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Universidade de Coimbra – Faculdade de Ciências e Tecnologia

Indisciplina ii

Disciplina: Psicologia Educacional I

Docente: Dr.ª. Ana Marques

Discentes:

Ana Alexandra Nunes

Ana Carla Alves

Francisco Leitão

Hélio Palrilha

Lúcia Bilro

Sandra Alves

________________________________________________________________

Coimbra, Novembro de 2003

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Indisciplina iii

“É a unicidade das nossas experiências Que torna a vida

Digna de ser vivida.”

Karl Popper

“A tarefa da educação é a iluminação da consciência, mediante a vivência do

conhecimento que se transmite”.

Paulo Freire

“queiramos ou não, o problema da disciplina é preocupação

constante da escola e do professor”.

NÉRICI (1960, p. 311)

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Indisciplina iv

Índice

Nota Introdutória ………………………………………………………………………………………………………1

Fundamentação Teórica

1.(In) disciplina, um conceito em constante mutação........................3

2.Causas de indisciplina………………………………………………………………………….……..…..4

2.1.Comportamentos com origem na instituição escolar…………………………………….……….4

2.2 Comportamentos com origem nos professor………………………………………….………………….5

2.3.Comportamentos com origem na família……………………………………………………………….…….7

2.4.Comportamentos com origem no aluno………………………………………………………………….…….8 2.4.1 Comportamentos relacionados com o sexo…………………………….………..……..8 2.4.2 Comportamentos relacionados com a personalidade do

aluno…..………………………………………………………………………………………………………………………………………………..8 2.4.3 Alunos super dotados………………………………….……………………………………………………….9

2.5. Comportamentos com origem do sistema educativo………………………………………….10

Análise Prática

1. Instituição…………………………………………………………………………………………………….………12

1.1. Recursos Humanos……………………………...……………………………………………………………………………12

1.2. Recursos Técnicos……………………………………………………………………………………………..……………..12

1.3. Recursos Financeiros………………………………………………………………………………………….….………..13

2. Metodologia……………………………………………………………………………………….……………….14

2.1.Objectivos………………………………………………………….………………………………………………………………………14

2.2. Amostra…………………………………………………………………………………………………………………………..……….14

2.3.Instrumento……………………………………………………………………………………………………………………………..14

2.4.Procedimento…………………………………………………………..…………………………………………………………….15

2.5. Apresentação e Interpretação dos resultados obtidos ……………………………………..15

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Indisciplina i

3. Intervenção na situação/problema……………………………………………….………….19

3.1. Identificação da área problemática…………………………………………………………………..…...….19

3.2. Plano de intervenção………………………………………………………………………………………………………….20

4. Intervenção do Professor…………………...…………………………………………….…………21

5. Conclusão…………………………………………………………………….………………………………..….22

6.Bibliografia…………………..…………………………………………………………………………………….…23

Anexos

Anexo I……………………………………..………………………………………………………………… ……….….25

Anexo II…………………………………….…………………………………………………………………….…….….23

Anexo III………………………………….…………………………………………………………………………….….32

Anexo IV………………………………..……………………………………………………………… …………….….33

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Indisciplina ii

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Indisciplina 1

Nota Introdutória

A indisciplina é um dos principais problemas da escola actual e um dos maiores

problemas com que se confrontam todos os docentes. Esta é o reflexo de conflitos e de

violência que perpetuam a sociedade. As causas da indisciplina advêm de factores de

origem biológica, psicológica ou social, no entanto, importa referir outras causas,

nomeadamente, a instituição, o sistema, o professor, os alunos, a família,... Contudo,

não devemos esquecer que devido à interacção daqueles factores, não podemos ser

negligentes isolando alguns deles.

Não temos intenção de discutir causas, consequências, definir conceitos e

estratégias de indisciplina na sala de aula, pois a nossa formação, os nossos

conhecimentos a nível sociológico, psicológico e até mesmo pedagógico são limitados,

enquanto futuros professores. O nosso interesse está centrado numa análise e num

estudo mais cuidado dos problemas que se prendem com a questão da disciplina /

indisciplina nas escolas.

Deparando-nos com este cenário instaurado na sociedade, e sendo um problema

actual, elaboramos o nosso trabalho, dividindo-o em duas partes:

Iniciamos com uma abordagem ao tema em questão, mencionando os

aspectos mais relevantes para uma futura intervenção na situação/

problema.

Na segunda parte, para uma avaliação da situação/problema e

comprovação dos factos, recorremos a um questionário, dirigido a trinta

docentes a fim de conhecermos diferentes posições em relação a este

tema, além disso, é sempre conveniente conhecer o reverso deste

comportamento, uma vez que sendo desviante necessita de um

encaminhamento para uma atitude mais compreensiva e mais sólida pela

sociedade em geral.

Depois de uma abordagem tanto a nível teórico como prático deste fenómeno,

concluímos com o Plano de intervenção, conscientes que a escola é hoje caracterizada

“instável”, sujeita à mutabilidade imposta pela sociedade onde as regras nem sempre

são controláveis e elucidativas.

Aquando a realização deste trabalho, ficou patente que a indisciplina resulta de

um conjunto de estímulos e reacções que advém do meio em que o indivíduo está

inserido.

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Indisciplina 2

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Indisciplina 3

1.(In) disciplina, um conceito em constante mutação

Antes de procurar uma definição de indisciplina é necessário, em primeiro lugar, a

tomada de consciência que este conceito é muito vago, impreciso e que não se define

por si. Surge como uma negação de qualquer acto, seja uma norma, valor social aceite

ou uma regra arbitrariamente imposta.

