17
DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este escrito tem como principal atividade a análise sobre a flexibilidade da economia e do trabalho no estabe- lecimento da sociabilidade humana no período pós-moder- no. Seu objetivo é identificar a dicotomia entre moderno e pós-moderno, ao longo do processo dito civilizatório, me- diante a forma utilizada do trabalho pelo homem no modo de produção fordista-keynesiano e na acumulação flexível. tão marcante no período neoliberal, na busca de acúmulo de riquezas, bem como as mudanças de paradigmas exis- tentes na transição do considerado moderno para o pós- moderno, que terão maior atenção. Apresentaremos uma pesquisa de teor bibliográfico, a partir de uma perspectiva marxista de análise da realidade, utilizando a obra de David Harvey (Condição Pós-Moderna - 1996), P. Nikitin (Funda- mentos de Economia Política- 1967), Karl Marx (O Capital - 1890), Thomas Gounet (Fordismo e Toyotismo na Civili- zação do Automóvel- 1999) entre outras. Daremos início à Era da Modernidade até adentrarmos o pós-moderno, sem a pretensão de definir nenhum des- ses paradigmas, mas sempre buscando elementos na his- tória que possam se caracterizar como influéncias relevan- tes à elaboração da sociabilidade humana, inerentes a cada uma delas, seja na arte, na ciência. na política ou na eco- nomia. É importante, no entanto, levarmos em considera- ção o fato de que a história não ocorre de forma linear e homogénea e que algumas manifestações a serem mencí- • Mestrando em Educação Brasileira; pesquisador do Laboratório de Estudos do Trabalho e Qualificação Profissional - LABOR/UFC;bolsista da FUNCAP.

DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

DO MODERNO AO PÓS-MODERNO:AVANÇO OU RETROCESSO?

/fumberto de Oliveira Santos Júnior:

IntroduçãoEste escrito tem como principal atividade a análise

sobre a flexibilidade da economia e do trabalho no estabe-lecimento da sociabilidade humana no período pós-moder-no. Seu objetivo é identificar a dicotomia entre moderno epós-moderno, ao longo do processo dito civilizatório, me-diante a forma utilizada do trabalho pelo homem no modode produção fordista-keynesiano e na acumulação flexível.tão marcante no período neoliberal, na busca de acúmulode riquezas, bem como as mudanças de paradigmas exis-tentes na transição do considerado moderno para o pós-moderno, que terão maior atenção. Apresentaremos umapesquisa de teor bibliográfico, a partir de uma perspectivamarxista de análise da realidade, utilizando a obra de DavidHarvey (Condição Pós-Moderna - 1996), P. Nikitin (Funda-mentos de Economia Política- 1967), Karl Marx (O Capital- 1890), Thomas Gounet (Fordismo e Toyotismo na Civili-zação do Automóvel- 1999) entre outras.

Daremos início à Era da Modernidade até adentrarmoso pós-moderno, sem a pretensão de definir nenhum des-ses paradigmas, mas sempre buscando elementos na his-tória que possam se caracterizar como influéncias relevan-tes à elaboração da sociabilidade humana, inerentes a cadauma delas, seja na arte, na ciência. na política ou na eco-nomia. É importante, no entanto, levarmos em considera-ção o fato de que a história não ocorre de forma linear ehomogénea e que algumas manifestações a serem mencí-

• Mestrando em Educação Brasileira; pesquisador do Laboratório de Estudosdo Trabalho e Qualificação Profissional - LABOR/UFC;bolsista da FUNCAP.

Page 2: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

Sea preservaçãode todo sentidode continuidadehistó-rica vida modernaestáde fato tão permeadapelo senti-do fugidio, do efêmero,do fragmentárioe do contingen-te, há algumasprofundasconseqüências.Paracomeçar,a modernidadenão pode respeitarsequero seu própriopassado, para não falar do de qualquer ordem socialpré-moderna.A transitoriedade das coisasdificulta. Sehá algumsentido na história, há que descobrlr-loe defl-ní-lo a partir de dentro do turbilhão da mudança, umturbilhão que afeta tanto os termos da discussãocomoo que estásendodiscutido. (1996, p. 23).

onadas, em determinados locais, nem ao menos existiramno restante do Planeta. Por isso, adotaremos a concepçãoocidental, sobretudo as experiências norte-americana eeuropéia, por possuírem etapas relevantes à reflexão pro-posta. Abordaremos, todavia, também a experiência japo-nesa, uma vez que esta, em virtude do esgotamento domodelo fordista de produção, passa a exercer influênciano Ocidente.

