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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA DIVERSIDADE DE ENTEROBACTERIACEAE E DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA: PERCEPÇÃO AMBIENTAL E AÇÕES DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM REGIÃO SEMIÁRIDA DO RN - BRASIL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO NTÁVE A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁV LIDIANE GOMES PINHEIRO 2017 Natal RN Brasil

DIVERSIDADE DE ENTEROBACTERIACEAE E … FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

DIVERSIDADE DE ENTEROBACTERIACEAE E DOENÇAS

DE VEICULAÇÃO HÍDRICA: PERCEPÇÃO AMBIENTAL E

AÇÕES DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM REGIÃO

SEMIÁRIDA DO RN - BRASIL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO NTÁVE

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA

FAMILIAR SUSTENTÁV

LIDIANE GOMES PINHEIRO

2017

Natal – RN

Brasil

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Lidiane Gomes Pinheiro

DIVERSIDADE DE ENTEROBACTERIACEAE E DOENÇAS DE

VEICULAÇÃO HÍDRICA: PERCEPÇÃO AMBIENTAL E AÇÕES

DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM REGIÃO SEMIÁRIDA DO

RN - BRASIL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

USTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de

Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof.Dr. Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo

Co-Orientador: Prof.Dr. Carlos Alfredo Galindo Blaha

2017

Natal – RN

Brasil

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências - CB

Pinheiro, Lidiane Gomes.

Diversidade de Enterobacteriaceae e doenças de veiculação

hídrica: Percepção ambiental e ações de divulgação científica em

região semiárida do RN - Brasil / Lidiane Gomes Pinheiro. - Natal, 2017.

108 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Orientadora: Profa. Dra. Magnólia Fernandes Florêncio de

Araújo. Coorientador: Prof. Dr. Carlos Alfredo Galindo Blaha.

1. Semiárido - Dissertação. 2. Enterobactérias - Dissertação.

3. Doenças de veiculação hídrica - Dissertação. 4. Educação em

saúde - Dissertação. I. Araújo, Magnólia Fernandes Florêncio de. II. Blaha, Carlos Alfredo Galindo. III. Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 502.1

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por estar sempre ao meu lado, guiando minha vida e me dando

forças para superar todos os obstáculos.

Aos meus pais, Paulo e Luziana, por todo amor, carinho, apoio e dedicação ao longo de minha

trajetória.

Aos meus irmãos Marcos e Luciana por todo apoio, auxílio e incentivo durante toda a minha

vida e também na realização deste trabalho.

Ao meu namorado Tiago Gabriel por ter estado sempre ao meu lado e me apoiado em todos os

momentos.

À minha orientadora Magnólia Araújo pela orientação dada, valiosos ensinamentos e

oportunidades concedidas.

Ao meu co-orientador Carlos Blaha pela orientação e auxílio no desenvolvimento do trabalho.

A todos os professores do PRODEMA por seu papel fundamental em minha formação.

Aos colegas do PRODEMA, em especial Paula Dorti e Alexandre Garcia, pela amizade e

companheirismo.

A toda equipe do Laboratório de Biologia Molecular e Genômica, em especial a Carolina

Minicelli; ao laboratório de Imunogenética do Instituto de Medicina Tropical, em especial a

Paulo Ricardo; e ao Laboratório de Genética Molecular de Plantas pelo acesso e auxílio nas

análises e experimentos realizados.

Ao ex-técnico de laboratório Edson Santana pelo auxílio durante as coletas.

Aos professores e agentes de saúde dos municípios de Acari, Assu e Parelhas por terem

contribuído para o desenvolvimento desta pesquisa.

Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo

apoio financeiro.

Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desta pesquisa.

Muito obrigada!

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RESUMO

DIVERSIDADE DE ENTEROBACTERIACEAE E DOENÇAS DE VEICULAÇÃO

HÍDRICA: PERCEPÇÃO AMBIENTAL E AÇÕES DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM

REGIÃO SEMIÁRIDA DO RN - BRASIL

O semiárido brasileiro, situado em sua maior parte na região Nordeste, representa um território

vulnerável e em decorrência das características morfoclimáticas, a população enfrenta

problemas relacionados à qualidade e disponibilidade hídricas por vários meses ao longo do

ano. A construção de reservatórios representa uma infraestrutura que surgiu como alternativa

para suprir a carência hídrica. Porém, são relatados graves problemas de qualidade, os quais

interferem diretamente na vida da população. O presente estudo tem como objetivo identificar

a diversidade de Enterobacteriaceae em reservatório utilizado para abastecimento público no

semiárido do Rio Grande do Norte; identificar a percepção de professores e agentes de saúde

sobre a qualidade da água dos açudes e doenças de veiculação hídrica; caracterizar a ocorrência

de doenças diarreicas de veiculação hídrica na região; além de desenvolver ações de educação

em saúde. A coleta de amostras de água foi realizada no reservatório Armando Ribeiro

Gonçalves. Em escolas e postos de saúde da região foram aplicados questionários com

professores e agentes de saúde para investigar suas concepções a respeito da qualidade da água,

doenças de veiculação hídrica e analisar também as atividades desenvolvidas pelos mesmos. O

levantamento de dados a respeito das doenças diarreicas de veiculação hídrica na região entre

os anos de 2005 e 2015 foi feito por meio do banco de dados DATASUS. Ações educativas

foram realizadas com agentes de saúde e professores da região. Foram identificados 14 gêneros

e 27 espécies de Enterobacteriaceae, dentre os quais, importantes representantes patogênicos

responsáveis por provocar doenças infecciosas. O estudo de percepção revelou que os

profissionais reconhecem a importância dos reservatórios, porém muitos não têm conhecimento

sobre os organismos presentes em suas águas; parte dos profissionais não possui conhecimento

a respeito das doenças de veiculação hídrica, enterobactérias e patogenicidade das bactérias;

quanto às atividades desempenhadas, a maioria afirma desenvolver ações para minimizar os

problemas relacionados à contaminação das águas, bem como atividades de vigilância das

doenças de veiculação hídrica. Números consideráveis de casos de doenças diarreicas foram

verificados nos municípios estudados, o que representa um fator preocupante. As ações de

educação em saúde desenvolvidas permitiram a discussão a respeito da problemática hídrica do

semiárido, promovendo a sensibilização dos envolvidos. Destaca-se a importância do

monitoramento de microrganismos presentes nas águas de reservatórios utilizados para

abastecimento público, bem como sua relação com a ocorrência de enfermidades e a troca de

experiências entre a universidade e a comunidade, de forma sensibilizar a população local.

PALAVRAS-CHAVE: Semiárido, enterobactérias, doenças de veiculação hídrica, educação

em saúde.

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ABSTRACT

ENTEROBACTERIACEAE DIVERSITY AND WATERBORNE DISEASES:

ENVIRONMENTAL PERCEPTION AND SCIENTIFIC DISSEMINATION ACTIVITIES

IN SEMIARID REGION OF RN – BRAZIL

The Brazilian semiarid region, located mostly in the Northeast, represents a vulnerable territory

and as a result of morphoclimatic characteristics, the population faces problems related to water

quality and availability for several months throughout the year. The construction of reservoirs

represents an infrastructure that has arisen as an alternative to supply the water need. However,

they are reported serious quality problems, which directly affect people's lives. The present

study aims to identify the diversity of Enterobacteriaceae in a reservoir used for public supply

in the semiarid region of Rio Grande do Norte; to identify the perception of teachers and health

agents about the water quality of reservoirs and waterborne diseases; characterize the

occurrence of diarrheal diseases of water waterborne in the region; Besides developing health

education actions. The collection of water samples were made in the Armando Ribeiro

Gonçalves reservoir. In schools and health posts in the region, questionnaires were applied to

teachers and health agents to investigate their conceptions regarding water quality, waterborne

diseases and to analyze the activities developed by them. The data collection on diarrheal

diseases of water transmission in the region between the years 2005 and 2015 was done through

the DATASUS database. Educational actions were developed with health workers and teachers

from the region. Were identified 14 genera and 27 species of Enterobacteriaceae, among them,

important pathogenic representatives responsible for provoking infectious diseases. The

perception study revealed that professionals recognize the importance of reservoirs, but many

are not aware of the organisms present in their waters; Some of the professionals do not have

knowledge about the waterborne diseases, enterobacteria and pathogenicity of bacteria; With

regard to the activities carried out, the majority affirms to develop actions to minimize problems

related to water contamination, as well as surveillance activities of waterborne diseases.

Considerable numbers of cases of diarrheal diseases were verified in the municipalities studied,

which is a worrying factor. The actions of health education developed allowed the discussion

about the water problem of the semiarid region, promoting sensibilization among those

involved. It is important to monitor the presence of microorganisms present in reservoir waters

used for public supply, as well as their relation with the occurrence of diseases and the exchange

of experiences between the university and the community, in order to sensitize the local

population.

KEYWORDS: Semiarid, enterobacteria, waterborne diseases, health education.

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LISTA DE FIGURAS

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

Figura 1: Localização da Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu e Barragem

Armando Ribeiro Gonçalves …………………………………………………………...

21

Figura 2: Reservatório Armando Ribeiro Gonçalves …………………………………... 22

Figura 3: Municípios abrangidos pelo estudo ………………………………………….. 22

CAPÍTULO 1

Figura 1: Localização da área de estudo ………………………………………………... 30

Figura 2: Usos múltiplos das águas dos reservatorios ………………………………… 31

Figura 3: Percepção acerca dos organismos presentes nas águas dos reservatorios …... 32

Figura 4: Locais em que podem ser encontradas bacterias ……………………………. 33

Figura 5: Percepção quanto a questão se as águas do açude podem estar contaminadas

por bactérias ……………………………………………………………………………

33

Figura 6: Percepção sobre o conceito de doença de veiculação hídrica por professores

e agentes de saúde ……………………………………………………………………...

34

Figura 7: Percepção acerca das enterobactérias patogênicas, por professores e agentes

de saúde participantes ………………………………………………………………….

34

Figura 8: Percepção de professores e agentes de saúde sobre se todas as bactérias

causam doenças ………………………………………………………………………...

35

CAPÍTULO 2

Figura 1: Localização da área de estudo ………………………………………………. 44

Figura 2: Morbidade hospitalar do SUS – Número de internações provocadas por

doenças diarreicas entre os anos de 2005 e 2015 ………………………………………

47

Figura 3: Morbidade hospitalar do SUS – Número de óbitos provocados por doenças

diarreicas entre os anos de 2005 e 2015 ………………………………………………..

47

CAPÍTULO 3

Figura 1: Localização da Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu e Barragem

Armando Ribeiro Gonçalves …………………………………………………………...

61

Figura 2: Distribuição de domínios no reservatório Armando Ribeiro Gonçalves …… 62

Figura 3: Distribuição de Gêneros da Família Enterobacteriaceae ……………………. 63

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

Tabela 1: Características principais dos municípios quanto a área total, população total,

entidades escolares de ensino fundamental e médio, estabelecimentos de saúde ……….

23

CAPÍTULO 2

Quadro 1: Morbidade hospitalar do SUS por local de residência – Número de

internações e óbitos provocados por doenças diarreicas (2005-2015) …………………..

46

Quadro 2: Número de internações e óbitos provocados por doenças diarreicas,

classificados por idade (2005-2015) ……………………………………………………

49

CAPÍTULO 3

Tabela 1: Espécies de Enterobacteriaceae identificadas de acordo com o gênero no

Reservatório Armando Ribeiro Gonçalves ……………………………………………..

64

CAPÍTULO 4

Tabela 1: Questionário aplicado com professores e agentes comunitários de saúde

após o desenvolvimento das atividades educativas ……………………………………

74

Tabela 2: Categorias emergentes dos questionários aplicados com professores e

agentes de saúde a partir da ação educativa realizada …………………………………

75

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/FUNDAMENTAÇÃO

TEÓRICA …………………………………………………………………..……..…….

10

1.1 QUALIDADE DA ÁGUA COMO TEMA PARA AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM

SAÚDE .............................................................................................................................

17

2.CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ............................................ 20

3.METODOLOGIA GERAL …………………………..………………………………. 24

3.1 DIVERSIDADE DE ENTEROBACTERIACEAE – METAGENÔMICA ……....… 24

3.2 DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA …………………………………....…... 25

3.3 ANÁLISE DE PERCEPÇÃO …………………………...................……………….. 25

3.4 AÇÕES EDUCATIVAS ……………………………………………………………. 25

CAPÍTULO 1 – PERCEPÇÃO DE PROFESSORES E AGENTES DE SAÚDE SOBRE

ENTEROBACTÉRIAS E DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA EM UMA

REGIÃO SEMIÁRIDA DO RIO GRANDE DO NORTE ………………………………

27

RESUMO …………………………………………………….………………………… 28

INTRODUÇÃO ……………………………………………..………………………….. 28

MATERIAL E MÉTODOS ………………………………….…………………………. 29

RESULTADOS E DISCUSSÃO …………………………….…………………………. 30

CONCLUSÕES ……………………………………………….………………………... 38

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 38

CAPÍTULO 2 – DOENÇAS DIARREICAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA NO

SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2005-2015 …..………………………...

40

RESUMO ......................................................................................................................... 41

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 42

MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 44

RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 45

CONCLUSÕES ................................................................................................................ 53

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 54

CAPÍTULO 3 – DIVERSIDADE DE ENTEROBACTERIACEAE EM

RESERVATÓRIO DO SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL ..........

57

RESUMO ......................................................................................................................... 58

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 59

MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 60

RESULTADOS …………………..….............................................................................. 62

DISCUSSÃO ………………………………………………………………………….... 65

CONCLUSÃO .................................................................................................................. 67

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 68

CAPÍTULO 4 – DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO

COMBATE ÀS DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA EM REGIÃO

SEMIÁRIDA BRASILEIRA ............................................................................................

70

RESUMO ......................................................................................................................... 71

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 72

MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 73

RESULTADOS ……………………………………………………………………….... 74

DISCUSSÃO ………………………………………………………………………….... 76

CONCLUSÃO ………………………………………………………………………….. 79

REFERÊNCIAS ………………………………………………………………………... 79

CONCLUSÕES GERAIS ……………………………………………………………..... 82

REFERÊNCIAS GERAIS ................................................................................................ 83

APÊNDICES …………………………………………………………………………… 87

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APÊNDICE A ……………………………………………………………… ............... 88

APÊNDICE B ................................................................................................................... 91

ANEXOS .......................................................................................................................... 94

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A água representa um recurso finito e indispensável, elemento essencial e de grande

importância para todas as formas de vida. Na natureza, ela controla a temperatura da atmosfera,

proporciona a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e químicos, tem papel fundamental

para o equilíbrio dos ecossistemas e manutenção da diversidade biológica. Além disso, a água

tem importante papel na indústria, na economia e representa ainda uma referência cultural e

bem social fundamental à sobrevivência, qualidade de vida e saúde humana (WHATELY e

CAMPANILI, 2016; MAGOSSI e BONACELLA, 2003).

O modelo de desenvolvimento adotado nos últimos anos, no qual predomina o

crescimento econômico desenfreado e na maioria das vezes não ocorre um planejamento

adequado, tem provocado sérios problemas ao meio ambiente, gerando consequências inclusive

ao ciclo da água e à sua disponibilidade na natureza. O aumento da população atrelado ao

crescimento econômico resulta no aumento da demanda de recursos hídricos. Em contrapartida,

mudanças ambientais podem ocasionar a redução dos níveis de precipitação em determinadas

localidades, provocando assim a diminuição da oferta de água, resultando em uma situação de

crise hídrica (BRASIL, 2015).

Do total de água existente no planeta, 95% é salgada e apenas uma pequena parcela da

água doce está disponível para consumo. No século XX a população mundial triplicou de

tamanho, porém tal população, assim como a água, está distribuída de forma irregular. Dados

revelam que aproximadamente 85% da água consumida no mundo é destinada aos países ricos,

os quais concentram apenas 20% da população total do planeta. Além disso, aproximadamente

1/6 da população mundial não dispõe de água de qualidade para o consumo e 1/3 não é atendida

com saneamento básico (MAGOSSI e BONACELLA, 2003; CASARIN e SANTOS, 2011).

O Brasil alberga aproximadamente 12% de toda a água doce superficial do planeta,

porém esta água não se apresenta distribuída de forma igualitária ao longo do território nacional.

Aproximadamente 70% de toda a água doce superficial do Brasil está localizada no Norte do

país, onde reside apenas 7% da população; o sudeste contempla apenas 6% dos recursos

hídricos para suprir as necessidades de 43% da população; o nordeste dispõe de

aproximadamente 3% dos recursos hídricos para abastecer 29% da população do país

(MAGOSSI e BONACELLA, 2003). Além disso, enquanto grande parte do país recebe chuvas

em abundância durante a maior parte do ano, a região semiárida sofre com longos períodos de

estiagem.

O semiárido brasileiro abrange uma área total de aproximadamente 980 mil km2, o que

representa cerca de 18% do território nacional. Situado em sua maior parte na região Nordeste,

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entre os estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Bahia, Piauí, Sergipe e

Alagoas, além do norte do estado de Minas Gerais, o semiárido engloba um total de 1.135

municípios, nos quais abriga 12% da população brasileira. Isso corresponde a 24 milhões de

habitantes, dos quais aproximadamente 56% residem na área urbana e 44% na zona rural

(BRASIL, 2010; INSA, 2016).

O semiárido possui características geográficas próprias, como o fato de estar localizado

em uma altitude mais elevada e cercado de depressões, o que provoca o bloqueio das massas

de ar, reduzindo assim a incidência de chuvas (WHATELY e CAMPANILI, 2016). A região

apresenta índices pluviométricos entre 200 e 800 milímetros anuais, de forma irregular e

concentrados em poucos meses ao longo do ano, índice este que por apresentar valores menores

que o índice de evaporação, contribui para o déficit hídrico na localidade (ASA, 2016). Além

disso, a região apresenta insolação média de 2.800 horas por ano, temperaturas elevadas com

médias anuais de 23º a 27° C, e solos rasos predominantemente cristalinos, o que contribui para

a redução da absorção de água e abastecimento dos aquíferos (BRASIL, 2016).

Desta forma, a região semiárida do Nordeste Brasileiro representa um território

vulnerável em decorrência da irregularidade das chuvas no tempo e no espaço, longos e

frequentes períodos de estiagem, elevadas temperaturas, forte insolação e altas taxas de

evapotranspiração. Sua população sofre com problemas relacionados à qualidade e

disponibilidade hídricas por vários meses ao longo do ano, enfrentando longos períodos de

estiagem, uma vez que as fontes disponíveis dispõem de volume variável de água sob efeito da

sazonalidade (NASCIMENTO et al., 2013; SILVA et al., 2012).

A escassez hídrica representa um problema crônico no semiárido nordestino (ANTUNES,

2015). Como consequência, as condições de seca provocam diversos impactos no

desenvolvimento econômico, social e ambiental, os quais interferem diretamente nos

determinantes da saúde, principalmente no que diz respeito à qualidade e quantidade de água.

Desta forma, é importante que os problemas ambientais sejam pensados juntamente com os

problemas sociais, uma vez que ambos estão totalmente relacionados (BRASIL, 2015;

CASARIN e SANTOS, 2011). Além dos fenômenos naturais que interferem na distribuição de

água, as ações humanas também influenciam diretamente na disponibilidade hídrica. O

principal problema quanto à água doce diz respeito à sua rápida deterioração e aumento do

consumo, fatores que, atrelados à distribuição de forma desigual, fazem com que apenas uma

pequena parcela da população tenha acesso a tal recurso dentro dos padrões adequados para

consumo (WHATELY e CAMPANILI, 2016).

O estado do Rio Grande do Norte compreende um total de 167 municípios, dos quais 147

estão inseridos na região de abrangência do semiárido potiguar, com uma população de cerca

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de 1,6 milhões de habitantes que enfrenta constantemente diversos problemas advindos da seca

em decorrência das características e condições ambientais, atrelados à ação antrópica sobre o

ambiente (BRASIL, 2005). Diante desta perspectiva, a construção de reservatórios representa

uma infraestrutura hídrica que surgiu como alternativa para suprir, no tempo e no espaço, a

carência hídrica da população. Os reservatórios são amplamente utilizados no semiárido,

inclusive no estado do Rio Grande do Norte, como fonte alternativa de fornecimento de água.

Diversas barragens e açudes foram construídos no estado para irrigação e perenização dos rios,

com a finalidade de solucionar os problemas advindos da seca (VIEIRA et al., 2011).

Os açudes e barragens desempenham relevante papel na gestão dos recursos hídricos

devido à capacidade de estocar e atender a diversos usos da água. Além de armazenarem a água

nos períodos chuvosos, podem liberar parte do volume armazenado nos períodos de estiagem,

contribuindo para a garantia da oferta para abastecimento (BRASIL, 2013). Esses reservatórios

artificiais são utilizados para regularizar os fluxos de águas superficiais garantindo uma reserva

hídrica nos períodos de estiagem e promovendo equilíbrio entre oferta e demanda por água.

Muitas vezes tais reservatórios passam grande período de tempo sem receber água em

decorrência da estiagem e acabam sendo explorados além de seu limite de reposição natural, o

que os torna incapacitados de cumprir com seu principal objetivo que é suprir a carência hídrica

(WHATELY e CAMPANILI, 2016).

De acordo com o Instituto Nacional do Semiárido, a região Nordeste apresenta um total

de 391 reservatórios de água, porém estes encontram-se com apenas 28% de sua capacidade

total. Deste total, 50 reservatórios já entraram em colapso e outros 148 encontram-se em estado

crítico, apresentando menos de 10% da capacidade de armazenamento (ANTUNES, 2015).

