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F C M A L S P 56 DIREITO ADMINISTRATIVO CAPÍTULO III ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA QUESTÕES 1. ASPECTOS GERAIS SOBRE ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1. (CESPE – Unificado – Set/09) No que concerne à administração pública, assinale a opção correta. a) As empresas públicas, cujos funcionários são regidos pelo regime dos servidores públicos da União, são criadas por meio de decreto do presidente da República. b) Os órgãos públicos não são dotados de personalidade jurídica própria. c) A Caixa Econômica Federal é pessoa jurídica de direito público interno. d) O Banco do Brasil S.A., na qualidade de sociedade de economia mista controlada pela União, goza de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado. 2. (CESPE – Unificado – Mai/09) Julgue os itens subsequentes, relavos à organização e es- truturação da administração pública. I. Uma lei que reestruture a carreira de determinada categoria de servidores públi- cos pode também dispor acerca da criação de uma autarquia. II. O controle das endades que compõem a administração indireta da União é feito pela sistemáca da supervisão ministerial. III. As autarquias podem ter personalidade jurídica de direito privado. IV. As autarquias têm prerrogavas picas das pessoas jurídicas de direito público, entre as quais se inclui a de serem seus débitos apurados judicialmente executa- dos pelo sistema de precatórios. Estão certos apenas os itens a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) III e IV. 3. (CESPE – Unificado – Set/08) Assinale a opção correta a respeito da organização da admi- nistração pública federal. a) Os órgãos que compõem a estrutura da Presidência da República, apesar de serem dotados de personalidade jurídica, estão submedos à supervisão direta do ministro chefe da Casa Civil. b) Todas as endades que compõem a administração pública indireta dispõem de personali- dade jurídica de direito público, vinculando-se ao ministério em cuja área de competência esver enquadrada sua principal avidade.

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ISTRATIVO CAPÍTULO III

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

QUESTÕES

1. ASPECTOS GERAIS SOBRE ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA1. (CESPE – Unifi cado – Set/09) No que concerne à administração pública, assinale a opção

correta.a) As empresas públicas, cujos funcionários são regidos pelo regime dos servidores públicos

da União, são criadas por meio de decreto do presidente da República.b) Os órgãos públicos não são dotados de personalidade jurídica própria.c) A Caixa Econômica Federal é pessoa jurídica de direito público interno.d) O Banco do Brasil S.A., na qualidade de sociedade de economia mista controlada pela

União, goza de privilégios fi scais não extensivos ao setor privado.

2. (CESPE – Unifi cado – Mai/09) Julgue os itens subsequentes, relati vos à organização e es-truturação da administração pública.

I. Uma lei que reestruture a carreira de determinada categoria de servidores públi-cos pode também dispor acerca da criação de uma autarquia.

II. O controle das enti dades que compõem a administração indireta da União é feito pela sistemáti ca da supervisão ministerial.

III. As autarquias podem ter personalidade jurídica de direito privado.IV. As autarquias têm prerrogati vas tí picas das pessoas jurídicas de direito público,

entre as quais se inclui a de serem seus débitos apurados judicialmente executa-dos pelo sistema de precatórios.

Estão certos apenas os itensa) I e II.b) I e III.c) II e IV.d) III e IV.

3. (CESPE – Unifi cado – Set/08) Assinale a opção correta a respeito da organização da admi-nistração pública federal.

a) Os órgãos que compõem a estrutura da Presidência da República, apesar de serem dotados de personalidade jurídica, estão submeti dos à supervisão direta do ministro chefe da Casa Civil.

b) Todas as enti dades que compõem a administração pública indireta dispõem de personali-dade jurídica de direito público, vinculando-se ao ministério em cuja área de competência esti ver enquadrada sua principal ati vidade.

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ISTRATIVOc) As autarquias desti nam-se à execução de ati vidades tí picas da administração pública que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrati va e fi nanceira descentra-lizada.

d) As sociedades de economia mista têm patrimônio próprio e capital exclusivo da União, desti nando-se à exploração de ati vidade econômica que o governo seja levado a exercer por força de conti ngência ou conveniência administrati va.

