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Dr. Paulo Degrande o Eng . Agrônomo e Pesquisador «O bicudo-do-algodoeiro é um besouro denominado Anthonomus grandis, originário do México e detectado no Brasil em 1983 em dois focos distintos: um no Sudeste, na região de Campinas (SP) e outro no Nordeste, na região de Campina Grande/Ingá (PB). É a praga de maior incidência na cultura do algodão, pois é o hospedeiro preferencial do inseto para alimentação e reprodução e é a que tem o maior potencial de dano: causa até 70% de perda da produção, devido à sua alta capacidade de reprodução e poder destrutivo. Com o seu ataque, os botões florais, flores e maçãs novas caem da planta, além de destruir internamente as maçãs firmes, provocando o ‘carimã’. A lavoura atacada tem um bom aspecto vegetativo, mas perde a qualidade do algodão colhido, e a produção é bem reduzida ou até mesmo inexistente», informa o Dr. Paulo Degrande, Engenheiro Agrônomo e Pesquisador do município de Dourados, Mato Grosso do Sul. Segundo Degrande, são estimadas perdas médias anuais no país provocadas pelo inseto da ordem de 100 milhões de dólares, ou de 80 a 145 dólares/ha para o produtor, incluídos aí os custos de controle, danos e depreciação econômica da infraestrutura de combate à praga. O Pesquisador assinala que dificuldades na adoção de medidas profiláticas de entressafra em 2009, face ao preço baixo da pluma, favoreceram a sobrevivência da praga em relação aos anos anteriores. Em várias regiões, a colheita do algodão, seguida quase imediatamente da semeadura da safra seguinte, inviabilizou um Vazio Sanitário adequado, pedra fundamental de qualquer projeto de controle de pragas. As chuvas do final da safra passada geraram falhas de controle do bicudo de fim de ciclo - problemas com intervalo entre aplicações, lavagem da calda e em alguns casos com o uso de inseticidas inapropriados - e ocorreu rebrota dos algodoeiros, em setembro, com bicudos ali presentes. «É impossível suprimir o bicudo sem eliminação de soqueira, rebrota e/ou tiguera em tempo que a lei determina. Felizmente, os produtores perceberam a seriedade da situação e, graças à melhoria do preço da pluma nos últimos meses, tomaram atitudes no início da safra atual. Fica evidente, por outro lado, a importância da estruturação de políticas anticíclicas pelos Governos para dar sustentabilidade ao sistema de produção do algodão», ressalta Degrande. Ele acrescenta que todos os Estados da Federação atuarão na execução a nível local, devidamente em harmonia com os seus Estados limítrofes. Adesão e cooperação têm sido as palavras-chave para o sucesso dos planos de controle ou supressão. Para ele, quanto maior a porcentagem de produtores de uma região que adotarem o mesmo modelo de combate à praga e quanto mais rígida for esta obediência, maior será o sucesso na redução do bicudo. Já a região mineira, no seu ponto de vista, possui características positivas e favoráveis para o sucesso no combate ao bicudo, especialmente pelo perfil dos produtores, em padrão superior, e a capacidade de organização e execução dos profissionais locais. Paulo Degrande explica que «os programas atuais de combate estão estruturados principalmente em: (1) plantios calendarizados; (2) tratamentos de bordadura; (3) de uma a três pulverizações de inseticidas a partir do primeiro botão floral, definidas por meio de monitoramento com armadilhas à base de feromônio, durante a pré- -safra; (4) adoção de níveis de controle de praga cientificamente definidos para as regiões do Cerrado; (5) redução de população de final de safra e intensificada na maturação/desfolha; (6) destruição eficiente de soqueiras, viabilizando a entressafra de pelo menos 90 dias sem plantas de algodão». Divulgação Pesquisador o N 2 O bicudo faz orifícios típicos de oviposição e alimentação, e o seu desenvolvimento larval ocorre nos botões florais e nas maçãs do algodão. Em geral passa a entressafra na forma adulta, sob vegetação morta ou em plantas, buscando abrigo em campos que circundam o algodão. No Brasil, as fêmeas põem ovos geralmente nas maçãs, porém o desenvolvimento do inseto é muito mais rápido em botões florais. Existindo plantas de algodão no campo, os botões florais serão atacados preferencialmente pelo bicudo; como recurso alimentício, nas tentativas de oviposição e nas oviposições efetivas; quando a disponibilidade desse recurso é limitada, o inseto o substitui pelos frutos. Um dos fatores que mais influenciam na dinâmica populacional do bicudo é a fenologia (fases de desenvolvimento das plantas associadas às variações climáticas) do próprio algodoeiro. Como a planta exerce influência sobre a temperatura, a umidade e a movimentação de ar no microambiente do bicudo, além de prover sustento para crescimento e reprodução, acaba também influenciando a fecundidade, o desenvolvimento e a sobrevivência da espécie. O bicudo adulto é basicamente um inseto que se alimenta de pólen, e o desenvolvimento dos ovos no organismo da fêmea depende dessa dieta. Para se alimentar, o bicudo possui um longo rostro (sugadouro) para furar os botões florais e chegar até as antenas que abundam no interior das estruturas florais. As flores abertas também garantem um bom suprimento alimentar de pólen para os adultos. Estes também se alimentam de frutos novos, mas sem uma dieta de pólen sua reprodução é muito reduzida. (Fonte: «Estudos Ecofisiológicos sobre o Bicudo- -do-Algodoeiro», Myriam Del Carmem D. Arellano, Universidade Estadual de Campinas.) Reprodução internet

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Dr. Paulo DegrandeoEng . Agrônomo e Pesquisador

«O bicudo-do-algodoeiro é um besouro denominado Anthonomus grandis, originário do México e detectado no Brasil em 1983 em dois focos distintos: um no Sudeste, na região de Campinas (SP) e outro no Nordeste, na região de Campina Grande/Ingá (PB). É a praga de maior incidência na cultura do algodão, pois é o hospedeiro preferencial do inseto para alimentação e reprodução e é a que tem o maior potencial de dano: causa até 70% de perda da produção, devido à sua alta capacidade de reprodução e poder destrutivo. Com o seu ataque, os botões florais, flores e maçãs novas caem da planta, além de destruir internamente as maçãs firmes, provocando o ‘carimã’. A lavoura atacada tem um bom aspecto vegetativo, mas perde a qualidade do algodão colhido, e a produção é bem reduzida ou até mesmo inexistente», informa o Dr. Paulo Degrande, Engenheiro Agrônomo e Pesquisador do município de Dourados, Mato Grosso do Sul.

Segundo Degrande, são estimadas perdas médias anuais no país provocadas pelo inseto da ordem de 100 milhões de dólares, ou de 80 a 145 dólares/ha para o produtor, incluídos aí os custos de controle, danos e depreciação econômica da infraestrutura de combate à praga.

O P e s q u i s a d o r a s s i n a l a q u e dificuldades na adoção de medidas profiláticas de entressafra em 2009, face ao preço baixo da pluma, favoreceram a sobrevivência da praga em relação aos anos anteriores. Em várias regiões, a colheita do algodão, seguida quase imediatamente da semeadura da safra seguinte, inviabilizou um Vazio Sanitário adequado, pedra fundamental de qualquer projeto de controle de pragas. As chuvas do final da safra passada geraram falhas de controle do bicudo de fim de ciclo - problemas com intervalo entre aplicações, lavagem da calda e em alguns casos com o uso de inseticidas inapropriados - e ocorreu rebrota dos algodoeiros, em setembro, com bicudos ali presentes.

«É impossível suprimir o bicudo sem eliminação de soqueira, rebrota e/ou tiguera em tempo que a lei determina. Felizmente, os produtores perceberam a seriedade da situação e, graças à melhoria do preço da pluma nos últimos meses, tomaram atitudes no início da safra atual. Fica evidente, por outro lado, a importância da estruturação de políticas anticíclicas pelos Governos para dar sustentabilidade ao sistema de produção do a lgodão», ressal ta Degrande.

Ele acrescenta que todos os Estados da Federação atuarão na execução a nível local, devidamente em harmonia com os seus Estados limítrofes. Adesão e cooperação têm sido as palavras-chave para o sucesso dos planos de controle ou supressão. Para ele, quanto maior a porcentagem de produtores de uma região que adotarem o mesmo modelo de combate à praga e quanto mais rígida for esta obediência, maior será o sucesso na redução do bicudo.

Já a região mineira, no seu ponto de vista, possui características positivas e favoráveis para o sucesso no combate ao bicudo, especialmente pelo perfil dos produtores, em padrão superior, e a capacidade de organização e execução dos profissionais locais.

Paulo Degrande explica que «os programas atuais de combate estão estruturados principalmente em:

(1) plantios calendarizados; (2) tratamentos de bordadura;

(3) de uma a três pulverizações de inseticidas a partir do primeiro botão floral, definidas por meio de monitoramento com armadilhas à base de feromônio, durante a pré--safra;

(4) adoção de níveis de controle de praga cientificamente definidos para as regiões do Cerrado;

(5) redução de população de final de s a f r a e i n t e n s i f i c a d a n a maturação/desfolha;

(6) destruição eficiente de soqueiras, viabilizando a entressafra de pelo menos 90 dias sem plantas de algodão».

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O bicudo faz orifícios típicos de oviposição e alimentação, e o seu desenvolvimento larval ocorre nos botões florais e nas maçãs do algodão.

Em geral passa a entressafra na forma adulta, sob vegetação morta ou em plantas, buscando abrigo em campos que circundam o algodão.

No Brasil, as fêmeas põem ovos geralmente nas maçãs, porém o desenvolvimento do inseto é muito mais rápido em botões florais.

Existindo plantas de algodão no campo, os botões florais serão atacados preferencialmente pelo bicudo; como recurso alimentício, nas tentativas de oviposição e nas oviposições efetivas; quando a disponibilidade desse recurso é limitada, o inseto o substitui pelos frutos.

Um dos fatores que mais influenciam na dinâmica populacional do bicudo é a fenologia (fases de desenvolvimento das plantas associadas às variações climáticas) do próprio algodoeiro.

Como a planta exerce influência sobre a temperatura, a umidade e a movimentação de ar no microambiente do bicudo, além de prover sustento para crescimento e reprodução, acaba também influenciando a fecundidade, o desenvolvimento e a sobrevivência da espécie.

O bicudo adulto é basicamente um inseto que se alimenta de pólen, e o desenvolv imento dos ovos no organismo da fêmea depende dessa dieta.

Para se alimentar, o bicudo possui um longo rostro (sugadouro) para furar os botões florais e chegar até as antenas que abundam no interior das estruturas florais.

As flores abertas também garantem um bom suprimento alimentar de pólen para os adultos. Estes também se alimentam de frutos novos, mas sem uma dieta de pólen sua reprodução é muito reduzida.

(Fonte: «Estudos Ecofisiológicos sobre o Bicudo--do-Algodoeiro», Myriam Del Carmem D. Arellano,

Universidade Estadual de Campinas.)

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2 Informativo Técnico Março-Abril 2010 AMIPA

José Lusimar EugênioTécnico da AMIPA

üMANTENHA SEMPRE O HISTÓRICO DAS ATIVIDADES E RESULTADOS DO COMBATE A CADA SAFRA, PARA USAR NA PRÓXIMA

üIMEDIATAMENTE APÓS A COLHEITA, INSTALE OS TMB’S (TUBOS MATA-BICUDO), CONSIDERANDO O ÚLTIMO HISTÓRICO DE COMBATE

üFAÇA A DESTRUIÇÃO COMPLETA DAS SOQUEIRAS E DOS RESTOS DA CULTURA

üCONHEÇA E DIVULGUE NA SUA PROPRIEDADE AS NORMAS PARA CUMPRIR O VAZIO SANITÁRIO

üDEFINA OS TALHÕES A SEREM PLANTADOS PARA O NOVO PLANO DE COMBATE A SER ELABORADO COM APOIO DA AMIPA

üDEFINA UM RESPONSÁVEL NA PROPRIEDADE PARA REALIZAR O MONITORAMENTO, OS REGISTROS E O CONTATO COM A AMIPA

üPROGRAME COM O TÉCNICO DA ASSOCIAÇÃO A INSTALAÇÃO DAS ARMADILHAS E PASTILHAS

üFAÇA A COLETA DE DADOS E VISTORIAS SEMANAIS NAS ARMADILHAS, BEM COMO A TROCA DE PASTILHAS SEGUINDO AS ORIENTAÇÕES DO TÉCNICO

üELABORE PLANO DE PULVERIZAÇÕES, DE CONTROLE E DE PREVENÇÃO

üAPURE OS RESULTADOS FINAIS E CONCLUSÕES

üEXECUTE O PLANTIO OBSERVANDO O PLANEJADO

üFAÇA O MONITORAMENTO DA PRAGA NAS LAVOURAS, PARA ADOTAR AS AÇÕES NECESSÁRIAS

üEXECUTE AS PULVERIZAÇÕES DE ACORDO COM O NÍVEL DE INFESTAÇÃO ATÉ O FINAL DO CICLO DA CULTURA

üFINALIZE A ELABORAÇÃO DO HISTÓRICO PARA A PRÓXIMA SAFRA, REGISTRANDO AS INFESTAÇÕES E O NÚMERO DE PULVERIZAÇÕES

ZONA AZUL

0 A 1 BICUDO/ARMADILHA/SEMANA

ZONA AMARELA

1 A 2 BICUDOS/ARMADILHA/SEMANA

ZONA VERMELHA

2 BICUDOS/ARMADILHA/SEMANA

ZONA VERDE

0 BICUDO/ARMADILHA/SEMANA

Após o mapeamento da infestação da praga mediante o uso de

armadilhas, serão delimitadas as zonas ou talhões em diferentes cores:

A programação de aplicação de inseticidas no ESTÁGIO FLORAL ficará da

seguinte maneira:

Por meio de um planejamento prévio da safra, a AMIPA faz o monitoramento do bicudo investindo em visitas técnicas periódicas, além de oferecer ao produtor associado informações relativas à origem e regiões mais atacadas para orientar quanto ao combate e também quanto ao cumprimento do Vazio Sanitário. As primeiras visitas, com objetivo de aconselhamento, são realizadas ainda na fase da colheita, visando à próxima safra.

Com antecedência mínima de 60 dias antes do plantio ocorre a primeira visita executiva do técnico da AMIPA para a instalação das armadilhas e iscas de feromônio, cuja distância entre elas e a quantidade são determinadas após definição dos talhões pelo produtor e análise do histórico das infestações na safra anterior.

A partir daí, o produtor realiza o monitoramento dos resultados do armadilhamento, faz a troca das pastilhas a cada 15 dias e o tratamento químico se necessário. Os dados apurados são registrados e enviados semanalmente à A M I P A p a r a a c o m p a n h a m e n t o , alimentação e montagem do histórico do combate. A cada 30 dias, o técnico da Associação visita a propriedade até que seja finalizado o histórico e fornecida a orientação final ao produtor, em uma última visita antes do plantio.

FASES DO COMBATE AO BICUDO

CAOS

CONTROLERedução da abundância e densidade com o intuito de manter o dano num nível aceitável.

SUPRESSÃOAplicação de medidas fitossanitárias numa área infestada para reduzir as populações de praga. Para obtê-la seria necessário, no mínimo, de:

fazer o controle nos 12 meses, com ou sem algodão;

utilizar as armadilhas e tubos durante toda a safra;

utilizar armadilhas na entressafra;cumprir com retidão o Vazio Sanitário;partir de um histórico consistente para

planejamento de ao menos duas safras anteriores;

no caso de Minas Gerais, avaliar a possibilidade de medidas regionalizadas e por isso mais eficazes.

ERRADICAÇÃOAplicação de medidas fitossanitárias para eliminar uma praga de uma área - atual estágio de combate nos EUA e no México.

(Fontes: Workshop ABRAPA 2009 e AMIPA.)

Ø

Ø

Ø

Ø

Ø

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2,89

1,23

6,78

0,32

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7

Alto Paranaíba Triângulo

Mineiro

Noroeste Norte de Minas

Alto Paranaíba

Triângulo Mineiro

Noroeste

Norte de Minas

Índice de captura bicudo/armadilha/semana

Safra 2009/2010

ÍNDICE DE CAPTURA BICUDO/ARMADILHA/SEMANA

SAFRA 2009/2010

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3 Informativo Técnico Março-Abril 2010 AMIPA

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Nataniel Diniz NogueiraGerente de DefesaSanitária Vegetal do IMA

«O Vazio Sanitário é um período destinado a garantir total ausência de plantas vivas nas lavouras de algodão, excluindo-se as áreas destinadas à pesquisa científica e à produção de semente genética, que são devidamente monitoradas e controladas e dependem de prévia autorização do IMA, formalizada com a assinatura do Termo de Compromisso e Responsabilidade pelo interessado», informa Nataniel Nogueira.

«A vigência em 2010 será de 20 de agosto a 20 de outubro, definida em decorrência das reuniões da Câmara de Defesa Agropecuária de Minas Gerais, do IMA, com os representantes do setor produtivo de cada região mineira. Esse período, em geral, coincide com o término do plantio e naturalmente inexistem plantas, somente os restos da cultura, favorecendo o combate ao bicudo, já que o mesmo necess i ta das p lantas para sua reprodução. Daí a importância de se eliminar os restos de plantas e soqueiras. Segundo pesquisas realizadas pela Embrapa e Epamig, o período de 60 dias seria suficiente para atingir os objetivos», complementa.

Segundo Nataniel, «apesar de serem evidenciadas as regiões do Triângulo, Alto Paranaíba, Norte e Nordeste de Minas Gerais, o Vazio Sanitário deve ser obrigatoriamente observado em todo o Estado e considerando-se as exceções previstas na Portaria 1.019, de 13/10/09".

Na sua opinião, o Vazio Sanitário do algodão é um método novo de controle que deve contar com o apoio e a participação dos produtores e a sua eficácia foi confirmada pelo sucesso da medida com a soja, na qual houve significativa redução da incidência da ferrugem asiática, reduzindo também o uso de agrotóxicos e aplicações».

Para o Gerente de Defesa Sanitária Vegetal do IMA, «as principais vantagens na implantação em Minas Gerais serão o efetivo controle do bicudo e a redução da sua população, implicando em menores custos para produzir e menor prejuízo para o produtor. Por outro lado, a medida depende da completa adesão dos produtores, tanto na eliminação das soqueiras quanto das rebrotas e das plantas vivas remanescentes para produzir esses resultados. É essencial que o cotonicultor atue em conjunto com o Governo Estadual, entendendo que a medida visa fundamentalmente à proteção econômica de todos os produtores mineiros».

«Já a fiscalização terá como princípio verificar nas propriedades se existem plantas de algodão nascidas ou plantadas no período estabelecido pela Portaria. Em caso positivo, será feita notificação ao produtor para a erradicação das plantas no prazo de 10 dias. Se não for cumprido, será lavrado auto de infração, abrindo-se processo administrativo contra o produtor», explica Nataniel.

Segundo ele, neste primeiro ano de implantação do Vazio, o principal resultado esperado pelo IMA é que a medida seja eficaz e atinja o setor produtivo, apesar das diferentes tecnologias utilizadas nas regiões mineiras, que podem acarretar ligeiros descompassos quanto às datas finais de colheita.

Tal possibilidade é prevista no parágrafo o o4 , do Artigo 3 , da Portaria: «...se houver

prolongamento do ciclo da cultura e consequente atraso na colheita, a AMIPA emitirá laudo da lavoura e comunicará a oco r rênc ia ao IMA , to rnando -se responsável pela orientação ao produtor sobre a necessidade de maiores cuidados com a lavoura».

Nataniel informa também que «em 2010, teremos em julho o Vazio da soja e em agosto o do algodão, cuja divulgação será realizada pelo Setor de Comunicação do IMA, em campanha publicitária a ser veiculada em rádio e complementada pela distribuição de cartazes e folhetos».

José Ednilson MirandaPesquisador da Embrapa

Para José Ednilson Miranda, «as dificuldades para a implantação poderão surgir das próprias possibilidades do produtor, das condições de cada região e do regime climático, de problemas e circunstâncias do manejo e do mau planejamento ou inobservância da lei».

Ele afirma que «é necessário alcançar um só pensamento de produção e levar a sério todas as medidas fitossanitárias, pois o bicudo é um dos principais gargalos da cultura do algodão: um único vizinho que não participe pode fazer tudo ir por água abaixo, caracterizando-se como a ‘maçã estragada’ do balaio».

Para o Pesquisador, o prazo de duração poderá ser um obstáculo, pois o período ideal seria de 70 a 90 dias, com base em experiências anteriores com a soja, e também há a necessidade de constante esclarecimento e informação do produtor, para respeitar os prazos e atender às determinações da Portaria 1.019, do IMA.

Quanto aos principais benefícios, José Ednilson destaca que «trata-se de um trabalho coletivo e de investimento no futuro: repercute na safra seguinte e possibilita o retorno econômico, se realizado de modo eficiente».

Ele acrescenta ainda que «o bicudo conta com alimentos alternativos, mas o algodão é o único que permite a sua reprodução. No final da safra, a população do bicudo torna--se fragilizada em função do alimento ruim disponível, o que aumenta a eficácia da medida».

Concluindo, Miranda ressalta que «a limpeza do campo e a adesão ao Vazio Sanitário, aliadas aos controles químicos em final de ciclo, impactam a população de insetos impedindo que ela retorne mais volumosa, melhorando, portanto, as condições para as próximas safras. Ou seja: a atual safra já está ganha; mas o controle no final de safra, reforçado pelo Vazio Sanitário, garante a safra do ano que vem».

Para mais informações, o produtor poderá contatar o IMA, em Belo Horizonte, nos telefones (31) 3235-3440 e 3235-3447 e nos e-mails

[email protected] e [email protected].

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4 Informativo Técnico Março-Abril 2010 AMIPA

INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA

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oPORTARIA N 1019, DE 13 DE OUTUBRO DE 2009.

ESTABELECE PROCEDIMENTOS PARA O VAZIO SANITÁRIO DO ALGODÃO NO ESTADO DE MINAS GERAIS.

O DIRETOR GERAL DO INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA - IMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo o13, incisos I e IX do Regulamento a que se refere o Decreto n 44.611, de 10 de setembro de 2007,

considerando a importância sócio-econômica da cultura do algodão para o Estado de Minas Gerais;considerando os prejuízos que a praga Anthonomus grandis, vem ocasionando à economia do Estado;considerando que a manutenção de áreas com o cultivo permanente do algodão, mantém o inseto ativo;

oconsiderando a Instrução Normativa n 44, de 29 de julho de 2008 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

oconsiderando as disposições da Resolução n 1.021 de 30 de setembro de 2009, do Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e

oconsiderando o que estabelece a Lei Estadual n 15.697, de 25 de julho de 2005,

RESOLVE:

oArt. 1 - Ficam instituídas medidas fitossanitárias para a prevenção e o controle do Bicudo do Algodoeiro no Estado de Minas Gerais.oArt. 2 - Todo produtor de algodão (proprietário, arrendatário ou ocupante a qualquer título das propriedades produtoras) deverá cadastrar-se junto

ao IMA, a cada safra, as áreas plantadas, com no mínimo um ponto geo-referenciado da propriedade, até 60 dias após o término do plantio.

o§1 - Todo produtor que plantou algodão no ano agrícola 2008/2009, deverá comunicar ao IMA, até a data de início do vazio sanitário, a (s) área (s) plantada (s).

oArt. 3 - É obrigatório o cumprimento do Vazio Sanitário para a cultura do algodão em Minas Gerais no período de 20 de agosto a 20 de outubro de cada ano.

o§1 - Entende-se por vazio sanitário o período de ausência total de plantas vivas de algodão, excluindo-se as áreas de pesquisa científica e de produção de semente genética, devidamente monitoradas e controladas.

o§2 - É de responsabilidade do produtor, proprietário, arrendatário ou ocupante a qualquer título da propriedades produtoras de algodão a eliminação das plantas de algodão durante a vigência do vazio sanitário.

o§3 - O produtor, proprietário, arrendatário ou ocupante a qualquer título das propriedades produtoras de algodão deverá fazer a eliminação dos restos culturais ou soqueira de algodão no prazo de 15 dias após a colheita.

o§4 - Quando ocorrer prolongamento do ciclo da cultura que cause o atraso na colheita com possibilidade de entrar no período do vazio sanitário, a Associação Mineira dos Produtores de Algodão - AMIPA fará laudo da lavoura e comunicará a ocorrência ao IMA.

o§5 - As propriedades incluídas no parágrafo anterior serão monitoradas pela AMIPA e fiscalizadas pelo IMA até a colheita e arranquio de soqueira, ficando neste período isentas de sanções.

oArt. 4 - O IMA poderá autorizar a semeadura e a manutenção de plantas vivas de algodão, quando solicitado pelo interessado através de requerimento e mediante assinatura de Termo de Compromisso e Responsabilidade, nas seguintes situações:I - Plantio destinado à pesquisa científica;II - Plantio destinado à produção de semente genética.

o§1 - O cumprimento do Termo de Compromisso e Responsabilidade será fiscalizado pelo IMA.o o§2 - O prazo para análise, parecer e definição de autorização ou não de plantios nos termos do artigo 4 , será de 30 dias da data da

solicitação.o o

Art. 5 - Para execução de atividades citadas no artigo 4 , o interessado deverá apresentar requerimento ao IMA, juntamente com o «Plano de Trabalho Simplificado», até 30 de abril de cada ano, contendo as seguintes informações:

o§1 - Do requerente:I - nome;II - endereço;III - área (s) indicada (s) para o desenvolvimento da atividade, com dados geo-referenciados.

o§2 - Do técnico responsável:I - nome;II - endereço;III - variedade e/ou linhagem a ser cultivada;IV - o detalhamento dos processos de controle fitossanitário do Bicudo do Algodoeiro ou de contenção da disseminação de Anthonomus grandis.

o§3 - O Plano de Trabalho Simplificado será encaminhado ao IMA juntamente com justificativa fundamentada que será submetido a análise e recomendação do Grupo Técnico de Trabalho do Controle do Bicudo do Algodoeiro, até 30 de maio de cada ano.

oArt. 6 - O vazio sanitário de que trata esta portaria terá início em 20 de agosto de 2010 e os procedimentos de plantio já se aplicam à safra

2009/2010.o oArt. 7 - O descumprimento do disposto nesta Portaria sujeitará os infratores, além de multa e demais sanções previstas no artigo 11 da Lei n

15.697, de 25 de julho de 2005, que dispõe sobre defesa sanitária vegetal no Estado, às sanções civil e penal cabíveis.oArt. 8 - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Belo Horizonte, 13 de outubro de 2009.