Apesar do importante papel desempenhado, em decorrência das características

morfoclimáticas da região semiárida do estado do Rio Grande do Norte, o qual vem enfrentando

longos períodos de estiagem extrema, os reservatórios podem passar grande parte do tempo

com baixo nível de água, atingindo muitas vezes seu volume morto. Desta forma, em

decorrência do baixo nível hídrico dos reservatórios na maior parte do ano, as substâncias

dissolvidas em suas águas tornam-se mais concentradas, principalmente nos períodos de

estiagem, o que contribui para a redução na qualidade desses corpos hídricos.

Devido a vulnerabilidade aos poluentes, são relatados graves problemas no que diz

respeito à sua qualidade, sendo importante a tomada de medidas visando minimizar a

contaminação, uma vez que esses reservatórios quase nunca têm uma água de qualidade

satisfatória para atender à população, podendo servir de veículo para várias doenças

(NASCIMENTO et al., 2013). A manutenção da qualidade das águas dos reservatórios da

região está, dessa forma, diretamente relacionada com a qualidade de vida da população. No

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semiárido, os reservatórios são utilizados para diversos usos e quando comprometidos afetam

toda a dinâmica da população, de forma que diversas atividades são prejudicadas, além de

oferecer riscos à saúde e ao bem-estar da população que tem contato direto com suas águas

(PETROVICH e ARAÚJO, 2013). De acordo com Moraes e Jordão (2002), nas últimas décadas

os recursos hídricos vêm sendo ameaçados pelas ações indevidas do homem, o que acaba

resultando em prejuízo para a própria humanidade, de forma que as atitudes comportamentais

do ser humano têm uma tendência em sentido contrário à manutenção do equilíbrio ambiental.

Assim, diversas regiões enfrentam problemas de escassez hídrica relacionados à

qualidade da água, de forma que muitas pessoas se encontram privadas do seu consumo, devido

à degradação e contaminação deste recurso, o que se intensifica cada vez mais em decorrência

do seu mau uso. A poluição é provocada na maioria das vezes pela urbanização desordenada,

agricultura intensiva, despejo indiscriminado de fertilizantes e agrotóxicos, mineração, falta de

sistemas de coleta e tratamento de esgoto, falhas nas estações de tratamento de água,

desmatamento que impacta a qualidade e a capacidade dos ecossistemas manterem um ciclo de

renovação água, além da falta de conscientização da população. Tais ações representam um

complicador para a problemática da escassez hídrica, uma vez que, dependendo do grau de

comprometimento, a água pode tornar-se inviabilizada para diversos usos. Sendo assim, a

degradação dos ecossistemas aquáticos representa um dos principais impactos decorrentes da

poluição, podendo provocar a perda da capacidade de autorregulação e restauração dos

ecossistemas, além de acelerar o declínio na qualidade e disponibilidade hídricas (WHATELY

e CAMPANILI, 2016; CASARIN e SANTOS, 2011).

A relação entre saúde humana e disponibilidade de água pode ser facilmente percebida

nas regiões onde este recurso é escasso. No nordeste do Brasil, região que sofre com a escassez

hídrica por vários meses ao longo do ano, a população vê-se obrigada a racionar a pequena

quantidade de água disponível, o que contribui para um aumento considerável dos índices de

doenças vinculadas à falta de higiene e saneamento básico. Nesse contexto, a escassez penaliza

a população tanto pela falta, quanto pela baixa qualidade de água consumida (MAGOSSI e

BONACELLA, 2003).

Os recursos hídricos do semiárido nordestino caminham para a insuficiência ou

apresentam elevados níveis de poluição, de forma que diversos microrganismos - bactérias,

vírus e protozoários-, podem estar presentes nos corpos hídricos contaminados e serem

responsáveis por problemas de saúde. Sendo assim, é importante que a estiagem seja

considerada não apenas como um fenômeno climático, mas que sejam consideradas também

suas dimensões econômicas, sociais, políticas e culturais, podendo afetar a saúde e o bem-estar

da população (BRASIL, 2015).

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Atualmente, 1 bilhão de pessoas não possuem acesso à água potável e vivem com menos

de cinco litros de água por dia, além disso, a falta de acesso ao esgotamento sanitário afeta mais

de um terço da população mundial (WHATELY e CAMPANILI, 2016). No Brasil, apesar dos

avanços na ampliação dos sistemas de água e esgoto, 40% da população não têm acesso

adequado à água e 60% não tem esgotamento sanitário. Além disso, apenas 10% do esgoto

gerado recebe algum tipo de tratamento, o que significa que todo o restante é despejado

diretamente nos solos, rios, córregos e nascentes. A água de má qualidade degrada o meio

ambiente e os serviços ecossistêmicos, além de interferir na economia, nas condições de vida e

prejudicar a saúde humana (ANTUNES, 2015; WHATELY e CAMPANILI, 2016; CASARIN

e SANTOS, 2011).

O comprometimento no que diz respeito à quantidade e qualidade da água provoca

diversos efeitos sobre a saúde humana, tais como as doenças gastrointestinais agudas e as

doenças de transmissão hídrica e alimentar (BRASIL, 2015). Existem inúmeras doenças de

veiculação hídrica, se entendemos que o termo se refere àquelas transmitidas pelo consumo de

água ou alimentos contaminados por fezes, dentre as quais encontram-se as doenças diarreicas

(PERES, 2014). As implicações na saúde humana podem se desencadear a longo ou a curto

prazo, como as doenças gastrointestinais, e podem ser potencializadas por condições já

existentes e provocar alterações no perfil de morbi-mortalidade da população (BRASIL, 2015).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2002), as doenças de origem alimentar,

especialmente as causadas por microrganismos patogênicos, representam um sério problema no

mundo e até 70% de todos os episódios de diarreia podem ser resultantes da ingestão de

alimentos e água contaminada. De acordo com a ONU, 3,5 milhões de pessoas morrem no

mundo, anualmente, em decorrência de problemas relacionados ao fornecimento inadequado

da água, falta de saneamento e à ausência de políticas de higiene e aproximadamente 1,8

milhões de crianças morrem por ano no mundo em decorrência das doenças de veiculação

hídrica (PERES, 2014; WHATELY e CAMPANILI, 2016).

Os esgotos atingem as águas destinadas ao consumo em decorrência da falta de sistemas

adequados de captação, transporte e tratamento, provocando assim a contaminação desses

corpos hídricos. As principais doenças causadas por águas contaminadas são amebíase, cólera,

esquistossomose, febre tifoide, hepatite, leptospirose e poliomielite, algumas das quais têm

origem bacteriana. Um litro de esgotos pode apresentar até 20 bilhões de bactérias, das quais,

muitas podem ser patogênicas e provocarem diferentes enfermidades. O corpo humano

representa um ambiente favorável à vida e proliferação de bactérias, as quais são expelidas ao

ambiente externo através das fezes, sendo de grande importância o tratamento e a destinação

adequada de tais cargas poluidoras, sendo este um investimento em saúde pública que poderá

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vir a reduzir gastos com assistência médica e hospitalar (MAGOSSI e BONACELLA, 2003).

A Portaria Nº 2914/11 (BRASIL, 2011) que dispõe sobre os procedimentos de controle e

de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade,

estabelece que a água destinada ao consumo humano é a água potável destinada à ingestão,

preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem, a

qual deve atender aos padrões de potabilidade considerados, de modo a não oferecer riscos à

saúde.

As doenças de veiculação hídrica, ou seja, as doenças provocadas por organismos ou

outros contaminantes disseminados diretamente através da água (SÃO PAULO, 2016),

persistem pela negligência às condições de captação, armazenamento e uso da água pelas

populações, de forma que hábitos desempenhados pelas próprias famílias que fazem uso da

água de reservatórios podem comprometer a sua qualidade, havendo uma intrínseca relação

entre o acesso à água de boa qualidade, infraestrutura adequada e saúde humana (FRANCO,

2007).

A qualidade dos corpos hídricos vem sendo afetada devido a ações antrópicas, atreladas

principalmente ao descarte de esgotos, os quais podem apresentar microrganismos da

microbiota intestinal humana, tais como as enterobactérias, que podem ser patogênicas e

provocar diversas infecções oportunistas (NASCIMENTO e ARAÚJO, 2013). Destaca-se

assim a importância da análise das doenças de veiculação hídrica pelo fato destas estarem

diretamente relacionadas à contaminação das águas dos reservatórios por microrganismos

potencialmente patogênicos, podendo ser estabelecida assim, uma relação entre estes fatores.

Em locais de escassez a necessidade de preservação dos recursos hídricos se torna mais

eminente, e medidas eficazes precisam ser implementadas, de forma a incentivar a conservação

dos corpos de água (PETROVICH e ARAÚJO, 2011). Conforme destaca Costa et al. (2009), a

degradação da qualidade da água requer o aperfeiçoamento de seu gerenciamento e

recuperação, sendo necessário assim o conhecimento a respeito da estrutura das comunidades

dos organismos aquáticos, bem como dos fatores que controlam sua dinâmica espacial e

temporal. Assim, são importantes a análise e o monitoramento da qualidade das águas, bem

como a identificação dos microrganismos presentes nos reservatórios, dentre os quais

encontram-se as enterobactérias, grupo que pode influenciar diretamente na qualidade hídrica

ou dar sinais de sua degradação.

As enterobactérias são bactérias da família Enterobacteriaceae, que compreende um grupo

heterogêneo na forma de bacilos Gram-negativos, fermentadores de glicose, aeróbios ou

anaeróbios facultativos, a maioria reduz nitrato a nitrito, podendo ser móveis ou imóveis

(ANVISA, 2016). A família Enterobacteriaceae engloba cerca de 27 gêneros e centenas de

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espécies, com representantes distribuídos no solo, na água, nas plantas, além do trato

respiratório e intestinal humano e de outros animais. Alguns gêneros são patogênicos e outros

podem causar infecções oportunistas, de forma que algumas espécies habitam normalmente o

corpo humano, outras são encontradas em uma parcela da população, e existem também

algumas que estão presentes somente como agentes de doenças (MURRAY et al., 1992;

TORTORA et al., 2000; WINN-JR et al., 2008). Dentro deste contexto, destacam-se os gêneros

Escherichia, Klebsiella, Enterobacter, Serratia, Citrobacter e Proteus que apresentam

importante papel no que diz respeito à qualidade hídrica, estando relacionados a diversas

doenças.

Os microrganismos presentes em ambientes aquáticos podem ser identificados por

diversas técnicas, como o tradicional crescimento por meio do cultivo em laboratório, que ainda

é bastante utilizada atualmente, proporcionando identificação de diversos organismos. Porém,

tal técnica é chamada dependente de cultivo, uma vez que necessita que a amostra a ser utilizada

esteja fresca, apresentando microrganismos vivos, os quais devem ser isolados e cultivados em

meios de cultura mantidos em laboratório. Mas isso possibilita apenas a recuperação de uma

pequena parcela dos microrganismos presentes em amostras ambientais.

Além das técnicas tradicionais para identificação de microrganismos, existem técnicas

moleculares modernas, as quais proporcionam um meio de evitar as limitações da exploração

genética dependente da cultura por meio da extração de ácidos nucleicos de amostras

ambientais (COWAN et al., 2005). No campo da biologia molecular, as ferramentas

metagenômicas têm facilitado a detecção de organismos e, assim expandido os conhecimentos.

O campo da metagenômica, responsável por grandes avanços na ecologia microbiana, evolução

e diversidade ao longo dos últimos 5 a 10 anos, oferece uma visão mais abrangente da

complexidade genética das comunidades (RECHE et al., 2010; GOMEZ-ALVAREZ et al.,

2012; THOMAS et al., 2012).

O termo metagenoma diz respeito ao material genético coletivo de uma comunidade

microbiana. Sendo assim, a metagenômica engloba a análise genômica de microrganismos de

um ambiente, sendo uma importante ferramenta de identificação da diversidade microbiana por

meio da qual é possível o estudo e caracterização de genes diversos, inclusive de organismos

ainda não cultiváveis ou de difícil cultivo em laboratório. Desta forma, este tipo de análise não

necessita de organismos vivos nem de seu cultivo em meios de cultura, facilitando o acesso ao

genoma de uma maior variedade de microrganismos presentes nas amostras, uma vez que

necessita apenas de sequências de DNA, sejam estruturas inteiras ou até mesmo fragmentos,

proporcionando assim muito mais informação do que aquela verificada a partir da microbiota

cultivada (SABREE et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2006).

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O tratamento de dados metagenômicos para análises ambientais requer uma série de

ferramentas de bioinformática, e faz uso de bases de dados e programas de análises de

sequências de forma a acelerar a análise funcional e comparativa dos genes (CARDOSO et al.,

2012; OLIVEIRA et al., 2006). Sendo assim, recursos tecnológicos no ramo da bioinformática

têm sido construídos para o aperfeiçoamento dessas análises, permitindo compreender aspectos

taxonômicos e funcionais, além de fornecerem plataformas para depositar, localizar, analisar,

visualizar e compartilhar dados (SCHOLZ et al., 2012).

1.1 QUALIDADE DA ÁGUA COMO TEMA PARA AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE

As pesquisas científicas podem exercer grande contribuição para o meio ambiente por

meio do desenvolvimento de tecnologias ou fornecimento de informações para a população e o

poder público (PERES, 2014). Sendo assim, além das pesquisas laboratoriais para identificação

dos microrganismos presentes nas águas dos açudes e do estabelecimento de relações entre a

presença desses organismos e a ocorrência de doenças sob a população local, considera-se

também a importância do compartilhamento de saberes com as comunidades locais por meio

da socialização do conhecimento científico. Há aqui um importante papel no levantamento de

concepções e o desenvolvimento de atividades educativas. Muitas vezes, as pesquisas

acadêmicas estão limitadas a teorias e/ou práticas laboratoriais, não gerando retorno para a

população envolvida em suas etapas. Defende-se, pois, a importância de se estabelecer um

feedback entre as pesquisas desenvolvidas e a população local, por meio do levantamento de

concepções e do desenvolvimento de ações educativas de forma a apresentar e disseminar os

resultados obtidos em trabalhos científicos regionais.

O estudo da percepção contribui para a compreensão das inter-relações entre o homem e

o ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações, valores e condutas, bem como a

maneira que cada indivíduo percebe, reage e responde frente às ações sobre o meio. Nesta

perspectiva, tendo em vista que a percepção pode variar de acordo com o contexto sociocultural

em que se está inserido, sua análise representa um passo inicial fundamental, uma vez que

possibilita uma melhor compreensão da relação cognitiva e emocional da comunidade com a

unidade ecossistêmica. O estudo deve buscar não apenas o entendimento do indivíduo frente a

uma problemática, mas também promover a sensibilização, e a compreensão do ambiente ao

seu redor (MELAZO, 2005; MEDEIROS et al., 2012; ANTUNES et al., 2014).

As ações educativas, por sua vez, têm a finalidade de orientar o homem no novo sentido

que se quer apresentar, possibilitando-lhe autonomia e emancipação (JESUS, 2015). Sendo

assim, a divulgação científica tem o importante papel de compartilhar saberes com as

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comunidades locais por meio da socialização do conhecimento científico, de forma a despertar

o interesse sobre as questões ambientais, além de possibilitarem a troca de experiências entre

os envolvidos (ARAÚJO e AMORIM, 2014).

Dentro deste contexto, as ações de educação em saúde atuam promovendo a sensibilização

da população para as problemáticas da região, como por exemplo o uso dos reservatórios,

visando assim a redução da incidência de doenças de veiculação hídrica, uma vez que a

qualidade das águas está diretamente relacionada à qualidade de vida da população (SILVEIRA

et al., 2013).

É fundamental que os estudos e avanços científicos transformem-se em ações concretas

no que diz respeito ao relacionamento homem-natureza, de forma que o homem mantenha uma

participação direta nas questões relacionadas ao meio ambiente e possa se enxergar como

fazendo parte do meio e não como um elemento à parte e superior às outras formas de vida. De

nada adiantam os conhecimentos científicos sobre o meio ambiente se as pessoas não tiverem

convicção da importância da preservação ambiental e não assumirem uma postura em que o

progresso e a conservação da natureza caminhem juntos (MAGOSSI e BONACELLA, 2003).

É incontestável a necessidade de mudança na maneira como o homem se relaciona com o

ambiente, de forma a promover um modelo de desenvolvimento do qual faça parte a diminuição

das desigualdades e injustiças sociais, a gestão responsável dos recursos, bem como o

atendimento do interesse das gerações atuais sem comprometer as gerações futuras (CASARIN

e SANTOS, 2011). Desta forma, a população precisa ser orientada e sensibilizada sobre o fato

de que as pequenas ações desempenhadas diariamente podem fazer a diferença, evitando ou

pelo menos minimizando diversos problemas.

Observa-se assim, a importância da conscientização da população quanto aos recursos

naturais e uma mudança de atitude, o que pode ser facilitado por meio de ações de educação

para a sustentabilidade e educação em saúde, visando a divulgação do conhecimento científico

e a sensibilização da comunidade local frente a uma dada temática. É necessário que seja criada

uma nova cultura de cuidado com a água, de forma que sejam estabelecidos pactos,

compromissos, mudanças de comportamento e de políticas. No que se refere à crise hídrica, é

preciso lidar com ela de forma compartilhada, corresponsável, tendo por base o engajamento e

o diálogo entre os diferentes segmentos do governo e da sociedade (WHATELY e

CAMPANILI, 2016).

Diante desta problemática, o presente estudo teve como objetivo geral identificar a

diversidade da família Enterobacteriaceae de um reservatório utilizado para abastecimento

público no semiárido do Rio Grande do Norte, além de realizar ações de educação em saúde

junto à população local para difundir o conhecimento acumulado durante o desenvolvimento

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da pesquisa. Como objetivos específicos, pretendeu-se analisar a percepção de professores do

ensino básico e agentes comunitários de saúde da região sobre as enterobactérias, qualidade da

água e doenças de veiculação hídrica; caracterizar a ocorrência de doenças diarreicas de

veiculação hídrica na região no período compreendido entre os anos de 2005 e 2015; identificar,

por técnicas moleculares, a diversidade da família Enterobacteriaceae de forma a relacionar a

ocorrência das enterobactérias patogênicas com as doenças infecciosas na região; além de

desenvolver ações educativas junto aos professores e agentes comunitários de saúde a partir dos

resultados obtidos, com foco nas enterobactérias, qualidade da água e doenças de veiculação

hídrica.

Esta Dissertação é composta pela Introdução geral, uma Caracterização geral da Área de

estudo, Metodologia geral empregada para o conjunto da obra (dissertação) e por quatro

capítulos que correspondem a artigos científicos a serem submetidos à publicação. O Capítulo

1, intitulado “Percepção de professores e agentes de saúde sobre enterobactérias e doenças de

veiculação hídrica em uma região semiárida do Rio Grande do Norte”, está submetido ao

periódico SBEnBio e, portanto, está formatado conforme este periódico

(http://eventos.idvn.com.br/eventos/enebio2016/arquivos/2_circular_enebio_2016.pdf); O

Capítulo 2, intitulado “Ocorrência de doenças diarreicas de veiculação hídrica no semiárido do

Rio Grande do Norte, 2005-2015”, será submetido ao periódico Ciência & Saúde Coletiva e,

portanto, está formatado conforme este periódico (Normas no site

http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/instrucoes_pt.pdf); O Capítulo 3, intitulado

“Diversidade de Enterobacteriaceae em reservatório do Semiárido do Rio Grande do Norte,

Brasil”, será submetido ao periódico Acta Limnologica Brasiliensia e, portanto, está formatado

conforme este periódico (Normas no site

http://www.ablimno.org.br/arquivos/acta_author_instructions_2016_pt.pdf?v=1484182080);

O Capítulo 4, intitulado “Divulgação científica e educação em saúde no combate às doenças de

veiculação hídrica em região semiárida brasileira”, foi submetido ao periódico ConScientiae

Saúde e, portanto, está formatado conforme este periódico (Normas no site

http://www4.uninove.br/ojs/index.php/saude/about/submissions#authorGuidelines).

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2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

A Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu localiza-se entre os estados do Rio Grande do

Norte e Paraíba e exerce grande importância nesta região no que diz respeito ao abastecimento

hídrico. Com uma área de drenagem de 43.681,50 km2, abrange um total de 147 municípios,

dos quais 102 localizam-se na Paraíba e 45 municípios no Rio Grande do Norte. O RN abrange

17.498,50 km2 da área de drenagem, o que representa cerca de 40% da área total da bacia,

atendendo a uma população de aproximadamente 450.000 habitantes (AESA, 2016).

Esta Bacia Hidrográfica encontra-se inserida na região semiárida, apresentando

precipitações médias anuais entre 400 e 800 mm, concentradas entre os meses de fevereiro a

maio, padrão este que tende a apresentar variabilidade interanual, havendo alternância entre

anos de chuva regulares e acentuada escassez hídrica (CBH PIANCÓ-PIRANHAS-AÇU,

2016). As características morfoclimáticas típicas do semiárido são responsáveis pelo caráter

intermitente dos rios e déficit hídrico na região.

O rio Piranhas-Açu, principal da bacia Piancó-Piranhas-Açu, nasce no estado da Paraíba

e desagua na costa Potiguar. Ao longo de sua extensão no semiárido nordestino, o rio apresenta

diversos usos, tais como irrigação, abastecimento humano, dessedentação animal, lazer,

produção de energia e aquicultura (CBH PIANCÓ-PIRANHAS-AÇU, 2016).

A Bacia Piancó-Piranhas-Açu apresenta grande importância nos estados do Rio Grande

do Norte e Paraíba, nos quais engloba um total de 46 reservatórios, considerados estratégicos

para o desenvolvimento sócio-econômico da região (AESA, 2016).

O estudo do ponto de vista microbiológico foi realizado na Barragem Armando Ribeiro

Gonçalves (05º67’S; 36º88’O), inserido na Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu (Figura

1).

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Figura 1: Localização da Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu e Barragem Armando

Ribeiro Gonçalves.

