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AVM FACULDADE INTEGRADA
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ESCOLARIDADE EM CICLOS
Por: Simoni Nogueira Marinho Vianna
Orientador
Prof. Ms. Fabiane Muniz da Silva
Rio de Janeiro
2012
DOCU
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2
AVM FACULDADE INTEGRADA
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ESCOLARIDADE EM CICLOS
Apresentação de monografia a AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção da
Licenciatura em Pedagogia.
Por: .SIMONI NOGUEIRA MARINHO VIANNA
3
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu marido, Alberto Luiz, por todo
apoio e incentivo, e as minhas filhas,
Luiza e Lívia, pela compreensão dos
muitos momentos em que foram-lhes
furtado parte de minha atenção em prol
da conclusão deste trabalho.
5
DEDICATÓRIA
Este trabalho monográfico é dedicado aos
meus pais, Julio e Elizabeth, ao meu
marido, Alberto Luiz, as minhas filhas,
Luiza e Lívia, e a todos que apostam no
Brasil, com qualidade de ensino para
todos. Que Deus nos abençoe.
6
RESUMO
O presente trabalho monográfico traz uma reflexão sobre a
implantação da escolaridade organizada em ciclos no Brasil, através de tópicos
que explicitam a origem do ciclo no Brasil, iniciada sutilmente nas décadas de
60 e 70, e que mais tarde, a partir da década de 80, avançou com mais força,
e sua relação direta no combate ao fracasso escolar e a repetência, na
proposta de um trabalho que respeita os tempos de aprendizados individuais,
em um ambiente interativo e de troca de aprendizagens constantes, o trabalho
pedagógico necessariamente diferenciado do regime seriado, valorizando o
diversos saberes individuais e coletivos, que leva o professor a reavaliar e
rever os seus próprios métodos e currículos, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional- Lei 9394/96 e o disposto no seu artigo 23, que concede
autonomia administrativa aos sistema de ensino, tanto público quanto
particular, para a escolha da organização da escolaridade em ciclos, e a
definição do tema, escolaridade em ciclos, entendido como um momento e
transição, de transformação da escola a partir de novas bases e conceitos,na
proposta de um trabalho que respeita o tempo do aluno, os saberes por ele
adquirido ao longo deste, que sobretudo busca a construção do conhecimento
na forma de respeito ao processo individual.
7
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido com base na pesquisa
bibliográfica sobre o tema em questão, que englobou diversos autores
interessados sobre o tema.
A pesquisa bibliográfica investiga o problema a partir do referencial
teórico existente nas fontes de pesquisa. Para Cervo (2002), na área das
ciências humanas, a pesquisa bibliográfica é a pesquisa por excelência,
constituindo-se requisito básico para a pesquisa científica, a fim de se obter um
conhecimento prévio do estágio em que se encontra o assunto.
Sobre o tema, foram realizadas diversas leituras, e análises de textos
de diversos autores que debateram a questão dos ciclos do ensino no ensino
fundamental.
Apesar de ser um tema da atualidade, visto o crescente movimento de
adesão dos ciclos nas escolas públicas, não há muitas literaturas sobre ele. No
entanto, as que embasaram esta monografia foram estudos de autores
renomados que debateram o tema com profundidade e bastante
responsabilidade.
Os principais autores utilizados nesse trabalho foram Arroyo (1997) e
Claudia Fernandes (2009), Perrenoud (2002).
.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I -
Origem ao ciclo no Brasil 12
CAPÍTULO II -
O ciclo e o trabalho pedagógico 24
CAPÍTULO III –
A LDB e a organização da escolaridade 35
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 50
FOLHA DE AVALIAÇÃO 51
9
INTRODUÇÃO
É importante ressaltar, que, num país marcado pela “pedagogia da
repetência”, é importante refletir sobre a implementação do ciclo no ensino
fundamental, que visa reverter o grave quadro de repetência existente em
nossas escolas públicas, na forma de promoção automática, avaliação
continuada, progressão continuada e ciclos de aprendizagem.
As discussões travadas ao final da década de 70 e nos inícios dos
anos 80 marcaram pontualmente que o sistema público de ensino excluía da
escola os alunos das classes menos favorecidas da população, tanto social
quanto economicamente. Chamou a atenção para as relações existentes entre
fracasso escolar e condição socioeconômica no Ensino de 1º grau, atualmente
Ensino Fundamental. Daí a crescente implementação do ciclo nas escolas
pública, a partir de 1985, que tem como escopo a tentativa de amenizar ou até
resolver o problema da repetência, e desta forma, contribuir para a melhoria da
qualidade de ensino público, na proposta de um processo ensino-
aprendizagem contínuo e sem retrocessos, desenvolvido por metodologia que
contemplasse esses princípios.
Surge com força no cenário educacional, para os campos das
metodologias e da alfabetização, os estudos de Vygotsky, Piaget e Emília
Ferrero, que embasaram as propostas pedagógicas dos ciclos cujo princípio
reside no fato de que os sujeitos constroem seu conhecimento e que, por isso,
demanda diferentes ritmos e tempos para que a proposta do ciclo aconteça de
fato.
Está implícito na organização da escolaridade por ciclos o pressuposto
de que os percursos traçados por cada estudante possam ser mais
individualizados, estando tal processo mais comprometido com as
possibilidades de com as possibilidades de aprendizagem dos mesmos e não
10
com as programações organizadas em séries ou anos letivos. Nessa vertente,
os ciclos seriam uma versão radical de uma escolaridade sem reprovações ou
um mínimo delas, partindo de um alargamento do tempo atual, que pode ser
estendido em dois, três, quatro ou mais anos, considerando o ritmo individual
de cada um.
O objetivo deste trabalho é fornecer um parâmetro entre os aspectos
favoráveis e desfavoráveis dos ciclos de ensino.
A Relevância do tema escolhido é refletir um pouco mais sobre a
política de ciclos de forma a estabelecer- se políticas seguras para a
implantação eficaz do ciclo no Brasil, tais como mudanças no sistema de
promoção, avaliação, ensino aprendizagem e organização da escola, a fim de
diminuir o distanciamento do que é proposto é o que é efetivamente atingido na
prática escolar, na proposta de garantir, efetivamente, no sistema de ciclos, os
processos de exclusão da escola. Os ciclos exigem medidas complexas de
implantação com ações coerentes, como deve ocorrer em todas a burocracias
públicas e provadas, mesmo os sistemas escolares tendo desvios significativos
em relação à concepções clássicas. Também requerem maiores investimentos
financeiros, o que indica não serem formas de, aritmeticamente, baratear a
educação. Eles podem levar a grandes economias, porém ao proporem uma
educação de melhor qualidade, sem os vícios da pedagogia da repetência,
incorrem em custos, que, naturalmente, podem ser compensados pelos cortes
do desperdício. O desenvolvimento de novos valores éticos e políticos são
também necessários, visto que as inovações representam verdadeira revolução
na escola.
As críticas mais comuns ao ciclo são de que ele seria “uma areia no
alicerce” da escola (Gomes, 2004); pois, segundo Demo (1998), a progressão
continuada escamoteia a falta de aprendizagem e a escola em ciclos teria
dificuldades em garantir o ritmo de aprendizagem do aluno. Já Soares (2003)
afirma que por não ter metas e objetivos definidos ao longo dos anos, o ciclo
teria contribuído para a perda da especificidade da alfabetização durante o
processo de escolarização. Freitas (2002) também enfatizou que poderia
11
ocorrer a “exclusão branda” no ciclo, ou seja o aluno avançaria nos anos do
ciclo sem efetuar de fato aprendizagens.
Fernandes (2003) apontou em sua pesquisa que a falta de
continuidade do trabalho pedagógico, as dificuldades na formação da equipe
pedagógica, o compromisso dos professores da escola com o projeto da escola
somado à falta de clareza, coerência entre os currículos, a avaliação e a
metodologia, possibilitariam a que gerações de estudantes ficassem sujeitas a
instabilidades em relação ao que aprendem e terminassem a escolaridade
básica com defasagens de conteúdos e com algumas competências pouco
desenvolvidas. Assim, para ela, a escola em ciclo seria uma escola de
contrastes e em conflito, estando no meio de um caminho para uma escola
diferenciada da seriada, mas que ainda não se organizou.
12
CAPÍTULO I
Origem ao ciclo no Brasil
Neste capítulo tratamos de explicar como se desenvolveu o movimento
que desencadeou os ciclos no Brasil. Ele foi dividido em duas partes, de
relevante contribuição para a implementação do ciclo. A primeira parte trata do
fracasso escolar, e a segunda, da evasão escolar, como fatores determinantes
para a criação dos ciclos de ensino.