Modernismo

Quando somos indagados a respeito do entendimentodo que é Modernismo, é comum o associarmos a um con-junto de mudanças em que seu resultado se apresentecomo algo determinantemente novo. Este fato pode serfacilmente explicado, pois, para algo ser considerado mo-derno, tem que negar o próprio passado para que, a partirdaí, ele possa ser modificado, reestruturado e recriado comoalgo diferente. Para Harvey (1996), negar o passado paraos modernistas é simplesmente considerar algo comoefêmero e fugidio, tornando-o apto a uma possível inter-venção humana, no intuito de transformá-to em completoe eterno, seja mediante as artes, a política, a economia ouqualquer outra forma de manifestação e organização soci-al. A essa característica moderna de mudar sem o menorconstrangimento as coisas, sem ao menos levar em consi-deração a sua história, comenta Harvey:

Humberto de Oliveira Santos Júnior

Page 3: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

Embora o Modernismo possua características que pos-ibilitam ver nas coisas elementos susceptíveis à transfor-

mação, essa capacidade, por si só, não seria suficientepara reconhecer nas criações o considerado "moderno."Isto porque, só quando tais elementos são atrelados aopensamento positivista, até mesmo de forma igualitária emescala de valor, pelo qual esse pensamento impulsiona aação de tais mudanças, atribuindo ao novo um caráter su-postamente verdadeiro, correto, bom e totalitário, serápossível reconhecer uma obra "moderna", mesmo que essaprópria obra no futuro seja transformada em algo novo etambém "moderno." Assim, a mudança fará parte de uma"evolução", tal como ocorre nas ciências.

Portanto, da mesma forma que a ciência está mergu-lhada em verdades que em determinada época reinamcomo absolutas, até que em um determinado momentosejam substituídas por outras, resta demonstrar que ocampo científico é cercado por incertezas e que, de fato,suas certezas são apenas representações temporárias,que levam à objetivação e à formação de conceitos.Desta forma, podem ser modificadas a qualquer mo-mento, por serem representações efêmeras e fugidias,e a tentativa de racionalizá-Ios leva a um confronto semganhadores. O caráter "moderno" traz consigo tais ca-racterísticas e, por conseqüência destas, é que a con-cepção de ciências, na Modernidade, possui papel im-portante na história, sobretudo na consolidação do modode produção capitalista.

Com efeito, a utilização do discurso "moderno" comoforma de favorecimento dos interesses do capital pode servista fortemente caracterizada na transição do modo deprodução feudal para o modo de produção capitalista e,durante o capitalismo, na implantação do modelo fordistade produção. Em ambos, o discurso foi explorado, na ten-tativa de justificar a "eterna" necessidade do novo e deformar outra consciência no homem capaz de transformare reestruturar a sociabilidade e a se próprio.

Do Moremo ao Pós-moderno: Avanço ou Retrocesso?

t't:KGAIVlvovBCCE/UFC

Page 4: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

Contribuição Modernista no Início do Capitalismo

Cabe destacar que o período feudal foi marcado, entreoutros aspectos, pela divisão do poder entre o senhor feu-dal e o clero, no qual o primeiro adquiria o domínio sobreos servos, por meio da propriedade privada, e o segundopor intermédio da religião que tinha o direito até mesmode matar aqueles contrários a sua opinião, uma vez queestes eram considerados hereges pelo tribunal denomina-do de Santa Inquisição, que admitia a pena de morte. Pou-co a pouco, todavia, a classe burguesa, no seio do regimefeudal, vinha se contrapondo a essa ordem, com lutas,conquistando o seu pedaço de terra e formando as cida-des que fugiam ao domínio dos senhores feudais.

Uma vez independentes, as cidades cresceram, fazendocom que a sua principal atividade, o comércio, se desenvol-vesse, passando a adotar o dinheiro como mercadoria uni-versal de troca. Nessesentido, a universalização do dinheirocontribuiu para o término do sistema feudal, pois os senho-res ostentavam riquezas, produzidas nas cidades e trocadaspor dinheiro, fortalecendo o comércio. Essecomportamentofez com que se intensificasse a exploração sobre os campo-neses, pois os senhores feudais passaram a cobrar a rendasobre a terra, principalmente na forma de dinheiro, produtode que o campesinato não dispunha facilmente, em razão dasua baixa produtividade, ocasionando conflitos entre os cam-poneses e os seus senhores, enfraquecendo ainda mais opoder feudal, fato registrado por Nikitin:

A exploração feudal intensificou-se posteriormente coma transferência para a renda em dinheiro, e a luta entreos senhores feudais e os camponeses tornou-se aindamais acentuada. (1967, p. 26).

