômeno e suas

características relevantes. Nesta simulação através das imagens geradas durante o

processo intermediário de solidificação pode-se concluir que, além do crescimento

competitivo, as dendritas que crescem em direções distintas se encontram e

reproduzem o fenômeno de colisão, sendo que uma delas sobressai à outra, inibindo

o seu crescimento. Entretanto, a dendrita que teve o seu crescimento inibido contínua

o seu processo de crescimento, porém em outra direção.

Na comparação entre a estimativa da concentração dos solutos no sólido

obtida pela equação de Scheil e o modelo do Campo de Fase, concluiu-se que para o

carbono o uso da equação de Scheil adaptada, com kef substituindo k, possibilitou

uma concordância entre Scheil e o modelo do Campo de Fase para até 50% de

fração solidificada. Nota-se também que pelo modelo do Campo de Fase, ocorre um

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71

enriquecimento da região sólida ao longo da solidificação. E no final do processo, a

estimativa dada pelo modelo do Campo de Fase para a concentração de carbono em

fase sólida cai abaixo da curva de Scheil. Entretanto, para os outros solutos, fósforo e

manganês, as curvas geradas pela equação de Scheil não tiveram boa concordância

com o modelo do Campo de Fase, uma vez que esses solutos possuem difusividade

no líquido muito baixa. Então foi feita a comparação apenas entre o modelo do

Campo de Fase e a equação de Scheil utilizando o coeficiente de redistribuição dos

solutos, k. Observou-se que a concentração dos solutos, fósforo e manganês, no

sólido, foi praticamente constante. Isso pode ser explicado pela baixa difusividade dos

dois solutos no sólido. Concluiu-se também que os valores calculados pelo modelo do

Campo de Fase foram diferentes dos obtidos pela equação de Scheil, devido ao fato

da equação de Scheil considerar mistura completa dos solutos no líquido, enquanto o

modelo do Campo de Fase admite a difusividade do soluto no líquido.

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72

BIBLIOGRAFIA

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73

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74

[24] KIM SG, KIM WT, LEE JS, ODE M, SUZUKI T. Large scale simulation of

dendritic growth in pure undercooled melt by phase-field model. ISIJ

International, 39(4), pg. 335-340, 1999.

[25] MCFADDEN G. B.; WHEELER A. A.; BRAUN R. J.; CORIELL S. R. Phase-Field

models for anisotropic interfaces. Physical Review E, vol. 48, pg. 2016-2024,

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[26] BOETTINGER W.J.; WARREN J.A.; BECKERMANN C.; KARMA, A. Phase-

Field Simulation of Solidification. Annual Review of Materials Research, vol. 32,

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[27] WHEELER A. A. Computation of Dendrite Using a Phase-Field Model.

Physica D, vol. 66, pg. 243-262, 1993.

[28] LEE J.S.; SUZUKI T. Numerical Simulation of Isothermal Dendritic Growth

by Phase-Field Model. ISIJ International. Vol. 39, No. 3, pg. 246-252, 1999.

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Ed.Edgard Blucher Ltda. pg. 123, 1975.

[30] PATANKAR, S. V. Numerical Heat Transfer and Fluid Flow. Ed. Taylor &

Francis Ltda, pg. 1-74, 1980.

[31] XIAO R.Z., WANG Z.P., ZHU C.S., LI W.S., FENG L. Influence of anisotropy

on dendritic growth in binary alloy with Phase-Field Simulation, ISIJ

International, vol.49, nº 8, pg. 1156-1160, 2009.

[32] CHA P.R., YEON D.H, YOON J.K. Phase-Field model for multicomponent

alloy solidification, Journal of Crystal Growth, 274, pg. 281-293, 2005.

[33] ZHANG R., LI M., ALLISON J. Phase-Field study for the influence of solute

interactions on solidification process in multicomponent alloys, Computational

Materials Science, 47, pg. 832-838, 2010.

[34] FURTADO A. F. Simulação de Microestruturas de ligas ternárias pelo

Método do Campo de Fase, Revista Matéria, vol. 12, n° 4, pg. 602-611, 2007.

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75

[35] FURTADO, A. F.; FERREIRA, L. O. Microsegregation in Fe-C-P Ternary

Alloys Using a Phase-Field Model. Journal of the Brazilian Society of Mechanical

Sciences and Engineering, vol. XXXI, pg. 173-180, 2009.