Fontes: SEMARH, IGARN, 2015 (adaptada).

A Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves (Figura 2) localiza-se no distrito de

Oiticica II, com lamina d’água banhando os municípios de Assu, Itajá, São Rafael, Santana do

Mato e Jucurutu. Este reservatório é responsável pelo abastecimento de diversos sistemas

adutores e um total de 34 municípios localizados no estado do Rio Grande do Norte (Alves,

2014). Com construção datada no ano de 1983, a barragem ocupa uma área total de 19.200,00

hectares e apresenta uma capacidade máxima de 2.400.000.000m3, sendo o segundo maior

reservatório de água do Nordeste brasileiro (RIO GRANDE DO NORTE, 2015; SEARH,

2016.).

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Figura 2: Reservatório Armando Ribeiro Gonçalves.

Fonte: Autora.

Os municípios selecionados para aplicação de questionários para pesquisas de

percepção e levantamento de doenças de veiculação hídrica foram Assu, Acari e Parelhas

(Figura 3), abastecidos pelos reservatórios Armando Ribeiro Gonçalves, Gargalheiras e

Boqueirão de Parelhas, respectivamente. As ações educativas foram realizadas no município de

Acari e as coletas de água foram feitas no reservatório Armando Ribeiro Gonçalves.

Figura 3: Municípios abrangidos pelo estudo (a- Assu; b- Acari; c- Parelhas).

Fonte: IBGE-a, 2016 (adaptado).

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Informações básicas sobre os municípios abrangidos pelo estudo estão apresentadas na

tabela 1.

Tabela 1: Características principais dos municípios quanto a área total, população total,

entidades escolares de ensino fundamental e médio, estabelecimentos de saúde.

Município Área total

(km2)

População

total (nº de

habitantes)

Escolas (ensino

fundamental e

médio)

Estabelecimentos

de saúde SUS

Assu 1.303.442 53.227 50 20

Acari 608.466 11.035 14 12

Parelhas 513.507 20.354 23 18

Fonte: IBGE-b, 2016.

A população residente nos municípios abrangidos pelos reservatórios faz uso direto de

suas águas para diversas atividades, e a ação antrópica representada principalmente pelo

descarte de efluentes domésticos e industriais exerce ação direta sobre a quantidade e qualidade

hídrica dos reservatórios estudados.

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3. METODOLOGIA GERAL

3.1 Diversidade de Enterobacteriaceae - Metagenômica

Amostragem

Amostras de água foram obtidas por meio de coleta única no reservatório Armando

Ribeiro Gonçalves pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Microbiologia Aquática

(LAMAQ, Centro de Biociências – UFRN).

Tais amostras foram coletadas diretamente na superfície da água em um único ponto do

reservatório. Um volume total de 100 litros de água foi filtrado em redes de plâncton com

abertura de malha de 68m e 20m para a retirada de organismos maiores e as alíquotas

concentradas foram armazenadas em frascos âmbar estéreis com capacidade de 1L mantidas

sob refrigeração e encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia Aquática (LAMAQ, Centro

de Biociências – UFRN).

Procedimentos Laboratoriais

O processamento das amostras foi feito em até 3h após as coletas. A extração de DNA

metagenômico foi feito por meio do kit de isolamento Power Water (MOBIO Laboratories, Inc.

CA), de acordo com as orientações do fabricante. Após a extração, a presença de DNA foi

confirmada por meio de eletroforese em gel de agarose 0,7%, o DNA foi quantificado por meio

do NanoVueTM Plus Spectrophotometer e a amostra encaminhada para o Laboratório Nacional

de Computação Científica (LNCC, Rio de Janeiro) onde foi feito o pirossequenciamento do

gene rDNA 16S.

Análise computacional

Após o sequenciamento do DNA metagenômico, os dados foram depositados no banco

de dados MG-RAST (metagenomics analysis server).

As ferramentas da bioinformática, através da plataforma MG-RAST, possibilitaram

analisar os dados obtidos por meio do sequenciamento gênico e identificar assim os

microrganismos, além das espécies de enterobactérias presentes nas amostras de água do

reservatório Armando Ribeiro Gonçalves. De posse das informações a respeito da diversidade

dos microrganismos presentes no reservatório foi possível identificar as enterobactérias

patogênicas e estabelecer relações entre a presença de tais microrganismos e as doenças

infecciosas prevalentes nos munícipios do entorno do reservatório estudado. Sendo assim, tal

análise possibilitou não apenas conhecer a microbiota existente, mas também analisar o

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ambiente funcionalmente, de forma não apenas conhecer os microrganismos presentes, mas

também identificar seu papel naquele determinado ambiente.

3.2 Doenças de Veiculação Hídrica

Levantamento e Análise de Dados

Paralelamente às coletas e análises laboratoriais foi realizado um levantamento das

doenças de veiculação hídrica de maior prevalência na população residente nos municípios de

Assu, Parelhas e Acari onde estão localizados importantes reservatórios hídricos. Foram

consultados os indicadores de saúde presentes no Sistema de Informação de Atenção Básica

(SIAB) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS -

http://datasus.saude.gov.br/) e analisados os casos de morbidade hospitalar em

estabelecimentos de saúde do SUS com internações e óbitos provocados por doenças diarreicas,

de acordo com os locais de residência no período compreendido entre os anos de 2005 e 2015.

3.3 Análise de Percepção

Além da coleta de dados no que diz respeito aos indicadores de saúde, foram aplicados

questionários em 05 escolas públicas estaduais e 08 postos de saúde nos municípios de Assu,

Acari e Parelhas. O público alvo foi composto por 10 professores de ciências e biologia e 23

agentes comunitários de saúde. Os questionários englobaram eixos temáticos referentes às

concepções sobre a qualidade da água, doenças de veiculação hídrica, bem como a atuação

prática dos participantes, de forma a analisar a percepção de tais profissionais sobre a

problemática existente (Anexos).

3.4 Ações Educativas

As ações educativas foram desenvolvidas em um dos municípios envolvidos, e contaram

com a presença de 38 participantes, sendo o público alvo constituído por professores de ciências

e biologia e agentes comunitários de saúde de dois municípios. Estas ações de educação em

saúde se constituíram de palestras, discussões e oficinas que englobaram temas relacionados à

qualidade da água, enterobactérias patogênicas e doenças de veiculação hídrica, visando a

divulgação dos resultados alcançados na pesquisa e sensibilização da comunidade local que faz

uso de importantes reservatórios presentes na região. Durante as atividades foram valorizados

exemplos referentes aos reservatórios hídricos da região, de forma a contextualizar a

problemática enfrentada no que diz respeito à qualidade e disponibilidade hídricas. Além da

exposição do tema e debate com os participantes, foi distribuído um livro paradidático intitulado

“Doenças de veiculação hídrica: conhecendo e prevenindo”. Ao final das atividades, os

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participantes responderam a um questionário composto por três questões abertas, as quais

abordaram aspectos referentes às contribuições da oficina e aos novos conhecimentos

adquiridos, de forma a avaliar a atividade desenvolvida.

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Capítulo 1

Percepção de professores e agentes de saúde sobre

enterobactérias e doenças de veiculação hídrica em

uma região semiárida do Rio Grande do Norte

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PERCEPÇÃO DE PROFESSORES E AGENTES DE SAÚDE SOBRE

ENTEROBACTÉRIAS E DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA EM UMA

REGIÃO SEMIÁRIDA DO RIO GRANDE DO NORTE

Lidiane Gomes Pinheiro1, Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo2

1,2Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Avenida Senador Salgado Filho, 3000 -

Lagoa Nova, CEP 59064-741, Natal-RN, Brasil. Email: [email protected],

[email protected]

ESTE ARTIGO ESTÁ ACEITO NO PERIÓDICO SBENBIO E, PORTANTO, ESTÁ

FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTA REVISTA (vide

http://eventos.idvn.com.br/eventos/enebio2016/arquivos/2_circular_enebio_2016.pdf)

Resumo

A problemática quanto à quantidade e qualidade hídrica representa motivo de preocupação. O

objetivo deste estudo foi analisar a percepção de professores e agentes de saúde sobre

enterobactérias, qualidade da água e doenças de veiculação hídrica no semiárido do Rio Grande

do Norte. Foram aplicados questionários cujos resultados revelaram que, apesar desses

profissionais reconhecerem a importância dos reservatórios, muitos não têm conhecimento

sobre os problemas relacionados à sua qualidade hídrica, fato que implica na necessidade de

ações de educação em saúde, contribuindo para a sensibilização da população e melhoria na

qualidade de vida.

Palavras-chave: Semiárido; doenças de veiculação hídrica; educação em saúde.

Introdução

A água é um recurso de grande importância para o desenvolvimento e sobrevivência

humana, porém a problemática referente à sua quantidade e qualidade representa motivo de

preocupação. Apesar da grande quantidade de água presente no planeta, apenas uma pequena

parcela é adequada para o consumo humano e esta não é distribuída da maneira adequada para

atender às diversas necessidades.

A região semiárida apresenta peculiaridades no que diz respeito às características

morfoclimáticas, apresentando índices pluviométricos irregulares e concentrados em poucos

meses ao longo do ano, solos rasos, alta insolação e temperaturas elevadas, o que contribui para

o déficit hídrico (ASA, 2016; BRASIL, 2016). Diante desta problemática, são construídos

reservatórios como fonte alternativa de fornecimento de água, com o objetivo de suprir a

carência hídrica da população, os quais desempenham relevante papel na gestão dos recursos

hídricos devido à capacidade de estocar e atender a diversos usos da água (BRASIL, 2013). No

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estado do Rio Grande do Norte, diversas barragens e açudes foram construídos com a finalidade

de solucionar os problemas advindos da seca (VIEIRA et al., 2011).

Apesar do seu importante papel, os reservatórios enfrentam problemas relacionados à

qualidade hídrica, principalmente devido a contaminação decorrente da ação antrópica. Com o

aumento da atividade humana, uma grande quantidade de resíduos vem sendo descartada,

contaminando o ambiente e provocando um crescente estresse ambiental e poluição das águas,

podendo levar a problemas de saúde pública, sobretudo no semiárido que sofre com a escassez

hídrica (GARCIA et al., 2013).

As águas dos reservatórios recebem, muitas vezes, cargas poluidoras contendo

microrganismos patogênicos, tais como vírus, bactérias e protozoários que podem ser

responsáveis por várias doenças (NASCIMENTO et al., 2013). Observa-se assim a necessidade

de se promover um diálogo com a população local, de forma a inserir as comunidades nos

debates sobre as questões ambientais, visando alerta-las para os problemas existentes, ligados

diretamente com a sua qualidade de vida. Para isso, são necessários métodos eficazes de

sensibilização da população, por meio da percepção e educação ambiental, e educação em

saúde, que representam ferramentas importantes de união do conhecimento científico aos

saberes locais. Tais ações devem levar em consideração o que as pessoas pensam sobre o meio

ambiente e como suas atitudes interferem nesse processo (PETROVICH e ARAÚJO, 2011;

MEDEIROS e ARAÚJO, 2013).

Destaca-se, assim, a importância da análise no que diz respeito à percepção acerca da

problemática enfrentada, na tentativa de compreender a relação cognitiva e emocional da

comunidade com a unidade ecossistêmica (MEDEIROS et al., 2012). Nesse contexto, a

utilização de questionários pode representar uma importante ferramenta para identificar as

concepções, uma vez que possibilitam a expressão da opinião pessoal a respeito do tema

abordado (SILVEIRA et al., 2013).

Diante desta problemática, o presente estudo teve como objetivo analisar a percepção

de professores do ensino básico e agentes comunitários de saúde sobre as enterobactérias, a

qualidade da água e doenças de veiculação hídrica em municípios de uma região semiárida do

Rio Grande do Norte.

Material e Métodos

Área de estudo

O estudo foi desenvolvido em 05 escolas públicas e 08 postos de saúde localizados nos

municípios de Assu, Acari e Parelhas (Figura 1).

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Figura 1: Localização da área de estudo (a- Assu; b- Acari; c- Parelhas).

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016 (adaptado).

Estes municípios albergam os reservatórios Armando Ribeiro Gonçalves, Gargalheiras

e Boqueirão, respectivamente, pertencentes a Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu, os

quais apresentam alto valor social e econômico, sendo utilizados pela população para diversas

atividades, tais como consumo humano, dessedentação animal, irrigação, lazer, dentre outras.

Público alvo e instrumento de coleta de dados

O público alvo foi constituído por 10 professores das áreas de ciências e biologia da

rede estadual de ensino e 23 agentes comunitários de saúde dos municípios de Assu, Acari e

Parelhas.

A fim de investigar as concepções a respeito da qualidade da água, enterobactérias e

doenças de veiculação hídrica, foram aplicados questionários compostos por um eixo

introdutório com as informações a respeito da pesquisa, seu objetivo, informações sobre os

participantes, além de um termo de consentimento para uso dos dados para fins de pesquisa

acadêmica. Ambos os questionários possuíam 12 questões, sendo 9 questões fechadas e 3

abertas, que abordaram assuntos referentes aos eixos temáticos: 1 - Usos e qualidade da água

dos açudes; 2 - Bactérias e doenças de veiculação hídrica; 3 - Atuação prática dos professores

e agentes de saúde sobre doenças de veiculação hídrica e temas associados, além do perfil do

público alvo.

Resultados e Discussão

Perfil do público alvo

Os professores dos municípios analisados apresentam faixa etária variando entre 24 e

49 anos de idade, sendo a maioria do sexo masculino (60%). A maioria reside no próprio

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município onde trabalha e apenas 01 reside em estado vizinho. Destes, 07 são formados em

ciências biológicas, porém 03 são formados em outros cursos, tais como ciências naturais com

habilitação em matemática (01) e geografia (02), e 02 possuem cursos de pós-graduação. Tais

professores lecionam as disciplinas de ciências e biologia, além da disciplina de geografia, com

tempo de atuação variando de 01 mês a 29 anos.

Os agentes de saúde possuem idade entre 28 e 61 anos, sendo a grande maioria do sexo

feminino (83%). Todos os agentes de saúde residem nos municípios onde trabalham. Quanto

ao grau de escolaridade, 01 agente de saúde possui ensino fundamental completo, 17 possuem

ensino médio, 04 possuem ensino superior e 01 agente de saúde possui curso de pós-graduação,

com tempo de experiência profissional variando entre 01 e 24 anos.

Análise dos eixos temáticos

Eixo temático 1 – Usos e qualidade da água dos açudes

Este eixo temático era composto por 06 questões fechadas, em comum para os

professores e agentes de saúde. A primeira questão visava analisar o conhecimento dos

professores e agentes de saúde acerca do uso da água dos açudes de cada município, na qual

poderiam ser assinaladas uma ou mais das seguintes alternativas: “consumo humano”,

“agropecuária”, “recreação”, “lançamento de esgotos”, ou “outros usos” que deveriam ser

especificados (Figura 2).

Figura 2: Usos múltiplos das águas dos reservatórios.

Os participantes destacaram o “consumo humano” e “agropecuária” como atividades

mais desenvolvidas com a água do açude, alternativas que apresentaram percentuais de resposta

acima de 70% assinaladas por ambos os profissionais. Além desses usos, também foram

assinaladas as opções “recreação”, “lançamento de esgotos” e “outros usos” especificados

como usos domésticos. Resultados semelhantes foram encontrados por Araújo et al. (2012) e

Medeiros e Araújo (2013) quando analisaram a percepção de alunos e professores sobre os usos

da água em reservatórios do semiárido do Rio Grande do Norte, tendo sido apontados o

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Consumohumano

Agropecuária Recreação Lançamentode esgotos

Outros

Professores Agentes de saúde

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consumo humano, pesca e lazer e turismo como atividades mais desenvolvidas e apenas uma

pequena parcela dos participantes da pesquisa apontou o despejo de esgotos, resultados estes

que revelam que os participantes identificam o importante papel dos reservatórios para os

municípios em que estão inseridos.

A segunda questão englobava aspectos referentes aos organismos existentes nas águas

dos açudes de cada município, apresentando como alternativas “peixes”, “vermes”, “bactérias”,

“protozoários” e “outros”, que deveriam ser especificados. Cada participante poderia assinalar

uma ou mais questões, de acordo com sua concepção acerca do assunto (Figura 3). Dentre os

participantes da pesquisa, todos os professores acreditam que existem peixes e bactérias nas

águas dos açudes, a grande maioria (90%) acredita que existem protozoários e cerca de 60%

acredita que existem vermes nestes reservatórios. Dentre os agentes de saúde, a maioria (83%)

acredita que existem peixes, seguido por protozoários (60%), bactérias (56%) e vermes (52%).

Figura 3: Percepção acerca dos organismos presentes nas águas dos reservatórios.

A terceira questão do eixo temático apresentava possíveis locais em que podem ser

encontradas bactérias: “água”, “solo”, “ar”, “nosso corpo” e “não sei”, sendo possível indicar

mais de uma alternativa. Todos os professores indicaram a água e o solo como locais onde

podem sem encontradas bactérias, além do corpo humano (90%) e o ar (80%). Dentre os agentes

de saúde, a maioria também apontou que existem bactérias na água (87%), no solo (74%), ar

(65%) e no corpo humano (65%). Uma pequena parcela (4%) afirmou não saber os locais onde

podem ser encontradas as bactérias (Figura 4). Araújo e Nascimento (2013) observaram

divergências na percepção de professores e agentes de saúde sobre o local onde podem ser

encontradas bactérias, de forma que a maioria dos professores elencou o solo, água, ar, dentro

de animais e plantas como locais onde as bactérias poderiam ser encontradas, mas apenas 20%

dos agentes de saúde compartilhavam esses conhecimentos.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Peixes Vermes Bactérias Protozoários outros

Professores Agentes de saúde

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Figura 4: Locais em que podem ser encontradas bactérias.

Quando questionados sobre a contaminação das águas, todos os professores e agentes

de saúde disseram acreditar que uma água aparentemente limpa pode estar contaminada. Nos

estudos desenvolvidos por Rojas e Megerle (2013), pelo contrário, os participantes apontaram

a cor e aparência como os principais fatores que influenciam a percepção da qualidade da água,

formando um "padrão de qualidade", porém muitos também abordam a importância de

tratamentos para garantir a qualidade da água. Isso demonstra que os participantes reconhecem

que, independente da aparência, a água deve receber tratamento adequado antes do consumo.

A quinta questão do eixo temático abordou a contaminação dos reservatórios. Ao serem

questionados sobre a possível contaminação das águas dos açudes por bactérias, 100% dos

professores destacaram que as águas dos açudes podem estar contaminadas. Quanto aos agentes

de saúde, 74% acredita que possa haver contaminação das águas por tais microrganismos,

porém 26% não demonstraram opinião formada a respeito dessa questão (Figura 5).

Figura 5: Percepção quanto a questão se as águas do açude podem estar contaminadas por

bactérias.

Os professores e agentes de saúde foram também questionados sobre se acreditam que

microrganismos presentes na água dos açudes podem provocar doenças. Para tal

questionamento, todos os participantes responderam afirmativamente, demonstrando que

reconhecem os riscos à saúde provocados pelas águas dos reservatórios, se estiverem

contaminados. Porém, é importante destacar que uma parcela dos agentes de saúde não possui

conhecimento sobre a contaminação das águas dos açudes por bactérias, embora todos os

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Água Solo Ar Corpohumano

Não sei

Professores Agentes de saúde

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Sim Não Não sei

Professores Agentes de saúde

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profissionais tenham afirmado acreditar que microrganismos presentes na água dos açudes

podem provocar enfermidades. Observou-se, assim, certa contradição por parte dos agentes

comunitários de saúde nesse aspecto, demonstrando a fragilidade no conhecimento do assunto.

Eixo temático 2 – Bactérias e doenças de veiculação hídrica

O eixo temático 2 era composto por 03 questões fechadas, comuns para ambos os grupos

participantes. A primeira questão buscava analisar o conhecimento dos professores e agentes

de saúde a respeito das doenças de veiculação hídrica. Todos os professores afirmaram saber o

que são as doenças de veiculação hídrica, porém, dentre os agentes de saúde, 30% não souberam

o que são tais doenças (Figura 6).

Figura 6: Percepção sobre o conceito de doença de veiculação hídrica por professores e

agentes de saúde.

Indagados sobre enterobactérias patogênicas, 70% dos professores afirmaram saber o

que são tais microrganismos, porém dentre os agentes de saúde, apenas 35% as souberam

reconhecer (Figura 7).

Figura 7: Percepção acerca das enterobactérias patogênicas, por professores e agentes de

saúde participantes.

A terceira pergunta deste eixo temático questionava os profissionais sobre se todas as

bactérias causariam doenças ou não. Dentre os professores, a maioria (80%) assinalou que nem

todas as bactérias causam doenças, indicando que 20% deles acreditam que todas as bactérias

são patogênicas. É importante ressaltar que os professores que responderam afirmativamente

não possuem formação acadêmica na área biológica, o que demonstra que o ensino dessa área

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Professores Agentes de saúde

Sim Não

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Professores Agentes de saúde

Sim Não

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ainda se ressente da falta de profissionais especializados. Dentre os agentes de saúde, 44%

acreditam que todas as bactérias causam doenças e 56% acreditam que nem todas as bactérias

são patogênicas (Figura 8).

Figura 8: Percepção de professores e agentes de saúde sobre se todas as bactérias causam

doenças.

Nas pesquisas desenvolvidas por Azevedo e Sodré (2014), a maioria dos participantes

não soube argumentar sobre qualquer benefício proporcionado pelas bactérias, ou ainda

acreditam que todas elas são provedoras unicamente de efeitos negativos. Tais dados são

preocupantes, uma vez que apenas uma pequena parcela destes microrganismos é responsável

por enfermidades, porém esta concepção negativa está baseada no senso comum influenciado

pelas experiências pessoais, e deve-se provavelmente ao fato da mídia e livros didáticos

enfatizarem os microrganismos patogênicos, o que pode gerar a ideia de que estes são

exclusivamente causadores de doenças.