4. (CESPE – Unifi cado – Set/08) (...) comparti mento na estrutura estatal a que são cometi das funções determinadas, sendo integrado por agentes que, quando as executam, manifes-tam a própria vontade do Estado.

José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrati vo. 19.ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 13.

O trecho acima se refere ao conceito de

a) agente público.

b) função pública.

c) órgão público.

d) pessoa de direito público.

5. (CESPE – Unifi cado – Abr/07) Em relação à organização da administração pública, assinale a opção correta.

a) Os dirigentes das empresas estatais que não são empregados dessas empresas não são considerados celeti stas.

b) A Receita Federal (fazenda pública) tem natureza jurídica autárquica.

c) Com o fi m do regime jurídico único, os funcionários públicos das empresas estatais, quan-do prestadoras de serviço público, podem, atualmente, ser estatutários.

d) As autarquias, fundações e empresas estatais, de acordo com o princípio da legalidade, devem ser criadas por meio de lei.

6. (CESPE – Pato Branco – Fev/08) A respeito da atuação do Estado no domínio econômico, assinale a opção correta.

a) O texto consti tucional, haja vista exigências de interesse público, admite a existência de monopólio estatal, assim como de monopólio privado, para o desempenho exclusivo de certas ati vidades do domínio econômico.

b) A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios podem exercer o tabelamento de preços quando a iniciati va privada se revela sem condições de mantê-los nas regulares condições de mercado.

c) A CF veda expressamente a exploração direta de ati vidades econômicas pelo poder públi-co; assim, o Estado só intervém no domínio econômico de forma indireta, por meio das enti dades paraestatais.

d) As empresas públicas que explorem ati vidade econômica possuem personalidade de direi-to privado e, ainda que sofram o infl uxo de algumas regras de direito público, sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas.

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ISTRATIVO 7. (CESPE – Unifi cado – Ago/06) A norma jurídica necessária à criação de uma autarquia ou à autorização da insti tuição de uma empresa pública foi defi nida pela Consti tuição Federal como

a) lei, no caso de criação de autarquia, e decreto, no caso de insti tuição de empresa pública.b) lei específi ca, tanto para a criação de autarquia, como para a insti tuição de empresa pública.c) decreto, quando se tratar de criação de autarquia, e lei, para a insti tuição de empresa pú-

blica.d) decreto específi co, tanto para a criação de autarquia, quanto para a insti tuição de empresa

pública.

8. (CESPE – Unifi cado – Dez/06) Acerca da organização administrati va, assinale a opção correta.a) A distribuição de competências entre órgãos de uma mesma pessoa jurídica de direito

público denomina-se descentralização.b) Denomina-se, doutrinariamente, autarquia a pessoa jurídica de direito público, criada por

lei, com capacidade de auto-administração para o desempenho de serviço público descen-tralizado, mediante controle administrati vo exercido nos limites da lei.

c) As organizações sociais integram a administração indireta.d) Os consórcios públicos, com personalidade jurídica de direito público, não integram a ad-

ministração indireta dos entes federados consorciados.

2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA9. (CESPE – Unifi cado – Mai/08) No que diz respeito à administração indireta, assinale a op-

ção incorreta.a) Todas as enti dades da administração indireta federal, sejam elas de direito público ou de

direito privado, estão sujeitas ao controle externo realizado pelo Poder Legislati vo, com o auxílio do Tribunal de Contas da União.

b) As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos sujeitam-se à res-ponsabilidade civil objeti va.

c) As enti dades da administração indireta, incluindo-se as regidas por normas de direito pri-vado, têm legiti mação ati va para propor ação civil pública.

d) As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos atuam com auto-nomia de vontade, sujeitando-se apenas a normas de direito privado.

10. (CESPE – Pato Branco – Fev/08) Assinale a opção incorreta no que diz respeito à adminis-tração indireta.

a) Antes mesmo de ser consagrada na CF, a exigência de criação de autarquias por lei já estava disposta no Decreto-lei n.º 200/1967.

b) As empresas públicas e as sociedades de economia mista devem ser estruturadas sob a forma de sociedades anônimas.

c) A acumulação remunerada de cargos públicos estende-se a funções e empregos públicos e abrange empresas públicas e sociedade de economia mista.

d) A criação de subsidiárias de sociedades de economia mista depende de autorização legis-lati va.

