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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E
ENGENHARIA DE MATERIAIS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
SIMULADOR RADIOGRÁFICO ANTROPOMÓRFICO DE MAMA HUMANA
ELIANO SOARES DA SILVA
Orientador: Prof. PhD. José Daniel Diniz Melo Co-Orientador: Prof. Dr. Edson Noriyuki Ito
Dissertação n.º 106/2012 /PPGCEM
Natal – RN 2012
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Exatas e da Terra
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia deMateriais
Campus Universitário Lagoa Nova, CEP 59072-970, Natal - RNTelefax: (84) 3215-3826
Site:http://www.sigaa.ufrn.br/sigaa/public/programa/portal.jsf?id=68
E-mail: [email protected]
ELIANO SOARES DA SILVA
Simulador radiográfico antropomórfico de mama
humana
Natal-RN
2012
Eliano Soares da Silva
Simulador radiográfico antropomórfico de mama
humana
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais,
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como parte dos requisitos para obtenção do t́ıtulo
de Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais.
Orientador: Prof Ph.D. José Daniel Diniz Melo
Coorientador: Prof Dr Edson Noriyuki Ito
Natal-RN
2012
SILVA, Eliano Soares da. Simulador radiográfico
antropomórfico de mama humana. Natal-RN, UFRN,
2012 (Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de
Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais)
113p.
Palavras-Chaves: Simulador radiográfico, Mamografia,
Câncer de mama.
Dedico este trabalho a:
Minha irmã guerreira NENZINHA (in memoriam) pela luta em vida, pelo exemplo e
amor incondicional de mãe;
Meus amados pais Antônio (in memoriam) e Idalice, pela educação, caráter e pelos
exemplos de vida;
Dilcléia, minha amada esposa, meu viver, minha eterna LUA, pela tolerância e por ser
pai e mãe durante a minha ausência para o desenvolvimento deste trabalho;
Minhas cordas do coração, meus amados filhos Pedro e Gabriel;
Meus estimados irmãos por me ensinarem o que fazer e o que não fazer nesta vida, em
especial a minha irmã Dilma pelo apoio nos momentos dif́ıceis durante esta jornada e
tantas outras, Neto (in memoriam), Vane, Dina, Júlia, Sil, Edvaldo, Nilton, Vilma (in
memória), Celina, Gigi e Dudu;
Todos os meus sobrinhos tão queridos aqui representados por: Binho, Nanay, Xixa, Lú,
Daniele, Débora, Nilton Jr., Wagner, Wellingthon, Clara Mariane, Ana, Rita, Neide e
Paulinho;
Meus cunhados(as) aqui representados por: Binho (in memoriam), João (in memo-
riam), Ildésio, Cipriano, Raul “pelo fomento a este trabalho”, Rita, Bisquit e Renata.
Agradecimentos
A Deus, por ter me guiado durante os momentos de luta e sempre estar presente em
minha existência;
Aos meus segundos pais Jorge Rodrigues (in memoriam) e Euŕıdice, por terem me ini-
ciado na carreira de docência e pelo exemplo de caráter;
Aos meus sogros Benedito (véi Bené) e Maria José (Liinha) pelo carinho e apoio na
educação de meu filho durante a minha ausência para estudos e trabalho;
Ao prof. Ph.D. José Daniel Diniz Melo pelas sugestões, correções e pelos questiona-
mentos desafiadores durante a orientação deste trabalho;
Ao prof. Dr Edson Noriyuki Ito pelas cobranças e questionamentos durante as disci-
plinas por mim cursadas, por acreditar neste projeto desde sua ideia inicial;
A profa. Dra Maria Carolina Burgos Costa, pelas valiosas contribuições e sugestões;
Ao prof. Ph.D. José Daniel Vieira de Castro, pelas valiosas contribuições e sugestões;
Ao prof Dr Marcus Navarro pelo apoio, incentivo, pelas valiosas discussões e con-
tribuições dentro e fora do IFBA;
Aos professores Dr Rubens Marimbondo Nascimento e Dr Carlos Alberto Paskocimas
por ter acreditado em mim e por incentivar a sair da Bahia e vir cursar o Mestrado na
UFRN;
A profa. Dra Núbia Moura Ribeiro, professora de qúımica do IFBA - Campus Barbalho,
pelas sugestões, discussões e extrema paciência;
Ao amigo e irmão Joel Lima Júnior pelas conversas e sugestões;
Ao médico mastologista Eliel de Souza pelas conversas iniciais e contribuições para este
trabalho;
Ao Sr Clidenor que hoje posso chamar de amigo, pela paciência e ajuda durante a
minha estadia na cidade de Natal;
A médica Cláudia Góes da CAM-Itaigara pelo apoio nos exames dos simuladores de
mama;
Ao médico Nazareno, Coordenador do setor de Mamografia da CAM Canela e CAM
Itaigara, pelo apoio nos exames mamográficos dos simuladores de mama;
Ao prof. Dr Walter Gomes, Coordenador de Área do Curso de Qúımica do IFBA -
Campus Barbalho, pelas discussões e por ter cedido o laboratório para o desenvolvi-
mento deste trabalho;
Ao Diretor do IFBA-Campus Camaçari prof. Affonso José, pelo apoio;
Ao Diretor do Departamento de Ensino do IFBA-Campus Camaçari “o paizão” prof.
Edward, o qual tenho grande estima;
Às técnicas em radiologia Renata (CAM-Itaigara) e Nani (CAM-Canela) pelo aux́ılio
durante os exames de mamografia;
A colega Walqúıria pela leitura parcial deste trabalho;
Ao colega Antônio pelo pelas discussões iniciais e pelos questionamentos;
Aos colegas do LabPol - UFRN, pelas conversas e sugestões;
Aos técnicos de laboratório Udson e Aldo;
Ao colega de Instituição Jorjão pelas observações;
Ao amigo prof. Paulo Nascimento por me socorrer em vários momentos no TEX;
Ao amigo Emerson Jordan pelos questionamentos referentes a pesquisa;
A CAPES, pela concessão da bolsa PIQDTEC o que viabilizou este trabalho.
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Eṕıgrafe
Meu filho, ouça e guarde esta frase por toda a sua
vida: Lembre sempre que, nesta vida a única coisa
que ninguém pode nos tirar é o saber e que este pode
levar-nos a qualquer lugar.
Minha amada mãe Idalice
Resumo
A mamografia é um método de diagnóstico por imagem, cuja interpretação depende do
conhecimento dos aspectos radiológicos assim como da cĺınica e da fisiopatologia das
doenças mamárias. A metodologia deste trabalho permitiu o desenvolvimento de um
simulador (phantom) mamário com aplicação voltada para o uso didático em equipa-
mento mamográfico, avaliação de qualidade da imagem dos equipamentos mamográficos,
autoexame e treinamento didático para o exame cĺınico de palpação. O material usado
para a produção do simulador foi à base de poliuretano sendo consideradas suas pro-
priedades f́ısicas, qúımicas e por ser este um dos componentes de próteses utilizadas
em seres humanos. Variando a faixa de flexibilidade do poliuretano foi posśıvel simular
mamas com maior e menor quantidade de tecido adiposo, resultados verificados nas
imagens dos exames mamográficos. Patologias de necrose da aréola da mama e de-
generativas ocasionadas por rejeição de tecido devido à cirurgia de reconstituição após
mastectomia parcial, também foram simuladas. Calcificações e nódulos foram simulados
utilizando os seguintes materiais: polietileno, poli(metacrilato de metila), poliamida,
poliuretano e o poli(silicone de dimetila). Destaca-se entre estes materiais o polietileno
que apresentou caracteŕısticas tanto de calcificação quanto nódulo. Os resultados das
técnicas mamográficas utilizadas neste trabalho para os exames mamográficos dos phan-
toms estão de acordo com a faixa de valores encontrados na literatura. A análise das
imagens realizadas para quatro phantoms indicaram semelhanças significativas com a
textura da pele e do parênquima da mama humana feminina. Foi posśıvel detectar
nas imagens radiográficas geradas regiões de baixa e alta densidade óptica radiográfica,
caracteŕıstica de mamas com regiões de menor e maior quantidade de tecido adiposo.
Devido à formulação do poliuretano formado ocorreu variação da rigidez do simulador
mamário, o que possibilitou a produção de mamas com caracteŕısticas radiográficas
distintas além de textura similar ao parênquima da mama humana feminina.
Foram observadas as caracteŕısticas similares da textura da pele, região areolar e
parênquima no exame cĺınico palpatório dos simuladores desenvolvidos neste trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: Simulador radiográfico, Mamografia, Câncer de mama.
x
HpRetângulo
Abstract
Mammography is a diagnostic imaging method in which interpretation depends on
knowledge of radiological aspects as well as the clinical exam and pathophysiology of
breast diseases. In this work a mammography phantom was developed to be used for
training in the operation of mammographic x-ray equipment, image quality evaluation,
self-examination and clinical examination of palpation. Polyurethane was used for the
production of the phantoms for its physical and chemical properties and because it is
one of the components normally used in prostheses. According to the range of flexibility
of the polyurethane, it was possible to simulate breasts with higher or lower amount of
adipose tissue. Pathologies such as areolar necrosis and tissue rejection due to surgery
reconstruction after partial mastectomy were also simulated. Calcifications and nodules
were simulated using the following materials: polyethylene, poly (methyl methacrylate),
polyamide, polyurethane and poly (dimethyl silicone). Among these, polyethylene was
able to simulate characteristics of calcification as well as breast nodules. The results
from mammographic techniques used in this paper for the evaluation of the phantoms
are in agreement with data found in the literature. The image analyses of four phantoms
indicated significant similarities with the human skin texture and the female breast
parenchyma. It was possible to detect in the radiographic images produced regions
of high and low radiographic optical density, which are characteristic of breasts with
regions of different amount of adipose tissue. The stiffnesses of breast phantoms were
adjusted according to the formulation of the polyurethane which enabled the production
of phantoms with distinct radiographic features and texture similar to human female
breast parenchyma. Clinical palpation exam of the phantoms developed in this work
indicated characteristics similar to human breast in skin texture, areolar region and
parenchyma.