Outro aspecto de relevãncia era a necessidade de mi-nar a resistência da Igreja, que também se beneficiava como sistema, pois era detentora de boa quantidade de terra,motivo p~lo qual também justifica a sua defesa ao feuda-lismo. Então, os burgueses, para se livrarem do poder íde-

HumbeJto de Oliveira Santos Júnior

Page 5: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

ológico da Igreja, que se baseava na arbitrariedade, naexacerbação dos mitos, no misticismo e na intolerãnciadas idéias contrárias aos seus interesses, atrelaram a ne-cessidade de mudança ao pensamento modernista, dan-do-lhes, assim, maior liberdade para constituir uma novasociedade - a capitalista - sem precisar manter qualquervínculo com a anterior, uma vez que esta prejudicava odesenvolvimento da produção, objetivo crucial para osburgueses, agora também chamados de capitalistas. Esseesforço de trazer à tona novos conhecimentos que a entãoigreja procurava ocultar foi chamado de movimentoi1uminista. Como relata Harvey:

Embora o termo "moderno" tenha uma história bemmais antiga, o que Habermas (1983, p. 9) chama deprojeto da modernidade entrou em foco durante o sé-culo XVIII. Esse projeto equivalia a um extraordinárioesforço intelectual dos pensadores iluministas "I...) paradesenvolver a ciências objetiva, a moralidade e a leiuniversais e a arte autônoma nos termos da próprialógica interna destas." (1996, p. 24).

Do movimento i1uminista pode-se extrair várias carac-terísticas importantes e inerentes ao Modernismo, que ser-viram de base para o desenvolvimento e o "progresso",sobretudo para o salto na produção dado pelo capitalismono período fordista, que precisou utilizar novamente o dis-curso de Modernidade, agora, na intenção de não maistrocar de sistema e sim modiflcá-lo. Sobre essas caracte-rísticas Harvey comenta:

O pensamento iluminista (e, aqui, sigo CASSIER,1951)abraçou a idéia do progresso e buscou ativamente a rup-tura com a história e a tradição esposada 'pela moder-nidade( ... ) Na medida em que ele também saudava acriatividade humana, a descoberta científica e a busca daexcelência individual em nome do progresso humano, ospensadores iluministas acolheram o turbilhão da mudan-ça e viram a transitoriedade, o fugidio e o fragmentáriocomo condição necessária por meio da qual o projetomodernizador poderia ser realizado. (1996, p. 23).

Do Moderno ao pós-moderno: Avanço ou Retrocesso?r:

Page 6: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

fusão do Conceito Moderno com o fordismo

A partir da discussão histórica até aqui implernentada.vale ressaltar que, no fordismo, o caráter "moderno" vempara justificar e dar condições para as mudanças revoluci-onárias na produção, como também a exemplo do passa-do, quando o capitalismo, diante do avanço das forças pro-dutivas, se utilizou desta lógica para dar suporte a um pe-ríodo de grande acúmulo monetário, momento no qual otrabalhador passou a receber salário em troca da sua forçade trabalho, sendo, então, administrado pelo capitalista,que exige desse último todo um esforço para montar umaestrutura capaz de, não só manter, como também de de-senvolver o sistema, conforme já comentado, quandomencionado acerca do papel dos iluministas na história.

O nome fordismo é inspirado em Henry Ford, que noseio de sua indústria iniciou uma reorganização produtivaa desencadear nova investida do capital - a chamada Idadede Ouro - nas décadas de 1950 e 1960. Esta revolução nasbases produtivas teve seu começo em 1914, de acordocom Gounet (1999), quando Ford estabeleceu a jornadade trabalho de oito horas, com cinco dólares como recom-pensa. Essasimples atitude foi capaz de desencadear gran-des conseqüências no mundo do capital, sobretudo paraos trabalhadores, aumentando ainda mais o estranhamentono ato laboral.