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ISTRATIVO3. CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO 11. (CESPE – RJ – Abr/07) Segundo o STF, a OABa) é uma autarquia e está sujeita ao princípio do concurso público.b) exerce função pública, mas não é uma pessoa jurídica pertencente à administração pública.c) é uma enti dade privada e por isso não exerce poder de polícia.d) é uma autarquia e está sujeita à supervisão ministerial.

4. FUNDAÇÕES12. (CESPE – Unifi cado – Set/09) Assinale a opção correta acerca das fundações.a) Tanto as fundações públicas quanto as autarquias desempenham ati vidades de interesse

coleti vo que exigem a atuação de uma enti dade estatal, por intermédio da aplicação de prerrogati vas próprias do direito público.

b) É possível o recebimento, pelas fundações privadas, de incenti vos e subsídios oriundos dos cofres públicos, circunstância que implicará a incidência de instrumentos de controle de sua ati vidade.

c) Fundação pública é pessoa jurídica insti tuída por lei para o desempenho de ati vidade de natureza econômica, de interesse coleti vo, manti da com recursos públicos.

d) A fundação pública decorre da conjugação de esforços entre diversos sujeitos de direito, o que lhe confere a natureza associati va.

5. AGÊNCIAS REGULADORAS13. (CESPE – Unifi cado – Set/09) As agências reguladoras, na qualidade de autarquias,a) não dispõem de função normati va.b) podem ser criadas por decreto.c) estão sujeitas à tutela ou controle administrati vo exercido pelo ministério a que se achem

vinculadas, nos limites estabelecidos em lei.d) podem ter suas decisões alteradas ou revistas por autoridades da administração a que se

subordinem.

14. (CESPE – RJ – Ago/07) Das decisões fi nais das agências reguladorasa) cabe sempre recurso hierárquico impróprio para os ministérios.b) não cabe impugnação perante o Poder Judiciário.c) pode caber recurso hierárquico impróprio, caso previsto na lei ou na Consti tuição.d) cabe sempre revisão de ofí cio pelo presidente da república.

15. (CESPE – ES – Ago/04) A respeito do direito administrati vo, assinale a opção correta.a) Como ramo autônomo da ciência do direito, o direito administrati vo é o conjunto de nor-

mas que rege a ati vidade administrati va do Poder Executi vo.b) A profusa criação de agências reguladoras ocorrida na segunda metade da década passada

consti tui um processo de descentralização administrati va, e não de mera desconcentração.c) Contratos administrati vos são aqueles em que ao menos uma das partes é um ente federa-

ti vo ou uma enti dade da administração indireta.d) O escoamento in albis do prazo para a interposição de recurso administrati vo contra um

ato vinculado faz precluir o direito da administração de rever, de ofí cio, esse ato.

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ISTRATIVO 6. EMPRESAS PARAESTATAIS E TERCEIRO SETOR16. (CESPE – Unifi cado – Abr/07) Acerca das enti dades paraestatais e do terceiro setor, assina-

le a opção correta.a) As enti dades do denominado sistema S (SESI, SESC, SENAI, SENAC) não se subme-

tem à regra da licitação nem a controle pelo TCU.b) As enti dades paraestatais estão incluídas no denominado terceiro setor.c) As organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fi ns lucrati vos, insti tu-

ídas por iniciati va de parti culares, para desempenhar ati vidade tí pica de Estado.d) As organizações da sociedade civil de interesse público celebram contrato de gestão, ao

passo que as organizações sociais celebram termo de parceria.

GABARITO COMENTADO

Gabarito Comentário sobre a Alternativa Correta Comentário Extra sobre a Questão

1 B

Os órgãos não têm personalidade ju-rídica (ex.: a União detém personali-dade jurídica, mas os ministérios, que são órgãos, têm sua atuação imputa-da à União), mas têm prerrogativas que admitem defesa em juízo de suas prerrogativas funcionais (ex.: impetrar mandado de segurança). No entanto, tal capacidade processual só possuem os órgãos independentes e os autôno-mos.

