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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI LUCIANE CHIODI NOGUEIRA A WEB 2.0 E A CULTURA DOS BLOGS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MESTRADO EM DESIGN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSU São Paulo, janeiro de 2009

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MESTRADO EM DESIGN …A infoera, a era da informação e do conhecimento, impõe-se na estrutura social como uma nova ordem, atingindo os mais recônditos

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI LUCIANE CHIODI NOGUEIRA

A WEB 2.0 E A CULTURA DOS BLOGS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MESTRADO EM DESIGN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSU

São Paulo, janeiro de 2009

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LUCIANE CHIODI NOGUEIRA

A WEB 2.0 E A CULTURA DOS BLOGS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Dissertação apresentada ao

programa de Pós-Graduação

strictu sensu em Design –

Mestrado, da Universidade

Anhembi Morumbi, como

requisito parcial para obtenção

do título de Mestre em Design.

Orientadora: Profª Vânia Ribas Ulbricht

São Paulo, abril de 2009

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LUCIANE CHIODI NOGUEIRA

A WEB 2.0 E A CULTURA DOS BLOGS

Dissertação apresentada ao programa de

Pós-Graduação Strictu Sensu em Design –

Mestrado, da Universidade Anhembi Morumbi,

como requisito parcial para obtenção do título

de Mestre em Design pela seguinte Banca

Examinadora:

Aprovado em / /

Profª Drª Vânia Ribas Ulbricht

Orientadora

Mestrado em Design Anhembi Morumbi

Profº Drº Mauro Baptista

Mestrado em Design Anhembi Morumbi

Profª Drª Raquel Zuanon

Universidade Anhembi Morumbi

São Paulo, abril de 2009

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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do

trabalho sem autorização da Universidade, do autor e do orientador.

LUCIANE CHIODI NOGUEIRA Possui graduação em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia São

Luís, MBA em Marketing pela Universidade Anhembi Morumbi e MBA em

Branding, também pela Universidade Anhembi Morumbi. Atua como consultora

de marketing e branding e é professora da graduação da UniRadial Estácio e

da pós-graduação da Universidade Braz Cubas, São Paulo.

Ficha catalográfica

N712w Nogueira, Luciane Chiodi A web 2.0 e a cultura dos blogs / Luciane Chiodi Nogueira. – 2009.

106f.: il.; 30 cm. Orientador: Vânia Ribas Ulbricht

Dissertação (Mestrado em Design) - Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2008. Bibliografia: f.104-105.

1. Design de hipermídia. 2. Web 2.0. 3. Blog. I. A Web 2.0 e a Cultura dos Blogs. CDD 741.6

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DEDICATÓRIA

Aos meus amados filhos!

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre presente em

minha vida.

A minha orientadora, Profª Dra. Vânia

Ribas Ulbrich, por sua dedicação,

paciência, interesse, incentivo e

entusiasmo ao longo do processo de

aprendizagem e orientação para esse

trabalho.

A todos os professores do programa de

mestrado da Universidade Anhembi

Morumbi, cujas preciosas aulas em

muito contribuíram meu

desenvolvimento pessoal e profissional.

A todos os colegas que estiveram

comigo e que compartilharam

importantes momentos de reflexão,

estudo e aprendizado.

Aos meus filhos queridos.

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Sem fechamento semântico ou

estrutural, a Web tampouco está

parada no tempo. Aumenta, mexe-se e

transforma-se sem parar. A World Wide

Web está fluindo, escoando. Suas

inumeráveis fontes, suas turbulências,

sua irresistível ascensão oferecem uma

fantástica imagem da cheia

contemporânea de informação.

PIERRE LÉVY

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Resumo

A web 2.0 favorece a construção do blog de forma democrática e sem custo. O

objetivo principal desta pesquisa é verificar como o Design de Hipermídia é

utilizado nos blogs corporativos educacionais do país. O estudo foi

bibliográfico, com delineamento exploratório, onde se buscou maior

familiaridade com o problema de forma a torná-lo explícito. Para a pesquisa

bibliográfica, fontes primárias que permitissem a reflexão sobre os

pressupostos teóricos aqui tratados foram previamente selecionadas. Em um

segundo momento, realizou-se uma análise dos 13 blogs corporativos de

Instituições de Ensino do país ativos em 2008. A pesquisa censitária

quantitativa dos blogs corporativos educacionais demonstrou que

características do Design de Hipermídia se configuram em suas construções. A

pesquisa qualitativa, com análise descritiva, evidenciou que todas essas

características podem ser utilizadas ao mesmo tempo na construção de blogs.

Palavras-Chave: blog. web 2.0. design de hipermídia

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Abstract

The Web 2.0 promotes a democratic and costless way to build a blog. The main

objective of this research is to verify how the Hypermedia Design is being used

by bloggers of educational corporative blogs. The research was bibliographic,

with exploratory outlining, searching for a bigger acquaintance with the problem

in order to make it explicit. To make the bibliographic research, it was used

previously selected sources wich allowed reflection about its theoric

propositions, to found answers to the questions wich motivate this work. In a

second time, a review of 13 corporate blogs of Education Institutions of the

country's assets in 2008. A search of blogs corporate quantitative census

showed that educational characteristics of the Hypermedia Design is up in their

buildings. Qualitative research, with descriptive analysis, revealed that all these

characteristics can be used while the construction of blogs.

Key Words: weblog. web 2.0. hypermedia design

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição dos Blogs Corporativos 15

Tabela 2: Diferenças entre a Web 1.0 e a Web 2.0 33

Tabela 3: Blogs pessoais de sucesso 55

Tabela 4: Distribuição das características por blogs 61

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de Noções da Web 2.0 32

Figura 2: Imagem do Blog da Tecnisa 57

Figura 3: Gráfico da porcentagem de cada característica

Identificada 60

Figura 4: Imagem do Blog do Colégio Regina Mundi 62

Figura 5: Interatividade do Colégio Regina Mundi 62

Figura 6: Navegabilidade do Colégio Regina Mundi 63

Figura 7: Navegabilidade do Colégio Regina Mundi 63

Figura 8: Blog do Colégio Santos Anjos 64

Figura 9: Hipertextual do blog do Colégio Santos Anjos 65

Figura 10: Não-linearidade do blog do Colégio Santos Anjos 65

Figura 11: Interatividade do Blog do Colégio Santos Anjos 66

Figura 12: Navegabilidade do blog do Colégio Santos Anjos 66

Figura 13: Hibridismo do blog do Colégio Santos Anjos 67

Figura 14: Imagem do Blog da Faculdade Campos Elísios 68

Figura 15: Interatividade da Faculdade Campos Elísios 69

Figura 16: Navegabilidade da Faculdade Campos Elísios 69

Figura 17: Navegabilidade da Faculdade Campos Elísios 70

Figura 18: Imagem do Blog da Faculdade Machado de Assis 71

Figura 19: Interatidade da Faculdade Machado de Assis 71

Figura 20: Navegabilidade da Faculdade Machado de Assis 72

Figura 21: Navegabilidade da Faculdade Machado de Assis 72

Figura 22: Imagem do blog da Escola Sol 73

Figura 23: Interatividade do blog da Escola Sol 74

Figura 24: Navegabilidade do blog da Escola Sol 74

Figura 25: Imagem do Blog da ESAB 75

Figura 26: Hibridismo do blog da ESAB 76

Figura 27: Hipertextual do blog da ESAB 76

Figura 28: Não-linearidade do blog da ESAB 77

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Figura 29: Interatividade do blog da ESAB 77

Figura 30: Navegabilidade do blog da ESAB 78

Figura 31: Imagem do blog da ETEC Júlio de Mesquita 79

Figura 32: Interatividade do blog da ETEC Júlio de Mesquita 80

Figura 33: Navegabilidade do blog da ETEC Júlio de Mesquita 80

Figura 34: Imagem do Blog do Colégio Objetivo 82

Figura 35 Interatividade do blog do Colégio Objetivo 82

Figura 36: Navegabilidade do blog do Colégio Objetivo 83

Figura 37: Imagem do blog da Unijuí 84

Figura 38: Hibridismo do blog da Unijuí 84

Figura 39: Interatividade do blog da Unijui 85

Figura 40: Navegabilidade do blog da Unijui 85

Figura 41: Imagem do blog da Uniminas 86

Figura 42: Navegabilidade do blog da Uniminas 87

Figura 43: Imagem do blog da Unisul 88

Figura 44: Hibridismo do blog da Unisul 88

Figura 45: Interatividade do blog da Unisul 89

Figura 46: Navegabilidade do blog da Unisul 89

Figura 47: Imagem do blog da Universidade Tiradentes 90

Figura 48: Hipertextualidade da Universidade Tiradentes 91

Figura 49: Não-linearidade do blog da Universidade Tiradentes 91

Figura 50: Interatividade do blog da Universidade Tiradentes 92

Figura 51: Navegabilidade do blog da Universidade Tiradentes 92

Figura 52: Imagem do blog da Wizard 93

Figura 53: Interatividade do blog da Wizard 94

Figura 54: Navegabilidade do blog da Wizard 94

Figura 55: Exemplo de interatividade no blog da ESAB 96

Figura 56: Exemplo de interatividade no blog da ESAB 97

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SUMÁRIO Lista de Tabelas 09

Lista de Figuras 10

Introdução 14

1. Design de Hipermídia e suas características 18

1.1 Aspectos históricos 18

1.2 Hipermídia 20

1.3 Design de Hipermídia 22

1.4 Características do Design de Hipermídia 23

1.4.1 Hibridismo 23

1.4.2 Hipertextualidade 24

1.4.3 Não-linearidade 25

1.4.4 Navegabilidade 25

1.4.5 Interatividade 26

2. Internet e sua evolução em web 2.0 31

2.1 Conceitos da web 2.0 34

2.1.1 Ferramentas da web 2.0 37

2.1.1.1 Chats 37

2.1.1.2 Comunicadores Instantâneos 38

2.1.1.3 Fóruns e listas de discussão 38

2.1.1.4 Wikipedia 39

2.1.1.5 Youtube 40

2.1.1.6 Agregadores de conteúdo 41

2.1.1.7 Folksonomia 41

2.1.1.8 Redes Sociais 42

2.1.1.9 Second Life 43

3. Blogs 45

3.1 História e estrutura do blog 45

3.2 Blogosfera 49

3.3 O blog hoje 50

3.4 Criação do blog 51

3.4.1 CMS – Software para blogs 51

3.5 Principais funcionalidades 53

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3.6 Tipos de Blogs 54

3.6.1 Blog Pessoal 55

3.6.2 Blog Corporativo 55

3.7 O blog e a web 2.0 58

4. A Pesquisa de Campo 59

4.2 As características identificadas nos blogs 61

4.2.1 Colégio Regina Mundi 61

4.2.2 Colégio dos Santos Anjos 64

4.2.3 Faculdade Campos Elisios 68

4.2.4 Faculdade Machado de Assis 70

4.2.5 Escola Sol 73

4.2.6 ESAB 75

4.2.7 ETEC Julio de Mesquita 79

4.2.8 Objetivo 81

4.2.9 Unijui 83

4.2.10 Uniminas 86

4.2.11 Unisul 87

4.2.12 Universidade Tiradentes 90

4.2.13 Wizard 93

4.3 Pesquisa Qualitativa do Blog da Esab 95

4.4 Análise dos Resultados 99

5. Considerações Finais 102

Referências Bibliográficas 104

Glossário 106

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Introdução

A infoera, a era da informação e do conhecimento, impõe-se na estrutura social

como uma nova ordem, atingindo os mais recônditos lugares do planeta. As

transformações pelas quais passa a sociedade moderna decorrem das novas

tecnologias de informação e comunicação e marcam o início de uma época

denominada por Castells (2002, p. 22) “Sociedade da Informação” em que:

(...) um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma língua universal digital tanto está promovendo a integração global da produção e distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura, como personalizando ao gosto das identidades e humores dos indivíduos. As redes interativas de computadores estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais de comunicação, moldando a vida, e ao mesmo tempo, sendo moldadas por ela.

Para o autor, “as redes desempenham um papel fundamental na sociedade

emergente porque a informação circula pelas redes: redes entre empresas,

redes internas às empresas, redes pessoais e redes de computadores”

(CASTELLS, 2000, p. 23).

Vivenciamos uma sociedade conectada, onde as pessoas estão em contato

com a tecnologia durante grande parte de seu tempo. Em todos os campos de

atuação é possível observarmos algum computador conectado à internet,

interferindo nas transações, comunicações, nas relações pessoais e também

nas relações de trabalho. Assim, os websites ganham, a cada dia, mais

relevância. No caso dos websites pessoais, ou blogs, esta premissa, como

veremos, não é diferente.

A crescente utilização da web é fato. De acordo com o IAB1, o número de

internautas no Brasil, até o final de 2007, chegava a 40 milhões. Segundo

1 (Interactive Advertising Bureau)

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pesquisa realizada em 2007 pela ComScore2, as redes sociais e o vídeo on line

lideram o ranking de sites acessados. Sites de relacionamento como Orkut,

MySpace, Facebook, Linkedin cresceram 34% em um período de 12 meses.

De cada três pessoas que acessam a internet, duas navegam em redes

sociais.

Já com relação às páginas pessoais na web, pesquisa do site especializado em

blogs Tecnhorati3 demonstra que, em 2007, o número de blogs no mundo

chegava a cerca de 1 milhão. A partir de março de 2008 (data do último

levantamento da companhia), o número de websites pessoais cresceu 41%,

indo de 70,6 milhões para 99,9 milhões naquele ano, com previsão de chegar à

marca de 1 bilhão em 2009, se considerado o surgimento de mais páginas na

média de 175 mil novos blogs por dia.

O blog de autoria de Fábio Cripriani (http://www.blogcorporativo.net/),

considerado na blogosfera um dos mais completos do país em relação a blogs

corporativos, aponta que de junho de 2006 a outubro de 2008 os blogs

corporativos passaram de três para 263. O crescimento percentual entre 2007,

quando passaram a existir 62 blogs corporativos, e 2008, que indicava os 263

blogs, é superior a 300%.

De acordo com post datado em 22 de setembro de 2008 por Cipriani, os dados

sobre a composição de blogs corporativos no país em 2008 aparecem da

seguinte forma, segundo a tabela 1:

Tabela 1: Distribuição de Blogs Corporativos no ano de 2008

Tipo de Blog Quantidade

Pequenas e Médias Empresas 164

Grandes Empresas 032

Educacionais 013

Campanhas de Marketing 026

2 ComScore Media Metrix estuda as atividades on-line de indivíduos no Brasil

3 Tecnhorati

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Os números e a sempre crescente utilização da web e dos blogs demonstram a

importância do desenvolvimento de pesquisas na área. Procurando

compreender essa nova realidade, esta pesquisa tem como tema central a web

2.0 e suas relações com o Design de Hipermídia em blogs corporativos

educacionais, buscando responder a seguinte questão: como o Design de

Hipermídia é utilizado na blogosfera corporativa educacional do país?