Com grande influência do taylorismo. segundo Harvey(1996), Henry Ford conseguiu racionalizar a produção ereduzir drasticamente o tempo necessário para a produ-ção de um automóvel. Para isso, um operário, que antesproduzia praticamente todo o automóvel, passou a só pro-duzir parte dele, sendo regido por esteiras que ditavam oritmo, levavam as peças a serem montadas e em seguidainterligavam as partes para formar o todo, sem que o tra-balhador ao menos tomasse conhecimento do que estavasendo montado em outro setor - a chamada linha de mon-tagem. Essa divisão do trabalho originou precarização dotrabalho e desqualificação dos trabalhadores, pois estesjá

Humberto de Oliveira Santos Júnior

Page 7: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

não precisavam de um conhecimento vasto em Mecãnica,pois seu trabalho se reduziu a tarefas mais simples e demovimentos repetitivos. Em relação à redução do tempode produção, diz Gounet:

A antiga organização da produção precisava de 12:30horas para montar um veículo. Com o taylorismo, ouseja, apenas com o parcelamento das tarefas, a raciona-lização das operações sucessivas e a estandartização doscomponentes o tempo cai para 5:50 horas. Em janeiro1914, Ford introduz as prímeiras linhas automatizadas.O veículo é produzido em I :30 hora, ou seja, pouco maisde oito vezes mais rápido que no esquema artesanalusado pelos concorrentes. (1999, p. 19,20).

Desta feita, o fordista, uma vez comparado a outromodelo, apresenta a necessidade de absorver maior quan-tidade de trabalhadores. Essa característica fez com quetal modelo se diferenciasse dos demais e trouxesse váriascontradições, como aquela em que Ford, segundo Harveey(1996), teve que aumentar para cinco dólares o dia de traba-lho, correspondendo ao dobro do salário pago pelas con-correntes, atraindo vários trabalhadores e desfalcandoas concorrências que precisavam de trabalhadores qua-lificados. Embora o trabalho passasse a ser mais desu-mano naquelas condições, os trabalhadores se subme-teram em troca de melhor renda. Esse aumento só pode-ria ser dado graças a uma produção em massa, aliada aum consumo também em massa, previsto por Ford. Retra-ta Harvey:

O que havia de especial em Ford (e que, em últimaanálise, distingue o fordismo do taylorismo) era a suavisão, seu reconhecimento explícito do que produçãode massa significava consumo de massa, um novo sis-tema de reprodução da força de trabalho, uma novapolítica de controle e gerência do trabalho, uma novaestética e uma nova psicologia, em suma, um novo tipode sociedade democrática, racionalizada, modenista epopulista. (1996, p. 24).

( Do Moderno ao Pós-moderno: Avanço ou Retrocesso?

Page 8: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

Aos poucos, as indústrias norte-americanas passarama adotar esse novo modelo econômico-produtivo, a princí-pio, como forma de sobrevivência para não serem extintaspelo modelo de Ford. Ocasionam-se, pois, segundo fíarvey(1996), a expansão da produção nos EEUU, bem como aformação de uma sociedade democrática baseada no tota-litarismo dos planejadores e do governo, na formação deuma elite corporatíva. gerada por pensamentos positivistasencontrados em Os Principios da Administração Científica,de F. W.Taylor, que mistura burocracia, tecnocentrismo eracionalismo rumo a um progresso linear, no qual as con-tradiçôes entre trabalhador e patrão são controladas pormedidas econômicas que visam a garantir a emprega-bilidade dos trabalhadores e o aumento da produção me-diante de intervençôes do Estado - o chamado Estado deBem- Estar Social.

Na Europa, a "Modernidade" e o fordisrno, em tal mo-mento histórico, serão compreendidos como sinônimos.Tal modelo, contudo, só foi ser implementado logo apôs aSegunda Grande Guerra, sobre uma economia devastadaque fazia necessário reconstruir as estruturas, tanto físicasquanto políticas, graças à fragilidade decorrente do confli-to. Assim, também, a prôpria ameaça constante da antigaUnião Soviética em ocupar o restante da Europa com a suapolítica, e graças ao dinheiro investido pelos Estados Uni-dos na reconstrução da Europa, o que evidenciou a suaeconomia, levando rapidamente as indústrias locais a ado-tar o modelo fordista e o governo medidas totalizantes ede bem-estar social, a exemplo dos próprios Estados Uni-dos. Revela Gounet:

Depois da Segunda Guerra Mundial, o fenômeno pros-segue. No quadro do Plano Marshal pela reconstruçãoda Europa ocidental com capitais americanos, numero-sas missões de estudos européias analisam o sistemanorte-americano de produção, ou seja, o fordlsmo. Estetorna-se referência obrigatória da indústria automobi-lística. (1999, p. 21).

rtumberto de Oliveira Santos Júnior

Page 9: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

Cabe enfatizar o fato de que, no Japão, o fordismooncontrou grande dificuldade para a sua implementação apriori, em razão das políticas governamentais que protegi-am as empresas nacionais, aumentando os impostos dosprodutos derivados de multinacionais, e, posteriormente,om a derrota na Segunda Grande Guerra, que, embora

facilitasse a entrada do referido modelo econômico no País,pontava obstáculos: o fordismo, por exemplo, exigia es-

paço para armazenar a produção e para aglutinar váriostrabalhadores, mas, para um país como o Japão, que sofrefalta de espaço fisico, por ser um arquipélago bastantepopuloso, tornava o modelo fordista praticamente inviávelpara concorrer com os demais mercados.

