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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA CRIMES CONTRA A FAUNA VALÉRIA DA SILVA FREITAS Orientador Prof. Francisco Carrera DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · ciclo de vida ocorrendo naturalmente fora do território nacional. Tem a silvestre asselvajada, onde o animal doméstico sai e volta

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

CRIMES CONTRA A FAUNA

VALÉRIA DA SILVA FREITAS

Orientador

Prof. Francisco Carrera

DOCU

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Rio de Janeiro

SETEMBRO / 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

CRIMES CONTRA A FAUNA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em pós- graduação em Direito

Ambiental

Por: Maria Clara B. P.

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AGRADECIMENTOS

....ao esposo e amigos e parentes, ......

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DEDICATÓRIA

.....dedica-se a mãe e a avó...

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RESUMO

Neste trabalho, aborda-se-ão os Crimes cometidos contra a Fauna,

como surgem, e afetam os direitos dos animais, através dos maus tratos,

mutilações e tráficos dos mesmos. Enfatiza-se a importância da Lei

9.605/1998( Crimes contra a Fauna) que através dela conseguiu-se que

diminuísse essa aplicabilidade, devido às punições atribuídas.

Entender o conceito de crime, ter a visão do Direito, em relação ao

ambiente, acompanhar tudo o que se tem feito os manifestos, os órgãos

responsáveis, unidos para intensificar as repressões dos crimes cometidos.

Relatar as mudanças, que vem ocorrendo

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METODOLOGIA

Os métodos que levam ao problema proposto foi à ajuda do professor

Francisco Carrera, que sugeriu como tema Crimes contra a Fauna que eu o

adotei por várias pesquisas na Internet, reportagens que li no jornal O Globo, e

consultas em livros, na Constituição da República Federativa do Brasil, na Lei

9.605 de fevereiro de 1998( Lei de Crimes Ambientais), a Lei 5.197 de janeiro

de 1967( Lei sobre a Fauna), acórdãos, Jurisprudências, processos junto ao

STF, de casos concretos, sites jurídicos e a própria Rio+20 que ocorreu em

junho /2012.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Conceito de fauna 11

CAPÍTULO II - Crimes contra a fauna 14

CAPÍTULO III – Considerações legais

Sobre crimes contra a fauna CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

ANEXOS 58

ÍNDICE 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO 63

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INTRODUÇÃO

Esta monografia apresenta como tema Crimes contra Fauna, de

acordo coma Lei 9.605 de 1998.

Partindo desta ótica, o primeiro capítulo terá a definição de Fauna,

suas espécies, finalidades, os direitos dos animais, sua proteção. Somente

partindo desta análise, será possível, o entendimento da temática central, que

se inicia no capítulo seguinte.

O segundo capítulo, por sua vez, trata do tema abordado, que é

Crimes conta a Fauna, para isso, é de suma importância, entender, o que é

crime, para melhor analisá-lo. Como ocorre o tráfico de animais, e porque em

vários casos eles morrem, neste transporte dos traficantes.

No terceiro capítulo, tem como objetivo, fazer um delineamento acerca

do Direito Penal Ambiental, no que tange a proteção da Fauna. Neste capítulo,

será feito um levantamento dos principais crimes cometidos contra os animais,

o que está sendo feito para a diminuição deste quadro, e o que a Lei 9.605 de

1998, ajudou na sua aplicabilidade e sua real efetividade.

Análise da preocupação social sobre este assunto, as organizações

governamentais e não governamentais conciliam-se frente a essa demanda.

Porque as multas aplicadas tem o valor tão baixo, fazendo com que o crime

compense na visão dos infratores.

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CAPÍTULO I

FAUNA

O CONCEITO

...Deus é maior que todos os obstáculos.

Definição de Fauna é abrangente. O dicionário Aurélio diz que” é

um conjunto dos animais próprios duma região, ou dum período geológico”. A

Fauna não pertence a ninguém, adquirindo caracterização decorrente da

ocupação territorial, dos quais exemplos são os animais de caça e pesca. A

Fauna veio agregar-se àquela “ res communes omnium”, configurando-se coisa

comum de todos, constituindo um bem inesgotável, possuindo inevitável

influência na formação de um equilíbrio ecológico, imprescindível á

sobrevivência das espécies, incluindo a raça humana.