Do ponto de vista do método, o referencial teórico é norteado por Antonio

Carlos Gil (2002), pois o estudo apresenta delineamento exploratório, uma vez

que visa “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-

lo mais explícito”(GIL, 2002, p.40). Envolveu levantamento bibliográfico e

pesquisa descritiva. Buscou-se conhecer e pesquisar sobre hipermídia,

interatividade, internet e suas implicações com blogs educacionais

corporativos. A pesquisa censitária quantitativa dos blogs corporativos

educacionais demonstrou em que medida as características do Design de

Hipermídia se configuram em suas construções.

Para melhor compreensão deste estudo dividimos este trabalho em quatro

capítulos. No primeiro é realizada uma análise da escrita e da leitura, da

chegada do hipertexto e de sua conseqüente evolução até o Design de

Hipermídia e suas características. O capítulo dois traz uma explanação sobre a

evolução da internet, assim como suas principais características e formas de

utilização. O capítulo três oferece um estudo sobre os blogs, com destaque aos

corporativos. A pesquisa de campo, em que se buscou observar o uso do

Design de Hipermídia na construção dos blogs corporativos de 13 instituições

de ensino do país, aparece no capítulo quatro. Estes blogs foram estudados

por terem sidos identificados como os únicos blogs de instituições de ensino

constantes na blogosfera brasileira, de acordo com levantamento de Cipriani

(2008) acima citado.

A grande expansão dos blogs, em especial dos corporativos de instituições de

ensino, levou-nos a investigar as características do Design de Hipermídia em

sua construção. A pesquisa em questão contribuirá para o aumento da ainda

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escassa bibliografia a respeito da Web 2.0 e, em particular, de blogs,

demonstrando a tendência das organizações de utilizarem tal ferramenta por

seu caráter bidimensional, informal e de fácil manuseio.

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18

Capítulo 1 Design de Hipermídia e suas características

1.1 Aspectos históricos

A necessidade de trocar informações é inerente ao ser humano. Desde a pré-

história, um dos períodos mais fascinantes da história humana, que antecede a

escrita, os povos primitivos já utilizavam figuras para estabelecer algum tipo de

comunicação. As pinturas rupestres encontradas em 1942 na Caverna de

Lascaux, França, são um bom exemplo disso. Estas figuras foram feitas à base

de carvão moído e dióxido de manganês e possuem 17.000 anos.

O princípio alfabético foi inventado pelos gregos por volta de 1.000 a.C., e a

escrita mais antiga de que se tem conhecimento foi feita em argila, com um

instrumento de madeira chamado burril. Esse substrato acabou sendo

substituído, depois, por tinta em couro ou papiro (FISCHER, 2006). Na

verdade, como assinala Umberto Eco (2003), tais elementos serviram de

alicerce à perpetuação da memória: a primeira mineral, gravada nos tijolos de

argila, a segunda vegetal, representada pelos papiros, depois pelo papel.

A evolução da escrita e da leitura proporcionou acesso ao conhecimento em

um nível que a mente humana não supunha alcançar. Eco (2003) considera

que os computadores de hoje também se encaixam no que chama de memória

mineral, pois sua memória eletrônica tem por base o silício. Fazendo uso do

alfabeto, o computador moderno permite a troca de informações em tempo real

em todas as partes do mundo, o que representa, segundo Fischer (2006), uma

verdadeira revolução do ponto de vista da leitura. De fato, o computador surge

neste aspecto como uma alavanca comparável à invenção da prensa por

Gutemberg, em 1450.

Porém, tanto em relação aos tipos móveis de Gutemberg quanto em relação ao

computador, a preocupação em facilitar o acesso às informações sempre

motivou – como até hoje motiva – os pesquisadores a perseguir este propósito,

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19

fato que possibilitou verdadeiros saltos no avanço do conhecimento. Em se

tratando do computador, Vannevar Bush propôs em 1945 um modelo de

assistente mecânico denominado Memex - Memory Extender - (ULBRICHT,

2006), que impulsionou sobremaneira a utilização dos sistemas digitais.

O Memex continha telas visuais, botões, alavancas e um teclado. Permitia

armazenamento de documentos, incluindo livros, figuras, periódicos e jornais.

Também passou a ser possível sumarizar notas manuscritas, fotografias,

rascunhos e memorandos, pois sua essência era a indexação associativa. A

seleção de qualquer item permitiria a seleção imediata de outro e, pela

formação dessas associações, o usuário poderia construir um caminho

personalizado. (BUSCH, 1945 apud ULBRICHT, 2006).

Mas a primeira pesquisa realizada para o desenvolvimento daquilo que viria a

ser conhecido como hipertexto foi o projeto Xanadu. A idéia básica deste

sistema era a de ser um grande arquivo para tudo o que já havia sido escrito,

com a possibilidade de estar disponível na rede mundial de computadores em

tempo real, ou seja, on line. Um grande hipertexto universal. (NELSON, 1965

apud MOURA, 2003).

A evolução da internet permitiu o desenvolvimento do hipertexto, que acabou

por determinar a estrutura básica da web no aspecto da escrita. Entender o

hipertexto é compreender essa estrutura. De acordo com Leão (2002) um

hipertexto pode ser caracterizado como um documento em que as operações

da estrutura interativa estão misturadas com o texto; em geral, investiga-se a

estrutura hipertextual do ponto de vista da estrutura real, que conecta essas

operações.

Assim, as narrativas digitais superam as limitações da tradição da oralidade e

da escrita, pois não buscam isolar ou fragmentar o sentido do texto ou do

discurso, mas ao contrário, ampliar a rede de significações (FERRARI, 2007).

Para além do aspecto de a narrativa não ser linear, outra característica

fundamental do hipertexto é o conceito de ‘nó’. Com relação aos ‘nós’ de

informações contidos no hipertexto, Ulbricht (2006, p. 16) afirma que:

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Não existe uma fórmula para determinar o tamanho e o quanto de conteúdo deve possuir um nó, eles correspondem aproximadamente a uma página, tela ou a uma janela sobre a tela, se a informação for textual. Entretanto, os nós podem ser: um gráfico, uma animação, uma imagem, uma seqüência de vídeo ou de áudio, ou um elemento externo como uma maquete, entre outros. O conteúdo de um nó pode ser de tipos diferentes como: definições, atributos, referências, notas, ilustrações e exemplos.

É possível que o hipertexto seja entendido como uma forma narrativa, que não

existe até ser produzida pelo leitor, mediante uma série de escolhas feitas de

acordo com seus desejos e interesses (HUESCA e DERVIN, 2004 apud

ULBRICHT, 2006). Pode-se ainda entender o hipertexto como sendo um

método intuitivo com diversidade de possibilidades para o acesso às

informações e à base de dados multimídia. Um esquema dinâmico de

representação de conhecimento; um sistema de auxílio à argumentação, uma

ferramenta de trabalho em grupo (MOURA, 2003).

De acordo com Moura (2003, p.239), o hipertexto pode ser definido como “um

conjunto de elementos e características que poderão ser alterados e

modificados conforme mudem as tecnologias e sistemas”. Com o

desenvolvimento das interfaces gráficas tornou-se possível a apresentação de

vários tipos de recursos visuais, tais como texto, áudio, vídeo, imagens e

animações em uma única plataforma de sistemas multimídia, o que hoje

conhecemos como hipermídia (ULBRICHT, 2006).

1.2 Hipermídia

Vários autores abordam o conceito de hipermídia no contexto atual. Segundo

Ulbricht (2006), o termo pode ser definido como uma rede de ligações de

referências associadas a textos, conjunto de dados, mapas, figuras, modelos

tridimensionais, dentre outros, em que o acesso às informações se dá por

diversos e diferentes caminhos.

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21

Nesse campo onde se estabelece interrelação entre elementos resultantes de

linguagens distintas, tais elementos passam a ser associados em uma fronteira

fluida de sua linguagem referencial e assumem características que determinam

uma nova linguagem (MOURA, 2003).

Já para Domingues (1997), hipermídia é uma forma combinatória e interativa

de multimídia, em que textos, sons e imagens (estáticas ou em movimento)

estão ligados entre si por elos probabilísticos e móveis, que podem ser

configurados pelos receptores de diferentes maneiras, de modo a compor

obras instáveis, em quantidades infinitas.

Machado (1997) classifica a hipermídia como um texto com inúmeras outras

possibilidades de leitura implícitas e diante do qual se pode escolher

alternativas. Conforme Leão (2002), devido a seu caráter não-linear, a

hipermídia também pode ser comparada a um labirinto. Nesse sentido,

Machado (1997) utiliza uma metáfora: na mitologia grega, afirma o autor,

Dédalo, o construtor do Labirinto do Minotauro, escapou de sua construção

voando por cima dela com asas de cera, enquanto os cretenses podiam pular

os muros, como o internauta que clica um botão para chegar onde deseja em

seu percurso.

Devido à sua riqueza, pluralidade e multiplicidade podemos dizer que a

hipermídia é uma linguagem desafiadora e envolvente, pois se estabelece de

forma aberta e abrangente, propiciando o estabelecimento de “interrelações

das linguagens advindas da imagem estática, em movimento, do som, da

animação, da espacialidade, da imersidade (sic), da movimentação e dos

sistemas de estruturação e organização da informação”. (MOURA, 2003,

p.144).

É através dela que ocorrem as trocas de textos, imagens ou sons, passando

por diversas mídias, e linguagens, o que proporciona um ambiente mais

agradável e instigante, com interação e troca constante de informações. Ao

percorrer um ambiente hipermidiático, ainda que o internauta não saiba ao

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certo para onde ir ao entrar no ambiente, sabe que sairá dele com mais

informações do que em qualquer outro lugar já freqüentado no mundo virtual.

1.3 Design de Hipermídia

O termo Design de Hipermídia (área de especialidade no campo do design) é

definido por Moura (2006) como o desenvolvimento de projetos destinados a

sistemas digitais, constituindo-se um campo autônomo, com características e

linguagens próprias. Ele pode ser considerado uma atividade projetual

imprescindível para a construção de interfaces que venham a facilitar a

navegação na rede. Nessa avalanche de informações que o ambiente virtual

proporciona, o papel do designer se torna precioso para ajudar na organização

dos textos, das imagens, dos sons e das páginas.

Portanto, cresce a utilização do Design de Hipermídia no ciberespaço com a

percepção de que ele é extremamente importante no ambiente virtual, pois

aumentam as possibilidades de alteração ou criação de novos programas e de

novas interfaces para a disseminação e o armazenamento de informações.

Associado a tecnologias de hipertexto e hipermídia, o Design de Hipermídia

permite que o usuário ‘navegue’ pela internet, interagindo com as mídias.

Sob este enfoque, seu papel consiste no desenvolvimento de produtos

interativos com usabilidade, o que significa conter a representatividade da

arquitetura da informação e do design voltada a produtos fáceis de aprender,

eficazes no uso e que proporcionem ao usuário uma experiência agradável

(PREECE, 2002). Assim, a participação do usuário não se dá apenas para

obter informação, navegar livremente ou utilizar um produto, mas também para

interagir com o próprio projeto, alterando seus elementos e customizando-os.

Na mesma linha de raciocínio, vale ressaltar o pensamento de Preece (2002),

no sentido de que o design representa uma maneira de melhorar a forma com

que o usuário interage com a máquina e com os demais usuários. Todos esses

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conceitos levam a pensar no Design de Hipermídia como um espaço para

criação de projetos que facilitem a comunicação e a interação entre as

pessoas.

Desta forma, o refletir sobre o design de interação como um projeto de espaços

para comunicação e interação humanas, ou seja, um meio de encontrar

maneiras de fornecer suporte às pessoas (WINOGRAD, 1997 apud PREECE,

2002), é uma questão que se coloca no presente momento. Esse suporte se

mostra necessário devido ao imenso campo de ação que envolve o Design de

Hipermídia, pois está relacionado com todos os processos que se realizam

através dos ambientes virtuais, como um modo de diferenciação no

ciberespaço (MOURA, 2003).

Diante disso, não se espera que o designer domine apenas a relação texto/

imagem, mas antes que domine outras linguagens, como por exemplo, a

imagem dinâmica ou em movimento, o som e suas relações, as questões da

organização e estruturação das informações, as questões relativas à

interatividade, mobilidade/navegabilidade e os novos elementos para a

concepção e composição da interface (MOURA, 2003).

1.4 Características do Design de Hipermídia

Segundo conceito de Moura (2006, p. 185), o design de hipermídia “se

caracteriza pelo hibridismo, hipertextualidade, não-linearidade, navegabilidade,

interatividade e pela manipulação de constantes atualizações”.

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1.4.1 Hibridismo O hibridismo pode ser entendido como algo que consiste na formação de

palavras pela junção de radicais de línguas diferentes. Na definição de Moura

(2007, p.117): (...) é uma característica que confere à hipermídia a possibilidade de propiciar uma re-significação de informação através da associação de duas ou mais mídias, ampliando, assim, suas formas de expressão.

O caráter híbrido do Design de Hipermídia permite, em ambientes virtuais, o

surgimento do diálogo entre códigos visual, sonoro e verbal. É possível que

sejam explorados a imagem e o som em um mesmo ambiente e observada a

mistura de diversos outros tipos de linguagens agregadoras de valor como

texto, animação, vídeos, etc.

O uso do vocábulo hibridismo vingou a partir da explosão da cultura digital, em

meados dos anos 1990. A crescente utilização do meio virtual como forma de

comunicação proporcionou o uso de diversas linguagens e da mistura de

mídias, na construção de ambientes hipermidiáticos (SANTAELLA, 2008).

1.4.2 Hipertextualidade

O hipertexto é uma forma não linear de apresentar a informação textual, uma

espécie de texto em paralelo, dividido em unidades básicas, entre as quais se

estabelecem elos conceituais. Uma de suas características é a de existir, acima

de tudo, a possibilidade de diálogo de um texto original com outros textos

ocultos, que são interrelacionados e estão disponíveis para estabelecer

qualquer relação lógica com o conteúdo anterior.

É possível notar que nem todos os textos que se encontram na Internet são

necessariamente hipertextos. Por exemplo, um dos formatos mais usuais para

a divulgação de documentos que exigem certo nível de proteção de escrita são

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documentos com a extensão PDF. De forma análoga, um simples texto

digitalizado com qualquer processador de texto pode ser importado para a

internet sem uma marca de hipertextualidade.