Para o trabalhador, o fordismo pode representar umperíodo marcado por contradições importantes, poistransforma o processo laboral em atividade extremamen-te repetitiva, alienante, sectária e desumana, ao pontode o trabalhador chegar a não reconhecer o produto comofruto do seu trabalho. A respeito dessas mazelas víven-dadas pela classe trabalhadora no seio da produção,comenta ríarvey:

Para começar, o estado das relações de classe no mun-do capitalista dificilmente era propício à fácil aceitaçãode um sistema de produção que se apoiava tanto nafamiliarização do trabalhador com longas horas de tra-balho puramente rotinizado, exigindo pouco das habili-dades manuais tradicionais e concedendo um controlequase inexistente ao trabalhador sobre o projeto, o ritmoe a organização do processo produtivo. (1996, p. 1'23).

Por outro lado, o Estado de Bem-Estar foi responsável,durante duas décadas - a chamada Idade de Ouro - poruma enorme capacidade de absorção de empregos, con-seqüentemente, também, pelo aumento da classe traba-lhadora e o fortalecimento da consciência e luta de clas-ses, por meio das representações e atuações sindicais.Estas, por intermédio da mobilização dos sindicatos e domovimento operário, conquistaram vários direitos traba-

Do Moderno ao Pós-moderno: Avanço ou Retrocesso?

(

Page 10: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

lhistas, promovendo melhorias nas condições de vida dostrabalhadores.

Transição do Moderno para o Pós-Moderno

Com efeito, no árnbito da economia, gradativamente,pôde-se evidenciar o colapso do modelo taylorista/fordlstade produção, que, de acordo com Chesnais (1996), ocorreentre 1974 - 1979. Referido esgotamento foi ocasionadopor drástica redução do consumo da produção que, porsua vez, era resultado direto do desemprego estrutural. I

Este fenômeno constituiu reflexo do investimento pesadoem tecnologia, decorrente de um profundo processo deacumulação capitalista que revolucionou a base técnicada produção e desencadeou sua automação. Têm-se,destarte, o desemprego em massa e uma crise de super-produção como produtos finais da automatização. Acres-centa-se a esse quadro hostil a crise energética de 1973,decorrente do aumento do barril de petrôleo, que elevouos preços dos seus derivados, afetando indiretamente asindústrias automobilísticas, que tiveram seus produtos "en-calhados" nos pátios de suas empresas.

Os principais motivos atribuídos à crise, por Anderson(1995), foram o fato de a economia não ter se mantidoestável por todos os tempos, bem como as intervençõesdo Estado teriam originado um controle no mecanismo demercado, garantindo estabilidade nas leis da oferta e daprocura, como também, na geração de empregos, promo-vendo baixos índices de desemprego, sem falar nos altossalários, garantias trabalhistas e melhorias sociais.

Tais fatores, para Antunes (2003), ensejam umaretraçào no mercado, pois aumentavam os gastos tanto do

1 índice de desemprego ocasionado pela perda de centralidade do trabalha-dor no ato laboral, em virtude da expansão tecnológica, sob a égide capitalis-ta; fenómeno diferenciado dos índices de desempregados em outras fases deexpansão do capital, por parecer irreversível e, portanto, de caráter estrutu-ral, diante da nova organização social do trabalho.

ttumberto de Oliveira Santos Júnior

Page 11: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

Estado quanto dos grandes capitalistas, diminuindo a mais-valia e, assim, sem os desejados altos lucros dos detento-res do capital, faltavam condições de investimentos na pro-dução, provocando um processo inflacionário atribuído aesse suposto igualitarismo ensejado pelo keynesianismo eo solidarismo supostamente tão nocivos às leis naturaispositivas. Adverte Anderson:

As raízes da crise, afirmavam Hayek e seus companhei-ros, estavam localizadas no poder excessivo e nefastodos sindicatos e, de maneira mais geral, do movimentooperário, que havia corroído as bases de acumulação ca-pitalista com suas pressões reivindicativas sobre os salá-rios e com sua pressão parasitária para que o Estado au-mentasse cada vez mais os gastos sociais. (1995, p. 10).

