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Mudanças – Psicologia da Saúde, 15 (2) 153-160, Jul-Dez, 2007 Copyright 2007 pelo Instituto Metodista de Ensino Superior CGC 44.351.146/0001-57 Mudanças – Psicologia da Saúde, 15 (2), Jul-Dez 2007, 154-161p Do T.O.C ao toque: efeitos de um trabalho psicanalítico Flávia Hasky* Resumo Neste artigo, a partir da apresentação de um caso clínico, procuramos ressaltar as especificidades de um atendimento psicanalítico. Discorrendo sobre a atuação dos psicanalistas em instituições de saúde mental, cada vez mais freqüente na contemporaneidade, traçamos paralelos entre a abordagem psicanalítica e a psiquiátrica frente a um quadro clínico. A partir do tratamento de uma paciente, Maria, procuramos mostrar que a forma como a psicanálise encara um diag- nóstico de Transtorno Obsessivo Compulsivo se dá sempre no caso a caso, a partir da relação do sujeito com o seu sintoma. Na medida em que vai aparecendo a relação de seus rituais com sua história familiar e angústias pessoais, Maria descola-se do rótulo universalizante de portadora do T.O.C, podendo dar um toque singular à sua vida. Descritores: psicanálise, Transtorno obsessivo compulsivo, sintoma, angústia, singularidade. From obsessive compulsive thought to creative thoughts: effects of a psychoanalytic work Abstract In this article, starting with the presentation of a clinical case, the authors highlighted the specificities of a psychoanalytic treatment. Observations of the increasingly frequent psychoanalyst activity in mental health institutions show some parallelisms between psychoanalytic and psychiatric approaches in the treatment of modern psychopathologies. Based on the treatment of a patient called Maria, the author illustrated that a psychoanalyst makes a psychodynamic diagnosis of obsessive compulsive disorders on a case by case basis, due to patients’ subjectivity in their relations with the obsessive compulsive symptoms. As Maria discovers the relation between her symptoms, her family history, and her personal anxieties, she feels free from the diagnosis of obsessive-compulsive disorders and gets creative, becoming able to create new subjective meanings for her life. Index-terms: psychoanalysis; compulsive obsessive disorder; symptom; anxiety; subjectivity De la désordre obsédant compulsif à la signification : les effets d’un travail psychanalytique Résumé Dans cet article, à partir de la présentation d’un cas clinique, on a voulu faire ressortir les spécificités d’un traitement psychanalytique. L’observation de l’activité de psycho analyste dans des établissements de santé mentale, chaque fois plus fréquemment, montre quelques parallélismes entre les approches psychanalytiques et psychiatriques dans le trai- tement des psychopathologies modernes. Du traitement d’une patiente appelée Maria, l’auteur a illustré la manière qu’un psychanalyste fait pour un diagnostic psycho dynamique des désordres obsessionnels, et comment il a traité chaque subjectivité de la patiente et ses relations avec les symptômes obsessionnels. À mesure que la patiente découvre la relation entre ses symptômes et ses antécédents familiaux, et des inquiétudes personnelles, Maria ressent l’absence du diagnostic des désordres obsessionnels et obtient des significations subjectives créatrices et nouvelles pendant sa vie. Mots-clés : psychanalyse ; désordre obsédant compulsif ; symptôme ; inquiétude ; subjectivité * Aluna de Mestrado do Curso de Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a orientação do Professor Joel Birman. E-mail para correspondência: [email protected]

Do TOC ao Toque

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caso de transtorno obsessivo

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  • Mudanas Psicologia da Sade, 15 (2) 153-160, Jul-Dez, 2007

    DO T.O.C AO TOQUE: EFEITOS DO TRABALHO EM PSICANLISE 153Copyright 2007 pelo Instituto Metodista deEnsino Superior CGC 44.351.146/0001-57

    Mudanas Psicologia da Sade,

    15 (2), Jul-Dez 2007, 154-161p

    Do T.O.C ao toque: efeitos de um

    trabalho psicanaltico

    Flvia Hasky*

    ResumoNeste artigo, a partir da apresentao de um caso clnico, procuramos ressaltar as especificidades de um atendimento

    psicanaltico. Discorrendo sobre a atuao dos psicanalistas em instituies de sade mental, cada vez mais freqente

    na contemporaneidade, traamos paralelos entre a abordagem psicanaltica e a psiquitrica frente a um quadro clnico.

    A partir do tratamento de uma paciente, Maria, procuramos mostrar que a forma como a psicanlise encara um diag-

    nstico de Transtorno Obsessivo Compulsivo se d sempre no caso a caso, a partir da relao do sujeito com o seu

    sintoma. Na medida em que vai aparecendo a relao de seus rituais com sua histria familiar e angstias pessoais, Maria

    descola-se do rtulo universalizante de portadora do T.O.C, podendo dar um toque singular sua vida.

