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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES ÓPTICAS E ESPESSURA DE FILMES FINOS DE TiO2 A PARTIR DO ESPECTRO DE TRANSMITÂNCIA VALMAR DA SILVA SEVERIANO SOBRINHO Natal – RN, Maio de 2016

Dissertação de Mestrado Valmar vFinal · 2017. 11. 3. · Avaliação de propriedades ópticas e espessura de filmes finos de TiO 2 a partir do espectro de transmitância / Valmar

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

MECÂNICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES ÓPTICAS E ESPESSURA DE FILMES FINOS DE TiO 2

A PARTIR DO ESPECTRO DE TRANSMITÂNCIA

VALMAR DA SILVA SEVERIANO SOBRINHO

Natal – RN, Maio de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

MECÂNICA

AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES ÓPTICAS E ESPESSURA DE FILMES FINOS DE TiO 2 A

PARTIR DO ESPECTRO DE TRANSMITÂNCIA

Valmar da Silva Severiano Sobrinho

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

como parte dos requisitos para obtenção do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

Orientador: Prof. Dr. José Daniel Diniz Melo

Co-orientador: Prof. Dr. Thércio Henrique de Carvalho Costa

Natal, Maio de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

MECÂNICA

AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES ÓPTICAS E ESPESSURA DE FILMES FINOS DE TiO 2 A

PARTIR DO ESPECTRO DE TRANSMITÂNCIA

VALMAR DA SILVA SEVERIANO SOBRINHO

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UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Catalogação da Publicação na Fonte

Severiano Sobrinho, Valmar da Silva. Avaliação de propriedades ópticas e espessura de filmes finos de TiO2 a partir do espectro de transmitância / Valmar da Silva Severiano Sobrinho. - Natal, RN, 2016. 108 f. : il. Orientador: Prof. Dr. José Daniel Diniz Melo. Coorientador: Prof. Dr. Thércio Henrique de Carvalho Costa. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. 1. Filmes finos - Dissertação. 2. Propriedades ópticas - Dissertação. 3. Band gap - Dissertação. 4. TiO2 - Dissertação. 5. Espessura - Dissertação. 6. Método do envelope - Dissertação. I. Melo, José Daniel Diniz. II. Costa, Thércio Henrique de Carvalho. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 539.23

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À minha esposa, com carinho, admiração e imensa gratidão, por toda sua compreensão, paciência, afeto e

incondicional apoio ao longo do período de toda elaboração deste trabalho.

À minha querida filha Gabriela, que com sua existência encanta meus dias e me traz inspiração, e ao bebê

que está por vir e que aguardo ansioso sua chegada.

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VI

AGRADECIMENTOS

Ao professor Dr. José Daniel Diniz Melo, meu orientador, que acreditou neste trabalho, tendo

possibilitado toda sua construção.

Agradeço especialmente, e com muito carinho, ao professor Dr. Thércio Henrique de Carvalho

Costa, sem o qual não seria possível a construção deste trabalho, por todas as suas

contribuições, por ter sido sempre um amigo e contribuído imensamente para meu

desenvolvimento humano e intelectual.

Ao Dr. Edalmy Oliveira de Almeida por suas opiniões e contribuições no revestimento dos

filmes finos e auxílio na escolha de alguns dos artigos que fizeram parte da revisão

bibliográfica.

Ao doutorando José César Augusto de Queiroz, por seu incentivo e auxílio na construção do

conhecimento que envolve análise óptica de filmes finos.

Ao doutorando Igor Oliveira Nascimento, por estar sempre disposto a ajudar e ter contribuído

significativamente auxiliando as análises de DRX e a compreensão da técnica de deposição

por magnetron sputtering.

Ao doutorando Ivan Alves de Souza, por ter auxiliado na compreensão da ferramenta Origin

para realizar os cálculos e montar os gráficos presentes neste trabalho, bem como por sua

amizade e companheirismo durante toda elaboração.

Ao doutorando Edson José da Costa Santos, por sua amizade e seu incentivo ao meu retorno

às atividades acadêmicas.

À Prof. Dra. Michelle Cequeira Feitor, por seu apoio e colaborações neste trabalho.

Ao doutorando Maxwell Santana Libório, por sua contribuição nas discussões deste trabalho.

Ao mestrando Leandro Augusto Pinheiro do Nascimento, por seu eventual apoio e

colaboração ao laboratório que faço parte.

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VII

Ao doutorando Arlindo Balbino, que ajudou na reativação do espectrofotômetro do

LabPlasma.

A todos que fazem parte do Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma –

LabPlasma – da UFRN, na figura de professores, doutores, doutorandos, alunos de iniciação

científica, e que contribuem em seu trabalho diário para melhor compreensão do plasma e de

suas infinitas aplicações nas mais diversas áreas do conhecimento.

Á Prof. Dra. Sibele B. C. Pergher, por toda sua presteza em possibilitar a tempo hábil as

análises de DRX deste trabalho.

Ao Laboratório de Peneiras Moleculares – LABPEMOL – da UFRN, pelas análises de Difração

de Raio X.

Ao Laboratório de Caracterização Estrutural de Materiais do Departamento de Engenharia de

Materiais – DEMAT – pelas análises de EDS e MEV deste trabalho.

Ao técnico Tayrone B. Domingos do Núcleo de Tecnologia Industrial, do Centro de Tecnologia

da UFRN, que auxiliou nas primeiras leituras de transmitância que serviram de base para

avaliação das leituras obtidas neste trabalho.

Á minha esposa, Juliana Pereira da Silva Severiano, por todo apoio a conclusão deste

trabalho, por me presentear com uma família maravilhosa, e ser um pilar de amor que sustenta

nossa casa.

Á minha avó, Maria da Silva Severiano, por, com todas as dificuldades, ter me trazido do Rio

de Janeiro, ainda criança, me tirado de uma situação de risco social e me criado como um

filho.

Ao meu tio Waldemiro da Silva Severiano Júnior, Júnior Negão, por ter financiado meus

estudos, desde a segunda série do ensino fundamental, o que me possibilitou sonhar com

uma realidade diferente para meu futuro.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN - que,

por meio do EDITAL Nº. 04/2015-DG/SPP-IFRN, permitiu meu Afastamento para Capacitação

o que, nos últimos seis meses, possibilitou minha dedicação integral a este trabalho.

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VIII

Ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica da UFRN, pela oportunidade de

realizar esta pós-graduação.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que possibilitou minha graduação e essa

pós-graduação, com excelente infraestrutura e professores.

Ao Governo Federal do Brasil, por manter uma Universidade Pública que tornou possível toda

transformação que ocorreu em minha vida nos últimos anos.

Obrigado a todos.

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IX

“Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe

pacientemente impacientes diante do mundo que não f izemos, acrescentando a ele

algo que fazemos”.

Paulo Freire

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VII

RESUMO

Filmes finos de TiO2 têm sido utilizados com sucesso em células solares

fotovoltaicas, janelas inteligentes, janelas fotocrômicas e eletrocrômicas e também

como revestimentos fotocatalíticos. Neste trabalho, filmes finos de TiO2 foram

depositados pelo método de magnetron sputtering sobre um substrato de vidro e as

suas propriedades ópticas, espessura, microestrutura e propriedades fotocatalíticas

foram estudadas. As espessuras e band gaps dos filmes foram determinados pelo

método Swanepoel usando os envelopes no espectro de transmitância e também pelo

método computacional PUMA. Os filmes foram analisados por Difração de Raios-X

(DRX), Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS), Microscopia Eletrônica de

Varredura (MEV) e por análise óptica. Valores de espessura medidos por MEV foram

comparados com os obtidos utilizando métodos ópticos. O método PUMA mostrou-se

vantajoso para determinação de espessura de filmes finos, especialmente quando as

franjas de interferência não são evidentes no espectro de transmitância. Além disto,

as espessuras de filmes determinadas pelo método PUMA apresentarem melhor

concordância com as medidas de MEV que aquelas determinadas pelo Método

Swanepoel.

Palavras-chave: Filmes finos, propriedades ópticas, band gap, TiO2, Espessura,

Método do Envelope, PUMA.

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VIII

ABSTRACT

TiO2 thin films have been successfully used in solar cells, smart windows,

photochromic and electrochromic windows and also as photocatalytic coatings. In this

work, TiO2 thin films were deposited by magnetron sputtering on a glass substrate and

their optical properties, thickness, microstructure and photocatalytic properties were

evaluated. Film thicknesses and band gaps were determined by the Swanepoel

method using the envelopes in the transmission spectrum and also the PUMA

computational method. The films were analyzed by X-ray Diffraction (XRD), Energy

Dispersive X-ray Spectroscopy (EDS), Scanning electron microscopy (SEM) and

optical analysis. SEM measured thicknesses were compared to those obtained using

the optical methods. The PUMA method proved advantageous for thickness

determination of thin films, particularly when the interference fringes are not evident in

the transmission spectrum. In addition, film thicknesses determined using the PUMA

method were in better agreement with SEM measurements than those determined by

the Swanepoel Method.

Keywords: Thin films, optical properties, band gap, TiO2, thickness, envelope

method, PUMA.

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IX

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BC Banda de Condução

BV Banda de Valência

CVD Deposição Química de Vapores

DRX Difração de Raios-X

EDS Espectroscopia de Energia Dispersiva

eV Eletrovolt

F Flúor

FTO Óxido de Estanho Dopado com Flúor

H Hidrogênio

J Joule

kV Quilo Volt (10³ Volt)

MHz Mega-Hertz (106 Hz)

MEV Microscópio Eletrônico de Varredura

Min Minuto

Nm Nanômetro (10-9 m)

O Oxigênio

Pa Pascal

PUMA Pointwise Unconstrained Minimization

Approach

Si Silício

Ti Titânio

TiO2 Dióxido de Titânio

TiOxNy Óxido de Titânio dopado com Nitrogênio

u.a. Unidade Arbitrária

D. P. Desvio Padrão

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X

LISTA DE SÍMBOLOS

Å Angstron

ɵ Theta

~ Aproximadamente

K Coeficiente de Extinção Óptico

Α Coeficiente de Absorção Óptico

H Constante de Planck

Eg Energia do Band Gap

λ Comprimento de Onda do Fóton Incidente

N Índice de Refração do Filme

S Índice de Refração do Substrato

D Espessura do Filme

hν Energia do Fóton Incidente

C Velocidade da Luz

° Grau

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XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação simplificada das interações do plasma com a superficie (Barbosa,

2011) ................................................................................................................................. 24

Figura 2– Comparação entre a técnica de sputterign convencional (esquerda) e o magnetron

sputtering (direita) (Toku, 2007) ...................................................................................... 27

Figura 3– Comportamento de partícula carregada em região de campo magnético. ............... 28

Figura 4 – Tipos básicos de configuração de Magnetron Sputtering. Balanceado;

desbalanceado tipo I; e desbalanceado tipo II (Adaptado de Window e Savvides, 1986).

.......................................................................................................................................... 29

Figura 5– Influência da distância entre o alvo e o substrato, comparada com as dimensões do

magnetron, na uniformidade do filme segundo (Bilac e Farah, 1991) (aput Nascimento,

2011). ................................................................................................................................ 31

Figura 6– Crescimento de um filme fino por condensação (Almeida, 2008)........................... 32

Figura 7– Formação de Filmes no Reator pela Teoria dos Aglomerados Carregados (Adaptado

de Toku, 2007). ................................................................................................................. 33

Figura 8 – Espectro de transmitância (T) para amostras de TiO2 (a) e para o substrato de SiO2

(b) na faixa de comprimento de onda entre 200 e 3300nm (Adaptado de Azevedo, 2015).

.......................................................................................................................................... 34

Figura 9– Configuração de filmes depositados em substrato de vidro (Adaptado de

Swanepoel, 1983). ............................................................................................................ 36

Figura 10– Espectro de Transmitância para um filme de BiFeO3 e Funções TM e Tm que

envelopam a curva de transmitância (Adaptado de Gu e colaboradores, 2009)............... 37

Figura 11– Coeficiente de absorção encontrado pelo método do envelope e pela lei de Beer-

Lambert (Pazim, 2011). .................................................................................................... 41

Figura 12 – Extrapolação Linear para cálculo do Band Gap. ................................................... 48

Figura 13– Espectro XDR: (1) Filme fino de FTO e (2) Filme elaborado de TiO2 utilizando pó

(Adaptado de Ghrairi e Bouaicha, 2012). ......................................................................... 49

Figura 14 – Imagens de AFM. (a) Filme de TiO2 e (b) filme de FTO (Ghrairi e Bouaicha,

2012). ................................................................................................................................ 50

Figura 15 – Representação esquemática do modelo de estrutura utilizado para análise pelo

espectroscópio de elipsometria (Adaptado de Ghrairi e Bouaicha, 2012). ...................... 50

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XII

Figura 16 – Medida de transmitância para os filmes de FTO/Vidro e TiO2 (Adaptado de

Ghrairi e Bouaicha, 2012) ................................................................................................ 51

Figura 17 – Estimativa para valores do band gap para transição direta (Adaptado de Ghrairi e

Bouaicha, 2012). ............................................................................................................... 52

Figura 18 – Estimativa para valores do band gap para transição indireta (Adaptado de Ghrairi

e Bouaicha, 2012). ............................................................................................................ 53

Figura 19 – DRX dos filmes de 2000 e 3000 nm, nanocristalinidade dos filmes de TiOxNy

com aumento da pressão parcial de oxigênio (pO2) (Adaptado de Heřman, Šícha e Musil,

2006). ................................................................................................................................ 55

Figura 20 – Espectro de transmitância para filmes cristalinos e amorfos de TiO2 e TiOxNy em

substrato de vidro (Adaptado de Heřman, Šícha e Musil, 2006). ..................................... 55

Figura 21 – O band gap óptico Eg para filmes de TiO2 e TiOxNy avaliados pelo método Tauc

a partir dos dados de transmitância (Adaptado de Heřman, Šícha e Musil, 2006). .......... 56

Figura 22 – Redução de concentração de RhB em função do tempo induzida por filme de

TiO2 (Adaptado de Carneiro e colaboradores., 2011). ..................................................... 58

Figura 23 – DRX para filmes de TiO2 dopados com ferro depositados em substrato de vidro

com as condições de deposição da Tabela 8 (Adaptado de Carneiro e colaboradores,

2007). ................................................................................................................................ 59

Figura 24 – AFM dos filmes de TiO2 e Fe-TiO2: (a) amostra B e (b) amostra D (Carneiro e

colaboradores, 2007). ....................................................................................................... 61

Figura 25 – Espectro de transmitância para filmes de TiO2 puros e dopados com ferro,

depositados por magnetron sputtering em substrato de vidro e de policarbonato

(Adaptado de Carneiro e colaboradores, 2007). ............................................................... 62

Figura 26 – Constante k (taxa de fotodegradação) para todos os filmes finos de TiO2

preparados nas diferentes condições de deposição, comparação entre substratos de vidro

e policarbonato (Adaptado de Carneiro e colaboradores, 2007). ..................................... 63

Figura 27 – Espectro de transmitância e refletância para filmes de Ge25Cd5Se70 de diferentes

espessuras depositados em substrato transparente de vidro (Adaptado de Shaaban, Yahia

e El-Metwally, 2012). ....................................................................................................... 64

Figura 28 – Fluxograma da metodologia de execução do trabalho. ......................................... 65

Figura 29 – Sistema de deposição por Magnetron Sputtering (Adaptado de Almeida, 2008). 67

Figura 30 – Threshold para escolha dos melhores parâmetros de deposição. .......................... 68

Figura 31 – Bloco montado para análise de espessura das camadas de filme de TiO2 por MEV.