1.4.3 Não-linearidade

A não-linearidade refere-se a todas as estruturas que não apresentam um

único sentido. Assim, se apresentam múltiplos caminhos e destinos, podem

desencadear vários finais. Moura (2008, p.4) afirma que: A não-linearidade refere-se à condição de não haver caminhos/rotas predeterminadas, mas, sim, a oferta de diferentes situações de uso, compreendendo, naturalmente, possíveis desvios de foco e favorecendo novas descobertas.

A leitura hipertextual, por meio de links, permite a não-linearidade, na qual o

usuário empenha-se em um processo de interconexões que podem levá-lo

tanto para o interior do próprio espaço de leitura, quanto para outros textos, em

outros lugares do ciberespaço (LÉVY, 1999).

A não-linearidade contém vínculos – links - para outros documentos, permitindo

ao leitor que se desloque de um lugar para outro. A forma proporciona ao leitor

obter informações e estabelecer conexões associativas (hipertextuais) com

bancos de dados ou entre documentos escritos por autores diferentes. Na

leitura não-linear observa-se, como característica, a heterogeneidade e a

polifonia. Todo texto aponta para as várias direções de leitura, porque há

sempre uma relação constitutiva que ele estabelece com outros textos.

1.4.4 Navegabilidade A maneira mais usual de visualizar uma escritura múltipla na tela plana do

monitor de vídeo é através de ‘janelas paralelas’, abertas sempre que

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necessário, e também através de ‘elos’ (links) que ligam determinadas

palavras-chave de um texto a outros textos disponíveis na memória. “O

processo de leitura é designado pela metáfora, bastante pertinente, da

navegação, pois se trata realmente de ‘navegar’ ao longo de um imenso mar de

textos que se superpõem e se tangenciam” (MACHADO,1997, p.147).

Portanto, a navegabilidade diz respeito ao ato de navegar, à exploração e à

mobilidade do usuário no ciberespaço, na rede ou em um aplicativo de

hipermídia. Para Ulbricht (2006), a navegação em um ambiente hipermídia é o

deslocamento do usuário no espaço formado pelos “nós” e pelas ligações

estabelecidas entre eles e por meio deles. A autora recomenda que em função

disso qualquer documento ou ambientes virtuais tenham a estrutura clara, para

que o usuário possa explorar esse espaço e se localizar eficazmente dentro

dele.

A navegabilidade se constitui na organização da informação, para que o

usuário navegue de forma intuitiva, porém consciente de sua ação no espaço e

de suas possibilidades futuras de acesso.

1.4.5 Interatividade

O termo interatividade tem sido muito utilizado nos últimos tempos de uma

forma bastante difusa e controversa. Não há consenso entre os pesquisadores,

que se dividem quanto à utilização dos termos interação e interatividade.

Inicialmente, a definição do conceito de interação pode ser tomada com

cautela, uma vez que muitas áreas do saber a utilizam, como por exemplo nos

campos da biologia, farmácia, geologia, física, sociologia, entre outros.

De acordo com o Dicionário de Ciências Sociais, da Fundação Getúlio

Vargas(1986, p. 624), a Interação Social “distingue a influência recíproca dos

atos de pessoas e grupos, o que geralmente se dá por meio da comunicação”.

Já a interatividade está intrinsecamente relacionada com o mundo virtual, pois

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diz respeito às ações mútuas que são exercidas entre duas ou mais pessoas,

duas ou mais coisas, estabelecendo assim, a reciprocidade e a troca de

informações.

Portanto, podemos pensar que é na interatividade que acontece a experiência

entre um usuário e a informação. A comunicação entre o usuário e um site

passa por esse caminho, inclusive a própria comunicação é parte constante de

um site, e, para Szeto (1997), a eficácia deste dependerá da qualidade da

interatividade. Na visão de Lévy (1999, p.79), o termo interatividade “em geral,

ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de informação”.

Alex Primo é um dos autores que demarca a diferença entre os termos. Para

ele, a interação mediada por um computador trata do potencial multimídia da

máquina e de suas capacidades de programação e automatização de

processos. A interação ocorre como uma comunicação estabelecida a partir da

emissão de informações (estímulo) à reação do receptor (resposta). É

justamente essa articulação que fundamenta grande parte dos estudos da

chamada interatividade. Em design, “emissor-canal-receptor se transformam

em webmaster-interface-usuário” (PRIMO, 2006, p. 98).

O autor divide a interação em dois tópicos: a interação mútua e a interação

reativa, por entender que ambas possuem características distintas. Para ele, a

interação mútua é “aquela caracterizada por relações interdependentes, em

que cada interagente participa da construção inventiva e cooperada do

relacionamento, afetando-se mutuamente” (PRIMO, 2006, p. 57). Podemos

entender, então, que a interação mútua diz respeito às modificações ocorridas

durante o processo em que acontece a interação.

Já com relação a interações reativas, afirma que “são limitadas por certas

determinações e, se a mesma ação fosse tomada uma segunda vez (mesmo

que por outro interagente), o efeito seria o mesmo” (PRIMO, 2007, p. 57-58). O

autor coloca que podemos usar o termo interatividade quando as seguintes

características estão presentes: “interruptibilidade, granularidade, degradação

graciosa, previsão limitada e não-default” (PRIMO, 2006, p. 80).

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Interruptabilidade: cada participante deve ter a possibilidade de atuar quando

bem entender. Esse modelo de interação está mais para uma conversa do que

para uma palestra.

Granularidade: refere-se ao menor elemento após o qual se pode interromper

um contato. Em uma conversação poderia ser a metáfora do menear de

cabeça, uma palavra ou uma frase do tipo “já respondo a sua pergunta”. Essas

circunstâncias devem ser levadas em conta para que o usuário não pense que

o sistema utilizado tenha travado.

Degradação graciosa: refere-se à instância do sistema não ter a resposta

para uma indagação. Quando isso ocorrer, o usuário não deve se sentir

perdido, nem o sistema desligar-se. Aos participantes deve ser dada a

possibilidade de saber quando e como podem obter a resposta que não está

disponível naquele momento.

Previsão limitada: quando algo que não havia sido previsto ocorre na

interação, o sistema ainda tem condições de responder. No caso de

computadores, é comparado a um banco de dados infinito.

O princípio do não-default: o sistema não deve forçar uma direção a ser

seguida por seus participantes; a inexistência de um padrão predeterminado dá

liberdade aos participantes.

Alguns autores como Primo (2006) e Santos e Campos (1998) destacam a

existência de diferentes “graus” de interatividade, que variam segundo a

influência do usuário no conteúdo da informação gerada. "A liberdade de

navegação irá gerar aplicações com graus diferenciados de interatividade entre

usuário-hipermídia", argumentam Santos e Campos (1998, p. 51), como

tentamos detalhar nas descrições que seguem.

Alta interatividade: oferece-se ao usuário um tema, um conjunto de sites e o

acesso à internet. A navegação é livre ou pouco direcionada. Espera-se que o

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usuário aprenda com a descoberta imprevista e com a livre exploração do

conteúdo disponível. A vantagem desse enfoque é que o acesso ao conteúdo é

determinado pelo próprio usuário, para atingir o objetivo proposto. Esse grau de

interatividade apresenta alguns problemas, por exemplo, em grandes espaços

navegacionais, onde o usuário pode se sentir perdido e sem saber para onde ir.

Média Interatividade: este grau de interatividade oferece ao usuário o tema,

os objetivos e a tarefa a ser cumprida ao final da navegação - quase sempre

guiada por menus. Espera-se que o usuário descubra o conteúdo em uma rede

pré-definida. Adota como característica um enfoque híbrido. Esse tipo de

aplicação oferece ao usuário somente um tema e o espaço de navegação,

como as hipermídias de alta interatividade e, em outros pontos da rede,

navegação quase linear, como as hipermídias de baixa interatividade.

Baixa Interatividade: são oferecidos ao usuário o objetivo a ser atingido e uma

tarefa a ser cumprida, ao final da navegação. Para tanto, ele tem acesso a uma

aplicação multimídia ou a uma parte específica de uma hipermídia. A

navegação é induzida e o usuário tem poucas opções navegacionais. Espera-

se que ele se movimente por recepção direcionada, exposição indutiva e/ou

dedutiva. A navegação é linear e sequenciada. Os conteúdos são, via de regra,

fornecidos através de um sistema de menus.

A interatividade também proporciona o desenvolvimento de produtos interativos

com usabilidade (PREECE et al, 2005): fáceis de aprender, eficazes no uso,

que proporcionem aos usuários uma experiência agradável. Daí a necessidade

de conhecer-se o público-alvo: saber quem utilizará os sistemas criados e de

que forma.

Interação ou interatividade, com este estudo podemos entender ambas as

expressões como características do meio digital, que conferem à web 2.0

importância como um dos principais veículos de comunicação da atualidade.

Neste capítulo buscamos discutir o que é hipermídia, a importância do Design

de Hipermídia, seus aspectos históricos e características. Tais características

propiciam e facilitam trocas de informação, de conhecimentos, de participação

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e de colaboração – como chats, comunicadores instantâneos, as listas de

discussões e os blogs, assuntos abordados no próximo capítulo.

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Capítulo 2 Internet e sua evolução em 2.0 A internet tem revolucionado o mundo dos computadores, das comunicações e

a forma como as pessoas se relacionam, como nenhuma outra invenção foi

capaz de fazer. O desenvolvimento e a comercialização do microprocessador

(unidade de cálculo aritmético e lógico localizada em um pequeno chip

eletrônico) dispararam diversos processos econômicos e sociais de grande

amplitude (CIPRIANI, 2006; LEVY, 2000).

Essas características da web se consolidaram devido a um padrão simples e

universal utilizado na troca de informação. Ao discorrer sobre o princípio central

da web, Abiteboul (2000) afirma que este se afirma na decomposição da

informação em unidades que possam ter nomes e ser transmitidas. Os

arquivos são compartilhados por meio da disponibilização de um endereço, o

URL (Uniform Resource Locator – Localizador Uniforme de Recurso).

A internet, hoje, representa um dos mais bem sucedidos exemplos dos

benefícios da manutenção do investimento e do compromisso com a pesquisa

para o desenvolvimento da informação (KUROSE, 2006). Por isso, é

importante compreender sua atual estrutura e os recursos oferecidos com sua

evolução, a web 2.0.

O termo web 2.0 aparece conceituado por Tim O’Reilly e é oriundo de uma

série de conferências promovidas desde 2004 pela editora O’Reilly Media e

pela promotora de eventos MediaLive International, popularizando-se a partir

dessa data. A figura 01 mostra o mapa de noções da web 2.0, desenvolvido a

partir desses encontros. Evidencia as várias idéias que irradiam do centro da

web 2.0.

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Figura 1: Mapa de Noções da Web 2.0, segundo a O´Reilly Media

O mapa demonstra que a web 2.0, na concepção de especialistas da área,

tem algumas premissas básicas, como descreve O´Reilly (2004):

1. A internet, como plataforma, deixa de ser considerada uma

rede de computadores. Esta idéia de plataforma é claramente

visível na figura acima.

2. Melhor experiência do usuário, tecnologias do final da década

de 1990 e o aumento de velocidade surgem como responsáveis

Posicionamento Estratégico - Web como plataforma Posição do Utilizador - Cada um controla seus dados Competências nucleares: - Software como serviço não caixa - Arquitetura Participação - Escalabilidade eficiente em custos - Fontes de dados remisturáveis - Software acima de mono equipamento - Explorar a inteligência coletiva

Flickr, del.icio.us,não taxonomia

Usuário comocolaborador

Blogs – Participação não publicação

Descentralização radical

Experiência rica do usuário

Calda longa Wikipédia – confiança radical

Atitude não tecnologia

Calda longa

Dados como o “Intel Inside”

Confie nos seus usuários

A web como componentes

Beta Perpetuo

Software melhor quanto mais utilizado

Play

Experiência rica do usuário

Hackeabilidade Direito de Remixar

Comportamento do usuário não pré determinado

Endereçabilidade granular de conteúdo

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pela edição, democratização e massificação da edição e pela

edição colaborativa, como blogs e wikis.

3. Valorização do conteúdo e da inteligência coletiva: o conteúdo

deve ser produzido e consumido por qualquer um, de forma

simples e direta.

4. Fim dos ciclos de lançamento e atualização de softwares

tradicionais. Os aplicativos web podem ser atualizados de forma

constante, linear e independente da ação do usuário final.

5. Quanto mais simples a programação, melhor.

As diferenças entre a web 1.0 e a web 2.0 são vistas em oposição na tabela 2,

colhida do artigo de O’Reilly. Nela, cada funcionalidade da web 1.0 é

contrastada com a web 2.0.

Tabela 2: Diferenças entre a web 1.0 e a web 2.0, segundo Tim O´Reilly

Web 1.0 Web 2.0

DoubleClick Google AdSense

Ofoto Flickr

Mp3.com Napster

Britannica Online Wikipedia

Personal Websites Blogging

Domain Name Speculation Search Engine Optimization

Page Views Cost per Click

Screen Scraping Web Services

Publishing Participation

Content Management Systems Wikis

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Podemos pensar que a internet em seu estágio atual implica o reconhecimento

do outro, aceitação e ajuda mútuas, cooperação, associação e a negociação

independente de diversos pontos de vista e interesses. Propicia um contato

amigável entre as pessoas de qualquer parte do mundo, além de enriquecer a

troca de conhecimento, a transmissão do saber e a convivência pacífica entre

as possíveis diferenças (LEVY, 2000).

O processo de interação tecnológica expande-se a cada dia,

exponencialmente, em razão de uma linguagem digital comum propiciada pela

internet, na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada

e transmitida (CASTELLS, 1999). Mas é notável como, nos últimos anos, o

desenvolvimento de aplicativos que otimizam os efeitos da rede mediante seu

uso, com inteligência coletiva agregada, provocou uma mudança significativa

nessa relação.

Por isso é possível dizer que a web 2.0 é a segunda fase da www (word wide

web). Essa nova etapa tem um caráter mais participativo e colaborativo, em

que os usuários acrescentam e reformulam conteúdos. Segundo Spyer (2006,

p. 27) “a web 2.0 é o termo mais difundido dentro da indústria de tecnologia

como sinônimo de sites colaborativos”. Mattar (2007, p. 85) acrescenta que “a

web 2.0 pode ser definida em função da comunicação em duas direções,

colaboração e ler/escrever”.

Com a popularização da banda larga e o desenvolvimento de novas

linguagens, a web 2.0 permite a criação de aplicativos sem a necessidade de

um software adicional e está próxima de ser um sistema operacional, como se

fosse um windows (MATTAR, 2007). A colaboração em ler e escrever permite

aos usuários não apenas realizarem dowloads, mas também uploads, o que

torna a própria web muito mais atraente.