A Fauna recebe várias classificações doutrinárias, dividindo-se

quanto ao habitat entre silvestre e doméstica. Fauna silvestre é o conjunto de

animais que vivem em liberdade, ou seja, fora do cativeiro. Não é sinônimo

animal que vive na selva, mas sim de animal que vive em liberdade ou fora do

cativeiro. Já a Fauna doméstica, é constituída por animais que não vivem em

liberdade, mas em cativeiro, sofrendo modificações em seu habitat natural.

Convivem, regra geral em harmonia com a presença humana, dependendo do

homem para sobreviver. Relativamente aos animais gerados em criadouros

artificiais há dúvida quanto ao seu enquadramento, ora integrando a categoria

de silvestre, ora a de doméstico. A Lei de proteção a Fauna, no entanto, os

define como silvestres, já que os criadouros são suscetíveis de autorização.

Tendo o artigo três, &2º, da Lei 5.197/67, afirmado: “É proibido o comércio de

espécies de fauna silvestre e de produtos e objetos que impliquem na sua

caça, perseguição, destruição ou apanha, executando-se as espécies de

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criadouros devidamente legalizados” (&1º). Sendo assim, serão considerados

os criadouros como animais de natureza doméstica, vez que dependem do

homem para o exercício de suas funções vitais, submetendo-os ao regime

jurídico da forma doméstica.

Existem outros tipos de Fauna, chamado de exótica, que tem o seu

ciclo de vida ocorrendo naturalmente fora do território nacional. Tem a silvestre

asselvajada, onde o animal doméstico sai e volta para selva, são considerados

como silvestres. E ainda a fauna silvestre arrebatação/ migratória, são animais

da fauna exótica, usam para pouso e reprodução, é considerado silvestre

enquanto estiverem em reprodução.

Independente das diferentes características todos os animais fazem

parte da fauna. Os cães, os cavalos, as vacas, os ratos, os leões, os gatos, os

elefantes e as girafas, por exemplo, são espécies que integram este grupo. As

alterações no seio do habitat podem afetar a vida da fauna. Nos casos mais

drásticos, aliás, essas alterações podem levar a extinção de uma espécie.

Conhece-se como espécie nativa ou autóctone, qualquer espécie que apareça

numa região como resultado de um fenômeno natural, sem a intervenção do

ser humano.

É preciso mais equilíbrio na relação homem e animais, os humanos

precisam conscientizar-se dos direitos dos animais. As ONGs precisam saber

mais e melhor o arsenal legislativo que está à sua disposição. O ministério

Público precisa elevar o nível de atenção ao problema, a essa proteção. E o

Judiciário, sair do confortável imobilismo e especializar Câmaras ou Varas

Ambientais, a fim de que haja maior efetividade nos julgamentos. Na verdade,

como afirma o promotor Laerte Levai, “ainda existe preconceito quando se fala

em direito dos animais. Muita gente, da área jurídica, inclusive, não leva a

questão a sério”. Parodoxalmente, o comportamento dos animais mostra como

suas reações aproximam-se dos humanos, o quanto deles estamos próximos,

ainda que disto discordasse.

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Natureza Jurídica da Fauna

Qualquer que seja a proteção à Fauna ( doméstica ou silvestre)

imprescindível nos parece sua relação para com o homem. A Fauna deve ser

considerada um bem enquanto relacionada à incidência da ação humana. A

visão antropocêntrica constitui, a nosso ver, o ponto nuclear que justifica a

tutela da fauna, reforçando tal premissa, o fato de que os animais não são

sujeitos de direitos, sendo injustificável proteger-se a fauna em face da própria

fauna, vez que como bem de tutela ao meio ambiente, constituir-se-á em valor

essencial à sadia qualidade de vida humana, de uso comum do povo.

Constitui-se de uma diretriz a ser seguido pelo legislador penal não

fazendo sentido criar-se um tipo incriminador que não tenha como destinatário

a proteção da coletividade, sendo exigência para tipificação penal a presença

do perigo e a extinção da espécie que venha a afetar a humanidade, devendo

estar presente no mínimo o risco à função ecológica e sua relação ao homem,

ou à afetação à psique bem estar do homem em face da credibilidade

existente.