    Descritores: psicanlise, Transtorno obsessivo compulsivo, sintoma, angstia, singularidade.

    From obsessive compulsive thought to creative thoughts: effects of apsychoanalytic work

    AbstractIn this article, starting with the presentation of a clinical case, the authors highlighted the specificities of a psychoanalytic

    treatment. Observations of the increasingly frequent psychoanalyst activity in mental health institutions show some

    parallelisms between psychoanalytic and psychiatric approaches in the treatment of modern psychopathologies. Based

    on the treatment of a patient called Maria, the author illustrated that a psychoanalyst makes a psychodynamic diagnosis

    of obsessive compulsive disorders on a case by case basis, due to patients subjectivity in their relations with the

    obsessive compulsive symptoms. As Maria discovers the relation between her symptoms, her family history, and her

    personal anxieties, she feels free from the diagnosis of obsessive-compulsive disorders and gets creative, becoming able

    to create new subjective meanings for her life.

    Index-terms: psychoanalysis; compulsive obsessive disorder; symptom; anxiety; subjectivity

    De la dsordre obsdant compulsif la signification : les effets dun travailpsychanalytique

    RsumDans cet article, partir de la prsentation dun cas clinique, on a voulu faire ressortir les spcificits dun traitement

    psychanalytique. Lobservation de lactivit de psycho analyste dans des tablissements de sant mentale, chaque fois

    plus frquemment, montre quelques paralllismes entre les approches psychanalytiques et psychiatriques dans le trai-

    tement des psychopathologies modernes. Du traitement dune patiente appele Maria, lauteur a illustr la manire quun

    psychanalyste fait pour un diagnostic psycho dynamique des dsordres obsessionnels, et comment il a trait chaque

    subjectivit de la patiente et ses relations avec les symptmes obsessionnels. mesure que la patiente dcouvre la

    relation entre ses symptmes et ses antcdents familiaux, et des inquitudes personnelles, Maria ressent labsence du

    diagnostic des dsordres obsessionnels et obtient des significations subjectives cratrices et nouvelles pendant sa vie.

    Mots-cls : psychanalyse ; dsordre obsdant compulsif ; symptme ; inquitude ; subjectivit

    * Aluna de Mestrado do Curso de Teoria Psicanaltica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a orientao do Professor Joel Birman. E-mail

    para correspondncia: [email protected]

  • FLVIA HASKY154

    Advances in Health Psychology, 15 (2) 153-160, Jul-Dez, 2007

    Del TOC al toque: efectos de un trabajo psicoanaltico

    ResumenEn este artculo, a partir de la presentacin de un caso clnico, intentamos destacar las especificidades de una antencin

    psicoanaltica. Hablando sobre el accionar de los psicoanalistas en instituciones de salud mental, cada vez ms frecuente

    en la temporaneidad, trazamos paralelos entre el abordaje psicoanaltico y el psiquitrico frente a un cuadro clnico. A

    partir del tratamiento de una paciente, Mara, intentamos mostrar que la forma en la que el psicoanlisis encara un

    diagnstico de Transtorno Obsesivo Compulsivo, se da siempre en el caso a caso, a partir de la relacin del sujeto con

    su sntoma. En la medida que va surgiendo la relacin de sus rituales con su historia familiar y angustias personales,

    Mara se despega del rtulo universalizante de ser portadora del TOC, pudindole dar un toque especial a su vida.

    Descriptores: psicoanlisis; transtorno obsesivo compulsivo; sntoma; angustia; singularidad

    IntroduoO atendimento realizado por psicanalistas em insti-

    tuies um tema rodeado de polmicas. O presente ar-tigo tem como objetivo discorrer sobre a possibilidade darealizao de uma escuta analtica em uma instituio p-blica, capaz de ultrapassar obstculos aparentemente in-superveis. Tratar da insero da psicanlise em institui-es na contemporaneidade fundamental, visto no sermais possvel ao psicanalista uma prtica ortodoxa restritaao seu consultrio. Para que um psicanalista se autorizee legitime a sua prtica em um mbito no-convencional, preciso que considere a psicanlise como uma prticasocial, aprendendo a dialogar com os demais saberes eprofissionais, considerando suas diferenas. Cabe a ele ardua, porm necessria tarefa de tentar defender a per-manncia de sua prtica nos espaos pblicos, buscandoconquistar a confiana e o respeito daqueles que possuemabordagens distintas.

    Apresentaremos, a partir da conduo de um casoclnico, o dilogo entre a psicanlise e a psiquiatria, no queconcerne questo diagnstica e direo do tratamento,na tentativa de contribuir para a prtica de profissionais deambas as reas. Alm disso, objetivamos enriquecer o de-bate acerca de tal problemtica, principalmente no que serefere aos aspectos sociais e ticos envolvidos neste campoda sade mental. De acordo com a especificidade do ma-terial que o caso em questo nos fornece, centraremosnossa discusso nas diferentes abordagens em relao aoTranstorno Obsessivo Compulsivo, o T.O.C.