Eixo temático 3 – Atuação prática dos professores e agentes de saúde sobre doenças de

veiculação hídrica e temas associados

O terceiro eixo temático era composto por 03 questões abertas e fechadas relacionadas

às atividades desenvolvidas por cada um dos profissionais. Quanto aos questionários aplicados

com os professores, a primeira questão verificava se tais profissionais trabalham em sala de

aula assuntos relacionados a doenças de veiculação hídrica. Em caso afirmativo, deveriam

exemplificar os assuntos trabalhados e justificar como selecionam tais conteúdos. A grande

maioria dos professores (80%) aborda tais conteúdos em sala, como por exemplo “doenças

causadas por microrganismos, contraídas pelo consumo de água não tratada ou contaminada”,

“viroses, bacterioses, parasitoses em geral”, além de abordarem aspectos relacionados ao “uso

adequado da água, conservação da água”, “saneamento básico, políticas públicas de saúde, meio

ambiente”. A partir daí os conteúdos são selecionados na maior parte das vezes seguindo o livro

didático, e em alguns poucos casos, de forma contextualizada com a realidade do município.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Professores Agentes de saúde

Sim Não

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A segunda questão buscava analisar porque os professores consideram importante que

tais conteúdos sejam trabalhados em sala de aula. A maioria destacou aspectos relacionados à

“importância da água”, “promoção da saúde”, “os alunos levam para casa novos assuntos sobre

a água e suas possíveis doenças sem o tratamento adequado”, além de “promover a

sensibilização e reflexão nos estudantes para uma mudança de postura/atitude”. Importante

destacar que mesmo alguns professores que afirmaram não trabalhar os conteúdos relacionados

a doenças de veiculação hídrica em sala de aula, consideram importante tal abordagem “para

que os alunos tenham informações sobre as doenças hídricas e poderem aplicar essas

informações no seu dia-a-dia”.

A terceira questão deste eixo temático analisou se os professores desenvolvem ou já

desenvolveram ações, em sala de aula, para minimizar os problemas relacionados à

contaminação da água e caso respondessem afirmativamente, deveriam exemplificar as ações

desenvolvidas. A maioria dos professores (80%) afirma desenvolver tais ações em sala de aula

por meio de “debates e seminários, trabalho relacionado a contaminação de águas

subterrâneas”, “vídeos de esclarecimento”, “aula prática com filtros e com a fervura da água”,

além de “meios de tratamento caseiros, métodos preventivos, campanhas de mutirões nas

comunidades próximas à escola, seminários, palestras, etc.”. Porém, é importante ressaltar que

alguns professores ainda confundem problemas de contaminação das águas com doenças

provocadas por vetores relacionados à água, como a dengue, por exemplo, afirmando que

desenvolvem projetos relacionados ao combate à doença. Em seus estudos, Petrovich e Araújo

(2011) analisaram a participação e desenvolvimento de ações para minimizar os problemas da

água e observaram que a grande maioria dos professores afirmaram participar das ações, porém

destaca-se ainda a necessidade do desenvolvimento de atividades de educação ambiental e

educação em saúde quanto à esta problemática.

Quanto aos agentes de saúde, a primeira questão se referia ao conhecimento desses

profissionais sobre as doenças provocadas pela ingestão de água contaminada, com a citação

de exemplos das doenças. A maioria dos agentes de saúde (87%) afirmou conhecer as doenças

de veiculação hídrica, porém observa-se que muitos confundem as enfermidades com suas

causas, sintomas e agentes causadores, ao indicarem como exemplos de doenças de veiculação

hídrica diarreias, vômitos, vermes, amebas, e até mesmo alergias e coceiras crônicas.

Resultados semelhantes são apontados em estudos nos quais a maioria das pessoas sabe que

uma água contaminada pode provocar doenças, porém não conseguem identificar que tipos de

doenças a água contaminada pode causar, ou confundem as doenças com seus sintomas

(ARAÚJO et al., 2012; ARAÚJO e NASCIMENTO, 2013). Rojas e Megerle (2013),

identificaram que existe uma elevada percepção dos riscos para a saúde associados ao consumo

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da água contaminada, confirmada pelo conhecimento sobre as doenças e os seus sintomas,

porém o conhecimento das doenças transmitidas pela água por si só não leva os participantes a

inferir que o consumo de água não tratada está associado a riscos de saúde.

A segunda questão buscava analisar se os agentes de saúde desenvolvem ou já

desenvolveram ações para minimizar os problemas relacionados à contaminação da água,

citando as ações desenvolvidas, se fosse o caso. A maioria dos agentes de saúde (70%)

respondeu afirmativamente, exemplificando tais ações com “orientações às famílias sobre o

tratamento da água em domicílio”, “ações educativas”, “distribuição de hipoclorito”,

“orientação à população quanto a higiene pessoal e no local onde mora, e também no

armazenamento das águas de consumo”, além de “orientações sobre as causas e consequências

da água contaminada”. Porém, alguns agentes de saúde confundiram as doenças de veiculação

hídrica com doenças provocadas por vetores relacionados à água, como a dengue, afirmando

que realizam mutirões de combate a tais doenças.

O desenvolvimento de atividades de vigilância das doenças de veiculação hídrica foi um

aspecto analisado na terceira questão deste eixo temático, a qual solicitava exemplos. A maioria

(61%) afirmou não desenvolver tais ações em sua profissão, dado bastante preocupante frente

à problemática hídrica existente na região. Os profissionais que afirmaram desenvolver ações

citaram como exemplo a sensibilização da população quanto ao uso e tratamento da água para

consumo humano, porém muitos ainda relatam os cuidados com a proliferação do mosquito da

dengue como vigilância das doenças de veiculação hídrica.

Destaca-se que os profissionais participantes da pesquisa exercem papel fundamental na

disseminação de informações, pois lidam diretamente com a população, uma vez que os

professores do ensino fundamental e médio são considerados multiplicadores de conhecimento

e os agentes de saúde, fonte de informação sobre questões de saúde para a população (ARAÚJO

e NASCIMENTO, 2013). Os problemas relacionados à água e às doenças de veiculação hídrica

são responsáveis por diversas enfermidades, sendo fundamental o conhecimento e atuação por

parte dos professores e agentes de saúde frente a esta problemática junto às comunidades locais.

Não é possível pensar a água como sendo “parte da natureza” e a sociedade como algo em

separado (ANTUNES et al., 2014). Desta forma, faz-se necessário que aspectos relacionados à

qualidade das águas e doenças de veiculação hídrica sejam melhor divulgados, com destaque

para as ações de educação ambiental e educação em saúde, que aliadas a outras ferramentas

podem ser empregadas na sensibilização da população, de forma a contribuir para maior

esclarecimento e melhoria na qualidade de vida (MEDEIROS e ARAÚJO, 2013; SILVEIRA et

al., 2013). Isso concretiza o fato de que o levantamento da percepção dos profissionais é de

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grande importância para o planejamento e efetivação das estratégias de ações a serem

desenvolvidas (AYACH et al., 2012).

Conclusões

O presente estudo permitiu perceber que os professores e agentes comunitários de saúde

reconhecem a importância desempenhada pelos reservatórios, porém muitos deles não têm

conhecimento sobre os organismos presentes em suas águas, o que demonstra uma fragilidade

quanto a isto. No que diz respeito às doenças de veiculação hídrica, enterobactérias e

patogenicidade das bactérias, a grande maioria dos professores possui conhecimentos a respeito

do assunto, porém grande parte dos agentes de saúde ainda possui um conhecimento

insuficiente para desenvolver mais adequadamente suas atividades. Nas suas práticas, observa-

se que grande parte dos professores trabalha assuntos relacionados às doenças de veiculação

hídrica e afirmam desenvolver ações para minimizar os problemas relacionados à contaminação

da água e a maioria dos agentes de saúde afirma conhecer as doenças de veiculação hídrica.

Muitos destes, porém, confundem as enfermidades com suas causas ou sintomas. A maioria dos

profissionais afirma desenvolver ações para minimizar os problemas relacionados à

contaminação da água, bem como atividades de vigilância das doenças de veiculação hídrica.

Sendo assim, frente a esta problemática, destaca-se a necessidade de ações de educação

ambiental e educação em saúde com os professores e agentes comunitários de saúde na região

semiárida, os quais exercem importante papel na disseminação de informações no que diz

respeito às questões hídricas com a comunidade local, colaborando para sua sensibilização e

melhoria na qualidade de vida. Diante disso, ações de educação em saúde serão desenvolvidas

nas escolas e postos de saúde alvos da pesquisa, por meio de cursos de capacitação e distribuição

de materiais educativos. Espera-se, assim, contribuir com a minimização dos problemas aqui

destacados.

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40

Capítulo 2

Ocorrência de doenças diarreicas de veiculação

hídrica no semiárido do Rio Grande do Norte, 2005-

2015

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OCORRÊNCIA DE DOENÇAS DIARREICAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA NO

SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2005-2015

Lidiane Gomes Pinheiro1, Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo2

1,2Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Avenida Senador Salgado Filho, 3000 -

Lagoa Nova, CEP 59064-741, Natal-RN, Brasil. Email: [email protected],

[email protected]

ESTE ARTIGO SERÁ SUBMETIDO NO PERIÓDICO Ciência & Saúde Coletiva E,

PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTA

REVISTA (vide http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/instrucoes_pt.pdf)

Resumo

A água é um recurso natural precioso, porém, problemas relacionados à sua disponibilidade e

qualidade são frequentes no nordeste brasileiro, principalmente no semiárido. Diversos açudes

e barragens foram construídos para suprir a carência hídrica, porém muitos destes encontram-

se contaminados por microrganismos patogênicos, resultando em diversas doenças. O presente

estudo tem como objetivo analisar a ocorrência de doenças diarreicas de veiculação hídrica no

semiárido do Rio Grande do Norte entre os anos de 2005 e 2015. Os dados foram obtidos por

meio SIAB/DATASUS, naquilo que se refere aos casos de morbidade hospitalar com

internações e óbitos provocados por doenças diarreicas nos municípios de Assu, Acari e

Parelhas. No período estudado, foram registrados números de internações variando entre 73 e

1.607, e casos de óbitos entre 0 e 16, com maior número no município de Assu. A pesquisa

destaca a importância da sensibilização da população a fim de se evitarem tais doenças.

Palavras-chave: Microrganismos patogênicos; doenças de veiculação hídrica; semiárido.

Abstract

Water is a precious natural resource, but problems related to its availability and quality are

frequent in the Brazilian Northeast, especially in the semi-arid. Various dams have been built

to meet the water shortage, but many of these are contaminated by pathogenic microorganisms,

resulting in several diseases. The present study aims to analyze the occurrence of diarrheal

diseases of water in the semiarid region of Rio Grande do Norte between 2005 and 2015. The

data were obtained through SIAB / DATASUS, in what refers to cases of hospital morbidity

with Hospitalizations and deaths caused by diarrheal diseases in the municipalities of Assu,

Acari and Parelhas. During the study period, hospitalizations ranged from 73 to 1,607, and cases

of deaths between 0 and 16, with the highest number in the municipality of Assu. The research

highlights the importance of sensitizing the population in order to avoid such diseases.

Keywords: Pathogenic microorganisms; Waterborn diseases; Semiarid.

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Introdução

A água é um recurso natural precioso, bem público e direito de todos, porém apesar de

ser tratado muitas vezes como inesgotável, os problemas relacionados a sua escassez aumentam

a cada dia. O Brasil está entre os países que mais dispõem de recursos hídricos, porém enfrenta

sérios problemas relacionados a distribuição, acesso e saneamento, o que pode provocar

prejuízos à saúde e ao bem-estar da população1.

Questões relacionadas à disponibilidade e qualidade hídricas são frequentes no nordeste

brasileiro, principalmente na região semiárida. Diversos açudes e barragens foram construídos

na região com o objetivo de sanar, ou pelo menos minimizar tais problemas, porém a população

ainda sofre em decorrência da escassez e contaminação de suas águas. Não é possível viver sem

água e a escassez desse precioso recurso provoca impactos diretos sob a saúde pública, podendo

deflagrar surtos de doenças na população.

A crescente expansão demográfica e industrial das últimas décadas trouxe como

consequência o comprometimento das águas dos rios, lagos e reservatórios, sendo estes afetados

por diversos poluentes. As modificações ambientais têm contribuído para a (re)emergência e a

expansão geográfica de doenças, resultando assim na estreita relação entre desenvolvimento

econômico, condições ambientais e saúde humana2,1,3.

A contaminação microbiológica é um importante problema da qualidade da água em

todo o mundo4. Diversos microrganismos, tais como bactérias e protozoários, além de vírus,

são depositados em corpos hídricos por meio do carreamento de materiais externos e descarte

inadequado de efluentes sem tratamento, podendo servir de veículo para enfermidades. Como

consequência, as doenças de veiculação hídrica, provocadas pela ingestão de água ou alimentos

contaminados por microrganismos patogênicos eliminados através das fezes, tornam-se

frequentes em regiões que sofrem com problemas relacionados ao fornecimento de água,

afetando grande parte da população. A situação dos recursos hídricos em escala mundial é

considerada em crise, sendo as doenças provocadas pela água contaminada uma das principais

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causas de óbito, principalmente nos países em desenvolvimento5. De acordo com a ONU, 3,5

milhões de pessoas morrem no mundo, anualmente, em decorrência de problemas relacionados

ao fornecimento inadequado da água, falta de saneamento básico e ausência de políticas de

higiene1.

As doenças diarreicas agudas microbianas representam um importante problema de

saúde pública nos países em desenvolvimento, de forma que a prevalência e incidência de

diarreia é um importante indicador de morbidade e tais doenças representam ainda uma

importante causa de morte, estando entre as 10 principais causas de morte no mundo6. No

Brasil, as regiões Norte e Nordeste apresentam elevados índices de morbimortalidade infantil

em decorrência da diarreia, sendo necessário, portanto, identificar as principais doenças, bem

como sua frequência e os fatores de risco, de forma a avaliar as condições de saúde da

população7,8.

A incidência de doenças de veiculação hídrica associadas à má qualidade da água

consumida por grande parte da população do semiárido, bem como a precariedade ou

inexistência de estruturas de tratamento de esgoto, é responsável por surtos epidêmicos e reflete

nos indicadores de mortalidade infantil9. A região Nordeste é uma das mais povoadas do Brasil,

sendo também a mais pobre e apresentando os piores indicadores sociais. Tais fatores

influenciam diretamente nas condições de saúde humana, e atrelados às precárias condições de

abastecimento de água e de saneamento, fazem com que a incidência de doenças diarreicas

nessa região represente um dado preocupante, sendo responsável por pelo menos um terço das

mortes infantis10,8.

A ocorrência das doenças diarreicas é associada, de forma direta ou indireta, a fatores

de ordem socioeconômica, cultural, nutricional e ambiental, as quais têm sido utilizadas como

indicadores epidemiológicos11. Desta forma, destaca-se a importância do monitoramento das

doenças diarreicas de veiculação hídrica, juntamente com a proposição de medidas visando a

sensibilização da população quanto à prevenção de tais enfermidades.

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Diante desta problemática, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a

ocorrência de doenças diarreicas de veiculação hídrica em três municípios do semiárido do

estado do Rio Grande do Norte no período compreendido entre os anos de 2005 e 2015.

Material e Métodos

O presente estudo tem caráter descritivo quantitativo, com dados relativos a doenças

diarreicas de veiculação hídrica obtidos por meio Sistema de Informação de Atenção Básica

(SIAB) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), página do

governo federal de competência do Ministério da Saúde, a qual disponibiliza informações do

Sistema Único de Saúde12.

Foram analisados os casos de morbidade hospitalar em estabelecimentos de saúde do

SUS com internações e óbitos provocados por doenças diarreicas, de acordo com os locais de

residência, entre os anos de 2005 e 2015. Foram selecionados para levantamento de dados os

municípios de Assu, Acari e Parelhas, todos localizados na região semiárida do Rio Grande do

Norte (Figura 1).

Figura 1: Localização da área de estudo (a- Assu; b- Acari; c- Parelhas).

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016 (adaptado).

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O município de Assu, com uma área total de 1.303.442 km2 apresenta uma população

total de 53.227 habitantes. Acari possui área total de 608.466 km2, com uma população de

11.035 habitantes. Já o município de Parelhas, por sua vez, ocupa uma área total de 513.507

km2, e apresenta uma população de 20.354 habitantes. Tais municípios foram escolhidos para

levantamento de dados a respeito das doenças diarreicas de veiculação hídrica pelo fato de

possuírem importantes reservatórios utilizados para abastecimento público, os quais, se

contaminados por microrganismos patogênicos, podem ser responsáveis por diversas

enfermidades.

Resultados e Discussão

Os padrões de morbimortalidade expressam quantitativamente o processo saúde-doença

de uma população. No Brasil, a queda da mortalidade por diarreia vem ocorrendo a partir da

segunda metade do século XX e nos últimos anos o perfil de morbimortalidade da população

sofreu alterações consideráveis, as quais induziram a melhorias nos padrões de saúde. Nos

últimos anos foram observadas melhorias em vários indicadores, o que pode ser explicado pelo

progresso nos serviços de saúde, educação e saneamento. Os índices de mortalidade por

gastroenterites tiveram redução em mais de 60% no país e em mais de 90% em algumas regiões.

Porém, ainda são observadas muitas desigualdades nos diferentes espaços sociais e nas regiões

do território nacional, de forma que tais reduções ocorrem em sua grande parte em regiões mais

desenvolvidas e em extratos com maior renda, existindo diversos fatores relacionados à

ocorrência das doenças diarreicas, desde questões sociais, econômicas, até políticas e

ambientais13,10,5.

Entre os anos de 2005 e 2015 foram notificados, de acordo com dados fornecidos pelo

Sistema de Informações Hospitalares do SUS, um total de 2.310.282 internações ocasionadas

por doenças diarreicas em todo o Brasil, sendo que destes, 12.845 casos evoluíram ao óbito

neste período (Quadro 1).

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Quadro 1: Morbidade hospitalar do SUS por local de residência – Número de internações e

óbitos provocados por doenças diarreicas (2005-2015):

Localidade Nº de internações Nº de óbitos

Brasil 2.310.282 12.845

Nordeste 1.130.975 5.868

Rio Grande do Norte 49.851 205

Assu 1.607 16

Acari 1.541 8

Parelhas 73 0

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Quase metade do número total das notificações de internações e óbitos ocorreu no

Nordeste do país, o que reflete a problemática do difícil acesso à água de boa qualidade para

consumo, bem como precárias condições de saneamento básico oferecidas à população. O

estado do Rio Grande do Norte apresentou número de casos de internações e óbitos

relativamente baixos, quando comparados aos valores nacionais. Dentre os municípios

analisados no estado, Assu apresentou maior número de internações e óbitos decorrentes de

doenças diarreicas, dados provavelmente relacionados à qualidade de água oferecida para

consumo.

Dentre os municípios analisados, Assu apresentou maior número de internações entre

os anos de 2005 e 2015, seguido de Acari e Parelhas (Figura 2). O município de Assu apresentou

número de internações acima de 100 casos na maioria dos anos, sendo os índices mais elevados

em 2010 e 2013, com mais de 200 casos notificados. Acari teve o número de casos de

internações variando entre 60 casos e 240, aproximadamente, entre os anos de 2005 e 2015. O

município de Parelhas, por fim, apresentou valores variando entre 1 e 17 casos, tendo sido o

maior valor registrado no ano de 2010. De acordo com o gráfico observa-se que os anos com

valores mais altos coincidem nos três municípios analisados, o que pode estar relacionado a

problemas no fornecimento de água na região.

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Figura 2: Morbidade hospitalar do SUS – Número de internações provocadas por doenças

diarreicas entre os anos de 2005 e 2015.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

No que diz respeito ao número de óbitos provocados por doenças diarreicas entre os

anos de 2005 e 2015, este índice variou entre 0 e 3 no município de Assu, 0 e 4 casos em Acari

e nenhum caso foi registrado no município de Parelhas (Figura 3).

Figura 3: Morbidade hospitalar do SUS – Número de óbitos provocados por doenças

diarreicas entre os anos de 2005 e 2015.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Os índices referentes ao número de óbitos em decorrência das doenças diarreicas nos

municípios analisados apresentam-se baixos, sendo o município de Acari o que apresentou

número de mortes mais elevado, chegando a 4 casos no ano de 2011 e Assu com 3 mortes no

ano de 2014. Porém, apesar dos baixos valores observados, tais dados não são justificáveis,

uma vez que não deveriam haver mortes em decorrência de tais enfermidades.

0

50

100

150

200

250

300

350

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Assu Acari Parelhas

0

1

2

3

4

5

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Assu Acari Parelhas

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48

Os municípios de Acari e Assu apresentaram número mais elevado de internações e

óbitos quando comparados ao município de Parelhas. Tais variações podem ter influência da

subnotificação de casos ainda observada em diversas localidades14, porém um importante fator

que deve ser considerado diz respeito à qualidade da água dos reservatórios presentes nestes

municípios e utilizados para abastecimento público.

Apesar desses reservatórios estarem inseridos na mesma bacia hidrográfica e

localizados em municípios vizinhos, estudos comprovam que existem importantes diferenças

no que diz respeito à qualidade de suas águas. Estudos realizados detectaram valores mais

reduzidos de biomassa no reservatório Boqueirão de Parelhas, quando comparado a outros

reservatórios localizados no semiárido potiguar15. Sendo assim, o número mais elevado de casos

de doenças diarreicas em Acari e Assu podem se dar em decorrência da composição

diferenciada da água ocasionada pelo recebimento de cargas poluidoras nos reservatórios

Gargalheiras e Armando Ribeiro Gonçalves, provocando sua contaminação com

microrganismos patogênicos.