Primeiramente, é importante explicar que não há no Brasil uma única
concepção para ciclos, e as diversas justificativas para sua implantação se dão
por varas vias: políticas, pedagógica, teórica.
Segundo Fernandes (2009), essa conjunção de fatores concorre para a
disseminação das diferentes experiências que historicamente já têm uma
trajetória na implantação dos ciclos. Procurar uma única definição para ciclo
talvez não seja a questão principal, pois estamos tratando de uma lógica de
organização temporal, e, quem sabe, de um novo conceito dos processos de
escolarização. Acrescenta a autora, que tanto na literatura brasileira atual como
na estrangeira, além de não se ter uma definição única para o conceito de
ciclo, têm-se uma série de outros termos atrelados à palavra ciclo: ciclo de
aprendizagem, ciclos de estudo, ciclo de aprendizagem plurianual, ciclo de
formação, ciclo de desenvolvimento. No entanto, podemos falar em ciclos, de
um modo geral, pois, embora nas diferentes experiências propostas, os ciclos
assumem certas especificidades, existe algo de comum que unifica tais
conceitos: a concepção de tempo escolar mais alargado e as conseqüentes
reestruturações do conhecimento em sua funcionalidade, concepção,
organização e sequência no currículo escolar.
Mesmo não se tendo uma estabilização em torno do conceito de ciclo
(Perrenoud, 2000), é possível tecer algumas considerações em torno da idéia.
Está implícito na organização da escolaridade por ciclos, o pressuposto de que
os percursos traçados por cada estudante podem ser mais individualizados,
13
estando tal processo mais comprometido com as possibilidades de
aprendizagem dos mesmos e não com as programações organizadas em
séries ou anos letivos. Poderíamos dizer que, considerando o sistema
educacional brasileiro como conservador de uma cultura da repetência, os
ciclos seriam uma versão de escolaridade sem retenções ou o mínimo delas.
No entanto pode-se implementar uma política de promoção sem se pensar
necessariamente uma escolaridade organizada em ciclos. Porém resguarda as
exceções , a estreita relação entre ciclos e não retenção existe, uma vez que o
ciclo de aprendizagem acaba, em princípio, com a reprovação.
Dalben (2000) define o ciclo como um tempo contínuo e dinâmico que
se identifica como tempo de formação do próprio desenvolvimento humano:
infância, puberdade, adolescência. Para a autora, os ciclos são apresentados
como os novos eixos lógicos que irão delimitar os parâmetros para a nova
organização do ensino. Acrescenta ainda, que, o cilo incorpora a concepção de
formação global do sujeito partindo do pressuposto da diversidade e dos ritmos
diferentes.
Krug (2000) afirma que na escola organizada em ciclos de formação,
as crianças aprendem por serem reunidas pela idade. A aprendizagem se dá
mediante as intervenções dos professores ajustadas às possibilidade de
aprender de cada faixa de desenvolvimento, ao tempo para a construção de
conceitos.
“ Os ciclos de formação referenciam-
se na relação entre as fases de
desenvolvimento (infância, pré-
adolescência e adolescência) e a
aprendizagem a ser proposta pela
escola. A reprovação ou aprovação
é substituída por formas de avanço
diferenciado, de acordo com a
necessidade de a escola atender a
cada criança e adolescente.”
14
(Krug, 2001, p.55)
Para Abromowics (1999), a progressão e os ciclos partem de algumas
premissas básicas: tempo para o aluno ter sua formação, que não
necessariamente expresso em bimestres, semestres ou anos; eliminação do
tempo tarefeiro, para o professor, que não seria obrigado a cumprir, em um
ano, as exigências existentes de forma cronológica em um ano escolar. A
autora defende que, ao pensar em em um sistema de ciclos que substitui o
seriado, busca-se inverter a lógica da seletividade deste último, em que os
tempos são iguais para todos, em uma homogeneização artificial, por uma
lógica de tempos diversos de construção de conhecimento.
Fernandes (2009),argumenta que, os ciclos constituem-se,
teoricamente, em mais do que uma simples unidade de tempo mais alargada.
Segundo a autora, as justificativas presentes na literatura , seja nos textos
oficiais das propostas políticas, seja nos textos oficiais das propostas políticas,
seja nos textos de suas formulações teóricas e educacionais, colocam os ciclos
como propiciadores de uma escola mais inclusiva, democrática, com uma nova
relação como conhecimento, com o conhecimento, com uma lógica menos
linear. No entanto, a autora constata que, na maior parte das experiências, os
ciclos não passa, de uma forma de reorganização das séries, sem alterar de
forma substancial essa concepção de escolarização seriada, tão arraigada em
nossa cultura institucional, posto que, uma nova lógica na organização do
tempo e do espaço escolar provocaria a necessidade de mudanças nas
práticas avaliativas, que ainda hoje são balizadas por uma concepção de
avaliação seletiva e que hierarquiza os alunos, assim como se hierarquiza os
conteúdos.
Barreto e Souza (2004), em sua pesquisa referente ao histórico do
ciclo no Brasil, descrevem que a experiência dos ciclos no Brasil data das
décadas de 60 e 70, sendo que a partir dos anos 80, teve um pronunciado
crescimento para os anos iniciais do Ensino Fundamental, principalmente no
Estado de São Paulo, em 1984, quando Paulo Freire era o Secretário de
Estadual de Educação, sendo adotado, no ano seguinte no Estado de Minas
15
Gerais, no bojo de um movimento renovador decorrente da vitória eleitoral da
oposição nesses estados. Várias outras unidades federativas e municípios
adotaram os ciclos nos anos seguintes. Frisam as autoras que é importante
entendermos tais experiências como fruto da construção histórica de
educadores e administradores comprometidos com a escola pública e com a
defesa do acesso da população à escola e de qualidade.
No que se poderia chamar de segunda geração de inovações,
destacam-se a Escola Plural, criada em Belo Horizonte, e a progressão
continuada no estado de São Paulo. Esta se fundamentou na atual Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) que, em 1996, abrigou as experiências anteriores e
abriu caminho para outras inovações.
Ressalta-se que a implementação do ciclo e suas experiências são
frutos da construção histórica de educadores e administrações comprometidas
com a escola pública e com a defesa do acesso da população à escola, e esta
de qualidade.
Fernandes (2009) afirma que, após várias discussões no final da
década de 70 e no início dos anos 80, restou claro que o sistema público
excluía da escola os alunos de classes menos favorecidas, tanto social quanto
economicamente, e de que era necessário, no ensino fundamental, um sistema
de avaliação que não excluísse os alunos da escola além de políticas que
amenizassem ou até mesmo resolvessem a problemática da evasão escolar e
da repetência, e desta forma, contribuíssem efetivamente para a melhoria da
qualidade de ensino. Assim foi implementado o ciclo, sob fundamentações
pedagógicas e políticas, na proposta de rever o processo ensino –
aprendizagem, que deveria ser contínuo e sem retrocessos, e desenvolvido por
metodologias que abarcassem esses mesmos princípios. Inicialmente, a idéia
de uma escolaridade por ciclos nas escolas brasileiras está associada aos
estudantes das classes menos favorecidas, tanto social quanto
economicamente.
Somente a partir do final dos anos 90, a escolaridade em ciclos ganhou
mais força, com a preocupação, por parte dos educadores, com o fracasso
16
escolar relacionado com os altos índices de reprovação e a decorrente evasão
escolar nas escolas de ensino fundamental de todo o país.
Segundo Mainardes (1998), o processo da formação da política de
ciclos no Brasil poderia ser dividido em três períodos, sendo o primeiro,
marcado pela crítica à reprovação e discussões em torno da promoção
automática; o segundo marcado com a emergência dos Ciclos Básicos de
Alfabetização e a eliminação da reprovação ao final da 1ª série; e o terceiro
formado a partir da ampliação do sistema em ciclos para todo o ensino
fundamental, que buscou romper com a lógica da exclusão da escola seriada.
Vêm à baila, questionamentos sobre o processo avaliativo das escolas
frente ao currículo, que muitas vezes privilegia as classes que têm sua cultura
identificada no mesmo. Nesta vertente, o fracasso escolar é relacionado
diretamente às práticas avaliativas.