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76

ANEXOS

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77

ANEXO I

A solução numérica das equações de estado utilizadas na simulação do

processo de solidificação de metal puro é mostrada a seguir. Como mencionado

anteriormente, utiliza-se a técnica de volumes finitos no esquema explicito para

equação de fase e no esquema implícito para equação de energia. Como condição

de contorno admite-se fluxo nulo na fronteira do domínio para equação de fase, ou

seja, (∂φ/∂t = 0).

• Discretização da equação de fase:

Equação de fase, esquema explicito:

( )( )( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )m

m

y

TTT

HhWg

yxxtM

−∆

−−

∂−

∂+∇⋅∇=

∂⋅

φφ

φθεθε

φθεθεφθε

φ

θ

''

''1 2

Desenvolvendo o 1º termo do lado direito da equação tem-se:

( )

( ) ( ) ( )m

m

TTT

HhWg

yx

xyyyxxtM

−∆

−−

∂−

∂+

∂+

∂=

∂⋅

φφφ

θεθε

φθεθε

φθε

φθε

φ

θ

'')()(

)()()()(1

'

'22

(I.1)

.N

.S

..P

NW.

W.

SW.

.NE

...E

.SE

.w. .e

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78

Cada termo da equação de fase apresentada acima será resolvido

separadamente.

Termo do lado esquerdo da equação I.1:

( ) )(11 1

θ

φφφ

θ Myx

ttM

nP

nP ∆∆

−=

∂⋅

+

1º termo do lado direito da equação I.1:

( ) ( )x

y

x

y

yx

yx

yx

yxxx

WPwPEe

Wp

wPE

e

we

∆−−

∆−=

−−∆

−=

∂−∆

∂=

φφθεφφθε

φφθε

φφθε

φθε

φθε

φθε

)()(

)()(

)()()(

22

22

222

2º termo do lado direito da equação I.1:

( ) ( )y

x

y

x

xy

xy

xy

xyyy

SPsPNn

SPs

PNn

sn

∆−−

∆−=

−−∆

−=

∂−∆

∂=

φφθεφφθε

φφθε

φφθε

φθε

φθε

φθε

)()(

)()(

)()()(

22

22

222

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79

3º termo do lado direito da equação I.1:

( ) ( )

−−+−

−−+=

+++−

+++−

+++−

+++=

−−−=

−−∆

−=

∂−∆

∂=

4)()(

4)()(

44)()(

44)()(

)()()()(

)()()()(

)()()()()()(

''

'

'

''

''

'''

WSWSEEss

NWWENEnn

WSWSPPSSEEss

NWWPNNPENEnn

swsessnwnenn

swsess

nwnenn

sn

xx

xx

xx

xxxy

φφφφθεθε

φφφφθεθε

φφφφφφφφθεθε

φφφφφφφφθεθε

φφθεθεφφθεθε

φφθεθε

φφθεθε

φθεθε

φθεθε

φθεθε

4º termo do lado direito da equação I.1:

( ) ( )

−−+−

−−+−=

+++−

++++

+++−

+++−=

−+−−=

−+∆

−−=

∂+∆

∂−=

∂−

4)()(

4)()(

44)()(

44)()(

)()()()(

)()()()(

)()()()()()(

''

'

'

''

''

'''

SWSNWNww

SSENNEee

WSWSPNWWPNww

PSSEENPENEee

swnwwwseneee

swnwww

seneee

we

yy

yy

yy

yyyx

φφφφθεθε

φφφφθεθε

φφφφφφφφθεθε

φφφφφφφφθεθε

φφθεθεφφθεθε

φφθεθε

φφθεθε

φθεθε

φθεθε

φθεθε

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80

Substituindo todos os termos na equação de fase, tem-se:

( ) ( )( ) ( )

( )

( )

( )

( )

( ) ( )

−∆−

+

∆−+

∆−

+

∆+−

∆∆

+

∆+−

∆∆

+

∆+−

∆∆

+

∆+−

∆∆

+

−++−

++−+−

∆∆

∆=+

m

mP

snwenP

wnnssn

W

essnn

n

E

swwee

n

S

neewwnN

wwssnSWwwnn

nNW

eessnSEeenn

nNE

n

P

T

TTHhWg

yxtM

xyx

xyx

yyx

yyx

yx

tM

)()(

11)(

1

)(1

)()()()(4

1

)(1

)()()()(4

1

)(1

)()()()(4

1

)(1

)()()()(4

1

)()()()()()()()(

)()()()()()()()(

41

)(

''

222

222

22

''

22

''

22

''

22

''

''''

''''

1

φφ

εεεεθ

φ

θεθεθεθεθεφ

θεθεθεθεθεφ

θεθεθεθεθεφ

θεθεθεθεθεφ

θεθεθεθεφθεθεθεθεφ

θεθεθεθεφθεθεθεθεφ

θφ

(I.2)

Na equação acima é adicionado um termo para a geração de ruídos de forma

similar a proposta por Warren e Boettinger 26:

( ) ( ) ( )2222 116116 n

P

n

PraarNoise φφφφ −⋅⋅=−=

Na equação de ruído, r é um número aleatório gerado entre –1 e +1 e “a”

amplitude do ruído.