    A especificidade de um atendimentopsicanaltico

    A instituio a que nos referimos o Instituto dePsiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, oIPUB, nacionalmente reconhecido pelas diversas ativida-

    des que nele so desenvolvidas no mbito da sade men-tal. O trabalho de profissionais de diferentes reas - psi-quiatras, psiclogos, assistentes sociais, enfermeiros -somado heterogeneidade da demanda que procura esseservio so fatores que falam de um grande desafio paraos que desejam ali realizar o exerccio da psicanlise.

    A paciente qual nos referimos, Maria, se apresentalogo em sua primeira sesso com a analista, como porta-dora de um transtorno classificado pela psiquiatria, oT.O.C. O saber mdico o considera enquanto signo, im-plicando portanto em um saber do que se trata, combases priori nos manuais de classificao diagnstica. Apsicanlise, por sua vez, escuta o T.O.C enquanto umsignificante, no comportando em si nenhum significado.Nossa aposta que, dessa forma, ser possvel ao analistaescutar a verdade trazida pelo sujeito por detrs dessetermo universal, possibilitando a circulao de novossentidos e o aparecimento da singularidade daquele queest ali a falar. a singularidade e no a doena mental onosso interesse central.

    J na entrada, chama ateno a presena desse diag-nstico to popular na atualidade, lado a lado com asmais convencionais formas de identificao:

    Me chamo Maria, tenho 24 anos, tenho T.O.C.A questo que ento se impe , como encontrar,

    ou melhor, criar ao longo dos atendimentos uma brechanisso que ela traz como um rtulo, podendo assim escu-tar seu sofrimento, o motivo que a levou a pedir ajuda.

    Uma peculiaridade desse incio de tratamento, queacreditamos ter importantes conseqncias para toda asua durao foi o fato de que Maria, ao passar pela tria-gem com um psiquiatra no foi medicada, tendo sido en-caminhada exclusivamente para um atendimento com apsicanalista. Ressaltamos essa passagem, para que fiqueclara nossa postura crtica em relao grande quantidade

  • Mudanas Psicologia da Sade, 15 (2) 153-160, Jul-Dez, 2007

    DO T.O.C AO TOQUE: EFEITOS DO TRABALHO EM PSICANLISE 155

    de medicamentos que vm sendo consumidos, muitas ve-zes sem real indicao. A medicao traz o risco detamponar o desejo e anular a historicidade do sujeito,apresentando-se como mais um elemento na srie deobjetos da lgica do consumismo que impera no mundoatual (Barros, 2005).

    Em relao preocupao de se definir um diagns-tico, pensamos que incorporar um sujeito a uma classe atribuir-lhe um juzo de valor. Por essa razo, demarcarum tipo clnico priori no um ato que guie o trabalhode um analista. Ao invs do procedimento mdico deprimeiro diagnosticar para ento tratar, Freud diagnosti-cava tratando, frisando que o diagnstico em psicanlise uma construo. Utiliza-se o diagnstico apenas comouma aposta, estando aberto a enxergar aspectos radical-mente distintos, caso seja necessrio ulteriormente. Deacordo com Vieira (2001), a funo do diagnstico res-tringe-se facilitao da comunicao do caso entre ospares, alm de servir minimamente de baliza para a con-duo do tratamento, como uma forma de assinalar ummodo singular de gozo. O que ser uma ferramenta fun-damental o poder da causa do desejo, como forma deprovocar uma re-configurao do desejo do analisando.

    A primeira dificuldade que encontramos se refere instituio do inconsciente no tratamento, j que a pr-pria psicanlise se legitima a partir desse lugar. Sabemosque a escuta um instrumento fundamental para fazeradvir o sujeito do inconsciente. Aprendemos com Freudque o sujeito no senhor em sua prpria morada e queo inconsciente insiste, invadindo a fala do sujeito e mani-festando-se atravs de tropeos, lapsos e atos falhos, almde se fazer presente nos eventuais relatos de sonhos.

    Outro aspecto a ser destacado a viso diferenciadaque os psicanalistas tm diante das queixas que recebem.A psicanlise pensa o sujeito como radicalmente respon-svel por sua condio, devendo estar implicado em seusofrimento. Assim, a essncia do tratamento est desde oincio na no-alienao ao sintoma, tirando o analista deum lugar de mestria, como aquele que tudo sabe e tudopode para proporcionar uma suposta melhora. O analistadeve sustentar um lugar de escuta do inconsciente, bus-cando fazer advir um sujeito em sua diferena. SegundoLacan (1969-70), faz semblante de objeto a, objeto simul-taneamente opaco, desconhecido e essencial. Oferece-se como um nada, banca o dejeto, situando-se assimcomo agente na direo do tratamento.