Assim como todo ato de agente públi-co é imputado ao órgão ao qual per-tence (trata-se da chamada “teoria do órgão”), todo ato de um órgão é im-putado diretamente à pessoa jurídica da qual é integrante. Deve-se ressaltar, todavia, que a representação legal da entidade é atribuição de determina-dos agentes, como o Chefe do Poder Executivo e os Procuradores.Empresas públicas são autorizadas por lei específica de acordo com o art. 37, XIX, CF.A Caixa Econômica Federal é empresa pública e, portanto, pessoa jurídica de direito privado.O Banco do Brasil também está sub-metido ao regime de direito privado aplicável às demais empresas, não go-zando de privilégio fiscal.

2 C

A criação de uma autarquia deve se dar por lei específica, de acordo com o art. 37, XIX, CF.O controle externo das entidades da Administração Pública Indireta é rea-lizado pela entidade da Administração direta que as criou. Há mera vinculação à entidade criadora, ou seja, mero po-der de correção finalística. (Continua)

As autarquias são criadas para exercer típica atividade administrativa, pelo que assumem personalidade jurídica de direito público.A organização da Presidência da Repú-blica é disciplinada pela Lei 10.683/03. Os órgãos que compõem a Presidência da República não possuem personali-dade jurídica. (Continua)

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Gabarito Comentário sobre a Alternativa Correta Comentário Extra sobre a Questão

2 C

(Continuação)Autarquia é pessoa jurídica de direito público (Decreto-lei 200/67, art. 5.º: I).Além do pagamento de suas dívidas ju-diciais por meio de precatórios, pode-mos elencar as seguintes prerrogativas processuais das autarquias: prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer; prescrição qüinqüenal de suas dívidas passivas; execução fis-cal de seus créditos inscritos; reexame necessário (duplo grau de jurisdição obrigatório) em determinados casos.

(Continuação) A Administração Pública Indireta é o conjunto de pessoas administrativas (têm personalidade jurídica própria) vinculadas à Administração direta que irão desempenhar as atividades admi-nistrativas de forma descentralizada. Algumas das pessoas integrantes da administração pública indireta assu-mem personalidade jurídica de direito privado, como ocorre com as empre-sas estatais.Decreto-lei 200/67, art. 5.º, inciso III: Sociedade de Economia Mista – a enti-dade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto perten-çam, em sua maioria, à União ou a en-tidade da Administração Indireta.

3 C

4 C

Órgãos públicos: são centros de com-petência integrantes das pessoas es-tatais instituídos para o desempenho das funções públicas por meio de agentes públicos. Os órgãos resultam da desconcentração, e podemos dizer que são “partes do corpo pessoa ju-rídica”. Para Hely Lopes Meirelles, os órgãos públicos são centros especiali-zados de competências.

Vale lembrar que a Lei 9.784/1999, em seu art. 1.º, § 2.º, I também traz uma definição de órgão, dizendo ser “órgão a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”, o que nos leva a concluir que se admite a existência de órgãos não só nos entes políticos, mas também na administra-ção indireta.

5 A

Em geral a direção das empresas esta-tais é formada por cargos em comissão ou funções de confiança, que possuem um regime jurídico administrativo pró-prio distinto da CLT.De acordo com o art. 173, § 1.º, inciso II, da CF, as empresas estatais, quando prestadoras de serviços públicos, es-tarão sujeitas ao regime jurídico pró-prio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.

A Receita Federal do Brasil é um órgão específico singular vinculado ao Minis-tério da Fazenda.

6 D

O monopólio de atividade econômica é excepcional e só pode ser exercido pelo Estado. Não há previsão consti-tucional de monopólio de atividade privada.A CF admite o monopólio da União das atividades mencionadas no art. 177.

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CF, art. 37, inciso XIX: somente por lei espe-cífica poderá ser criada autarquia e autori-zada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de funda-ção, cabendo à lei complementar, neste úl-timo caso, definir as áreas de sua atuação.