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2.1 Conceitos da web 2.0 Como vimos, a conceituação da web 2.0 começou a difundir-se por ocasião da

conferência denominada Conferência Web 2.0, organizada pela O’Reilly Media,

em outubro de 2004, em São Francisco, Estados Unidos. A idéia central do

evento foi reunir os mais importantes especialistas da internet para debater o

que, à época, funcionava ou não na rede, e o que devia ou não ser usado na

nova fase da internet. Alguns princípios foram analisados: a web como

plataforma, a inteligência coletiva e a arquitetura da participação.

A web como plataforma, de acordo com O’Reilly (2005, p.05) pode ser vista

como “um conjunto de princípios e práticas que interligam um verdadeiro

sistema solar de sites com alguns ou todos esses princípios e que estão a

distâncias variadas do centro”. A web é a plataforma em que os sites fazem o

papel dos softwares. Os softwares são uma espécie de serviço dos provedores,

funcionando por meio da internet. Isso proporciona a facilidade de vários

programas poderem se unir para formar uma plataforma de programas

(O’RELLY, 2005).

A web 2.0 é capaz de desenvolver interfaces completas e funcionais. Alguns

aplicativos web são considerados como desktops on-line, o que proporciona ao

usuário um ambiente de trabalho totalmente baseado na www, acessível em

qualquer computador conectado à internet. Outro conceito interessante da web

2.0 é o de ‘beta perpétuo’. Esse conceito pode ser entendido como o final do

ciclo de lançamento de programas, pois estes são corrigidos, alterados e

melhorados a todo o momento, pelo próprio usuário.

O site de buscas Google é um exemplo de padrão da web 2.0. Ele não trabalha

com prazos marcados para lançamento de novos softwares, mas com

aperfeiçoamentos contínuos. Não faz uso de licenças, apenas disponibiliza

serviços aos usuários, ao rodar sistemas operacionais de código aberto.

Acontece no espaço entre navegador e ferramenta de busca, e o servidor de

conteúdo de destino, como um intermediário entre o usuário e a experiência

on-line (O’REILLY, 2005).

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Mattar e Valente (2007) destacam o aperfeiçoamento contínuo da web 2.0, ao

afirmar que todo conteúdo pode ser entendido como matéria prima a ser usada

e “remixada”, expressão que considera uma palavra-chave a marcar a

tendência do surgimento de “uma sociedade de autores” (MATTAR; VALENTE,

2007, p. 85). A expressão tem a ver, de certa forma, com o uso de inteligência

coletiva, outro conceito básico da web 2.0.

No que diz respeito a este tema, O’Reilly (2005) observa que as experiências

bem sucedidas e consolidadas da web 1.0 sobreviveram na nova etapa da

web, por saber aproveitar o poder da rede em relação à inteligência coletiva. É

possível deprender que quanto mais o usuário adiciona conteúdo e trabalha

com novos sites, mais eles passam a integrar a rede, com a possibilidade de

que sejam descobertos por outro usuário. Ao interagir com tais conteúdos, esse

usuário também participa e colabora para a formação do conceito de web 2.0.

Na web 2.0, a inteligência coletiva é relevante, pois são os usuários que fazem

a diferença. Spyer (2006, p. 28) afirma:

Em sua origem, ele [o usuário] deveria distinguir sites ou aplicativos com baixo custo de desenvolvimento, em que o conteúdo surge de baixo para cima (bottom-up) a partir do relacionamento entre participantes (user generated content ou UGT), e que pode combinar as soluções e o conteúdo de mais de um site para produzir uma experiência integrada – o que no jargão tech se convencionou chamar de mash-up.

Em outras palavras, um mashup é um website ou aplicativo web que permite

ao usuário combinar os conteúdos de mais de uma fonte. Mattar e Valente

(2007, p. 88) afirma que o mashup “além de crescer exponencialmente,

diferentes formatos de conteúdo tendem a se misturar e a confundir seus

próprios limites”.

A arquitetura da participação também é um dos conceitos-chave da Web 2.0.

Segundo O’Relly (2005, p. 11) “a maioria dos servidores web apoiam-se nos

métodos de produção comunitária de código aberto, eles próprios um exemplo

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de inteligência coletiva possibilitada pela rede.” Alguns sistemas, segundo ele,

são projetados com objetivo específico de encorajar a participação.

Existem mais de cem mil projetos4 de softwares abertos na rede. Qualquer

pessoa pode adicionar um projeto, baixar e usar seu código. Os novos projetos

migram da periferia para o centro, como resultado da ação de usuários que os

fazem funcionar, em um processo de construção e utilização da inteligência

coletiva. As próprias companhias buscam agregar dados dos usuários para

gerar valor pelo uso comum do aplicativo.

Assim, as tecnologias utilizadas mostram os efeitos de rede simplesmente pelo

modo como foram projetadas. Os usuários agregam valor na medida em que

acrescentam seus próprios dados àqueles que já foram fornecidos. Quanto

maior o envolvimento dos usuários, maior o valor do aplicativo. Para a

formação da inteligência coletiva, a web 2.0 conta com seus chamados

“filhotes”, os quais proporcionam uma boa interatividade com os usuários.

2.1.1 Ferramentas da Web 2.0

São infinitas as possibilidades dos assuntos que podem ser abordados através

da web 2.0 e suas ferramentas, relacionadas abaixo.

2.1.1.1 Chats

O chat, também conhecido como sala de bate-papo, funciona como um fórum

on line, no qual os participantes conseguem se comunicar em tempo real,

dentro de um mesmo ambiente. A dinâmica de funcionamento de um chat, de

acordo com Spyer (2007, p. 77) “é parecida com a das mesas de bar, onde

muitas pessoas conhecidas ou não entre si, falam e escutam conversas

distintas simultaneamente”.

4 SorceForge.net.

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Geralmente, as conversas acontecem entre duas pessoas, no entanto é

possível que mais indivíduos participem das conversas on line. Nas salas de

bate papo da UOL5, por exemplo, é possível fazer a opção para que o diálogo

aconteça reservadamente, assim somente as pessoas envolvidas no diálogo

podem ler as mensagens.

As primeiras salas de bate papo (chats) permitiam apenas as mensagens

escritas, mas a ferramenta foi evoluindo e na web 2.0 já é possível, de acordo

com Spyer (2007, p. 40) “a publicação de imagens, de áudio e mesmo de vídeo

transmitido por webcam, recursos utilizados comercialmente para reuniões,

conferências, treinamentos e cursos à distância”.

2.1.1.2 Comunicadores Instantâneos

O conceito do comunicador instantâneo assemelha-se ao de um e-mail, no qual

ambos os participantes estão on line. Ele permite que o usuário converse em

tempo real com uma ou mais pessoas, fornecendo informações sobre sua

presença na rede: se está disponível, ou ocupado, ou mesmo ausente.

Os programas para comunicação instantâneas mais populares atualmente são

o Qnest, MSN Messenger, AOL Instant Messenger, Yahoo!, Skype, Google

Talk, Net Messenger Service, Jabber, QQ, iChat e ICQ (SPYER, 2007). No

Brasil, o comunicador instantâneo mais conhecido é o messenger (MSN).

Messenger, no entanto, é o nome do produto que a Microsoft lançou para essa

finalidade.

5 Universo on line

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2.1.1.3 Fóruns e listas de discussâo

Os fóruns e as listas de discussão são ferramentas que permitem a

participação e a colaboração, além de organizar um conteúdo que deixem as

discussões em evidência. Eles dispensam a presença simultânea de quem

recebe a mensagem, para que a comunicação se estabeleça. Além disso,

possuem muitos nomes, tais como: mural de discussão, fórum de discussão,

web fóruns, discussion boards ou simplesmente fóruns. (SPYER, 2007).

O fórum cumpre a função de comunicação grupal, pois facilita que a audiência

troque pontos de vista e opiniões a partir dos anúncios colocados. De acordo

com Spyer (2007, p.48) “o mural estabelece hierarquias para ordenar a

informação. Existe a parte superior definida pelos responsáveis pela

ferramenta, e as áreas inferiores onde os participantes se encontram para

trocar mensagens”.

Colocar uma mensagem em um fórum é como escrever um e-mail; existem os

campos: título, autor e texto. Mas, de acordo com Spyer (2007, p. 49) “ao invés

dessa informação ser transmitida para a caixa postal de pessoas previamente

definidas, a discussão do mural fica disponível à comunidade de usuários”.

Já as listas de discussão são facilitadoras da colaboração on line, e utilizam o

e-mail como fonte de distribuição. A mensagem parte de um lugar para muitos

outros. A lista funciona como um refletor de mensagens eletrônicas, que geram

um endereço de e-mail para cada grupo criado, permitindo aos participantes

mandar mensagens para os integrantes da lista de discussão (SPYER, 2007).

Existem serviços gratuitos para a criação de listas ou grupos, por exemplo:

Yahoo!, Google e Hotmail, que permitem ao criador definir como o refletor irá

funcionar. Pode ser da seguinte forma: somente o moderador tem permissão

de enviar conteúdo, ou pode ser aberta, o que autoriza que qualquer

participante envie emails.

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2.1.1.4 Wikipédia A ferramenta wiki gera páginas na internet, as quais podem ser alteradas de

forma simples e rápida, diretamente pelo browser, representando uma solução

eficiente para a escrita colaborativa. ‘Wiki’ vem da expressão havaiana ‘wiki

wiki’, que em português significa ‘rapidinho’, algo fácil de ser feito, sem

barreiras ou complicações (SPEYER, 2007).

O maior wiki em funcionamento hoje é www.wikipedia.org, que utiliza o

programa MediaWiki (SPYER, 2007). Apesar de sua aparente eficiência, no

entanto, pairam dúvidas em relação a este ambiente, pois não há garantia de

sua credibilidade, considerando o fato de o conteúdo ser gerado pelos próprios

usuários. Atualmente, existem inúmeras ferramentas disponíveis para a criação

e o gerenciamento dos ambientes wiki, dentre os quais: Wikispaces, Wetpaint,

Mídia Wiki (MATTAR; VALENTE, 2007).

2.1.1.5 You tube

É um site que permite que seus usuários carreguem, assistam e compartilhem

vídeos em formato digital. Foi fundado em fevereiro de 2005, por três pioneiros

do Paypal, um famoso site da internet ligado a gerenciamento de doações.

Utiliza o formato Macromedia Flash, para disponibilizar o conteúdo.

No Brasil, é o site de vídeos mais popular, devido à possibilidade de hospedar

qualquer material (exceto o protegido por copyright). Hospeda uma grande

variedade de filmes, video-clipes e materiais caseiros. O material encontrado

no YouTube pode ser disponibilizado em blogs e sites pessoais, através de

mecanismos (APIs) desenvolvidos pelo programa.

Além do You tube, existem outras ferramentas semelhantes, como o Google

Vídeo, que permite download de quase todos os vídeos, ou o Teacher Tube,

voltado para vídeos instrucionais (MATTAR; VALENTE, 2007).

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2.1.1.6 Agregadores de conteúdo

Do inglês content syndication, significa utilizar o serviço de uma empresa para

distribuir o produto de um autor para diversos meios de comunicação. Ou seja,

trata-se de uma reunião comercial de produtos editoriais para que sejam

divulgados em diversos locais. Isso pode ser efetivado com a utilização de um

agregador.

O internauta pode assinar o conteúdo dos sites preferidos e, sempre que

acessar a rede, seu computador importa as atualizações, montando um

informativo sob medida. Mas para que a distribuição funcione, é necessário ter

um disponibilizador de conteúdo, também chamado de feed e um arquivo para

fornecimento de informação, que lista uma linguagem de sistema o conteúdo

oferecido pelo site (SPYER, 2007).

2.1.1.7 Folksonomia

De folk (povo) e taxonomia (ciência ou técnica de classificação), a expressão é

utilizada para designar um sistema de etiquetas eletrônicas que permite aos

integrantes de comunidades categorizarem o conteúdo compartilhado. De

acordo com Spyer (2007, p.66) “funciona a partir de ferramentas que dão às

comunidades o poder de indexar o conteúdo que consideram relevantes na

web”.

Podemos pensar em folksonomia como a classificação direta dos recursos da

internet pelos próprios usuários, geralmente dentro de ambientes sociais, com

a utilização de etiquetas digitais (tags). Porém, ela depende da participação

maciça dos usuários e está relacionada à utilização de uma ferramenta que

exija pouco esforço e renda benefícios. O sistema convida o internauta a

designar o que armazena por meio de etiquetas digitais (tags), palavras-chaves

dos assuntos relacionados àquela informação. É de Spyer (2007) um exemplo:

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as tags para o site do The New York Times podem ser ‘jornal’, ‘mídia’, ‘diário’,

‘notícias’ e ‘nova york’.

2.1.1.8 Redes Sociais

As redes sociais propiciadas pela web 2.0 são uma contribuição muito

importante para o fortalecimento da inteligência coletiva. O potencial das redes

de relacionamento para a construção da inteligência coletiva é uma das marcas

da web 2.0. Além de facilitararem a colaboração e a participação, as redes

sociais favorecem a formação de grupos de estudo e a formação de grupos por

afinidades.

Os sites de relacionamento deixaram de ser apenas sites onde as pessoas se

cadastravam com as suas características com o intuito de “encontrar alguém”.

De acordo com Spyer (2007, p.71) “esse conceito evoluiu para atender à

demanda por relacionamento em outros níveis como o profissional e o social,

ou ainda por temas de interesse específico”.

As novas redes sociais oferecem uma forma para as pessoas conseguirem

reconstruir, pela internet, sua rede de familiares, amigos e conhecidos. O

programa funciona como uma agenda de endereços, na qual cada usuário cria

seu perfil, preenchendo um formulário e a partir daí, procura conhecidos que

também estejam cadastrados no sistema.

A rede social mais conhecida no Brasil é o Orkut e, no exterior, o MySpace,

que oferece uma interface com vários conteúdos como perfis, blogs, MP3,

vídeos e fotos. Existem outras redes de relacionamento, como o Facebbok, o

Elgg – rede social voltada para a educação e que oferece a cada aluno o seu

próprio blog, seu repositório de arquivos, um profile on-line e um leitor de RSS,

com graus diferenciados de privacidade. Há também o Linkeln, rede voltada

para contatos profissionais.