A Fauna ganha legitimidade de dignidade de proteção penal apenas

quando favorecer o próprio homem. A partir dessa visão antropocêntrica não

entendemos compreensível punir o sacrifício dos animais quando em caso a

sobrevivência humana, não podendo o tipo penal projetivo à fauna ter como

objeto de afetação de algo diverso daquilo que não ampara a própria

coletividade, cabendo ao legislador ordinário voltar sua atenção para a

premissa antropocêntrica quando do trabalho de construção legislativa.

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Finalidades da Fauna

Partindo do pressuposto de que a Fauna pode ser usada, gozada e

conservada, imprescindível configura-nos a análise quanto a sua finalidade.

Afinal, para que o homem quer usufruir, gozar e conservar o bem divino

chamado fauna? A resposta parece-nos estar ligada à função ecológica. O

uso, gozo e conservação da fauna decorrem especialmente de sua missão

ecológica ou ambiental, protegendo-a contra sua extinção a afetação à função

ecológica, bem como à crueldade incidente sobre os animais e que atingem o

psiquelhumano. A proteção a fauna visa, assim, buscar um sentido de

equilíbrio ecológico que conduza a uma sadia e essencial qualidade de vida,

sendo o homem, neste passo, seu imprescindível destinatário.

Segundo Celso A. Pacheco Fiorillo, a função ecológica é o elemento

determinante para a caracterização da fauna como bem de natureza difusa,

sendo que se o bem não preenche os requisitos de especialidade à sadia

qualidade de vida, não consistindo também de uso comum do povo, não

carecerá de proteção jurídica, configurando-se exemplo dessa situação a

fauna doméstica, sujeita ao regime de propriedade de direito civil, havendo

polêmica quando da prática de atos cruéis que afetem a psique do ser

humano.

Duas discussões a cerca do tema da função ecológica, devem ser

analisadas; nomeadamente: as questões relacionadas às espécies exóticas e

a reintrodução do animal e sua função ecológica.

Relativamente às espécies exóticas, interessantes discussões poderão

existir quanto a sua proteção, não sendo raros os casos de que, sob a guarda

da proteção de espécie exótica em risco, seja colocado em causa todo um

ecossistema de determinada região. A introdução de animais exóticos, sem

qualquer cuidado, poderá conduzir a implicações contrárias, sejam ecológicas,

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sejam econômicas, resultando em graves conseqüências ambientais, Não

sendo incomum que em face de tal interpretação, o animal torna-se uma

praga, destruindo o ambiente, muitas vezes sem erradicação, configurando-se

exemplos dessas situações aos coelhos da Austrália que, apostos com

excesso, trouxeram sérios gravame ao sistema ecológico da região.

Quanto à reintrodução do animal anteriormente extinto, importante

destacar a relevância também da análise de seu impacto ambiental preventivo.

A princípio, indubitável que a reintrodução poderá ocorrer visando assegurar a

sobrevivência de uma espécie, mantendo quer a sua função ecológica, quer o

objetivo de restaurar a população esgotada que tenha desaparecido

completamente, sendo relevante, nesse passo, estudar os motivos da anterior

extinção, viando compatibilizar a reintrodução.

Além da finalidade ecológica, a fauna possui também um fim científico.

Ainda que se questione que tal finalidade já está inserida na função ecológica,

por precaução, classificamos a fauna, igualmente, com um fim científico.

Por meio de sua acepção a fauna pode ser utilizada para fins de

experimento, teste em laboratório, sendo sempre assegurada e resguardada

sua destinação científica ou tecnológica, possuindo conotação ambiental, quer

pelo artigo 225, quer pelo artigo 218, §1º, da CF, dispondo sobre a ciência e a

tecnologia. A finalidade científica da fauna, aliás, já havia sido prevista pela

própria Lei 5.197/67, atestando seu artigo 14: “ Poderá ser concebida a

cientistas, pertencentes a instituições científicas, oficiais ou oficializadas, ou

por estas indicadas, licença especial para coleta de material destinado a fins

científicos em qualquer época.”

Além da finalidade ecológica e científica, destaque deve ser conferido

para a finalidade recreativa da fauna. Partindo da premissa de que um dos

princípios reitores do meio ambiente é o desenvolvimento sustentado, ou seja,

o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e social e a conservação do

meio ambiente, inegável constitui a configuração da finalidade recreativa da

fauna.