.......................................................................................................................................... 71

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XIII

Figura 32 – Peça enviada para análise de espessura das camadas de filme por MEV: (A)

marcação de início (azul), (B) visão superior e (C) marcação de final (vermelho). ........ 71

Figura 33 – Filmes depositados em substrato de vidro e vidro puro sobre uma folha de papel,

sendo: (a) Ao lado de sua nomenclatura e (b) sobre a nomenclatura impressa na folha. . 74

Figura 34 – FRX de: (a) lâmina de vidro puro; e (b) filmes de TiO2 depositados por

magnetron sputtering com diferentes tempos de deposição ............................................. 76

Figura 35 – Resultados de DXR para todas as condições de tratamento. ................................ 77

Figura 36 – Gráfico para amostra 1 do filme de 120 minutos de deposição, já envelopado para

aplicação do método do envelope e recuperação das constantes ópticas e espessura dos

filmes. ............................................................................................................................... 78

Figura 37 – Índice de refração do substrato (lâmina de microscopia) sem aplicação de filme.

.......................................................................................................................................... 79

Figura 38 – Índice de refração para filme de 120 minutos de deposição (vidro 1). ................. 80

Figura 39 – Espessura e desvio padrão dos filmes finos de TiO2 depositados em 120 minutos.

.......................................................................................................................................... 82

Figura 40 – Imagens das curvas de transmitância para as amostras: (a) 30 min A1;

(b) 30 min A2; (c) 60 min; e (d) 120 min. ................................................................... 83

Figura 41 – Espessuras obtidas pelo Método Computacional PUMA para os filmes de 30

minutos A1, 30 minutos A2, 60 minutos e 120 minutos. ................................................. 84

Figura 42 – Comparação entre curva de transmitância real e recuperadas pelo PUMA para: (a)

filmes de 120 minutos e (b) filmes de 30 minutos de deposição. ..................................... 86

Figura 43 – MEV transversal para filme de 30 minutos A1. .................................................... 87

Figura 44 – MEV transversal para o filme de 30 minutos A2. ................................................. 88

Figura 45 – MEV transversal para o filme de 60 minutos. ...................................................... 88

Figura 46 – MEV transversal para amostra de 120 minutos. ................................................... 89

Figura 47 – Espessuras obtidas por MEV de amostras na transversal para os filmes de 30

minutos A1, 30 minutos A2, 60 minutos e 120 minutos. ................................................. 89

Figura 48 – Curvas do coeficiente de absorção para amostra de 120 minutos vidro 1. ........... 92

Figura 49 – Curvas para o coeficiente de absorção para amostra de 120 minutos vidro 1. ..... 93

Figura 50 – Valores obtidos de Band Gap para os filmes da condição 30 min A1. ................. 93

Figura 51 – Valores obtidos de Band Gap para os filmes da condição 30 min A2. ................. 94

Figura 52 – Valores obtidos de Band Gap para os filmes da condição 60 min. ....................... 94

Figura 53 – Valores obtidos de Band Gap para os filmes da condição 120 min. ..................... 95

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XIV

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tabela utilizada para obtenção da espessura e constantes ópticas de um filme de α-

Si:H de espessura real 1µm, depositado em substrato de vidro (Swanepoel, 1983). ....... 39

Tabela 2: Espessura dos filmes, em nanômetros, calculada pelo programa que utiliza o método

do envelope (dpro) comparada com a obtida por perfilometria (dper) (Pazim, 2011). .... 42

Tabela 3: Espessura medida por perfilometria (Espessura Experimental) e espessura

recuperada no processo de otimização do software PUMA, bem como erro quadrático

entra a curva real de transmitância e a curva teórica obtida pelo software

(Chambouleyron e colaboradores, 2002) ......................................................................... 44

Tabela 4: Filmes gedanken e sua espessura real e a recuperada pelo método PUMA, bem

como o erro quadrático para curva de transmitância. ....................................................... 45

Tabela 5: Filmes gedanken e sua espessura real e a recuperada pelo método PUMA, bem

como o erro quadrático para curva de transmitância (Birgin e colaboradores, 2003). .... 45

Tabela 6: Resultado de espessura recuperada e real (600nm) para filmes a-Si:H gedanken

(Drumond Ventura, 2005) ................................................................................................ 46

Tabela 7: Espessuras obtidas considerando os meios apresentados na Figura 15 (Ghrairi e

Bouaicha, 2012). ............................................................................................................... 51

Tabela 8: Parâmetros de deposição dos filmes de TiO2 dopados com ferro (Carneiro e

colaboradores, 2007). ....................................................................................................... 59

Tabela 9: Parâmetros de deposição para filmes finos de TiO2 utilizados neste trabalho. ........ 68

Tabela 10: Valores de espessura encontrados para o filme de 120 minutos de deposição no

vidro 1, conforme o método do envelope. ........................................................................ 80

Tabela 11: Espessura e desvio padrão dos filmes finos de TiO2 depositados em 120 minutos.

.......................................................................................................................................... 81

Tabela 12: Valores encontrados de espessura média, desvio padrão dessa média de espessura,

taxa de deposição e desvio padrão desta taxa de deposição, bem como erro quadrático

entre a curva teórica recuperada pelo método PUMA e a curva real de transmitância. ... 84

Tabela 13: Erro quadrático médio entre a curva teórica recuperada pelo Método

Computacional PUMA e a curva real de transmitância. .................................................. 85

Tabela 14: Valores encontrados de espessura média, desvio padrão dessa média de espessura,

taxa de deposição e desvio padrão desta taxa de deposição para os filmes analisados por

MEV. ................................................................................................................................ 90

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XV

Tabela 15: Comparativo entre todas as medidas de espessura encontradas para os filmes de

TiO2. ................................................................................................................................. 90

Tabela 16: Valores de Band Gap encontrados para todas as amostras, com suas respectivas

médias e seus respectivos desvios padrão. ....................................................................... 95

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XVI

Sumário

RESUMO ............................................................................................................................... VII

Abstract ................................................................................................................................. VIII

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 20

2. OBJETIVO .......................................................................................................................... 23

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 24

3.1 Mecanismos de Deposição de Filmes Finos..............................................................................24

3.1.1 Sputtering (Pulverização Catódica)..................................................................................................... 24

3.1.2 Magnetron Sputtering ......................................................................................................................... 27

3.1.3 Tipos de Configuração do Campo Magnético em um Dispositivo de Magnetron Sputtering ............ 29

3.1.4 – Crescimento de Filmes ..................................................................................................................... 31

3.2 Determinação das Propriedades Ópticas de Filmes Finos .....................................................33

3.2.1. O Método do Envelope ..................................................................................................................... 33

3.2.2 O Método Computacional ................................................................................................................... 42

3.3 O Band Gap ................................................................................................................................47

3.4 Análise Óptica de Filmes Finos .................................................................................................48

4. MATERIAS E MÉTODOS ................................................................................................. 65

4.1 O Substrato .................................................................................................................................65

4.1.1 Limpeza do Vidro ............................................................................................................................... 66

4.2 Deposição dos Filmes de TiO2 por Magnetron Sputtering ......................................................66

4.3. Análise de Transmitância .........................................................................................................69

4.4 Difração de Raios X (DRX) .......................................................................................................69

4.5 EDS e MEV .................................................................................................................................70

4.6 FRX .............................................................................................................................................72

4.6 Caracterização Óptica ...............................................................................................................72

4.6.1 Método do Envelope ........................................................................................................................... 72

4.6.2 Método Computacional ....................................................................................................................... 72

4.6.3 Coeficiente de Absorção ..................................................................................................................... 72

4.6.4 Band Gap ............................................................................................................................................ 73

5. RESULTADOS E discussão ................................................................................................ 74

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XVII

5.1. Análise de Propriedades Ópticas .............................................................................................78

5.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ........................................................................87

5.3 Energia de Gap ...........................................................................................................................91

6. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 98

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1. INTRODUÇÃO

Fontes alternativas e menos poluentes de energia são de grande interesse

atualmente para acompanhar a crescente demanda energética mundial. Neste

cenário, as fontes de energia ditas renováveis ganharam bastante importância em

todo mundo, com grande destaque para energia solar.

A demanda mundial de energia está crescendo rapidamente por causa da

explosão de população e os avanços tecnológicos. Por isso, é importante a atenção

para fontes de energia confiáveis, de baixo custo, eficazes e eternamente renováveis.

A energia solar, entre outras fontes renováveis de energia, é uma fonte promissora e

livremente disponível para gerenciar questões de longo prazo em crise energética. A

indústria solar está se desenvolvendo de forma constante em todo o mundo, por causa

da alta demanda energética, enquanto a principal fonte de energia atual, os

combustíveis fósseis, é limitada e cara (Kannan, 2016).

A economia da energia é outro aspecto importante relacionado com o uso

consciente e inteligente da energia. Neste cenário encontram-se as tecnologias de

janelas inteligentes, que, diminuem o consumo de energia com climatização em

edificações, além de possibilitar maior conforto térmico e luminoso, podendo tanto

impedir a entrada de luz quanto permitir a entrada da radiação visível, impedindo a

passagem tão somente da radiação térmica (infravermelho). O TiO2 tem sido

empregado no desenvolvimento desta tecnologia (Patil e colaboradores, 2016).

Nos últimos anos, um interesse considerável tem sido dado a construção de

vidros avançados (janelas inteligentes), já que as janelas são responsáveis pela maior

fração de perda de energia em fachadas de edifícios. O aquecimento provocado pela

absorção da radiação solar nas fachadas é responsável por cerca de 37% do total da

energia gasta pelos sistemas de arrefecimento nos edifícios, enquanto a perda de

calor através das janelas representa mais de 40% do total das fugas energéticas dos

edifícios (Picolo e Simone, 2015).

O uso de catalisadores para reações de conversão de elementos nocivos à

natureza em outros não nocivos é outra abordagem de grande interesse do setor

produtivo preocupado com a sustentabilidade.

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A foto-oxidação catalítica, utilizando o dióxido de titânio (TiO2) como material

base do catalizador tem traído atenção considerável nos últimos anos, uma vez que

este material apresenta baixo custo, tem uma elevada estabilidade catalítica e produz

seus efeitos à temperatura ambiente e à pressão atmosférica (Momeni, 2015; Momeni,

Hakimian, Kazempour, 2015; Ghayeb, 2016).

Filmes finos de TiO2 podem ser a resposta para todas essas grandes questões

atuais, e para muitas outras, tendo sido aplicados com sucesso para produção de

células solares (Kannan, 2016), aproveitando uma fonte inesgotável de energia (o Sol)

para produção de eletricidade; como camada em janelas inteligentes, janelas

fotocrômicas e eletrocrômicas (Cunha Monteiro, 2004); além de apresentarem

propriedade fotocatalítica (Momeni, 2015).

Este mesmo material pode ser aplicado às janelas de grandes edifícios

contribuindo, ao mesmo tempo, para obtenção de energia solar; melhoria do conforto

térmico (redução do consumo de energia com climatização); e atuando como

fotocatalizador, diminuindo, assim, a poluição das grandes cidades.

Esse estudo que analisa as propriedades estruturais, ópticas e fotocatalíticas

do filmes finos de TiO2, com objetivo da criação de melhores práticas de investigação

das propriedades ópticas de filmes finos, podendo, essas rotinas de análise, serem

aplicadas para investigação de qualquer filme fino transparente.

Pretende-se, com o presente estudo, compreender as técnicas de análise

óptica de filmes finos, pesquisar melhores parâmetros de deposição para construção

de filmes de TiO2 com propriedades de interesse, como, por exemplo, menores

valores de band gap e maior transparência.

O uso de figuras de transmitância, obtidas diretamente de um

espectrofotômetro é comum, em diversos trabalhos que visam a caracterização óptica

de filmes finos e buscam encontrar seu band gap ou comprovar sua fotoativação

(Carneiro e colaboradores, 2007; Carneiro e colaboradores, 2011). No entanto, tais

trabalhos, por vezes, utilizam figuras de transmitância apenas como forma de

visualizar a possibilidade ou não de melhor fotoatividade ou para demonstrar a

transparência dos seus filmes depositados.

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Pretende-se, por meio deste trabalho, realizar análise óptica, contendo a

espessura da camada de filme, e o band gap do mesmo, utilizando como dado de

entrada apenas o gráfico de transmitância do filme presente em substrato

transparente de vidro.

Os métodos utilizados no trabalho são o Método do Envelope (Manifacier e

colaboradores, 1976; Swanepoel, 1983), e o Método Computacional PUMA (Birgin,

Chambouleyron e Martinez, 1999), sendo o primeiro já bem estabelecido mas tendo o

inconveniente de não poder ser aplicado em filmes com poucas franjas de

interferência e o último sendo pouco conhecido e utilizado, tendo sido desenvolvido

no Brasil por pesquisadores da USP/UNICAMP e que promete encontrar parâmetros

ópticos e espessura de filmes mesmo com presença de poucas ou nenhuma franja de

interferência, mas com o inconveniente de não ter sido bem testado em filmes finos

reais, depositados em laboratório, tendo sido mais utilizado para filmes simulados por

computação (Birgin e colaboradores, 2003; Drumond Ventura, 2005).

Primeiramente deve-se depositar filmes finos de TiO2 assegurando a

transparência dos mesmos, testar se os filmes depositados realmente apresentarão

tal composto para iniciar sua análise óptica.

Sabendo que a transmitância de um filme fino transparente é função do

comprimento de onda do feixe incidente, do índice de refração do substrato, do índice

de refração do filme, da espessura do filme e do coeficiente de absorção do filme

(Manifacier e colaboradores, 1976; Swanepoel, 1983), pretende-se analisar as

propriedades ópticas dos filmes depositados, encontrando, por meio apenas do

gráfico de transmitância seus parâmetros ópticos, em especial suas espessuras

(Swanepoel, 1983; Birgin, Chambouleyron e Martinez, 1999), coeficientes de

absorção (Swanepoel, 1983; Pazim, 2011) e, posteriormente, seu band gap (Tauc e

Menth, 1972).

Os valores obtidos de espessura pela análise óptica serão comparados com

valores de espessura obtidos por MEV transversal dos filmes, analisando suas

correspondências e, assim, validando o uso de tais métodos para o estudo dos filmes

finos de TiO2 depositados. O trabalho visa ainda compreender as relações existentes

entre os valores de band gap encontrados e a espessura e cristalinidade dos filmes,

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procurando quais melhores parâmetros foram utilizados na construção dessas

camadas que obtiveram filmes de interesse para trabalhos futuros.

Este trabalho está dividido em 6 capítulos. Este primeiro capítulo destaca a

importância do presente estudo e introduz a pesquisa realizada. O capítulo 2 descreve

o objetivo do presente estudo. O capítulo 3, se refere a fundamentação teórica do

trabalho, discutindo como se dá, na literatura, a deposição de filmes finos, em geral,

e de filmes finos de TiO2, em especial; as principais formas de análise óptica de filmes

finos, descrevendo detalhadamente o processo de extração de informações ópticas,

espessura, e band gap de filmes finos com análise da transmitância; e, finalmente,

descreve artigos selecionados de interesse sobre filmes finos de TiO2, tais estudos

norteiam a forma de produção de conhecimento da área. No capítulo 4, Materiais e

Métodos, foram descritas todas as técnicas de produção e análise utilizados neste

trabalho. O capítulo 5, Resultados e Discussões, apresenta todos os resultados

obtidos no trabalho e suas as conclusões, passando pela justificativa de cada

raciocínio empregado para aferir tais conclusões a partir dos resultados. Finalmente,

no capítulo 6, se encontra a conclusão do presente estudo.