O reservatório Boqueirão, localizado no município de Parelhas, está inserido em uma

região mais isolada e distante da ocupação residencial ou industrial, o que faz com que sofra

menos ação antrópica e receba uma menor carga poluidora, refletindo assim na qualidade das

suas águas.

Os reservatórios Gargalheiras e o Armando Ribeiro Gonçalves, localizados nos

municípios de Acari e Assu respectivamente, encontram-se inseridos em área próxima de

ocupação populacional e industrial, o que faz com que apresentem usos múltiplos mais

frequentes e ocasiona assim maior interferência antrópica e recebimento de cargas poluidoras.

Tais fatores podem afetar a dinâmica populacional dos organismos presentes em suas águas e

consequentemente, interferir na qualidade dessas águas. Estudos realizados apontam para

elevada densidade bacteriana e ocorrência de representantes patogênicos nestes reservatórios,

os quais podem ser responsáveis por diversas infecções15,16, 17.

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Há pouco mais de 40 anos o Ministério da Saúde estabeleceu metas para controle das

doenças diarreicas, as quais visavam reduzir a mortalidade em 50% nos menores de cinco anos

de idade. Além disso, há 30 anos se pretendia que a diarreia tivesse sido superada, porém

observa-se que a situação ainda é preocupante. Diante desta perspectiva, a Funasa está

desenvolvendo ações de saneamento na saúde, nas quais estão inseridos o fornecimento de água

de boa qualidade e melhorias sanitárias, com o objetivo de reduzir os agravos ocasionados pela

ausência ou condições inadequadas de saneamento básico, dentre os quais estão presentes

diversas enfermidades, inclusive as doenças diarreicas8,18.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, as doenças diarreicas agudas,

chamadas popularmente de diarreias, representam importante causa de morbimortalidade no

Brasil e em países subdesenvolvidos. Tais enfermidades têm incidência elevada e seus

episódios são frequentes na infância, particularmente em áreas com precárias condições de

saneamento básico19.

Ao analisar os casos de doenças diarreicas de acordo com a faixa etária por município,

observa-se que os maiores índices de internações foram registrados a partir dos 10 anos de

idade, seguido pela faixa etária entre 1 e 4 anos de idade. Quanto aos óbitos, foram observados

valores baixos ou nulos em decorrência de doenças diarreicas nos municípios analisados

(Quadro 2).

Quadro 2: Número de internações e óbitos provocados por doenças diarreicas, classificados por

idade (2005-2015):

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

* Não foram contabilizados os casos com idade ignorada.

Internações Óbitos

Municípios Até 1

ano

1 a 4

anos

5 a 9

anos

10 anos

ou mais

Até 1

ano

1 a 4

anos

5 a 9

anos

10 anos

ou mais

Assu 81 294 108 1.124 1 0 0 15

Acari 70 396 167 908 0 0 0 8

Parelhas 7 22 4 40 0 0 0 0

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Tais dados corroboram com os resultados obtidos por Nascimento et al.20, em que

estudaram a ocorrência de doenças diarreicas agudas em 12 municípios do semiárido do Rio

Grande do Norte nos anos de 2009 e 2010, e também observaram que a faixa etária acima dos

10 anos de idade apresentou maior prevalência de doenças diarreicas, seguida pela faixa etária

entre 1 e 4 anos e em terceiro lugar a faixa etária compreendida entre 5 e 9 anos de idade, sendo

a menos prevalente até 1 ano de idade. Além disso, assim como no presente estudo, os autores

também não registraram casos de óbitos na maioria dos municípios.

Assim como foi observado nos munícipios estudados, no estado do Rio Grande do Norte

como um todo, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de

Saúde do Rio Grande do Norte21, o maior número de casos ocorre nos indivíduos acima dos 10

anos de idade, o que possivelmente se deve ao fato de esta faixa etária contemplar a maior parte

da população. Porém é importante destacar que as crianças menores de cinco anos são as mais

acometidas, o que poderia ser justificado pela maior susceptibilidade aos agentes causadores da

doença. Embora a maioria das ocorrências de diarreia infantil sejam leves, os casos mais graves

podem provocar uma perda significativa de líquidos, a desidratação e o desequilíbrio

hidroeletrolítico, podendo chegar à morte5, 22.

Meneguessi et al.23 estudaram a morbimortalidade de crianças em decorrência da

diarreia no Distrito Federal entre os anos de 2003 e 2012 e averiguaram que a maioria dos casos

notificados dizem respeito a crianças menores de 10 anos, sendo a faixa etária de 1 a 4 anos a

que apresentou maior número de casos. Quanto ao número de internações, os maiores índices

foram observados na faixa etária de 1 a 4 anos, seguida por crianças menores de 1 ano e entre

5 e 9 anos de idade. Com relação aos óbitos provocados por doenças diarreicas, os autores

observaram o maior número em crianças menores de 1 ano de idade, seguido pela faixa etária

entre 1 e 4 anos, e entre 5 e 9 anos de idade. Mendes et al.24 verificaram a prevalência de

internações de crianças principalmente menores de 1 ano de idade, em decorrência da diarreia

nas regiões Norte e Nordeste.

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Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em todo o mundo 2,4 bilhões de

pessoas não têm acesso a instalações sanitárias adequadas25. Como consequência disso, as

doenças diarreicas provocam aproximadamente 1,8 milhões de mortes por ano no mundo, e

mais de 6.500 crianças morrem por dia em decorrência da diarreia26. De acordo com as

estimativas, cerca de um terço de todas as hospitalizações em menores de cinco anos ocorrem

devido às doenças diarreicas5.

O local e condições de moradia são importantes indicadores socioeconômicos, e além

disso, também estão diretamente relacionados com os índices de morbidade. As inadequadas

condições de saneamento e ausência de água corrente associadas à falta de conhecimento da

população contribuem para o aumento da prevalência de doenças de veiculação hídrica8,27.

Apesar das taxas de morbimortalidade por diarreia apresentarem valores baixos no

estado do Rio Grande do Norte, assim como é destacado por Mendes et al.24, tais taxas não são

aceitáveis, considerando-se ser esta uma doença evitável através de simples medidas de saúde

pública. Além disso, apesar do baixo número de óbitos registrados no período estudado, sabe-

se que um problema ainda existente é a subnotificação dos casos, não havendo informações

confiáveis no que diz respeito aos indicadores básicos de saúde, como por exemplo as doenças

diarreicas. Sendo assim, ocorre muitas vezes uma redução na frequência de notificações

oportunas, além do aumento do número de municípios silenciosos, ou seja, munícipios que não

informam o número de casos atendidos nos serviços de atendimento21. Observa-se que muitas

vezes tais doenças não são vistas com tamanha seriedade e são tratadas em casa, o que pode

contribuir para a evolução dos casos a formas mais graves, além da notificação dentro de outras

categorias nos próprios estabelecimento de saúde, pelo fato de apresentarem sintomas

semelhantes a outras enfermidades. Além disso, estudos apontam que as dificuldades para

monitorar as doenças diarreicas agudas decorrem ainda de sua elevada incidência e do incorreto

entendimento, de parte da população e dos profissionais que atuam na saúde pública, de que é

“normal” a ocorrência da diarreia no Brasil11.

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Devido aos baixos índices de precipitação e à escassez extrema registrada nos últimos

anos os reservatórios do semiárido não têm recuperado o seu nível de acumulação, o que torna

suas águas mais concentradas. Sendo assim, observa-se que o predomínio de casos de diarreia

coincide, em sua grande maioria, com períodos de menor precipitação pluviométrica,

correspondentes ao período regular de seca, o que ocorre devido ao nível de poluentes nos

corpos hídricos se apresentar mais elevado em períodos de estiagem28, 23.

Em um estudo desenvolvido no semiárido da Mauritânia, Traoré et al.29 observaram

que os episódios diarreicos foram concentrados em municípios com o maior número de fontes

de água contaminada, sendo os fatores ambientais e microbiológicos os principais aspectos que

podem explicar a distribuição espaço-temporal de diarreia. Desta forma, as dificuldades

relativas ao acesso à água potável estão entre os principais fatores associados à ocorrência de

doenças infecciosas, incluindo a diarreia, com consequências para a saúde e bem-estar da

população.

O ambiente aquático pode conter uma grande variedade de microrganismos patogênicos,

e surtos de doenças infecciosas transmitidas pelo consumo de água contaminada representam

sérias ameaças à saúde em todo o mundo26. Em consequência disso, a contaminação das águas

atrelada ao saneamento inadequado e falta de higiene respondem por cerca de 88% dos óbitos

mundiais devido à diarreia30. A literatura médica associa as doenças diarreicas a precárias

condições de vida das famílias, fortemente reguladas pela falta de acesso à água potável. Tais

condições são observadas inclusive nos municípios alvo do estudo, nos quais a população sofre

com a baixa disponibilidade hídrica e condições de saneamento. Sendo assim, as melhores

formas de prevenir as doenças diarreicas dizem respeito a melhorias na qualidade da água,

destinação adequada de resíduos e efluentes, controle de vetores, além da melhoria nas

condições de higiene pessoal e alimentar19.

Assim, é importante não apenas aumentar a monitoramento das fontes de abastecimento,

mas também promover a educação em saúde. Ações baseadas na sensibilização da gestão de

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fontes de água e de tratamento antes do consumo são algumas medidas a aplicar, a fim de

proteger os usuários a riscos potenciais à saúde29. Nas regiões que não possuem saneamento

básico adequado, tratamentos simples, tais como a fervura e a adição de hipoclorito de sódio

podem ser utilizados para a purificação da água, de forma a combater as doenças de veiculação

hídrica. Além deste cuidado com o tratamento da água antes do uso, é fundamental que sejam

desenvolvidas ações de educação em saúde, principalmente em regiões de elevada incidência

de diarreia, para mudanças de práticas sanitárias de forma a orientar as medidas de higiene e

manipulação de água e alimentos, fatores estes que têm grande importância na prevenção de

doenças. Desta forma, além da abordagem a respeito das doenças e suas implicações, é

importante também que sejam evidenciadas suas causas e medidas de prevenção. Merecem

destaque os locais de uso coletivo, tais como escolas e hospitais, que podem apresentar riscos

maximizados quando as condições sanitárias não são adequadas, devendo assim ser alvo de

orientações e campanhas específicas21,31,19. Diante desta perspectiva, uma vez que os

professores e agentes comunitários de saúde exercem importante papel na disseminação de

informações à população, destaca-se a importância do desenvolvimento de ações de educação

em saúde com tais profissionais. Sendo assim, estão sendo planejadas ações educativas nos

municípios abrangidos pelo estudo, a fim de sensibilizar a população local quanto à

problemática referente a qualidade da água e as doenças de veiculação hídrica.

Conclusões

As doenças diarreicas ainda são um fator preocupante no Brasil, principalmente na

região semiárida, que sofre com problemas relacionados à disponibilidade e qualidade hídricas.

Entre os anos de 2005 e 2015 foram notificados, nos municípios estudados, números

consideráveis de casos de doenças diarreicas principalmente nos municípios de Assu e Acari, e

quanto ao número de óbitos em decorrência de tais enfermidades, foram observados baixos

valores. Mesmo assim, é importante chamar a atenção para a subnotificação dos casos que pode

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ocorrer pelo fato dos estabelecimentos de saúde dos municípios não notificarem ou não

repassarem a totalidade de casos para as esferas superiores ou até mesmo pelo fato de a

população muitas vezes não procurar o tratamento adequado, o que pode vir a comprometer o

monitoramento de tais doenças.

Apesar dos baixos valores, tais índices não são aceitáveis devido a esta ser uma doença

facilmente evitável. Desta forma, destaca-se a importância da realização de ações de educação

em saúde, as quais serão desenvolvidas futuramente, a fim de sensibilizar a população quanto

a poluição dos corpos hídricos, bem como medidas básicas de tratamento da água antes do uso

e medidas de higiene como forma de evitar tais doenças, vindo assim a contribuir para a

melhoria da qualidade de vida da população.

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Capítulo 3

Diversidade de Enterobacteriaceae em reservatório

do Semiárido do Rio Grande do Norte, Brasil

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Diversidade de Enterobacteriaceae em reservatório do semiárido do Rio Grande

do Norte, Brasil

Diversity of Enterobacteriaceae in reservoir of semiárido do Rio Grande do Norte, Brazil

Lidiane Gomes Pinheiro1, Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo2, Carlos Alfredo Galindo

Blaha3

1,2,3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Campus Universitário, Lagoa

Nova, Cep 59072-970, Natal, RN, Brazil e-mail: [email protected],

[email protected], [email protected]

ESTE ARTIGO SERÁ SUBMETIDO NO PERIÓDICO Acta Limnologica Brasiliensia E,

PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTA

REVISTA (vide

http://www.ablimno.org.br/arquivos/acta_author_instructions_2016_pt.pdf?v=1484182080)

Resumo

Objetivo: O presente estudo tem como objetivo identificar a diversidade da família

Enterobacteriaceae em reservatório hídrico utilizado para abastecimento público no semiárido

do Rio Grande do Norte, bem como a ocorrência das enterobactérias patogênicas com doenças

infecciosas nos municípios relacionados ao reservatório. Materiais e Métodos: O estudo foi

desenvolvido na barragem Armando Ribeiro Gonçalves e nos municípios abastecidos por suas

águas. Por meio da coleta de água e análise metagenômica foram identificadas as

enterobactérias e seus representantes patogênicos. Além disso foram analisados os casos de

morbidade hospitalar em estabelecimentos de saúde do SUS com internações e óbitos

provocados por doenças infecciosas no período compreendido entre os anos de 2010 e 2015

nos municípios abastecidos pelas águas do reservatório, de forma a estabelecer relações entre

os microrganismos existentes e tais enfermidades. Resultados: Foram identificados 14 gêneros

de enterobactérias, dentre os quais Yersinia, Escherichia, Salmonella, Shigella, Klebsiella,

Serratia, Proteus, Enterobacter e Citrobacter, que englobam importantes espécies patogênicas

responsáveis por doenças infecciosas. No período estudado foram notificadas 18.240

internações e 905 óbitos em decorrência de doenças infecciosas e parasitárias nos municípios

estudados, o que pode estar relacionado à presença de enterobactérias patogênicas nas águas do

reservatório. Os microrganismos patogênicos atingem os corpos hídricos provavelmente em

decorrência da descarga inadequada de efluentes, o que compromete a qualidade de suas águas.

Conclusões: Destaca-se assim a importância da análise e monitoramento de enterobactérias

patogênicas nos reservatórios hídricos utilizados para abastecimento público, bem como o

desenvolvimento de ações educativas como forma de sensibilização da população que faz uso

de suas águas.

Palavras-chave: Microrganismos patogênicos; Enterobactérias; qualidade hídrica; doenças

infecciosas.

Abstract

Objective: This study aims to identify the diversity of the Enterobacteriaceae family in a water

reservoir used for public supply in the semi-arid region of Rio Grande do Norte, as well as to

relate the occurrence of pathogenic enterobacteria with infectious diseases in municipalities

related to reservoirs. Materials and Methods: The study was developed in the Armando

Ribeiro Gonçalves dam and the municipalities supplied by its waters. Through the collection of

water and laboratory analysis were identified the enterobacteria and their pathogenic

representatives. In addition, were analyzed the cases of hospital morbidity in SUS with

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hospitalizations and deaths caused by infectious diseases in the period between 2010 and 2015

in the municipalities supplied by the reservoir waters, in order to establish relations between

existing microorganisms and such diseases. Results: A total of 14 genera of enterobacteria,

among them Yersinia, Escherichia, Salmonella, Shigella, Klebsiella, Serratia, Proteus,

Enterobacter and Citrobacter, were identified, which include important pathogenic species

responsible for infectious diseases. In the study period, 18,240 hospitalizations and 905 deaths

were reported as a result of infectious and parasitic diseases in the studied municipalities, which

may be related to the presence of pathogenic enterobacteriaceae in reservoir waters. The

pathogenic microorganisms reach the water bodies probably due to the inadequate discharge of

effluents, which compromises the quality of their waters. Conclusions: Stands out the

importance of the analysis and monitoring of pathogenic enterobacteria in the water reservoirs

used for public supply, as well as the development of educational actions as a way of sensitizing

the population that makes use of its waters.

Keywords: Pathogenic microorganisms; Enterobacteria; Water quality; infectious diseases.

Introdução

A região semiárida do Nordeste Brasileiro representa um território vulnerável que em

decorrência da irregularidade das chuvas no tempo e no espaço, elevadas temperaturas, e altas

taxas de evapotranspiração, a população sofre com problemas relacionados à qualidade e

disponibilidade hídricas por vários meses ao longo do ano, enfrentando longos períodos de

estiagem, uma vez que as fontes disponíveis, tais como poços, rios e nascentes, dispõem de

volume variável de água sob efeito da sazonalidade (Nascimento et al., 2013; Silva et al., 2012).

A construção de reservatórios surge então como uma alternativa para suprir a carência hídrica

da população.

Os reservatórios para armazenamento são amplamente utilizados na região semiárida do

Rio Grande do Norte. No estado foram construídas diversas barragens e açudes para fins de

irrigação e perenização dos rios, com a finalidade de solucionar os problemas advindos da seca

(Vieira et al., 2011). Porém, apesar do importante papel desempenhado pelas barragens e

açudes, devido a sua vulnerabilidade aos poluentes, são relatados graves problemas com a

qualidade e disponibilidade hídricas, sendo importante a tomada de medidas visando minimizar

a contaminação, uma vez que esses reservatórios quase nunca têm uma água de qualidade

satisfatória, podendo servir de veículo para várias doenças (Nascimento et al., 2013).

A qualidade dos corpos hídricos vem sendo afetada devido a interferências humanas,

ações antrópicas que estão atreladas principalmente ao descarte inadequado de lixo e efluentes.

Sendo assim, a poluição das águas é uma preocupação para a saúde pública e para os

ecossistemas aquáticos, sobretudo no semiárido que sofre com a escassez hídrica (Garcia et al.,

2013). Diversos microrganismos tais como bactérias, vírus e protozoários, podem estar

presentes nos corpos hídricos contaminados e serem responsáveis por problemas de saúde e

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infecções oportunistas. Diante desta perspectiva, Costa et al. (2009) abordam a necessidade do

conhecimento a respeito da estrutura das comunidades dos organismos aquáticos, bem como

dos fatores que controlam sua dinâmica espacial e temporal.

Destaca-se assim a importância da análise e monitoramento da qualidade das águas

investigando a presença de microrganismos potencialmente patogênicos, tais como algumas

bactérias da família Enterobacteriaceae, as quais podem influenciar diretamente a qualidade das

águas ou dar sinais de sua degradação.

As enterobactérias são bactérias dessa família e compreendem um grupo heterogêneo

na forma de bacilos Gram-negativos, fermentadores de glicose, aeróbios ou anaeróbios

facultativos. A maioria reduz nitrato a nitrito, podendo ser móveis ou imóveis (Anvisa, 2016).

Dentre os seus representantes, destacam-se os gêneros Escherichia, Klebsiella, Enterobacter,

Serratia, Citrobacter e Proteus que apresentam importante papel no que diz respeito à

qualidade hídrica, estando relacionados a diversas doenças.

Os microrganismos presentes em ambientes aquáticos podem ser identificados por

diversas técnicas, dentre as quais destacam-se as técnicas moleculares modernas, como a

metagenômica, a qual refere-se à análise genômica de microrganismos de um ambiente. Em

locais de escassez hídrica a necessidade de preservação dos recursos aquáticos se torna mais

eminente, sendo necessárias medidas tecnológicas e educacionais eficazes no incentivo à

conservação dos corpos de água (Petrovich & Araújo, 2011). Sendo assim, destaca-se a

importância de se conhecer os microrganismos patogênicos presentes no ambiente aquático,

uma vez que estes estão diretamente relacionados à saúde e qualidade de vida da população que

faz uso dos recursos provenientes destes corpos hídricos.

Partindo dessa problemática, o presente estudo tem como objetivo identificar a

diversidade da família Enterobacteriaceae em reservatório hídrico utilizado para abastecimento

público no semiárido do Rio Grande do Norte, bem como a ocorrência das enterobactérias

patogênicas e das doenças infecciosas nos municípios relacionados ao reservatório.

Materiais e Métodos

Caracterização da área de estudo

O estudo foi desenvolvido no reservatório Armando Ribeiro Gonçalves, pertencente à

Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu, a qual representa a maior represa do estado do Rio

Grande do Norte, com uma capacidade total de 2,4 bilhões m³ (Figura 1).

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Figura 1: Localização da Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu e Barragem Armando

Ribeiro Gonçalves.

Fontes: SEMARH, IGARN, 2015 (adaptada).

Amostragem

Amostras de água destinadas às análises moleculares foram coletadas em março de 2012

no reservatório Armando Ribeiro Gonçalves pelo grupo de pesquisa do Laboratório de

Microbiologia Aquática (LAMAQ, Centro de Biociências – UFRN).

As coletas foram feitas por meio de filtração de 100 litros de água em redes de plâncton

com abertura de malha de 68m e 20m para a retirada de organismos maiores e as alíquotas

concentradas foram armazenadas em frascos âmbar estéreis com capacidade de 1L. As amostras

foram mantidas sob refrigeração, encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia Aquática e

processadas em até 3h após a coleta.

Procedimentos laboratoriais

A extração de DNA metagenômico foi feito por meio do kit de isolamento Power Water

(MOBIO Laboratories, Inc. CA), de acordo com as orientações do fabricante. Após a extração,

a presença de DNA foi confirmada por meio de eletroforese em gel de agarose 0,7%, corado

com SYBR Green e a quantificação do DNA (mg. l-1) foi realizada por meio do NanoVueTM

Plus Spectrophotometer. Após a quantificação, a amostra de DNA foi encaminhada para

sequenciamento no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC, Rio de Janeiro)

onde foi feito o pirossequenciamento do gene rDNA 16S.