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2.1.1.9 Second Life

Existem algumas denominações para o Second Life, dentre elas, realidade

virtual, mundo cibernético ou ambiente virtual. Mas, conforme os especialistas

em Second Life, Mattar e Valente (2007, p.155), trata-se de “um conjunto de

tecnologias que, quando combinadas, fornecem uma interface para um mundo

tridimensional gerado por computador, de tal forma que o usuário acredita estar

realmente nesse mundo, e intuitivamente passa a interagir com esse ambiente

imersivo e dinâmico”.

A principal característica do Second Life é a sua interface tridimensional, pois

propicia viver-se uma “realidade virtual”. Existe inclusive um novo termo

utilizado para definir essa interface, o metaverso, sinônimo de universo digital

(MATTAR; VALENTE, 2007). O Second Life é a evolução do jogo The Sins. O

criador dessa ferramenta é Philip Rosedale, dono da empresa Linden Lab. A

princípio, a idéia era relacionar muitas pessoas do mundo todo, através de uma

interface semelhante à do The Sins (MATTAR; VALENTE, 2007).

Essa rede social difere do Orkut, pois além de possuir o caráter tridimensional,

as pessoas também podem criar um ‘avatar’, que é a representação gráfica do

residente, nome designado aos freqüentadores desse ambiente. Existem duas

variáveis que fizeram a diferença no Second Life. Uma delas é o processo de

criação de objetos e outra é a forma de negociação no mundo virtual. Até

mesmo grandes empresas já realizaram experiências com a ferramenta:

recentemente, a Petrobrás realizou uma reunião profissional, agregando seus

funcionários distribuídos pelo Brasil.

Neste capítulo abordamos a internet, sua evolução e diferenças com relação à

web 2.0; o conceito e a história a respeito do termo também são expostos.

Acreditamos que as ferramentas proporcionadas pela web 2.0 e aqui descritas

– tais como chats, comunicadores instantâneos, fóruns e listas de discussão,

entre outras, conduzem o usuário a otimizar a interatividade, transformando-se

em alicerces para o desenvolvimento de sociedades em rede e inteligência

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coletiva, esta última, especialmente, consubstanciada em websites pessoais,

os blogs, como veremos no próximo capítulo.

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Capítulo 3 Blogs

De origem norte-americana, a palavra weblog, utilizada para designar um site

que permite a construção de um diário pessoal na rede, surgiu da expressão

“We blog” (nós blogamos) e representa a junção de web + log (diário na rede).

Ordunã (2007, p. 2) remete a uma definição clara, na qual coloca que: Weblogs ou blogs são páginas pessoais da web que, à semelhança de diários on-line, tornaram possível a todos publicar na rede. Por ser a publicação on-line centralizada no usuário e nos conteúdos, e não na programação ou no design gráfico, os blogs multiplicaram o leque de ações dos internautas, de levar para a rede conteúdos próprios sem intermediários, atualizados e de grande visibilidade para os pesquisadores.

O blog é uma página de internet fácil de implementar e colocar no ar. Possui

uma interface amigável e simples de usar, o que facilita o uso para qualquer

pessoa que desconheça programação de computador. De acordo com Cipriani

(2006, p. 30), um blog é “um diário virtual, um palanque aberto, um espaço

colaborativo, um ambiente para discutir política, uma vitrine de notícias super-

recentes, uma coleção de links, seus pensamentos, pessoas, ou aquilo que

você desejar”.

3.1 História e estrutura do blog

No início da web, existia uma série de obstáculos que se interpunham entre o

usuário médio e a publicação de conteúdos on line: a codificação das páginas

através de editores de HTML, sua composição mediante os programas de

design gráfico e sua publicação em servidores web, com aplicações de

transferência de arquivos (FTP). Tanto os serviços de edição quanto os de

publicação de blogs, como Blogger, Blogia, Blogalia e Bitacorae, resolvem de

modo simples e intuitivo esses obstáculos técnicos e permitem que o usuário

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se concentre na tarefa de elaborar conteúdos, tornando-a tão fácil quanto o uso

de e-mails (CIPRIANI, 2006).

Considera-se que o primeiro blog tenha sido a página What’s new in ’92,

publicada por Tim-Berners Lee, a partir de janeiro de 1992, para divulgar as

novidades do projeto World Wide Web. No início de 1999, o surgimento dos

primeiros serviços de edição e publicação de blogs, como o Pita e o Blogger,

contribuíram para a popularização dos mesmos (ORDUNÃ, 2007).

Inicialmente, a base dos blogs era constituída por links com um breve

comentário, um registro de navegação na web. Hoje, surgem blogs cada vez

mais sofisticados, com mais ofertas de interatividade, hipertextualidade e

sistemas multimídia. O fato de os blogs serem interconectados por links, faz

com que os blogueiros se leiam constantemente, por meio de referências uns

aos outros, formando assim uma comunidade ou rede social (SPYER, 2007;

ORDUNÃ, 2007).

Com relação à interconecção dos blogs, Ordunã (2006, p. 22) afirma que:

O principal elemento de um blog são as anotações (posts), ordenadas segundo a cronologia inversa (com as mais recentes primeiro), em que cada uma possui um endereço URL permanente (permalink ou link permanente, o que facilita sua conexão a partir de sites externos. As histórias podem ser arquivadas cronológica (por meses e anos) e tematicamente (por categorias) e é possível ter um buscador interno para tornar sua localização mais fácil. A maior parte dos blogs traz uma seleção de conexões (blogroll) que reúne os sites lidos ou pelo menos recomendados pelo autor e alguma referência pessoal (about) que, com o título e a descrição do blog, ajudam o leitor a situá-la.

A história registra que o primeiro servidor voltado à criação de blogs foi um

sistema chamado Pitas, inaugurado em julho de 1999 por seu criador, o

canadense Andrew Smales. Sua principal característica é a estabilidade. O

registro de quedas do servidor é mínimo, sua página é bem simples, tanto na

parte inicial quanto na de acessos, e o número de usuários totais e ativos não é

conhecido. Pela história oficial, ele é considerado o primeiro serviço que

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possibitou a criação dos blogs. No entanto, Ordunã (2007) ressalta que outro

serviço, o LiveJournal, havia surgido quatro meses antes.

O autor considera que o Livejournal foi o primeiro serviço voltado

exclusivamente para blogs. Foi criado por Brad Fitzpatrick, americano e

estudante de ciência da computação. O principal intuito de Fitzpatric era de se

comunicar com seus amigos de Portland e Seattle em pouco tempo. A

manutenção do sistema demandou esforços que geraram a ajuda

desinteressada de voluntários para sua consolidação.

Em 27 de agosto, Fitzpatric fundou a companhia Bradfitz Inc, denominada em

agosto de 2002, Danga Interactive. Em janeiro de 2005, a Six Apart comprou a

Danga, tornando o LiveJournal sua terceira ferramenta de publicação,

juntamente com o Movable Type e Typepad (ORDUNÃ, 2007). O LiveJournal já

possuía características de um blog atual, como enquetes, fóruns, e outras

aplicações que fizeram do LiveJournal uma ferramenta social moldada.

O Blogger, um dos mais conhecidos e utilizados atualmente, foi lançado pela

Pyra Labs, em agosto de 1999, em São Francisco. Os fundadores foram

Matthew Haughey, Evan Williams, Meg Hourihan e Paul Bausch. A Pyra Labs

era uma pequena empresa de software e criou essa aplicação web para uso

interno, com o intuito de gerenciar o cotidiano da empresa (evolução dos

projetos, agenda de contatos, lista de assuntos pendentes, etc). Hoje é

conhecido como um serviço que oferece ferramentas para a publicação de

textos na internet (ORDUNÃ, 2007).

O surgimento desta ferramenta como um dos primeiros serviços com mais

acessibilidade em edição e publicação fez o panorama do meio mudar, o que

contribuiu para a popularização dos blogs (ORDUNÃ, 2007). O Blogger é um

serviço para fazer a publicação de blogs de forma simplificada. O usuário não

tem que escrever nenhum código, ou preocupar-se com instalação de

programas ou scripts. Assim, qualquer pessoa pode postar um conteúdo num

blog, recurso antes restrito a quem conhecesse a linguagem HTML. O não

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conhecimento dessa linguagem não impede o usuário de mudar o visual do seu

blog.

Essa facilidade em elaborar conteúdos, levou o blog a ser considerado uma

‘vedete’ dentre as ferramentas colaborativas, apesar de, no início, ter sido

frequentemente associado ao usuário adolescente. Segundo Spyer (2007, p.

52), podemos considerar que “o blog se elevou a uma condição de ferramenta

de articulação social e essa condição só emergiu no final dos anos 1990, e

começou a receber projeção a partir de 2001”. Este ano coincide com

acontecimentos importantes que marcaram a rápida evolução dos blogs, pois

serviram de ferramentas para que as pessoas expressassem suas opiniões

sobre determinados assuntos e disseminassem informações muitas vezes

subestimadas pela mídia tradicional.

Um exemplo foi o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001, nos Estados

Unidos. As pessoas estavam sedentas de informações com relação ao fato; os

blogs surgiram, então, como fonte alternativa de informação. O mesmo se

repetiu com o atentado a bomba na Inglaterra, em julho de 2005. As coberturas

alternativas realizadas por blogueiros, que exerceram o chamado ‘jornalismo

cidadão’, chegou a ameaçar o papel do jornalista profissional em relação à

produção da notícia.

Ordunã (2007) observa um aspecto que demonstra a credibilidade obtida pelos

blogs: por ocasião das eleições presidenciais norte-americanas em 2004, as

credenciais para o acompanhamento jornalístico das convenções de

republicanos e democratas não foi distribuída apenas a jornalistas

profissionais, mas também a blogueiros que pretendiam acompanhar o

processo. Atualmente, é inegável o papel dos blogs na divulgação e formação

de opiniões, além de serem catalisadores de notícias e de fatos importantes.

O agregador de blogs mais antigo em atividade é o Technorati. Com este site

de monitoramento é possível verificar um ranking da blogsfera mundial por links

ou por favoritos. Ele permite checar quais músicas, vídeos, filmes, games, dvds

e notícias aparecem como mais ´linkados´ nas últimas 48 horas. Também é

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possível saber quem visitou seu blog ou enviou um post específico, além de

pesquisar posts e blogs sobre quaisquer assuntos. No Brasil, serviço

semelhante é oferecido pelo BlogBlogs, que fornece o ranking por links e por

favoritos, com a vantagem de aparecem apenas os blogs brasileiros.

O BlogBlogs e o Technorati são fontes de pesquisa para entender a

blogosfera e servem como termômetro de popularidade. Até o ano de 2007, a

blogosfera era composta por aproximadamente 37 milhões de blogs, de acordo

com dados do Technorati. Segundo site, o total de blogs dobra a cada cinco

meses, tendo já catalogado mais de 27 milhões de blogs. Desse total, após três

meses de operação, 13,7 milhões de blogs se mantêm ativos e a grande

maioria desse conteúdo é composta por artigos pessoais e diários.

Para a melhor compreensão desse fenômeno, estudaremos a blogosfera.

3.2 Blogosfera

A blogosfera pode ser definida como o universo e a cultura dos blogs. É um

sistema complexo, autoregulado, dinâmico e especialmente perceptível à

informação que produz os meios tradicionais de mídia. Funciona através de

links a sites externos a que remete o usuário e dos links e comentários que

este recebe.

O blogueiro participa por meio da familiaridade que adquire com seu grupo de

referência. Devido a essa familiaridade e aos links, geralmente o conteúdo

postado nos blogs passa por uma observação e por julgamentos constantes,

colaborando para a formação e para o aperfeiçoamento dos conteúdos

(ORDUNÃ, 2007).

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Ordunã (2007, p. 14) define atribuições:

A blogosfera exerce funções; funciona como um filtro social de

opiniões e notícias, um sistema de alerta prévio para as mídias, um sistema de controle e de crítica dos meios de comunicação, um fato de mobilização social, um novo canal para as fontes convertidas em mídias, um novo formato aplicável às versões eletrônicas dos meios tradicionais para as coberturas extensas, catástrofes e acidentes, um enorme arquivo que opera como memória da web, o alinhamento privilegiado e sua alta densidade de links de entrada e de saída e, finalmente, a grande conversação de múltiplas comunidade cujo objetivo comum é o conhecimento compartilhado.

3.3 O Blog hoje Muitos autores como Hewitt (2006) e Spyer (2007) observam que há uma

mudança nos hábitos das pessoas no que diz respeito à obtenção de

informação. O fato pode ser atribuído a diferentes contextos que se formavam

e se seguiam a cada nova descoberta no campo da informação. De acordo

com Hewitt (2006, p.14), “isso aconteceu muitas vezes antes: com o

aparecimento da imprensa, depois com o telégrafo, o telefone, o rádio, a

televisão e a internet”. Desta vez, com a blogosfera. Houve um aumento na

quantidade de blogs, a partir dos ataques terroristas de 11 de setembro de

2001 (SPYER, 2007).

A atual importância dos blogs em relação a outros meios de comunicação tem

menos a ver com o número de visitas e quantidade de comentários por história

e mais com a sua influência potencial, ou seja, a média ponderada de links de

entrada e de saída que lhes confere alta visibilidade diante dos buscadores e

da blogosfera (ORDUNÃ, 2007). Mas da mesma forma que na televisão ou no

rádio existem programas ruins, na blogosfera esse efeito se repete. O efeito

inverso também ocorre: há blogs relevantes e famosos, com destaque no

cenário mundial.

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Existem pessoas de opinião que continuamente geram material interessante,

algumas delas já se tornaram celebridades, como é o caso dos blogueiros da

revista época, que todos os dias oferecem notícias novas

(http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,15293,00.html) em seus blogs. No

ambiente “superpopuloso” da blogosfera destacar-se é o desafio. Dois dos

mais famosos blogs do mundo tem mais pontos em comum além do fato de

terem sido criados por mulheres e originalmente serem postados em espanhol:

eles ganharam expressão mundial e chegam hoje ao requinte de oferecer

tradução em inúmeras línguas.

Criado em abril de 2007 e Prêmio Ortega Y Gasset de Jornalismo Digital 2008

(Espanha),o blog Generación Y (www.desdecuba.com/genereciony), da cubana

Yoani Sánchez, concentra-se em um tema: Cuba. Além da língua materna da

autora, o blog pode ser lido em inglês, francês, italiano e alemão. O Generación

Y representa a quebra de poderosos paradigmas: seu conteúdo foge ao

controle do Estado, que sempre manteve a informação subjugada; além de

demonstrar que é possível acabar com o monopólio da informação na área

jornalística.

Outra blogueira que virou uma “cibercelebridade” é a espanhola Maria Amélia

López, de 95 anos. Seu blog, o A mis 95 años (www.amis95.blogspot.com),

recebeu o prêmio Bobs (The Best of Blogs) concedido pela Deutsche Welle em

2007 de melhor blog em espanhol e já foi acessado por 1,2 milhão de

internautas nos primeiros 18 meses, desde sua criação em dezembro de 2006.