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2. OBJETIVO

Este trabalho teve como objetivo a análise óptica de filmes finos transparentes

de TiO2, depositados por magnetron sputtering, com intensão de encontrar valores de

espessura e band gap dos mesmos, utilizando apenas dados de transmitância e,

posteriormente, confirmar a validade e precisão de tais métodos de análise

confrontando os valores encontrados de espessura com valores medidos por MEV

transversal destes filmes, além de comparar o Coeficiente de Absorção obtido pelo

Método do Envelope com o obtido pelo Método Computacional PUMA..

Buscou-se comparar os resultados de espessura do Método do Envelope e

Computacional PUMA, verificando destes qual apresenta valores mais próximos aos

obtidos por MEV transversal das amostras.

Objetivou-se a construção de filmes finos transparentes encontrando

parâmetros de deposição que possam ser utilizados para construção de filmes com

propriedades ópticas de interesse.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os trabalhos que seguem contribuíram de duas formas para construção deste

trabalho. Primeiramente, indicam como são estudados filmes finos transparentes na

literatura, quais técnicas são aplicadas na análise dos mesmos, e, também, trazem

resultados que serão utilizados nas análises empregadas em “Resultados e

Discussões” deste trabalho.

3.1 Mecanismos de Deposição de Filmes Finos

Os dois principais grupos de métodos de deposição de filmes finos são a

deposição química por vapor (CVD – chemical vapour deposition) e a deposição física

por vapor (PVD – physical vapour deposition). Para CVD é necessário a reação

química entre um composto volátil do material a ser depositado e outros gases,

produzindo um sólido que é depositado atomicamente em um substrato. No caso de

PVD, mecanismos físicos fazem os átomos do alvo entrarem na fase gasosa, havendo

deposição com ausência de reações químicas na fase gasosa e na superfície do alvo

(Toku, 2007).

3.1.1 Sputtering (Pulverização Catódica)

No processo de sputtering, também conhecido como pulverização catódica, a

remoção de material de um alvo e sua consequente deposição na superfície se dá

devido ao impacto de partículas energéticas produzidas por plasma que transferem

seu momento linear aos átomos da superfície do alvo utilizado. As partículas ejetadas

possuem energias compreendidas entre a faixa de 1 a 100 eV (Bunshah, 1982;

Vossen e Kern, 1991; Ohring, 2001; Mattox, 2010; Stuart, 2012).

Figura 1 – Representação simplificada das interações do plasma com a superficie

(Barbosa, 2011)

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Os íons que bombardeiam o alvo podem sofrer reflexão, provocar ejeção de

elétrons secundários dos átomos do alvo, implantar-se no alvo ou levar a ejeção de

um ou mais átomos do alvo (Nascimento, 2011). O principal processo ocorre devido

às partículas que vão sendo atomicamente depositadas sobre um substrato colocado

nas proximidades da superfície, daí a nomenclatura de pulverização catódica para a

técnica.

A maior adesão dos filmes formados por essa técnica se deve ao fato de que

os átomos gerados possuem energia muito maior aos gerados por energia térmica,

promovendo uma maior interdifusão e mistura com os átomos do substrato

(Hutchings, 1992).

A eficiência do processo de sputtering depende de que as partículas incidentes

no alvo sejam de dimensões atômicas, pois uma partícula muito pequena, como um

elétron, por exemplo, não garantiria que o momento cinético transferido aos átomos

do material que constituem o alvo fosse suficiente para ocorrer o desbaste do alvo e,

por consequência, a deposição do filme no substrato. Se a partícula incidente for muito

grande, devido seu volume, poderá fazer com que não ocorra a interação entre átomos

ou moléculas da superfície que está sendo bombardeada. Por ser uma técnica de

colisões em nível atômico, o processo pode ser comparado a um jogo de bilhar

atômico, ou seja, obedece às leis da conservação da quantidade de movimento. Para

ocorrer a deposição dos átomos do material removido do alvo é necessário que o

substrato fique na direção dos átomos ejetados. Se isso ocorrer, existe uma grande

possibilidade de os átomos que colidirem com a superfície aderirem ao substrato

(Nascimento, 2011).

São várias as vantagens desse método, (Toku, 2007) cita, entre outras, a

possibilidade de deposição de uma grande variedade de materiais (tanto puros quanto

em ligas de compostos), deposição uniforme, excelente adesão do filme ao substrato,

maior flexibilidade por permitir um controle preciso da espessura mediante o ajuste de

parâmetros de deposição, possibilidade de limpeza da superfície da amostra (por

sputtering) sem a necessidade de exposição ao ambiente. Como desvantagem o

mesmo autor destaca o alto custo dos equipamentos, a relativa baixa taxa de

deposição de alguns materiais, a degradação de alguns materiais pelo

bombardeamento de alta energia e conseqüente aquecimento.

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Em um sistema de sputtering convencional após aplicar vácuo à um reator este

é submetido a uma atmosfera de argônio e uma fonte de alta tensão é responsável

por acelerar elétrons que ao se chocarem com o argônio inerte formam íons que serão,

por transferência de momento, responsáveis pela ejeção de material do alvo e

conseqüente deposição no substrato. A utilização do argônio se dá por ser um gás

pesado e inerte, evitando reações químicas com o material do alvo (Almeida, 2008).

Quando o alvo não é condutor é necessário utilizar-se um campo de RF (rádio-

frequência) para manter-se a descarga. Isto se deve ao fato do dielétrico ficar

carregado positivamente durante a descarga em corrente contínua (CC), diminuindo

a diferença de tensão entre o catodo e o anodo até valores abaixo dos quais a

descarga perde seu caráter auto-sustentável (Toku, 2007).

Um importante parâmetro do processo de sputtering é o rendimento do

processo, ou taxa de pulverização (Almeida, 2008), que tem o modelo de Sigmund

(Sigmund, 1969) como mais apropriado para processos de deposição gasosa. Nesse

modelo a taxa de pulverização com energias menores ou iguais a 1 KeV é dada por:

���� = ���

���� ��

���

Equação 1

Onde Mi é a massa do íon incidente; Mt é a massa do átomo do alvo; E, a

energia do íon incidente; U0, a energia de ligação dos átomos da superfície e α é uma

constante de proporcionalidade que depende da razão entre a massa do íon incidente

e do átomo do alvo (Almeida, 2008).

Para energia do íon incidente maior que 1 KeV, no modelo de Sigmund

(Sigmund, 1969), a equação fica:

���� = 3,56� �����

/��/� � �

� � �����

�� Equação 2

Sendo Z1 o número atômico do íon incidente, Z2 o número atômico do átomo

do alvo, Sn(E) o potencial de freamento que pode ser expresso como dE/dx, ou seja,

é o valor de perda de energia por unidade de comprimento (Nascimento, 2011).

O sputtering só ocorre a partir de certos valores de energia do íon incidente,

este precisa ter energia suficiente para arrancar os átomos da rede cristalina do alvo

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e fornecer energia cinética para que esse se desloque para o substrato. Esse valor de

energia mínimo é diretamente relacionado com as propriedades de cada material.

O processo de sputtering convencional apresenta uma desvantagem de que a

descarga gasosa ocupa toda câmara de deposição, os elétrons secundários do cátodo

emitidos devido o bombeamento colidem com átomos do gás produzindo novos íons

e elétrons que serão fundamentais para manutenção da descarga gasosa (Toku,

2007).

Em baixas pressões, o livre caminho médio aumenta com o decréscimo da

pressão do gás. Em baixas pressões esses mesmos íons só serão produzidos longe

do cátodo diminuindo o processo ionizante da descarga. Por isso, essas descargas

são limitadas a operarem a pressões maiores que 10 Pa (Hughes e colaboradores,

1968; Riyopoulos, 1996).

3.1.2 Magnetron Sputtering

O Magnetron Sputtering aumenta a eficiência do processo com o

aprisionamento dos elétrons secundários em uma região próxima do cátodo devido a

presença de um campo magnético, que é gerado pela presença de ímãs no reator,

fazendo com que os mesmos atinjam partículas gasosas próximas da amostra,

criando íons que chegarão ao alvo com mais facilidade e mais energéticos. A Figura

2 mostra a diferença entre o processo de sputtering convencional e o por magnetron.

Figura 2– Comparação entre a técnica de sputterign convencional (esquerda) e o magnetron sputtering (direita) (Toku, 2007)

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A técnica tem como principal característica o aprisionamento dos elétrons

secundários que no sputtering convencional ficavam sujeitos apenas a uma força

elétrica gerada por um campo na forma:

�� = �!� Equação 3

Sendo ‘q’ a carga elementar e �!� o vetor campo elétrico. Com a aplicação de

um campo magnético os elétrons estarão sujeitos a ação da Força de Lorentz, que é

da força elétrica (devido campo elétrico) e força magnética (devido ao campo

magnético) aplicadas na carga. Sendo:

�� = �!� + #�$%!� Equação 4

Sendo #� o vetor velocidade da partícula e %!� o vetor campo magnético. O

comportamento de uma partícula carregada (elétron ejetado) que entra em uma região

de campo magnético é representado na Figura 3.

Figura 3– Comportamento de partícula carregada em região de campo magnético.

Chamando de θ o ângulo entre o vetor velocidade da partícula e as linhas de

campo magnético na região, pode-se dizer que sendo θ igual a 90° a partícula gira em

movimento circular devido campo magnético, nesse caso a força magnética atua

como força centrípeta, sendo a partícula acelerada apenas pelo campo elétrico; sendo

θ de 0° ou 180° a partícula não sofre ação de força magnética comportando-se como

no caso de um sputtering convencional; para quaisquer outros ângulos a partícula terá

movimento helicoidal devido campo magnético e mais uma aceleração devido campo

elétrico que faz variar sua velocidade na direção do campo.

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Pode-se observar que além de aprisionar os elétrons secundários em uma

armadilha o magnetron também funciona aumentando a trajetória percorrida pelos

elétrons em um curto espaço, o que irá provocar mais choques com átomos do gás e

tornar o plasma mais ativo nas proximidades do cátodo. Essa técnica provoca

melhoramentos que são observadas do ponto de vista macroscópico em relação à

técnica tradicional.

Alguns dos efeitos produzidos pelo magnetron sputtering, em relação à técnica

tradicional é o melhoramento de suas características em relação às taxas de

deposição, a ampliação da sua faixa de operação, em termos de pressão do gás inerte

e/ou reativo; otimização das características tensão-corrente, redução do

bombardeamento do substrato por elétrons (Toku, 2007).

3.1.3 Tipos de Configuração do Campo Magnético em um Dispositivo de Magnetron

Sputtering

Existem várias formas utilizadas de configurar a posição dos ímãs para gerar

linhas de campo magnético no reator de plasma. Muito utilizadas são as configurações

de linhas de campo ditas balanceadas, desbalanceadas tipo I e desbalanceadas tipo

II.

Figura 4 – Tipos básicos de configuração de Magnetron Sputtering. Balanceado;

desbalanceado tipo I; e desbalanceado tipo II (Adaptado de Window e Savvides, 1986).

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Na configuração do tipo balanceada as linhas de campo no centro têm fluxo

magnético igual ao das extremidades, na desbalanceada tipo I nota-se um fluxo mais

intenso no centro e menor nas extremidades, e na desbalanceada tipo II a lógica se

inverte, sendo que o fluxo magnético é mais intenso nas extremidades que no centro.

Utilizou-se nesse trabalho a configuração balanceada para produção de filmes

finos de TiO2.

Outro fator importante e que será afetado em seu resultado pelas configurações

de linhas de campo é a distância utilizada entre o cátodo, com o alvo, e o substrato.

Como exemplo, para uma configuração balanceada, Wang e colaboradores (Wang,

Diao e Wang, 2011) encontraram uma diferença na resistividade de filmes de ZnO:Al

dependendo da distância entre o alvo e o substrato de deposição, corroborando a

idéia de que as características do filme depositado são influenciadas pelo fluxo

magnético utilizado no plasma.

Nascimento (Nascimento, 2011) também observa que durante uma deposição,

o substrato pode ser colocado próximo ou afastado do alvo. Próximo do alvo, a taxa

de deposição é máxima, tendo grande eficiência no aproveitamento do material do

alvo e aumentando a possibilidade de produção de um filme mais compacto. No

entanto, existe um ponto negativo, segundo o autor, pois o filme não terá boa

uniformidade em sua espessura devido ao fato de que quanto mais próximo do anel

de plasma, isto é, do confinamento do plasma, terá bordas finas e centro mais

espesso. Por outro lado, quando o substrato fica mais afastado dessa região, o filme

se torna mais uniforme, ou seja, sem picos aleatórios de deposição.

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Figura 5– Influência da distância entre o alvo e o substrato, comparada com as

dimensões do magnetron, na uniformidade do filme segundo (Bilac e Farah, 1991) (aput

Nascimento, 2011).

3.1.4 – Crescimento de Filmes

O crescimento de filmes finos ocorre com a condensação de átomos e

moléculas que chegam em forma de vapor no substrato e que se condensam

formando pequenos aglomerados (núcleos) que se formam espalhados de forma

aleatória no substrato. As partículas são fixadas no substrato devido sua energia livre

de superfície, que é acentuada pelo efeito do tamanho das partículas em comparação

com seu volume. Os átomos absorvidos migram pela superfície e interagem com

outros átomos formando ilhas, essas ilhas formarão o filme continuo pelo processo

denominado coalescimento. Essas etapas estão descritas na figura que segue.

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Figura 6– Crescimento de um filme fino por condensação (Almeida, 2008).

Na última década desenvolveu-se um novo modelo que se propõe explicar o

mesmo fenômeno, a chamada teoria dos aglomerados carregados (theory or charged

clusters – TCC) apresentada por (Barnes e colaboradores, 2004). Pode-se citar a

deposição de TiO2 por processo de magnetron sputtering estudado por Toku (Toku,

2007) em que se leva em consideração essa teoria para explicar o crescimento dos

filmes.

A TCC afirma que no crescimento dos filmes é na fase gasosa que ocorrem as

formações de aglomerados que serão depositados na superfície. Os aglomerados

crescem com certa liberdade até que se tornam carregados, devido interação com

elétrons e íons no plasma. Uma vez que são carregados esses aglomerados não

poderão mais crescer devido forças de repulsão coulombianas, tendo um crescimento,

agora, limitado a reações com espécies reativas na fase gasosa ou devido ação de

aglomerados não carregados menores.

Os aglomerados maiores tendem a reter sua estrutura ordenada após

depositados, já os aglomerados menores têm orientação cristalina não fixa e, portanto,

podem adotar a estrutura cristalina do substrato ou do filme já depositado.

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Figura 7– Formação de Filmes no Reator pela Teoria dos Aglomerados Carregados

(Adaptado de Toku, 2007).

Pela TCC, portanto, o controle do tamanho dos aglomerados no reator é

extremamente importante para definir a estrutura cristalográfica do filme.

3.2 Determinação das Propriedades Ópticas de Filmes Finos

3.2.1. O Método do Envelope

Será apresentado o Método do Envelope que foi originalmente proposto por

Manifacier (Manifacier, Gasiot e Fillard, 1976) que derivou equações explícitas para

as constantes ópticas e espessura dos filmes finos, sendo que seu método utilizava-

se apenas do espectro de transmitância dos filmes (Pazim, 2011). Mais tarde

Swanepoel (1983) conseguiu melhorar ainda mais a precisão desse método para

encontrar propriedades ópticas dos filmes finos e sua espessura.