1.1- FRACASSO ESCOLAR
Muitas são as propostas existentes para a superação do fracasso
escolar, cujos focos principais são o sistema de avaliação e a promoção dos
alunos, tais como aprovação automática, progressão continuada, avaliação
continuada, classes de aceleração, conselhos participativos, sistemas de
dependência, recuperação nas férias. Propostas estas sempre atentas aos
interesses e ritmos próprios de seus alunos.
Fernandes (2009) afirma que, também no campo dos estudos sociais,
o fracasso escolar tem sido um tema importante para o campo dos estudos
culturais. A relação entre fracasso escolar e diversidade escolar em sido
exaustivamente pesquisada pelo campo curricular. Diga-se de passagem, que
a adaptação do currículo e da linguagem inserida nos livros, tem sido proposta
de vários autores de livros didáticos, que procuram familiarizar o texto a
realidade cultural dos alunos. Proposta esta, alvo de muitas polêmicas por
parte de muitos educadores, que defendem o conhecimento da norma culta
desde o início.
17
Segundo pesquisa da autora, os estudos culturais mostram que as
teorias racistas e da privação cultural ainda são muito presentes, pois ainda é
bastante comum a postura de muitos educadores em justificar o fracasso
escolar como sendo culpa do desinteresse dos alunos e da família. Há outra
linha de pensamento que entende o fracasso escolar como uma forma de
resistência, uma maneira dos grupos marginalizados afirmarem sua diferença e
identidade.
Em várias partes do mundo, constata-se que as crianças de grupo
social, cultural ou etnicamente marginalizadas, têm um rendimento escolar
inferior à média das crianças dos grupos culturalmente dominantes. (Souza,
2000).P
Ainda sendo um tema muito presente em nossa realidade educacional,
não podemos deixar de mensurar que o problema do acesso da população em
idade escolar no ensino público está quase equacionado, representando um
avanço para a população brasileira. Cita-se o artigo 208, Inciso I da
Constituição Federal/88, que garante a todos os brasileiros em idade escolar, o
acesso ao Ensino Fundamental, que diz, in verbis:
CF/88:
“Art. 208-O dever do Estado com a
educação será efetivado mediante a
garantia de :
I- ensino fundamental,
obrigatório e gratuito,
assegurada, inclusive, sua
oferta para todos os que não
tiveram seu acesso na idade
própria; “
II- (...)
18
Claro está a obrigatoriedade dos entes federados em garantir o ensino
fundamental a toda a população, sob sua tutela, que por força de lei, muito
contribuiu para o aumento da escolaridade dos brasileiros.
Apesar de sabermos que o quadro de fracasso escolar ainda está
longe de ser resolvido, é sabido que, ao final do século XX, o problema do
acesso da população em idade escolar ao sistema público de ensino
fundamental está quase equacionado, representando um avanço para a
educação brasileira. É também notório o crescimento de diferentes
experiências que têm como objetivo superar dificuldades encontradas pelos
alunos em relação à aprendizagem e em relação à preocupação com uma
escola mais inclusiva e democrática. Porém, ainda não temos resultados
concretos quanto ao aproveitamento escolar de toda uma geração de
estudantes que fora submetida a tais políticas de ensino. Algumas pesquisas
vêm sendo feitas, mas sem resultados conclusivos, pelo fato de as políticas
implementadas sofrerem descontinuidade entre as diferentes administrações
de orientações de políticas divergentes. Um estudo interessante acerca da
proficiência de alunos do ensino fundamental é bastante baixa e que os índices
de aproveitamento não vêm crescendo ao longo das gerações de estudantes
que se formam. Portanto, apesar dos avanços reconhecidos da educação
brasileira, ainda temos uma escola que continua não cumprindo com sua
função social no que tange à formação intelectual dos seus alunos ( Barbosa e
Beltrão, 2001).
A superação do movimento pendular de atribuição pelo fracasso ora
aos alunos e à suas famílias, ora à escola e aos professores é urgente . A
solução está associada a uma ação coordenada em diferentes âmbitos, sejam
sociais, culturais, educacionais, econômicos, políticos. Assim, tendo como
pressuposto que o ensino fundamental é direito de todos e dever da família e
do Estado, torna-se premente propor respostas ao problema, no que se refere
a formulação de políticas e ações, como também apontar saídas, do ponto de
vista das práticas de ensino, envolvendo o planejamento das ações dos
professores quanto à didática, à avaliação e ao currículo e quanto às relações
no interior da escola, seja entre professor e aluno, professor e professor,
19
professor e diretor,diretor e supervisor, escola e famílias, funcionário e aluno,
enfim, é preciso cuidar da relação de gente e gente, humano e humano.
“Qualquer reflexão sobre a avaliação
só tem sentido se estiver
atravessada pela reflexão sobre a
produção do fracasso
escolar/sucesso escolar no processo
de inclusão/exclusão social”
(Esteban, 1999, p.7)
Perrenoud (2002) realizou uma pesquisa sobre o ciclo que teve o
objetivo e analisar os condicionantes materiais, ideológicos e instiucionais-
pedagógicos que geram resistência dos educadores em relação aos ciclos. Os
resultados apontaram a necessidade de os educadores refletirem sobre as
concepções de ensino aprendizagem que condicionam suas práticas e
dificultam o processo educativo mais democrático. Também Franco (2006) , em
sua pesquisa, observou que o senso de responsabilidade do professor pelos
seus alunos seria um fator importante e determinante no processo de
alfabetização, e não apenas o método utilizado, indicando que o fracasso
escolar não estaria só ligado ao alunado, mas à escola que se mostrava
ineficiente na garantia do sucesso e permanência desse aluno.
A pedagogia da repetência (Ribeiro, 1991) instalada em nossas
escolas reforça a crença de que o estudante, ao refazer o ano de escolaridade
no qual não teve aproveitamento satisfatório, terá garantido seu direito e dever
de realizar as aprendizagens necessárias e correspondentes ao seu nível de
ensino. A reprovação é estratégia de aprendizagem utilizada pela escola
seriada para que os estudantes aprendam aquilo que não conseguiram em um
ano letivo. A crença na reprovação opera-se a partir da lógica da escola
seriada que avalia o aproveitamento dos alunos, tendo como referência os
programas das séries que estão cursando. Para o autor, a prática da
20
repetência está na própria origem da escola brasileira, como se fizesse parte
integral da Pedagogia, e é aceita por todos os agentes de forma natural.
Paro (2001) também dá ênfase à avaliação como responsável pelo
fracasso escolar Pesquisando sobre a resistência dos professores à promoção
de seus alunos e a insistência na reprovação, Paro aponta que a reprovação
escolar se constitui em uma renúncia à educação.
Já segundo Vasconcellos (1998) a avaliação pode contribuir para a
construção de uma escola democrática e de qualidade para todos Assim, o
autor conclui que a importância do tema da avaliação toma o bojo da discussão
acerca do fracasso escolar. Acrescenta ainda que a literatura coloca a
avaliação em lugar destaque para a possibilidade de uma escola mais
inclusiva. As políticas, nesse contexto, voltam-se para a solução do fracasso
por meio de novas práticas avaliativa, ou melhor, por meio de novas práticas de
promoção.
Para Franco, Bonamino e Fernandes (1999), a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional(LDB) nº.9394/96,referendou as experiências
existentes nas diferentes redes de ensino acerca da organização da
escolaridade em ciclos e promoção. Segundo estes autores, pode-se pensar a
LDB sob o paradigma das políticas baseadas em evidências, ou seja, as
pesquisas e as evidências fundamentam políticas.
Recentemente, o Conselho Nacional de Educação, aprovou a
Resolução CNE/CEB nº.07/2010, que fixa Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Nacional de 09(nove) anos, lançado mais uma política em prol
da qualidade de ensino para todos , em observância a diversidade cultural,
conforme estabelece o artigo 25 da mencionada resolução, quando orienta aos
professores que levem em conta a diversidade sociocultural da população
escolar, as desigualdades de acesso ao consumo de bens culturais e a
multiplicidade de interesses e necessidades apresentadas pelos alunos no
desenvolvimento de metodologias e estratégias variadas que melhor
respondam às diferenças de aprendizagem entre os estudantes e às suas
demandas.