KEY-WORDS: Mammography phantom, Mammography, Breast cancer.
Lista de Figuras
2.1 Corpo mamário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Aspecto simplificado das relações anatômicas da mama com a axila. . . 5
2.3 Arquitetura esquemática da glândula mamária. . . . . . . . . . . . . . 6
2.4 Representação das seções anatômicas da glândula mamária. . . . . . . . 6
2.5 (a) Artérias da mama.(b) Veias da mama. . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.6 Principais patologias mamárias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.7 Ilustração de radiação ionizante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.8 Tipo de imagem contida em uma radiografia mamária. . . . . . . . . . 20
2.9 Ilustração dos padrões mamários. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.10 Modelo de um mamógrafo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.11 Esquema ilustrativo de alguns componentes de um mamógrafo. . . . . . 23
2.12 Componentes de um mamógrafo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.13 Projeções da mama em exame mamográfico. . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.14 Representação de partes móveis (PM) e fixas (PF), da mama. . . . . . 26
2.15 Efeito da compressão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.16 Classificação de phantoms. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.17 Anthropomorphic breast phantom. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.18 Modelo phantom ACR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.19 Digital estereotáxica de biópsia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.20 Phantom de contrastre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.21 Phantom de detalhe de contrastre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.22 Phantom de detalhe de contrastre mamográfico (CDMAM). . . . . . . 33
2.23 Cadeia de moléculas de um elastômero. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.24 Processo de vulcanização com enxofre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.25 Comportamento tensão-deformação da borracha. . . . . . . . . . . . . . 36
2.26 Rota sintética do poliuretano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.27 Formação de uretano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
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2.28 Reação de extensão de cadeia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.1 Processo de produção phantom. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.2 Corpos de prova de poliuretano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.3 Simuladores de microcalcificações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.4 Moldes (a) M1 e (b) M2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.5 Mamógrafo Lorad M-IV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.6 Vistas exame simulador P03. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.1 Comportamento tensão deformação em compressão para o poliuretano. 55
4.2 Corpo de prova para ensaio mecânico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3 Modelos phantoms construidos P01 e P02. . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.4 Modelos phantoms construidos P03 e P04. . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.5 Modelos phantoms construidos P05, P06 e P07. . . . . . . . . . . . . . 59
4.6 Imagem simulando estrutura da mama, phantom P05. . . . . . . . . . 60
4.7 Simuladores de calcificações do phantom P04. . . . . . . . . . . . . . . 61
4.8 Parâmetros utilizados nas técnicas mamográficas do phantom P04. . . 62
4.9 Parâmetros utilizados nas técnicas mamográficas do phantom P05. . . 63
4.10 Imagens mamográficas de mama predominantemente densa. . . . . . . 65
4.11 Imagens mamográficas entre phantom P03 e mama de paciente. . . . . 66
4.12 Imagens mamográficas mama densa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.13 Microcalcificação em pipoca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.14 Nódulo com densidade heterogênea. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.15 Mamografia phantom P01 e Prótese de poli(silicone de dimetila). . . . 70
4.16 Simulador mamográfico ACR 156. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.17 Simulador phantom P04. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.18 Imagens phantoms ACR e P04. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.19 Imagens simuladores P06 e P07. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Lista de Tabelas
2.1 Relação entre padrão de mamografia e densidade da mama. . . . . . . . 9
2.2 Estimativas: anos de 2012 e 2013 de novos casos de câncer em mulheres. 10
2.3 Caracteŕısticas de alguns tipos de radiação ionizante. . . . . . . . . . . 16
2.4 Densidades t́ıpicas dos tecidos mamários e algumas patologias. . . . . . 19
2.5 Quadro de técnicas mamográficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.6 Caracteŕısitcas de alguns phantoms modelos ACR. . . . . . . . . . . . . 34
3.1 Especificações técnicas do poliuretano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.2 Massa e diâmetro médio (DM) das calcificações. . . . . . . . . . . . . . 45
3.3 Especificações da produção dos simuladores mamários. . . . . . . . . . 50
3.4 Massas e densidades dos simuladores mamários. . . . . . . . . . . . . . 51
3.5 Quadro de técnicas mamográficas utilizadas. . . . . . . . . . . . . . . . 52
Lista de Siglas
ACR - Colégio Americano de Radiologia;
CAM - Cĺınica de Assistência a Mulher;
CBR - Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem;
CC - Crânio caudal;
CTB - Ciência e Tecnologia da Borracha;
DO - Densidade óptica;
FB - Crânio caudal (de baixo);
INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva;
ISO - Ínfero-superior obĺıqua;
kVp - Quilovolt de pico;
LM - Látero-medial (90o);
LMO - Látero-medial obĺıqua;
mAs - Miliampéres;
ML - Médio lateral (90o);
MLO - Médio lateral obĺıqua;
Mo - Molibdênio;
MS - Ministério da Saúde;
kgf - Quilograma força;
PA - Poliamida;
PE - Polietileno;
PET - Poli(tereftalato de etileno);
PMMA - Poli(metacrilato de metila);
PTFE - Poli(tetra-fluor etileno);
PU - Poliuretano;
SIO - Súpero-inferior obĺıqua;
Rh - Ródio;
W - Tungstênio.
Sumário
Lista de Figuras xii
Lista de Tabelas xiv
Lista de Siglas xv
1 INTRODUÇÃO 1
2 ESTADO DA ARTE 3
2.1 Mama humana feminina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1.1 Topografia geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1.2 Densidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2 Câncer de mama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2.1 Aspectos epidemiológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2.2 Patologias da glândula mamária . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 Mamografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.1 Interação entre radiação e matéria . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3.2 Precursores da mamografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.3 Alguns conceitos fundamentais em mamografia . . . . . . . . . . 18
2.3.4 Mamógrafo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3.5 Qualidade de imagem em mamografia . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3.5.1 Compressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3.6 Técnica mamográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.7 Simulador antropomórfico (phantom) . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.7.1 Caracteŕısticas de alguns modelos de phantoms . . . . 31
2.4 Pesquisas relacionadas com phantoms . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.5 Elastômeros, poliol e poliuretano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.5.1 Elastômeros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
xvi
HpRetângulo
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2.5.2 Poliol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.5.3 Poliuretano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3 MATERIAIS E MÉTODOS 41
3.1 Caracterização do poliuretano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.1.1 Preparação dos corpos de prova para ensaios mecânicos . . . . . 43
3.1.2 Ensaios mecânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2 Fabricação dos simuladores de mama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2.1 Preparação dos filmes para revestimento . . . . . . . . . . . . . 45
3.2.2 Preparação dos simuladores das microcalcificações . . . . . . . . 45
3.2.3 Moldes para os phantoms . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2.4 Preparação dos simuladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.3 Exame mamográfico dos simuladores de mama . . . . . . . . . . . . . . 51
3.3.1 Técnica mamográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.3.2 Mamógrafo, imagem e filme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 54
4.1 Caracterização mecânica do material . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.2 Resumo dos phantoms produzidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3 Exame mamográfico dos phantoms . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.3.1 Simulação da pele, tecido glandular e tecido adiposo . . . . . . . 60
4.3.2 Compressão e técnica mamográfica . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.3.3 Imagens simulando tipos de mama . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.3.4 Imagens simulando calcificações . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.3.5 Imagem simulando prótese de poli(silicone de dimetila) . . . . . 69
4.3.6 Comparação com phantoms ŕıgidos . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.4 Exame cĺınico, auto exame da mama e exame mamográfico . . . . . . . 74
5 CONCLUSÕES 75
6 TRABALHOS FUTUROS 77
Referências 78
HpCaixa de textoAnexos 78
Referências 90
Caṕıtulo 1
INTRODUÇÃO
A mamografia é um exame de diagnóstico por imagem, cuja interpretação depende não
só do conhecimento dos aspectos radiológicos da mama, mas também da cĺınica e da fi-
siopatologia das doenças mamárias (DUARTE, 2006). Quando se tem uma mama densa
caracteŕıstica de mulheres jovens, a mamografia apresenta limitações para o diagnóstico
da patologia, sendo necessária uma criteriosa avaliação cĺınica. Outras limitações da
mamografia são os tumores localizados nas bordas da mama, especialmente junto ao
esterno, sulco inframamário e prolongamento axilar (DUARTE, 2006).
Caracteŕısticas do tecido mamário semelhante aos fluidos e sua mobilidade na parede
do tórax criam um desafio em produzir imagem de ótima qualidade com mı́nima ex-
clusão tecidual (DUARTE, 2006). A principal dificuldade resulta da própria estrutura
anatômica da mama, consistindo em glândulas secretoras, fáscia superficial e pele que re-
cobre estas estruturas, cujos elementos qúımicos básicos (carbono, oxigênio, hidrogênio
e nitrogênio) têm peso atômico semelhante (DRAKE, 2010).
O avanço da tecnologia nas últimas décadas proporcionou a produção de mamógrafos
cada vez mais sofisticados, objetivando a obtenção de imagens radiológicas de alta
definição, além de fácil manuseio comparado com equipamentos de uma década atrás,
permitindo ao técnico e tecnólogo em radiologia concentrar sua atividade nos aspectos
cĺınicos, cuja última finalidade é produzir diagnósticos cĺınico-radiológicos (DUARTE,
2006).
Os simuladores radiográficos de mama utilizados em procedimentos de calibração de
equipamentos e treinamento de técnicos e tecnólogos em radiologia, por serem ŕıgidos,
1
não permitem uma escala variada de compressão e exposição à radiação emitida pelo
mamógrafo.
A proposta deste trabalho é desenvolver um dispositivo a base de poliuretano, com ca-
racteŕısticas similares a textura da pele e do parênquima de uma mama humana femi-
nina, com aplicação voltada para o treinamento em equipamento mamográfico, avaliação
da qualidade da imagem dos equipamentos mamográficos, auto exame e treinamento
didático para o exame cĺınico de palpação.