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Análise de dados

Os dados resultantes do sequenciamento foram depositados de forma privada no MG-

RAST (Meta Genome Rapid Annotation using Subsystem Technology), plataforma de análise

sistematizada de metagenomas.

Por meio de análise computacional foram identificados os microrganismos presentes nas

águas do reservatório, incluindo as enterobactérias patogênicas. A partir daí foi possível

estabelecer relações entre a presença de tais microrganismos e as doenças prevalentes nos

munícipios que fazem uso das águas do reservatório estudado.

De forma a relacionar a presença das enterobactérias com as doenças infecciosas, foram

analisados, por meio do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIAB/DATASUS), os

casos de morbidade hospitalar em estabelecimentos de saúde do SUS com internações e óbitos

provocados por doenças infecciosas e parasitárias, de acordo com os locais de residência, entre

os anos de 2010 e 2015. Os dados referentes à ocorrência de tais enfermidades são depositados

de forma conjunta na plataforma SIAB/DATASUS, o que impede que as doenças infecciosas

sejam analisadas separadamente.

Resultados

A identificação dos organismos presentes na amostra do reservatório Armando Ribeiro

Gonçalves foi feita por meio da comparação do metagenoma com o banco de dados SEED, com

e-value de 1e-05, similaridade mínima de 60% e alinhamento mínimo de 15 pares de bases

entre as sequências.

Observa-se que a maior representatividade de organismos na amostra diz respeito às

bactérias (98,78%), seguida das arqueas com (0,56%), vírus (0,37%) e eucariotos (0,30%),

conforme pode ser observado na figura 2.

Figura 2: Distribuição de domínios no reservatório Armando Ribeiro Gonçalves.

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O domínio Bactéria foi analisado separadamente e destrinchadas as informações dentro

de cada escala. Os filos mais abundantes foram Cyanobacteria (44,58%), seguido por

Proteobacteria (26,33%), Actinobacteria (11,85%) e Bacteroidetes (5,54%).

O filo Proteobacteria foi estudado mais detalhadamente devido ao fato de englobar as

enterobactérias. As classes mais abundantes foram Alphaproteobacteria (35,13%),

Betaproteobacteria (27,94%), Gammaproteobacteria (21,90%) e Deltaproteobacteria (13,49%).

A classe Gammaproteobacteria, por sua vez, apresentou como ordens mais abundantes

Pseudomonadales (20,61%), Alteromonadales (16,76%), Chromatiales (12,84%),

Xanthomonadales (10,91%), Enterobacteriales (8,52%), Methylococcales (5,86%),

Oceanospirillales (4,94%) e Vibrionales (4,90%).

A ordem Enterobacteriales engloba apenas a família Enterobacteriaceae. Ao analisar

esta família separadamente, foram identificados os gêneros Yersinia (20,89%), Escherichia

(15,35%), Salmonella (15,08%), Serratia (10,79%), Photorhabdus (8,30%), Pectobacterium

(7,19%), Klebsiella (4,29%), Proteus (3,87%), Sodalis (3,60%), Citrobacter (3,60%),

Enterobacter (2,77%), Shigella (2,07%), Buchnera (1,80%) e por fim Candidatus Blochmannia

(0,41%), conforme pode ser observado na figura 3.

Figura 3: Distribuição de Gêneros da Família Enterobacteriaceae.

Os 14 gêneros identificados no presente estudo englobam um total de 27 espécies

(Tabela 1).

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Tabela 1: Espécies de Enterobacteriaceae identificadas de acordo com o gênero no Reservatório

Armando Ribeiro Gonçalves.

Gênero Espécies encontradas Percentual

Yersinia Yersinia pestis 25,83%

Y. mollaretti 19,87%

Y. enterocolitica 19,21%

Y. pseudotuberculosis 15,89%

Y. frederiksenii 11,26%

Y. bercovieri 4,64%

Y. intermedia 3,31%

Escherichia Escherichia coli (19 cepas) 100%

Salmonella Salmonella enterica 93,58%

S. bongori 6,42%

Serratia Serratia proteamaculans 65,38%

S. marcescens 32,05%

S. entomophila 2,56%

Photorhabdus

Photorhabdus luminescens 68,33%

P. asymbiotica 31,67%

Pectobacterium Pectobacterium

atrosepticum (1 cepa)

100%

Klebsiella Klebsiella pneumoniae

(3 cepas)

100%

Proteus Proteus mirabilis (1 cepa) 100%

Sodalis Sodalis glossinidius

(1 cepa)

100%

Citrobacter Citrobacter koseri (1 cepa) 100%

Enterobacter Enterobacter spp. 100%

Shigella Shigella flexneri 40,00%

S. sonnei 26,67%

S. dysenteriae 20%

S. boydii 13,33%

Buchnera Buchnera aphidicola

(3 cepas)

100%

Candidatus Blochmannia Candidatus Blochmannia

floridanus (1cepa)

100%

A Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, reservatório onde foram feitas as coletas de

água, abastece diversos sistemas adutores e um total de 34 municípios, sendo estes: Fernando

Pedrosa, Angicos, Lajes, Pedro Avelino, Jardim de Angicos, Pedra Preta, Caiçara do Rio dos

Ventos, Riachuelo, Triunfo, Paraú, Campo Grande, Messias Targino, Janduís, Patu, Jardim de

Piranhas, Timbaúba dos Batistas, São Fernando, Caicó, Florânia, São Vicente, Bodó, Tenente

Laurentino, Lagoa Nova, Serra do Mel, Mossoró, Guamaré, Baixa do Meio, Pendências,

Jucurutu, São Rafael, Assu, Carnaubais, Alto do Rodrigues e Ipanguaçu (Alves, 2014).

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Segundo o Sistema de Informações Hospitalares do SUS entre os anos de 2010 e 2015

foram diagnosticados, nos municípios que fazem uso das águas do reservatório, um total de

18.240 internações e 905 óbitos em decorrência de doenças infecciosas e parasitárias.

Discussão

A família Enterobacteriaceae engloba pelo menos 27 gêneros e centenas de espécies, as

quais possuem representantes distribuídos no solo, na água, nas plantas, além do trato

respiratório e intestinal humano e de outros animais. Algumas espécies habitam normalmente

o corpo humano, outras são encontradas em uma parcela da população, e existem também

algumas que estão presentes somente como agentes de doenças, de forma que os membros desta

família podem ser incriminados por praticamente todos os tipos de doenças infecciosas (Murray

et al., 1992; Tortora et al., 2000; Winn-Jr et al., 2008).

Alguns gêneros pertencentes à família Enterobacteriaceae, tais como Enterobacter,

Citrobacter, Klebsiella e Serratia, vivem no solo, na água, ou fazem parte da flora intestinal

dos animais de sangue quente, inclusive o ser humano. Por outro lado, outros membros dessa

família, tais como Citrobacter, Enterobacter, Escherichia, Hafnia, Morganella, Providencia e

Serratia, podem ser responsáveis por infecções oportunistas. Tais infecções não ocorrem em

condições normais do organismo, mas em episódios de baixa defesa imunológica, quando estas

bactérias podem invadir outras partes do organismo e provocar infecções (Nascimento &

Araújo, 2013).

Ao analisar os representantes da família Enterobacteriaceae na amostra do reservatório

Armando Ribeiro Gonçalves, foram identificados diversos gêneros com potencial patogênico e

outros que podem causar infecções oportunistas. Dentre estes destaca-se Yersinia, Escherichia,

Salmonella, Shigella, Klebsiella, Serratia, Proteus, Enterobacter e Citrobacter por apresentam

representantes clinicamente significativos devido ao fato de estarem relacionados a

enfermidades, seja como patógenos primários ou oportunistas.

O gênero Yersinia apresenta espécies de importância médica, como a Yersinia pestis,

responsável pela peste na Europa Medieval, e a Y. enterocolitica, causa comum de enterocolite.

Bactérias do gênero Citrobacter estão normalmente associadas a infecções hospitalares em

pacientes com o sistema imunológico já comprometido (Murray et al., 1992).

A Escherichia coli, importante representante do gênero Escherichia, está presente

normalmente no trato intestinal e sua presença na água e alimentos constitui um importante

indicador de poluição fecal. Esta bactéria não é considerada patogênica, porém pode se

apresentar como uma causa comum de infecções. Com relação às Salmonella, praticamente

todos os membros deste gênero são considerados potencialmente patogênicos, os quais estão

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comumente presentes no trato intestinal de vários animais e podem contaminar a água e os

alimentos em condições sanitárias precárias, sendo assim uma das causas mais comuns de

infecções alimentares. O gênero Serratia, por sua vez, apresenta importantes representantes

patogênicos, como a espécie S. marcescens que provoca infecções do trato urinário e

respiratório (Tortora et al., 2000).

As bactérias do gênero Proteus estão relacionadas a infecções do trato urinário, feridas

e diarreias infantis. As linhagens de Klebsiella pneumoniae são importantes causas de infecções

hospitalares e também causas de pneumonia. Quanto às Enterobacter, as espécies E. cloacae e

E. aerogenes, amplamente distribuídas entre os seres humanos e animais, na água, esgoto e no

solo, são responsáveis por infecções do trato urinário e nosocomiais. O gênero Shigella engloba

espécies responsáveis pela enfermidade conhecida como disenteria bacilar ou shiguelose e

algumas linhagens podem ser responsáveis por disenterias mortais (Tortora et al., 2000).

O gênero Photorhabdus é patogênico para diversos insetos, porém também foram

relatados casos de infecção humana por Photorhabdus spp. (Gerrard et al., 2003). Bactérias do

gênero Sodalis são encontradas como hospedeiras simbióticas hereditárias de diversas espécies

de insetos e frequentemente foram observadas tais simbioses em mamíferos marinhos (Boyd et

al., 2016). As bactérias do gênero Pectobacterium, por sua vez, têm representantes que se

comportam como patógenos vegetais radiculares e infectam uma variada gama de hospedeiros

de diversas famílias botânicas em todo o mundo (Mariano et al., 2005). Com relação aos

gêneros Buchnera e Candidatus Blochmannia, ambos apresentam espécies encontradas na

natureza fazendo simbiose com insetos e proporcionam assim interações nutricionais,

possibilitando a obtenção de nutrientes e auxiliando em sua nutrição (Douglas, 1998; Williams

& Wernegreen, 2015).

Em seus estudos, Nascimento e Araújo (2013) investigaram a presença de bactérias

patogênicas oportunistas em reservatórios da bacia do rio Piranhas-Açu e identificaram, por

meio de técnicas tradicionais, as espécies Citrobacter diversus, Enterobacter agglomerans,

Morganella morganii spp morganni, Enterobacter spp, Proteus myxofaciens, Proteus penneri

e Serratia spp, as quais representam espécies de importância médica pelo fato de serem

patogênicas oportunistas.

Nascimento et al. (2016) analisaram, através de técnicas tradicionais, a água de

reservatórios do semiárido potiguar quanto à presenta de bactérias de importância médica e

dentre as enterobactérias, foram identificados um total de 13 gêneros. Dentre estes, 9 gêneros

foram encontrados por estes pesquisadores nas amostras provenientes do reservatório Armando

Ribeiro Gonçalves, sendo Enterobacter, Proteus, Escherichia, Citrobacter e Klebsiela os mais

constantes, os quais também foram identificados no presente estudo.

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As infecções por membros da família Enterobacteriaceae podem envolver praticamente

todos os pontos corporais, como o sistema nervoso central, vias respiratórias, corrente

sanguínea, trato urinário e trato gastrointestinal. Infecções no sistema nervoso central são

comumente provocadas por bactérias do gênero Escherichia. Nas vias respiratórias e na

corrente sanguínea, Klebsiella, Enterobacter e Escherichia provocam infecções. No trato

urinário as infecções podem ser provocadas por Escherichia, Proteus, Providencia e Klebsiella.

Além disso, algumas espécies de enterobactérias são consideradas enteropatógenos e são

responsáveis por infecções gastrintestinais. Dentre estas, estão presentes os gêneros Salmonella

com destaque para a espécie Salmonella typhi, além dos gêneros Shigella, Escherichia e

Yersinia, com destaque para a espécie Yersinia enterocolitica (Murray et al., 1992; ANVISA,

2016).

Ao serem analisadas as doenças infecciosas nos municípios que fazem uso das águas do

reservatório estudado, observa-se que foram notificados números consideráveis de casos de

internações e óbitos. Tal fato pode estar relacionado, dentre outros fatores, à presença de

representantes patogênicos de Enterobacteriaceae nas águas do reservatório consumidas pela

população.

Os microrganismos patogênicos atingem os reservatórios provavelmente em

decorrência da descarga inadequada de efluentes, o que compromete a qualidade de suas águas.

Diante desta perspectiva, assim como é destacado por Abdelrahman e Eltahir (2011) ao

investigar a qualidade microbiológica de águas de abastecimento, é fundamental uma maior

atenção à contaminação doméstica, bem como o controle do saneamento ambiental.

Destaca-se aqui a importância da análise e monitoramento de enterobactérias

patogênicas em reservatórios, uma vez que suas águas são utilizadas para abastecimento público

e, se contaminadas por microrganismos patogênicos, poderão provocar diversos problemas de

saúde à população. Além disso, é importante também que sejam desenvolvidas ações de

educação ambiental e educação em saúde como forma de sensibilização da população que faz

uso das águas dos reservatórios. A partir daí a etapa subsequente a este estudo será a realização

de ações de educação em saúde em municípios do semiárido do Rio Grande do Norte.

Conclusão

O presente estudo possibilitou a identificação de 14 gêneros e 27 espécies de

Enterobacteriaceae nas águas do reservatório Armando Ribeiro Gonçalves, dentre os quais,

estão presentes importantes representantes patogênicos, responsáveis por provocar doenças

infecciosas.

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É importante destacar que o presente estudo, feito por meio da metagenômica,

possibilitou a identificação de um maior número de representantes de Enterobacteriaceae,

quando comparado aos trabalhos feitos por meio de técnicas tradicionais no mesmo ambiente,

o que comprova a eficiência das metodologias moleculares juntamente com as ferramentas da

bioinformática e demonstra sua contribuição de forma a evidenciar a diversidade microbiana

no ambiente.

No período estudado foram identificados elevados números de internações e óbitos em

decorrência de doenças infecciosas e parasitárias nos municípios abastecidos pelas águas do

reservatório Armando Ribeiro Gonçalves, as quais podem estar relacionadas às bactérias

patogênicas presentes em suas águas. Sendo assim, destaca-se a importância da análise e

monitoramento de enterobactérias patogênicas nos reservatórios hídricos, bem como o

desenvolvimento de ações educativas com a população local que faz uso de suas águas.

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Capítulo 4

Divulgação científica e educação em saúde no

combate às doenças de veiculação hídrica em

região semiárida brasileira

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Divulgação científica e educação em saúde no combate às doenças de veiculação hídrica em região semiárida brasileira

Scientific dissemination and health education in the combat against waterborne

diseases in the Brazilian semi-arid region

Pinheiro, Lidiane Gomes; Araújo, Magnólia Fernandes Florêncio.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Avenida Senador Salgado Filho, 3000 - Lagoa

Nova, CEP 59064-741, Natal-RN, Brasil.

ESTE ARTIGO FOI SUBMETIDO NO PERIÓDICO Conscientiae Saúde E ESTÁ

FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTA REVISTA (vide

http://www4.uninove.br/ojs/index.php/saude/about/submissions#authorGuidelines)

Resumo

Introdução: O semiárido enfrenta problemas de qualidade e disponibilidade hídricas que

interferem na saúde da população. Destaca-se a importância da qualificação de agentes de saúde

e professores, tidos como referência para a comunidade. Objetivo: Desenvolver ações

educativas com professores e agentes de saúde, com foco na qualidade da água, microrganismos

patogênicos e doenças de veiculação hídrica no semiárido do Rio Grande do Norte, Brasil.

Métodos: A ação foi desenvolvida por meio de exposição dialógica e ao final os participantes

responderam um questionário para avaliação da atividade. Resultados: A exposição realizada

permitiu discutir a problemática hídrica e pela análise dos questionários constatou-se que os

participantes obtiveram novos conhecimentos, o que facilitará sua atuação profissional.

Conclusões: Destaca-se a importância de atividades de educação em saúde para divulgação do

conhecimento científico e troca de experiências entre a universidade e a comunidade.

Descritores: Qualidade da água, semiárido, educação em saúde.

Abstract

Background: The semi-arid region faces problems of water quality and availability that

interfere in the health of the population. It is important to emphasize the importance of

qualification of health agents and teachers, taken as reference for the community. Objective:

To develop educational actions with teachers and health agents, with focus on water quality,

pathogenic microorganisms and waterborne diseases in semi - arid of Rio Grande do Norte,

Brazil. Methods: The action was developed through dialogic exposure and at the end, the

participants answered a questionnaire to evaluate the activity. Results: The exposition allowed

discussing the water problem and by the analysis of the questionnaires, it was verified that the

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participants obtained new knowledge, which will facilitate their professional performance.

Conclusion: Stands out the importance of health education activities to disseminate scientific

knowledge and exchange experiences between the university and the community.

Keywords: Water quality, semi-arid, health education.

Introdução

O semiárido do Nordeste Brasileiro representa um território vulnerável em decorrência

de suas características peculiares, tais como chuvas irregulares e concentradas em poucos meses

no ano, longos e frequentes períodos de estiagem, forte insolação, temperaturas elevadas e altas

taxas de evapotranspiração. Diante disso, a população sofre com problemas relacionados à

qualidade e disponibilidade hídricas por vários meses ao longo do ano, uma vez que as fontes

disponíveis apresentam volume variável de água sob efeito dessa sazonalidade1-4.

Diante desta perspectiva, e como forma de solucionar os problemas advindos da estiagem,

têm sido construídos reservatórios nessa região, os quais são amplamente utilizados como fonte

alternativa de fornecimento de água para a população. Além disso, diversas barragens e açudes

são construídas, também, para irrigação e perenização de rios5.

Porém, apesar de sua importância, os reservatórios enfrentam uma série de problemas

relacionados à disponibilidade e qualidade hídricas. Sendo assim, quando a qualidade das águas

está comprometida, diversas atividades são prejudicadas, além de oferecer riscos à saúde e ao

bem-estar da população6. Destaca-se assim a importância de se lidar com a crise hídrica de

forma compartilhada, corresponsável, baseada no engajamento e no diálogo entre os diferentes

segmentos do governo e da sociedade7.

Diante desta problemática, a educação representa a chave para uma mudança de

mentalidades e atitudes na sociedade. Além de constituir um direito humano fundamental, é um

pré-requisito para se atingir o desenvolvimento sustentável. Neste contexto atua a Educação

para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), a qual visa desenvolver e reforçar a capacidade

dos indivíduos para formar juízos de valor e fazer escolhas no sentido do desenvolvimento

sustentável. Além disso, a EDS pode ainda favorecer uma mudança de mentalidades,

permitindo tornar o mundo mais seguro, mais saudável e mais próspero, melhorando assim a

qualidade de vida da população8.

A educação em saúde, por sua vez, constitui um instrumento para a promoção da

qualidade de vida por meio da articulação de saberes técnicos e populares, proporcionando

assim o desenvolvimento da consciência crítica das pessoas9. Neste contexto, considera-se que

as atividades de divulgação científica realizadas por meio de exposições, debates e palestras

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são de grande valia, uma vez que despertam o interesse sobre as questões ambientais, além de

possibilitarem a troca de experiências entre os envolvidos10.

A partir daí e tendo em vista que professores e agentes de saúde atuam junto à população

como disseminadores de informações e de conhecimento11, observa-se a necessidade de se

investir na qualificação dos mesmos, sendo fundamental a realização de ações educativas com

esses profissionais, os quais são vistos como referência e exercem grande influência sobre a

população local.

Diante desta perspectiva, o presente estudo teve como objetivo desenvolver ações

educativas junto a professores e agentes comunitários de saúde, com foco na qualidade da água,

microrganismos patogênicos e doenças de veiculação hídrica em região semiárida do estado do

Rio Grande do Norte, Nordeste - Brasil.

Material e Métodos

O presente estudo foi desenvolvido em um município localizado na região Semiárida do

Rio Grande do Norte, Nordeste – Brasil, e compõe uma série de ações articuladas para a

educação em saúde na região.

As ações de educação em saúde foram desenvolvidas por meio de exposição dialógica,

discussões e oficinas que englobaram temas relacionados à qualidade da água, microrganismos

patogênicos e doenças de veiculação hídrica. Durante as atividades foram valorizados exemplos

referentes aos reservatórios hídricos da região, de forma a contextualizar a problemática

enfrentada no que diz respeito à qualidade e disponibilidade hídricas. Além da exposição do

tema seguida de debate com os participantes, foi distribuído gratuitamente um livro

paradidático intitulado “Doenças de veiculação hídrica: conhecendo e prevenindo” (disponível

em http://mergulhandocienciasnosemiarido.weebly.com/materiais.html), o qual foi

desenvolvido no contexto do projeto “Mergulhando Ciências no Semiárido” e trata de assuntos

referentes às doenças de veiculação hídrica, seus sintomas, modo de aquisição, agentes

causadores ou vetores e medidas de prevenção. Ao final das atividades, os participantes

responderam a um questionário composto por três questões abertas, as quais abordaram

aspectos referentes às contribuições da oficina e aos novos conhecimentos adquiridos (Tabela

1).

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Tabela 1: Questionário aplicado com professores e agentes comunitários de saúde após o

desenvolvimento das atividades educativas.

QUESTÃO PONTOS ABORDADOS

1 Cite algo que você considera que aprendeu durante a oficina e que

não sabia ainda, se for o caso.

2 Indique pelo menos três maneiras pelas quais as atividades

desenvolvidas contribuíram para seu entendimento a respeito da

qualidade das águas e doenças de veiculação hídrica.

3 Você considera que as atividades desenvolvidas no curso irão contribuir

para sua atuação profissional? Explique porquê.

As respostas dos questionários foram analisadas qualitativamente por meio da Técnica de

Elaboração e Análise de Unidades de Significado. As etapas são constituídas pela análise de

relato ingênuo, seguida da identificação de atitudes para a criação de indicadores e categorias

emergentes, e por fim a interpretação. Do ponto de vista quantitativo, a análise envolveu a

contagem dos números de respostas por categoria emergente e os cálculos das respectivas

frequências e percentagens12.

Resultados

As ações educativas contaram com um total de 38 participantes, sendo o público alvo

constituído por professores de ciências e biologia das redes estadual e municipal de ensino e

agentes comunitários de saúde dos municípios de Acari e Parelhas.

Durante a exposição dialógica, foram apresentadas informações a respeito do semiárido

brasileiro, disponibilidade e qualidade hídricas, microrganismos patogênicos e doenças de

veiculação hídrica, de forma contextualizada com a realidade local e relacionando os problemas

às atividades antrópicas. Tal ação foi realizada com o intuito de alertar os participantes sobre a

problemática da qualidade da água existente no país, bem como nos reservatórios hídricos que

são utilizados para abastecimento público na região.

Durante as discussões sobre o tema, os professores e agentes de saúde tiveram a

oportunidade de fazer uma rápida leitura do material e discutir as principais dúvidas, o que

proporcionou o aprofundamento dos assuntos tratados, que será complementado pelo exemplar

informativo paradidático, e poderá servir de suporte para suas atividades posteriores no que diz

respeito às doenças de veiculação hídrica.

O questionário aplicado revelou a avaliação da atividade pelos participantes, conforme

categorias emergentes e os percentuais de respostas apresentados (Tabela 2).

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Tabela 2: Categorias emergentes dos questionários aplicados com professores e agentes de

saúde a partir da ação educativa realizada.

QUESTÕES CATEGORIAS CARACTERÍSTICAS DAS

CATEGORIAS

TOTAL

(%)

1. Cite algo que

você considera

que aprendeu

durante o curso e

que não sabia

ainda, se for o

caso.

a. Doenças de

veiculação hídrica

Os participantes afirmaram ter

adquirido novos conhecimentos a

respeito das doenças de

veiculação hídrica.

19,05%

b. Cianobactérias

e eutrofização

Os participantes afirmaram ter

aprendido assuntos relacionados

à eutrofização e às

cianobactérias.

19,05%

c. Poluição e

contaminação dos

reservatórios

Os participantes afirmaram terem

adquirido conhecimentos sobre a

poluição e contaminação dos

reservatórios

47,62%

d. Não adquiriu

novos

conhecimentos ou

não respondeu

Os participantes afirmaram

já conhecer a temática

apresentada ou não responderam

tal questão.

14,28%

2. Indique pelo

menos três

maneiras pelas

quais as

atividades

desenvolvidas

contribuíram

para seu

entendimento a

respeito da

qualidade das

águas e doenças

de veiculação

hídrica.

a. A explanação Os participantes destacaram o

papel da explanação oral,

afirmando que favoreceu seu

aprendizado a respeito do tema e

facilitará a transmissão de

informações ou destacaram

informações apresentadas, as

quais contribuíram para seu

entendimento.

69,04%

b. Discussão sobre

ações educativas

Os participantes destacaram a

importância das atividades

coletivas e orientações à

população.

11,91%

c. O paradidático Os participantes destacaram o

uso do livro paradidático como

instrumento para consultas

futuras.

7,14%

d. Não respondeu Os participantes não

responderam tal questão.

11,91%

3. Você

considera que as

atividades

desenvolvidas no

curso irão

contribuir para

sua atuação

profissional?

Explique porquê.

a. A transmissão

de conteúdos e o

repasse de

informações para

a população serão

facilitados

Os participantes afirmaram que a

transmissão de informações em

sala de aula e o repasse de

informações à população serão

facilitados após a ação educativa.

47,22%

b.

Enriquecimento

das aulas por meio

do paradidático

Os participantes afirmaram que o

paradidático enriquecerá suas

aulas.

8,33%

c. Adquiriu novos

conhecimentos

Os participantes destacaram a

importância da ação educativa

38,89%

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76

para a aquisição de novos

conhecimentos.

d. Não respondeu Os participantes não

responderam tal questão.

5,56%

A partir da análise dos questionários pode-se perceber que na primeira questão, referente

aos novos conhecimentos, a maior parte dos participantes afirmou ter adquirido conhecimentos

sobre a poluição e contaminação dos reservatórios (47,62%), seguido das doenças de veiculação

hídrica (19,05%), cianobactérias e eutrofização (19,05%) e apenas uma pequena parcela

afirmou não ter adquirido novos conhecimentos a respeito do assunto abordado ou não

respondeu a questão (14,28%). Aparentemente, esta parcela considera já dominar as

informações discutidas na ação.

Com relação à segunda questão, a respeito da contribuição da palestra para o

entendimento a respeito da qualidade das águas e doenças de veiculação hídrica, a maioria dos

participantes destacou a explanação oral como tendo favorecido o aprendizado a respeito do

tema (69,04%), seguido das atividades coletivas (11,91%), igual número de participantes não

respondeu tal questão (11,91%), e uma pequena parcela ainda destacou o paradidático

distribuído como sendo um importante subsídio de consultas futuras para trabalhar o tema

(7,14%).

Na terceira questão, que buscou analisar se as atividades desenvolvidas no curso

contribuirão de alguma forma para a atuação profissional dos participantes, a maioria afirmou

que a transmissão de conteúdos e o repasse de informações para a população serão facilitados

a partir das informações discutidas (47,22%), seguido da aquisição de novos conhecimentos

(38,89%), enriquecimento das aulas por meio do paradidático distribuído (8,33%) e apenas uma

pequena parcela não respondeu tal questão (5,56%).

Discussão

O desafio de cuidar da água no século XXI é gigantesco e a responsabilidade para lidar

com este recurso deve ser compartilhada entre as diferentes esferas da sociedade, tais como os

governos e setores econômicos, cientistas e a sociedade em geral7. As pesquisas científicas

podem exercer grande contribuição para o meio ambiente no que diz respeito à segurança

hídrica por meio do desenvolvimento de tecnologias ou fornecimento de informações para a

população e o poder público13.

A maneira como todas as pessoas são afetadas pelas questões ambientais requer uma

educação para todos, sendo fundamental um conhecimento prático a respeito dos princípios

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fundamentais, dos conceitos e de suas inter-relações, envolvidos na tomada de decisões no que

diz respeito ao ambiente, bem como sua relação com a economia e a sociedade. Nessa

perspectiva, a educação científica desempenha um papel fundamental e é importante que sejam

trabalhados em cursos de formação temas relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade,

permitindo assim uma aplicação prática numa perspectiva de formação de cidadãos capazes de

tomar decisões adequadas para contribuir para a resolução de situações complexas com as quais

têm que lidar cada vez mais14.

Destaca-se assim o importante papel das ações educativas no que diz respeito à

problemática hídrica no semiárido, de forma a desenvolver a criticidade e sensibilizar a

população local, uma vez que esta região enfrenta sérios problemas de escassez e qualidade da

água, as quais trazem como consequência diversos problemas de saúde à população.

Pesquisas que envolvem a temática do meio ambiente e saúde humana vem se

consolidando no semiárido do Rio Grande do Norte por meio do projeto “Mergulhando

Ciências no Semiárido”. Diversas atividades têm sido desenvolvidas, das quais podem-se

destacar ação educativa em que foi discutida a situação da qualidade da água de um

município15, análise da percepção de professores e alunos sobre uso e qualidade da água no

semiárido16, levantamento de concepções de professores do ensino básico da região semiárida

sobre a qualidade da água17 e atividades com professores sobre o tema “água e saúde”10 nas

quais foram levantadas as concepções a respeito da problemática da água e realizadas ações de

divulgação científica com o intuito de atentar os professores sobre o seu papel na formação de

uma nova sociedade sensível e solidária com os problemas ambientais, dentre outras atividades.

Durante a realização da atividade desenvolvida neste estudo, os participantes interagiram

destacando exemplos vivenciados na localidade, tendo sido evidenciada a preocupação com as

questões apresentadas. Apesar do grupo de estudos desenvolver ações educativas com a

temática da qualidade da água no semiárido há alguns anos, é importante destacar o pioneirismo

de tais atividades com agentes de saúde. Tais profissionais expuseram suas dificuldades durante

as visitas domiciliares em seu campo de trabalho, devido à resistência da população quanto às

formas de acondicionamento e tratamento da água antes do consumo nas residências, atitudes

simples que poderiam contribuir para a redução das doenças de veiculação hídrica. Os

professores destacaram também alguns dos conteúdos trabalhados em sala de aula a respeito

dos microrganismos e das doenças de veiculação hídrica, e também chamaram atenção para o

fato dos livros didáticos apresentarem, em sua grande maioria, apenas informações a respeito

de microrganismos patogênicos, o que acaba gerando a concepção de que todos os

microrganismos são prejudiciais ao homem.

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A realização de atividades de divulgação científica é fundamental por possibilitar uma

troca de experiência entre os envolvidos. Além disso, a aplicação de questionários após a

realização das ações educativas é de grande importância, uma vez que permite analisar se os

objetivos propostos foram alcançados com competência, de forma a beneficiar os usuários18.

Desta forma, a partir da análise dos questionários aplicados no presente estudo, observa-

se que a ação de educação em saúde desenvolvida com professores e agentes de saúde teve seus

objetivos alcançados, uma vez que possibilitou a divulgação do conhecimento científico e a

troca de experiências entre a universidade e a comunidade, tendo contribuído para o

entendimento dos participantes a questões relacionadas à qualidade das águas e doenças de

veiculação hídrica. Além disso, os professores e agentes de saúde alegaram também que a

oficina lhes proporcionou a aquisição de novos conhecimentos e a contribuição para suas

atividades profissionais.

Os conhecimentos científicos não representam valor algum sobre o meio ambiente se as

pessoas não tiverem convicção da importância da preservação ambiental e não assumirem uma

postura em que o progresso e a conservação da natureza caminhem juntos19. Sendo assim, a

divulgação da ciência tem, nesse contexto, o importante papel de compartilhar saberes com as

comunidades locais por meio da socialização do conhecimento científico, o que pode ocorrer

por meio de ações de educação para a sustentabilidade e a educação em saúde.

Destaca-se assim o importante papel de metodologias de pesquisa participativas atreladas

à educação popular em saúde, as quais atuam de forma a promover o diálogo intersubjetivo e a

interação entre sujeitos e pesquisadores20,21.

As ações educativas têm a finalidade de orientar o homem no novo sentido que se quer

apresentar, possibilitando-lhe autonomia e emancipação. A educação para a saúde busca

fornecer subsídios e informações para a manutenção e promoção da saúde do ser humano,

contribuindo assim para a melhoria da sua qualidade de vida18, o mesmo ocorrendo com a

educação para um futuro sustentável. A educação em saúde está focada nos aspectos

relacionados à aprendizagem e capacitação, atuando na transferência do conhecimento

científico, sem desconsiderar o conhecimento local, e podendo ser aliada a diversas ferramentas

na tentativa de sensibilizar a população para as problemáticas de uma determinada região, como

por exemplo o uso dos reservatórios, qualidade das águas e a incidência de doenças de

veiculação hídrica22,23. A educação em saúde pode então colaborar não apenas com o preparo

dos profissionais envolvidos, mas também com o investimento em informações, sensibilizando

a população na busca de melhores condições de vida18.

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Conclusão

As atividades desenvolvidas permitiram uma discussão a respeito da problemática da

quantidade e qualidade hídricas no semiárido. Os professores e agentes comunitários de saúde

demonstraram preocupação no que diz respeito aos problemas apresentados e apesar de terem

destacado ainda haver resistência por parte da comunidade, sabe-se que estes profissionais

exercem grande influência sobre a população local. O paradidático distribuído poderá servir de

complemento às discussões estabelecidas nas ações educativas e servirá de suporte para as

atividades posteriores desenvolvidas pelos participantes no que diz respeito à sua atuação no

tocante às doenças de veiculação hídrica.

Os questionários aplicados permitiram identificar que os objetivos da atividade foram

alcançados, de forma que a maioria dos participantes afirmou ter adquirido novos

conhecimentos após as discussões realizadas, tendo sido citados assuntos relacionados às

doenças de veiculação hídrica, enterobactérias, eutrofização, além da poluição e contaminação

dos reservatórios. Os participantes afirmaram ainda que as atividades desenvolvidas

contribuíram para o entendimento a respeito da qualidade das águas e doenças de veiculação

hídrica e que irão facilitar sua atuação profissional, seja por meio do repasse de informações

para a população ou enriquecimento das aulas por meio do livro paradidático a eles oferecido.

Desta forma, destaca-se a importância da realização de atividades de educação em saúde

para divulgação do conhecimento científico e troca de experiências entre a universidade e a

comunidade, de forma a desenvolver a criticidade dos envolvidos e sensibilizar a população

local.

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CONCLUSÕES GERAIS

O presente trabalho analisou a percepção de professores e agentes de saúde a respeito

da problemática relacionada à qualidade hídrica. Por meio dos questionários foi possível

perceber que estes profissionais reconhecem a importância dos reservatórios, porém muitos não

têm conhecimento sobre os organismos presentes em suas águas, e a maioria afirma desenvolver

ações para minimizar os problemas relacionados à contaminação da água, bem como atividades

de vigilância das doenças de veiculação hídrica. Além disso foi feito o levantamento da

ocorrência de doenças diarreicas de veiculação hídrica na região e detectou-se um número

considerável de casos nos municípios estudados e apesar do número de óbitos reduzido, tais

dados são preocupantes, uma vez que estas enfermidades poderiam ser facilmente evitadas. A

análise da diversidade de Enterobacteriaceae no reservatório Armando Ribeiro Gonçalves

permitiu identificar representantes patogênicos neste açude, o que pode estar relacionado às

doenças infecciosas e parasitárias com ocorrência nos municípios abastecidos por suas águas.

A partir daí foram desenvolvidas ações educativas com professores e agentes de saúde dos

municípios de Acari e Parelhas as quais permitiram uma discussão a respeito problemática da

quantidade e qualidade hídrica, além da distribuição de um paradidático sobre doenças de

veiculação hídrica. Destaca-se assim a importância do monitoramento de microrganismos

presentes nas águas de reservatórios utilizados para abastecimento público, bem como sua

relação com a ocorrência de enfermidades e a troca de experiências entre a universidade e a

comunidade, de forma sensibilizar a população local.

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Apêndices

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88

APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE.................

QUESTIONÁRIO - PROFESSORES

Caros professores,

Viemos solicitar a sua participação na pesquisa intitulada “Diversidade de Enterobacteriaceae

em reservatórios do semiárido nordestino brasileiro: Uso de técnicas moleculares e ações de

divulgação científica”, sob orientação da Professora Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo.

O estudo tem como objetivo investigar as concepções de professores a respeito da qualidade da

água, doenças de veiculação hídrica e prática docente, em escolas da rede pública localizadas

no semiárido do Rio Grande do Norte. Gostaríamos de pedir sua colaboração respondendo o

presente questionário, que será utilizado apenas para fins acadêmicos. Sua identificação é

necessária apenas para o termo de consentimento abaixo e seu nome não será citado no

desenvolvimento do projeto.

Gratos pela sua participação,

Profª Drª Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo

Responsável pela pesquisa

Lidiane Gomes Pinheiro ([email protected])

Aluna do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFRN.

Eu, _______________________________________ dou consentimento à utilização dos dados

informados apenas para fins de pesquisa acadêmica.

DADOS PESSOAIS:

Idade: ___________ Sexo: ( ) M ( ) F

Local onde reside: ______________________________________

Formação acadêmica: ___________________________________

Tempo de experiência profissional: ________________________

Local de trabalho: ______________________________________

Disciplina(s) que leciona: ________________________________

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QUESTIONÁRIO

1- Em sua cidade, a água do açude é usada para (Assinale mais de uma alternativa caso julgue

necessário):

( ) Consumo humano ( ) Agropecuária ( ) Recreação ( ) Lançamento de esgotos

( ) Outros. Quais? ____________________________________________________________

2- Que organismos você acredita que existem nas águas do açude de sua cidade? (Assinale mais

de uma alternativa caso julgue necessário)

( ) Peixes ( ) Vermes ( ) Bactérias ( ) Protozoários

( ) Outros. Quais? ____________________________________________________________

3- Em que locais podemos encontrar bactérias? (Assinale mais de uma alternativa caso julgue

necessário)

( ) Água ( ) Solo ( ) Ar ( ) Nosso corpo ( ) Não sei

4- Você acha que uma água aparentemente limpa pode estar contaminada?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

5- Você acha que as águas do açude de sua cidade podem estar contaminadas por bactérias?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

6- Você acredita que microrganismos presentes na água do açude podem provocar doenças?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

7- Você sabe o que são doenças de veiculação hídrica?

( ) Sim ( ) Não

8- Você sabe o que são enterobactérias patogênicas?

( ) Sim ( ) Não

9- Você acha que todas as bactérias causam doenças?

( ) Sim ( ) Não

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90

10- Você trabalha em sala de aula assuntos relacionados a doenças de veiculação hídrica?

( ) Sim ( ) Não

Em caso positivo, que assuntos você trabalha? ______________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Como você seleciona esses conteúdos? ___________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

11- Você considera importante que tais assuntos sejam trabalhados em sala de aula?

( ) Sim ( ) Não

Em caso positivo, justifique: ____________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

12- Você desenvolve ou já desenvolveu ações, em sala de aula, para minimizar os problemas

relacionados à contaminação da água?

( ) Sim ( ) Não

Em caso positivo, que ações desenvolveu? _________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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APÊNDICE B

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE.................

QUESTIONÁRIO – AGENTES DE SAÚDE

Caros agentes de saúde,

Viemos solicitar a sua participação na pesquisa intitulada “Diversidade de Enterobacteriaceae

em reservatórios do semiárido nordestino brasileiro: Uso de técnicas moleculares e ações de

divulgação científica”, sob orientação da Professora Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo.

O estudo tem como objetivo investigar as concepções de agentes de saúde a respeito da

qualidade da água, doenças de veiculação hídrica e suas atividades profissionais, em unidades

de saúde localizadas no semiárido do Rio Grande do Norte. Gostaríamos de pedir sua

colaboração respondendo o presente questionário, que será utilizado apenas para fins

acadêmicos. Sua identificação é necessária apenas para o termo de consentimento abaixo e seu

nome não será citado no desenvolvimento do projeto.

Gratos pela sua participação,

Profª Drª Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo

Responsável pela pesquisa

Lidiane Gomes Pinheiro ([email protected])

Aluna do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFRN.

Eu, _______________________________________ dou consentimento à utilização dos dados

informados apenas para fins de pesquisa acadêmica.

DADOS PESSOAIS:

Idade: ___________ Sexo: ( ) M ( ) F

Local onde reside: ___________________________________

Nível de escolaridade: ________________________________

Tempo de experiência profissional: _____________________

Local de trabalho: ___________________________________

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QUESTIONÁRIO

1- Em sua cidade, a água do açude é usada para (Assinale mais de uma alternativa caso julgue

necessário):

( ) Consumo humano ( ) Agropecuária ( ) Recreação ( ) Lançamento de esgotos

( ) Outros. Quais? ____________________________________________________________

2- Que organismos você acredita que existem nas águas do açude de sua cidade? (Assinale mais

de uma alternativa caso julgue necessário)

( ) Peixes ( ) Vermes ( ) Bactérias ( ) Protozoários

( ) Outros. Quais? ____________________________________________________________

3- Em que locais podemos encontrar bactérias? (Assinale mais de uma alternativa caso julgue

necessário)

( ) Água ( ) Solo ( ) Ar ( ) Nosso corpo ( ) Não sei

4- Você acha que uma água aparentemente limpa pode estar contaminada?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

5- Você acha que as águas do açude de sua cidade podem estar contaminadas por bactérias?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

6- Você acredita que microrganismos presentes na água do açude podem provocar doenças?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

7- Você sabe o que são doenças de veiculação hídrica?

( ) Sim ( ) Não

8- Você sabe o que são enterobactérias patogênicas?

( ) Sim ( ) Não

9- Você acha que todas as bactérias causam doenças?

( ) Sim ( ) Não

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10- Você conhece alguma doença provocada pela ingestão de água contaminada?

( ) Sim ( ) Não

Em caso positivo, quais doenças? ________________________________________________

___________________________________________________________________________

11- Em suas atividades como agente de saúde, você desenvolve ou já desenvolveu ações para

minimizar os problemas relacionados à contaminação da água?

( ) Sim ( ) Não

Em caso positivo, quais? _______________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

12- Em sua profissão, você desenvolve alguma atividade quanto à vigilância das doenças de

veiculação hídrica no município?

( ) Sim ( ) Não

Em caso positivo, que atividade? Como é desenvolvida? _____________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

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Anexos

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5692

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES E AGENTES DE SAÚDE SOBRE

ENTEROBACTÉRIAS E DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA EM UMA

REGIÃO SEMIÁRIDA DO RIO GRANDE DO NORTE

Lidiane Gomes Pinheiro (UFRN - Bolsista Cnpq)

Paula Dorti Peixe (UFRN - Bolsista Capes)

Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo (UFRN)

Resumo

A problemática quanto à quantidade e qualidade hídrica representa motivo de preocupação. O

objetivo deste estudo foi analisar a percepção de professores e agentes de saúde sobre

enterobactérias, qualidade da água e doenças de veiculação hídrica no semiárido do Rio Grande

do Norte. Foram aplicados questionários cujos resultados revelaram que, apesar desses

profissionais reconhecerem a importância dos reservatórios, muitos não têm conhecimento

sobre os problemas relacionados à sua qualidade hídrica, fato que implica na necessidade de

ações de educação em saúde, contribuindo para a sensibilização da população e melhoria na

qualidade de vida.

Palavras-chave: Semiárido; doenças de veiculação hídrica; educação em saúde.

Introdução

A água é um recurso de grande importância para o desenvolvimento e sobrevivência

humana, porém a problemática referente à sua quantidade e qualidade representa motivo de

preocupação. Apesar da grande quantidade de água presente no planeta, apenas uma pequena

parcela é adequada para o consumo humano e esta não é distribuída da maneira adequada para

atender às diversas necessidades.

A região semiárida apresenta peculiaridades no que diz respeito às características

morfoclimáticas, apresentando índices pluviométricos irregulares e concentrados em poucos

meses ao longo do ano, solos rasos, alta insolação e temperaturas elevadas, o que contribui para

o déficit hídrico (ASA, 2016; BRASIL, 2016). Diante desta problemática, são construídos

reservatórios como fonte alternativa de fornecimento de água, com o objetivo de suprir a

carência hídrica da população, os quais desempenham relevante papel na gestão dos recursos

hídricos devido à capacidade de estocar e atender a diversos usos da água (BRASIL, 2013). No

estado do Rio Grande do Norte, diversas barragens e açudes foram construídos com a finalidade

de solucionar os problemas advindos da seca (VIEIRA et al., 2011).

Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3

SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia

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Apesar do seu importante papel, os reservatórios enfrentam problemas relacionados à

qualidade hídrica, principalmente devido a contaminação decorrente da ação antrópica. Com o

aumento da atividade humana, uma grande quantidade de resíduos vem sendo descartada,

contaminando o ambiente e provocando um crescente estresse ambiental e poluição das águas,

podendo levar a problemas de saúde pública, sobretudo no semiárido que sofre com a escassez

hídrica (GARCIA et al., 2013).

As águas dos reservatórios recebem, muitas vezes, cargas poluidoras contendo

microrganismos patogênicos, tais como vírus, bactérias e protozoários que podem ser

responsáveis por várias doenças (NASCIMENTO et al., 2013). Observa-se assim a necessidade

de se promover um diálogo com a população local, de forma a inserir as comunidades nos

debates sobre as questões ambientais, visando alerta-las para os problemas existentes, ligados

diretamente com a sua qualidade de vida. Para isso, são necessários métodos eficazes de

sensibilização da população, por meio da percepção e educação ambiental, e educação em

saúde, que representam ferramentas importantes de união do conhecimento científico aos

saberes locais. Tais ações devem levar em consideração o que as pessoas pensam sobre o meio

ambiente e como suas atitudes interferem nesse processo (PETROVICH e ARAÚJO, 2011;

MEDEIROS e ARAÚJO, 2013).

Destaca-se, assim, a importância da análise no que diz respeito à percepção acerca da

problemática enfrentada, na tentativa de compreender a relação cognitiva e emocional da

comunidade com a unidade ecossistêmica (MEDEIROS et al., 2012). Nesse contexto, a

utilização de questionários pode representar uma importante ferramenta para identificar as

concepções, uma vez que possibilitam a expressão da opinião pessoal a respeito do tema

abordado (SILVEIRA et al., 2013).

Diante desta problemática, o presente estudo teve como objetivo analisar a percepção

de professores do ensino básico e agentes comunitários de saúde sobre as enterobactérias, a

qualidade da água e doenças de veiculação hídrica em municípios de uma região semiárida do

Rio Grande do Norte.

Material e Métodos

Área de estudo

O estudo foi desenvolvido em 05 escolas públicas e 08 postos de saúde localizados na

zona urbana dos municípios de Assu, Acari e Parelhas (Figura 1).

Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3

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Figura 1: Localização da área de estudo (a- Assu; b- Acari; c- Parelhas). Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016 (adaptado).

Estes municípios albergam os reservatórios Armando Ribeiro Gonçalves, Gargalheiras

e Boqueirão, respectivamente, pertencentes a Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu, os

quais apresentam alto valor social e econômico, sendo utilizados pela população para diversas

atividades, tais como consumo humano, dessedentação animal, irrigação, lazer, dentre outras.

Público alvo e instrumento de coleta de dados

O público alvo foi constituído por 10 professores de ciências e biologia da rede estadual

de ensino e 23 agentes comunitários de saúde. O número de professores participantes representa

o universo total da amostra, e quanto aos agentes de saúde, o número amostral diz respeito aos

profissionais disponíveis no momento da coleta de dados.

A fim de investigar as concepções destes profissionais, foram aplicados questionários

compostos por um eixo introdutório com as informações da pesquisa, objetivos, informações

sobre os participantes, além de um termo de consentimento para uso dos dados. Ambos os

questionários possuíam 12 questões fechadas que abordaram assuntos referentes aos eixos

temáticos: 1 - Usos e qualidade da água dos açudes; 2 - Bactérias e doenças de veiculação

hídrica; 3 - Atuação prática dos professores e agentes de saúde sobre doenças de veiculação

hídrica e temas associados.

As questões foram analisadas a partir da simples contagem dos números de respostas

por categoria emergente e cálculos das respectivas frequências e percentagens.

Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3

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5695

Resultados e Discussão

Perfil do público alvo

Os professores apresentam faixa etária variando entre 24 e 49 anos de idade, sendo a

maioria do sexo masculino (60%). A maioria reside no próprio município onde trabalha e

apenas 01 reside em estado vizinho. Destes, 07 são formados em ciências biológicas, porém 03

são formados em outros cursos, tais como ciências naturais com habilitação em matemática

(01) e geografia (02), e 02 possuem cursos de pós-graduação. Tais professores lecionam as

disciplinas de ciências e biologia, além da disciplina de geografia, com tempo de atuação

variando de 01 mês a 29 anos.

Os agentes de saúde possuem idade entre 28 e 61 anos, sendo a grande maioria do sexo

feminino (83%). Todos os agentes de saúde residem nos municípios onde trabalham. Quanto

ao grau de escolaridade, 01 agente de saúde possui ensino fundamental completo, 17 possuem

ensino médio, 04 possuem ensino superior e 01 agente de saúde possui curso de pós-graduação,

com tempo de experiência profissional variando entre 01 e 24 anos.

Análise dos eixos temáticos

Eixo temático 1 – Usos e qualidade da água dos açudes

Este eixo temático era composto por 06 questões em comum para os professores e

agentes de saúde. A primeira questão visava analisar o conhecimento dos professores e agentes

de saúde acerca do uso da água dos açudes de cada município, na qual poderiam ser assinaladas

uma ou mais das seguintes alternativas: “consumo humano”, “agropecuária”, “recreação”,

“lançamento de esgotos”, ou “outros usos” que deveriam ser especificados (Figura 2).

Figura 2: Usos múltiplos das águas dos reservatórios.

Os participantes destacaram o “consumo humano” e “agropecuária” como atividades

mais desenvolvidas com a água do açude, alternativas que apresentaram percentuais de resposta

acima de 70% assinaladas por ambos os profissionais. Além desses usos, também foram

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Consumohumano

Agropecuária Recreação Lançamentode esgotos

Outros

Professores Agentes de saúde

Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3

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assinaladas as opções “recreação”, “lançamento de esgotos” e “outros usos” especificados

como usos domésticos. Resultados semelhantes foram encontrados por Medeiros e Araújo

(2013) e Freitas et al. (2016) quando analisaram a percepção acerca do uso da água de

reservatórios no Rio Grande do Norte, tendo sido apontados o consumo humano, agropecuária,

pesca e lazer e turismo como atividades mais desenvolvidas e apenas uma pequena parcela dos

participantes da pesquisa apontou o despejo de esgotos, resultados estes que revelam que os

participantes identificam o importante papel dos reservatórios para os municípios em que estão

inseridos.

A segunda questão englobava aspectos referentes aos organismos existentes nas águas

dos açudes de cada município, apresentando como alternativas “peixes”, “vermes”, “bactérias”,

“protozoários” e “outros”, que deveriam ser especificados. Cada participante poderia assinalar

uma ou mais questões, de acordo com sua concepção acerca do assunto (Figura 3). Dentre os

participantes da pesquisa, todos os professores acreditam que existem peixes e bactérias nas

águas dos açudes, a grande maioria (90%) acredita que existem protozoários e cerca de 60%

acredita que existem vermes nestes reservatórios. Dentre os agentes de saúde, a maioria (83%)

acredita que existem peixes, seguido por protozoários (60%), bactérias (56%) e vermes (52%).

Figura 3: Percepção acerca dos organismos presentes nas águas dos reservatórios.

A terceira questão do eixo temático apresentava possíveis locais em que podem ser

encontradas bactérias: “água”, “solo”, “ar”, “nosso corpo” e “não sei”, sendo possível indicar

mais de uma alternativa. Todos os professores indicaram a água e o solo como locais onde

podem ser encontradas bactérias, além do corpo humano (90%) e o ar (80%). Dentre os agentes

de saúde, a maioria também apontou que existem bactérias na água (87%), no solo (74%), ar

(65%) e no corpo humano (65%). Uma pequena parcela (4%) afirmou não saber os locais onde

podem ser encontradas as bactérias (Figura 4). Em um estudo desenvolvido por Ovigli (2010)

com estudantes do ensino fundamental e médio, 100% destes apontaram que as bactérias podem

ser encontradas em praticamente todos os lugares e apresentaram diversos benefícios destes

microrganismos. Observa-se assim que o conhecimento a respeito do hábitat das bactérias

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Peixes Vermes Bactérias Protozoários outros

Professores Agentes de saúde

Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3

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apresenta-se bem difundido entre os participantes da pesquisa, o que se repercute quando é

analisada a percepção de estudantes sobre o assunto.

Figura 4: Locais em que podem ser encontradas bactérias.

Quando questionados sobre a contaminação das águas, todos os professores e agentes

de saúde acreditam que uma água aparentemente limpa pode estar contaminada. Nos estudos

desenvolvidos por Rojas e Megerle (2013), pelo contrário, os participantes apontaram a cor e

aparência como os principais fatores que influenciam a percepção da qualidade da água,

formando um "padrão de qualidade", porém muitos também abordam a importância de

tratamentos para garantir a qualidade da água. Isso demonstra que os participantes reconhecem

que, independente da aparência, a água deve receber tratamento adequado antes do consumo.

A quinta questão do eixo temático abordou a contaminação dos reservatórios. Ao serem

questionados sobre a possível contaminação das águas dos açudes por bactérias, 100% dos

professores destacaram que as águas dos açudes podem estar contaminadas. Quanto aos agentes

de saúde, 74% acredita que possa haver contaminação das águas por tais microrganismos,

porém 26% não demonstraram opinião formada a respeito dessa questão (Figura 5).

Figura 5: Percepção acerca da contaminação das águas do açude por bactérias.

Os professores e agentes de saúde foram também questionados sobre se acreditam que

microrganismos presentes na água dos açudes podem provocar doenças. Para tal

questionamento, todos os participantes responderam afirmativamente, demonstrando que

reconhecem os riscos à saúde provocados pelas águas dos reservatórios, se estiverem

0%20%40%60%80%

100%

Água Solo Ar Corpohumano

Não sei

Professores Agentes de saúde

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Sim Não Não sei

Professores Agentes de saúde

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contaminados. Porém, é importante destacar que uma parcela dos agentes de saúde não possui

conhecimento sobre a contaminação das águas dos açudes por bactérias, embora todos os

profissionais tenham afirmado acreditar que microrganismos presentes na água dos açudes

podem provocar enfermidades. Observou-se, assim, certa contradição por parte dos agentes

comunitários de saúde nesse aspecto, demonstrando a fragilidade no conhecimento do assunto.

Eixo temático 2 – Bactérias e doenças de veiculação hídrica

O eixo temático 2 era composto por 03 questões, comuns para ambos os grupos

participantes. A primeira questão buscava analisar o conhecimento dos professores e agentes

de saúde a respeito das doenças de veiculação hídrica. Todos os professores afirmaram saber o

que são as doenças de veiculação hídrica, porém, dentre os agentes de saúde, 30% não souberam

o que são tais doenças (Figura 6). Dados estes preocupantes, uma vez que os agentes de saúde

lidam diretamente com a população e são responsáveis pela disseminação de conhecimentos.

Figura 6: Percepção sobre o conceito de doença de veiculação hídrica.

Indagados sobre enterobactérias patogênicas, 70% dos professores afirmaram saber o

que são tais microrganismos, porém dentre os agentes de saúde, apenas 35% as souberam

reconhecer (Figura 7).

Figura 7: Percepção acerca das enterobactérias patogênicas.

A terceira pergunta deste eixo temático questionava os profissionais sobre se todas as

bactérias causariam doenças ou não. Dentre os professores, a maioria (80%) assinalou que nem

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Professores Agentes de saúde

Sim Não

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Professores Agentes de saúde

Sim Não

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todas as bactérias causam doenças, indicando que 20% deles acreditam que todas as bactérias

são patogênicas. É importante ressaltar que os professores que responderam afirmativamente

não possuem formação acadêmica na área biológica. Dentre os agentes de saúde, 44%

acreditam que todas as bactérias causam doenças e 56% acreditam que nem todas as bactérias

são patogênicas (Figura 8). Tais dados demonstram a carência de profissionais especializados,

os quais desempenham importante papel na disseminação de conhecimentos à população.

Figura 8: Percepção de professores e agentes de saúde sobre se todas as bactérias causam

doenças.

Nas pesquisas desenvolvidas por Azevedo e Sodré (2014), a maioria dos participantes

não soube argumentar sobre qualquer benefício proporcionado pelas bactérias, ou ainda

acreditam que todas elas são provedoras unicamente de efeitos negativos. Tais dados

representam motivo de preocupação, tendo em vista que apenas uma pequena parcela destes

microrganismos é responsável por enfermidades.

Eixo temático 3 – Atuação prática dos professores e agentes de saúde sobre doenças de

veiculação hídrica e temas associados

O terceiro eixo temático era composto por 03 questões fechadas com solicitação de

exemplificação e/ou justificativa em caso afirmativo, as quais abordaram aspectos relacionados

às atividades desenvolvidas pelos profissionais. Quanto aos questionários aplicados com os

professores, a primeira questão verificava se estes trabalham em sala de aula assuntos

relacionados a doenças de veiculação hídrica. Em caso afirmativo, deveriam apresentar

exemplos e justificar como selecionam os conteúdos. A maioria dos professores (80%) aborda

tais conteúdos em sala, como por exemplo “doenças causadas por microrganismos, contraídas

pelo consumo de água não tratada ou contaminada”, “viroses, bacterioses, parasitoses”, além

do “uso adequado da água, conservação da água”, “saneamento básico, políticas públicas de

saúde, meio ambiente”. Os conteúdos são selecionados na maioria das vezes seguindo o livro

didático, e em poucos casos, de forma contextualizada com a realidade local.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Professores Agentes de saúde

Sim Não

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5700

A segunda questão buscava analisar se os professores consideram importante que tais

conteúdos sejam trabalhados em sala de aula, o que deveria ser justificado em caso afirmativo.

Todos os professores (100%) consideram importante esta abordagem e a maioria destacou a

“importância da água”, “promoção da saúde”, além da “sensibilização dos estudantes para uma

mudança de postura/atitude”. Importante destacar que mesmo alguns professores que

afirmaram não trabalhar os conteúdos relacionados a doenças de veiculação hídrica em sala de

aula, consideram importante tal abordagem.

A terceira questão deste eixo temático analisou se os professores desenvolvem ações,

em sala de aula, para minimizar os problemas relacionados à contaminação da água e caso

respondessem afirmativamente, deveriam exemplificar as ações desenvolvidas. A maioria dos

professores (80%) afirma desenvolver tais ações em sala de aula por meio de “debates e

seminários”, “vídeos de esclarecimento”, “aula prática”, além de “campanhas de mutirões nas

comunidades próximas à escola, seminários, palestras, etc.”. Porém, é importante ressaltar que

alguns professores ainda confundem problemas de contaminação das águas com doenças

provocadas por vetores relacionados à água, como a dengue, por exemplo, afirmando que

desenvolvem projetos relacionados ao combate à doença. Em seus estudos, Petrovich e Araújo

(2011) analisaram a participação e desenvolvimento de ações para minimizar os problemas da

água e observaram que a grande maioria dos professores afirmaram participar das ações, porém

destaca-se ainda a necessidade do desenvolvimento de atividades de educação ambiental e

educação em saúde quanto à esta problemática.

Quanto aos agentes de saúde, a primeira questão se referia ao conhecimento desses

profissionais sobre as doenças provocadas pela ingestão de água contaminada, com a citação

de exemplos. A maioria dos agentes de saúde (87%) afirmou conhecer as doenças de veiculação

hídrica, porém observa-se que muitos confundem as enfermidades com suas causas, sintomas

e agentes causadores, ao indicarem vômitos, vermes, e até mesmo alergias e coceiras como

exemplos. Resultados semelhantes são apontados em diferentes estudos nos quais a maioria das

pessoas sabe que uma água contaminada pode provocar doenças, porém muitas vezes estas

enfermidades são confundidas com suas causas ou sintomas (ARAÚJO et al., 2012;

ZOMPERO, 2009). Rojas e Megerle (2013), identificaram que existe uma elevada percepção

dos riscos à saúde associados ao consumo da água contaminada, porém o conhecimento das

doenças transmitidas pela água por si só não leva os participantes a inferir que o consumo de

água não tratada está associado a riscos de saúde.

A segunda questão buscava analisar se os agentes de saúde desenvolvem ações para

minimizar os problemas relacionados à contaminação da água, citando as ações desenvolvidas,

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se fosse o caso. A maioria dos agentes de saúde (70%) respondeu afirmativamente,

exemplificando tais ações com “orientações às famílias sobre o tratamento da água em

domicílio”, “ações educativas”, “distribuição de hipoclorito”, “orientação à população quanto

a higiene, e armazenamento das águas de consumo”, além de “orientações sobre as causas e

consequências da água contaminada”. Porém, alguns agentes de saúde confundiram as doenças

de veiculação hídrica com doenças provocadas por vetores relacionados à água, como a dengue,

afirmando que realizam mutirões de combate a tais doenças.

O desenvolvimento de atividades de vigilância das doenças de veiculação hídrica foi um

aspecto analisado na terceira questão deste eixo temático, a qual solicitava exemplos. A maioria

(61%) afirmou não desenvolver tais ações em sua profissão, dado bastante preocupante frente

à problemática hídrica existente na região. Os profissionais que afirmaram desenvolver ações

citaram como exemplo a sensibilização da população quanto ao uso e tratamento da água para

consumo humano, porém muitos ainda relatam os cuidados com a proliferação do mosquito da

dengue como vigilância das doenças de veiculação hídrica.

Destaca-se que os profissionais participantes da pesquisa exercem papel fundamental na

disseminação de informações, pois lidam diretamente com a população, uma vez que os

professores são considerados multiplicadores de conhecimento e os agentes de saúde, fonte de

informação sobre questões de saúde para a população (ARAÚJO e NASCIMENTO, 2013). Os

problemas relacionados à água e às doenças de veiculação hídrica são responsáveis por diversas

enfermidades, sendo fundamental o conhecimento e atuação por parte dos professores e agentes

de saúde frente a esta problemática junto às comunidades locais. Não é possível pensar a água

como sendo “parte da natureza” e a sociedade como algo em separado (ANTUNES et al., 2014).

Desta forma, faz-se necessário que aspectos relacionados à qualidade das águas e doenças de

veiculação hídrica sejam melhor divulgados, com destaque para as ações de educação ambiental

e educação em saúde, que aliadas a outras ferramentas podem ser empregadas na sensibilização

da população, de forma a contribuir para um maior esclarecimento e melhoria na qualidade de

vida (MEDEIROS e ARAÚJO, 2013; SILVEIRA et al., 2013). Isso concretiza o fato de que o

levantamento da percepção dos profissionais é de grande importância para o planejamento e

efetivação das estratégias de ações a serem desenvolvidas (AYACH et al., 2012).

Conclusões

O presente estudo permitiu perceber que os professores e agentes comunitários de saúde

reconhecem a importância desempenhada pelos reservatórios, porém muitos deles não têm

conhecimento sobre os organismos presentes em suas águas, o que demonstra uma fragilidade.

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No que diz respeito às doenças de veiculação hídrica, enterobactérias e patogenicidade das

bactérias, a grande maioria dos professores possui conhecimentos a respeito do assunto, porém

grande parte dos agentes de saúde ainda possui um conhecimento insuficiente para desenvolver

mais adequadamente suas atividades. Nas suas práticas, observa-se que grande parte dos

professores trabalha assuntos relacionados às doenças de veiculação hídrica e afirmam

desenvolver ações para minimizar os problemas relacionados à contaminação da água e a

maioria dos agentes de saúde afirma conhecer as doenças de veiculação hídrica. Muitos destes,

porém, confundem as enfermidades com suas causas ou sintomas. A maioria dos profissionais

afirma desenvolver ações para minimizar os problemas relacionados à contaminação da água,

bem como atividades de vigilância das doenças de veiculação hídrica.

Sendo assim, frente a esta problemática, destaca-se a necessidade de ações educativas

com os professores e agentes comunitários de saúde da região, os quais exercem importante

papel na disseminação de informações no que diz respeito às questões hídricas com a

comunidade local, colaborando para sua sensibilização e melhoria na qualidade de vida. Diante

disso, ações de educação em saúde serão desenvolvidas nas escolas e postos de saúde alvos da

pesquisa, por meio de cursos de capacitação e distribuição de materiais educativos. Espera-se,

assim, contribuir com a minimização dos problemas aqui destacados.

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