Nesse sentido, para esse autor, os vilões foram o Esta-do Keynesiano do Bem-Estar, que detinha o poder e o con-trole do mercado, e os sindicatos que, nesse período, pos-suíam grande poder reivindicatório, juntamente com omovimento operário, o qual remava contra os interessesexploradores e nefastos dos capitalistas, em prol da sobre-vivência de sua classe de explorados.

Nessa perspectiva, segundo Hayek (1990), o Estadodeveria preparar medidas a fim de deixar o mercado livre ecom maiores lucros para a retomada do crescimento. Porisso, far-se-iam necessárias, de acordo com Anderson(1995): a implementação de uma disciplina orçamentáriaque reduzisse drasticamente os gastos com bem-estar soci-al, reformas fiscais que diminuíssem os impostos sobre osrendimentos mais altos e sobre a renda e, a medida maiscovarde - o compromisso em garantir o aumento da taxa dedesemprego - que, para os neoliberais, não só favoreceriao aumento da extração de mais-valia, como também desar-ticularia a força sindical. Afirma, ainda, Hayek:

(... ) só conseguiremos vencer um período difícil comohomens livres e capazes de escolher seu modo de vidase cada um de nós estiver pronto a obedecer às injunçõesdesse ajustamento. (... ) devem extinguir-se todas as rei-

Do Moderno ao Pós-moderno: Avanço ou Retrocesso?

Page 12: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

vindicações a uma segurança privilegiada por parte dcertas classes e desaparecer todos os contextos para sepermitir que determinados grupos, no intuito de mante-rem um padrão especial e exclusivamente seu, impeçaos novos concorrentes de participar na sua relativa pros-peridade. (1990, p. 190).

Como se viu, diante da lógica neoliberal, as soluçõesviriam por intermédio de mudanças que gerassem a reto-mada da desejada desigualdade. Assim, para alcançar talobjetivo, era preciso mudar o modelo de Estado, por sereste o principal norteador político gerador da supostaigualdade ocasionada pelo keynesianismo. O novo Esta-do, voltando a Anderson(l995). deixaria de ser interven-cionista nas questões do mercado, mas forte e duro nacontenção das investidas sindicais, tanto nas questõestrabalhistas quanto sociais, a fim de alcançar grandes re-duções de gastos, como também exercer a função decontrolador do dinheiro.

Tal fenõmeno acontece aliado ao que Chesnais (1996)convencionou denominar de "mundíalizaçáo do capital:"têm-se o aumento das transações financeiras em relaçãoàs mercadorias reais e o próprio crescimento da concen-tração do capital, agora não mais pela produção e sim gra-ças a fusões de empresas e,

(... ) o capitalismo parece ter triunfado e parece dominartodo o planeta, mas os dirigentes políticos, industriais efinanceiros dos países do G7 cuidam de se apresenta-rem como portadores de uma missão histórica de pro-gresso social. (CHESNAlS, 1996, p. 14).

Na produção das mercadorias reais, um novo modelode produção surgiu em meio à crise, trazendo soluçõesaos problemas decorrentes da superprodução fordista. Tra-ta-se do modo de produção toyotista desenvolvido no Ja-pão, que trouxe consigo inovações que também iriam re-volucionar toda a estrutura produtiva do capital, ocasio-nando significativas mudanças na constituição da sociabi-lidade humana.

Humberto de Oliveira Santos Júnior

Page 13: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

Tais mudanças não podem ser atribuídas a um pensa-mento moderno, considerando momentos anteriores, pois

diferenciam em sua essência, apesar de que tambêmIr zem em si o legado da justificativa e da necessidade deriar o novo. Então, estamos diante de um novo paradigma

que poderá dar continuidade ao desenvolvimento do siste-ma capitalista, conhecido na literatura como pensamentoI ós-moderno.