    Na direo de um tratamento analtico, o poder noest com o profissional, mas sim com o tratamento. Paratal, o analista paga um preo: com palavras, por terem efei-

    to de interpretao; com sua pessoa, por servir apenas desuporte transferncia e tambm com seu julgamento n-timo, que vetado da entrada no dispositivo. Em sua pr-tica, admite-se como aquele que sabe no saber, j quesobre a verdade de cada sujeito no h um saber prvio aser descoberto. Como salientou Lacan (1954-55), o in-consciente escapa totalmente a este crculo de certezas noqual o homem se reconhece como eu. Para a psicanlise,est excluda a idia de uma especialidade, com um especi-alista correlato que dar conta daquele estado patolgico.

    A tica da psicanlise no pedaggica nem tam-pouco caridosa, a tica do desejo. O desejo do analistano envolve um querer bem ao paciente, mas corres-ponde a um desejo de que haja anlise, de que se possatrabalhar para a apario do sujeito, levando o pacientea uma elaborao simblica que o conduza por si mes-mo em seu processo de cura. O uso do termo cura umtanto delicado, j que em uma anlise, trata-se de levaro sujeito, a bem dizer o sintoma, e no a elimin-lo. Aidia de um re-posicionamento, onde mudem as con-dies do desejo implicadas no sintoma, assim como aeconomia de gozo. Para tal, sabemos ser necessrio umlongo caminho, que exige primeiro e acima de tudo es-cutar o sujeito, a partir de seu inconsciente, j que pelo material que traz em sua fala, que se dar a re-memorao de sua histria. Na psicanlise, a importnciada fala no est somente nas palavras ditas, sendo ofundamental justamente o mais-alm do enunciado, queaponta para o inconsciente da fala, abrindo caminhopara as relaes fantasmticas ocultadas, para o saberque no se sabe, mas de que ainda assim se sofrem osefeitos. Acredita-se na existncia de uma razo que aprpria razo desconhece, referente s paixes daalma que so as que francamente nos governam, deforma inevitavelmente enigmtica.

    O sujeito da psicanlise o sujeito do inconsciente,dividido pela linguagem, excntrico a si mesmo. Infelizmen-te, a postura de dar-se escuta rara, pela dificuldade queo ser humano tem de descentrar-se para dar lugar ao outro.

    O incio da histria clnicaA forma de se acolher a queixa inicial de Maria e a

    definio da conduta teraputica a ser seguida difere bas-tante da psiquiatria psicanlise, do T.O.C ao toque.

    Para a psiquiatria, as obsesses esto enquadradas emalguns transtornos, dentre eles o Transtorno Obsessivo-Compulsivo. De acordo com o CID-10 (Classificao In-ternacional de Doenas) e o DSM-IV (Manual Diagnsticoe Estatstico das Perturbaes Mentais), o T.O.C codifi-

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    Advances in Health Psychology, 15 (2) 153-160, Jul-Dez, 2007

    cado como F42 e 300.3, nas respectivas classificaes caracterizado essencialmente por idias obsessivas e/ou porcomportamentos compulsivos, repetitivos e estereotipados,em geral desprazerosos, excessivos e irracionais, que ocu-pam muito tempo da vida do sujeito.

    Aes popularmente conhecidas como: uma preo-cupao excessiva com limpeza e organizao, evitar cer-tas cores de roupas, recear passar por algum local commedo de que algo de ruim acontea, como tambm veri-ficar repetidas vezes portas, janelas e o gs so conside-radas como manias em nosso dia-a-dia.

    Segundo a psiquiatria e a Terapia Cognitivo-Com-portamental (T.C.C), se tais comportamentos se apresen-tam em determinado nmero em um indivduo, so vistoscomo sintomas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo,uma doena mental grave, bastante comum e que j pos-sui tratamentos bastante eficazes.

    Segundo a Organizao Mundial de Sade, o T.O.Cacomete preferentemente indivduos jovens, geralmente crnico, sendo que, mesmo aps o tratamento, os sintomaspodem no desaparecer completamente. Os portadoresapresentam um grande e permanente sofrimento, que podeacarretar, inclusive, importantes limitaes em sua convi-vncia social (afastamento dos amigos e restries no lazer)e em sua produtividade laborativa. Os sintomas afetam nos o portador do transtorno, mas tambm seus familiares.Isso porque a doena modifica hbitos rotineiros que inva-dem o espao domstico, sendo frequente a restrio aouso de sofs, talheres, louas, a demora excessiva no ba-nheiro, assim como o estabelecimento de horrios rgidospara refeies, para dormir e acordar.