O poliuretano foi escolhido por ser um dos componentes da prótese de silicone, por per-
mitir uma ampla faixa de propriedades mecânicas, e gerar imagens radiográficas com-
pat́ıveis com a da mama humana. Calcificações e nódulos foram simulados utilizando
os seguintes materiais: polietileno, poli(metacrilato de metila), poliamida, poliuretano
e o poli(silicone de dimetila).
2
Caṕıtulo 2
ESTADO DA ARTE
2.1 Mama humana feminina
2.1.1 Topografia geral
Considera-se a mama humana feminina como uma glândula sudoŕıpara modificada,
coberta por pele e tecido subcutâneo, sendo desenvolvida precocemente na vida em-
brionária, entre a 7a e a 8a semana. As mamas são órgãos glandulares pares, sus-
cept́ıveis a est́ımulos neuro-hormonais, destinados primordialmente à secreção do leite
para nutrir o recém-nascido, possuindo a peculiaridade, e irregularidade na distribuição
do parênquima, sempre envolto por quantidade variável de tecido adiposo e conjuntivo
bem como as ı́ntimas relações topográficas com as estruturas vizinhas, situando-se ven-
tralmente aos músculos peitoral maior, serrátil anterior e obĺıquo externo estendendo-se
da 2a à 6a costela do osso esterno à linha axilar média (OLIVEIRA, 2009; VIÉGAS,
2012), como mostrado nas Figuras 2.1 e 2.2.
Na região da mama, os músculos importantes são o grande e pequeno peitoral, o
subescapular, o serrátil anterior e o grande dorsal (Figura 2.2). O grande peitoral
está em contato com a maior parte da face profunda da mama, sendo uma referência
na anatomia radiológica. A principal inervação de superf́ıcie é fornecida pelos nervos
intercostais. Outros nervos importantes, do ponto de vista cirúrgico, são o torácico
longo (nervo de Bell), o toraxicodorsal e o intercosto braquial (DUARTE, 2006).
A Figura 2.1 mostra que o corpo mamário repousa em grande parte sobre o músculo
peitoral, e a cauda de Spence, quando existente, abraça sua margem lateral. Esta, em
3
toda a sua extensão, é livre de qualquer inserção à parede torácica, por isso é franca-
mente mobilizável em sentido medial, recurso esse utilizado para o posicionamento para
obtenção de incidência obĺıqua médio lateral, (DUARTE, 2006).
Processoaxilar
Quarto nervointercostal torácico
Artériatorácica interna
Segundo e quarto ramosperfurantes da artéria
torácica interna
Linfonodosparaesternais
Vasolinfático
Fonte: DRAKE, 2010.
Figura 2.1: Corpo mamário.
A Figura 2.2 mostra aspecto simplificado das relações anatômicas da mama com a axila,
mostrando a rede arterial axiliar, músculos peitorais e a respectiva importância para as
mastectomias. É importante notar o segundo e o quarto ramos perfurantes da artéria
torácica interna, principais responsáveis pelo fluxo sangúıneo (DRAKE, 2010).
Os limites medial e lateral da mama são representados pela margem lateral do esterno
e linha axiliar anterior, respectivamente. Os limites são flex́ıveis, em decorrência da
excessiva variação na forma, no tamanho e até na posição, o que propicia geometrias da
mama distintas a depender da posição que se encontra a mulher. Estando, por exem-
plo, em decúbito dorsal, suas mamas exibem configuração semi-ovóide ou semi-esférica,
mas, quando sentada, lembram a forma cônica, como mostrado nas Figuras 2.3 e 2.4.
Uma consideração importante é que não há padrão para dimensão da mama, pois ocorre
uma variação com o tipo constitucional, a idade, a paridade, a alimentação, mais pela
quantidade de tecido adiposo do que pela massa parenquimatosa. É importante assi-
nalar que só excepcionalmente as duas glândulas são simétricas e se dispõem na mesma
4
MúsculoSerreado Anterios
Fibras AbdominaisNervo
Intercostal
MúsculoPeitoral Menor
ArtériaIntercostal Posterior
MúsculoGrande-Dorsal
MúsculoSubescapular
Fibras Esternocostais
PlexosIntercostais
FibrasClaviculares
ArtériaToraco-Acromial
MúsculoCoracobraquial
TendãoFibroso
Sulco DeltoPeitoral
MúsculoSubescapular
PlexosLinfáticos
Fonte: SOUZA, 1979. Modificado da fonte.
Figura 2.2: Aspecto simplificado das relações anatômicas da mama com a axila.
altura (OLIVEIRA, 2009). Além disso, a estrutura da mama modifica-se ao longo do
tempo, durante e após uma gestação, com o uso de terapia de reposição hormonal
(TRH) ou com as oscilações ponderais (DUARTE, 2006). Outra consideração referente
a mama é a variação de massa entre a mulher jovem e a adulta, sendo a faixa de variação
respectivamente de 150 a 200g e 400 a 500g, mas durante o ciclo grávido puerperal,
ocorre um aumento considerável deste volume e massa que passa para faixa de 800 a
900g, tendo em média de 12 a 13cm de largura, 10 a 11cm de altura e de 5 a 6cm de
espessura (SOUZA, 1979; OLIVEIRA, 2009).
A mama adulta é constitúıda por três estruturas: pele, tecido subcutâneo e tecido
mamário, como mostrado nas Figuras 2.3 e 2.4. O tecido mamário é composto por
parênquima e estroma, sendo, o primeiro, a glândula propriamente dita, formado pelo
sistema ductal e lobular, envolto pelo segundo que possui tecido adiposo, conjuntivo,
vasos e nervos (DUARTE, 2006). O parênquima é integrado por 15 a 20 lobos (cada
lobo tem de 20 a 40 lóbulos, cada lóbulo de 10 a 100 alvéolos), que drenam através
de ductos coletores em direção à papila, configurando uma “couve-flor invertida”. Na
mama madura, a dimensão de um lóbulo responsável pela secreção do leite é da ordem
de 0, 5mm (500 micrometros) (DUARTE, 2006).
5
MúsculosIntercostais
Óstio do Ducto Lactíferos
Pele
Arquitetura esquemática da glândula mamária corte sagital ao ńıvel da papila. Modificado da Fonte:
http : //www.cancervic.org.au/about− cancer/cancertypes/breastcancer.
Figura 2.3: Arquitetura esquemática da glândula mamária.
Papila
AréolaSeioGalactóforo
Ducto
Lóbulo
Lobo
Tecido Adiposo
Fonte: VIEIRA, 2005.
Figura 2.4: Representação das seções anatômicas da glândula mamária.
6
(b)(a)
Artériatorácica lateral
Troncotoracoacromial
Artériasubescapular
Artériatorácica lateral
Veiaaxilar
Fonte: DUARTE, 2006. Modificado da fonte.
Figura 2.5: (a) Artérias da mama.(b) Veias da mama.
A placa areolar é assim denominada por ter forma circular em disco, e ser mais espessa
do que o restante da pele que reveste a mama, apresentando pigmentação mais escura,
sendo desprovida de pêlos. A aréola é dotada de glândulas apócrinas, sebáceas e su-
doŕıparas, que se traduzem, à inspeção, como pequenas estruturas cônicas (DUARTE,
2006). Essas glândulas têm a função de lubrificar a papila durante a amamentação.
A Figura 2.5 (a) ilustra as artérias que irrigam a mama (axiliar, mamária interna e
intercostais). Já a Figura 2.5 (b) mostra que o retorno venoso acompanha as artérias.
Na ilustração, as veias intercostais não estão representadas.
A irrigação arterial da mama deriva, principalmente, da artéria torácica interna (ex-
mamária interna) e da artéria torácica lateral (ex-mamária externa), como mostrado na
Figura 2.5. Secundariamente, contribuem as artérias intercostais, a acrômio-torácico,
torácico-dorsal e subescapular. Os correspondentes venosos dessas artérias se encar-
regam da circulação de retorno e têm importância na disseminação tumoral, sendo
as mais importantes as veias axiliar, torácica interna e intercostal. Por sua vez, a
drenagem linfática é feita através de plexos superficiais e profundos, sendo esse último
o responsável por 95% da coleta da linfa rumo à axila. Os 5% restantes vão para a
cadeia da torácica interna (DUARTE, 2006).
7
A espessura da pele pode ser medida através de ultra-sonografia com sonda de alta
frequência (7,5 a 10mHz) e, em condições normais, está na faixa de 1,5 a 2,0mm, sendo
mais acentuada em ńıvel da placa areolar (DUARTE, 2006). A glândula mamária se
insere na pele através das cristas de Duré dos ligamentos de Cooper. Alguns autores
referem-se a essas estruturas como “reticulata periférica” (DUARTE, 2006). A pele é
um órgão praticamente inelástico, não sendo posśıvel deslocá-la caudal ou lateralmente
devido a não existência de pregas tegumentares nas faces superiores e mediais da mama.
Por outro lado, em sua margem lateral, abaixo dela e em ńıvel da parede superior do
abdômen, lateralmente, a pele apresenta pregas amplas, o que permite deslocá-la, me-
dialmente, por vários cent́ımetros, e elevar o sulco inframamário (DUARTE, 2006).
2.1.2 Densidade
A densidade do corpo humano é variada tanto para diferentes pessoas quanto para cada
parte do corpo, devido a densidades distintas dos tecidos constituintes de cada ser hu-
mano (DUARTE, 2004). A densidade de segmentos de tecido aumenta de acordo com a
distância ao osso, ou seja, a densidade dos segmentos distais é maior que a de segmentos
proximais, e todos os segmentos aumentam a sua densidade com o aumento da densi-
dade do corpo, (DUARTE, 2004). Estudos realizados no Estado de São Paulo, para
determinar a densidade corporal por equações generalizadas em um grupo de homens e
mulheres com faixa etária entre 18 a 58 anos, conclúıram que a densidade corporal (DC)
para os homens era de (1, 043±0, 014)g/cm3 e para as mulheres de (1, 025±0, 016)g/cm3
(SERRA, 2009).