Também será apresentado, nesse capítulo, a aplicação de equações propostas

nos trabalhos de (Lindgren e colaboradores, 2003) e a Lei de Beer-Lambert para

cálculo do Coeficiente de Absorção dos filmes, outro dado importante para mais tarde

determinar o gap dos mesmos.

O método de análise óptica proposto por (Swanepoel, 1983) é um método

preciso para cálculo de todas as constantes ópticas de filmes finos usando como dado

de entrada apenas os dados de transmitância desses filmes o que é uma vantagem

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tendo em vista que nem todos os espectrofotômetros fornecem também os valores de

refletância de filmes.

É importante ressaltar as limitações da técnica do método. Primeiro os filmes

devem ser finos, ou seja, sua espessura deve ser muitas ordens de grandeza menor

que a espessa do substrato que o comporta. O substrato deve ser transparente na

região de análise, ou seja, considerando a região de fraca e média absorção no gráfico

de transmitância. O gráfico de transmitância deve apresentar franjas de interferência

para aplicação da técnica, o que ocorre quando se tem um filme uniforme e de

algumas centenas de nanômetros; filmes muito finos (algumas dezenas de

nanômetros) ou disformes, em geral, não apresentam franjas devido às variações em

sua espessura poderem provocar interferências destrutivas na saída da luz do filme.

Com essas ressalvas pode-se aplicar tal método para encontrar constantes

ópticas em filmes finos transparentes.

Figura 8 – Espectro de transmitância (T) para amostras de TiO2 (a) e para o

substrato de SiO2 (b) na faixa de comprimento de onda entre 200 e 3300nm (Adaptado de

Azevedo, 2015).

Tendo valores de transmitância para vários comprimentos de onda, sabe-se

que o comportamento da função de transmitância é depende do comprimento de onda

da luz incidente, do índice de refração do filme, do índice de refração do substrato, da

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espessura do filme e do coeficiente de absorção do filme. Sendo, portanto, uma função

do tipo:

T(λ, s, n, d, α) Equação 5

Em que λ é comprimento de onda do feixe incidente; s é índice de refração do

substrato; n representa o índice de refração do filme; d a espessura do filme; e α ο

coeficiente de absorção do filme.

Sendo:

& = '()*+(,-./ 0( Equação 6

Onde:

snA 216= Equação 7.1

)()1( 23 snnB ++= Equação 7.2

))(1(2 222 snnC −−= Equação 7.3

)()1( 23 snnD −−= Equação 7.4

λπϕ /4 nd= Equação 7.5

)exp( dx α−= Equação 7.6

A transmitância possuí valores de máximo e mínimo dados por:

2DxCxB

AxTM +−

=

Equação 8.1

2DxCxB

AxTm ++

= Equação 8.2

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36

Nas equações 8.1 e 8.2, TM são os pontos de máximo e Tm pontos de mínimo

no gráfico de transmitância.

Estar-se-á sempre trabalhando com interfaces do tipo:

Figura 9– Configuração de filmes depositados em substrato de vidro (Adaptado de Swanepoel, 1983).

Na figura 9, acima, o primeiro e último meio é o ar, com índice de refração

valendo n0 = 1, e tem-se um filme de espessura ‘d’ e índice de refração n = n – ik,

onde ‘n’ é a parte real e ‘k’ é o coeficiente de extinção do filme (que corresponde a

aparte imaginária do índice), que pode ser expresso em função do coeficiente de

absorção α. Com α conhecido tem-se que o coeficiente de absorção, ‘k’, é dado por:

πλλαλ

4

).()( =k

Equação 9

2.2.1.1 O Índice de Refração do Substrato (s)

O índice de refração do vidro comum é de aproximadamente 1.50, sendo que

pode ser obtido com exatidão para cada comprimento de onda com a medida de

transmitância do vidro sem filme, também chamado de linha de base ou branco. Na

região transparente, ou seja, no gráfico antes da curva de transmitância começar a

cair, com ‘Ts’ sendo a transmitância obtida do vidro, tem-se (Swanepoel, 1983):

2/1

21

11)(

−+=TsTs

s λ Equação 10

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37

Para um vidro com valor de transmitância aproximadamente constante em 0,92

(92% de transmitância) encontra-se um índice de refração aproximadamente

constante igual a 1.50, conforme a equação acima.

2.2.1.2. Função de Empacotamento da Transmitância

Para encontrar as constantes ópticas é criada uma função TM que contém todos

os pontos de máximo de interferência, e uma função Tm com todos os pontos de

mínimo de interferência.

Essas funções são encontradas com extrapolação polinomial dos pontos

conhecidos de máximo e mínimo das franjas de interferência, gerando um

empacotamento da função Transmitância (T), para que cada valor de crista do gráfico

possa obter um ponto Tm correspondente e para cada valor de vale tenha-se um TM

correspondente.

Figura 10– Espectro de Transmitância para um filme de BiFeO3 e Funções TM e Tm

que envelopam a curva de transmitância (Adaptado de Gu e colaboradores, 2009).

Toda análise óptica é feita desconsiderando a região de forte absorção, nela as

franjas desaparecem, TM e Tm passam ser uma única curva e os valores das

constantes ópticas não podem ser determinados com precisão com o método de

envelope.

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38

2.2.1.3 Encontrando o Índice de Refração do Filme (n)

O índice de refração do filme pode ser obtido como sendo:

2

1

.2

:

])([

2

2/12/122

++−=

−+=

s

TmTM

TmTMsN

onde

sNNn

Equação 11

Os valores de ‘n’ podem então ser tabelados para cada valo/r de comprimento

de onda.

2.2.1.4 Espessura do Filme (d)

Um importante parâmetro que deve ser determinado para precisa

caracterização do filme é sua espessura. Sendo n1 e n2 os índices de refração de dois

máximos ou mínimos adjacentes e λ1 e λ2 o comprimento de onda da luz

correspondente, a espessura é dada por:

)(2

.

1221

21

nnd

λλλλ−

= Equação 12

A seguinte tabela pode ser utilizada como exemplo para encontrar a espessura

de um filme real, sendo ela obtida do filme de silício amorfo (Swanepoel, 1983). Note

que os dois últimos valores obtidos para espessura forem desconsiderados por serem

muito diferentes dos demais, isso se deve a terem sido obtidos de uma região de forte

absorbância para o filme apresentado.

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39

Tabela 1: Tabela utilizada para obtenção da espessura e constantes ópticas de um filme de α-Si:H de espessura real 1µm, depositado em substrato de vidro (Swanepoel, 1983).

Foi retirado do gráfico os valores de comprimento de onda (Lambda) para os

máximos e mínimos do gráfico, para cada máximo foi encontrado um valor de mínimo

equivalente e para cada mínimo um máximo equivalente da função de

empacotamento. O valor ‘n1’ corresponde ao índice de refração calculado pela

equação 11. Sendo ‘d1’ os valores encontrados para espessura sendo sua média

apresentada em “1̅1” (1008nm), com desvio padrão de 25 nm, o que ainda é

considerado um erro alto.

Sabendo da equação básica da óptica para franjas de interferência:

λmnd =2 Equação 13

A equação 13 descreve franjas de interferência, para as quais o valor de ‘m’

deve ser um inteiro (m = 0; 1; 2; 3; ...) ou um meio inteiro (m = 0,5; 1,5; 2,5; ...) para

que haja interferência construtiva ou destrutiva para um valor de comprimento de

onda.

Utilizando valores de ‘n’, ‘d1’ e λ pode-se determinar os valores aproximados do

número ‘m’ que não aparecem na tabela 1, do trabalho de Swanepoel, desse valor

(com erro de aproximação pelas equações) pode-se determinar os valores reais

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(inteiros ou meio inteiros) que constam na mesma tabela simplesmente como ‘m’, e

com esses valores podem ser utilizados agora na equação 9 para determinar valores

mais precisos da espessura. Sendo encontrada uma espessura de 1000 nm com

desvio padrão de 2 nm (d = 1000 ± 2nm) que corresponde a um erro menor que 1%.

2.2.1.5 Absorbância do Filme (x)

O valor da absorbância do filme será importante, no método do envelope, para

encontrar o Coeficiente de Absorção (α) do filme. Sendo esse coeficiente fundamental

para determinar o band gap do filme.

Swanepoel propõe várias maneiras para encontrar os valores de x(λ), no

entanto conclui que o melhor ajuste é:

))(1(8

:

)()1(

)]()1([

2222

23

2/142322

snnTM

snEM

onde

snn

snnEMEMx

−−+=

−−−−−−=

Equação 14

O comportamento esperado da curva é que a absorbância deve diminuir para

fótons mais energéticos (menores comprimentos de onda).

2.2.1.6 Coeficiente de Absorção do Filme (α)

Serão destacadas três formas analíticas de encontrar o coeficiente de absorção

(α) do filme. A primeira delas é pela equação 15 (Lindgren e colaboradores, 2003):

−−=

R

Td

1lnα Equação 15

Essa equação 15 fornece o valor do coeficiente de absorção dados a espessura

(d), transmitância (T) e refletância (R) do filme. Como nesse trabalho foi utilizado um

espectrofotômetro que fornece apenas a transmitância deve-se utilizar outro método.

Um deles é dado pela equação 16 (Swanepoel, 1983):

dex α−= Equação 16

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Que pode ser utilizada isolando-se o coeficiente de absorção:

xd

ln1−=α

Equação 17

Outra forma de encontrar o coeficiente de absorção sabendo apenas o valor da

espessura ‘d’ e a transmitância é pela Lei de Beer-Lambert:

=Td

1ln

1α Equação 18

Os dois últimos métodos concordam quanto ao comportamento da curva do

coeficiente de absorção. Pazim (2011), utilizando um espectro de refletância, compara

os dois métodos obtendo o seguinte gráfico:

Figura 11– Coeficiente de absorção encontrado pelo método do envelope e pela lei de Beer-Lambert (Pazim, 2011).

A equação de Beer-Lambert superestima valores do coeficiente de absorção já

que considera a diminuição da transmitância devido refletância como absorção do

filme (Pazim, 2011).

Pazim (2011) ainda estuda filmes de carbeto de silício amorfo hidrogenado, a-

SiC:H, fabricados por deposição química a vapor assistida por plasma e filmes de

nitreto de alumínio por Sputtering com plasma de argônio gerado por uma fonte de

radiofrequência, encontrando a espessura dos filmes pelo Método do Envelope e

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comparando com a espessura obtida por perfilometria, conforme apresentado na

Tabela 2.

Tabela 2: Espessura dos filmes, em nanômetros, calculada pelo programa que utiliza o método do envelope (dpro) comparada com a obtida por perfilometria (dper) (Pazim, 2011).

Os valores obtidos acordam entre si e os valores obtidos por perfilometria são,

em geral, menores que os obtidos pelo método do envelope. Isso se dá pela maneira

mecânica pela qual o degrau é formado e medido, pois a máscara utilizada para a

formação do degrau acaba influenciando a espessura do filme em sua proximidade,

causando uma subestimação sistemática nas medidas obtidas pelo equipamento de

perfilometria (Pazim, 2011).

O segredo do sucesso do método do envelope está em sua segunda iteração,

quando o valor de espessura é corrigido e o desvio padrão cai drasticamente,

conforme pode-se observar no trabalho de Shaaban (Shaaban, Yahia e El-Metwally,

2012) que utiliza o método para encontrar os parâmetros ópticos e espessura de filmes

amorfos de Ge25Cd5Se70. Foram utilizadas quatro amostras do mesmo filme

depositadas por evaporação térmica em substrato de vidro.

.

3.2.2 O Método Computacional

O Método Computacional é uma forma de determinar os parâmetros ópticos do

filme encontrando uma função de transmitância teórica em função do comprimento de

onda do feixe incidente (λ), o índice de refração do substrato (s), o índice de refração

do filme (n), a espessura do filme (d) e do coeficiente de absorção do filme (α). Sendo

que:

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& = &�3, 4, 5, 1, �� Equação 19

Desses parâmetros apenas a espessura ‘d’ se mantém constante para todo

filme, sendo que todas as outras também são funções do comprimento de onda: s(λ),

n(λ), α(λ).

O problema é altamente indeterminado e consiste em, para cada valor de

comprimento de onda, determinar:

&675489:â5<97 :>ó69<7 = &675489:â5<97 8>1917 Equação 20

Encontrar as múltiplas soluções para tal problema e delas a de menor desvio

padrão entre seus valores e os valores reais da função de transmitância obtida com

espectrofotômetro passa a ser um problema de otimização da forma (Birgin,

Chambouleyron e Martınez, 1999):

@95989A> ∑ [&675489:â5<97 &>ó69<7�3� − &675489:â5<97 @>1917�3�]FG Equação 21

Será analisada a eficácia do software PUMA (Pointwise Unconstrained

Minimization Approach) aplicado a filmes de TiO2, software desenvolvido em conjunto

pelos Departamentos de Matemática Aplicada e Física Aplicada da Universidade

Estadual de Campinas – SP (UNICAMP) e pelo Departamento de Ciências da

Computação da Universidade de São Paulo (USP).

O PUMA apresenta excelentes resultados para encontrar os valores das

constantes ópticas conforme a literatura (Birgin, Chambouleyron e Martınez, 1999;

Chambouleyron e colaboradores, 2002; Birgin, Chambouleyron e Martınez, 2003).

O problema é resolvido computacionalmente em uma sequência de, no mínimo,

três interações do software onde procura, dado um conjunto de valores possíveis para

a espessura do filme e suas constantes ópticas, que constituem entradas do usuário,

encontrar os valores que mais se ajustam a curva experimental.

Esse método se mostra extremamente útil e confiável para estimar a espessura

de filmes quando são usados dados de transmissão de quatro dígitos. O método

computacional proporciona uma boa recuperação dos dados de transmissão onde

outros métodos falham, como em filmes muito finos ou em camadas mais absorventes

(Birgin, Chambouleyron e Martınez, 1999).

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Birgin e colaboradores (Birgin e colaboradores, 2003) e (Drumond Ventura,

2005) realizam testes que visam confirmar a eficácia do método computacional, com

uso do software PUMA, mas utilizam para isso filmes gerados por computador.

Para filmes reais, aqueles depositados por algum método físico ou químico,

encontram-se poucos trabalhos que testam especificamente o método computacional

PUMA para encontrar valores de espessura e constantes ópticas. Pode ser citado

Chambouleyron e colaboradores (Chambouleyron e colaboradores, 2002) que

estudaram filmes de silício amorfo obtendo a Tabela 3.

Tabela 3: Espessura medida por perfilometria (Espessura Experimental) e espessura

recuperada no processo de otimização do software PUMA, bem como erro quadrático entra a

curva real de transmitância e a curva teórica obtida pelo software (Chambouleyron e

colaboradores, 2002)

Material Espessura

Experimental

(nm)

Recuperado

pelo PUMA (nm)

Erro

Quadrático

a-Si ~ 504 ± 20 491 1.71 x 10-4

a-Si ~ 620 ± 20 624 1.60 x 10-3

O erro quadrático apontado não corresponde ao erro encontrado quanto as

espessuras dos filmes – que tende a ser menor que 6% (De Andrade Abrantes, 2008)

– e sim o erro entre a curva obtida pelo método para transmitância utilizando os

valores óticos e de espessura obtido e a curva real que é resultado da medida

realizada por um espectrofotômetro.