    O que costuma acontecer nesses casos so intensose repetidos conflitos, j que a compreenso e a tolernciados demais raramente atendem s exigncias do portador.Dessa forma, o lar abatido por discusses e atritos,instalando-se um clima hostil e irritadio.

    Segundo os manuais de T.C.C, os tratamentos maismodernos e efetivos para o T.O.C fazem uso de medica-mentos antidepressivos, alm da terapia, ambos visandoa extino dos sintomas. O resultado esperado seria umadiminuio na frequncia e na intensidade das obsessese na necessidade de realizar os rituais, acreditando-se napossibilidade do desaparecimento completo dos mesmos.

    Atualmente, o T.O.C um transtorno que no serestringe aos manuais de sade. Em programas de rdioe televiso, jornais e revistas, aparecem matrias quenomeiam certos comportamentos dessa forma, instigandono pblico geral a suspeita: ser que eu tenho T.O.C?Seriam meus medos, preocupaes e hbitos normais ou

    manias patolgicas? Veremos adiante que Maria foi maisuma vtima desse fenmeno de nossos tempos.

    Esmiuando o termo escolhido para nomear essadoena, nos deparamos com as obsesses e as compulses.Segundo Cordioli (2004) as obsesses so pensamentos,idias, imagens, palavras, frases, nmeros ou impulsos queinvadem a conscincia de forma repetitiva e persistente.Geralmente so acompanhadas de medo, angstia, culpa oudesprazer. Apesar de serem consideradas absurdas ou il-gicas, causam aflio, levando a pessoa a tomar uma medi-da para livrar-se do desconforto.

    As compulses, por sua vez, so comportamentosou atos mentais voluntrios executados em resposta aobsesses ou em virtude de regras que devem ser segui-das rigidamente. Elas aliviam momentaneamente a ansie-dade, levando o indivduo a realiz-las sempre que suamente invadida por uma idia aflitiva. So mais comu-mente conhecidas como rituais.

    As causas desse transtorno ainda no foram estabe-lecidas, sendo apenas apontados fatores de ordem biolgica,envolvendo o funcionamento cerebral e de ordem psicol-gica, como aprendizagens errneas e crenas distorcidas.

    O toque pessoal de MariaO contato com essa abordagem do T.O.C levantou

    o questionamento sobre o lugar destinado histria an-terior ao aparecimento dos sintomas, ao que eles podemestar relacionados e se so respostas a algo ou enderea-dos a algum. Ser que a funo que o sintoma tem parao sujeito no deve ser levada em conta? Como incluir emuma avaliao a complexa relao de um sujeito com omal que lhe acomete?

    No caso de Maria, no decorrer de algumas sesses,essas questes vo aparecendo indiretamente, na medidaem que ela vai falando e fazendo deslizar esse significante,indo para alm do T.O.C, seguindo adiante na busca de si.

    Seguindo os princpios psicanalticos, procuramosdepurar do discurso de Maria, o que figurava entre umamania e outra, o que estava velado em meio a seuselaboradssimos rituais. Tais rituais, que pouco a poucoapareciam em seu relato, eram ter que passar pela janelada sala e dar uma olhadinha toda vez que mudasse decmodo dentro de casa; no poder dormir nem com aluz da sala acesa nem entre 23 e 24 hrs; ter que perma-necer sentada na poltrona do papai durante os 90minutos de todos os jogos do Botafogo; vestir-se comdeterminada cor de roupa de acordo com o dia da sema-na; no deixar a tampa do vaso sanitrio levantada; sen-tar-se sempre no mesmo lugar no sof, beber sempre

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    DO T.O.C AO TOQUE: EFEITOS DO TRABALHO EM PSICANLISE 157

    em um copo que ganhou do irmo, alm de alguns ou-tros. Ela ainda frisa que os realiza quase que exclusiva-mente em casa, pois na rua tem vergonha de que osoutros saibam de seu problema. Impossvel escutar essedetalhe sem estranhamento! Como que um doenteportador do T.O.C consegue restringir seu comporta-mento patolgico a um ambiente especfico? Avanan-do: o que h de especial na casa de Maria que marqueessa diferena entre quem ela pode ser na rua e em seular? justamente nesse jogo de ciframento-deciframentoque o tratamento analtico transcorre, por entendermosque o sintoma porta uma mensagem do inconsciente.

    Nas entrevistas preliminares, a demanda conscientede Maria era se livrar das manias. Durante alguns encon-tros, traz a revista na qual sua me descobriu que seuproblema psicolgico era o T.O.C, descoberta que napoca foi sentida por ela como um alvio. Pede para queeu leve e leia a revista: se voc ler a reportagem, vai en-tender tudinho sobre o que eu tenho. Respondo-lheento que isso se dar a partir de sua fala nas sesses,recusando-me a aceitar sua demanda (na sesso seguinte,deixa de traz-la).