A densidade da mama humana foi reportada em um estudo como sendo 1, 020g/cm3
(VIEIRA, 2005) o que se aproxima dos valores determinados pelos estudos de (SERRA,
2009), porém, este trabalho não demonstra e nem cita como obter esse valor. Outro
autor determinou a densidade da mama utilizando um procedimento estat́ıstico a partir
do estudo da mensuração do volume da mama de 30 pacientes no estado pré-operatório
de mastectomia total ou parcial (KAYAR, 2010). Para isso, utilizou cinco métodos para
mensurar o volume da mama das pacientes em estudo, comparando os resultados das
densidades determinadas com valores encontrados na literatura. O resultado final está
representado na Tabela 2.1.
8
Tabela 2.1: Relação entre padrão de mamografia e densidade da mama.Padrão em mamografia Número de Pacientes Média da densidade da mama (g/cm3)Lipomatosa 9 0, 808± 0, 085Lipoesclerótica 15 0, 889± 0, 060Esclerótica 6 0, 963± 0, 096
Fonte: Kayar 2010, Five Methods of Breast Volume Measurement: A Comparative Study of
Measurements of Specimen Volume in 30 Mastectomy Cases.
Comparando os valores da densidade da mama descritos anteriormente, observa-se uma
faixa de densidade no intervalo de 0,723 a 1,059g/cm3.
2.2 Câncer de mama
2.2.1 Aspectos epidemiológicos
O câncer de mama é o mais frequente na população feminina no mundo, com 1,38
milhões de casos novos diagnosticados somente em 2008. Cerca de 75% dos casos novos
de câncer de mama ocorrem nos páıses em desenvolvimento. Também é a principal
causa de morte por câncer na população feminina, com mais da metade das mortes
ocorrendo nos páıses em desenvolvimento, INCA (Instituto Nacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva, 2011). A cada ano, cerca de 22% dos novos casos de câncer
em mulheres são de mama (INCA, 2010).
O manual de estimativas de novos casos de câncer para os anos de 2012 e 2013 do
INCA, utiliza o termo câncer genericamente para representar um conjunto de mais de
100 doenças, incluindo tumores malignos de diferentes localizações. Importante causa
de doença e morte no Brasil, desde 2003, as neoplasias malignas constituem-se na se-
gunda causa de morte na população, representando quase 17% dos óbitos de causa
conhecida, notificados em 2007 no Sistema de Informações sobre Mortalidade. Para os
anos de 2012 e 2013 são esperados cerca de 52 mil novos casos de câncer de mama,
sendo que o maior percentual se encontra na região Sudeste e Sul. A Tabela 2.2 retrata
uma estimativa de prováveis casos de câncer para os anos de 2012 e 2013, entre os mais
frequentes para o sexo feminino.
9
Tabela 2.2: Estimativas: anos de 2012 e 2013 de novos casos de câncer em mulheres.Localização Primária Neoplasia Maligna Estimativa de Novos Casos no BrasilMama 52.680
Colo do Útero 17.540Cólon e Reto 14.800Traqueia, Brônquio e Pulmão 10.110Estômago 7.420Leucemias 3.940Cavidade Oral 4.180Pele Melanoma 3.060Esôfago 2.650Outas Localizações 38.720
*Números arredondados para 10 ou múltiplos de 10. Fonte: Instituto Nacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva - INCA/MS, 2011, modificado. Localização primária.
Na Região Sudeste do Brasil, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres,
com um risco estimado de 65 casos novos por 100 mil (INCA, 2011). Sem considerar os
tumores de pele não melanoma, este tipo de câncer também é o mais frequente nas mu-
lheres das regiões Sul (65/100.000), Centro-Oeste (48/100.000) e Nordeste (32/100.000)
(INCA, 2011). Na Região Norte, é o segundo tumor mais incidente (19/100.000) (INCA,
2011). O manual de orientações para Elaboração de laudo no Sistema de Informação
do Controle do Câncer de Mama propõe que a detecção precoce do câncer de mama,
bem como o apoio técnico às coordenações estaduais de saúde na organização da rede
diagnóstica e para tratamento dessa neoplasia, são prioridades do Instituto Nacional
de Câncer Jóse Alencar Gomes da Silva (INCA), estabelecidas na Poĺıtica Nacional de
Atenção Oncológica.
Mulheres com idade acima de 40 anos devem realizar o exame cĺınico da mama anual-
mente. Na faixa etária de 50 a 69 anos, o procedimento deve ser feito a cada dois anos,
sempre em conjunto com uma mamografia. Não existem evidências cient́ıficas conclusi-
vas que justifiquem estratégias espećıficas de prevenção primária. Ações de promoção à
saúde dirigida ao controle das doenças crônicas não transmisśıveis (o que inclui o câncer
de mama) devem focar os fatores de risco, especialmente, a obesidade e o tabagismo
(INCA, 2010).
10
2.2.2 Patologias da glândula mamária
No organismo, verificam-se formas de crescimento celular controladas (hiperplasia,
metaplasia e displasia), e não controladas (neoplasias denominadas, na prática, de “tu-
mores”) (MANUAL DE ONCOLOGIA, 2010).
A primeira dificuldade que se enfrenta no estudo das neoplasias é a sua definição, pois
ela se baseia na morfologia e na biologia do processo tumoral. Com a evolução do con-
hecimento, modificou-se a definição, sendo a mais aceita atualmente: “Neoplasia é uma
proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organ-
ismo e tende à autonomia e à perpetuação, com efeitos agressivos sobre o hospedeiro”
(Manual Oncologia, 2010).
A Figura 2.6 representa as principais patologias mamárias, sendo que as mastites mais
frequentes são ocasionadas por estreptococos e estafilococos, geralmente sendo associ-
adas ao puerpério e lactação.
Principais Patologias Mamárias
Mastites Mastopatias NecroseGordurosa
Neoplasias
Fibroadenoma TumorFiloides
Papiloma Carcinoma
Intraductal e intralobular(Lobular )in situ
DuctaisInvasivos
LobularesInvasivos
Figura 2.6: Principais patologias mamárias.
As mastopatias, conhecidas também por doenças ćısticas da mama, são condições pro-
liferativas caracterizadas por alterações no estroma, ductos e ácinos mamários, com o
aparecimento de áreas mais firmes e cistos no parênquima mamário oriundos, respectiva-
mente, de adensamentos no estroma conjuntivo e dilatação de ductos e ácinos mamários.
11
Necrose Gordurosa ocorre quando o tecido adiposo da glândula mamária sofre um
processo isquêmico, ou é lesado por traumatismos mecânicos ou cirúrgico. A necrose
se apresenta mais frequentente na forma de cistos com conteúdo oléico e calcificações
semilunares caracteŕısticas na periferia dos mesmos (DUARTE, 2006; SOUZA, 1979).
As neoplasias podem ser benignas ou malignas, elas estão divididas em: (a) fibroade-
noma, que é benigna e caracteriza-se por um crescimento localizado e expansivo do
estroma mamário, determinando a formação de nódulo bem delimitado, circunscrito e
de consistência elástica; (b) tumor filoides é uma variedade do fibroadenoma. Con-
siderando sua constituição histogenética e seus constituintes teciduais, é uma neoplasia
constitúıda por proliferação de células do estroma conjuntivo da mama, podendo apre-
sentar um crescimento rápido, por vezes produzindo tumores de volumosas dimensões
em alguns meses; (c) papiloma carcateriza-se por ser uma neoplasia epitelial de as-
pecto arborescente, com crescimento para o interior de um ducto ou de um complexo
ductal, que se apresenta dilatado, contendo ĺıquido e material hemorrágico, podendo
este exteriorizar-se através de um derrame no mamilo; (d) carcinoma origina-se mais
frequentemente no epitélio de ductos e com menor frequência no epitélio dos ácinos
de lóbulos mamários, sendo divididos em carcinomas ductais ou lobulares de acordo
com essa origem. É a maior causa de morte por câncer em mulheres (CALADO, 2004;
DUARTE, 2006; SOUZA, 1979; SALIM, 2009).
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação anormal das células da
mama, que forma um tumor maligno sendo relativamente raro para faixa etária inferior
a 35 anos de idade, tendo uma maior incidência acima desta faixa e alcançando seu pico
na faixa de 65 a 70 anos (SALIM, 2009). O diagnóstico precoce do câncer de mama
é fundamental para a eficácia do tratamento e a consequente cura da doença (INCA,
2010).
Quando o câncer de mama é detectado em fases iniciais (I e II), a taxa de sobrevida livre
de doença em cinco anos para pacientes com doença local e sem comprometimento de
linfonodos axilares é superior a 95% e, no caso de comprometimento dos linfonodos axi-
lares, diminui para 83%, mas quando a doença metastática é constatada ao diagnóstico,
a taxa de sobrevida em cinco anos diminui drasticamente, girando em torno de 26%
(SALIM, 2009).
12
Outro dado apresentado por (SALIM, 2009) refere-se à metástase, que representa a
principal causa de morte para pacientes com câncer de mama, sendo que de 10 a 15%
das mulheres apresentam doença agressiva, desenvolvendo a metástase em até três anos
após o diagnóstico inicial da doença. É comum o aparecimento de metástases em śıtios,
sendo os mais comuns os ossos, pulmão e f́ıgado (SALIM, 2009).
A parte da medicina que trata da causa de cada doença do câncer de mama ainda não é
totalmente conhecida, sendo que os fatores de risco identificados explicam somente uma
pequena parte dos casos (SALIM, 2009). Por ser uma doença bastante heterogênea, o
câncer de mama apresenta uma grande variabilidade cĺınica e histopatológica, podendo
variar desde formas não invasivas até outras altamente metastáticas. O tipo histológico
mais frequente dentre os tumores malignos da mama é o carcinoma, que tem origem a
partir das células epiteliais que revestem os ductos e os lóbulos da glândula mamária,
mais especificamente das células epiteliais luminais (SALIM, 2009).
A mama é uma glândula fundamentalmente constitúıda de tecido epitélio ducto-acinar
e um tecido conjuntivo de sustentação denominado estroma. O conjunto desses dois
tecidos constitui o parênquima mamário. Uma relação parênquima / tecido adiposo
é extremamente importante no estudo por imagem porque, em sua maioria, as lesões
malignas da glândula contrastam com o aspecto radio transparente do tecido adiposo,
sendo visualizadas com maior dificuldade quando situadas em meio ao parênquima
(DUARTE, 2006).