Indisciplina está intimamente relacionado com o conceito de disciplina e tende

normalmente a ser definido pela sua negação ou privação ou pela desordem proveniente

da quebra das regras estabelecidas. Ao nível do contexto escolar, segundo Veiga (1992),

a violação das regras é denominada “disrupção escolar”. O autor define então disrupção

escolar como o “conjunto dos comportamentos escolares disruptivos, sendo estes

definidos como a transgressão das normas escolares, prejudicando as condições de

aprendizagem, o ambiente de ensino, ou o relacionamento das pessoas na escola”.

Segundo Magalhães (1992), comportamentos disruptivos, indisciplinados ou desviantes

assumem o mesmo significado e também diz estarem intimamente associados ao

conceito de indisciplina. Em geral, os professores consideram indisciplina os

comportamentos que perturbam as suas funções ou as dos alunos, bem como, os actos

que visam directamente pôr em causa a sua autoridade.

A educação tem como objectivo a inserção do indivíduo numa sociedade

ordenada e coerente. Assim, aprendizagem é interiorização de regras prescritas

socialmente com um fim educativo, por isso, essa aprendizagem é ao mesmo tempo uma

condição de exercício da acção educativa, bem como, uma acção pedagógica ligada às

aprendizagens institucionalmente organizadas.

A evolução do conceito de disciplina como fim e meio educativo está ligada à

mutabilidade da sociedade e do sistema educativo.

A carga ético-religiosa ligada ao conceito de disciplina perdurou no século

passado, apesar do laicismo que abria caminho nos países ocidentais. Ela tende a

desvanecer-se gradualmente neste século, com as novas concepções educativas que

põem em causa a educação tradicional e os seus fundamentos filosóficos e com a

modificação das condições de vida a que não foram alheios os conflitos mundiais.

Com efeito, a formação do cidadão responsável, livre e participante na sociedade,

impõe que ele seja educado como homem livre, por e para a democracia. É com esta

concepção, preconizada pela Escola Nova, de educação da liberdade e da

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Indisciplina 4

responsabilidade que a noção de disciplina deixa de estar ligada a termos como coerção

para passar a associar-se a auto-controlo. É a conquista progressiva da autonomia pela

educação e por conseguinte, da auto-disciplina. Neste sentido, Estrela (1986) citado por

Ilda Rocha (1999) afirma que “a auto-disciplina favorece a educação moral, social e

intelectual, pois assenta na participação, na iniciativa, na cooperação e no interesse.”

2.Causas de indisciplina

2.1.Comportamentos com origem na instituição escolar

“Nas duas últimas décadas, a descontinuidade cultural entre a escola e a família

tem vindo a ser apontada como um factor relevante do insucesso escolar” (Heath, 1982;

Ogbu, 1978; Seeley, 1985). Nessa perspectiva, muitos estudos desenvolvidos em vários

países do mundo e, também, em Portugal têm demonstrado as vantagens duma

colaboração mais estreita com as famílias e as comunidades.

Há diversas variáveis relacionadas com o comportamento indisciplinar do aluno,

no entanto as mais importantes são sem dúvida as condições da escola e a percentagem

de alunos com desvantagens económicas. Por outro lado, as variáveis associadas a uma

menor frequência de comportamentos de indisciplina são: a disciplina justa, as acções

mais severas face a provocações para com outros alunos, as escolas mais pequenas e o

menor tempo de permanência do professor no corpo docente da escola.

O problema na falta de continuidade entre a escola e a vida, os objectivos dos

alunos, por um lado e os do professor por outro, determinam manifestações de

agressividade e violência na escola por parte dos alunos. Estes ocorrem porque os

alunos não encontram nela o que desejam a nível de conteúdos e organização. A escola

impõe normas e padrões de comportamento que, por vezes, são difíceis e incompatíveis

com a vivacidade dos alunos nas idades em que a frequentam.

Hoje defende-se uma escola que permita aos jovens viver a escolaridade como

um momento fundamental no desenvolvimento da sua personalidade que se assuma

como um espaço de aprendizagem de formação e desenvolvimento de espírito crítico, da

criatividade, da solidariedade, do respeito pelo outro e pela diferença, de fomento de uma

intervenção cívica consciente e responsável.

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Indisciplina 5

2.2 Comportamentos com origem nos professores

O ensino é um processo imensamente complexo que envolve um conjunto de

factores. A sala de aula é caracterizada por varias características sendo as principais a

multidimensionalidade, a simultaneidade, o imediatismo e a imprevisibilidade. Face a

esta complexidade, adicionando problemas de indisciplina, o professor, incapaz de

resolver algumas situações, vê-se obrigado a recorrer a “receitas” que quase sempre se

revelam eficientes quando aplicadas a situações concretas. Segundo vários autores, o

professor com pouca experiência enfrenta um dos maiores problemas dentro da sala de

aula que é a criação de um ambiente favorável à aprendizagem.

Para além da função de prevenir e controlar os comportamentos de indisciplina, o

professor pode ser um dos grandes responsáveis pelo aparecimento de comportamentos

inapropriados. A principal causa está no facto dos professores concordarem que os

alunos deveriam aprender a disciplinar-se e controlar-se, ao invés disso tendem mais a

impor a indisciplina do que a ajudá-los a desenvolvê-la por si mesmos.

Não queremos que existam professores que desenvolvam qualquer acção para

voluntariamente desestabilizarem a aula, mas através de certas actividades inadequadas

à situação dos alunos; actividades mal organizadas; má gestão do tempo de aula; certas

situações para controlar situações de indisciplina; etc., o professor vai provocar

involuntariamente a ocorrência de comportamentos inapropriados.

Quanto ao último aspecto, é elucidativa a afirmação de Maria T. Serafim (1990), ao

dizer que "um dos erros mais comuns dos professores que iniciam a sua carreira é de

procurarem eliminar completamente qualquer comportamento indisciplinado. O que pode

acontecer nesta situação é reforçarem involuntariamente (em vez de fazer desaparecer),

os maus comportamentos. Uma atitude de permanente censura a um jovem que está

sempre a falar ou a brincar com os colegas pode levar o jovem em questão a insistir no

seu comportamento, porque isto faz dele o centro das atenções, o que para ele é

gratificante”. Contudo o comportamento das crianças também não pode ser manipulado

na base de «tudo ou nada».

Num extremo encontram-se aqueles professores que por falta de confiança,

ansiedade ou timidez denunciam perante os alunos uma personalidade frágil, insegura

ou demasiado benevolente. Segundo David Fontana (1986), essa personalidade

manifesta-se através de:

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Indisciplina 6

- Falta de consistência quando se dirige aos alunos

- Lentidão com que actua

- Imprecisão do seu vocabulário

- Incapacidade de resposta a situações imprevisíveis

Os alunos, ao aperceberem-se da fragilidade ou exagerada permissividade do

professor, perdem o respeito por este e tentam apoderar-se do controlo da aula

atingindo, por vezes, proporções que dificultam fortemente a recuperação desse controlo

por parte dos professores.

Um outro extremo na personalidade dos professores refere-se aos que tentam

impor a todo o custo uma personalidade forte e imperturbável. Só que, em muitos casos,

para se conseguir atingir esses objectivos adopta-se uma postura caracterizada pela

dureza, insensibilidade, distanciação dos alunos ou mesmo de ditadura. Este tipo de

personalidade pode originar as seguintes consequências:

Os alunos podem criar medo do professor, o que lhes vai impedir de manter

uma atitude de participação, interesse e criatividade, perdendo

completamente o gosto pela disciplina. Este facto vai provocar uma

diminuição no rendimento da aprendizagem, uma degradação do clima da

aula e uma desmotivação completa por parte dos alunos.

Contrariamente ao anterior, os alunos podem perder o respeito pelo

professor, devido ao facto deste emitir repetitivamente feedbacks negativos,

que a partir de dado momento deixam de ter impacto e os alunos ganham

"imunidade" a esses feedbacks, deixando de lhes dar atenção. Nessa

situação os alunos começam a verificar que a dureza do professor não traz

qualquer consequência e começam a testá-lo para ver até onde ele pode

chegar.

O professor de sucesso usufrui do diálogo com os alunos para transmitir aspectos

curriculares ao contrário de outros que só se preocupam em “dar” a matéria, sem se

preocuparem minimamente com os alunos. O professor que valoriza na sala de aula a

dimensão relacional e académica apresenta uma melhor relação com os alunos do que o

professor que se centra apenas numa das dimensões. As crianças desenvolvem

comportamentos e atitudes mais positivas quando a relação com o professor é mais

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Indisciplina 7

calorosa. Uma escola perfeita é aquela onde o professor aceita a opinião do aluno,

mesmo que diferente.

2.3.Comportamentos com origem na família

Nos primeiros anos de vida da criança, a grande responsável pela formação da

personalidade e carácter é, sem dúvida, a família. A completar esta formação, a escola

terá seguramente um papel fundamental na formação futura.

A indisciplina do aluno poderá ter antecedentes familiares, isto é, se o aluno se

confronta diariamente com cenas de violência em casa, terá tendência a trazer essas

recordações para a escola.

As características sócias – económicas dos alunos podem interferir na conduta dos

mesmos e no controlo da aula em variadíssimas formas. A sua influência pode ir desde

as condições de alimentação e habitação até à atitude que o professor tem perante

alunos pobres e alunos ricos.

As diferenças de nível cultural dos alunos são também o reflexo das características

culturais do meio, principalmente, do agregado familiar.

Na realidade, as diferenças do nível cultural do meio onde os alunos habitam são

perfeitamente observáveis através dos comportamentos destes.

As insuficiências culturais dos diversos meios são de ordem variável:

- Meios com elevada taxa de analfabetismo;

- Meios em que a comunicação social é mínima;

- Meios em que as actividades predominantes não possuem uma componente

cultural razoável.

No entanto, existem outros meios onde as condições são completamente

diferentes, meios com um nível de cultura elevado.

Como é natural, estes diferentes níveis de cultura vão reflectir-se nos

comportamentos e na conduta dos alunos. Portanto, normalmente, a conduta que os

alunos de um meio adoptam vai ser diferente da dos outros alunos do outro meio.

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Indisciplina 8

Todas estas diferenças de cultura não podem ser vistas separadamente, ou seja,

em muitos casos o nível cultural está extremamente dependente das condições sócio –

económicas.

2.4.Comportamentos com origem no aluno

2.4.1 Comportamentos relacionados com o sexo

Geralmente, diz-se que as meninas são mais fáceis de controlar que os meninos,

embora se reconheça e aceite a indisciplina mais acentuada nos meninos. Isto deve-se

ao facto da sociedade considerar que os meninos possuem por natureza um carácter

mais irrequieto. Uma das hipóteses apontadas para tal facto é que as raparigas, antes de

praticarem uma acção, ajuízam as consequências e têm um temperamento prudente ao

contrário dos rapazes, que praticam um determinado acto com finalidades de obter

prazer ou benefícios materiais.

Na realidade, estes aspectos relativos ao controlo dos alunos não são assim tão

lineares pois existem vários factores que os podem fazer variar.

2.4.2 Comportamentos relacionados com a personalidade do aluno

Um dos aspectos bastante importantes, ou mesmo o mais importante, está

relacionado com a personalidade de cada aluno. De facto, a personalidade, o carácter de

cada um pode ser a principal causa dos comportamentos inapropriados ou apropriados.

A idade é apontada como uma das variáveis mais importantes no que concerne à

indisciplina. Num determinado comportamento de indisciplina, que envolva crianças de

diferentes idades, do ponto de vista do professor, a criança mais velha é julgada

negativamente. No entanto, o facto de vários alunos se situarem na mesma faixa etária

não significa que reajam da mesma maneira, pois há diferenças inter individuais que

motivam diferentes comportamentos e, além disso, uma mesma criança reage de

maneira diferente dependendo da situação com a qual ela é confrontada.

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Indisciplina 9

2.4.3 Alunos super dotados

O caso dos alunos super dotados, possuidores de um QI igual ou superior a 140,

apesar de ter por base aspectos extremamente positivos, pode causar bastantes

problemas.

Os problemas que costumam surgir com maior frequência podem ser a motivação e

o conflituo.

Quando os alunos estão num nível muito superior ao da generalidade da turma, se o

professor não tiver o devido cuidado, pode ocorrer com muita frequência a desmotivação

relativamente às tarefas propostas e mesmo desinteresse pela matéria leccionada. Ou

seja, se um aluno for colocado perante tarefas que já realizou, que já domina, onde não

existe nada para ele descobrir ou explorar, o mais natural é que ele se desmotive e se

desinteresse pela tarefa, levando-o a adoptar uma atitude de contestação, rejeição ou

passividade. As consequências dessa atitude são normalmente o aparecimento de

comportamentos fora da tarefa ou comportamentos desviantes.

Um outro problema que pode surgir com bastante frequência é o conflito entre

esses alunos, os colegas e professores. Muitas vezes pensam que são os melhores da

turma, os mais espertos e que os seus colegas são muito fracos (complexo de

superioridade), então adoptam uma postura de constante crítica negativa e destrutiva

relativamente às acções realizadas pelos colegas. São aqueles alunos que se riem e

fazem troça dos colegas quando estes falham em qualquer tarefa, criando assim atritos e

confrontos entre ambos, destabilizando a aula.

Os conflitos com o professor acontecem devido ao facto de estes alunos

possuírem uma criatividade que em alguns aspectos ultrapassam o próprio professor. Se

eles se aperceberem desse facto vão procurar constantemente encontrar métodos de

trabalho que superem os do professor e falhas ou erros que este cometa. A partir do

momento em que conseguem atingir esse objectivo, ficam em constante alerta, à espera

que o professor falhe para o poderem criticar ou mesmo fazer troça.

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Indisciplina 10

2.5. Comportamentos com origem no sistema educativo

Comportamentos originados pela "escola" como instituição e como reflexo do sistema

educativo

A escola tem uma grande influência no comportamento dos alunos, tanto pelas

características próprias da instituição, já explicitadas em 2.1., como pelas características

do processo ensino/aprendizagem, o qual traduz o respectivo sistema educativo.

Como se sabe, é através da escola e mais directamente através das aulas que se

fazem sentir as características do sistema de ensino, logo serão os alunos e os

professores a suportarem as consequências negativas ou positivas do sistema,

reflectindo-se principalmente no comportamento e rendimentos dos alunos.

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Indisciplina 11

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Indisciplina 12

1. Instituição

A escola que optámos para a realização dos inquéritos foi a Escola E.B. 2,3 da

Gafanha da Nazaré. Esta escola encontra-se no distrito de Aveiro, concelho de Ílhavo.

Nela são leccionados todos os anos desde o 5º até ao 9º. Podemos verificar, pelos

valores mencionados nos Recursos Humanos, que se trata de uma escola relativamente

pequena.

1.1. Recursos Humanos

- Direcção Executiva

- Conselho Pedagógico

- 80 Professores

- 20 Funcionários

- 700 alunos

- 1 Psicóloga (full-time)

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1.2. Recursos Técnicos

- Pavilhão Gimnodesportivo

- Bar

- Cantina

- Biblioteca

- Sala de conferências

- Sala de computadores

- Espaços amplos ao ar livre

- Espaços verdes

- Campo de futebol

- Serviço de Acção Social

- Centro de Cópias

- Salas de estudo

- Papelaria

1.3. Recursos Financeiros

- Receitas obtidas do bar, da papelaria e centro de cópias

- Financiamento do Estado

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Indisciplina 14

2. Metodologia

2.1.Objectivos

Com a realização deste trabalho de investigação pretendemos atingir os seguintes

objectivos:

o Mostrar a necessidade premente de reflectir sobre a indisciplina;

o Caracterizar a indisciplina, suas causas e seus efeitos;

o Conhecer as opiniões dos docentes no processo de ensino/aprendizagem

o Procurar “fazer a ponte” entre a escola, a família e o aluno no sentido de minorar

a problemática da indisciplina.

2.2. Amostra

Este trabalho tem como amostra trinta professores do segundo e terceiro ciclo, a

leccionar na Escola E. B. 2,3 da Gafanha da Nazaré, as suas idades variam entre os 23 e

os 49 anos de idade e o tempo de serviço oscila entre 1 e 23 anos.

2.3.Instrumento

Em muitos discursos sobre esta temática, é frequente a procura de culpados para os

poder responsabilizar ou mesmo punir, sejam eles os jovens que “não têm regras”, os

pais que “não sabem educar”, ou os professores que “não sabem impor a disciplina”.

Parece-nos, no entanto, bem mais importante procurar perceber as causas de certos

comportamentos e atitudes, que são, certamente, muitas e variadas, exteriores e

interiores à escola, no sentido de nelas intervir, prevenindo os fenómenos de indisciplina.

Face a este problema consideramos importante recolher a opinião de vários docentes

através de um questionário pluridimensional, composto por 20 questões de resposta

likert. Como futuros professores, a nossa escolha recaiu sobre os docentes e além disso

são eles que se confrontam diariamente com comportamentos disruptivos.

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Indisciplina 15

O presente questionário tem como objectivo fazer um levantamento das opiniões

dos professores sobre os vários factores causadores de comportamentos inapropriados,

e também saber quais os focos de maior incidência que influenciam o comportamento na

sala de aula. O presente trabalho foi realizado numa escola tendo como base o tema da

indisciplina.

2.4.Procedimento

Após termos escolhido o tema do trabalho a realizar, elaborámos os

questionários e direccionámo-los aos professores com o intuito de fazer uma apreciação

geral dos referidos questionários.

Posteriormente distribuíram-se pela amostra, analisaram-se as questões e fez-

se um balanço. Além disso, procurámos realçar as dimensões que considerámos mais

pertinentes, bem como as questões que mais se enfatizaram dentro de cada dimensão.

2.5. Apresentação e Interpretação dos resultados obtidos

- Causas da indisciplina distribuídas pelas diferentes dimensões

Dimensão Média Desvio Padrão

Não

Concordo

Concordo

Parcialmente

Concordo

Totalmente

Não

Concordo

Concordo

Parcialmente

Concordo

Totalmente

Sócio-

cultural

4.33 11.50 14.17 6.83 7.06 10.32

Família 3.20 9.00 17.80 5.22 8.43 12.74

Instituição

Escolar

1.60 20.00 8.40 2.19 2.00 0.89

Professores 2.75 19.38 7.88 3.99 3.78 4.19

Alunos 2.75 13.50 13.75 2.06 8.74 10.44

Sistema

Educativo

8.57 10.57 10.86 8.75 4.43 10.14

Tabela nº1 – Média e Desvio Padrão das Dimensões

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Indisciplina 16

De acordo com a tabela nº 1, após uma análise dos resultados obtidos,

elaborámos um comentário para cada dimensão com o intuito de melhor entendermos a

opinião dos docentes e podermos realçar a dimensão com maior ênfase.

No âmbito da dimensão sócio-cultural é sabido que existe uma multiplicidade de

contributos que convergem na educação das crianças, desde os que são originários dos

pais até aos que são originários dos amigos, passando, com a devida acentuação, pelos

que decorrem da acção directa da escola.

Através dos resultados expressos na tabela concluímos que os docentes atribuem

uma grande importância ao meio sócio-cultural demonstrando-o através da maior

percentagem de resposta no “concordo totalmente”.

Os valores dominantes do meio são aqueles que as crianças vão recolhendo e

interiorizando, manifestando-se exteriormente através do comportamento e natureza

linguística.

Na dimensão familiar, a nossa opinião é que, nas duas últimas décadas, a

descontinuidade cultural entre a escola e a família tem vindo a ser apontada com o factor

relevante da indisciplina escolar.

A família ocupa, para os docentes questionados, um lugar de destaque e de real

importância nos comportamentos disruptivos das crianças.

Os professores consideram que muitos dos problemas que os alunos enfrentam na

escola têm origem no ambiente familiar e no facto dos pais se demitirem,

frequentemente, do seu papel de educadores. O seu desinteresse leva-os a encarar a

escola como um depósito: entregam os filhos na escola mas não a valorizam, não são

capazes de os apoiar nos seus trabalhos escolares nem impor um mínimo de regras

necessárias à vida escolar, não compram livros nem jogos educativos, estão ausentes e

deixam os filhos entregues a si próprios ou a ver televisão.

Assim, quase todos os professores questionados atribuem aos pais a

responsabilidade pela ausência de envolvimento, interpretando essa ausência como

desinteresse.

Focando a dimensão instituição escolar, é inquestionável que a escola se abra a

todos e que todos aí devem ter lugar, mantendo a sua individualidade. A escola tem de

encontrar modos de funcionar e respostas diferentes, encarando com frontalidade que já

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Indisciplina 17

lá vai o tempo em que apenas frequentavam as escolas alunos socialmente

seleccionados. Actualmente, a escola tem de aprender a trabalhar com aqueles que lá

entram sem as competências sociais que ela tanto preza.

Os docentes questionados consideram que a instituição escolar é importante, não

tendo, no entanto, tanta relevância como as outras dimensões, atribuindo-lhe o quinto

lugar.

Espera-se que a escola, para dar resposta ao que dela se exige, disponha de

espaços não só de ensino, mas também de lazer e convívio, porque é lá onde os alunos

passam muitas horas das suas vidas em processo de formação.

Em relação à dimensão centrada nos professores achamos que os actos de

indisciplina são sentidos por estes não só como modos de obstrução do seu trabalho,

impedindo a tranquilidade da aula, mas também como uma ofensa ao instituído,

traduzindo falta de consideração e respeito.

Os professores devem estar preparados para viver com a indisciplina. Para tal

terão de estudar, analisar situações/problemas e experimentando estratégias. Enquanto

futuros professores, pensamos que seria bom que tal estudo fosse uma componente dos

currículos da nossa formação inicial e contínua, para que estejamos preparados para

fazer frente às ocorrências da indisciplina.

Finalmente, se o docente estiver atento e disposto a encorajar e a reforçar os

comportamentos que demonstram interesse e empenho, ao recompensar os seus alunos

com gestos e palavras que traduzem a sua satisfação e ao valorizar os bons

procedimentos, criará na sua aula um clima mais afectivo, fraterno e harmonioso.

Na dimensão dos alunos, temos de ter em atenção que estes vivem numa

sociedade em transformação na qual persistem as mais abissais desigualdades. Um dos

aspectos mais importantes está relacionado com a personalidade de cada aluno. De

facto, a personalidade e o carácter de cada um pode ser a principal causa dos

comportamentos inapropriados/apropriados.

Os alunos são extremamente sensíveis ao modo como são olhados e ouvidos.

Esperam e desejam que o adulto procure compreendê-los, seja firme, honesto e justo. Se

a relação se constituir nesta base, são capazes de corresponder com respeito e até com

afecto, fazendo aquilo que julgam que agrada o professor, caso contrário, também são

capazes de fazer todos os distúrbios para o perturbar.

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Indisciplina 18

Através da análise da tabela nº 1, constatamos que o aluno ocupa um lugar de

grande importância porque é o porta-voz dos comportamentos de indisciplina.

Na dimensão do sistema educativo, a escola tem uma grande influência no

comportamento dos alunos, tanto pelas características próprias da instituição como pelas

características do processo ensino/aprendizagem, o qual traduz o respectivo sistema

educativo.

O sistema educativo faz-se sentir nos alunos através dos programas, dos modelos

de avaliação, dos currículos, etc.

Quanto mais justo, realista, racional e coerente for o sistema, mais valioso e eficaz

se tornará, sendo os alunos beneficiados.

É através da escola, mais concretamente através das aulas, que se fazem sentir

as características do sistema educativo, logo serão os alunos e os professores a

suportarem as consequências negativas ou positivas do sistema, sentindo-se

principalmente no comportamento e rendimento dos alunos.

Esta dimensão revela, segundo a opinião dos professores, alguma importância e

influência no comportamento dos alunos.

Pela análise das respostas, obteve-se a seguinte ordem de prioridade das várias

dimensões:

%

Carácter familiar 1º 59,33

Carácter Sócio-Cultural 2º 47,23

Centrado no Aluno 3º 45,83

Relacionado com o Sistema Educativo 4º 36,20

Relacionado com a Instituição Escolar 5º 28,00

Centrado no Professor 6º 26,27

Tabela n.º 2 – Ordenação crescente das diferentes dimensões relacionadas com a indisciplina e respectiva

percentagem.

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Indisciplina 19

Ao analisarmos os resultados do questionário feito aos docentes, consideramos

como principal factor para a origem dos comportamentos inapropriados os factores

relacionados com a dimensão familiar.

Em seguida, o factor de maior importância foi o de carácter sócio-cultural que está

relacionado com o nível cultural do meio, com os costumes e vivências da sociedade na

qual o aluno está inserido.

Em terceiro lugar surgem os factores centrados no aluno, sendo a falta de interesse

e a imposição da aprendizagem o de maior relevância.

O ponto relacionado com o sistema educativo surge como quarta causa de origem

de comportamentos inadequados, em que a falta de técnicos especializados para lidar

com a indisciplina se revela como sendo o ponto de maior destaque.

Quanto aos factores centrados na escola e no professor não demonstram grande

impacto no que se refere à indisciplina. No entanto, o que sobressai é a boa relação entre

professores/alunos.

A indisciplina é um problema que está longe de ser solucionado, mas acreditamos

que com um esforço conjunto da família, da sociedade, da escola, dos professores e dos

alunos e com a intervenção de técnicos qualificados poder-se-á reduzir em grande parte

os seus inconvenientes.

3. Intervenção na situação/problema

3.1. Identificação da área problemática

Face ao problema abordado no decorrer do trabalho, existem muitas e variadas

formas que poderão, eventualmente, ajudar a solucionar o problema. Mas, como futuros

professores, teremos que ter presente que cada indivíduo é um ser único, detentor da

sua personalidade e com direito à sua individualidade.

Devemos considerar três aspectos fundamentais que podem ser também definidos

como objectivos gerais da educação:

1. Procurar estar informados sobre variados métodos e técnicas para colmatar

o problema dos comportamentos disruptivos;

2. Reduzir comportamentos indisciplinados, dentro e fora da sala de aula;

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Indisciplina 20

3. A escola deve incrementar programas de ocupação dos tempos livres dos

alunos para uma gestão positiva das actividades extracurriculares.

3.2. Plano de intervenção

- Metodologias que visam diminuir a Indisciplina

Só conhecendo o aluno profundamente e avaliando-o pelo que faz, é que

podemos definir planos e estratégias que conduzem à alteração do seu comportamento.

Segundo Rutherford, Lopes (1993), “a eliminação de um comportamento

indesejado só é eficaz quando este é substituído por outro socialmente correcto”.

Com base neste princípio, alguns autores elaboraram técnicas e metodologias que

visam a diminuição dos comportamentos disruptivos, tal como o reforço social.

Um reforço social consiste em atribuir uma resposta socialmente recompensadora

a um indivíduo imediatamente após a ocorrência de um comportamento, como por

exemplo:

• um sorriso

• atribuir uma classificação ligeiramente acima da média em trabalhos realizados

pelos alunos (Satisfaz Bastante, Bom)

• utilizar expressões do tipo (“... estou muito orgulhoso (a) de ti...”, “...vês como és

capaz...”)

• felicitar a postura correcta que o aluno, excepcionalmente, manteve no decurso da

aula.

São exemplos de situações e expressões de fácil acessibilidade e desempenho de

qualquer educador devido ao carácter pessoal que lhe está subjacente. O docente ao

recorrer a este tipo de reforços observa alteração no comportamento dos discentes,

promovendo assim uma atenção e um “feedback” positivo nas relações entre

docente/aluno e até mesmo aluno/aluno.

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Indisciplina 21

4. Intervenção do Professor

O Professor na escola deve…

Valorizar o aluno enquanto pessoa, procurando elucidá-lo para o que tem de

mais positivo.

Promover actividades de grupo nas salas de aulas, pois são fundamentais para

as relações inter-pessoais, desenvolvendo a comunicação e o espírito crítico.

Recompensar os alunos que demonstram uma postura mais disciplinada no

decorrer das aulas.

Procurar “fazer a ponte” entre a escola e a família, para um maior conhecimento

da sua situação económica e social.

A seguir apresentam-se a algumas estratégias que o professor pode adoptar para

prevenir comportamentos indisciplinados:

1. Reflectir sobre as atitudes e funções do professor.

2. Planificar a aula cuidadosamente em todos os seus momentos, com intuito

de promover a concentração. Quanto mais eficaz e bem organizada for uma aula, melhor

será o comportamento de cada aluno.

3. Cativar os alunos para a sua disciplina.

4. Observar, atentamente, cada aluno.

5. Favorecer o desenvolvimento da autoconfiança.

6. Fomentar o respeito mútuo entre os alunos e professores.

7. Discutir com os alunos o regulamento de uma turma, respeitando-o e

fazendo-o respeitar.

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Indisciplina 22

5. Conclusão

A escola já não ocupa o lugar sagrado que ocupava no passado, e é neste sentido

que se torna necessário reconhecer todos os aspectos psicossociais envolvidos no

âmbito escolar, contexto social e familiar dos alunos.

Muitos são os factores causadores da indisciplina na escola, no entanto poucas são

as intervenções realizadas a este nível. Pode dizer-se que já existem mas não são claras

o suficiente para que sejam cumpridas na sua pura e integra razão de existir.

Este trabalho, na nossa opinião revelou-se um pouco árduo, mas muito gratificante,

pois acima de tudo proporcionou-nos o conhecimento da importância do Professor na

escola.

No final deste trabalho ficamos com a certeza que há muito para fazer junto dos

alunos, enquanto profissionais de terreno, porque a educação visa essencialmente

desenvolver nos jovens capacidades adaptativas às diferentes situações de vida, de

modo a que eles possam ser autónomos, críticos e capazes de ultrapassar os

comportamentos intitulados de indisciplinados.

Concluímos que cada aluno é um ser único e como tal, merece particular atenção da

nossa parte.

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Indisciplina 23

6.Bibliografia

Revista Portuguesa de Pedagogia, Comportamento Anti-Social e Educação,

Universidade de Coimbra, Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, 2000, Ano

XXXIV – 1, 2 e 3.

Lopes, J., Rutherford, R. (1993). Problemas de comportamento na sala de aula. Porto:

Porto Editora

Magalhães, O. (1992). Verso e reverso: alunos, professores e indisciplina. Lisboa:

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Rocha, I. (1999). A indisciplina a sala de aula – “Alunos difíceis ou alunos em

dificuldade”. Fafe: Instituto de Estudos superiores de Fafe

Sampaio, D., Estrela, M., Magalhães, O. (1996). Dossier: Indisciplina. Noesis – A

educação em revista, 37, 29-38.

Sampaio, D., (1996), Indisciplina: um signo geracional?. Lisboa. Instituto de Inovação

Educacional – Ministério da Educação

Veiga, F. (1990). Auto conceito e disrupção escolar dos jovens: conceptualização,

avaliação e diferenciação. Lisboa: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

World Wide Web

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Indisciplina 24

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Indisciplina 25

ANEXO I

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QUESTIONÁRIO SOBRE A INDISCIPLINA ESCOLAR

Este questionário destina-se ao estudo da Indisciplina Escolar. É dirigido aos

docentes do 3º ciclo, sendo anónimo e confidencial. Solicita-se o preenchimento deste,

da forma mais correcta possível. Agradecemos desde já a sua colaboração.

-----------------------------------

Escola: ________________________________________________________

Idade: ____ Anos que lecciona: ____ Anos de Serviço: ____

Habilitações: ___

---------------

Sabendo que a indisciplina é uma temática que se relaciona com várias

dimensões, refira a sua opinião em relação ao...

Nível Sócio-cultural

1. O meio cultural e económico desfavorável está relacionado com a indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO

TOTALMENTE

2. A indisciplina é fomentada por um quotidiano relacionado com dependências

(toxicodependência, alcoolismo, etc.).

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Indisciplina 26

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

3. O problema da indisciplina só pode ser equacionado globalmente e não restrito à

escola. Os agentes de socialização fomentam a prática da indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

Nível Familiar

4. As crianças que convivem diariamente com a instabilidade causada pelo desemprego

ou trabalho precário dos pais e sem perspectivas de futuro têm mais comportamentos de

indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

5. As manifestações da indisciplina diminuem quando os alunos têm apoio e atenção por

parte dos familiares.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

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Indisciplina 27

6. Um cenário de violência familiar motivará a indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO

TOTALMENTE

Nível da Instituição escolar

7. Uma escola com instalações e espaços inadequados favorece a indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO

TOTALMENTE

8. Uma escola dinâmica que incentiva os alunos à participação em eventos relacionados

com a actualidade diminui a indisciplina e aumenta a motivação e prazer pelo

conhecimento.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

9. Uma escola que permita aos jovens viver a escolaridade como um momento

fundamental no seu desenvolvimento intelectual e da sua personalidade reduz a taxa de

incidência da indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

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Indisciplina 28

10. A escola, como instituição, pode fazer face às situações que excedem um limiar

aceitável de indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

Nível dos Professores

11. Os actos de indisciplina são sentidos pelos professores não só como modos de

obstrução do seu trabalho mas também como impedimento à tranquilidade da aula.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO

TOTALMENTE

12. O grau de exigência por parte do professor tem consequências na ocorrência do

fenómeno da indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO

TOTALMENTE

13. As relações que o professor estabelece com a turma são fundamentais na prevenção

e manutenção da disciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

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Indisciplina 29

14. A indisciplina poderá representar, para o professor, uma violência dificilmente

suportável.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

Nível do Aluno

15. O facto da comunicação social estar constantemente a relatar casos e situações de

indisciplina escolar, induzirá os alunos a comportarem-se de uma forma mais

indisciplinada.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

16. A falta de empenho e desinteresse demonstrado pelo aluno leva o professor a ser

mais interventivo.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

17. As amizades e relações interpessoais dos alunos podem fomentar indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO

TOTALMENTE

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Indisciplina 30

Nível do Sistema Educativo

18. O facto dos professores saberem que existem outros profissionais que podem intervir

nos problemas da indisciplina ajuda-os a lidarem melhor com este problema.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

19. Se o estudo da indisciplina passasse a ser uma componente dos currículos da

formação inicial e contínua dos professores diminuiriam as ocorrências de indisciplina.