O blog oferece versão em 10 outros idiomas a um universo de 60 mil leitores.

Maria faz reflexões sobre a vida e dá conselhos aos jovens. Do ponto de vista

de uso de sistemas multimídia, o blog de Maria Amélia é mais avançado que o

de Sánchez, que é “estático”, salvo pela interatividade nos comentários. O A

mis 95 años oferece também arquivo de áudio e vídeos das entrevistas da

autora.

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3.4 Criação do blog Como vimos nos capítulos anteriores a Web 2.0 facilitou o acesso à criação

dos blogs, pois dispensa o conhecimento das linguagens de programação

como HTML, PHP, SQL, ou qualquer outra relacionada com páginas web e

banco de dados. A abordagem aqui focará a alimentação de um blog e os

aspectos técnicos para sua criação.

O primeiro passo para a construção de um blog é procurar as ferramentas mais

adequadas e verificar quais as maneiras de alojá-lo na internet. Existem duas

formas para hospedagem ou alojamento dos blogs:

- Blogs em serviços de hospedagem específicos, nos quais o blog fica

hospedado em servidores, podendo este serviço ser pago ou gratuito. Toda a

parte técnica de desenvolvimento do software do blog e o banco de dados

ficam sob responsabilidade do provedor.

- Blogs em servidores próprios ou alugados, nos quais os blogs ficam

hospedados em um servidor web da empresa (que pode ser propriedade dela

ou então alugado para esse fim). Porém, além do servidor, é necessário

possuir um software (script) de blogs instalado. O script pode ser gratuito ou

pago e pode ser chamado também de CMS (Content Management System) ou

de plataforma de publicação (CIPRIANI, 2006).

3.4.1 CMS – Software para Blogs CMS é a sigla de Sistema de Gerenciamento de Conteúdo. É uma ferramenta

que permite ao usuário gerar, de maneira dinâmica, os elementos que fazem

parte de um site, desde a criação de páginas, a redação, o design, os arquivos,

até as licenças. Conforme Ordunã (2006), as empresas que fazem parte dessa

categoria dedicam-se a desenvolver o software que gerencia os blogs, com

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ferramentas baseadas na web, as quais os usuários utilizam e, em poucos

minutos, chegam a um blog pronto e gratuito.

O ano de 1999, com o surgimento dos primeiros serviços específicos para

blogs baseados na fórmula CMS e hospedagem gratuita, foi um marco. A partir

daí, qualquer pessoa contou com a possibilidade de ter um blog sem precisar

conhecer a linguagem de programação ou softwares mais elaborados para o

desenvolvimento de sites como o Dreamweaver ou o Front Page. Hoje, basta

ter conhecimento básico da internet.

A ferramenta Blogger destaca-se como um serviço para fazer a publicação de

blogs mais facilmente. O usuário não precisa escrever código ou preocupar-se

com instalação de programas em servidores ou scripts, além de permitir que o

usuário mude o visual do seu blog. O Blogger permite a hospedagem de blogs

em seu BlogSpot, que é o servidor do usuário via FTP.

O Blogger apresenta páginas mais bem apresentadas do que seus primeiros

concorrentes, como a opção de exportar o blog para um domínio e a

simplicidade das telas iniciais. Problemas como interrupções frequentes no

servidor foram solucionados quando o Google entrou em cena, adquirindo o

negócio em 2002 (ORDUNÃ, 2007). Com a entrada do Google, o Blogger

implantou o sistema de comentários e um perfil público de cada autor,

socializando a interação da ferramenta, além de páginas individuais para cada

post.

Seu concorrente mais direto hoje é o Wordpress, um sistema de gerência de

conteúdos na web, escrito em PHP e com banco de dados em MySQL,

especialmente para a criação de blogs. Foi criado a partir do b2/cafelog, por

Ryan Borem e Matthew Mullenweg. É distribuído sob a GNU (General Public

License) com o objetivo de criar um sistema operacional totalmente livre, o qual

qualquer pessoa pode utilizar e distribuir sem ter que pagar pelo uso

(ORDUNÃ, 2007). Normalmente, as soluções prontas para instalação são

bastante fáceis de configurar, porque fazem quase tudo automaticamente para

o usuário.

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3.5 Principais Funcionalidades Para a criação de um blog é necessário que conheçamos suas principais

funcionalidades. Cipriani (2006) nos apresenta algumas delas:

- Comentários: Todo blog deve ter a abertura de um link para comentários, no

final do post. É por intermédio desse link que o leitor poderá interagir com o

autor. Inclusive, em algumas soluções, existe a opção de moderação dos

comentários, impedindo, dessa forma, que seja colocado algum comentário

indesejado;

- Categorias: Cada post realizado deve ser classificado dentro de uma

categoria, para que o leitor ache a informação que procura;

- Feeds: O feeds ou Atm são importantes para que seus leitores possam ter

acesso com facilidade aos posts e lê-los no software agregador;

- Lista de links: É uma lista de links para blogs que o autor acompanha e

recomenda;

- Layout: Algumas plataformas permitem alterar a aparência do blog. As

empresas de hospedagem podem liberar o uso de templates, os quais podem

ser encontrados na própria ferramenta;

- Calendário: Mostram os dias do mês corrente e os dias em que ocorreram

posts;

- Arquivo: Por meio de links, é possível navegar por todos os post que

ocorreram.

3.6 Tipos de blogs

Os blogs se dividem em Pessoal e Coorporativo. Os pessoais são de uso

individual, algumas vezes utilizados como diários ou como veículo de

informação, de acordo com o gosto pessoal e a profissão do blogueiro. Já os

blogs corporativos são usados como ferramenta de marketing por determinada

empresa ou utilizados por seus membros para escrever sobre a rotina da

organização, o lançamento de novos produtos, dentre outros assuntos

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relacionados à empresa. É também um canal de comunicação com os clientes.

Ter um blog significa, para a empresa, proximidade com clientes, futuros

clientes, parceiro de trabalho e fornecedores. (CIPRIANI, 2007)

3.6.1 Blog Pessoal

Pela simplicidade, custo zero e uma interface amigável, qualquer pessoa com

conhecimentos mínimos de web pode colocar um blog no ar. Os assuntos que

podem ser abordados são infinitos e dependem da criatidade do blogueiro.

Na blogosfera existem blogs relevantes e famosos e há muitas pessoas que

continuamente geram material interessante. De acordo com Cipriani (2006,

p.30) há “celebridades, como é o caso dos blogueiros do diário de tecnologia

Boing Boing (www.boingbloing.net): a opinião deles faz diferença e causa

impacto no cotidiano de milhares de pessoas que acompanham os blogs todos

os dias”.

Toda essa facilidade e interatividade possibilita que uma pessoa comum, em

pouco tempo, vire uma celebridade; basta a idéia ser criativa que os blogueiros

fazem o resto pelos links e com rapidez na troca de informações. A tabela 3

apresenta alguns exemplos de blogs pessoais de sucesso no Brasil.

Tabela 3: Blogs pessoais de sucesso no Brasil NOME DO BLOG TEMA BLOGUEIRO Jesus, me chicoteia Uma paródia da Bíblia Marco Aurélio Santos Kibe Loco Humor Antonio Tabet Cocadaboa Humor negro Wagner Martins Interney Tecnologia/Variedades Edney Sousa Querido Leitor Notícias/Variedades Rosana Hermann Pensar enlouquece Atualidades/Comportamento Alexandre Inagaki Blog do Noblat Política Ricardo Noblat Blog do Juca Esportes Juca Kfouri

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56

3.6.2 Blog Corporativo Os blogs surgiram, no cenário empresarial, para cobrir algumas funções melhor

do que outros meios tradicionais. Também conhecido como Blog de Negócios,

o Blog Corporativo, segundo Cipriani (2006, p.33), representa uma “otimização

dos processos e racionalização de custos, uma campanha de marketing

eficiente, o envolvimento de uma comunidade em seus planos estratégicos, a

satisfação das dúvidas dos clientes, prestação de suporte”, entre outras

funções estratégicas, contando com um diferencial competitivo em relação à

concorrência.

Por ter como característica o poder de comunicação bidirecional, o blog pode

ser considerado um canal de comunicação veloz nas interações, visto que

possui uma leitura agradável e cronológica, é fácil de manusear, custa pouco,

tem navegação simples e espaço para os comentários, disponibiliza a troca de

links, demonstra conhecimento e transparência da empresa e ainda permite a

criação de uma comunidade (CIPRIANI, 2006).

Cipriani (2006) destaca diferença com relação ao site tradicional da empresa,

que é, antes, uma vitrine, com informações catalogadas como uma biblioteca,

em que o cliente acessa o conteúdo. Já no blog é diferente, o cliente pode

interagir com a empresa, colocando seu ponto de vista e obtendo uma resposta

rápida. Geralmente, o blog caminha paralelo ao site. As principais funções de

um blog corporativo são levar cliente e funcionários ‘para dentro’ da empresa e

consituir-se em importante ferramenta na construção (e manutenção) de uma

identidade para sua marca.

Um dos primeiros CEOS a postarem textos em blogs dentro de empresas foi

Paul Otellini, da Intel, em 2005. No Brasil, Emilson Alonso, presidente executivo

do HSBC, escreve artigos semanalmente em seu blog, desde 2006. De acordo

com Cipriani (2006, p. 49) “na primeira hora de vida, seu blog recebeu um

comentário novo por minuto”. Os funcionários do banco estão interagindo e

dando sugestões diretamente ao presidente.

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57

Existem inúmeros casos de sucesso de blogs escritos pelos CEOS. Um dos

mais famoso é o blog http://fastlane.gmblogs.com da General Motors, no qual o

vice-presidente, Bob Lutz, escreve sobre aspectos da GM em relação ao

mercado e a ela mesma. Ele chegou a postar o protótipo de um novo modelo

de automóvel, o que repercutiu em muitos comentários e elogios. O diretor

sênior do McDonald’s Bog Langert, o presidente da Sun Microsystem Jonathan

Schwartez, o vice-presidente da IBM Bot Sutor e o vice-presidente da HP

também possuem blogs (CIPRIANI, 2006).

Além dos blogs escritos pelos CEOS, existem os Blogs que podem ser criados

pelo próprio departamento e recurso humanos das empresas, com o intuito de

disseminar as notícias de interesse de seus colaboradores. Há também os

blogs criados pelos colaboradores, com o intuito de passar credibilidade e

confiança para os clientes, com o endosso dos próprios funcionários. Cipriani

(2007) oferece o exemplo da Google, que mantém seu blog oficial escrito pelos

funcionários no blog (http://googleblog.blogspot.com), com novidades das mais

recentes invenções da equipe de engenharia e textos personalizados dos

empregados.

No Brasil, o blog da Tecnisa é o primeiro blog corporativo do mercado

imobiliário. Ele é mantido pela construtora Tecnisa como meio de comunicação

e relacionamento com seus stakeholders.

Figura 2: Imagem do blog da Tecnisa

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Podemos perceber que o blog corporativo é uma ferramenta que auxilia as

empresas no processo de aproximação com os clientes e gera uma maior

credibilidade entre a empresa e os clientes.

3.7 O blog e a web 2.0

A interatividade, a hipermídia e a própria web 2.0, configuram o potencial

comunicativo da rede e caracterizam o modo como os novos agentes da

comunicação, no caso os blogs, se apropriam da web. Os blogs são um meio

que funciona sem um conhecimento profundo da linguagem Html, por isso, tem

como característica principal uma resposta rápida, o que contribui para a

disseminação da informação.

A informalidade, a espontaneidade e o caráter pessoal fazem parte do estilo

dominante dos blogs. Existem assuntos diversos sendo tratados nos blogs,

desde íntimos a outros de caráter mais relevante, como política, educação,

aquecimento global, entre outros. O caráter participativo e colaborativo da web

2.0, proporciona às pessoas uma liberdade para mostrar suas qualidades, sem

precisar passar por autorização de outra pessoa. Isso resultou numa nova

noção, uma noção de inteligência coletiva.

Neste capítulo foi possível compreender como os blogs surgiram, sua

funcionalidade e papel no ambiente virtual. Como veremos a seguir, elementos

da web 2.0 e do Design de Hipermídia se fazem presentes nos blogs

corporativos educacionais. Para além da facilidade de uso e baixo custo, a

interatividade oferecida é um fator crucial, pois o exercício de ‘blogar’ permite a

existência de uma relação contínua com diversos públicos, inclusive os que,

decepcionados com as mídias tradicionais, buscam algo mais para seu

enriquecimento pessoal.

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Capítulo 4 A Pesquisa de Campo

Para responder a questão de pesquisa - o Design de Hipermídia é utilizado na

construção dos blogs corporativos das instituições de ensino? - foi realizada

uma pesquisa quantitativa que abrangeu o universo dos blogs corporativos

educacionais existentes no país no ano de 2008, segundo Fábio Cipriani, que

identificou 13 blogs enquadrados nesta categoria.

São eles: o blog do Colégio Regina Mundi (SP); o blog do Colégio dos Santos

Anjos (MG), da Faculdade Campos Elísios (SP); da FAMA - Faculdade

Machado de Assis (RJ); da Escola Sol (SP); da ESAB - Escola Superior Aberta

do Brasil (SP); da ETEC Júlio de Mesquita - Nutrição (SP); do Objetivo (SP); da

Unijuí – Universidade de Ijuí (RS); da Uniminas - União Educacional Minas

Gerais (MG), da Unisul/UnisulBusiness – Universidade do Sul de Santa

Catarina(SC), da Unit - Universidade Tiradentes (SE) e da Wizard Idiomas

(SP). Nestes blogs foram observadas a incidência das seguintes

características: hibridismo, hipertextualidade, navegabilidade, não-linearidade

e interatividade (características do Design de Hipermídia, já discutidas no

capítulo 2.