2.3 Mamografia
O objetivo da mamografia é produzir imagens detalhadas, com alta resolução espacial da
estrutura interna da mama, possibilitando bons resultados nos diagnósticos (CALDAS,
2005). A diferença radiográfica entre o tecido normal e o tecido doente é extremamente
tênue, portanto, a alta qualidade do exame é indispensável para alcançar uma resolução
de alto contraste que permita essa diferenciação.
A mamografia na atualidade é um dos métodos mais efetivos de diagnóstico precoce
do câncer de mama (CALDAS, 2005). O exame de alto padrão de qualidade pode
visualizar entre 85% a 90% dos casos de tumores com antecedência de dois anos, antes
que ocorra acontecimento ganglionar, isto para mulheres com mais de 50 anos de idade
13
(CALDAS, 2005). Embora a mamografia seja o mais eficiente método de detecção do
câncer de mama entre os exames atualmente dispońıveis, ela possui limitações como
qualquer outro tipo de exame. Além disso, nem todos os cânceres de mama são de-
tectáveis pela mamografia, sendo que cerca de 9% dos cânceres de mama tornam-se
palpáveis antes que se consiga demonstrá-los neste tipo de exame (DANTAS, 2002).
O auto-exame, o exame cĺınico palpatório e a mamografia são os principais métodos de
detecção do câncer de mama. A mamografia é uma radiografia das mamas, realizada
por um equipamento chamado mamógrafo, sendo feita uma compressão das mamas
para visualizar pequenas alterações, o que permite descobrir o câncer de mama em fase
inicial. A mamografia utiliza radiação ionizante de baixa potência, podendo ser preju-
dicial ao paciente, porém seus benef́ıcios superam os riscos (SALIM, 2009; INCA, 2010).
O “carcinoma de intervalo” assim denominado, surge clinicamente entre uma mamo-
grafia normal e a mamografia anual subsequente, devido ao tempo de duplicação celular
do câncer de mama ser de aproximadamente 100 a 180 dias. Muitos tumores duplicam
de tamanho a cada três meses. Desta maneira uma lesão que na mamografia deste ano
possui 0, 3cm de diâmetro (não sendo, ainda, identificável) deverá medir cerca de 1, 2cm
após seis meses, e já poderá ter algo em torno de 4, 5cm na próxima mamografia anual
(DANTAS, 2002).
2.3.1 Interação entre radiação e matéria
Em uma análise f́ısica, pode-se classificar matéria correspondente à substância material
com massa, ou energia. Massa é descrita por sua equivalência energética. Energia é
a capacidade de realizar trabalho e a radiação é a transferência de energia. Radiação
ionizante consiste em radiação corpuscular e eletromagnética. Radiação ionizante é um
tipo especial de radiação que pode ser classificada em corpuscular (radiação alfa e ra-
diação beta) e eletromagnética (raios gama e raios X). Ionização é a remoção de um
elétron de um átomo, como mostrado na Figura 2.7 (BUSHONG, 2010).
A radiografia utiliza filmes de raios X e um tubo de raios X. Para produzir um feixe
de raios X satisfatório deve-se fornecer ao tubo de raios X uma alta tensão e uma
corrente elétrica suficientes (BUSHONG, 2010). Raios X são uma forma de radiação
eletromagnética, que podem ser originados de desexcitações atômicas (raios X carac-
14
Radiação ionizante
Fonte: BUSHONG, 2010.
Figura 2.7: Ilustração de radiação ionizante.
teŕısticos) e da desaceleração de part́ıculas carregadas (Bremsstrahlung) (Radiation
Safety Manual, 2010) (YOSHIMURA, 2009).
Raios X são produzidos quando elétrons com elevada energia interagem com a matéria e
converte sua energia cinética em radiação eletromagnética. Espectro de Bremsstrahlung,
os elétrons são acelerados em direção ao anodo a partir do catodo através de uma
diferença de potencial existente entre os dois eletrodos. A energia cinética ganha pelos
elétrons é proporcional à diferença de potencial (Radiation Safety Manual, 2010). A
diferença de energia máxima entre elétrons acelerados com 20kV e 100kV é igual a
diferença entre 20keV e 100keV (BUSHONG, 2010).
Raios gama e raios X são formas de radiação eletromagnética denominados de fótons.
Esses raios não tem massa nem carga. A Tabela 2.3 mostra caracteŕısticas de alguns
tipos de radiação ionizante.
15
Tabela 2.3: Caracteŕısticas de alguns tipos de radiação ionizante.Tipo de Energia Alcance Alcance noRadiação Aproximada no ar tecido mole Origem
MeV cm cmCorpuscularPart́ıculas alfa 4− 7 1− 10 até 0,01 N.R.P.Part́ıculas beta 0− 7 0− 103 0− 2 N.R.EletromagnéticaRaios X 0− 25 0− 104 0− 30 N.E.Raios gama 0− 5 0− 104 0− 30 N.R.
Fonte: Modificado da fonta (BUSHONG, 2010). N.R.P.: núcleos radioativos pesados. N.R.: núcleos
radioativos. N.E.: nuvem eletrônica.
Para a f́ısica radiológica são considerados cinco tipos de interação dos raios x e raios
gama com a matéria (ATTIX, 1986). São eles:
• O efeito Compton ocorre quando a radiação X incidente ioniza átomos e, em
seguida, muda de direção com perda de energia;
• O efeito fotoelétrico ocorre quando a radiação X incidente é absorvida por um
dos elétrons das camadas mais internas do átomo, emitindo um fotoelétron;
• Produção de pares ocorre quando a radiação X interage com o campo elétrico
do núcleo. A radiação desaparece dando lugar a dois elétrons − um positivamente
carregado (pósitron) e outro negativamente carregado (elétron);
• Espalhamento coerente é uma mudança na direção que uma radiação X incide
sem perda de energia;
• Fotodesintegração ocorre quando a radiação X incidente é diretamente ab-
sorvida pelo núcleo. A radiação desaparece, e fragmentos nucleares são liberados.
As três primeiras interações são as mais importantes. Elas resultam da transferência
de energia entre os elétrons, transmintindo essa energia para a matéria (usualmente
16
pequena) sendo transmitidas por interação da força Coulombiana (ATTIX, 1986). Para
o diagnóstico por imagem com raios X, as interações importantes são o efeito Compton
e o efeito fotoelétrico (BUSHONG, 2010).
2.3.2 Precursores da mamografia
As primeiras radiografias das mamas datam de 1913, quando Salomon pôde correla-
cionar achados radiográficos com os correspondentes anátomo-patológicos após estudar
cerca de 3000 glândulas amputadas, tornando-se o pioneiro na descrição das microcal-
cificações encontradas no carcinoma, pressupondo já o seu valor para o diagnóstico das
enfermidades mamárias (SOUZA, 1979).
Um dos precursores da moderna radiologia da mama foi o Professor Raúl Leborgne, que
produziu imagem de alta qualidade, para a época de 1943, descrevendo as principais
caracteŕısticas de lesões benignas e malignas da mama, a partir dos seus estudos no
Hospital Perera Rossel, em Montevidéu, Uruguai (DUARTE, 2006).
Diversos autores tentaram testar a utilidade da radiologia de mama na avaliação de
lesões mamárias, mas foi Leborgne que preconizou a utilização de radiação de baixa
energia, introduzindo dispositivos que permitissem exposição a partir de 20kV , ob-
servando que a radiação de baixa energia associada à redução da absorção inerente
dos tubos de raios X melhorava significativamente o contraste. Leborgne introduziu
a compressão da mama possibilitando a imobilização e a redução da dose, reduzindo
os artefatos de movimento e aumentando o contraste, melhorando a imagem pela dis-
sociação dos tecidos, além de utilizar filme não associado à tela (écran) reforçadora,
empregando filme sem tela para uso médico.
As modificações técnicas implementadas por Leborgne aperfeiçoou a qualidade da i-
magem, possibilitando a identificação de estruturas normais e patológicas com resolução
espacial até então desconhecidas, sendo também um dos precursores dos procedimentos
diagnósticos invasivos (DUARTE, 2006). Em 1951 Charles Gross na França publi-
cou suas experiências com imagens radiográficas da mama. Alguns anos mais tarde
foi constrúıdo o primeiro aparelho dedicado à mamografia, introduzindo três modi-
ficações essenciais: arquitetura (design), ânodo (também chamado anódio ou anodo) de
molibdênio (Mo) e a janela de beŕılio, mantendo o mesmo sistema de compressão com
o próprio tubo, reduzindo a distância foco-filme (DFF), visando utilização de menor
17
dose de radiação.
Somente a partir de 1960, a mamografia passou a ser utilizada com maior frequência nos
EUA, devido ao Hospital M.D. Andeson de Houston, Texas, onde Roberet Egan modi-
ficando a técnica de Leborgne, teve o mérito de divulgar o método (DUARTE, 2006).
Modificações que reduziram a qualidade da imagem foram introduzidas, se comparadas
com Leborgne, eliminando a compressão da mama, facilitando artefatos de movimento,
redução do contraste, aumento da dose, efeitos de somação, passando a utilizar filme
industrial excessivamente lento, exigindo grandes doses de radiação e tempos longos de
exposição, havendo a necessidade de construção de tubos de alta resistência.
Somente em 1968, microcalcificações associadas a neoplasias malignas da mama foram
mostradas pela primeira vez no Brasil (DUARTE, 2006).
2.3.3 Alguns conceitos fundamentais em mamografia
Existem palavras com múltiplos conceitos e outras com significação espećıfica da lin-
guagem radiológica, isto devido à linguagem falada por f́ısicos e radiologistas, tais como
exposição, ripple, camada semi-redutora (HVL), metalização, absorção inerente, janela
do tubo, insert, reprodutividade, radiação extra focal, lei da ausência de reciproci-
dade, densidade, atenuação, nitidez e efeito marginal, contraste, resolução espacial,
latitude, velocidade, paralaxe, sinal/rúıdo, componentes parasitas (artefatos), emulsão
fotossenśıvel, emulsão fotoluminescente (écran reforçador) (DUARTE, 2006).