21
Já o artigo 27 demonstra a preocupação retardo escolar dos alunos, no
que se refere ao seu desenvolvimento pleno e à aquisição de aprendizagens
significativas, e a interrupção da trajetória escolar, orientando, para tanto, que
os sistemas de ensino, com o apoio das famílias, da comunidade, envidem
esforços para assegurar o progresso contínuo dos alunos. Mais adiante no
artigo 30, § 1º, estabelece que os sistemas de ensino ou a escola, no uso de
sua autonomia, devem considerar os 03(três) anos iniciais do Ensino
Fundamental, como um bloco pedagógico ou um ciclo seqüencial, não
passível de interrupção, voltados para ampliar a todos os alunos as
oportunidades de sistematização e aprofundamento das aprendizagens
básicas, imprescindíveis para o prosseguimento dos estudos. Temos aqui,
mais uma política educacional afirmativa, com vistas a diminuição do fracasso
e da evasão escolar.
1.2- EVASÃO ESCOLAR
O acesso a educação escolar é um dos meios de combater-se a
desigualdade social no Brasil, como já se concluiu na literatura social,
empregando alto impacto na empregabilidade, salários e saúde e exercendo
poder transformador na vida dos cidadãos. É preciso, sobretudo conscientizar
pais e alunos da importância do prosseguimento da trajetória escolar para o
pleno exercício da cidadania.
Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV/2006), grande
parte da evidência empírica mostra que a evasão escolar e pobreza são
intimamente ligadas e que trabalho infantil prejudica a obtenção de melhores
níveis educacionais. Ainda, os altos níveis de repetência exercem um papal
fortíssimo, pois longe de sua faixa etária original, os alunos incorrem na
distorção idade/série, e sentem-se desmotivados a seguir aprendendo.
Brandão (1983) ressalta a responsabilidade da escola afirmando que "o
fenômeno da evasão e repetência longe está de ser fruto de características
individuais dos alunos e suas famílias. Ao contrário, refletem a forma como a
escola recebe e exerce ação sobre os membros destes diferentes segmentos
22
da sociedade".
Arroyo (1997), afirma que, na maioria das causas da evasão escolar a
escola tem a responsabilidade de atribuir a desestruturação familiar, e o
professor e o aluno não tem responsabilidade para aprender, tornando-se um
jogo de empurra. Sabemos que a escola atual é preciso estar preparada para
receber e formar estes jovens e adultos que são frutos dessa sociedade injusta,
e para isso é preciso, professores dinâmicos, responsáveis, criativos, que
sejam capazes de inovar e transformar sua sala de aula em um lugar atrativo e
estimulador
É certo que a escola precisa olhar para si própria. Do ponto de vista da
gestão, uma providência essencial é atacar as causas da evasão. O
acompanhamento eficiente da freqüência ajuda a mapear o problema e
identificar o motivo das faltas.
Numa outra vertente, temos o ciclo, como uma possibilidade de
amenizar a evasão escolar, em decorrência da desistência dos estudos
ocasionado pelo fracasso escolar, numa proposta de aprendizagem que
respeita o tempo do aluno, estruturada em um processo contínuo de
aprendizagem, não passível de interrupção. Ainda objeto de discórdia entre
muitos educadores. Autores como Pedro Demo (1998), Barros & Mendonça
(98) , Espósito, Davis & Nunes (2000) alertam para a tentativa de promover o
discente sem a devida aprendizagem, com o argumento de não causar danos à
auto estima do aluno, quando é preferível a pedagogia da verdade.
Segundo Perrenoud (2000), a superação do fracasso escolar virá a
partir da superação da indiferença às diferenças no âmbito escolar, posto que,
a indiferença às diferenças transforma as desigualdades iniciais, diante da
cultura, em desigualdades de aprendizagem e, posteriormente, de êxito escolar
.Com efeito, basta ignorar as diferenças entre alunos para que o mesmo
ensino: engendre o êxito daqueles que dispõem do capital cultural e lingüístico,
dos códigos, do nível de desenvolvimento, das atitudes, dos interesses e dos
apoios que permitem tirar o melhor partido das aulas e sair-se bem nas
provas; provoque, em oposição, o fracasso daqueles que não dispõem desses
recursos e convença-os de que são incapazes de aprender, de que seu
23
fracasso é sinal de insuficiência pessoal, mais do que da inadequação da
escola”.
As formulações de estruturação da escolaridade em ciclos, nas
diferentes experiências existentes, encontram alguns de seus fundamentos em
Perrenoud. Há também influência do sistema de ensino espanhol que organiza
a escolaridade em ciclos e limita o número de retenções do aluno ao longo da
mesma.
.
24
CAPÍTULO II
O ciclo e o trabalho pedagógico
Neste capítulo abordamos a questão da escolaridade em ciclos e a
necessidade de ajustes do trabalho pedagógico diante dessa nova
possibilidade de organização, que exige o desenvolvimento de um trabalho
diferenciado da escola seriada. Fazemos anda um balanço de questões
apontadas por pesquisadores em relação aos aspectos favoráveis e
desfavoráveis do ciclo
O construtivismo, tendo em vista a sua dimensão social e histórica, é
sustentado pelo princípio de que o sujeito constrói seu conhecimento na
interação com o outro e com o objetivo de conhecimento, a partir de uma
disposição interna, motivado e aberto para conjugar os novos conhecimentos
aos já adquiridos previamente. Assim, o conhecimento é entendido como algo
de ordem interna ao sujeito, demandando diferentes ritmos e tempos para que
se realize.
Sacristán (1996) analisa que as propostas didáticas apoiadas no
construtivismo, segundo as teorias de Piaget, Vygotsky, Teberosky e Ferreiro,
que passam a ser estudadas e conhecidas pela Pedagogia durante as décadas
de 70 e 80 e que incrementaram inicialmente os ciclos básicos de
alfabetização, propõem enraizar o conhecimento escolar nos significados
subjetivos, cujas raízes estão na cultura do contexto, uma vez que o fracasso
escolar se explicaria pelo distanciamento da escola em relação a cultura social
de referência. Ainda segundo Sacristán, existe um construtivismo cognitivista e
outro cultural e histórico, o sociointeracionista. Portanto, a construção do
conhecimento se dá em um contexto de referência, porém essa construção não
deve ser entendida como um processo individual, mas sim referenciada nas
raízes culturais.
Segundo Fernandes (2009), a perspectiva construtivista, que passou a
ser predominante nas propostas educacionais, sustenta as justificativas para a
implantação dos ciclos, considerando que os sujeitos aprendem em tempos e
25
ritmos diferenciados, a escola em ciclos respeita o tempo de formação do
próprio desenvolvimento humano. Para estudiosos envolvidos com a
implantação de sistema de ciclos, é consenso que os ciclos de formação do
sujeito consideram os saberes e os valores que os alunos levam consigo para
a escola, são coerentes com uma avaliação mais contínua e formativa dos
alunos, favorecem a formação da identidade dos sujeitos na medida em que a
composição das turmas toma como referência as idades dos alunos.A autora
afirma que a experiência dos ciclos conforma a escola dentro de uma nova
lógica, e, sendo assim, entra em conflito com a cultura da escola seriada, cuja
concepção de escolarização, de tempo e espaços escolares, de currículo e
avaliação está incorporado não só nos docentes e na própria instituição, mas
também em todos que passaram por processos de escolarização.
“No campo da aprendizagem reitera-
se a evidência de que o sujeito
aprende em todos os momentos da
vida e não apenas na escola.”
(Barreto e Mitrulis, 2001, p. 10 )
Arroyo (1999), Krug (2001) e Dalben (2003), afirmam, em relação as
questões curriculares, cair por terra a organização do currículo que toma o
domínio de cada matéria como requisito para a mobilidade dentro do sistema
de ensino. Afirmam ainda, que a concepção de conhecimento em rede contribui
para subverter a hierarquia dos tempos escolares, que serviu de álibi para a
reprovação e pretende inaugurar um período de grande liberdade da escola e
dos professores para construir e desconstruir currículos. Essas justificativas
tem sido a base para a implementação dos ciclos, que segundo ainda Barreto e
Mitrullus (2001), nas propostas político- pedagógicas autodenominadas
radicais, onde há mudanças não só nos sistemas de avaliação, mas também
na concepção do trabalho docente, nos princípios ordenadores dos currículos,
constituindo-se em uma determinação em transformar a cultura da escola, no
26
seu modo de operar. Para os autores, essas propostas vêm acontecendo com
mais força e têm sido mais claramente explicitadas nas experiências
educacionais formuladas pelo Partido dos Trabalhadores em alguns municípios
de capitais ou de grande porte.