Os filmes mais utilizados para teste do método são filmes ditos gedanken,

palavra que tem origem do verbo alemão deken que significa pensar, sendo que

Gedanken quer dizer pensamento, esses são filmes idealizados, são construídos

numericamente. Dessa forma a resposta “verdadeira” é conhecida antecipadamente

assim o ajuste e as limitações do algoritmo de recuperação podem ser prontamente

obtidos em filmes possuindo propriedades ópticas distintas e/ou com diferentes

espessuras. Além disso, o algoritmo pode ser aplicado a filmes contendo diferentes

níveis de erros aleatórios e sistemáticos nas suas transmitâncias e refletâncias. Essa

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possibilidade permite estabelecer as limitações do método de inversão. Finalmente,

testes de consistência são facilmente aplicados a filmes gedanken (Drumond Ventura,

2005).

Birgin e colaboradores (Birgin e colaboradores, 2003) trabalham com filmes

gedanken e os nomeiam como sendo filmes A, B, C, D e E, a Tabela 4 mostra os

resultados para esses filmes pelo método PUMA, na Tabela o campo “Erro

Quadrático” diz respeito ao erro quadrático entre a curva teórica, encontrada pelo

Método Computacional PUMA e a curva real.

Tabela 4: Filmes gedanken e sua espessura real e a recuperada pelo método PUMA, bem como o erro quadrático para curva de transmitância.

PUMA

Filme Espessura Real Espessura Erro Quadrático

A 100 100 6.33 X 10-6

B 600 600 2.42 X 10-5

C 100 100 6.09 X 10-8

D 600 600 6.35 X 10-8

E 80 80 5.08 X 10-7

Já para filmes muito finos, de espessura variando entre 10 e 70 nm, os

resultados não são tão animadores, conforme Tabela 5 (Birgin e colaboradores, 2003).

Tabela 5: Filmes gedanken e sua espessura real e a recuperada pelo método PUMA, bem como o erro quadrático para curva de transmitância (Birgin e colaboradores, 2003).

PUMA

Espessura Real Espessura Medida Erro Quadrático

10 2 1.52 x 10-7

20 56 1.04 x 10-5

30 51 1.69 x 10-5

40 60 5.42 x 10-8

50 59 1.60 x 10-5

60 60 2.85 x 10-5

70 78 6.13 x 10-7

Nota-se que os valores ficam mais próximos dos reais para espessuras

maiores, o que mostra que o método é preciso para filmes de espessura a partir de

100 nm.

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Um estudo com o gráfico de refletância para o uso do PUMA foi estudado por

(Drumond Ventura, 2005), que obtém, para filmes de silício amorfo hidrogenado (a-

Si:H) com espessura de 600nm, a exata espessura de 600nm sendo recuperada pelo

PUMA com um erro quadrático para curva de refletância de 6.28 x 10-4.

O mesmo autor estuda, para o mesmo filme, a influência de erros aleatórios

(deliberadamente introduzidos) e sistemáticos (falha na calibragem do detector, por

exemplo) nas medidas experimentais, ou seja, quais consequências de ruídos para

as medidas realizadas pelo PUMA.

Em geral, a espessura do filme e o coeficiente de absorção são melhor

recuperados a partir de espectros de transmitância com ruído que de refletância com

ruído (Drumond Ventura, 2005).

Drumond Ventura (2005) após criar gráficos de refletância (mais sensíveis aos

erros) de filmes de a-Si:H gedanken trunca os valores de refletância arredondando-os

para três casas decimais, após isso introduz um erro ∆R em todo espectro e utiliza os

dados com o erro R + ∆R para calcular as constantes ópticas e compara os valores

obtidos com o valor real de 600 nm para o filme analisado. O resultado é mostrado na

Tabela 6, nesta tabela temos que o campo “Erro Quadr.” refere-se ao erro quadrático

entre a curva teórica encontrada pelo Método Computacional PUMA e a curva real.

Tabela 6: Resultado de espessura recuperada e real (600nm) para filmes a-Si:H gedanken (Drumond Ventura, 2005)

Para um erro ∆R ≤ 0.1% a espessura verdadeira foi encontrada, se ∆R aumenta a

espessura encontrada diminui, mas não de modo catastrófico. Para o erro de 1% a

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espessura encontrada é de 586, ou seja, com erro de 2.3%. Experimentos numéricos

mostram que para situação inversa R - ∆R produz espessuras crescentes a medida

que ∆R aumenta (Drumond Ventura, 2005).

Os resultados da Tabela 6 indicam que o algoritmo do PUMA não é facilmente

enganado por erros aleatórios ou sistemáticos. Para Drumond Ventura (2005) isso se

deve a filosofia de minimização. PUMA sempre busca por propriedades ópticas e

espessura de forma a minimizar a diferença entre o espetro real e o encontrado

teoricamente pelo programa. Sendo assim, erros aleatórios ou sistêmicos tendem a

aumentar o erro quadrático das curvas, fazendo com que o software encontre curvas

mais distantes das reais mas para os mesmos valores de suas constantes ópticas e

espessura.

3.3 O Band Gap

Para encontrar o Band Gap dos filmes analisados no trabalho foi utilizado o

método Tauc (Tauc e Menth, 1972), que utiliza-se da seguinte expressão:

�ℎI = %�ℎI − �J�K Equação 22

Sendo ‘α’ o coeficiente de absorção, ‘hf’ é a energia do fóton incidente, ‘B’ é

uma constante de proporcionalidade denominada constante de absorção, Eg é a

energia do Band Gap (de interesse) e ‘r’ é um expoente que depende do tipo de

transição do material, sendo que para transição direta vale 0,5 e indireta 2.

Como o TiO2 possui transição indireta a equação fica:

��ℎI�L/F = %L/F�ℎI − �J� Equação 23

Nota-se que a equação acima pode ter um comportamento linear se o gráfico

for construído com (αhf)1/2 em função de ‘hf’, sendo que, nesse caso, a reta toca o

eixo horizontal exatamente no ponto Eg.

Construindo o gráfico e encontrando a região mais próxima de uma reta, pode-

se por uma extrapolação linear dos pontos da reta encontrar o ponto Eg, conforme

Figura 12.

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Figura 12 – Extrapolação Linear para cálculo do Band Gap.

O band gap em questão e o ponto em que a reta toca o eixo horizontal.

3.4 Análise Óptica de Filmes Finos

Najla Gharairi e Mongi Bouicha (Ghrairi e Bouaicha, 2012) realizaram um

estudo sobre as propriedades estruturais, ópticas e morfológicas de filmes de TiO2

gerados por eletrodeposição. Esse filme foi depositado sobre uma camada de dióxido

de estanho dopado com flúor (SnO2:F, FTO) e usado como foto-eletrodo em um

corante celular. Neste trabalho filmes finos de TiO2 foram depositados em substrato

de FTO a partir de pó de TiO2 produzido por Aldrich (Sigma-Aldrich Corporation, St.

Luis, MO, USA) com 99,7% de partículas com dimensões menores que 25 nm.

Para o estudo das propriedades estruturais dos filmes foram apresentadas três

medidas de espectro DRX, apresentadas na Figura 13. A Figura 13 relaciona o

espectro DRX para a curva na Figura 13.2.a de TiO2 em pó e o filme elaborado de

TiO2 na curva representada na Figura 13.2.b, levando em consideração os picos de

FTO apresentados na Figura 13.1. Notou-se no espectro formado de TiO2 três picos

correspondentes nas direções (101), (004), e (211). O pico (004) encontrado tanto no

pó quanto no filme de TiO2, tem a mesma posição do pico (200) do filme de FTO, o

que também havia sido observado por Radice e colaboradores (Radice e

colaboradores, 2010), e também por Fa-min e colaboradores (Liu e colaboradores,

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2007). Os autores não conseguiram identificar o novo pico presente no filme de TiO2

que aparece perto do pico (101) da camada de FTO.

Figura 13– Espectro XDR: (1) Filme fino de FTO e (2) Filme elaborado de TiO2

utilizando pó (Adaptado de Ghrairi e Bouaicha, 2012).

A morfologia da superfície foi estudada por meio de AFM. Na Figura 14 foram

apresentadas imagens para superfície de TiO2 (Figura 14a), e comparada a imagem

para o filme de FTO (Figura 14b).

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Figura 14 – Imagens de AFM. (a) Filme de TiO2 e (b) filme de FTO (Ghrairi e Bouaicha, 2012).

O índice de refração e coeficiente de extinção foram encontrados utilizando

espectroscopia de elipsometria. Segundo os autores as medidas foram realizadas

com ângulo de incidência de cerca de 60° em uma região de comprimentos de onda

de 200 a 800 nm na temperatura ambiente. Após coletar as medidas foram

determinados os parâmetros físicos baseados no método que permitiu melhores

resultados das curvas do modelo teórico para a função experimental do comprimento

de onda que seu estudo se baseou na Teoria do Efeito Médio de Bruggeman (EMA).

Para esse estudo a amostra é considerada formada por cinco meios (Figura

15). Afim de reforçar o ajuste dos resultados, todas as camadas são supostas

homogêneas, transparentes e isotrópicas. Conforme mostrado na Figura 15 foram

utilizados três meios básicos: um meio poroso de TiO2, formado por TiO2 e poros

(vazio); um meio formado pelo filme de FTO; e o vidro, sendo todas as camadas

combinações dessas. Os valores encontrados para n e k ficaram muito próximos aos

da literatura (Filmetrix).

Figura 15 – Representação esquemática do modelo de estrutura utilizado para

análise pelo espectroscópio de elipsometria (Adaptado de Ghrairi e Bouaicha, 2012).

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Os valores de espessura, considerando os meios representados na Figura 15,

e recuperados após utilizar a teoria EMA se encontram na Tabela 7.

Tabela 7: Espessuras obtidas considerando os meios apresentados na Figura 15 (Ghrairi e Bouaicha, 2012).

Meio Espessura (nm)

Meio 1: TiO 2/Vazio 68.70

Meio 2: poros TiO 2 4.36

Meio 3: SnO2/TiO 2 5.05

Meio 4: SnO 2:F 1021.60

Meio 5: Vidro -

A transmitância foi estudada utilizando um espectrofotômetro UV-vis-NIR

(Ultravioleta visível e baixo-infravermelho) na faixa de 250 até 2500 nm. A

transmitância para o filme de TiO2 e para o filme de FTO foram plotadas na Figura 16

para comparação.

Figura 16 – Medida de transmitância para os filmes de FTO/Vidro e TiO2 (Adaptado

de Ghrairi e Bouaicha, 2012)

Para as medidas de transmitância mostradas na Figura 16 foi deduzido o

coeficiente de absorção usando a relação:

� = LM ln �L

P� Equação 24

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Onde d é a espessura do filme (Tabela 10) e T é sua transmitância.

Os autores utilizaram o Método Tauc para encontrar uma relação entre o

coeficiente de absorção α e a energia do fóton incidente:

�ℎ# = Q�ℎ# − �R�S Equação 25

Onde ‘A’ é uma constante que depende da probabilidade de uma transição e

‘m’ é igual a ½ para transição indireta e 2 para transição direta. Foi plotado (αhν)1/m

em função da energia da radiação incidente (hν) afim de determinar o valor do band

gap dos filmes, sendo esse valor o ponto em que a extrapolação linear dos valores da

curva plotada tende a zero. As Figuras 17 e 18 mostram o cálculo do gap para

transição direta e indireta, respectivamente.

Figura 17 – Estimativa para valores do band gap para transição direta (Adaptado de Ghrairi e Bouaicha, 2012).

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Figura 18 – Estimativa para valores do band gap para transição indireta (Adaptado

de Ghrairi e Bouaicha, 2012).

Em relação às Figuras 17 e 18 foram encontrados valores de 4.14 e 3.40 eV

para transições diretas e indiretas, respectivamente. Esses resultados estão muito

próximos dos obtidos por Janitabar e colaboradores (Janitabar-Darzi, Mahjoub e

Nilchi, 2009). Nota-se que os autores consideraram tanto transições diretas quanto

indiretas, e que devido esse procedimento encontram valores de band gap muito

superiores para transições do tipo diretas, ou seja, o material já é fotoativado para

fótons menos energéticos do que os requeridos para uma transição direta. Devido

esse fato este trabalho considera transições do tipo indiretas para o mesmo material.

Em uma outra referência importante Heřman, Šícha e Musil realizaram um

trabalho no qual caracterizaram filmes finos de TiO2 dopados com nitrogênio (TiOxNy)

preparados por magnetron sputtering reativo (Heřman, Šícha e Musil, 2006). Neste

trabalho a quantidade de N varia entre 5 e 40% e a dopagem foi justificada como meio

de diminuir o band gap dos filmes de TiO2 já que esses filmes são altamente

fotocatalíticos mas apresentam o inconveniente de precisar ser ativado por luz UV

para produzir sua fotoatividade. No trabalho os autores se preocupam em estudar

esse filme por já ter sido demonstrado sua propriedade fotocatalítica na luz visível

(Kazemeini, Berezin e Fukuhara, 2000; Asahi e colaboradores, 2001; Jung e Kang,

2001; Martin e colaboradores, 2001; Morikawa e colaboradores, 2001; Chappe e

colaboradores, 2003; Irie, Watanabe e Hashimoto, 2003; Jung e colaboradores, 2003;

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Chen e colaboradores, 2004; Diwald e colaboradores, 2004; Miao e colaboradores,

2004; Yang, Yang e Wong, 2004; Yang e Gao, 2004; Yin e colaboradores, 2005).

Para este trabalho a espessura dos filmes foi medida por meio de um

perfilômetro Veeco Dektak 8 com resolução de 0,75 nm. A estrutura foi determinada

por difração de raios-X (DRX) usando um XRD Spectrometer Dron 4.07 (Burevestnik,

Russia) na configuração Bragg-Brentano com radiação CoKα. O ângulo de contato

com a gota de água α foi medido por um Sistema de Cálculo de Energia de Superfície

(Surface Energy Evaluation System, Masaryk University in Brno, Czech Republic). O

espectro UV-visível foi medido pelo espectrofotômetro Specord M400 (Carl Zeiss Inc.,

Germany). Os filmes foram depositados em lâminas de microscopia (26 x 26 x 1 mm³).

Para deposição a distância do substrato para superfície foi mantida em 100 mm, em

uma fonte DC pulsada com frequência de 100 kHz com descarga de voltagem de 418

até 463 V, e com pressão total de sputtering de 0.5 Pa, sendo uma pressão parcial

de nitrogênio de 0.5 Pa e de oxigênio variando entre 0-0.1 Pa.

Observou-se que a taxa de deposição dos filmes de TiOxNy e a quantidade e

de N e Ti incorporados diminuiu com o aumento da quantidade de O no filme, já a

quantidade de oxigênio aumenta com o aumento da pressão parcial do oxigênio.

Filmes produzidos com pressão parcial de oxigênio menor que 0.04 Pa apresentam

boa transparência.

A estrutura dos filmes foi caracterizada por DRX para filmes com espessura de

2 a 3 µm pulverizados em substrato de vidro, conforme a Figura 19.

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Figura 19 – DRX dos filmes de 2000 e 3000 nm, nanocristalinidade dos filmes de

TiOxNy com aumento da pressão parcial de oxigênio (pO2) (Adaptado de Heřman, Šícha e

Musil, 2006).

Nota-se que filmes com pO2 maior ou igual a 0.08 Pa começam a ser cristalinos,

ao que os autores explicam como sendo provável efeito da diminuição do nitrogênio

incorporado ao filme e/ou a diminuição da taxa de deposição.

O espectro UV-visível dos filmes de TiO2 e TiOxNy cristalinos e amorfos foram

medidos e estão representados na figura 20.