8 B

Vide Comentários às questões 2 e 3. A alternativa “a” traz a conceituação de desconcentração.As organizações sociais integram o cha-mado terceiro setor, não fazendo parte da administração pública indireta.Lei 11.107/05, art. 6.º, § 1.º: O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.

9 D

Quando são criadas pessoas privadas pe-lo Estado, busca-se uma maior agilidade e liberdade de ação. Porém, como há interesses públicos, essas pessoas nunca serão regidas totalmente pelo direito pri-vado. Diz-se que a elas se aplica o direito privado derrogado (revogado parcialmen-te) pelo direito público.

CF, art. 37, § 6.º: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos respon-derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.De acordo com o art. 5.º, inciso IV, da Lei 7.347/85, possuem legitimidade para propor ação civil pública a autarquia, em-presa pública, fundação ou sociedade de economia mista. Este dispositivo foi inse-rido pela Lei 11.448/07.

10 B

De acordo com o art. 5.º, incisos III e IV, Decreto-lei 200/67:Sociedades de Economia Mista: somente podem ser constituídas na forma de So-ciedades anônimas.Empresas Públicas: podem ser constituí-das por qualquer modalidade societária legalmente admitida (Ltda, S/A, etc.).

Decreto-lei 200/67, art. 5.º, I: Autarquia – o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e re-ceita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funciona-mento, gestão administrativa e financeira descentralizada.CF, art. 37, XVII: a proibição de acumular es-tende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.CF, art. 37, XX – depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a parti-cipação de qualquer delas em empresa privada.

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Em se tratando da Ordem dos Advoga-dos do Brasil – OAB, o Plenário do STF julgou improcedente a ADIn 3.026-DF (rel. Min. Eros Grau, j. 08.06.2006), requerida pelo Procurador-Geral da República que pretendia obrigar a OAB a contratar seus funcionários por meio de concurso. Os argumentos utilizados foram no sentido da necessidade da autonomia e independência da OAB, permanecendo a entidade desatrelada do poder público e fora do alcance da sua fiscalização, como acontece com a imprensa. Este julgamento passou a considerar a OAB, antes enquadrada como autarquia especial, uma “cate-goria ímpar no elenco das personali-dades jurídicas existentes no direito brasileiro”.

Transcrevemos abaixo parte da ementa pela sua importância.“A OAB não é uma entidade da Admi-nistração indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das per-sonalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 4. A OAB não está incluída na categoria na qual se inse-rem essas que se tem referido como “autarquias especiais” para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas “agências”. 5. Por não consubstanciar uma entidade da Administração indireta, a OAB não es-tá sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é for-mal e materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da Justiça [art. 133 da CF/1988]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e sele-ção de advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas caracte-rísticas são autonomia e independên-cia, não pode ser tida como congêne-re dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corpora-tivas. Possui finalidade institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e in-dependente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que se dê interpretação conforme o art. 37, II, da Constituição do Brasil ao caput do art. 79 da Lei 8.906, que determina a apli-cação do regime trabalhista aos servi-dores da OAB. (Continua)

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(Continuação)10. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contra-tados sob o regimetrabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Éti-ca da legalidade e moralidade. Confi-namento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que não pode ser ultrapassada, sob pe-na de dissolução do próprio sistema. Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo improcedente o pedido.”

12 B

CF, art. 71, inciso II: O controle exter-no, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribu-nal de Contas da União, ao qual com-pete: (...) II – julgar as contas dos ad-ministradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

As fundações públicas de direito pri-vado não possuem todas as prerroga-tivas próprias do regime de direito pú-blico, como ocorre com as autarquias.As fundações públicas, independente da personalidade que tenham (públi-ca ou privada), só podem ser criadas para a prestação de serviços públicos, nunca para a exploração de atividade econômica.

13 C

As Agências Reguladoras são conside-radas autarquias sob regime especial com a função de regular um setor es-pecífico da atividade econômica, com determinada independência relativa-mente ao Poder Executivo e com im-parcialidade em relação às partes in-teressadas. As agências reguladoras federais estão vinculadas aos respec-tivos ministérios. Apesar de a matéria ser polêmica, é aplicável às agências reguladoras a supervisão ministerial, pelo que pode ser interposto recurso hierárquico impróprio.A criação das agências reguladoras está relacionada ao fenômeno da descentralização

Apesar de se tratar de mataria diver-gente, o examinador considerou que as agências reguladoras possuem fun-ção normativa.Sendo consideradas autarquias, as agências reguladoras somente podem ser criadas por lei específica.Não há relação de subordinação téc-nicas para com o Ministério a que se encontram vinculadas.

14 C

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16 B

As entidades que integram o chamado “terceiro setor” não fazem parte da administração pública direta ou indire-ta. Os entes paraestatais, entidades de natureza privada e sem fins lucrativos, cooperam com o Estado e deste rece-bem incentivos, por exercerem ativi-dades de interesse social e coletivo.

As entidades integrantes do sistema “S” estão submetidas à fiscalização do TCU. Embora a doutrina majoritária entenda que estes entes precisam lici-tar, o Tribunal de Contas da União de-cidiu que não precisam observar a Lei 8.666/1993, admitindo-se a adoção de regulamento próprio para licitações e contratações administrativas.Organizações Sociais são pessoas ju-rídicas de direito privado sem fins lu-crativos criadas por particulares, cujas atividades não exclusivas do Estado se dirigem ao interesse público e, em especial, às áreas de saúde, ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e conservação do meio ambiente, cultura, saúde, qualificadas como tal por contrato de gestão com a Administração Pública.Na alternativa “d” o examinador inver-teu os instrumentos que vinculam as OS e OSCIP à Administração Pública.

RAIO-X

O tema “Organização da Administração Pública” responde por aproximadamente 12,7 % das questões de Direito Administrati vo.

A maioria das questões é baseada em:

doutrina legislação jurisprudência

+ DICAS DE ESTUDO

Nesta matéria o CESPE exigiu do candidato alguns posicionamentos jurispruden-ciais. Assim, chamamos a atenção para a necessidade de um maior aprofunda-mento quanto aos principais posicionamentos quanto aos conselhos de classe, principalmente da OAB, e do regime jurídico das empresas públicas que exerçam ati vidade em regime de monopólio, como os Correios.

Sugerimos leitura atenta dos conceitos trazidos pelo Decreto-lei 200/67, vez que muitos deles foram exigidos nas alternati vas das questões.

O candidato deve fi xar bem os conceitos de concentração/desconcentração e centralização/descentralização, já que são essenciais para a compreensão da ma-téria.

O A P

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ISTRATIVO É bom relembrar a existência das chamadas autarquias territoriais, que são os territórios federais, atualmente inexistentes no Brasil, mas que podem vir a ser criados (art. 33, CF).

O STF refere-se às fundações públicas de direito público como autarquias funda-cionais.

As duas únicas Agências que têm previsão consti tucional são a ANP (art. 177, § 2.º, III, da CF/1988) e a ANATEL (art. 21, XI, da CF/1988).

CUIDADO COM AS “PEGADINHAS”!

Não confundir as fundações públicas, enti dades pertencentes à Administração Indireta, com as fundações privadas. As privadas são criadas por ato de vontade de um parti cular, a parti r de um patrimônio privado, enquanto as públicas são criadas por ato do Poder Executi vo após autorização em lei específi ca, a parti r de patrimônio público.

As enti dades estatais que explorem ati vidade econômica não podem usufruir de nenhum benefí cio não oferecido às demais pessoas jurídicas de direito privado que atuem no mesmo ramo de ati vidade econômica.

Insti tuições integrantes do Terceiro Setor são constantemente referidas em ques-tões sobre administração pública indireta.

Os conselhos profi ssionais exercem, por delegação, a fi scalização no âmbito de determinada categoria, pelo que se reconhece o exercício do poder de polícia.

As anuidades desses Conselhos, com exceção da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, têm natureza tributária (contribuição social), e somente poderão ser fi xadas por meio de lei federal. Estas enti dades de classe, também com exceção da OAB, devem prestar contas ao TCU em razão da natureza dos recursos que arrecadam.