Segundo o autor, os procedimentos do processo de ensino-
aprendizagem previstos nas propostas dos ciclos de formação exigem dos
professores que repensem a prática pedagógica cotidiana, alicerçando-a com
procedimentos e saberes que propiciem a articulação da interdisciplinaridade,
a capacidade de atuação em grupo, o domínio de formas diferentes de
planejamentos e avaliação e, sobretudo que invistam na formação continuada
como possibilidade fundamental para a melhoria do trabalho docente. Esta
nova postura que se exigirá dos professores está, no entendimento de Arroyo,
fazendo com que paire no ar uma sensação de ameaça, em razão do regime
seriado ter sinalizado nossa formação e terminado por nos formar e deformar.
Entretanto, a constatação de que as propostas dos ciclos de formação dos
sistemas de ensino de São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Belém, foram
construídas pelo coletivo dos educadores, demonstrando o compromisso dos
profissionais da educação para com a melhoria da educação, buscando dar-lhe
um novo sentido ou reencontrar velhos sentidos em sua função educacional,
cultural e social da escola.
Perrenoud (2002) defende a implantação do sistema de ciclos nas
escolas a partir de uma pedagogia diferenciada, que tem como um de seus
pressupostos os ciclos de aprendizagem plurianuais. Para a formação dos
ciclos de aprendizagem plurianuais, o autor tece justificativas relacionadas as
teorias de aprendizagem como também às práticas escolares, à organização
do trabalho docente, à estruturação da escola e do sistema escolar. Distingue
três conceituações para ciclos: os ciclos de estudos, definida como uma série
de etapas anuais com programas do mesmo tipo, com grandes divisões
disciplinares análogas, que exigem o mesmo status de professores e, muitas
vezes são aplicados nos mesmos prédios. Nestes currículos a repetência de
uma etapa é possível e inclusive maciça no interior de um mesmo ciclo. Já os
ciclos de aprendizagem têm as mesmas características dos ciclos de estudo,
27
com a diferença posta em relação ao sistema de promoção. Em um ciclo de
aprendizagem proíbe-se a repetência no interior do ciclo, exceto em seu último
ano.
Para o autor, a proibição parcial da repetência aumenta um pouco a
fluidez das progressões, no entanto ressalta que, se nada for feito, os desvios
entre alunos aumentarão, embora não sejam sancionados por um atraso
escolar. Essas duas concepções de ciclos, traduzem o pólo mais conservador,
pois não provocam mudanças na organização curricular, na organização do
trabalho docente, nas práticas de ensino. A seriação e a avaliação
classificatória permanecem. Já os ciclos de aprendizagem plurianuais ou
simplesmente ciclos plurianuais, rompem com as etapas anuais e, sendo
assim, a repetição perde o sentido, propondo-se um período, determinado pelo
sistema escolar (dois, três anos ou mais) para que o aluno alcance os objetivos
esperados do ciclo no qual encontra- se inserido. Acompanha-se, nesta
proposta de ciclo, as progressões dos alunos.
Perrenoud (2002) sustenta que os ciclos plurianuais se constituem em
etapas mais coerentes com os objetivos da aprendizagem mais duradouras, e
não simples memorização de fato. Para que as aprendizagens se realizem de
fato, elas não podem ser construídas em um ano, mas em um período de
tempo maior. É fundamental ter uma proposta curricular que considere a
continuidade das aprendizagens e que tenha uma concepção em espiral,
considerando os níveis crescentes de complexidade e abstração.
Fernandes (2009) afirma que o ciclo permite que todos os estudantes
possam atingir os mesmos objetivos, mas com percursos diferenciados ao
longo do tempo, sendo que, quanto mais longo for esse tempo no ciclo, maior
será a possibilidade de se trabalhar com percursos diferenciados. Observa que,
em apenas um ano, é difícil diferenciar os caminhos para que depois todos os
alunos se encontrem novamente. Para tanto, é necessário multiplicidade e
flexibilidade nas estratégias de mediação entre professores e estudantes, na
forma de dinâmicas na escola e nas salas de aulas em que os estudantes
estejam organizados em grupo pelas suas necessidades específicas, ou por
projetos de trabalho e a cargo de uma equipe pedagógica encarregada de um
28
conjunto de alunos com idades diferenciadas. Isso exige que os professores
trabalhem em equipe, que se dividam ao longo do ciclo, de maneira que se
formem grupos para atender às desigualdades entre alunos.
Autores como Paulo Demo (1998) e Almeida Júnior (2002) alertam
para o risco da promoção automática incondicional, sem a devida
aprendizagem, com o argumento de não causar danos à autoestima do aluno,
quando é preferível a pedagogia da verdade. A promoção sem aprendizagem
correspondente constitui um ônus, sobretudo, para a escola pública e para os
alunos socialmente menos privilegiados, pois desmoraliza a escola pública e
torna-a coisa “pobre para o pobre”.
Segundo um artigo publicado na Revista Brasileira de Educação,
edição de abril de 2004, do sociólogo Cândido Alberto Gomes, sobre o ciclo no
ensino fundamental, o autor afirma que o magistério precisa compreender e
aderir à inovação, ser valorizado, ter mais tempo para se dedicar aos alunos e
contar com certa experiência para enfrentar os desafios de uma proposta
complexa. Os docentes necessitam também de uma formação continuada
eficaz, junto à escola e não em programas de massa, além de jornada
ampliada. Aliás, os professores que tinham sucesso com alunos “difíceis”, isto
é, os mais aptos a lidar com a diversidade, eram mais favoráveis à inovação,
precisam ser acompanhados, bem como compreender as inovações e apoiá-
las. O projeto pedagógico, veio a estabelecer a LDB, precisa envolver toda a
comunidade escolar. Evidentemente, o diretor e os coordenadores devem
apoiar tal projeto e promover clima favorável à aprendizagem na escola. Outros
esteios são os alunos e suas famílias. Os alunos, particularmente, precisam ter
mais tempo letivo para melhorar a sua aprendizagem, desde que esse tempo
não abrigue a repetição do que se faz no tempo usual. Abaixo, os aspectos
citados pelo autor, no artigo publicado na mencionada revista, que segue
evidências de pesquisa de Zapponi (1991) quanto aos aspectos favoráveis e os
aspectos desfavoráveis dos ciclos de ensino:
1-Aspectos favoráveis à implantação dos ciclos:
29
• Compreensão bem difundida de nova concepção de ensino-aprendizagem;
• Processos eficazes de comunicação com o magistério (também Silva & Davis,
1994);
• Medidas de valorização do magistério;
• Redução do tempo de regência do professor; (também Ambrosetti, 1990)
• Aumento da jornada letiva (também Ambrosetti,1990; Mainardes, 2001;
Duran, 2002 );
• Turmas menores, até 30 alunos;
• Modificação dos registros escolares para inclusão dos aspectos qualitativos
do rendimento e da aprovação global;
• Participação do magistério (Ambrosetti, 1990; Silva & Davis, 1994;
Guimarães, 2001);
• Tempo de experiência no magistério e na escola (Ambrosetti, 1990);
• Oportunidades de aperfeiçoamento e atualização contínuos (Ambrosetti,
1990; Soares, 2002), bem aproveitadas e descenralizadas ((Silva, Davis &
Esposito, 1996);
• Desenvolvimento profissional com impacto sobre suas identidades
profissionais (Fernandes & Franco, 2001);
• Clara compreensão da avaliação da aprendizagem (Fernandes & Franco
2001);
• Experiências exitosas com alunos considerados difíceis favorecem apoio à
inovação ((Fernandes & Franco, 2001);
• Tempo suficiente para professores estudarem e se reunirem na escola
(Guimarães, 2001);
• Desenvolvimento de novos valores éticos e políticos (Dalben, 1998);
1.1- Aspectos ligados à gestão
• Maiores investimentos financeiros (Mainardes, 2001);
• Ações coerentes e unificadas no sistema ((Mainardes, 2001);
• Projeto pedagógico envolvendo toda a comunidade escolar (Silva, Davis &
Espósito, 1996; Mainardes, 2001);
30
• Envolvimento e apoio do diretor (r (Ambrosetti, 1990; Bonel, 1993; Paro,
2000); Paro, 2000);
• Coordenação atuante (Silva, Davis & Espósito, 1996, Paro, 2000);
•Clima favorável da escola, com bom relacionamento entre direção e
professores, professores entre si e com a comunidade (Ambrosetti, 1990);
• Menor número de alunos por turma (Guimarães, 2001);
• Acompanhamento pedagógico dos alunos e famílias (Guimarães, 2001);
• Jornada docente ampliada (Paro, 2001);
• Contexto favorável de reforma mais ampla (Paro, 2001).