Figura 20 – Espectro de transmitância para filmes cristalinos e amorfos de TiO2 e

TiOxNy em substrato de vidro (Adaptado de Heřman, Šícha e Musil, 2006).

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Mostrou-se que filmes de TiO2 dopados com nitrogênio devem exibir um desvio

de sua borda de absorção para o vermelho na direção de λ = 500 nm (Asahi e

colaboradores, 2001), o que pode ser observado na figura 9. Observa-se também que

a borda de absorção para filmes de TiO2 amorfo desloca-se para valores de λ menores

que para filmes cristalinos, o que está em boa concordância com a literatura (Bendavid

e colaboradores, 1999). Contudo, para filmes de TiOxNy o que ocorre é oposto. Outro

resultado interessante é que filmes cristalinos de TiO2 e de TiOxNy exibem quase a

mesma borda de absorção.

O band gap dos filmes foi obtido pelo Método Tauc, conforme a equação 25,

considerando que filmes baseados em TiO2 sofrem transições indiretas. O resultado

pode ser visto na Figura 21.

Figura 21 – O band gap óptico Eg para filmes de TiO2 e TiOxNy avaliados pelo método Tauc a partir dos dados de transmitância (Adaptado de Heřman, Šícha e Musil, 2006).

O menor valor de band gap encontrado foi para o filme amorfo de TiOxNy,

sendo de 2.7 eV, o valor do band gap para filmes cristalinos contendo tanto anatase

quanto rutilo tanto de TiO2 quanto de TiOxNy foram de 3.10 eV, já para filmes amorfos

de TiO2 o band gap apresentou o maior valor, sendo de 3.24 eV. Uma observação

interessante deste trabalho é que para filmes de TiO2 o menor valor de band gap é

encontrado em filmes cristalinos, já para filmes de TiOxNy o menor band gap ocorre

em filmes amorfos.

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Heřman, Šícha e Musil (2006) concluem que o método de magnetron sputtering

para produção de filmes baseados em TiO2 se apresenta como excelente alternatia

por permitir um melhor controle da mistura (Ar+O2+N2) depositada em substrato de

vidro e que as propriedades ópticas e fotocatalíticas desses filmes têm forte

dependência com a cristalinidade e quantidade de nitrogênio incorporada nesses

filmes.

Outro estudo interessante sobre nanorevestimentos foi feito por J. O. Carneiro

e colaboradores (Carneiro e colaboradores, 2011), no qual revestimentos de TiO2

nano funcionais são aplicados sobre superfície de Poli (ácido láctico) mostrando a

versatilidade de filmes de dióxido de titânio sendo aplicados com interesse na indústria

têxtil. O poli (PLA) é um polímero biodegradável que consiste de um poliéster derivado

100% de fontes de energia renováveis, tais como o milho. Neste estudo, os principais

objetivos da aplicação de nanorevestimentos TiO2 para materiais têxteis são para

conferir funções de proteção UV e propriedades de autolimpeza para esse tipo de

substrato.

Sobre a atividade fotocatalítica de TiO2 é discutido que Fotocatálise é um

processo que se origina a partir da oxidação e redução do potencial de óxido de titânio

induzida pela radiação UV. Quando a superfície é iluminada pela luz UV com uma

energia mais elevada do que a do band-gap do óxido de titânio (3,0-3,2 eV), é induzida

uma transição de banda, resultando na geração de pares elétrons e furos (e-/h+). Tais

orifícios ou elétrons excitados podem se difundir para a superfície e gerar radicais ou

íons, que por sua vez irão decompor compostos orgânicos adsorvidos na superfície

do óxido de titânio. Isto significa que óxido de titânio pode ser usado como um

fotocatalisador para promover as reações de oxidação e redução de compostos

orgânicos tóxicos em compostos inorgânicos não-tóxicos, tais como carbono, água,

nitratos de amónio ou íons de cloreto.

Um aspecto relevante do filme de TiO2 para este trabalho é sua propriedade

fotocatalítica, que pode ser observada na Figura 22 com a diminuição da concentração

do corante Rodamina-B devido sua fotodegradação na presença do filme.

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Figura 22 – Redução de concentração de RhB em função do tempo induzida por

filme de TiO2 (Adaptado de Carneiro e colaboradores., 2011).

Outro estudo importante foi a investigação de propriedades fotocatalíticas com

interesse em aplicações autolimpantes de filmes de TiO2 dopados com ferro (Carneiro

e colaboradores, 2007).

A intensão da dopagem com ferro, neste trabalho se deve ao fato de que se

verificou que a adição de metais de transição pode melhorar a atividade fotocatalítica

por irradiação UV e até alargar sua utilização na região do visível do espectro

eletromagnético. Neste trabalho, o método de pulverização magnetron sputtering

reativo foi utilizado para preparar os filmes de dióxido de titânio dopado com ferro. Os

filmes foram depositados em placas de vidro e policarbonato em diferentes pressões

totais e concentrações de ferro dopante. A morfologia dos filmes foi analisada por

microscopia de força atômica (AFM), e sua estrutura por difração de raios-X (DRX)

(Carneiro e colaboradores, 2007).

Os parâmetros utilizados para deposição foram apresentados na Tabela 8. A

cor dos filmes variou de banco a amarelo claro e, finalmente, a amarelo escuro

seguindo essa sequência a partir do dióxido de titânio puro para a concentração mais

elevada de ferro. Todos os filmes foram transparentes.

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Tabela 8: Parâmetros de deposição dos filmes de TiO2 dopados com ferro (Carneiro e colaboradores, 2007).

Amostra A Amostra B Amostra C Amostra D

Área da peça de ferro

(mm²) - - 50 200

Porcentagem de ferro:

Área da peça de

ferro/Área do alvo de

titânio (%)

- - 0.64 2.5

Fluxo de Argônio

(ml/min) 17.4 19.0 19.0 19.0

Pressão total de

trabalho (Pa) 0.4 0.5 0.5 0.5

A estrutura cristalina dos filmes foi determinada utilizando difração de raio X

(DRX) com uma fonte de radiação de CuKα usando um difratômetro Philips PW 1710

BASE. Foram medidas as posições 2θ e a largura total a meio máximos (FWHM) dos

picos de difração. O tamanho de grão cristalino foi calculado a partir da curva do DRX

de acordo com a fórmula de Scherrer. A Figura 23 mostra o DRX de algumas das

amostras.

Figura 23 – DRX para filmes de TiO2 dopados com ferro depositados em substrato de

vidro com as condições de deposição da Tabela 8 (Adaptado de Carneiro e colaboradores,

2007).

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Os filmes depositados de TiO2 puro (sem o dopante) mostram a fase cristalina

anatase, como apresentado na Figura 23, para filmes depositados no substrato de

vidro. A estrutura policristalina anatase foi confirmada pelos picos de difração (101) e

(004), e também vestígios de (200) e (211). Os tamanhos dos cristalitos dos filmes

foram de 4,1 e 7,1 nm para os filmes depositados a uma pressão de pulverização de

0,4 e 0,5 Pa, respectivamente, calculado sobre o pico (004) usando a fórmula de

Scherrer. O tamanho de cristalito de TiO2 tornou-se menor quando a pressão total

diminuiu. Isto pode estar relacionado com a mobilidade dos átomos sobre a superfície

do substrato que é mais baixa para pressões de deposição mais elevadas que por sua

vez afeta o tipo e a taxa de nucleação sobre o substrato levando a uma cristalinidade

diferente. Para amostras com concentrações de ferro superiores (amostra D) uma

estrutura amorfa foi observada, bem como para todas as amostras depositadas no

policarbonato.

A morfologia da superfície foi estuda por AFM, conforme pode ser observado

na Figura 24, que mostra, respectivamente, imagens de AFM para filmes de dióxido

de titânio puro (amostra B) e altamente dopado com ferro Fe-TiO2 (amostra D).

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Figura 24 – AFM dos filmes de TiO2 e Fe-TiO2: (a) amostra B e (b) amostra D

(Carneiro e colaboradores, 2007).

Filmes com um elevado teor de ferro apresentam crescimento colunar mais

pronunciado com saliências granulares na superfície. Há menor densidade estrutural,

saliências menores e uma superfície mais lisa para o TiO2 puro. O parâmetro de

rugosidade RMS aumenta de 2,6 para 5,7 nm, com a adição do dopante.

Filmes de dióxido de titânio são, geralmente, transparentes na região do visível,

apresentando uma diminuição acentuada de sua transmitância na região do UV. Para

as amostras estudadas o espectro de transmitância é apresentado na Figura 25. Para

ambos os substratos foi difícil observar variações consideráveis entre os espectros de

transmitância de amostras puras de TiO2 (amostras A e B), preparadas com pequenas

variações de pressão de pulverização, por esse motivo apenas as amostras B, C e D

estão representadas na Figura 25.

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Figura 25 – Espectro de transmitância para filmes de TiO2 puros e dopados com

ferro, depositados por magnetron sputtering em substrato de vidro e de policarbonato

(Adaptado de Carneiro e colaboradores, 2007).

Nota-se, da Figura 25, que os espectros de transmitância são distintos para

diferentes concentrações de ferro. A forma do espectro depende não só das

alterações nos materiais do substrato (vidro ou policarbonato) como também das

alterações na concentração do dopante e da morfologia da superfície. Pode-se

observar que os bordos de absorção do filme de TiO2 dopado com ferro foram

deslocados para região visível com o aumento da concentração de ferro, o que indica

uma maior absorção da luz para esses filmes. Além disso, para filmes altamente

dopados com ferro (amostra D), foram obtidos menores valores para transmitância

medida no comprimento de onda de 550 nm, sendo de 27% e 34% para substratos de

vidro e policarbonato, respectivamente. Deve-se levar em consideração que a perda

por espalhamento é maior para amostras com mais ferro (maior valor para o parâmetro

RMS), e está pode ser responsável por estes valores baixos das transmitâncias

quando comparados às amostras de TiO2 não dopadas (amostras B), o que se

confirmou pelas análises das taxas de degradação dos filmes, conforme Figura 26.

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Figura 26 – Constante k (taxa de fotodegradação) para todos os filmes finos de TiO2

preparados nas diferentes condições de deposição, comparação entre substratos de vidro e

policarbonato (Adaptado de Carneiro e colaboradores, 2007).

A partir da Figura 26, pode-se observar que as maiores taxas de

fotodegradação foram obtidas para filmes de TiO2 puros depositados sob a pressão

mais baixa de pulverização catódica total (0,4 Pa). De fato, sob esta pressão de

deposição, o tamanho de grão medido é menor do que aquele obtido em 0.5 Pa. Isto

poderia contribuir para o aumento na eficiência fotocatalítica. Pode também ser

observado que para ambos os substratos, as taxas de degradação fotocatalítica

diminuir fortemente em amostras altamente dopadas com ferro (amostra D). Devido

estes resultados, optou-se, neste trabalho, por não adicionar dopantes aos filmes de

TiO2 mas buscar melhores parâmetros de deposição.

Em outro importante trabalho Shaaban e colaboradores (Shaaban, Yahia e El-

Metwally, 2012) estudaram a validade do método de Swanepoel para o cálculo de

constantes ópticas de filmes finos, precisamente em seu trabalho os autores se

preocuparam com o filme amorfo de Ge25Cd5Se70 (um calcogênio de interesse para

física do estado sólido, química e engenharia eletrônica) que foi depositado em

substrato de vidro usando evaporação térmica. As constantes ópticas foram

investigadas utilizando medidas de um espectroscópio óptico. As análises propostas

por Swanepoel, que se baseiam na utilização de extremos das franjas de interferência

foram utilizadas para se obter o índice de refração e espessura dos filmes. O índice

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de refração foi extrapolado pela relação de Cauchy ao longo de toda faixa espectral,

que se estendeu de 400 até 2500 nm.

O principal objetivo deste trabalho, relatam os autores, foi o de tentar aplicar o

método de Swanepoel para analisar filmes com espessura variando entre 0.651 e

2.346 µm para filmes de Ge25Cd5Se70.

A variação da transmitância dos filmes sob incidência de luz normal (espectro

de transmitância) e o espectro de refletância dos filmes está colocado na Figura 27.

Figura 27 – Espectro de transmitância e refletância para filmes de Ge25Cd5Se70 de

diferentes espessuras depositados em substrato transparente de vidro (Adaptado de

Shaaban, Yahia e El-Metwally, 2012).

O uso do método de envelope tornou possível a determinação do índice de

refração e espessura com grande precisão dos filmes amorfos de Ge25Cd5Se70

preparados por evaporação térmica. No entanto, os autores concluem que o Método

sugerido por Swanepoel se mostra uma precisa ferramenta para filmes que tenham

um razoável número de franjas de interferência.

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4. MATERIAS E MÉTODOS

4.1 O Substrato

Lâminas de vidro para microscopia da marca Bioslide, de dimensões 25,4 x

76,2 mm com espessura variando de 1,0 até 1,2 mm foram utilizadas como substrato

para deposição dos filmes de TiO2.

A metodologia da execução deste trabalho pode ser observada no fluxograma que

segue (Figura 28).

Limpeza do

Substrato e Alvo

Plasma Magnetron

EDS/MEV DRX FRX

Transmitância

Produção dos

Filmes

Caracterização

Óptica

Espessura Coeficiente

de Absorção

Band Gap

Figura 28 – Fluxograma da metodologia de execução do trabalho.

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4.1.1 Limpeza do Vidro

As lâminas de microscopia foram limpas, antes do tratamento, por agitação

ultrassônica, sendo utilizados como líquidos de limpeza a água destilada, álcool

isopropílico e acetona, respectivamente. Cada banho teve duração de 10 minutos e

entre os banhos o líquido de limpeza anterior foi retirado do vidro com secador à

temperatura ambiente que depois era aquecido até completa evaporação.

4.2 Deposição dos Filmes de TiO2 por Magnetron Sputtering

Para deposição dos filmes de TiO2 foi utilizado alvo em formato de pastilhas de

titânio puro, com diâmetro de 61 mm e espessura de 1 mm.

O primeiro passo para deposição dos filmes de TiO2 foi a evacuação da câmara

a limpeza do alvo no interior do reator de magnetron sputtering, com gás argônio

bombardeando-o para retirada do oxigênio que se liga naturalmente ao alvo em

atmosfera normal, utilizou-se um fluxo de argônio de 10 cm3/min durante 20 minutos

para limpeza. Neste processo o substrato é coberto com shutter (Figura 29) de forma

a evitar que o material arrancado do alvo seja prematuramente depositado antes do

estabelecimento das condições de deposição escolhidas.

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Figura 29 – Sistema de deposição por Magnetron Sputtering (Adaptado de Almeida,

2008).

Para escolha dos melhores parâmetros de deposição foi utilizada a técnica

Threshold. A técnica consistiu na investigação em diferentes fluxos de argônio com

adição gradual de oxigênio, observando o ponto de máximo para a tensão atribuída

ao plasma. Sendo assim, observou-se, conforme figura 30, as melhores condições no

fluxo de 2,5 cm3/min de O2, que foi ligeiramente melhor que em 3,0 cm3/min de O2,

caindo levemente com o aumento da pressão de O2 e, também, caindo rapidamente

para fluxos menores.

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*Ar: argônio.

Figura 30 – Threshold para escolha dos melhores parâmetros de deposição.

Foram, então, escolhidos como parâmetros de deposição um fluxo de argônio

de 5 cm3/min, fluxo de O2 de 2.5 cm3/min, sendo que para os filmes de 30 minutos

houve também o fluxo de 3.0 cm3/min de O2, e, para todos os filmes, uma corrente de

0.45 A, frequência da fonte em 100 KHz, distância entre substrato e alvo de 60 mm, e

os tempos de deposição variando de 30, 60 e 120 minutos, conforme Tabela 9.