Para a solução numérica da equação de fase (I.2), é primeiramente

necessário determinar os parâmetros )(θε e M(θ ).

Sabe-se que o parâmetro M(θ ) é expresso por:

( ) ( )( )00 cos1 θθδθ −+= jMM M (I.3)

Considerando que a força de anisotropia ( Mδ ) seja nula sobre a mobilidade da

equação de fase, tem-se:

( ) 0MM =θ (I.4)

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81

Assim, o parâmetro M0 será descrito por:

λ

µ

H

TM

k

m

∆=

73.20

Sabe-se que )(θε e )(' θε podem ser expressos por:

( ) ( )( )00 cos1 θθδεθε ε −+= j (I.5)

( ) ( )( )00' θθδεθε ε −−= jjsen (I.6)

Onde 0ε é determinado pela relação 0073.2 σλ , as constantes εδ e j valem,

para a simulação de metais puros, 0.025 e 4 respectivamente. 0θ é o ângulo

preferencial de crescimento, portanto falta determinar o ângulo da interface em

relação ao eixo x (θ ), portanto tem-se:

( )x

y

φ

φθ =tan (I.7)

=

x

yarctg

φ

φθ (I.8)

Uma vez determinados )(θε , )(' θε e θ . O próximo passo será determinar

estas variáveis em torno do Pφ no domínio. Ao norte do ponto Pφ , tem-se:

( ) ( )( )00 cos1 θθδεθε ε −+= nn j

( ) ( )( )00' θθδεθε ε −−= nn jjsen

=

Nx

Ny

n arctgφ

φθ

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82

Ao sul do ponto Pφ , tem-se:

( ) ( )( )00 cos1 θθδεθε ε −+= ss j

( ) ( )( )00' θθδεθε ε −−= ss jjsen

=

Sx

Sy

s arctgφ

φθ

Ao leste do ponto Pφ , tem-se:

( ) ( )( )00 cos1 θθδεθε ε −+= ee j

( ) ( )( )00' θθδεθε ε −−= ee jjsen

=

Ex

Ey

e arctgφ

φθ

Ao oeste do ponto Pφ , tem-se:

( ) ( )( )00 cos1 θθδεθε ε −+= ww j

( ) ( )( )00

' θθδεθε ε −−= ww jjsen

=

Wx

Wy

w arctgφ

φθ

Com as equações obtidas acima pode-se resolver numericamente a equação

de fase, lembrando que para a temperatura (T) no ponto P na equação de fase,

será determinada pela equação da energia, cuja solução numérica será mostrada a

seguir.

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83

• Discretização da equação de energia:

A solução numérica da equação de energia, para o caso de solidificação de

metais puros é a seguinte:

bTaTaTaTaTan

SS

n

WW

n

NN

n

EE

n

PP ++++= +++++ 11111

x

yDaa WE

∆==

y

xDaa SN

∆==

WESNPP aaaaaa ++++= 0

( )n

P

n

P

p

n

PP ht

yx

c

HTab φφφ −

∆∆

∆+= +1'0 )(

ANEXO II

A solução numérica das equações de estado utilizadas na simulação do

processo de solidificação de ligas quaternárias é mostrada a seguir. Como

mencionado anteriormente, utiliza-se a técnica de volumes finitos no esquema

explicito para equação de fase e equações de concentração dos solutos (C-P-Mn) e

no esquema implícito para equação de energia. Como condição de contorno admite-

se fluxo nulo na fronteira do domínio para equação de fase, ou seja, (∂φ/∂t = 0).

• Discretização da equação de fase:

Equação de fase, esquema explicito:

( )( )( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )( ) ( )( )( )( ) ( )( )

++−++−

++−++−+−

∂−

∂+∇⋅∇=

∂⋅

SSS

e

L

e

L

e

L

LLL

e

S

e

S

e

S

m

y

cccccc

ccccccLnh

V

RTWg

yxxtM

321321

321321'

2

11

11)('

''1

φφ

φθεθε

φθεθεφθε

φ

θ

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84

Desenvolvendo o 1º termo do lado direito da equação tem-se:

( )( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )( ) ( )( )( )( ) ( )( )

++−++−

++−++−+−

∂−

∂+

∂+

∂=

∂⋅

SSS

e

L

e

L

e

L

LLL

e

S

e

S

e

S

m

y

cccccc

ccccccLnh

V

RTWg

yxxyyxxtM

321321

321321'

22

11

11)('

'')()(1

φφ

φθεθε

φθεθε

φθε

φθε

φ

θ

(II.1)

A solução é similar do anexo I, portanto a solução numérica da equação de

fase é apresentada abaixo.