2- Aspectos desfavoráveis à implantação:
• Fragilidade de processos de implantação (Michelotto (1988; Ambrosetti, 1990;
Marques, 1991; Andrade, 1992; Bonel, 1993; Negri, 1994; Mainardes, 1995;
Nebias, 1995);
• Falta de discussão e assimilação da proposta ((Bonel, 1993; Freitas, 2002;
Alavarse, 2002);
• Participação frustrante dos professores, pois não ficou claro que suas
opiniões foram levadas em consideração (Ambrosetti, 1990);
• Imposição por decreto, apesar do discurso inicial (Ambrosetti, 1990; Negri,
1994) ;
• Descontinuidade administrativa (Ambrosetti, 1990; Silva & Davis, 1994; Negri,
1994; Mainardes, 1995) ;
• Divergência entre grupos na cúpula das Secretarias Estaduais de Educação
(Ambrosetti, 1990);
• Insegurança das equipes da Secretaria Estadual de Educação quanto a
problemas concretos, aliada à desconfiança das escolas em face da
administração central. Concepções negativas mútuas do centro e das escolas.
Adaptação rápida das escolas e Delegacias Regionais de Ensino a novos
discursos, com aparência de mudança (Ambrosetti,1990; Nébias, 1990; Bonel,
1993);
31
• Indefinição quanto a currículo e avaliação por longo tempo; eliminação da
seriação sem alterações curriculares s (Ambrosetti, 1990; Fernandes & Franco,
2001) ;
• Falta de acompanhamento, até mesmo com deficiências dos órgãos regionais
(Michelotto, 1988; Ambrosetti, 1990; Marques, 1991; Mainardes,
1995;Rodriguez, 2002);
• Ausência, no sistema de ensino, de medidas para minimizar a resistência à
aprovação (Paro, 2001);
• Dificuldade de propor projeto com características universais em meio à
heterogeneidade de posições e disponibilidade de práticas docentes (Garcia,
2001);
• Modificações da estrutura escolar incluindo reorganização de espaço e tempo
(Cangussu, 2001).
2.1 Medidas relativas ao magistério
• Falta de orientações concretas e educação continuada para o corpo docente
(Andrade, 1992; Michelotto, 1988; Ambrosetti, 1990);
• Rotatividade, absenteísmo e greves dos professores (Marques, 1991;
Mainardes, 1995; Frehse, 2001) ;
• Resistência às mudanças curriculares e metodológicas. Não cabe ao sistema
optar por concepções pedagógicas, deixando os professores sem a “muleta”
dos procedimentos usuais (Ambrosetti, 1990; Guimarães, 2001);
• Não compreensão da proposta, mantendo a concepção de série intacta e a
promoção automática levando à acomodação na primeira série e sobrecarga
na segunda ou engarrafamento ao fim dos ciclos ;
• Reinterpretação dos ciclos como pura promoção automática, levando o aluno
a prosseguir, ampliando a defasagem do aprendizado;
• Organização da escola com base em (Ambrosetti,1990) disciplinamento de
conteúdos e condutas. Temor de perda de identidade e de carga horária pelos
professores;
32
• Distância entre a formação inicial dos professores e a identidade docente que
se constrói nas escolas e movimentos sociais (Soares, 2002);
• Desinteresse do sistema pela identidade profissional do professor, gerando
resistências (Silva, Davis & Espósito, 1996);
• Falta de concepção progressista de educação e condicionamento por visão
punitiva de avaliação (Paro, 2000);
• Desconsideração do valor de referência histórica das representações dos
professores e da relação entre elas e o papel por eles atribuídos no ensino-
aprendizagem (Sousa, 1999);
• Redução da alçada decisória do professor no julgamento do aluno, na
progressão continuada (Alavarse, 2002; Freitas, 2002);
• Baixo autoconceito dos professores (Paro, 2000) ;
• Reprodução pelos educadores adultos da socialização escolar autoritária do
seu passado (Paro, 2001)
Franco (2006) observou que o senso de responsabilidade do professor
pelos seus alunos seria um fator importante e determinante no processo de
aprendizagem inerente ao ciclo, e não apenas o método utilizado.
Fernandes (2001) apontou que a falta de continuidade no trabalho
pedagógico, as dificuldades na formação da equipe pedagógica, o
compromisso dos professores da escola com o projeto da escola, somado à
falta de clareza e coerência entre os currículos, a avaliação e a metodologia,
possibilitariam a que gerações de estudantes ficassem sujeitas as instabilidade
em relação ao que aprendem e terminassem a escolaridade básica com
defasagem de conteúdos e com algumas competências pouco desenvolvidas.
Assim, para ela, a escola em ciclos seria uma escola se contrates e conflitos,
estando no meio de um caminho para a escola diferenciada da seriada, mas
que ainda não se organizou.
Diversos estudos de Krug e Azevedo (2000) e Arroyo (1999), têm
trazido críticas à organização curricular vigente nas escolas públicas de ensino
fundamental. As críticas enfatizam que nas escolas que adotam o regime
seriado, os tempos e os espaços da escola, do professor e do aluno ficam
subordinados aos conteúdos programáticos a serem “ensinados e aprendidos”,
33
que ao serem colocados como elemento central do regime seriado, os
conteúdos passaram a constituir o eixo da organização dos graus, das séries,
das disciplinas, das grades curriculares, das avaliações, das recuperações, das
aprovações e das reprovações, que, como eixo da organização curricular, os
conteúdos institucionalizam o caráter precedente e acumulativo de sua
transmissão e apreensão, fazendo com que a criança tenha dificuldades na
aprendizagem, o que geralmente concorre para a reprovação e/ou evasão
escolar, principalmente das crianças que em virtude de sua condição
socioeconômica não conseguem ter outros meios suficientemente
significativos para aprender.
As dificuldades de aprendizagem dessas crianças, ainda segundo os
autores, são conseqüências de um ensino em aulas estanques, com ênfase
nos rituais de transmissão, de avaliação, de repetência, etc., que instaurou a
predefinição do tempo: “um tempo para cada aula, para cada prova, para a
aquisição da escrita, do caçulo, para cumprimento do programa”. Por
conseguinte, a organização curricular, tendo por base o regime seriado, vem
contribuindo significativamente para a lógica assumida pela escola brasileira de
ensino fundamental- o pensar separadamente, que não permite aos alunos a
visão integrada dos saberes.
“Aprender a ler, a escrever,
alfabetizar-se é, antes de mais
nada, aprender a ler o mundo,
compreender o seu contexto, não
numa manipulação dinâmica que
vincula linguagem a realidade”.
(Freire, 1994, p.81)
Com base nesse discurso e evidenciando uma preocupação com a
aprendizagem efetiva de todos os alunos, fundada num compromisso coletivo,
os autores apontam para a construção de práticas educativas que possibilitem
34
redimensionar a lógica excludente da organização curricular seriada ( Freitas,
1999) e concorram para a criação de mecanismos de inclusão e de
permanência com sucesso das crianças das classes social e economicamente
favorecidas, ressalvam ainda, quanto a necessidade de se perceber que a
formação dos professores deve considerar essa nova perspectiva de
organização curricular e criar condições para que os projetos de formação já a
contemplem, bem como que a formação continuada seja instrumentalizada
com aportes teóricos consistentes, para o acompanhamento dos docentes no
seu lócus- as escolas que atuam com ciclos de formação.
35
CAPÍTULO III
A LDB e a organização da escolaridade
Neste capítulo trazemos à baila a questão da possibilidade de
flexibilização do currículo, a partir da Lei 9394/96-LDB, que inaugura inovações
de caráter oficial na estrutura curricular do ensino fundamental.
Estudos de Barreto e Mitrillus (1999) mencionam a preocupação das
autoridades brasileiras, desde 1920, com o problema da retenção e da evasão
escolar. Aliada a esta preocupação emergia o discurso de que os programas
escolares eram alheios às urgências e necessidades sociais e desatentos aos
interesses e características das crianças; que a retenção escolar trazia
prejuízos econômicos para o país; que os obstáculos que se apresentavam ao
processo de aprendizagem dos educandos causava conseqüências nefastas
para estes e suas famílias.
Os estudos mencionados indicam que as autoridades brasileiras desde
os idos de 1950, tinham clareza que a manutenção da escola fundamental
seletiva, era um dos obstáculos ao desenvolvimento social e econômico do
país. Cresceram então, a partir daquele período, os discursos de educadores e
de outros especialistas para a adoção de formas flexibilizadoras do percurso
escolar, entre elas a eliminação da retenção, a instituição da promoção
automática e da promoção baseada na idade cronológica, maneiras de avançar
o aluno nos degraus da escolarização, dissimulando a sua fraca aprendizagem.