Tabela 9: Parâmetros de deposição para filmes finos de TiO2 utilizados neste

trabalho.

Parâmetro Ar *

(cm 3/min)

O2

(cm 3/min)

Corrente

(A)

Frequência

(Hz)

DS-A

(mm)

Tempo

(min)

30 min A1

5.0

3.0

0.45 100 60

30

30 min A2

2.5

30

60 min 60

120 min 120

Pode-se notar, da tabela 9, que a maior diferença entre os parâmetros de

deposição é o tempo que variou em passos de 30 minutos. Também há diferença

entre os parâmetros de dois filmes depositados em 30 minutos, no entanto, após

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análises posteriores, se mostrou não haver grande variação de resultados devido

uma variação de 0.5 cm3/min de O2, o que influenciou na decisão de depositar todos

os outros tempos com fluxo de 2.5 cm3/min de O2, valor ideal de threshold.

Cada um dos parâmetros foi realizado, ao mesmo tempo, para três lâminas de

vidro, que serviram de substrato e, posteriormente, foram nomeadas como Vidro 1,

Vidro 2 e Vidro 3. De forma que foram fabricadas, ao todo, doze amostras, sendo três

para cada parâmetro de deposição.

4.3. Análise de Transmitância

Após a deposição dos filmes foram realizadas medidas de transmitância para

todas as doze amostras fabricadas. Para a realização dessas medidas foi utilizado um

espectrofotômetro Genesys 10uv, da marca Thermo Fisher Scientific.

Para o cálculo da transmitância de um determinado meio material se faz

necessário, primeiramente, estabelecer uma “linha de base”, ou seja, uma

transmitância que é considerada como sendo 100%, para efeitos comparativos, em

relação ao meio estudado. Sendo assim, primeiro foi obtido o gráfico de transmitância

para o vidro puro, utilizando como branco (linha de base) o ar.

Depois, foi encontrada a transmitância para todos os vidros já com filmes

depositados. Neste caso pode-se utilizar o ar como branco e considerar o resultado a

transmitância do meio composto pelo vidro mais o filme, ou utilizar o vidro limpo como

branco, sendo assim a transmitância calculada é do filme independente do vidro.

Ambos os resultados são válidos levando em consideração, para estudo das

propriedades ópticas, que o gráfico de transmitância deve ser construído

considerando que o feixe de luz saí da fonte de luz, passando, em ordem, pelo ar,

filme depositado, vidro, ar e chegando ao detector.

4.4 Difração de Raios X (DRX)

Para cada uma das condições de deposição um dos três vidros foi cortado na

dimensão de 1,5 x 1,5 cm para análise de DRX. O corte se deu devido as condições

do aparelho para análise.

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Os padrões de difração por raio X das amostras analisadas foram

caracterizados utilizando um difratômetro Bruker D2 Phase.

Para análise de DRX foi empregada radiação Kα de cobre (λ = 1,54 Å), com

intervalo 2θ entre 20° e 70°, passo de 0,01°, corrente de 10 mA, a uma voltagem de

30 kV, utilizando um detector Lynxeye.

4.5 EDS e MEV

Para exames de EDS e MEV dos filmes foi utilizado um microscópio de bancada

Tabletop Microscope TM300 da marca Hitachi.

O estudo de EDS foi realizado com intuito de observar a estrutura química

presente nos filmes depositados. Para tanto, foi realizada uma leitura da superfície de

deposição. Quando um feixe de elétrons incide sobre um material, este, para valores

característicos de energia, é excitado mudando sua configuração energética. Quando

o material retorna a sua configuração inicial, ele emite um fóton com uma energia

característica do material. O MEV possui, então, detectores instalados que permitem

a leitura deste fóton e, portanto, identificam quais elementos estão presentes na

superfície.

No MEV foram realizadas imagens transversais dos filmes, com intuito de

visualizar sua espessura. Para tanto, as amostras nas várias condições de deposição

foram cortadas em dimensões de 25,4 x 26 mm. Depois todas foram unidas formando

um único bloco que foi fixado em suas extremidades por cola epóxi. A Figura 31

mostra o bloco de filmes como foi montado para estudo.

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Figura 31 – Bloco montado para análise de espessura das camadas de filme de TiO2

por MEV.

O bloco para análise está exibido sob diferentes ângulos na Figura 32. Pode-

se notar na Figura 32(A) uma marcação de início, na Figura 32(B) a visão superior do

boco e na Figura 32(C) a marcação de fim, em vermelho. Estas marcações foram

feitas para ordenar a análise dos filmes sendo que após a marcação de início, na

transversal, está localizado o filme de 120 minutos, seguido pelos filmes de 60

minutos, 30 minutos A1 e 30 minutos A2, respectivamente.

Figura 32 – Peça enviada para análise de espessura das camadas de filme por MEV:

(A) marcação de início (azul), (B) visão superior e (C) marcação de final (vermelho).

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4.6 FRX

A análise FRX foi realizada com espectrômetro de dispersão de energia EDX

720 da Shimadzu, para caracterizar a presença do dióxido de titânio nas amostras.

4.6 Caracterização Óptica

Com os dados de transmitância adquiridos pelo espectrofotômetro, foram

realizadas as caracterizações ópticas dos filmes. Para tanto, utilizou-se dois métodos,

o Método do Envelope e o Método Computacional. Após aplicação de tais métodos,

foi determinado o Coeficiente de Absorção dos filmes pelo Método de Beer-Lambert,

sendo que para os filmes de 120 minutos também foi utilizado o Método do Envelope

para efeitos de comparação do comportamento das curvas para as funções do

coeficiente encontrado, e, após esse estudo, foi encontrado o Band Gap dos filmes

pelo Método Tauc.

4.6.1 Método do Envelope

Após análise dos gráficos de transmitância para todas as amostras

depositadas, verificou-se que apenas as depositadas com tempo de 120 minutos

apresentaram franjas de interferências suficientes que possibilitou a aplicação do

Método do Envelope para encontrar todas as constantes ópticas dos filmes bem como

sua espessura. Essa espessura foi então medida e dela retirada uma média que

representou a espessura para condição de 120 minutos.

4.6.2 Método Computacional

O Método Computacional PUMA foi aplicado para encontrar as constantes

ópticas e espessura para amostras em todas as condições de deposição.

4.6.3 Coeficiente de Absorção

O Coeficiente de Absorção foi calculado pelo método de Beer-Lambert, e seus

valores foram utilizados para determinar o band gap dos filmes estudados.

Para efeito de comparação, nos filmes de 120 minutos, únicos com franjas de

interferência suficientes, foi também calculado o coeficiente de absorção pelo Método

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73

do Envelope, buscando encontrar uma curva com comportamento semelhante para

os dois métodos.

4.6.4 Band Gap

A energia de Band Gap dos filmes foi encontrada pelo Método Tauc, e seu valor

comparado com valores esperados para filmes cristalinos e amorfos de TiO2.

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74

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção serão analisados e discutidos os resultados obtidos neste

trabalho.

Figura 33 – Filmes depositados em substrato de vidro e vidro puro sobre uma folha

de papel, sendo: (a) Ao lado de sua nomenclatura e (b) sobre a nomenclatura impressa na

folha.

Da Figura 33(a) observa-se a existência de uma diferença de coloração em

relação ao vidro não tratado para as amostras que sofreram tratamento, sendo essa

diferença é atribuída a presença dos filmes de TiO2. Observa-se que amostras com

maior tempo de deposição foram mais amareladas. Filmes finos de TiO2 apresentam

uma coloração amarelada quando na presença maior da fase rutilo (amarelo escuro),

que é uma fase com melhor eficiência no espalhamento da luz ou anatase (amarelo

claro), que é uma fase associada a melhor fotoativação (Braun, 1997).

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O resultado de coloração indica que filmes com maior tempo de deposição

apresentarão mais picos de rutilo e anatase quando analisados por DRX.

A coloração azulada para filmes com menor tempo de deposição, tendendo à

avermelhada para filmes com maior tempo de deposição é explicada pelo tamanho de

partículas de TiO2 para cada tratamento. Hanaor e Sorrell (2011), observam que filmes

finos de dióxido de titânio apresentam coloração azulada para filmes com menores

tamanho de partículas, enquanto filmes com partículas maiores apresentam coloração

mais avermelhada.

O que explica coloração azulada para filmes com menor tempo de deposição é

que estes tiveram menos tempo para nucleação na fase de crescimento do filme,

formando núcleos menores que as amostras com maior tempo de deposição, fazendo

a coloração sair do azulado para avermelhado conforme o aumento do tempo de

deposição dos filmes.

Na Figura 33(b), após colocar todas as lâminas de vidro sobre as

nomenclaturas presentes na folha de papel, observa-se que para todas as condições

de tratamento os filmes depositados apresentam características de filmes

transparentes. Também é possível, desta mesma imagem, concluir que dentre os

filmes depositados na condição de 30 minutos, os filmes com mais oxigênio (30

minutos A1) foram mais transparentes se comparados com os que tiveram menor

quantidade de oxigênio (30 minutos A2).

A fim de ratificar a presença do dióxido de titânio nas amostras, buscou-se

realizar FRX. A Figura 34(a) realiza FRX da lamina de vidro puro, enquanto na Figura

34(b) observa-se a presença do TiO2.

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76

Figura 34 – FRX de: (a) lâmina de vidro puro; e (b) filmes de TiO2 depositados por

magnetron sputtering com diferentes tempos de deposição

Na Figura 34, observa-se a presença do TiO2 para as amostras nas condições

de 30 minutos A2, 60 minutos e 120 minutos, nota-se que a quantidade de TiO2

aumenta conforme eleva-se o tempo de deposição. Na amostra de 30 minutos A1 não

foi possível observar a presença do dióxido de titânio, sendo que nas amostras de 30

minutos A2 e 60 minutos observa-se uma presença discreta da molécula, isto se dá,

provavelmente, devido a espessura das camadas serem pequenas.

Na Figura 35, observa-se o espectro de DRX para as amostras com deposição

de TiO2. A imagem mesmo feita com ângulo de incidência rasante, iniciando em 10°,

está intimamente relacionada ao substrato de vidro no qual os filmes estão

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depositados. Este tipo de comportamento era esperado na literatura (Heřman, Šícha

e Musil, 2006; Carneiro e colaboradores, 2007; Shaaban, Yahia e El-Metwally, 2012)

quando se depositam filmes muito finos em substrato amorfo os raios-X tendem a

recuperar como informação o caráter amorfo do substrato dificultando a nitidez dos

picos apresentados.

Figura 35 – Resultados de DXR para todas as condições de tratamento.

De acordo com a Figura 35, para o tratamento de 120 minutos, observa-se a

presença de TiO2 devido aos picos de rutilo nas orientações (110), (101) e (210),

sendo o pico mais evidente o R(110). Também há presença da anatase na orientação

(101), que é uma orientação muito característica para nanocristais de anatase (Zheng

e colaboradores, 2001). Observa-se traços de rutilo (110) em todos os filmes

depositados, tendo sido encontrado, ainda, TiO2 (100) e (002) no filme de 60 minutos,

TiO0,5 (001) no filme de 30 minutos A1 e Ti3O5 (202) nos filmes de 120 minutos e 30

minutos A1, que é um óxido semicondutor (Li e colaboradores, 2015).

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Conforme já discutido e supondo os filmes extremamente finos, mesmo o DRX

sendo feito a ângulo rasante, nota-se a presença preponderante do vidro nos

resultados, o que dificulta a evidência de picos mais contundentes. Isto é característico

de filmes finos de TiO2 quando depositados em substrato de vidro. E está em

conformidade com a literatura apresentada na revisão deste trabalho (Heřman, Šícha

e Musil, 2006; Carneiro e colaboradores, 2007). Ressalta-se que para este trabalho,

nas amostras tratadas em 120 minutos, foram obtidos resultados melhores que os

citados na literatura.

Para os resultados apresentados no DRX (Figura 35) observa-se que com o

aumento do tempo de deposição houve uma maior tendência a formação de filmes

com estrutura mais cristalina, com maior presença de picos rutilo e com o pico anatase

na orientação (110), o que era esperado devido a presença de coloração mais

amarelada para estes filmes.

5.1. Análise de Propriedades Ópticas

Para realizar as análises de propriedades ópticas foram utilizados dois

métodos, conforme já descrito na metodologia, o Método do Envelope foi utilizado

para encontrar as constantes ópticas e posteriormente a espessura dos filmes de 120

minutos. Pode-se observar na Figura 36 o gráfico de transmitância, já envelopado,

para uma das amostras.

Figura 36 – Gráfico para amostra 1 do filme de 120 minutos de deposição, já

envelopado para aplicação do método do envelope e recuperação das constantes ópticas e

espessura dos filmes.

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O índice de refração do vidro, para as lâminas de microscopia, foi também

encontrando, seguindo o método, e, conforme pode ser visto na Figura 37, seu valor

se manteve praticamente constante, com pequenas variações entre 1,49 e 1,51, o que

já era esperado.

Figura 37 – Índice de refração do substrato (lâmina de microscopia) sem aplicação

de filme.

O índice de refração, encontrado pelo método, para a amostra 1 de 120

minutos, é apresentado a seguir, na Figura 38.

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Figura 38 – Índice de refração para filme de 120 minutos de deposição (vidro 1).

A espessura encontrada para este filme (120 minutos de deposição – Vidro 1)

foi obtida, conforme o Método do Envelope, da Tabela 10.

Tabela 10: Valores de espessura encontrados para o filme de 120 minutos de deposição no vidro 1, conforme o método do envelope.

λ TM Tm S N n d1 M m_cor d2

844 0,87 0,61 1,52 3,09 2,41 2,94

706 0,857 0,62 1,51 2,94 2,34 3,41

621 0,85 0,63 1,50 2,88 2,31 573,24 3,84 4 537,32

552 0,85 0,62 1, 50 2,93 2,33 547,13 4,35 4,5 532,57

501 0,84 0,59 1,50 3,08 2,40 465,57 4,94 5 521,25

464 0,79 0,56 1,51 3,19 2,45 475,17 5,44 5,5 521,13

d1

(médio) Desvio

d

(médio) Desvio

515,28 53,09 528,07 8,18

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Observa-se que o desvio padrão do método diminui de um valor que

corresponde a 10,3% (53 nm) da média para 1,5% (8 nm) da média. A literatura indica

que quanto mais franjas de interferência o filme estudado possuir, melhores os

resultados do Método de Swanepoel (Shaaban, Yahia e El-Metwally, 2012), o que não

é o caso em relação aos filmes apresentados devido suas pequenas espessuras.

As espessuras encontradas para as três amostras de 120 minutos estão

apresentadas na Tabela 11. O método do envelope não fui utilizado para as amostras

em outros tempos de deposição pois apresentaram pouquíssimas franjas de

interferência para aplicação do método do envelope, o que deixaria os valores

encontrados muito distantes da realidade.

Tabela 11: Espessura e desvio padrão dos filmes finos de TiO2 depositados em 120 minutos.

Amostra Espessura (nm) Desvio Padrão (nm)

Vidro 1 528 8

Vidro 2 530 3

Vidro 3 477 5

Média 512 30

Na Tabela 11, é apresentada a média para espessura de filmes finos

depositados com esses parâmetros em 120 minutos, corresponde a uma espessura

média encontrada independentemente da posição da amostra no reator e seu desvio

padrão, tendo, portanto, uma taxa de deposição de 4,27 nm/min ± 0,25 nm/min. Para

uma melhor visualização as espessuras foram expostas em um gráfico de barras na

Figura 39.