Dentre os conceitos acima algumas definições são apresentadas a seguir: Entende-se por
exposição a quantidade de energia radiante que atinge o filme. Ripple representa a
oscilação do kV e do mA no tubo, durante a exposição. Camada semi-redutora ou
HVL (half value layer), representa a espessura de um filtro de alumı́nio capaz de reduzir
em 50% a quantidade de radiação emitida por um tubo de raios roentgen durante uma
exposição. Insert significa produto da inserção, material inserido, mas na prática deve
ser entendida como “tubo” (DUARTE, 2006).
O termo densidade inclui múltiplas significações, onde o conceito f́ısico é a relação
entre o volume de um corpo e sua massa. Os corpos com maior densidade oferecem
maior poder de atenuação aos raios roentgen do que os de menor densidade. A den-
sidade óptica é o grau de enegrecimento do filme, sendo sinônimo de densidade
18
sensitométrica, pois é aferida através da sensitometria. A calibragem do controle au-
tomático da exposição (CAE) é ajustada em conformidade com o radiologista treinado
em interpretar mamografias em negatoscópios com intensidade luminosa mı́nima de
cerca de três nit (DUARTE, 2006). Um nit é a brilhância de uma fonte luminosa que
emite uma intensidade luminosa de uma candela por metro quadrado na direção normal
à sua superf́ıcie. A unidade de brilhância no Sistema Internacional de Unidades (SI) é
o nit.
A definição para densidade radiológica é a variação da capacidade de penetração
dos raios X em função das diferenças entre os tecidos do corpo humano (COUTINHO,
2009). Assim, as partes de um órgão que têm a capacidade de absorver mais raios X
têm aparência mais clara que as parte que absorvem menos os raios X. Na Tabela 2.4
pode-se observar as diferentes densidades dos principais tecidos que compõem a mama
e de lesões mamárias.
Tabela 2.4: Densidades t́ıpicas dos tecidos mamários e algumas patologias.
Tecidos Densidade Óptica (DO)Tecido fibroglandular 1,035
Tecidos mamários Tecido adiposo 0,930Pele 1,09
Lesões mamárias Carcinoma 1,045Calcificações (CaCO3) 2,200
Mama média (padrão) 50% glandular, 50% adiposo 0,960
Fonte: Oliveira, 2007, apud Gaona, 2002.
São atribúıdos à densidade óptica valores numéricos associados à quantidade de luz que
consegue atravessar o filme, podendo ser expressa pela seguinte equação:
DO = log10(Io/It) (2.1)
em que Io é a intensidade de luz incidente no filme e It a intensidade de luz transmitida
através do filme.
O coeficiente ou poder de atenuação é a capacidade de absorção da radiação por
parte dos tecidos. Quanto maior a densidade f́ısica dos tecidos, maior seu poder de
atenuação. No corpo humano, o poder de atenuação das estruturas varia significati-
19
vamente e confunde-se com a densidade. Velocidade representa a sensibilidade do
sistema utilizado para obtenção da imagem, ou seja, um sistema mais veloz determina
um enegrecimento mais rápido em relação a um sistema lento (DUARTE, 2006).
A Figura 2.8 mostra as definições de tipos de imagens de radiografia mamária para
mamas hiperdensas, hipodensas e de densidade de gordura. Os padrões mamários de
imagens utilizadas na mamografia, são mostrados na Figura 2.9.
Tipos de Imagens de Radiografia Mamária
Isodensa Hiperdensa Hipodensa Densidade de Gordura
Apresenta a mesma densidadede igual volume de tecido
mamário visto na própria imagem.
Apresenta maior densidadeque volume de tecido mamário.
Menor densidade.
Quando se pode afirmar comsegurança, que a imagem é
representada por tecido gorduroso.
Figura 2.8: Tipo de imagem contida em uma radiografia mamária.
( a ) ( b ) ( d )( c )
(a) mama adiposa; (b) mama com densidades fibroglandulares esparsas; (c) mama heterogeneamente
densa; (d) mama extremamente densa. Fonte: COUTINHO 2009, apud OBENAUER et al. 2005.
Figura 2.9: Ilustração dos padrões mamários.
20
2.3.4 Mamógrafo
O mamógrafo é o equipamento que serve para realizar o exame de mamografia, podendo
seu modelo ser analógico ou digital. No exame, a mama é comprimida para que seu
achatamento possibilite a redução das doses de raios X, a uniformização dos tecidos,
além de manter a mama imóvel. A dose de radiação é baixa e a exposição aos raios
X é rápida. Neste estágio, também é posśıvel a tomada de imagens especiais, com a
ampliação da imagem.
Na Figura 2.10 tem-se o mamógrafo Lilyumr que oferece excelente padrão radiográfico
e ótima relação custo/benef́ıcio. Seu gerador de alta frequência e seu sistema de ex-
posição com técnica automática proporcionam grande conforto e agilidade operacional.
Fonte: Catálogo hospitalar.
Figura 2.10: Modelo de um mamógrafo.
O gerador de raios X fornece energia elétrica para o tubo de raios X e permite a
seleção do produto corrente-tempo e da tensão de aceleração dos elétrons. Geralmente,
o tipo de gerador utilizado em mamografia é o de alta frequência por apresentar mı́nima
variação de voltagem (2%) e uma resposta rápida e reprodut́ıvel. O tubo de raios X
fica contido em uma ampola a vácuo, composto por um anodo e um catodo. O anodo
21
giratório pode ser constitúıdo por molibdênio (Mo), ródio (Rh) ou tungstênio (W ).
Os filtros utilizados no equipamento de mamografia têm o objetivo de atenuar sele-
tivamente e de aperfeiçoar o espectro do feixe de raios X. As combinações anodo-
filtro mais frequentes nos mamógrafos são Mo/Mo, W/Rh, W/Mo, Mo/Rh e Rh/Rh
(ALCÂNTARA, 2010).
O pedal de controle tem a função de movimentar o compressor da mama para cima
ou para baixo. A grade é composta por tiras de chumbo (Pb), que reduzem o espa-
lhamento da radiação, evitando artefato de imagem.
A barreira de proteção tem a função apenas de impedir que a paciente exponha à
radiação alguma parte do corpo, além da mama. São funções em comum da mesa dos
equipamentos analógicas e digitais servir de suporte da mama e conter a grade do
equipamento.
No equipamento analógico, o chassi é posicionado na mesa. Já no digital, o sistema
de detecção da imagem encontra-se instalado neste dispositivo. Os colimadores têm a
função de colimar o feixe de radiação para que este atinja somente a região de inter-
esse, ou seja, a mama. A cúpula contém o tubo de raios X, os colimadores e o filtro.
O painel de controle localiza-se geralmente atrás de um biombo de vidro plumb́ıfero,
permitindo ao técnico (operador) visualizar a paciente durante a realização do exame
(ALCÂNTARA, 2010).
Alguns componentes de um mamógrafo estão representados na Figura 2.11.
22
23
22
212018
1715
14
1316 19
812
4
9
11
107
63
5
2 101-Pedal para Compressor Sobe e Desce; 02-Pedal para Sobe e Desce do Carrinho; 03- Botãopara kV - Regulagem para -; 04- Botão para kV - Regulagem para +; 05- Botão para Raio-X -Preparo; 06- Botão para Raio-X - Dispara; 07- Botão para mA; 08- Botão para mA - Regulagempara +; 09- Botão para mA - Regulagem para -; 10- Botão de Linha - Desliga; 11- Botão de Linha -Liga; 12- Display do Comando; 13- Display para Compressão; 14- Botão para Compressão -Sobe; 15- Botão para Compressão - Desce; 16- Display do Giro - para Carrinho; 17- Botão doGiro - Girar à Esquerda; 18- Botão do Giro - Girar à Direita; 19- Display da Inclinação - paraCarrinho; 20- Botão da Inclinação - Para Cima; 21- Botão da Inclinação - Para Baixo; 22- Botãopara Altura - Para Cima; 23- Botão para Altura - Para Baixo.
Fonte: Manual de Operação do
Usuário.
Figura 2.11: Esquema ilustrativo de alguns componentes de um mamógrafo.
A Figura 2.12 mostra uma vista lateral de alguns dos seus principais componentes.
O catodo consite de uma capa focalizadora com dois filamentos que produzem pontos
focais entre 0,1 e 0,4mm. O anodo, é normalmente um disco rotatório, geralmente de
molibdênio, que serve como alvo de impacto para os elétrons oriundos do catodo.
23
Anodo
Tubo de raios X
Catodo
Janela
Filtração
Colimação
Placa de compressão
Grade
Filme-écran
AEC
Fonte: OLIVEIRA, 2007.
Figura 2.12: Componentes de um mamógrafo.
A emissão de raios X com altas energias é obtida com as combinações W/Rh, Mo/Rh e
Rh/Rh. Estas combinações são indicadas para mamas grandes e densas. O compressor
da mama tem uma importância fundamental na qualidade da imagem mamográfica,
pois faz com que a espessura da mama torne-se mais homogênea a fim de obter uma
imagem com boa qualidade, uma exposição melhor distribúıda além de reduzir as estru-
turas sobrepostas. O compressor minimiza ainda o movimento da paciente, evitando
borramento, reduz a dose em virtude da redução da espessura e afasta a mama da
parede torácica, fazendo com que a imagem mamográfica contenha apenas as estru-
turas da mama, não apresentando estruturas ósseas (ALCÂNTARA, 2009; DUARTE,
2006).
2.3.5 Qualidade de imagem em mamografia
Desde a década de 90 a radiologia mamária vem se modificando, e a adoção da mamo-
grafia como método de rastreio de doenças mamárias em pacientes assintomáticas inten-
sificou a complexidade do diagnóstico mamográfico e ressaltou a necessidade de avaliar
os diversos fatores que podem influenciar a variabilidade do mesmo, como a elaboração
de parâmetros técnicos e o grau de aprendizado do médico interpretador (KOCH 2010,
24
Portaria Federal MS no 453 de 1998).