Pós-Modernismo e Acumulação flexível

Como vimos, na segunda metade do século XX, o ca-pitalismo se apresentava enfraquecido e as idéias moder-nistas pareciam não mais atender as necessidades de suaépoca, pelo contrário, agravavam-se, pois sua tendência àuníversalizaçáo. ao eterno e às coisas imutáveis levaram auma produção verticalizada, hierárquica e burocrata, quee sustentava em governos totalitários e populistas. uma

das possíveis razões da crise.Então, o reconhecimento do movimento pós-moderno

ocorre na medida em que ele se apresenta como uma crí-tica e, sobretudo, sendo o oposto ao mesmo. Embora oconsidere o fugidio, o efêmero e o caos como elementosque possibilitam a mudança, assemelhando-se assim aoModernismo, ele trata estes elementos sob outra óptica,diferenciando-se por completo do Modernismo. Como bemexplica Harvey:

Começo com o que parece ser o fato mais espantoso so-,bre o pós-modernismo: sua total aceitação do eférnero.do fragmentário, do descontínuo e do caótico que forma-vam uma metade do conceito baudelairiano de moder-nidade. Mas o pós-modernismo responde a isso de umamaneira bem particular; ele não tenta transcendê-Io, opor-se a ele e sequer definir os elementos "eternos e imutá-veis" que poderiam estar contidos nele. (1996, p. 49).

Para ilustrar e entender melhor o sentido da Pós-Moder-nidade, retornaremos ao Japão, que, sem dúvida, foi pal-

Do Moderno ao Pós-moderno: Avanço ou Retrocesso?

Page 14: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

co de um dos maiores exemplos pós-modernos, capaz deinfluenciar e transformar a sociabilidade humana, median-te da centralidade do trabalho mediada pela produção deriquezas materiais.

O modelo toyotista de produção foi assim chamadopor ter sido desenvolvido em uma das montadoras auto-mobilísticas japonesas de nome Toyota. Esta fábrica, parasobreviver, teve que superar, além da recessão pós-guer-ra, a concorrência norte- americana e a própria geografia,que se tornou um problema para a implementação domodelo fordista que era referência, até então, nos paísesdesenvolvidos.

Foi combinando patriotismo e necessidade que aToyota mobilizou seus trabalhadores no pós-guerra, na ten-tativa de superar a produção norte-americana. Sabendo doesforço que seria exigido de todos os seus trabalhadores,essa empresa, ao adaptar o modelo fordista às condiçõesjaponesas, criou outro modelo, que se sustenta naflexibilização da produção, do trabalho e do trabalhador ena idéia do tempo justo (just-ín-tlme).

A produção precisava ser flexível, porque tanto a gran-de quantidade de carros estocados quanto a absorção deenormes números de trabalhadores no interior das fábri-cas, tão necessários no fordismo, se tornou um problema,em virtude da necessidade de grandes espaços para guar-dar todo o estoque e acomodar os trabalhadores, do que oJapão não dispõe, por ser um arquipélago. Com aflexibilização, acabou a produção em grandes séries demodelo único, cedendo lugar à produção de vários mode-los em pequenas séries. Como ressalta Gounet:

A produção é puxada pela demanda e o crescimento,pelo fluxo. No sistema fordista, a meta era produzir omáximo, em grandes séries. Vender era tarefa do depar-tamento comercial. No Japão isso não é rentável. É pre-ciso produzir muitos modelos, cada um em pequenaquantidade, e é a demanda que deve fixar o número deveículos de cada modelo. (1999, p. 26).

Numberto de Oliveira Santos Júnior

Page 15: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

Para tornar rentável, no entanto, a produção de váriosmodelos sem perder tempo e qualidade no produto, aToyota organiza sua produção também de forma flexível,pois só se produz e só se estoca o necessário; ou seja, seproduzir um modelo de carro, é sinal que tem mercado eele está em falta. Para fabricá-lo, cada peça deste é retira-da do estoque de reserva que, por sua vez, só será repostona mesma proporção. O estoque de reserva é produzidopor empresas terceírízadas. responsáveis pela qualidadedos produtos repassados e situadas próximo das fábricas,facilitando o transporte, diminuindo o problema daestocagem, além de reduzir os custos, pois diminui a quan-tidade de trabalhadores nas fábricas, reduzindo os gastoscom salários.

O trabalho flexível, desta forma, proporcionou ao tra-balhador uma relação integrada entre as várias máquinasa serem manuseadas por ele ou pelo companheiro, con-trastando com o antigo modelo, no qual o trabalhador exer-cia o seu papel mediante ritmo imposto pela máquina, re-lacionando-se apenas com a própria máquina. Em conso-nãncia com Gounet:

(... ) o trabalho não é mais individualizado e racionaliza-do conforme o taylorismo; é um trabalho de equipe; arelação homem-máquina torna-se a de uma equipe deoperários frente a um sistema automatizado; em segun-do lugar, o trabalhador deve tornar-se polivalente paraoperar várias máquinas diferentes em seu trabalho coti-diano, mas também para poder ajudar o colega quandopreciso. (1999, p. 27).