Tais mecanismos eram considerados válidos, pois a manutenção de uma
escola seletiva dificultava enormemente o projeto que postulava para o país,
um lugar ao lado das nações mais desenvolvidas. Predominava assim, o
discurso equivocado do enfrentamento da desigualdade social brasileira com
base em ações pontuais e dissimuladoras dessa desigualdade.
Os autores enfatizam ainda, no período de 1980 e 1990, com o fim do
governo militar e a restauração da democracia, tornaram-se mais efetivos o
debate sobre a problemática da evasão e do fracasso escolar. Com a
36
instalação da constituinte e a aprovação da nova constituição federal, em
outubro de 1988, a sociedade brasileira foi mobilizada para o debate e a
discussão sobre a perspectiva de desencadeamento de uma nova política para
a educação nacional.
Essa mobilização foi fomentada pelos educadores brasileiros e,
diversas instituições, organizações e entidades comprometidas com o processo
de redemocratização e transformação da educação, que elaboraram um
anteprojeto de Lei de Diretrizes e Bases depositado na Comissão de Educação
da Câmara dos Deputados, em novembro de 1988 (Pino, 1997) e que tramitou
naquela Casa Legislativa por meio do projeto de Lei nº.1258-A, de dezembro
de 1988 a 13 de maio de 1994 (Brito, 1997), no qual eram defendidos os
princípios propostos durante a IV Conferência Brasileira de Educação,
realizada em Goiânia, em 1986 e reafirmados com a Declaração de Brasília, de
1988, quando elegeu-se como eixo para a nova legislação de ensino que
estava sendo gestada, a universalização do ensino fundamental e a
organização de um sistema nacional que, de um lado, assegurasse a
articulação do ensino fundamental e a organização de um sistema nacional
que, de um lado, assegurasse a articulação orgânica dos diversos níveis e
modalidades de ensino na esfera federal, estadual e municipal e, de outro,
propiciasse e a continuada melhora de sua qualidade e a perene
democratização de sua gestão ou de sua inserção social.
A criação do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública constitui-se
em mais um instrumento de interlocução dos educadores nos debates com os
setores governamentais e no Congresso Nacional, visando a defesa do
anteprojeto elaborado e sua conseqüente aprovação. Infelizmente, malgrado
todos os esforços dispendidos e apesar de sua aprovação na Câmara dos
Deputados, o projeto oriundo da sociedade foi derrotado no Senado Federal e,
emergiu dessa derrota um novo documento que originou, após aprovação no
Congresso, a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
nº.9394/96, de 20 de dezembro de 1996, Brzenzinski (1997).
De acordo com Brito, 1997, inobstante as denúncias dos educadores
de que a lei aprovada é anacrônica para a sociedade do conhecimento e da
37
revolução tecnológica que se consolida neste início de milênio, são
reconhecidos alguns avanços colocados pelo texto legal. Ao desconsiderar o
quarto grande eixo estabelecido no projeto original- democratização, qualidade,
gratuidade e clareza quanto aos recursos financeiros, os articuladores da nova
legislação de ensino, no Congresso Nacional, entraram em descompasso com
o cenário educacional requerido pelo novo milênio, não permitindo, entre outras
medidas, a definição dos princípios norteadores da educação nacional, a
articulação entre os diferentes níveis de ensino e nem a integração entre os
sistemas de ensino da União, dos Estados e dos Municípios.
Foi a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação que permitiu
inovações de caráter oficial na estrutura curricular do ensino fundamental ao
flexibilizar sua organização. Como fruto dessa flexibilização, insere-se nas
escolas a perspectiva de organização curricular sob a forma de ciclos de
formação.
O artigo 23 da Lei nº.9394/96, explicita que a educação básica poderá
organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular
de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na
competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização,
sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. Ao
proporcionar uma flexibilidade para a organização da educação básica, a Lei
busca possibilitar que as escolas se organizem de acordo com as
peculiaridades de seus alunos, garantindo o atendimento diferenciado para o
alcance dos objetivos previstos para o referido nível. Mas, apesar de facultar
aos sistemas de ensino a livre escolha da organização escolar, a partir da
vigência da Resolução CNE/CEB nº.07, de 14/12/2010, que fixa Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 09 (nove) anos, em seu
artigo 30 e parágrafos, restringe a organização seriada nos 03(três) primeiros
anos do Ensino Fundamental, estabelecendo que estes anos devem ocorrer
num percurso contínuo de aprendizagem, não passível de interrupção,
conforme disposto abaixo:
38
“Art. 30 Os três anos iniciais do
Ensino Fundamental devem
assegurar:
I – a alfabetização e o letramento;
II – o desenvolvimento das diversas
formas de expressão, incluindo o
aprendizado da Língua Portuguesa,
a Literatura, a Música e demais
artes, a Educação Física, assim
como o aprendizado da Matemática,
da Ciência, da História e da
Geografia;
III – a continuidade da
aprendizagem, tendo em conta a
complexidade do processo de
alfabetização e os prejuízos que a
repetência pode causar no Ensino
Fundamental como um todo e,
particularmente, na passagem do
primeiro para o segundo ano de
escolaridade e deste para o terceiro.
§ 1º Mesmo quando o sistema de
ensino ou a escola, no uso de sua
autonomia, fizerem opção pelo
regime seriado, será necessário
considerar os três anos iniciais do
Ensino Fundamental como um bloco
pedagógico ou um ciclo seqüencial
não passível de interrupção, voltado
para ampliar a todos os alunos as
oportunidades de sistematização e
39
aprofundamento das aprendizagens
básicas, imprescindíveis para o
prosseguimento dos estudos.
§ 2º Considerando as características
de desenvolvimento dos alunos,
cabe aos professores adotarem
formas de trabalho que
proporcionem maior mobilidade das
crianças nas salas de aula e as
levem a explorar mais intensamente
as diversas linguagens artísticas, a
começar pela literatura, a utilizar
materiais que ofereçam
oportunidades de raciocinar,
manuseando-os e explorando as
suas características e propriedades.”
As propostas de reformas educacionais com a adoção dos ciclos de
formação, apresentam-se como uma alternativa ao regime seriado
predominante na escola brasileira, alternativa esta também prevista nos
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (PCN´S, 1997), que
no documento introdutório sustentam que ela “tende a evitar freqüentes
rupturas e a excessiva fragmentação do percurso escolar, assegurando a
continuidade do processo educativo, dentro do ciclo e na passagem de um
ciclo para o outro, ao permitir que os professores realizem adaptações
sucessivas da ação pedagógica às diferentes necessidades dos alunos, sem
deixar de orientar sua prática pelas expectativas de aprendizagens referentes
ao período em questão” (p.61-2).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´S), que trazem
orientações gerais para o processo de ensino-aprendizagem no Ensino
Fundamental, ratificam que a estrutura dos ciclos possibilita trabalhar melhor
40
as diferenças e está plenamente coerente com os fundamentos
psicopedagógicos, com a concepção de conhecimento e com a função da
escola, estando explicitados nos Fundamentos dos Parâmetros Curriculares
Nacionais ( PCN´s, vol.1, p. 59 a 61).
Os PCN´s apresentam objetivos presentes no documento introdutório e
em todos os documentos das áreas disciplinares, encontrando-se fortemente
alicerçados numa visão de escola como espaço de formação da cidadania.
Entretanto, há críticas à maneira como os PCN´s entendem a configuração em
ciclos. Zaidam (1999), denuncia que a proposta apresenta preocupação em
não romper com a antiga estrutura de primeiro e segundo graus, ou até mesmo
com o imaginário dos antigos primários e ginásio.
As mudanças propostas na organização de escola básica, advinda da
nova LDB, a Lei nº. .9394/96, principalmente no âmbito do Ensino
Fundamental, têm incentivado discussões preliminares sobre as exigências que
os ciclos de formação trazem a escola, para a atuação dos professores e para
a formação destes profissionais.
“O tempo da escola está cada vez,
mai divorciado do tempo da
realidade da escola. Já não basta se
tratar de constatar que o tempo
escolar é diferente do tempo
comunitário.”