De acordo com a pesquisa realizada chegamos aos resultados apontados na

Figura 3 e Tabela 4:

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60

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%

100,00%

hibridismohipertextualidadenão-linearidadeinteratividadenavegabilidade

Figura 3: Gráfico da porcentagem de cada característica identificada

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61

Tabela 4: Características identificadas nos blogs corporativos educacionais BLOGS Hibridismo Hipertextualidade Não-

LinearidadeInteratividade Navegabilidade

Colégio Regina Mundi

X

X

Colégio Santos Anjos

X

X

X

X

X

Faculdades Campos Elíseos

X

X

Faculdade Machado de Assis

X

X

Escola Sol

X

X

ETC Júlio Mesquita

X

X

Objetivo

X

X

Unijuí X

X

X

Uniminas X

X

Unisul X

X

X

Universidade Tiradentes

X

X

X

X

Wizard Idiomas

X

X

Total 4 3 3 12 13 Porcentagem 30,76% 23,07% 23,07% 92,30% 100% 4.1 As características identificadas nos blogs 4.1.1 Colégio Regina Mundi - São Paulo (SP) http://blog.colegioreginamundi.com.br/ ( ) Hibridismo ( ) Hipertextualidade ( ) Não Linearidade ( x ) Interatividade ( x ) Navegabilidade

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Figura 4: Imagem do blog do Colégio Regina Mundi

Figura 5: Imagem da característica interativa do blog do Colégio Regina Mundi

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Figura 6: Imagem da navegabilidade do blog do Colégio Regina Mundi

Figura 7: Imagem da navegabilidade do blog do Colégio Regina Mundi Comentário: O blog do Colégio Regina Mundi, intitulado Blog da Diretora, é

alimentado pela diretora do colégio, possui textos relacionados à educação,

família e sociedade. Em sua interface podemos observar que das

características do design de hipermídia já conceituadas nesse estudo são

utilizadas somente a interatividade e a navegabilidade.

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A interatividade é viabilizada por meio de comentários dos leitores e a

navegabilidade está resumida ao espaço dos artigos do blog e a lista de sites.

Não foi identificada a utilização de outras mídias, tais como imagens, sons,

vídeos que caracterizam o hibridismo. A hipertextualidade e a não-linearidade

também não foram detectadas, pois o blog é composto de textos longos, que

não proporcionam aos leitores a mobilidade e a flexibilidade de partir para

outros textos.

4.1.2 Colégio dos Santos Anjos – Varginha (MG)

http://blog.colegiosantosanjos.com.br/

( x ) Hibridismo

( x ) Hipertextualidade

( x ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

Figura 8: Imagem do blog do Colégio Santos Anjos

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Figura 9: Imagem da característica Hipertextual do blog do Colégio Santos Anjos

Figura 10: Imagem da característica não-linear do blog do Colégio Santos Anjos

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Figura 11: Imagem da característica interativa do blog do Colégio Santos Anjos

Figura 12: Imagem da característica da navegabilidade do blog do Colégio Santos Anjos

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Figura 13: Imagem da característica híbrida do blog do Colégio Santos Anjos Comentário: O Blógui SA, blog do Colégio dos Santos Anjos, possui textos

relacionados aos assuntos do próprio colégio, como acesso aos arquivos de

fotos dos eventos realizados, avisos de acontecimentos com datas de provas e

calendários, além de textos e vídeos disponibilizados pela comunidade do

colégio. Em sua interface, podemos observar que todas as características do

Design de Hipermídia já conceituadas nesse estudo foram utilizadas em sua

construção.

A característica interatividade não é utilizada com todo potencial, uma vez que

os comentários só podem ser feitos a partir de login e senha atribuídos ao

usuário. A navegabilidade foi observada a partir de um link de busca aos

espaços dos artigos do blog e à lista de sites.

Existe a utilização de outras mídias, como um vídeo extraído do youtube,

caracterizando o hibridismo. A hipertextualidade e a não linearidade foram

detectadas dentro dos posts, onde é observado o “clique aqui para acessar”, o

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68

que proporciona aos leitores a mobilidade e a flexibilidade na busca de outros

textos.

4.1.3 Faculdade Campos Elísios - São Paulo (SP)

http://blog.faesp.br/

( ) Hibridismo

( ) Hipertextualidade

( ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

Figura 14: Imagem do Blog da Faculdade Campos Elísios

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Figura 15: Imagem da característica interativa do blog da Faculdade Campos Elísios

Figura 16: Imagem da navegabilidade do blog da Faculdade Campos Elísios

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Figura 17: Imagem da navegabilidade do blog da Faculdade Campos Elísios

Comentário: O blog da Faculdade Campos Elisios, Blog News, possui textos

com os últimos acontecimentos e notícias relacionados à faculdade. Em sua

interface, podemos observar que das características do Design de Hipermídia

já conceituadas nesse estudo são utilizadas somente a interatividade e a

navegabilidade. A interatividade é oferecida por meio de comentários dos

leitores a partir de um login e uma senha, o que a limita.

A navegabilidade foi observada a partir do link de busca, acesso rápido, e aos

arquivos dos posts. Não foi identificada a utilização de outras mídias, tais como

imagens, sons, vídeos que caracterizam o hibridismo. A hipertextualidade e a

não-linearidade também não foram detectadas, pois o blog é composto de

textos longos que não proporcionam aos leitores a mobilidade e a flexibilidade

de partir para outros textos.

4.1.4 FAMA - Faculdade Machado de Assis - Rio de Janeiro (RJ)

http://blog.famanet.br/

( ) Hibridismo

( ) Hipertextualidade

( ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

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( x ) Navegabilidade

Figura 18: Imagem do Blog da Faculdade Machado de Assis

Figura 19: Imagem da característica interativa do blog da Faculdade Machado de

Assis

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Figura 20: Imagem da navegabilidade do blog da Faculdade Machado de Assis

Figura 21: Imagem da navegabilidade do blog da Faculdade Machado de Assis

Comentário: O blog da Faculdade Machado de Assis possui textos

relacionados com os últimos acontecimentos e notícias da faculdade.

Observou-se que das características do design hipermídia, já conceituadas

nesse estudo, é utilizada somente a interatividade e a navegabilidade. A

interatividade é possibilitada por meio de comentários dos leitores a partir de

um login e uma senha o que impede que ela seja utilizada em toda a sua

potência.

A navegabilidade foi observada a partir do link de busca, aos arquivos dos

posts e as categorias de blogs relacionados. Não foi identificada a utilização de

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73

outras mídias, tais como imagens, sons, vídeos que caracterizam o hibridismo,

assim como a não-linearidade. A hipertextualidade foi observada uma única

vez, facilitando o acesso ao conteúdo de algumas palestras. O blog apresenta

textos longos, que não proporcionam aos leitores a mobilidade e a flexibilidade

de se conectarem a outros textos.

4.1.5 Escola Sol - São Paulo (SP)

http://blog.escolasol.com.br/

( ) Hibridismo

( ) Hipertextualidade

( ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

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Figura 22: Imagem do blog da Escola Sol

Figura 23: Imagem da característica Interativa do blog da Escola Sol

Figura 24: Imagem da navegabilidade do blog da Escola Sol

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Comentário: O blog Escola Sol foi construído com a intenção intensificar o

relacionamento com os pais e alunos e também de registrar os momentos

vividos na escola. Em sua interface, podemos observar somente a

interatividade e a navegabilidade. A interatividade acontece por meio de

comentários dos leitores; qualquer pessoa pode interagir com o site, visto que

não é necessário adquirir login e senha de acesso.

A navegabilidade foi observada a partir do link de busca, do acesso a outras

páginas e aos arquivos dos posts. Não foi identificada a utilização de outras

mídias, tais como imagens, sons, vídeos que caracterizam o hibridismo. A

hipertextualidade e a não-linearidade também não foram detectadas, pois o

blog é composto de textos longos.

4.1.6 ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil – São Paulo (SP)

http://blog.esab.edu.br/

( x ) Hibridismo

( x ) Hipertextualidade

( x ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

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Figura 25: Imagem do Blog da ESAB

Figura 26: Imagem da característica híbrida do blog da ESAB

Figura 27: Imagem da característica hipertextual do blog da Esab

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Figura 28: Imagem da característica não-linear do blog da Esab

Figura 29: Imagem da característica interativa do blog da Esab

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Figura 30: Imagem da característica navegabilidade do blog da Esab

Comentário: O blog da ESAB apresenta artigos, opiniões e comentários de

diretores, professores e colaboradores. Os assuntos são diversos, tais como:

educação, tecnologia, Internet, e-learning, vida cotidiana, vida profissional e

inovação. Contatou-se que todas as características do design hipermídia foram

utilizadas em sua construção.

A característica interatividade ocorre por meio de comentários dos leitores, sem

a necessidade de se cadastrar para adquirir um login e uma senha. A

navegabilidade foi observada a partir de um link de busca, nos espaços dos

artigos do blog e lista de categorias.

Foi identificada a utilização de outras mídias, como um vídeo extraído do

youtube e muitas imagens, caracterizando o hibridismo. A hipertextualidade e a

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79

não-linearidade foram detectadas dentro dos posts, onde é observado o “clique

aqui para acessar” e palavras com links de acesso.

4.1.7 ETEC Júlio de Mesquita - Nutrição - Santo André (SP)

http://nutrietecjm.spaceblog.com.br/

( ) Hibridismo

( ) Hipertextualidade

( ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

Figura 31: Imagem do blog da ETEC Júlio de Mesquita

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Figura 32: Imagem da característica interativa do blog da ETEC Júlio de Mesquita

Figura 33: Imagem da Navegabilidade do blog da ETEC Júlio de Mesquita

Comentário: O blog da ETEC Julio de Mesquita possui textos relacionados

com notícias, informações, dados, comentários e links úteis aos alunos do

curso técnico de nutrição e dietética, relacionados ao dia-a-dia da escola.

Quem alimenta o blog são os coordenadores, professores, colaboradores e a

direção. Com relação às características do Design de Hipermídia foi utilizada

somente a interatividade e a navegabilidade.

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Na característica interatividade, foi observado que ela é possibilitada por meio

de comentários dos leitores, sem a necessidade de um login e uma senha. Os

posts dos comentários ficam visíveis, o que estimula que outros leitores

também façam comentários. A navegabilidade existe a partir do link de busca,

links favoritos, palavras chaves e arquivos dos posts.

Não foi identificada a utilização de outras mídias, tais como imagens, sons,

vídeos que caracterizam o hibridismo. A hipertextualidade e a não-linearidade

também não foram detectadas, pois o blog é composto de textos longos, que

não proporcionam aos leitores a mobilidade e a flexibilidade de partir para

outros textos.

4.1.8 Objetivo - Baixada Santista (SP)

http://blog.objetivobaixada.com.br/

( ) Hibridismo

( ) Hipertextualidade

( ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

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Figura 34: Imagem do blog do Colégio Objetivo

Figura 35: Imagem da característica interativa do blog do Colégio Objetivo

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Figura 36: Imagem da Navegabilidade do blog do Colégio Objetivo

Comentário: O blog Colégio Objetivo possui textos relacionados à escola.

Como na maioria dos demais blogs, foram utilizadas somente interatividade e

navegabilidade em relação às características do Design de Hipermídia. A

interatividade é realizada por meio de comentários dos leitores sem a

necessidade de se cadastrar para adquirir um login e uma senha.

A navegabilidade foi observada a partir do link de busca, do calendário, das

publicações recentes e dos arquivos dos posts. Não foi identificada a utilização

de outras mídias, tais como imagens, sons, vídeos que caracterizam o

hibridismo. A hipertextualidade e a não linearidade também não foram

detectadas. O blog é composto de textos longos.

4.1.9 Unijuí - Ijuí (RS)

http://www.unijui.edu.br/content/blogsection/

( x ) Hibridismo

( ) Hipertextualidade

( ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

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Figura 37: Imagem do blog da Unijuí

Figura 38: Imagem do carater híbrido do blog da Unijuí

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Figura 39: Imagem do caráter interativo do blog da Unijuí

Figura 40: Imagem da navegabilidade do blog da Unijuí

Comentário: O blog da Universidade de Ijuí (RS), Tá Ligado, retrata o

cotidiano do estudante da Unijuí de forma descontraída, simples e objetiva.

Entre as características do Design de Hipermídia são utilizadas o hibridismo,

interatividade e a navegabilidade. Na característica hibridismo, foi possível

detectar que ela aparece com freqüência, através de um plugin para podcast

da própria rádio da Unijui e através de várias imagens e fotos.

A interatividade foi observada em comentários dos leitores, havendo a

necessidade de se cadastrar para adquirir um login e uma senha, o que no

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caso da Unijui não impediu que os leitores do blog fizessem comentários. É um

blog bastante interativo, onde existem comentários em quase todos os posts.

A navegabilidade foi observada basicamente a partir dos links para outros sites.

Não foi identificada a utilização de outras características do Design de

Hipermídia, tais como a hipertextualidade e a não-linearidade, pois o blog é

composto de textos longos, que não proporcionam aos leitores a mobilidade e

a flexibilidade de partir para outros textos.

4.1.10 – Uniminas - União Educacional Minas Gerais – Uberlândia (MG)

http://blog.uniminas.br/

( ) Hibridismo

( ) Hipertextualidade

( ) Não Linearidade

( ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

Figura 41: Imagem do blog da Uniminas

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Figura 42: Imagem da navegabilidade do blog da Uniminas

Comentário: O blog da Uniminas não está construído. Só existe a interface

sem a alimentação dos dados. A navegabilidade foi identificada pelo blogrool.

4.1.11 Unisul - UnisulBusiness - http://www.blogubs.com/

( x ) Hibridismo

( ) Hipertextualidade

( ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

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Figura 43: Imagem do blog da Unisul

Figura 44: Imagem da característica híbrida do blog da Unisul

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89

Figura 45: Imagem da característica interativa do blog da Unisul

Figura 46: Imagem da navegabilidade do blog da Unisul

Comentário: O blog da Unisul possui conteúdo relativo ao cotidiano dos

universitários e à rotina da universidade. Das características do Design de

Hipermídia são utilizados o hibridismo, interatividade e a navegabilidade. Na

característica hibridismo foi possível detectar que essa característica aparece

com freqüência, através vídeos extraídos do youtube.

A interatividade foi observada por meio de comentários dos leitores sem a

necessidade de se cadastrar para adquirir um login e uma senha o que no caso

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90

facilita a inclusão de comentários facilitando a interatividade. A navegabilidade

existe a partir dos link para outros sites e links para parceiros da universidade,

assim como o acesso ao currículo lattes do corpo docente. Não foi identificada

a utilização de outras características, tais como a hipertextualidade e a não-

linearidade, pois o blog é composto de textos longos.

4.1.12 Universidade Tiradentes - Aracaju (SE)

http://proead.wordpress.com/

( ) Hibridismo

( x ) Hipertextualidade

( x ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

Figura 47: Imagem do blog da Universidade Tiradentes

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Figura 48: Imagem da característica hipertextual do blog da Universidade Tiradentes

Figura 49: Imagem da característica não-linear do blog da Universidade Tiradentes

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Figura 50: Imagem da característica interativa do blog da Universidade Tiradentes

Figura 51: Imagem da navegabilidade do blog da Universidade Tiradentes

Comentário: O blog da Universidade Tiradentes é uma iniciativa da Pró-

Reitoria Acadêmica e da Pró-Reitoria Adjunta de Ensino a Distância e possui

textos relacionados aos assuntos do universo acadêmico. A interatividade é

possibilitada por meio de comentários dos leitores, sem a necessidade de se

cadastrar para obter um login e uma senha para postar comentários.