    Porm, sabemos o quo intensa pode ser a fora deum sintoma. Ao invs da revista, o guia da sesso passaa ser, durante um tempo considervel, uma lista das ma-nias que havia escrito a fim de no se esquecer de ne-nhuma. Iniciava todas as sesses citando alguns rituaisdos quais ainda no havia falado, fato que respeitei, escu-tando-a sem intervir. No posso deixar de marcar que apouca ateno que dei a tal lista a fez deixar de traz-la jna sesso seguinte. Continuava, porm, iniciando as ses-ses com as manias, tentando lembrar pra falar (descre-via no mximo trs e logo falava de outras questes). Decerta forma, um passo rumo subjetivao comeava aser dado, pois agora era dela, e no de um jornalista, aescrita sobre si. Curiosamente, a prpria sesso era assimritualizada por Maria, que repetia na transferncia seumodo de funcionamento cotidiano. Ao se deter na impor-tncia do conceito de repetio, Freud (1914) descrevia atransferncia como uma arena, onde o sujeito repete jun-to ao analista atitudes passadas, revividas no dispositivo.

    Apesar de sua insistncia em falar da declaradaluta travada contra os rituais, no toca sequer umanica vez nesse assunto j na segunda sesso, possibi-litando um deslocamento e o aparecimento de outrasquestes. So esses desvios, cada vez mais presentes elongos em suas sesses que vo possibilitando seu re-posicionamento subjetivo. Certa vez, chega a dizer:no sei o que acontece, pois penso as coisas para di-

    zer aqui, mas quando chego e comeo a falar, me per-co. A entrada de Maria na livre associao sinaliza oincio de uma relao transferencial.

    Relaes familiares e sexualidadeNa tentativa de delinear a direo do tratamento,

    nossa escuta procurou perceber que assuntos e persona-gens eram mais pregnantes em seu discurso. Outra questoque norteou nosso trabalho foi pensar na forma comoesses assuntos se articulavam com as manias de Maria.

    Primeiramente, a figura-chave que aparece seuirmo mais velho, de quem se queixa muito, por norespeit-la. Maria sentia-se sem espao em casa, opri-mida pelos caprichos do irmo com quem dividia omesmo quarto. A partir do momento em que comeaseu maior problema, o T.O.C, uma doena psicolgi-ca, o conflito entre ambos se agrava. O endere-amento dos sintomas da paciente a ele aparece deforma cada vez mais clara:

    a gente no se fala. Paramos de nos falar de vez, depois

    de uma briga pelo controle remoto, em que dei um tapa

    na cara dele. Eu era mais descontrolada, sentia muita raiva

    dele, vontade de bater. Mas agora aprendi a me controlar,

    com meu bloqueio do descontrole que muito forte.

    Em outra ocasio, confessa que a impossibilidade de

    dormir com a luz da sala acesa e o lugar fixo que exige no

    sof pode at ser pra implicar com ele....

    Essa relao entre o T.O.C e o irmo no pra pora. O carter secundrio, a funo de tamponamento quecumpre as manias, se evidencia na seguinte passagem: aofalar sobre o T.O.C, comenta: s penso nisso!. Para aanalista, fica a questo do que esse sintoma busca velar,que pensamentos aflitivos se encontrariam por trs dasmanias. Aos poucos, sem se dar conta, a prpria Mariavai desvendando o mistrio: antes eu s pensava no queo meu irmo ia fazer, ia falar e no conseguia me concen-trar em nada!. E finalmente, declara: pra no virar bichocom ele, penso em outras coisas: em coisas boas, msicas,lugares bonitos... e nos meus rituais. Foi uma ttica queacabou dando certo.

    Alm dos conflitos com o irmo, descreve inmerasoutras problemticas no mbito familiar, enfatizando ademisso de seu pai (no mesmo ano em que comeamseus sintomas) e a decorrente crise financeira na casa. a partir desse fato que marca o incio de sua enormeangstia, assim como o desenvolvimento dos rituais. Emsuas palavras:

    BrunoPencil

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    BrunoPencil

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    BrunoPencil

    BrunoPencil

  • FLVIA HASKY158

    Advances in Health Psychology, 15 (2) 153-160, Jul-Dez, 2007

    Via minha me e meu irmo muito angustiados com o

    aperto financeiro. Por ser muito ligada minha famlia, eu

    tentava ajudar de alguma forma, mas eles no deixavam

    eu me envolver. Diziam que eu era pequena na ocasio,

    tinha 18 anos , no escutavam minhas sugestes. Come-

    cei ento a mudar meus hbitos e as coisas, coincidente-

    mente ou no, comearam a melhorar. Depois disso, no

    consegui mais abandonar as manias, com medo de que

    aquela angstia voltasse.