(Pinto, 2001, p.51)
“
41
CONCLUSÃO
Levando-se em consideração todos os aspectos mencionados neste
trabalho monográfico, que apresenta um balanço dos pontos favoráveis e
desfavoráveis à política dos ciclos no ensino, que atualmente vem sendo
implementada nas escolas do Brasil, resta-nos claro que o mesmo, requer
imediato suporte, de cunho político e pedagógico para que o mesmo alcance a
sua filosofia de ensino, que respeita, sobretudo, os saberes individuais, nesta
fala, o tempo de aprender de cada um, que segue momentos cronológicos
diferenciados, partindo do contexto sociocultural vivenciado por cada um.
A escola, como um espaço em que a sociedade confia à formação
integral de seus filhos, deve refletir profundamente sobre a sua função social, e
a partir dela estabelecer os valores e estratégias para oferecer uma educação
diferenciada, com a verdadeira qualidade de ensino..
Percebemos, ao longo das pesquisas citadas, que a escola recebe
críticas acerca de seu distanciamento do mundo, das crianças e dos jovens,
devido a falta de contextualização com a realidade do aluno. Como afirma a
autora Claudia Fernandes (2009) “há muito se apela para a máxima de que a
escola não acompanhou as mudanças ocorridas no mundo atual.” Portanto,
não se trata aqui apenas de pensar mudanças para a escola, mas de propor
principalmente, uma reflexão profunda acerca de sua função social, dos valores
e das crenças que são perpetuados por ela, em amplo aspecto. Eis que esse
deve ser passo inicial para a redefinição dos tempos e dos espaços da escola.
Junto a esse passo inicial, fundamental por excelência, deve-se refletir se as
práticas escolares estão coerentes com a filosofia proposta pelo ciclo, nas
formas de ensinar e disseminar valores.
42
A organização da escolaridade em ciclos de formação deve ser
percebida como um movimento que pretende estabelecer uma ruptura para
com o ensino tradicionalmente desenvolvido no ensino seriado.
Desta forma, além de implicar numa transformação na escola em sua
base administrativa, incide também em mudanças na forma de trabalho
pedagógico dos professores, os quais deverão estabelecer uma nova forma de
ensino, de forma a construir e estabelecer novas estratégias para o
planejamento, para as avaliações, para o estudo coletivo dos alunos, para o
processo do ensinar e aprender, para interagir e aproveitar os saberes trazidos
pelo aluno no seu próprio desenvolvimento e fortalecimento de seu
aprendizado.
É válido mensurar, que, a essa nova postura profissional, que envolve
novos métodos didáticos, implica também na necessidade de se perceber que
a formação de professores deve considerar essa nova perspectiva de
organização curricular e criar condições para que os projetos de formação já a
contemplem, bem como a formação continuada seja instrumentalizada com
aportes teóricos consistentes, para o acompanhamento dos docentes no seu
dia a dia, nas escolas que atuam com a escolaridade organizada em ciclos.
Quando falamos de escola com ciclos, falamos de uma escola em
conflito, uma vez que variados aspectos da prática pedagógica são
questionados: a forma de avaliar, a maneira de se entender o conhecimento, a
didática utilizada, a organização dos tempos e dos espaços, pois bem, essa
escola solicita muito mais do corpo docente, a fim de mobilizá-lo para encontrar
soluções em conjunto, para mediar estratégias, para gerir situações
curriculares, isto é, para decidir o que, por que, como e quando ensinar e
avaliar. Tais demandas acabam por comprometer muito mais os docentes com
seu trabalho e com a construção de um projeto de escola que ainda está sendo
construído. Com isso podemos entender que tal movimento não é por ser uma
escola em ciclos, mas por ser uma escola que se descobre necessitando
mudar..
43
Nesse sentido, é importante observar a positividade da introdução dos
ciclos, uma vez que esses impulsionam mais rapidamente a escola a rever, de
alguma forma, suas práticas, suas relações, sua função social.
Levando-se em consideração que o cotidiano escolar é marcado por
urgências, por questões inusitadas, que muitas vezes não podem esperar, que
é um espaço marcado por relações humanas e, portanto, por natureza,
complexo, podemos considerar a que as tentativas de alterar práticas
consolidadas e legitimadas pela comunidade escolar e pela sociedade fazem
com que a escola em ciclos torne-se mais ainda, uma escola conflituosa.
O ciclo, mais que uma unidade de tempo escolar, constitui- se em uma
medida intermediária para conformar a escola dentro de uma lógica, cujas
concepções de escolarização, de tempo e espaço escolares, de conhecimento
escolar, de currículo escolar, de avaliação escolar, de trabalho docente, de
relação entre professor e aluno, de relação entre escola e mundo social são
distintas e entram em conflito com a lógica da escola seriada.
Freire nos aponta, todo o tempo, para a necessidade do educador ser
alguém que tem esperança, que acredita na utopia. Não aquela utopia que nos
cega, mas a que nos impulsiona, que nos faz mais humanos.
De certo que pensar numa escola que trabalha com organização em
ciclos significa pensar uma escola diferente da que hoje conhecemos. Uma
escola que rompe com o sistema tradicional . A escola em ciclos de hoje é uma
escola necessária e transitória para uma escola que estamos construindo, que
seja mais coerente com as questões do mundo de hoje. Falamos de uma
escola que precisa reformar seus aspecto administrativos e pedagógicos,
ressignificar seus tempos, espaços, sua gestão, sua concepção de ensino e
aprendizagem, incluindo aí, a avaliação escolar, como um instrumento de
intervenção para a melhoria da qualidade de ensino de seu aluno, e não mais
como punição.
Apesar de serem legítimos os argumentos apresentados pelas críticas
de estudiosos da área educacional e social, entendo que creditar ao regime
seriado a culpa pelo fracasso de uma grande maioria de egressos da escola
pública de ensino fundamental é o mesmo que creditar que mudando a forma
44
de organização curricular dessa escola, o fracasso deixará de existir. Creio ser
necessário resgatar as origens da educação brasileira para que possamos ter a
compreensão dos mecanismos que atuam como barreiras para o
desenvolvimento do processo educacional, entre eles os métodos de ensino
utilizados, e que contribuem de uma forma ou de outra para o fracasso escolar
de crianças e de jovens que procura a escola fundamental. É preciso pensar
em vencer também as desigualdades sociais e culturais em todos os níveis de
governo, seja federal, estadual ou municipal a fim de se evitar que a
substituição da forma de organização curricular por outra incorra em erro
devido à falta de apoio aos alunos, em outras áreas de sua vida, fora do
ambiente escolar.
Entendo como saudável a procura de novas formas de organizar a
escola, de ensinar e de educar que possam contribuir para a minimização do
fracasso escolar, formas mais humanizadas, pedagogias diferenciadas que
procure não ficar tão presas a tempos padronizados, a conteúdos não
significativos, que ressaltem a ética na educação e que permitam a apropriação
dos saberes pelos alunos.
Nesse contexto, a busca por uma escola que resgate a qualidade de
ensino e que esteja comprometida com a educação, num movimento que
busca a igualdade entre a escolarização ofertada aos alunos da escola pública
e da particular, que coloque as crianças no mesmo nível de competição para o
mercado de trabalho, futuramente, é louvável, principalmente quando
desejamos fortalecer uma sociedade de iguais.
Como educadores, devemos favorecer a verdadeira construção da
cidadania, trabalhando com carinho e dedicação, trabalhando com sonhos e
sem discriminação, de forma a propiciar o acesso aos mais diversos saberes,
compartilhando-os com todas as crianças, independente de sua classe social.É
isso que o ciclo representa: o respeito ao tempo de aprendizado de cada um,
na oferta de um conhecimento contextualizado, portanto significativo para o
aluno, para que apropriado desse conhecimento tenha oportunidades iguais
entre seus pares, no momento de competir no mercado de trabalho.
45
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50
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 4
DEDICATÓRIA 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
Origem ao ciclo no Brasil 12
1.1 – Fracasso Escolar 16
1.2 – Evasão Escolar 21
CAPÍTULO II
O Ciclo e o Trabalho Pedagógico 24
1- Aspectos favoráveis a implantação dos ciclos 28
1.1- Aspectos relativos a gestão 29
2- Aspectos desfavoráveis à implantação 30
2.1- Medidas relativas ao magistério 31
CAPÍTULO III
A LDB e a organização da escolaridade 35
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 50
FOLHA DE AVALIAÇÃ 51
51
Nome da Instituição:AVM FACULDADE INTEGRADA
Título da Monografia: ESCOLARIDADE EM CICLOS
Autor: SIMONI NOGUEIRA MARINHO VIANNA
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: