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Monografia I – Stefano Toscano Delimitação do tema: 1) O que (sobre o tema); 2) Por que (justificativa); 3) O que se pretende (recorte jurídico); 4) Objetivo Geral; 5) Objetivos Específicos; 6) Indicar as primeiras 20 referências bibliográficas. Tema (assunto do trabalho, não é o título da monografia): A entrada das mulheres no tráfico de drogas pelas construções afetivas e o consequente processo de dupla criminalização delas Sobre o tema: Pretende-se analisar o processo de dupla criminalização das mulheres penalizadas pelo tráfico de drogas nos casos em que elas estão inseridas no mercado ilegal de entorpecentes por construções afetivas com seus parceiros, reiterando seus papéis socioculturais de mulher, dentro de um contexto estrutural patriarcal, racista e classista. Por fim, enfatiza-se que a ideia não é reafirmar um estereótipo de que a mulher não é "capaz" de cometer ou se envolver em atos ilícitos, negando a condição de sujeita e protagonista dessas mulheres. Ao contrário, tenciona-se aqui a misoginia enraizada na construção do sistema de justiça criminal no qual a mulher é duplamente criminalizada, mesmo nos casos em que ela cumpre os ditos “papeis femininos” estabelecidos pela estrutura patriarcal, ainda que aplicados materialmente em seus contextos socioeconômicos.

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Page 1: Doc 2 Monografia I

Monografia I – Stefano Toscano

Delimitação do tema:

1) O que (sobre o tema); 2) Por que (justificativa);3) O que se pretende (recorte jurídico);4) Objetivo Geral;5) Objetivos Específicos;6) Indicar as primeiras 20 referências bibliográficas.

Tema (assunto do trabalho, não é o título da monografia):

A entrada das mulheres no tráfico de drogas pelas construções afetivas e o consequente processo de dupla criminalização delas

Sobre o tema:

Pretende-se analisar o processo de dupla criminalização das mulheres penalizadas pelo tráfico de drogas nos casos em que elas estão inseridas no mercado ilegal de entorpecentes por construções afetivas com seus parceiros, reiterando seus papéis socioculturais de mulher, dentro de um contexto estrutural patriarcal, racista e classista.

Por fim, enfatiza-se que a ideia não é reafirmar um estereótipo de que a mulher não é "capaz" de cometer ou se envolver em atos ilícitos, negando a condição de sujeita e protagonista dessas mulheres. Ao contrário, tenciona-se aqui a misoginia enraizada na construção do sistema de justiça criminal no qual a mulher é duplamente criminalizada, mesmo nos casos em que ela cumpre os ditos “papeis femininos” estabelecidos pela estrutura patriarcal, ainda que aplicados materialmente em seus contextos socioeconômicos.

Justificativa:

A estrutura patriarcal, ao longo dos anos, foi responsável por consolidar os distintos papeis sociais para o gênero feminino e masculino, tornando-os opostos em suas características e representações.

É nesse sentido que busca-se perceber a corroboração da esfera de controle extrapenal, neste caso a familiar, na construção social do “ser mulher”, dentro dos distintos contextos de raça e classe, e da sua afetividade passiva. Assim como, num afunilamento da função do controle social, os mecanismos constituídos pelo direito para robustecer esse processo de gerencia sobre as mulheres.

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Sendo nesse contexto que emerge a figura das mulheres que, por questões socioeconômicas e afetivas se inserem no tráfico de drogas e, por consequência, acabam sendo duplamente criminalizadas - pela conduta e pela condição de gênero.

O importante a ser destacado é que pelas atuais políticas de endurecimento ao combate ao tráfico de drogas há uma despersonalização dessas pessoas que são vistas como geradoras da violência e inimigas da harmonia e bem estar social e, por isso, devem ser duramente combatidas e punidas.

No entanto, para aquelas mulheres socializadas como mulheres e mães de família, que visualizam no tráfico “um emprego informal” e uma forma de exercer esses papeis, essa leitura é incompatível com as suas vivências e, ao legitimar essa política de guerra às drogas, o direito consolida as desigualdades de gênero e as violações dos direitos dessas mulheres.

Recorte Jurídico:

Analise quantitativa e, sobretudo, qualitativa do encarceramento das mulheres pelo tráfico de drogas.

Objetivo Geral:

Compreender a dupla criminalização das mulheres pelo tráfico de drogas, mesmo nos casos em que há uma expressa reprodução dos papeis femininos construídas através do controle extrapenal familiar.

Objetivos Específicos:

1) Analisar o controle extrapenal da mulher no contexto familiar, percebendo a construção da identidade feminina e da sua afetividade;

2) Compreender a dupla criminalização da mulher dentro do contexto qualitativo da política de drogas;

3) Através de entrevistas com as apenadas, perceber como elas percebem suas identidades dentro da esfera de controle familiar, extrapenal, e da política de guerra às drogas, penal.