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO

TOTALMENTE

20. Concorda que o desencontro de objectivos individuais e colectivos, a ausência de

normas e a ilusória consciência de valores geram antagonismos que se manifestam na

instituição escolar?

NÃO CONCORDO CONCORDO

PARCIALMENTE

CONCORDO TOTALMENTE

Agradecemos a sua colaboração

Coimbra, Novembro de 2003

Os alunos: Ana Carla Alves

Ana Alexandra Nunes

Francisco Leitão

Hélio Palrilha

Lúcia Bilro

Sandra Alves

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Indisciplina 31

ANEXO II

Plano de Trabalho

Tema: Indisciplina (Grupos na adolescência)

Grupo de trabalho: Ana Alexandra Nunes

Ana Carla Alves

Francisco Leitão

Hélio Palrilha

Lúcia Bilro

Sandra Alves

Objectivo: - Mostrar a necessidade premente de reflectir sobre a indisciplina.

- Caracterizar a indisciplina, suas causas e efeitos.

- Conhecer as opiniões dos docentes no processo de ensino/aprendizagem.

- Procurar “fazer a ponte” entre a escola, a família e o aluno no sentido de

minorar a problemática da indisciplina.

Método de investigação (o que queremos fazer): Sabendo que a indisciplina é uma

temática que se relaciona com várias dimensões vai-se fazer o estudo e posteriormente

uma comparação entre essas diferentes dimensões.

Operacionalizar (como pôr em prática): Elaborar um questionário direccionando-o a

professores do 2º e 3º ciclo que leccionam numa escola do distrito de Aveiro, concelho de

Ílhavo, com o intuito de fazer uma apreciação geral dos referidos questionários.

Ao analisar as questões irá ser feito um balanço procurando realçar as

dimensões que considerarmos mais pertinentes, bem como as questões que mais se

enfatizarem dentro de cada dimensão.

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Indisciplina 32

ANEXO III

Somos indisciplinados quando pensamos, Ultrapassando as fronteiras, que postas estão à nossa frente,

Refletidas em normas que, mesmo desumanas, existem como verdades intocáveis.

Somos indisciplinados quando amamos, Buscamos o proibido

E na inquietude dos nossos sentimentos sofremos a indiferença e a insaciável rejeição por parte dos que amam,

embora somente o que está determinado a ser amamdo.

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Indisciplina 33

Àqueles que conhecem o amor viciado, mas não sentido pelo diferente, Concretizado, mas não vivido com intensidade.

Somos indisciplinados quando sonhamos com um mundo justo e neste sonho, Agimos em prol de ver fluir a liberdade sonhada,

A vida sofrida, mas não vencida pelas garras do desânimo

ou de uma vida já não vivida.

E assim, quem sabe um dia possamos reconhecer que em meios aos indisciplinados, Remanescem e fluem a cada dia,

Os que romperam barreiras consigo mesmo e com o mundo, em busca de um ideal “louco”,

Que foge ao estabelecido para fazer valer a liberdade e a vontade de ver a vida acontecer. Loucos, que fizeram da ousadia,

o momento primeiro de busca de um ideal. Ousadia, traduzida numa indisciplina que fez acontecer os instantes vividos com intensidade

Que a disciplina insistia em sufocá-los.

Maria da Conceição Costa

Rafael Fernandes - RN por carta

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Indisciplina 34

ANEXO IV

Faculdade de Motricidade Humana

Álcool torna jovens mais tristes e agressivos O consumo regular de álcool na adolescência anda de mãos dadas com violência na escola, consumo de tabaco, drogas e mal-estar físico e psicológico

A Faculdade de Motricidade Humana (FMH), da Universidade Técnica de Lisboa, acaba de lançar os resultados de um estudo conduzido em 191 escolas portuguesas, do ensino básico e secundário. O trabalho, integrado num estudo colaborativo da Organização Mundial de Saúde (OMS), avaliou os comportamentos em idade escolar, de forma a compreender os estilos de vida e os hábitos relacionados com a saúde e o risco. Chegou-se à conclusão que 71 por cento dos 6903 jovens (do 6º, 8º e 10º anos de 191 escolas) já experimentaram álcool, embora apenas 12 por cento se tenha definido como sendo consumidor regular. Os resultados deste inquérito revelam que são os rapazes mais velhos aqueles que encontram maiores dificuldades em resistir à curiosidade de experimentar bebidas alcoólicas, sendo de referir que quase 40 por cento destes jovens tinha 15 anos e 13,5 apenas 13 anos de idade. Na perspectiva dos autores deste estudo, a equipa do projecto Aventura Social e Saúde da FMH (que colabora com a OMS desde 1994), os resultados do inquérito reforçam «a importância já reconhecida dos contextos sociais do jovem», no que toca à promoção de estilos de vida saudável. Isto porque percebeu que os jovens que já experimentaram álcool, bem como os consumidores regulares ou abusivos, acabam por se afastar mais da família, da escola e do convívio com os colegas em meio escolar. Estes jovens têm maior tendência para se envolver em contextos de violência na escola, para consumir tabaco e outras drogas ilícitas. Ao nível do bem-estar físico e psicológico, os adolescentes que consomem álcool admitiram atravessar períodos de tristeza, afirmando-se menos felizes e apresentando sintomas de mal estar físico e psicológico. Este é o estudo mais recente sobre os comportamentos dos jovens portugueses em idade escolar no que respeita ao consumo de álcool. De quatro em quatro anos é realizado um estudo de carácter internacional sobre esta temática, pela rede europeia onde está integrada a FMH. Fonte: Público