    Vamos percebendo que o lugar que Maria ocupa nafamlia o de uma jovem que, mesmo aos 18, anos eraconsiderada muito nova para opinar, sendo tratada comouma criana rebelde e infantil, que no escutada. Foiento atravs das aes das manias e no da voz, dodilogo, que encontrou uma forma de se fazer ouvir.

    Ao longo dos atendimentos, enfatiza que seu jeitodesde pequena sempre foi de ser certinha, de gostardas coisas organizadas e limpas, de planejar todas assuas atividades (inclusive a msica que ouvir no dia se-guinte!) e principalmente de manter o controle de tudo:no me vejo sem isso!.

    Se esse funcionamento j lhe era familiar desde sem-pre, tendo sido apenas acentuado durante os ltimosanos, o que ento a leva a pedir ajuda? A procura poruma anlise nunca se d por causa dos sintomas, masjustamente porque algo em relao a eles falha. O sujeitoprocura uma anlise quando algo do sintoma vaza, quan-do no mais tampona o real do gozo ou a angstia decastrao. como se algo da armadura simblica do sin-toma no a tenha protegido da intruso do Outro, toferozmente evitada, causando assim insuportvel angstia.

    Como supomos anteriormente, as manias foram esco-lhidas como uma ttica no relacionamento difcil com oirmo, alm de ser uma forma de as pessoas de sua casarepararem nela, sendo ento uma forma de chamar ateno:

    As manias so para me ignorarem menos, porque, quan-

    do falo, no me ouvem. Quero que percebam que eu no

    sou mais s uma menininha que cresceu e t na faculda-

    de, mas que eu tambm tenho opinies. uma maneira

    de aparecer, pra ver se eles me vem de outra forma.

    Um terceiro aspecto fundamental em sua histria devida, intimamente ligado realizao das manias a sexu-alidade. O que sempre escutou dos familiares prximosacerca do tema soava como um convite a se afastar dasquestes sexuais, a postergar a passagem de menina amulher. Violncia, cuidados, privaes, sujeira, vergonha

    so os significantes que aparecem quando disso que setrata. Ao relatar a cena em que virou mocinha, tampaos olhos com as mos, repetindo a forma como contoupara a me, mostrando-lhe a calcinha suja de sangue. Esta,por sua vez, lhe d vrias dicas sobre a menstruao,todas da ordem do horror, puramente tcnicas. A ausn-cia de amparo, carinho e de um modelo de identificaofeminina so evidentes e tero conseqncias. Ao tapar osolhos, literalmente, Maria parece no querer ver e nemsaber sobre a marca do feminino.

    Quando as colegas comeam a paquerar e falardessas coisas vulgares, ela vai se tornando cada vezmais caseira, parando de sair e de conviver socialmente.Nas sesses, s toca nesse assunto tangencialmente ouquando algo lhe escapa e a analista no deixa passar,aproveitando as brechas para perguntar-lhe do resto.Nessas horas, tem um trunfo perfeito para fugir dolado pessoal e afetivo: fala das manias.

    O preo a se pagar pelo sintomaDiante do que relatamos at esse ponto, fica clara a

    ampla funo que as manias tinham para Maria por um bomtempo. Entretanto, o material que surgia nos atendimentosmostrava que o preo que vinha pagando para manter essesintoma ficou caro demais. Sentir-se obrigada a realizar osrituais, sob pena de que algo ruim lhe acontecesse tornava-se insuportvel: parece que tem outra pessoa que me man-da realizar as manias, tipo meu inconsciente, sei l.... Recen-temente, confirmou tal suspeita ao dizer que as maniascomearam a atrapalh-la, a domin-la, enfim deu errado.Alm do fato de estar diante de sua prpria diviso, pareciaestar cada vez mais difcil compatibilizar esse apego ao sin-toma s demais atividades. Quando o social faculdade,estgio, amigos comeou a convoc-la com mais fora, umestranhamento se d, aparecendo a questo: o que ser queeu tenho? Se fosse T.O.C, eu estaria realizando minhas ati-vidades sem prejuzo...?

    A pergunta da paciente nos conduz aos fundamen-tos tericos que a psicanlise nos traz para lidarmos como sintoma, intimamente ligado angstia e ao traumtico.O afeto de angstia foi considerado por Freud (1916)uma questo crucial de toda neurose: um enigma cujasoluo dever inundar de luz toda nossa existncia men-tal (p. 458). No momento inicial de sua obra trata aangstia como transformao da libido acumulada, pelofracasso em sua descarga por vias psquicas. A angstiaseria assim produto de uma dificuldade de elaboraopsquica a partir de um excesso de energia que invade oaparelho psquico.

    BrunoPencil

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  • Mudanas Psicologia da Sade, 15 (2) 153-160, Jul-Dez, 2007

    DO T.O.C AO TOQUE: EFEITOS DO TRABALHO EM PSICANLISE 159

    A idia de excesso fundamental para pensarmos naarticulao de nosso caso clnico com a teoria da angstia.De fato, quando Maria fala de sua angstia diante doaperto financeiro, da crise familiar de forma geral, refere-se a experincias de carter traumtico.