Após longa discussão, restou pacifi cada pela ADIn 1.717-DF que os conselhos profi ssionais são autarquias federais.

STJ, CC 6378-SP: (...) Prevalece, pois, a orientação conti da na Súmula 66/STJ, con-siderando que a relação jurídica ensejadora do tí tulo executi vo extrajudicial é de direito público, eis que agem os referidos Conselhos por delegação da Admi-nistração Pública Federal (art. 21, XXIV, c/c art. 22, XVI, ambos da CF/88), à luz do princípio da descentralização do Serviço Público. Observe-se que o munus atribuído aos Conselhos de Fiscalização decorre do exercício delegado do poder de polícia, visando a concessão de autorização para o exercício de determinada profi ssão, tratando-se, em verdade, de relação profi ssional e não de relação de emprego.

Atenção para o posicionamento do STF, quanto aos Correios: “À empresa Bra-sileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública,

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ISTRATIVOé aplicável o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços. Recepção do art. 12 do Dec.-lei 509/1969 e não-incidência da restrição conti da no art. 173, § 1.º, da Consti tuição Federal, que submete a empresa pública, a sociedade de economia mista e outras enti dades que explorem ati vidade econô-mica ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias. Empresa pública que não exerce ati vidade econômica e presta serviço público da competência da União Federal e por ela manti do. Exe-cução. Observância ao regime de precatório, sob pena de vulneração do disposto no art. 100 da Consti tuição Federal” (RE 230.051-ED, rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 08.08.2003).

O STF também entendeu ser aplicável à empresa Brasileira de Correios e Telégra-fos o princípio da imunidade recíproca, previsto no art. 150, VI, “a”, da CF (ACO 765 AgR/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbo-sa, 5.10.2006).

O capital da empresa pública federal não precisa ser 100% pertencente à União.

ATENÇÃO ÀS SEGUINTES SÚMULAS E LEGISLAÇÃO

CF, art. 37, XVI, XVII, XIX, §§ 6.º, 8.º e 9.º; art. 61, § 1.º, II, e; art. 71, II; art. 109, I e VIII; art. 150, § 2.º; art. 173.

Decreto-lei 200/67, arts. 4.º a 14. Lei 9.784/1999, art. 1.º, § 2.º. Lei 11.107/2005, art. 6.º, § 1.º. STF, Súmula 8: Diretor de sociedade de economia mista pode ser desti tuído no

curso do mandato. STF, Súmula 517: As sociedades de economia mista só têm foro na Justi ça Fede-

ral, quando a União intervém como assistente ou opoente. STF, Súmula 556: É competente a Justi ça Comum para julgar as causas em que é

parte sociedade de economia mista. STF, Súmula 620: A sentença proferida contra autarquias não está sujeita a ree-

xame necessário, salvo quando sucumbente em execução de dívida ati va. STF, Súmula 644, STF: Ao ti tular do cargo de procurador de autarquia não se

exige a apresentação de instrumento de mandato para representá-la em juízo. TST, Súmula 390: ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988. CELETISTA. ADMINISTRA-

ÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA OU FUNDACIONAL. APLICABILIDADE. EMPREGADO DE EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 229 e 265 da SBDI-1 e da Orientação Ju-risprudencial nº 22 da SB-DI-2) – Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005: I – O servidor público celeti sta da administração direta, autárquica ou fundacional é

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ISTRATIVO benefi ciário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJs nºs 265 da SBDI-1 – inserida em 27.09.2002 – e 22 da SBDI-2 – inserida em 20.09.00); II – Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admiti do mediante aprovação em concurso público, não é garanti da a esta-bilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 229 da SBDI-1 – inserida em 20.06.2001).

OBRAS RECOMENDADAS PARA APROFUNDAMENTO

ANDRADE, Flávia Cristi na Moura de. Direito Administrati vo. Série Elementos de Direito. São Paulo: RT, 2009.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrati vo. 22. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrati vo. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2006

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrati vo Brasileiro. 35. ed. São Paulo: Ma-lheiros, 2009.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrati vo. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.