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A navegabilidade foi observada a partir de links para: busca, artigos do blog e a

lista de blogs da EAD. A hipertextualidade e a não-linearidade foram

detectadas dentro dos posts, onde é observado o “clique aqui para acessar” e

palavras sublinhadas, proporcionando aos leitores a mobilidade e a flexibilidade

de partir para outros textos. Não foi identificado o hibridismo.

4.1.13 Wizard Idiomas – Guarulhos (SP) http://blog.wizardguarulhos.com.br/

( ) Hibridismo

( ) Hipertextualidade

( ) Não Linearidade

( x ) Interatividade

( x ) Navegabilidade

Figura 52: Imagem do blog da Wizard

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Figura 53: Imagem da característica interativa do blog da Wizard

Figura 54: Imagem da navegabilidade do blog da Wizard

Comentário: O blog da Wizard Guarulhos é tratado como um canal direto entre

a empresa e seus alunos e possui conteúdo relativo ao cotidiano dos alunos e

a rotina da escola. Em sua interface, podemos observar que são utilizadas

apenas a interatividade e a navegabilidade.

A interatividade foi observada por meio de comentários dos leitores, sem a

necessidade de se cadastrar para adquirir um login e uma senha. o que facilita

a inclusão de comentários proporcionando a interatividade.

A navegabilidade foi observada basicamente a partir dos link para outros sites

e links úteis, de tags e link para os arquivos do blog. Não foi identificada a

utilização de outras características, tais como a hipertextualidade, o hibridismo

e a não-linearidade.

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4.2 Pesquisa Qualitativa do blog da ESAB

O blog da Escola Superior Aberta do Brasil - ESAB -, de São Paulo, foi

escolhido para apresentar a pesquisa qualitativa-descritiva, segundo Gil (2002),

pois é um dos mais completos por todas as características do Design de

Hipermídia reunidas ao mesmo tempo.

A análise realizada possibilitou a observação de que o blog, através da

interatividade, proporciona o desenvolvimento do pensamento criador e

sustenta a afirmação de Moura (2006, p. 3), quando diz que “as tecnologias

digitais exteriorizaram e impulsionaram quatro qualidades do ser humano: a

curiosidade, a criatividade, a cooperação e a vivência do lúdico”.

A interatividade é apontada como uma das melhores ferramentas para estas

questões e para o estímulo do pensamento criador, como se vê na resposta

aos posts, conforme figura 55 abaixo, em que os usuários externam seus

sentimentos:

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Figura 55: Exemplo de interatividade no blog da ESAB

Na figura 56 apresentamos outro exemplo do desenvolvimento do pensamento

criador através da interatividade. Nesses comentários foi possível detectar a

participação dos usuários e dos leitores dos blogs e, claramente, que através

da interatividade é possível identificar o carinho destes para com a instituição.

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Figura 56: Exemplo de interatividade no blog da ESAB

Outra característica observada é que interatividade ocorre por meio de

comentários dos leitores, sem a necessidade de se cadastrar para adquirir um

login e uma senha para fazer comentários. O que nos leva a identificar a

interatividade desse blog como grau médio de interatividade. Esse grau oferece

ao usuário o tema, objetivos e a tarefa a ser cumprida ao final da navegação,

porém a exigência de login e senha interpõe um limite a esta característica.

A navegação quase sempre é orientada por menus. Espera-se que o usuário

descubra o conteúdo por descoberta guiada em uma rede pré-definida. No blog

da Esab podemos perceber o link para os comentários, onde o objetivo é que o

usuário coloque seu ponto de vista a respeito do conteúdo ao qual teve acesso,

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e a tarefa é que o usuário participe com suas opiniões, críticas, sugestões ou,

simplesmente, diga que leu o conteúdo.

Seguindo a linha de raciocínio de Primo (2006), o blog da Esab apresenta as

características da interatividade que são a interruptabilidade, onde observamos

que cada participante tem a possibilidade de colocar o seu comentário quando

melhor lhe convier, fazendo com que o conteúdo postado se assemelhe mais a

uma conversa do que a uma palestra.

No que diz respeito à granularidade, não foi detectada tal característica no

blog, pois nem sempre existe uma resposta rápida para o comentário efetuado.

Quanto à degradação graciosa, ou seja, a instância do sistema não ter a

resposta para uma indagação, não foi observado que o usuário tenha a

possibilidade de saber quando e como pode obter uma resposta não disponível

naquele momento. Já o princípio do não-default também não foi observado,

visto que o sistema mesmo já direciona para onde seus participantes devem ir.

A navegabilidade foi observada a partir de um link de busca e aos espaços

destinados aos artigos do blog e a lista de categorias. Essa navegabilidade

analisada também nos faz pensar que ela se assemelha aos hipertextos.

Podemos justificar essa afirmação usando a conceitualização de Ferrari (2007,

pg. 65) onde afirma que “é possível descrever o hipertexto como um conjunto

de nós de significações interligados por conexões entre palavras, páginas,

fotografias, imagens, gráficos, seqüências sonoras, etc.” Dessa forma, é

possível questionar se a navegabilidade observada na realidade não seria

também uma característica hipertextual.

Quanto à característica híbrida, foi identificada a utilização de outras mídias,

tais como um vídeo extraído do youtube e muitas imagens. De todos os blogs

analisados, o blog da Esab foi o que mais apresentou hibridismo. O blogueiro

explorou de várias maneiras essa característica. Moura (2007, p.117) nos

apresenta uma definição sobre o caráter híbrido, ao declarar que este é “uma

característica que confere à hipermídia a possibilidade de propiciar uma re-

significação de informação através da associação de duas ou mais mídias

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ampliando, assim, suas formas de expressão”. Foi possível observar que o

blog da Esab proporcionou diálogo entre os códigos visual e sonoro. O vídeo

extraído do youtube mostra a escritora Zélia Gattai proporcionando aos leitores

momentos de carinho e de sentimentos pela morte de seu marido, o escritor

Jorge Amado.

A hipertextualidade foi observada em várias situações facilitando o acesso a

assuntos diversos, tais como educação, tecnologia, internet, e-learning, vida

cotidiana, vida profissional e inovação. Observou-se essa característica

também em links de acesso e o ‘clique aqui para acessar’. Essa análise nos

faz pensar, igualmente, que o blog é todo composto de hipertextos, inclusive

com links que favorecem a navegação.

Os links para outras páginas, uma característica de navegabilidade, também

podem ser entendidos como características de hipertextualidade, como se

pode observar nas palavras que dão acesso a outros textos como artigos,

opiniões, a outras datas e, inclusive, a outros blogs.

Já a característica não-linear foi detectada dentro dos posts, onde é observado

o ‘clique aqui para acessar’ e palavras com links de acesso. Como podemos

observar a não-linearidade contém vínculos – links - para outros documentos,

permitindo ao leitor que se desloque de um lugar para outro, que esse

movimento seja feito e o conhecimento adquirido. No entanto, essa

característica poderia ser mais bem explorada, pois foi observada com baixa

regularidade, tornando os posts muito compridos. A não-linearidade é uma

característica que possibilita o acesso ao conhecimento que o leitor deseja em

um determinado momento de forma rápida e precisa.

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4.3 Análise dos Resultados

Diante da pesquisa realizada, foi possível constatar que a navegabilidade é a

característica do Design de Hipermídia mais freqüente nos blogs, com 100% de

utilização, seguida pela característica interatividade, com 92,30% de utilização.

A característica híbrida apresentou um resultado de 30,76% e as

características hipertextual e não-linearidade apresentaram empate no

resultado, com 23,07%.

A navegabilidade é um item importante em um blog, pois ela se constitui na

organização da informação para que o usuário navegue de forma intuitiva e

saiba onde está, de onde veio, e quais são as suas possibilidades futuras de

acesso. A pesquisa também nos mostrou que a navegabilidade encontrada nos

blogs facilita a exploração e a mobilidade do usuário para exploração de

conteúdos, e o acesso rápido a informações disponíveis.

Também foi possível perceber que a esse acesso à informação de maneira

rápida e eficiente acontece através dos links de busca, relação das publicações

recentes, arquivos organizados de forma cronológica, blogrolls, e categorias,

além de ter sido observado o link de acesso rápido para sites relacionados pelo

blogueiro.

A característica interatividade foi, igualmente, observada nos blogs

pesquisados e o resultado apontou o uso de 92,30% deles, porque um blog

não estava ativo no momento da pesquisa. O caráter interativo dos blogs é

facilmente identificado, pois em geral ele é identificado nos posts, onde é

possível escrever comentários sobre cada matéria publicada. Os blogs

analisados, porém, não oferecem muitas formas de interatividade. Em muitos

casos, para que ocorra a interatividade, é solicitado ao usuário um cadastro

para a criação de um login e de uma senha, fato que desestimula o acesso.

Ainda no que diz respeito à interação, é oportuno o pensamento de Preece

(2002) que salienta a importância dos moderadores nos processos

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colaborativos pois, cabe a eles, entre outras tarefas, solucionar conflitos,

promover o diálogo, coordenar atividades e estimular a participação do grupo

na construção do ambiente.

Diante dessa colocação devemos pensar que quanto maior a simplicidade do

contexto com o intuito de facilitar a interatividade melhor será a construção do

conhecimento coletivo. Para quem entra no blog pela primeira vez deparar-se

com a necessidade de cadastro para fazer um comentário pode constituir-se

em um elemento inibidor; o que leva esse usuário a desistir de dar a sua

contribuição.

A característica híbrida observada nos blogs pesquisados apresentou formas

diferentes de transmitir informações, ou seja, eles comunicam-se através de

imagens, textos, áudios e vídeos. As características hipertextual e não-linear

foram as que apresentaram o menor índice de utilização nos blogs avaliados.

Pode-se observar que somente 23,07 dos blogs apresentaram ambas as

características, que poderiam ser bem mais utilizadas pelos blogueiros.

Lévy (1999, p. 58) afirma que “ler é selecionar, esquematizar, associar a outros

dados, integrar as palavras e as imagens a uma memória pessoal em

reconstrução permanente”. Daí a importância da exploração dessas

características na construção do blog, pois ainda de acordo com Lévy (1999, p.

86) “a leitura de um texto é sempre uma construção”.

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Considerações Finais

A web 2.0 proporcionou aos usuários um novo paradigma na utilização e

criação de websites mais participativos e colaborativos. Fez com que as redes

sociais dessem um salto quantitativo e qualitativo. Colocamos os blogs como

objeto desse estudo para compreendermos a importância do Design de

Hipermídia na construção dos mesmos.

Este estudo buscou a discussão e o esclarecimento sobre a caracterização do

processo de Design de Hipermídia no desenvolvimento dos blogs. Para tanto,

embasado nos objetivos do projeto, foi trazida a natureza da hipermídia, em

seu desenvolvimento histórico. Em seguida buscou-se formalizar o

entendimento sobre o Design de Hipermídia e suas principais características,

assim como da própria internet.

Na pesquisa realizada constatamos que o Design de Hipermídia mostra-se

eficiente e necessário no papel de conduzir a construção dos blogs e é cada

vez mais importante o domínio das técnicas que facilitem o seu acesso e seu

uso. A pesquisa também apontou que as características do Design de

Hipermída estão presentes, em diferentes proporções, nos blogs corporativos

das instituições de ensino analisadas. Dentre elas, as mais utilizadas são a

navegabilidade e a interatividade.

Entretanto, a navegabilidade observada resume-se a links de buscas e não

permitem que o usuário utilize outra forma de percorrer o documento, assim

como está relacionada aos espaços dos artigos, da lista de sites, e dos

arquivos dos posts anteriores, muitas vezes assemelhando-se ao hipertexto.

No que diz respeito à interatividade, a maioria dos blogs analisados não

oferecem muitas formas de interatividade, que é observada através dos

comentários dos leitores. Esta característica poderia ser melhor explorada,

utilizando-se os recursos que a própria web 2.0 proporciona de maneira rápida

e com custo zero.

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A maioria dos blogs analisados possuem textos muito longos, com pouco uso

dos hipertextos não exploram a não-linearidade. O hipertexto é a escrita

apropriada para este meio e a não-linearidade poderia permitir que o

documento postado se assemelhasse à forma com que o ser humano pensa,

ou seja, uma narrativa permeada por diferentes interesses, não

necessariamente com começo, meio e fim de uma história.

Em relação às características analisadas, pode-se dizer que os blogs

pesquisados apresentam baixo grau de hibridismo, elemento que poderia ser

melhor explorado para transmitir o conteúdo de forma mais atrativa, pois

proporciona formas diferentes de transmitir informações, ou seja, estabelece

comunicação através de imagens, textos, áudio ou até vídeos.

A pergunta da pesquisa deste trabalho foi respondida, na medida em que foram

delimitadas nos blogs pesquisados as principais características encontradas no

Design de Hipermídia: interatividade, navegabilidade, hipertextualidade,

hibridismo e não-linearidade, todas relacionadas com a construção e a

elaboração dos conteúdos dos blogs corporativos educacionais.

Após estas discussões e reflexões, chegamos à conclusão de que o Design de

Hipermídia está presente em diferentes proporções na construção dos blogs

corporativos de instituições de ensino, e que as características do Design de

Hipermídia podem ser melhores exploradas.

Como contribuição deste estudo, sugerimos a busca pelo aprimoramento de

técnicas já existentes, como a utilização de todas as características do Design

de Hipermídia na construção dos blogs, visto que o Design de Hipermídia

mostrou-se fundamental para trabalhar com o meio virtual e que é preciso

entender suas especificidades, adaptando-as às características dos leitores

dos blogs.

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GLOSSÁRIO Blog – Diário on line

Blogosfera – Coletivo que compreende todos os blogs

Ciberespaço - Espaço eletrônico onde circulam as informações da Internet

Clicar – Apertar o botão do mouse

Download - Baixar ou transferir dados de uma página para o computador

E-mail - Correio eletrônico

Feeds – Forma de facilitar a leitura de vários blogs e sites

Hiperlink - Ligação entre páginas de internet

Links – Navegador web em modo texto

Login ou Logon - Acessar a Internet ou uma página

Net – Forma abreviada da palavra inglesa network

On-line - Estar conectado na Internet

PC – Computador Pessoal

Post – Registro de uma informação no blog

Tags – Palavra-chave (relevante) ou termo associado a uma informação

Web – Rede de alcance mundial

Web 2.0 – Segunda geração da Internet