( ) ( )( ) ( )

( )

( )

( )

( )

( ) ( )

( )( ) ( )( )( )( ) ( )( )

++−++−

++−++−−

+

∆−+

∆−

+

∆+−

∆∆

+

∆+−

∆∆

+

∆+−

∆∆

+

∆+−

∆∆

+

−++−

++−+−

∆∆

∆=+

SSS

e

L

e

L

e

L

LLL

e

S

e

S

e

S

m

snwe

n

P

wnnss

n

W

essnn

n

E

swwee

n

S

neeww

n

N

wwss

n

SWwwnn

n

NW

eess

n

SEeenn

n

NE

n

P

cccccc

ccccccLnh

V

RTWg

yxtM

xyx

xyx

yyx

yyx

yx

tM

321321

321321''

22

2

22

2

2

2

''

2

2

''

2

2

''

2

2

''

''''

''''

1

11

11)()(

11

)(

1

)(1

)()()()(4

1

)(1

)()()()(4

1

)(1

)()()()(4

1

)(1

)()()()(4

1

)()()()()()()()(

)()()()()()()()(

4

1

)(

φφ

εεεεθ

φ

θεθεθεθεθεφ

θεθεθεθεθεφ

θεθεθεθεθεφ

θεθεθεθεθεφ

θεθεθεθεφθεθεθεθεφ

θεθεθεθεφθεθεθεθεφ

θφ

(II.2)

Para a equação de fase aplicada à solidificação de ligas quaternárias, a

concentração de soluto no sólido, e

Sc , e no líquido em equilíbrio, e

Lc , pode ser

determinada pelos diagramas de equilíbrio pseudo-binário Fe-C, Fe-P e Fe-Mn.

e

meL

M

TTc

−=

( )e

em

eS

M

KTTc −=

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85

Com as equações obtidas acima pode-se resolver numericamente a equação

de fase, lembrando que para a temperatura (T) no ponto P na equação de fase,

será determinada pela equação da energia, cuja solução numérica será mostrada a

seguir.

• Discretização da equação de energia:

A solução numérica da equação de energia, para o caso de solidificação de

ligas quaternárias é a seguinte:

bTaTaTaTaTan

SS

n

WW

n

NN

n

EE

n

PP ++++= +++++ 11111

x

yDaa WE

∆==

y

xDaa SN

∆==

WESNPP aaaaaa ++++= 0

( )n

P

n

P

p

n

PP ht

yx

c

HTab φφφ −

∆∆

∆+= +1'0 )(

• Discretização da equação de concentração de soluto:

Para o modelamento matemático do processo de solidificação de ligas

quaternárias, apresentado neste trabalho, não se pode esquecer que existem três

tipos de soluto na liga. No entanto é necessário obter a solução numérica da

equação de concentração de soluto de cada um desses solutos.

A solução numérica da equação de concentração de soluto, para o caso de

solidificação de ligas quaternárias é a seguinte:

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86

Carbono:

[ ][ ] [ ]

++−∇•

+−

++−+

+−

++−−

∇=∂

)(1

))(1(

)(1)(

))(1(

)(1)(1)(

LMnLPLC

LC

SMnSP

SMnSPSCSC

LMnLP

LMnLPLCLC

C

C

ccc

cLn

cc

cccch

cc

cccchD

t

cφφφ

(II.3)

DC(φ) é a difusividade do carbono, neste trabalho foi considerado DC(φ) = DL

para φ ≤ 0.9, e ainda DC(φ) = DS para φ ≥ 0.9. Para melhor compreensão da solução

numérica, os termos da equação da concentração de soluto (II.3), acima serão

resolvidos separadamente. Os termos do lado direito da equação da concentração

serão resolvidos numericamente, segundo Silva36:

))(1()())(1())(1()(SMnSPCSLMnLPLCCc

CCChCCChD +−⋅⋅++−⋅⋅−= φφφτ (II.4)

Substituindo a equação II.4 na equação II.3, tem-se:

+−⋅∇⋅∇=

)(1LMnLP

LC

C

C

CC

CLn

t

Cτ (II.5)

Desenvolvendo a equação II.5:

+−∂

∂−∆

+−∂

+

+−∂

∂−∆

+−∂

∂=

+−∂

∂+

+−∂

∂=

xCC

CLn

yx

CC

CLn

y

yCC

CLn

xy

CC

CLn

x

CC

CLn

yyCC

CLn

xxt

C

sLMnLP

LC

C

nLMnLP

LC

C

wLMnLP

LC

C

eLMnLP

LC

C

LMnLP

LC

C

LMnLP

LC

C

C

)(1)(1

)(1)(1

)(1)(1

ττ

ττ

ττ

(II.6)

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87

O termo do lado esquerdo da equação II.6, é representado por:

yxt

CC

t

Cn

PC

n

PCC ∆∆

−=

∂+1

O 1° termo do lado direito da equação II. 6:

dx

dy

CC

CLn

CC

CLny

CC

CLn

xLPMnLPP

LPC

LEMnLEP

LEC

eC

eLMnLP

LC

C

+−−

+−=∆

+−∂

)(1)(1)(1ττ

O 2° termo do lado direito da equação II.6, é representado por:

dx

dy

CC

CLn

CC

CLny

CC

CLn

xLWMnLWP

LWC

LPMnLPP

LPC

wC

wLMnLP

LC

C

+−−

+−=∆

+−∂

)(1)(1)(1ττ

O 3° termo do lado direito da equação II.6:

dy

dx

CC

CLn

CC

CLnx

CC

CLn

yLPMnLPP

LPC

LNMnLNP

LNC

nC

nLMnLP

LC

C

+−−

+−=∆

+−∂

)(1)(1)(1ττ

O 4° termo do lado direito da equação II.6:

dy

dx

CC

CLn

CC

CLnx

CC

CLn

yLSMnLSP

LSC

LPMnPP

LPC

sC

sLMnLP

LC

C

+−−

+−=∆

+−∂

)(1)(1)(1ττ

O próximo passo será determinar o C

τ .

PE

eC

ττ

τ11

2

+

= ;

WP

wC

ττ

τ11

2

+

= ;

PN

nC

ττ

τ11

2

+

= ;

SP

Cs

ττ

τ11

2

+

=

Para EC

τ ,WC

τ ,NC

τ eSC

τ , tem-se:

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88

))(1()())(1())(1()(SEMnSEPSECELEMnLEPLECEEEC

CCChCCChD +−++−−= φφφτ

))(1()())(1())(1()(SWMnSWPSWCWLWMnLWPLWCWWWC

CCChCCChD +−++−−= φφφτ

))(1()())(1())(1()(SNMnSNPSNCNLNMnLNPLNCNNNC

CCChCCChD +−++−−= φφφτ

))(1()())(1())(1()(SSMnSSPSSCSLSMnLSPLSCSSSC

CCChCCChD +−++−−= φφφτ

))(1()())(1())(1()(SPMnSPPSPCPLPMnLPPLPCPPPC

CCChCCChD +−++−−= φφφτ

Para a função suavizante hE(φ), hW(φ), hN(φ), hS(φ)e hP(φ) tem-se:

)10156()( 33 +−=EEEE

h φφφφ

)10156()( 33 +−=WWWW

h φφφφ

)10156()( 33 +−=NNNN

h φφφφ

)10156()( 33 +−=SSSS

h φφφφ

)10156()( 33 +−=PPPP

h φφφφ

Para a determinação das concentrações na fase sólida CSP, CSN, CSS, CSE,

CSW, será feito de forma similar a Boettinger26:

))(1()( φφPPCe

PPCCe

SP

hhK

CKC

−+=

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89

))(1()( φφNNCe

PNCCe

SN

hhK

CKC

−+=

))(1()( φφSSCe

PSCCe

SS

hhK

CKC

−+=

))(1()( φφEECe

CPECe

SE

hhK

CKC

−+=

))(1()( φφWWCe

CPWCe

SW

hhK

CKC

−+=

A seguir serão determinadas às relações para a concentração de soluto na

fase líquida, segundo Boettinger26:

))(1()( φφPPCe

PPC

SP

hhK

CC

−+=

))(1()( φφNNCe

PNC

SN

hhK

CC

−+=

))(1()( φφSSCe

PSC

SS

hhK

CC

−+=

))(1()( φφEECe

CPE

SE

hhK

CC

−+=

))(1()( φφWWCe

CPW

SW

hhK

CC

−+=

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90

No caso deste trabalho, como são estudadas ligas quaternárias (Fe-C-P-Mn)

deve ser feito a discretização da equação de concentração de soluto também para

os solutos fósforo e manganês, respectivamente.

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