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Figura 39 – Espessura e desvio padrão dos filmes finos de TiO2 depositados em 120

minutos.

Todos os outros filmes apresentam ainda menos franjas de interferência, o que

ocorre provavelmente devido a espessura desses filmes ser muito pequena, isto

justificou o uso de uma outra técnica de análise. Portanto, para análise dos filmes de

30 minutos (A1 e A2) e 60 minutos, foi empregado o Método Computacional PUMA,

tendo, inclusive, sido empregado também para analisar novamente os filmes de 120

minutos de deposição. As curvas de transmitância para esses filmes encontram-se na

Figura 40.

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Figura 40 – Imagens das curvas de transmitância para as amostras: (a) 30 min A1;

(b) 30 min A2; (c) 60 min; e (d) 120 min.

A espessura para todos os filmes, obtidas pelo Método Computacional PUMA

estão representadas no gráfico da Figura 41.

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Figura 41 – Espessuras obtidas pelo Método Computacional PUMA para os filmes de

30 minutos A1, 30 minutos A2, 60 minutos e 120 minutos.

Os valores para espessura dos filmes, com desvio padrão dessa espessura,

taxa de deposição, desvio padrão da taxa de deposição, e erro quadrático médio para

curva de transmitância, são descritos na Tabela 12.

Tabela 12: Valores encontrados de espessura média, desvio padrão dessa média de espessura, taxa de deposição e desvio padrão desta taxa de deposição, bem como erro

quadrático entre a curva teórica recuperada pelo método PUMA e a curva real de transmitância.

Amostra Espessura Média (nm)

Desvio Padrão

(Espessura) (nm)

Taxa de Deposição (nm/min)

Desvio Padrão da Taxa (nm/min)

30 min A1 107 5 3,6 0,17 30 min A2 102 10 3,4 0,34

60 min 142 42 2,4 0,70 120 min 432 23 3,6 0,19

Pode-se observar, levando em conta o desvio padrão, que a taxa de deposição

se manteve constante para todos os filmes, com exceção dos filmes depositados em

60 minutos, para os quais obteve-se também um maior desvio padrão de espessura

e taxa de deposição.

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Tabela 13: Erro quadrático médio entre a curva teórica recuperada pelo Método Computacional PUMA e a curva real de transmitância.

Amostra Erro Quadrático Médio 30 min A1 1,20x10-5 30 min A2 2,04x10-5 60 min 1,15x10-5 120 min 3,28x10-2

A Tabela 13 descreve os erros quadráticos médios obtidos entre as curvas

teóricas (PUMA) e as curvas reais (espectrofotômetro). A diferença entre os erros

quadráticos para as curvas teóricas recuperadas pelo Método Puma, em comparação

com as curvas reais podem ser observadas pela comparação feita entre dois filmes,

sendo um depositado na condição de 30 minutos A1, com erro na ordem de 10-5, e de

120 minutos, com erro na ordem de 10-1 (Figura 42). Observa-se que é difícil

diferenciar a curva simulada e real para a maioria dos filmes.

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Figura 42 – Comparação entre curva de transmitância real e recuperadas pelo PUMA

para: (a) filmes de 120 minutos e (b) filmes de 30 minutos de deposição.

O erro quadrático para as curvas do filme de 120 minutos apesar de maior que

o erro para as demais curvas, conforme foi observado na Figura 42, é aceitável, e,

provavelmente, se deu devido esse filme apresentar mais franjas de interferência, com

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grande número de pontos medidos (devido boa resolução do espectrofotômetro), o

que pode ter dificultado encontrar uma função de transmitância teórica muito próxima

a curva real.

O PUMA funciona com a filosofia de minimização, característica que confere

ao algoritmo sempre procurar melhores valores para a espessura do filme e

constantes ópticas de forma a diminuir a diferença entre a curva teoria e a real

(Drumond Ventura, 2005), fato que o confere grande poder de exatidão em suas

medidas.

Observa-se que a diferença das espessuras encontradas pelos dois métodos

nos filmes de 120 minutos, considerando os desvios padrão para as médias de

espessura, não é tão elevada, sendo de 27 nm.

5.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Foram obtidas imagens com microscópio eletrônico de varredura dos filmes de

forma transversal, com o objetivo de medir a espessura das camadas depositadas.

Para o cálculo de médias das espessuras foram realizadas doze medidas para cada

filme em imagens de tamanhos diferentes.

Figura 43 – MEV transversal para filme de 30 minutos A1.

Para o filme de 30 minutos A1 foi encontrada uma espessura média de 114 nm

com desvio padrão de 8 nm.

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Figura 44 – MEV transversal para o filme de 30 minutos A2.

No filme de 30 minutos A2 a espessura media encontrada foi de 113 nm com

desvio padrão de 14 nm.

Figura 45 – MEV transversal para o filme de 60 minutos.

Foi obtida a espessura média de 209 nm e um desvio padrão de 15 nm para o

filme de 60 minutos de deposição.

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Figura 46 – MEV transversal para amostra de 120 minutos.

Obteve-se espessura média de 369 nm com desvio padrão de 12 nm para as

amostras de 120 minutos de deposição.

Os resultados de espessura obtidos foram representados na Figura 47, por

gráfico de barras para comparação com os valores obtidos anteriormente, das Figuras

43 a 46.

Figura 47 – Espessuras obtidas por MEV de amostras na transversal para os filmes

de 30 minutos A1, 30 minutos A2, 60 minutos e 120 minutos.

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Todos os valores de espessura e desvio padrão da Figura 47, juntamente com

a taxa de deposição e o desvio padrão da taxa de deposição estão sintetizados na

Tabela 14.

Tabela 14: Valores encontrados de espessura média, desvio padrão dessa média de espessura,

taxa de deposição e desvio padrão desta taxa de deposição para os filmes analisados por MEV.

Amostra Espessura

Média

Desvio

Padrão

(Espessura)

Taxa de

Deposição

(nm/min)

Desvio

Padrão da

Taxa

(nm/min)

30 min A1 114 8 3,8 0,27

30 min A2 113 14 3,8 0,47

60 min 209 15 3,5 0,25

120 min 369 12 3,1 0,10

Nota-se que a análise de espessura por MEV confirma a presença de filmes

muito finos (poucas centenas de nanômetros), o que justifica as dificuldades

encontradas durante análise de FRX (Figura 34) e DRX (Figura 35).

Pode-se, agora, comparar todos os resultados de espessura analisados pelas

diferentes técnicas. Tais resultados encontram-se na Tabela 15.

Tabela 15: Comparativo entre todas as medidas de espessura encontradas para os filmes de TiO2.

Amostra

s

MEV Swanepoel PUMA

Espessura

(nm)

D. P.

(nm)

Espessura

(nm)

D. P.

(nm)

Espessura

(nm)

D. P.

(nm)

30 min

A1 114 8 - - 107 5

30 min

A2 113 14 - - 102 10

60 min 209 15 - - 142 42

120 min 369 12 512 30 432 23

Comparando o resultado entre o Método de Envelope, de Swanepoel, com a

espessura recuperada pelo MEV, e, levando em conta o desvio padrão das duas

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medidas, encontra-se uma diferença maior que 100 nm, ou seja, de aproximadamente

27,4%. Essa diferença se deve ao número de franjas de interferência não ter sido

suficiente para realizar a medida com menor desvio possível, comparado com o valor

real. Não existe um estudo que diga exatamente quantas franjas de interferência são

necessárias para que o Método de Swanepoel atinja a exatidão esperada na

recuperação da espessura e constantes ópticas, mas sabe-se que quanto mais franjas

aparecem no filme mais exato é o método.

Observando-se o resultado computacional, há grande concordância entre os

valores encontrados pelos Métodos PUMA e MEV. Considerando o desvio padrão

para os dois métodos, tem-se que ambos os métodos recuperam as mesmas

espessuras para os filmes de 30 minutos A1 e 30 minutos A2, para o filme de 120

minutos há uma diferença na medida de 28 nm, ou seja, 7,6%, o que já pode ser

considerado um ótimo resultado e essa discrepância provavelmente se deve ao fato

do Método Computacional não ter resolutivo a função de transmitância com um menor

desvio padrão dos seus valores.

O filme com medida de espessura mais divergente analisada foi o de 60

minutos de deposição. Entretanto, quando se leva em consideração os desvios

padrão, o erro foi menor que 5%. No entanto, tal fato só ocorre, justamente, pelo

desvio padrão apresentado pelo Método Computacional, para este filme, ser,

proporcionalmente, muito maior que o apresentado para os outros filmes, fazendo com

que os valores de espessura tenham sido distintos.

Por último deve-se observar que os valores de espessura para o filme de 30

minutos A1 e A2 não apresentaram variação em sua espessura comprovada por MEV,

o que significa que a variação 0,5 cm3/min no fluxo de oxigênio não causou a

modificação de espessura do revestimento.

5.3 Energia de Gap

Para encontrar o band gap utilizando o método Tauc foi necessário calcular o

coeficiente de absorção para os filmes de TiO2 depositados. O coeficiente foi calculado

utilizando dois métodos: o método de Beer-Lamber e o Método de Swanepoel. O

gráfico para os dois métodos, para o filme de 120 min vidro 1, encontra-se na Figura

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48. Nesta figura, observa-se o mesmo comportamento descrito na literatura (Pazim,

2011).

Figura 48 – Curvas do coeficiente de absorção para amostra de 120 minutos vidro 1.

Segundo a literatura (Pazim, 2011) as duas curvas possuem o mesmo

comportamento, o que é esperado já que dizem respeito a mesma função. No entanto,

esta semelhança não é evidente na Figura 48.

Modificando a escala de visualização, exibindo as curvas de cada método em

escalas diferentes, que leva em conta que os valores recuperados não são iguais,

pode ser obtida a Figura 49.

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Figura 49 – Curvas para o coeficiente de absorção para amostra de 120 minutos

vidro 1.

Um resultado importante está representado na Figura 49, pode-se observar o

mesmo comportamento para as curvas do coeficiente de absorção obtidos pelo

Método do Envelope e pela Lei de Beer-Lambert.

Os band gaps foram obtidos pelo Método Tauc e seus valores, com as

respectivas curvas, encontram-se nas Figuras 50, 51, 52 e 53.

Figura 50 – Valores obtidos de Band Gap para os filmes da condição 30 min A1.

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A Figura 50 presenta a aplicação do Método Tauc para encontrar os valores do

band gap de filmes com 30 minutos de deposição na condição A1. Pode-se observar

que todas amostras desta condição apresentam band gap próximo.

Figura 51 – Valores obtidos de Band Gap para os filmes da condição 30 min A2.

Na Figura 51 observa-se do Método Tauc para encontrar os valores do band

gap de filmes com 30 minutos de deposição na condição A2. Pode-se observar que

os valores para band gap nesta condição encontram-se próximos já que apresentam

média de 3,36 eV, com desvio padrão de 2,3x10-2 eV.

Figura 52 – Valores obtidos de Band Gap para os filmes da condição 60 min.

A Figura 52 expõe o resultado do Método Tauc para encontrar os valores do

band gap de filmes com 60 minutos de deposição. Pode-se observar a proximidade

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dos valores para band gap nesta condição, pois sua média é avaliada em 3,31 eV,

com desvio padrão de 1,2x10-2 eV.

Figura 53 – Valores obtidos de Band Gap para os filmes da condição 120 min.

Na Figura 53 obtém-se o resultado do Método Tauc para encontrar os valores

do band gap de filmes com 120 minutos de deposição. Nota-se valores próximos para

band gap nesta condição, sendo que sua média é avaliada em 3,14 eV, com desvio

padrão de 4,0x10-2 eV.

Todos os valores encontram-se descritos na Tabela 16, bem como o desvio

padrão para cada condição de deposição.

Tabela 16: Valores de Band Gap encontrados para todas as amostras, com suas respectivas

médias e seus respectivos desvios padrão.

Amostra Band Gap (eV) Média

(eV) D. P. (eV)

Vidro 1 Vidro 2 Vidro 3

30 min A1 3,34 3,35 3,35 3,35 5,8x10-3

30 min A2 3,33 3,37 3,37 3,36 2,3x10-2

60 min 3,32 3,30 3,30 3.31 1,2x10-2

120 min 3,13 3,18 3,10 3,14 4,0x10-2

Para os filmes de 30 minutos A1 e A2 não foram observadas variações

significativas do seu band gap, o que mostra que a variação do parâmetro fluxo de

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oxigênio de 3 para 2,5 cm3/min não provoca modificações significativas na

propriedade fotocatalítica do revestimento. Junto a esse fato as espessuras, conforme

já comentado, não tiveram modificações significativas, o que justificou, neste trabalho,

a opção de deposição de todos os outros filmes apenas com o primeiro parâmetro.

Nota-se que todos os valores para band gap (Tabela 16) estão de acordo com

o esperado segundo a literatura (Heřman, Šícha e Musil, 2006), já que os resultados

de DRX (Figura 33), mostraram amostras mais cristalinas depositadas a 120 minutos.

Sabe-se que para filmes de TiO2 puro quanto maior a cristalinidade do revestimentos

menores os valores de band gap, e quanto menor a cristalinidade maiores valores são

esperados para o band gap, sendo esperado, para filmes cristalinos, valores próximos

a 3,10 eV (Heřman, Šícha e Musil, 2006).

Percebe-se, portanto, que os valores de band gap guardaram dependência com

a cristalinidade dos filmes, e essa com a espessura dos revestimentos, mostrando que

o controle desses fatores é fundamental para criação de películas com propriedades

fotocatalíticas de interesse.

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97

6. CONCLUSÕES

Os filmes depositados apresentaram característica de filmes transparentes, o

que se observa pela fotografia apresentada dos filmes bem como pelo gráfico de

transmitância dos mesmos.

Dentre os filmes analisados os que foram depositados em tempo de 120

minutos apresentaram-se cristalinos, o que pode ser confirmado por dois fatores,

sendo um a análise de DRX, como também pelo band gap obtido para tais filmes, que

corresponde a um valor esperado para filmes cristalinos, enquanto os valores de

outras deposições (30 e 60 minutos) foram mais próximos de resultados obtidos para

filmes amorfos.

Entre os métodos de análise óptica o Método Computacional obteve resultados

de espessura mais próximos dos obtidos por MEV, mesmo para os filmes de 120

minutos de deposição, o que pode ser justificado pelo pequeno número de franjas que

todos os filmes depositados apresentaram, fator crucial para o sucesso do Método do

Envelope.

O Método Computacional PUMA pode ser utilizado para encontrar a espessura

e propriedades ópticas de filmes finos mesmo quando estes apresentam poucas, ou

nenhuma, franja de interferência, o que é uma vantagem se comparado ao Método do

Envelope. Também, neste trabalho, o Método Computacional obteve valores em

concordância com o encontrado por MEV para as amostras apresentadas, mesmo

para aquelas que, analisadas, contiveram franjas de interferência.

As curvas para o Coeficiente de Absorção, obtidas pelo Método do Envelope

de Swanepoel ou pela Lei de Beer-Lambert, possuem o mesmo comportamento.

O band gap dos filmes finos de TiO2 analisados guardaram dependência em

relação a espessura e cristalinidade desses filmes, fatores que, se bem

compreendidos e controlados podem ser utilizados para criação de filmes de interesse

tanto por sua característica fotocatalítica quanto por sua foto e eletroativação.

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