Considerações Finais

Se tomarmos como base os trabalhadores, é possívelperceber que, durante o fordismo, eles conseguiram se or-ganizar em sindicatos, mantendo a classe, na medida dopossível, unida, garantindo conquistas trabalhistas no con-fronto da luta classista. Em contrapartída. trabalhavam como

Do Moderno ao Pós-moderno: Avanço ou Retrocesso?r:

Page 16: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

se fossem máquinas, exercendo movimentos repetitivos esimples, como se o mundo do trabalho não fizesse parte desua vida e esta só começasse logo após o ato laboral.

No modelo toyotísta. o quadro parece se inverter, aoque supostamente indica que o ato laboral se "hurnaniza".pois o trabalhador tem que se relacionar com o outro, to-mar decisões, dirigir máquinas, "qualificar-se", ser respon-sável, entre outros aspectos." Isto torna, de acordo comtal discurso, sujeito de parte da produção em vez de merocoadjuvante. Já fora do trabalho a flexibilidade enseja in-segurança, em virtude das mudanças de mercado, quepodem provocar demissões a qualquer momento, além daconcorrência direta dos excluídos do mundo do trabalho.Diante dessa lógica, o aumento do contingente de desem-pregados produz uma reserva capaz de competir com osjá empregados, como já denunciava Marx:

A economia nacional considera a força de trabalho abs-tratamente como uma coisa; a força de trabalho é umamercadoria: se o preço é alto, a mercadoria é muito pro-curada: se é baixo, a mercadoria é muito oferecida; comomercadoria a força de trabalho deve baixar cada vez maiso preço: o que força a isso é em parte a concorrênciaentre capitalista e trabalhador, e em parte a concorrên-cia entre trabalhadores. (1890, p. 33 e 34).

Neste mesmo contexto, os trabalhadores foram desar-ticulados pelo individualismo promovido pela instabilida-de, fazendo com que o ócio fosse ocupado pela busca daeterna qualificação, presente no discurso de exigência domercado que está em eterna mudança no mundo pós-mo-derno; e aos ataques à estrutura sindical, cujos líderes,fragilizados, fizeram dos trabalhadores presas fáceis, sub-metendo-se a uma carga horária elevada, com base emhoras extras e redução de salário, tendo como o únicointuito a garantia da continuidade do emprego.

2 Fato questionável, uma vez que, segundo Antunes (2003), o que se eviden-cia na chamada "era da acumulação flexível" são a precarização das relaçõestrabalhistas e o aumento do sobretrabalho.

Humbertode OliveiraSantosJúnior

Page 17: DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? · 2019. 10. 31. · DO MODERNO AO PÓS-MODERNO: AVANÇO OU RETROCESSO? /fumberto de Oliveira Santos Júnior: Introdução Este

Assim, podemos concluir que, para o trabalhador, ap.1 agem do mundo moderno para o pós-moderno foi cer-t .id de grandes perdas trabalhistas, podendo ser caracte-rlz do como um momento de retrocesso para a classe.

Referências Bibliográficas

ANTUNES,Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaios sobreI afirmação e a negação do trabalho. 6 reimpressão. SãoI' ulo: Boitempo Editorial, 2003.

HESNAIS, François. Mundialízação do capital. TraduçãoIIvana Finzi Foá. São Paulo: Xamã, 1996.

OUNET,Thomas . Fordismo e toyotismo na civização doutomóvel. Tradução de Bernardo Joffily e Adir Aparecida

Juliano. São Paulo: Boitempo, 1999.

IIARVEY,David. Condição pós-moderna. Tradução de AdailUbirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 6. ed. São Paulo:Edições Loyola, 1996.

HAYEK, Friedrich August. O caminho da servidão. Tradu-ção e revisão de Ana Maria Capovilla, José Ítalo Stelle eLiane de Morais Ribeiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Instituto Li-beral, 1990.

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. LivroPrimeiro - O Processo de Produção do Capital - v. 1. Tra-dução de Reginaldo Sant'Anna. 4. ed. Rio de Janeiro: Edi-tora Civilização Brasileira S.A., 1890. -

NIKITIN. P. Fundementos de economia política. Traduçãode A. Veiga Fialho. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasi-leira S.A., 1967.

SADER, Emir; GENTIL!, Pablo et aI. (Org.). Pos-neolibe-ralísmo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1995.

Do Modifno ao Pós-moderno: Avanço ou Retrocesso?