    Em um dos muitos momentos em que discorre so-bre os sintomas, Freud (1926) diz que so formados a fimde evitar uma situao de perigo que foi assinalada pelaangstia. Dada a necessidade de unificao e sntese doego, este impede que os sintomas permaneam isolados ebusca agreg-los e incorpor-los em sua organizao,promovendo uma adaptao ao sintoma e tirando provei-to da situao. Isso resulta no que chamamos de ganhosecundrio decorrente do adoecer, que acaba por aumen-tar a fixao na doena e a persistncia dos sintomas.

    No caso em questo, o ganho secundrio um as-pecto-chave para entendermos a fora e a persistncia dosintoma. inegvel que as manias lhe sirvam, e muito,para conquistar muito do que quer (ou acredita querer)pra si. Tornou-se o centro das atenes da casa, conseguetocar seu irmo, irritando-o e atrapalhando sua rotina,alm de manter-se uma jovem travada, tamanha suaorganizao e responsabilidade. Esse jeito de ser certinhareserva seu tempo quase que exclusivamente para com-promissos com aulas e estgios, inclusive nos fins desemana, retirando-a do circuito das paqueras ou dequalquer badalao onde possa conhecer algum e preciselidar com os desencontros e certos desprazeres que asrelaes afetivas com freqncia trazem.

    Atentamos para o fato de o sintoma no incluir ape-nas sofrimento, proporcionando tambm uma satisfaosexual substitutiva. Um certo fracasso inegvel, dada asensao de estranheza e desconforto que o sintoma,marcado por sua exterioridade, provoca. Sua formao sed frente a um conflito de foras, operando o desligamen-to daquilo que foi traumtico e passando-se para umaoutra causalidade, mais aceitvel que a anterior.

    No que se refere a Maria, se antes a funo de tratara angstia atravs das manias a protegia, nesse momentoo mal-estar no pode mais ser negado. o que diz nasentrelinhas, por sentir-se angustiada diante dos imperati-vos que se v obrigada a cumprir.

    Consideraes finais justamente a esse esvaziamento fantasmtico do

    sintoma que se refere o ttulo deste trabalho. Do T.O.Cao toque uma forma metafrica de aludir possibilida-de de deslizamento de significantes fortemente atreladosa um determinado significado. Ao sentir vacilar o T.O.C

    enquanto transtorno psiquitrico, por perceber a singula-ridade da sua relao com as manias, Maria abandona osentido mdico, pr-fixado, para ir em busca do sentidoque aquele comportamento tinha para si. Obviamentesurgem muitos outros sentidos: as manias so uma formade chamar a ateno em casa, forma de ser ouvida e res-peitada, de conseguir um espao prprio. Desta forma, naanlise escuta-se a angstia, deixa-se o sujeito falar sobreela, essa estranha familiar. Tarefa difcil suportar aquiloque se manifesta de maneira to desprazerosa nopsiquismo. Mas acontece que a angstia tem tambm umafuno criadora e libertadora, ela denuncia um mal-estar,e tambm um motor que movimenta o sujeito no sen-tido de uma busca muito pessoal e singular. Essa aaposta da psicanlise.

    Atualmente, Maria continua em atendimento, nomais na instituio, mas no consultrio particular da ana-lista. Comentando com entusiasmo seu percurso (aindaem curso!) de anlise, podemos dizer que descobrir a viada fala e aceitar o convite para deitar-se no div, permi-tiram a ela a construo de um novo destino. Certa vez,comentou: bom falar, desabafar, mesmo que aquelapessoa no tenha a soluo para os seus problemas.

    Passando de Sujeito-Suposto-Saber sobre o T.O.C.quela que no tem as solues, a analista vai podendolentamente cair de um lugar de mestria para a paciente.Cada vez mais responsvel por seu tratamento, Mariapode continuar sua descoberta e inventar melhores pos-sibilidades de lidar com seu mal-estar.

    Nada melhor do que estas preciosas palavras da pr-pria paciente, que ratificam o ttulo proposto, para encerrareste trabalho: se eu tivesse acreditado no T.O.C., noestaria aqui hoje. Acho que nem de casa eu sairia.

    Do T.O.C. ao toque, ela caminha do padecimento sua prpria inscrio, marcando a importante passagemem anlise da posio do meu problema o T.O.C paracada um tem seu T.O.C e mais adiante as minhasmanias no podem ser comparadas.

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    BrunoPencil

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  • FLVIA HASKY160

    Advances in Health Psychology, 15 (2) 153-160, Jul-Dez, 2007

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    Artigo recebido pela Comisso Editorial em 12/12/2006 e aprovado para

    publicao em 27/10/2007