Imagens radiográficas são realizadas para detectar e caracterizar anormalidades, definindo
sua localização de forma tão precisa quanto posśıvel (DUARTE, 2006). A relação entre
exposição à dosagem de radiação e a qualidade de imagem deve ser tal que o médico
possa visualizar na imagem tudo o que pretende (ALCÂNTARA, 2009). O alto padrão
é alcançado quando o exame mamográfico segue padrões ŕıgidos e pré-estabelecidos,
em que o pessoal envolvido no processo de obtenção da imagem esteja efetivamente
preparado e o material e o equipamento utilizado seja adequado (CALDAS, 2005).
Nos Estados Unidos, em 1992, foi assinado como lei o Ato de Padronização de Qua-
lidade Mamográfica (CALDAS, 2005). Esse Ato determina a regulamentação nacional
para a mamografia e o pessoal envolvido no processo de imagem da mama. No Brasil,
a publicação da Portaria Federal MS no 453/1998 do Ministério da Saúde, estabelece
as Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico,
dispõe sobre o uso dos raios X diagnósticos em todo o território nacional e dá outras
providências. A recente Portaria Federal MS no 531/2012 do Ministério da Saúde insti-
tui o Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM), tendo como objetivo
a garantia da qualidade dos exames mamográficos, minimizando-se assim o risco asso-
ciado ao uso dos raios-X. O PNQM tem abrangência nacional sendo aplicado a todos
os serviços de diagnósticos por imagem que realizam mamografia, públicos e privados,
sendo ou não participantes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Uma ótima imagem mamográfica é aquela de alta resolução, alto contraste, rica em
detalhes, com inclusão de maior quantidade posśıvel de tecido mamário em cada i-
magem (DUARTE, 2006). A resolução da imagem depende da imobilidade e da f́ısica
da imagem, incluindo a dimensão da mancha focal do tubo e do cone de penumbra na
imagem. As diferenças inerentes do poder de atenuação dos tecidos dentro da mama,
kV P , radiação secundária, caracteŕıstica do filme e do processamento podem interferir
no contraste.
No exame de mamografia rotineiro, são realizadas quatro radiografias da paciente: dois
na projeção Crânio Caudal (CC) e dois na projeção Médio Lateral Obĺıquo (OML)
(ALCÂNTARA, 2009). No entanto, existem outras projeções que podem ser feitas tais
como médio lateral (90o) (ML), ı́nfero-superior obĺıqua (ISO), crânio caudal (de baixo)
25
(FB), látero-medial obĺıqua (LMO), látero-medial (90o) (LM), súpero-inferior obĺıqua
(SIO). A Figura 2.13 ilustra as projeções de mama em exame mamográfico, que são
definidas por necessidade do diagnóstico e histórico do paciente (ALCÂNTARA, 2009).
Por possuir duas faces muito móveis e duas outras relativamente fixas, Figura 2.14
(DUARTE, 2006), a exclusão tecidual na imagem mamográfica deve-se a falta de com-
pressão e adequado uso desta mobilidade natural.
A projeção crânio caudal (CC) abrange a maior parte do tecido mamário, com exceção
da parte média extrema e axilar. Efetuando uma inclinação de 450 obĺıquo médio la-
teral (OML) é posśıvel avaliar todo o tecido da mama (DUARTE, 2006), (COUTINHO,
2009).
LM
LMOISO
ML
MLO
CCSIO
Fonte: ALCÂNTARA, 2010.
Figura 2.13: Projeções da mama em exame mamográfico.
PM
PM
PF
PF
Fonte: DUARTE, 2006.
Figura 2.14: Representação de partes móveis (PM) e fixas (PF), da mama.
26
2.3.5.1 Compressão
A compressão da mama é essencial para obtenção de ótima imagem mamográfica,
servindo a três importantes funções: (1) Imobilização dos tecidos; (2) Separação de
tecido mamário superposto; (3) Redução da quantidade de radiação necessária para a-
dequada exposição. A compressão é, em geral, desconfortável para a paciente, mas não
deve ser dolorosa (DUARTE, 2006). A Portaria Federal MS no453/98, determina que
a força exercida por um mamógrafo esteja na faixa de 11 a 18kgf (110 a 180N). Além
disso, a portaria ressalta que a compressão máxima seja delimitada pelo espaçamento de
5cm entre as placas que estão colocadas a mama para o exame, Figura 2.15. A Comissão
Européia (CEC, 2001) estabelece valores um pouco maiores, entre 130 e 200N e a Food
and Drug Administration (COUTINHO, 2009 apud FDA, 2002) entre 111 e 200N .
A placa de compressão é confeccionada em material radiotransparente e tem como
função comprimir a mama conforme mostra a Figura 2.15.
Microcalcificação
Lesão
Não-comprimida Comprimida
Placade compressão
“ ” = suporte para colocara mama durante o exame
Bucky
Fonte: OLIVEIRA, 2007.
Figura 2.15: Efeito da compressão.
Existem quatro fatores que limitam a compressão da mama durante o exame de mamo-
grafia (DUARTE, 2006). Músculos peitorais grandes, especialmente em mulheres
com mamas pequenas, podem absorver toda a compressão ou a maior parte dessa e
deixar o tecido mamário subcomprimido. Mamas grandes e globosas. Mamas
doloridas ou medo pode limitar a tolerância à compressão. Implantes (mamoplastia
de aumento) limitam a habilidade de comprimir os tecidos viśıveis ao redor do implante.
27
2.3.6 Técnica mamográfica
A Tabela 2.5 apresenta algumas técnicas para a realização de exames mamográficos.
Uma técnica utilizada para a realização da mamografia é a de baixa tensão de pico
(kV p), com variação de tensão de pico entre 23 e 28 (kV p) (BUSHONG, 2010). Pode-se
fazer necessário o aumento do valor de mAs se o kV p for muito baixo, o que acarretaria
um aumento da dose (BUSHONG, 2010). O limite máximo de 600mAs foi padronizado
para prevenir doses de radiação excessivas para pacientes (BUSHONG, 2010).
Tabela 2.5: Quadro de técnicas mamográficas.
Espessura da Mama Alvo/Filtro kV pComprimida (cm)0− 2 Mo/Mo 243− 4 Mo/Mo 25, 265− 6 Mo/Rh 287− 8 Mo/Rh 327− 8 Rh/Rh* 30
*A ser utilizado em mamógrafo que possua alvo de RH. Fonte: BUSHONG, 2010.
2.3.7 Simulador antropomórfico (phantom)
Um phantom ou fantoma ou simulador antropomórfico é um equipamento muito uti-
lizado em radiologia, pois permite analisar a atenuação de radiação primária e do es-
palhamento da radiação no seu interior, simulando as propriedades acústicas do tecido
humano, medir resolução de sistemas, tamanho de mancha focal, contraste, controle de
exposição, artefatos de imagens, entre outras mensurações.
O phantom deve corresponder às caracteŕısticas de coeficiente de atenuação linear, de
massa, de absorção de massa, distribuição angular e energética da radiação espalhada,
tamanho e formas observadas em uma mama real (VIEIRA, 2005; OLIVEIRA, 2005
apud DOMINGOS, 2001).
Há uma grande variedade de phantoms classificados quanto a funcionalidade, de acordo
com especificações da Comissão Internacional em Unidades e Medidas de Radiação
(ICRU) (Figura 2.16), a depender da aplicação planejada e do tipo de material a ser
28
empregado em sua construção. Geralmente são utilizadas substâncias que simulam pro-
priedades acústicas de determinadas partes do tecido humano.
Phantom
de calibração
de corpo padrões
de imagem
de referência
Figura 2.16: Classificação de phantoms.
Os phantoms usados em controle de qualidade, geralmente são compostos de um bloco
homogêneo com algumas estruturas, de formas e tamanhos conhecidos, embutidas em
seu interior, que servirão de alvos para testes das funções dos equipamentos, medida do
desempenho e outras formas de estudos.
Uma aplicação essencial do phantom é no treinamento do profissional de saúde, nas
aplicações cĺınicas que envolvem o uso de ultra-som, como por exemplo, na avaliação
de estruturas do tecido e como guia em investigações cirúrgicas (VIEIRA, 2005).
Os phantoms de calibração são usados para estabelecer a resposta de detectores de
radiação, correção de informações quantitativas derivadas de imagens digitais, ativi-
dade envolvendo controle de qualidade e calibração de equipamentos médicos (VIEIRA,
2005).
Para a avaliação da qualidade das imagens são utilizados phantoms de imagens. Rachel
Anthropomorphic Breast Phantom é um simulador de imagem constitúıdo de uma es-
trutura ŕıgida, feito de acŕılico, com dimensões (18,8 x 11,4 x 6,4)cm, (Figura 2.17).
A Portaria Federal MS N0453/1998 recomenda o simulador do Colégio Americano de
Radiologia (ACR), que é comumente utilizado nos serviços de mamografia.
29
( a )
( b ) ( c )
(a) e (b) Rachel Anthropomorphic Breast Phantom. (c) Imagem radiográfica obtida da Mama
Antropomórfica de Rachel (phantom). Fonte:
http : //www.sunnybrook.utoronto.ca/ yaffe/rachel.html.
Figura 2.17: Anthropomorphic breast phantom.
O simulador modelo ACR tem aproximadamente 4, 2cm de espessura e representa uma
composição de mama de 50% glandular e 50% adiposo. Este simulador contém os
seguintes detalhes: fibras com diâmetros de 1,56, 1,12, 0,89, 0,75, 0,54 e 0,40mm; mi-
crocalcificações com diâmetros de 0,54, 0,40, 0,32, 0,24 e 0,16mm; e nódulos tumorais
com espessuras e diâmetros de 2,00, 1,00, 0,75, 0,50 e 0,25mm.
A Figura 2.18 mostra o simulador ACR e suas caracteŕısticas. Uma pastilha de acŕılico
de 4mm de espessura e 1mm de diâmetro é utilizada com a finalidade de avaliar o
contraste da imagem mamográfica. A pastilha é posicionada entre as fibras de números
1,56 e 1,12, de modo a não obscurecer detalhes na imagem do simulador e não produzir
sombras.
30
( a )
6.10 cm
6.68 cm
6.76 cm
( b )
(a) 156D Stereotactic Mammographic ACR Accreditation. (b) Componentes de testes contidos no
simulador do ACR, Fibras de 1 a 6; Microcalcificações de 7 a 11; Nódulos tumorais de 12 a 16. Fonte:
Catálogo Mammography, dispońıvel em http : //www.inovision.comouhttp : //www.nucl.com.
Figura 2.18: Modelo phantom ACR.
2.3.7.1 Caracteŕısticas de alguns modelos de phantoms
As Figuras 2.19, 2.20, 2.21 e 2.22 mostram alguns modelos de phantoms utilizados para
controle de qualidade da imagem de equipamentos mamográficos. Os quatro phantoms
se diferenciam pela utilização nos equipamentos mamográficos, pelos materiais que são
constituidos e pelos anteparos introduzidos em sua estrutura. O phantom representado
na Figura 2.19 é construido de acŕılico, tendo os seguintes anteparos introduzidos no seu
bloco: fibras de poliamida de diâmetros variando entre 0,32 a 0,93mm, pontos variando
de 0,2 a 0,54mm e massas de 0,25 a 1,00mm.
O simulador da Figura 2.20 possui o bloco constituido de acŕılico com placas de alumı́nio.
Não possui anteparos, sendo utilizado para contrastes de imagens mamográficas.
O phantom representado pela Figura 2.21 tem a sua estrutura diferente dos dois ante-
riores, pois seu material é Plexiglass e possui anteparos de contraste introduzidos em
seu bloco, com diâmetros variando de 0,05 a 0,853mm e anteparos variando de 0,177
a 4,292mm. O quarto e último phantom é constituido de placas de Plexiglas, sendo
utilizado para detalhes de contraste na mamografia. A única carcteŕıstica comum entre
os quatro phantoms é que todos são ŕıgidos. Algumas caracteŕısticas e valores destes
phantoms estão representadas na Tabela 2.6.
31
Digital Estereotáxica de Biópsia de Mama com Phantom Accreditation (Digital Stereotactic Breast
Biopsy Accreditation Phantom). Fonte: Catálogo OPRAX MEDICAL, dispońıvel em
http : //www.opraxmedical.com/Accessories/phantoms/Mammography/Accreditation.
Figura 2.19: Digital estereotáxica de biópsia.
Phantom de Contrastre e resolução para Mamográfico (Contrast and Resolution Mammography
Phantom). Fonte: Catálogo OPRAX MEDICAL, dispońıvel em
http : //www.opraxmedical.com/Accessories/phantoms/Mammography/Accreditation.
Figura 2.20: Phantom de contrastre.
32
Phantom de Detalhe de Contrastre Mamográfico (Contrast Detail Phantom For Mammography).
Fonte: Catálogo OPRAX MEDICAL, dispońıvel em
http : //www.opraxmedical.com/Accessories/phantoms/Mammography/Accreditation.
Figura 2.21: Phantom de detalhe de contrastre.
Phantom de Detalhe de Contrastre Mamográfico (CDMAM) (Contrast Detail Mammogrraphy
(CDMAM) Phantom). Fonte: Catálogo OPRAX MEDICAL, dispońıvel em
http : //www.opraxmedical.com/Accessories/phantoms/Mammography/Accreditation.
Figura 2.22: Phantom de detalhe de contrastre mamográfico (CDMAM).
33
Tabela 2.6: Caracteŕısitcas de alguns phantoms modelos ACR.Modelo Phantom Dimensões (cm) Massa (kg) Valor ($)Digital Estereotáxica
6,05 x 6,2 x 3,71 1,2 1,154.29de Biópsia (Fig. 2.19)Phantom de contraste e
6,66 x 6,4 x 4,3 1,17 2,092.73resolução (Fig. 2.20)Phantom de detalhe
6,27 x 6,27 x 6,27 0,58 3,170.00de contraste (Fig. 2.21)Phantom de detalhe
16,25 x 24,00 x 10,00 2,06 11,295.29de contraste (Fig. 2.22)
Fonte: http : //www.opraxmedical.com.
2.4 Pesquisas relacionadas com phantoms
Pesquisas desenvolvidas para o estudo de phantoms relacionados à mamografia estão
voltadas para o campo de controle de qualidade da imagem do exame mamográfico
(COUTINHO, 2009), desenvolvimento de esquemas computacionais que auxiliam no di-
agnóstico denominados de esquemas CAD (STEMBERG, 2010), estudo para dosimetria
computacional (CASSOLA, 2010), estudo de modelo para a detecção de agrupamen-
tos (“clusters”) de microcalcificações para o processamento de imagens mamográficas
inteiras (SILVA JÚNIOR, 2010). Os equipamentos ou softwares desenvolvidos para o
estudo mamográfico limitam-se a comparação com o modelo padrão do phantom do
Colégio Americano de Radiologia (American College of Radiology - ACR).
2.5 Elastômeros, poliol e poliuretano
2.5.1 Elastômeros
Os elastômeros são poĺımeros que, à temperatura ambiente, podem ser deformados
repetidamente a pelo menos duas vezes o seu comprimento original e após retirado
o esforço, devem voltar rapidamente ao tamanho original, como mostrado na Figura
2.23. Os elastômeros apresentam baixo módulo de elasticidade, são poĺımeros amor-
fos ou com baixa cristalinidade (obtida sob tensão) apresentando geralmente altas de-
34
formações elásticas, resultantes da combinação de alta mobilidade local de trechos de
cadeia (baixa energia de interação intermolecular) e baixa mobilidade total das cadeias
(ligações covalentes cruzadas entre cadeias ou reticuladas) (CANEVAROLO JÚNIOR,
2006).
( a ) Estado não deformado(livre de tensões)
( b ) Deformado elasticamente em
resposta a uma tensão .s
LigaçõesCruzadas.
Fonte: CALLISTER, 2007.
Figura 2.23: Cadeia de moléculas de um elastômero.
A borracha crua, borracha que não sofreu o processo de vulcanização, sem nenhum
aditivo, é um elastômero dito não vulcanizado, podendo ser processado como um ter-
moplástico. As borrachas são classificadas em elastômeros naturais ou sintéticos. A
vulcanização é o processo qúımico de fundamental importância para as borrachas, in-
troduzindo a elasticidade e melhorando a resistência mecânica, que se dá através da
formação de ligações cruzadas entre duas cadeias. Podemos citar o enxofre como prin-
cipal agente de vulcanização. A borracha pode ser dividida em vulcanizada ou regen-
erada: a primeira é a borracha que passa por processo de vulcanização e, a segunda, é
a borracha vulcanizada, que através de processos qúımicos que visam à destruição da
rede tridimensional formada durante a vulcanização pode ser novamente processada e
reaproveitada, (CANEVAROLO JÚNIOR, 2006).
O processo de vulcanização consiste de reações qúımicas entre cadeias do elastômero
e o enxofre (ou outro agente), adicionado na proporção de 1 a 5%, gerando ligações
cruzadas entre cadeias, conforme esquematizado na Figura 2.24.
35
Legenda
a. Ligação monossulfidica; g. Ligação sulfureto, ciclica;
b. Ligação bissulfidica; h. Ligações carbono-carbono;
c. Ligação polissulfidica, com x = 3 a 6; i. Fragmentos conjugados de macro-
moléculas de borracha;
d. Ligações polissulfidicas, que ligam duas
macromoléculas de borracha;
j. Ligação polissulfidica a fragmentos de
acelerador de vulcanização;
e. Ligações polissulfidicas vizinhas;
f. Ligação sulfureto, ciclica;
Fonte: Ciência e Tecnologia da Borracha (CTB).
Figura 2.24: Processo de vulcanização com enxofre.
A borracha não-vulcanizada é mais macia, pegajosa e com baixa resistência à
abrasão, já a borracha vulcanizada possui valores maiores de módulo de elastici-
dade, resistência à tração e resistência à degradação oxidativa (Figura 2.25). Exemplos
de borrachas: Poliisopreno (borracha natural), polibutadieno, poli(estireno-butadieno-
estireno), borrachas de poli(silicone de dimetila), borracha nitŕılica, borracha cloro-
preno, (CANEVAROLO JÚNIOR, 2006).
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
100 200 300 400 500 600 7000
0
Limite deproporcionalidade
30%~~
Ponto de ruptura
Deformação, %
Tensão (
kN
/mm
)22
Fonte: CTB.
Figura 2.25: Comportamento tensão-deformação da borracha.
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2.5.2 Poliol
O termo poliol abrange uma grande variedade dos compostos contendo grupos hidro-
xilas, capazes de reagir com os isocianatos para formar os poliuretanos (PUs) (VILAR,
2004). Normalmente, os polióis que dão origem às espumas flex́ıveis e elastômeros pos-
suem massa molecular entre 1000 e 6000g/mol e funcionalidade entre 1,8 e 3,0. Para
tintas de alto desempenho e espumas ŕıgidas, a funcionalidade varia entre 3 e 12, sendo
a cadeia curta (250 < 1000)g/mol. A funcionalidade é o número posśıvel de ligações
qúımicas que um mero pode fazer com outros, (CANEVAROLO JÚNIOR, 2006).
Polióis poliéteres são os mais utilizados na indústria ( 90%), sendo normalmente deriva-
dos do poli(óxido de propileno) glicol e copoĺımeros de poli(óxidos de propileno/etileno)
glicóis (PPG’s) ou ainda os poli(tetra metilenos) glicóis. Podem ser modificados ainda
com radicais livres de estireno e acrilonitrila obtendo-se polióis poliméricos. Outros
polióis poliéteres são o poli(óxido de tetrametileno) glicol (PTMEG ou PTHF) uti-
lizados em fibras e elastômeros de PU de alto desempenho; e os polióis poliméricos
usados em espumas flex́ıveis de alta resiliência (HR). Os poli(ésteres) são normal-
mente polióis obtidos de reśıduos de resinas poliésteres de alta massa molecular à base
de (PET). Os polióis poliéster aromáticos são usados em espumas ŕıgidas. Os polióis
alifáticos são utilizados em aplicações de alto desempenho. O óleo de mamona é
um ĺıquido viscoso obtido da compressão das sementes da mamona. São triglicer