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CAPÍTULO II

CRIMES CONTRA A FAUNA

Os crimes contra a fauna são apresentados na Seção I, do capítulo

V da Lei 9.605/98. Tal fragmento legal veio a substituir tanto o código de Caça

e o de Pesca, os quais possuíam penas muito severas que, ao invés

corroborarem com o escopo perseguido, apenas tomavam se um entrave a

mais na proteção ambiental, uma vez que devido a seu rigor, tomavam seu

cumprimento inviável. Dessa forma, face às elevadas penas cominadas a

alguns crimes, houve a manifestação de alguns malefícios decorrentes da

desproporcionalidade, fazendo com que alguns julgadores, frente a casos

concretos, atribuíssem a determinados crimes ambientais as características do

Princípio da Insignificância ou Delito da Bagatela, tal atribuição mais justa e

coerente aos olhos da justiça que a aplicação das estratosféricas penas

previstas em lei.

No que tange a nova lei ambiental, temos que inúmeras condutas

foram enunciadas por meio da nova lei ambiental (9.605/98), configurando-se

essa multiplicação incriminadora também patente das ações de proteção a

fauna, disciplinando condutas incriminadoras nos arts. 29 a 37. Escolhendo via

de regra bens jurídicos que necessitavam de proteção penal, fixou o legislador

condutas relacionadas à caça e a pesca, dispondo ainda sobre situações que

excluem a ilicitude.

Não obstante o legislador ter escolhido situações que eventualmente

legitimam a elevação da categoria de crime, sob o manto de serem dignas de

pena, desastroso, a meu ver, foram as descrições das novas condutas,

havendo uma absoluta desproporcionalidade nas penas enunciadas, sem falar

de clareza e precisão dos preceitos primários. Ainda que a justiça deva ser

feita, alertando que muitas das sanções anteriormente previstas, sofreram

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sensível, minoração de sanciona mento, injustificável e ainda exagerada a

legitimidade sanciona tória da 9605/98.

Serão abordados os crimes contra a fauna, previstos nos artigos 29 a

37 da referida lei.

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna

silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou

autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

[...]

A pena para quem comete tais crimes é de seis meses a um ano de detenção

e mais multa. Todavia de acordo com o art. 7º da mesma lei, há casos em que

as penas privativas de liberdade poderão ser convertidas em penas restritivas

de direito. São eles:

I - trata-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade

inferior a quatro anos;

II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do

condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicar que a

substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. As penas restritivas d direitos a que se refere este artigo terão

a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.

Ainda sobre a aplicação das penas restritivas de direitos são:

I- Prestações de serviços a comunidade;

II- Interdição temporária de direitos;

III- Suspensão parcial ou total de atividades

IV- Prestação pecuniária

V- Recolhimento domiciliar.

Voltando ao art. 29 da Lei, embora sua definição inicial sobre as

atividades puníveis seja ampla, o artigo ainda vai além, e também

determina que incorra nas mesmas penas:

I- Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em

descordo com a obtida;

II- Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

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III- Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em

cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos ou espécimes da

fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem com produtos e

objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou

sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade

competente.

A pena tem como objetivo causar repulsa ao pretenso sujeito ativo, a fim de

que não proceda de forma criminosa e que a pena posteriormente recaia sobre

si. Dessa forma, o legislador determinou que a pena referente a tais crimes

sofresse alteração positiva(majoração, crescimento), em determinados casos.

O objetivo de tal ação é aumentar ainda mais o nível de proteção, causando

buscando causar repulsa ainda maior ao possível criminoso, induzindo-o a não

praticar determinado ato ilegal.

A pena, de acordo com o parágrafo 4º do art. 29, então é aumentada de sua

metade quando o crime:

I- Contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que

somente no local da infração;

II- Em período proibido à caça;

III- Durante a noite;

IV- Com abuso de licença;

V- Em unidade de conservação;

VI- Com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar

destruição em massa.

§5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de

caça profissional.

§6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.

Muito comum atualmente, a exportação de peles e couros para

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outros países são preconizados no art. 30 como crime. Nas palavras do

legislador: “Exportar para o exterior peles e couros e répteis em bruto, sem a

autorização ambiental competente: Pena – reclusão, de um a três anos, e

multa.

Também é previsto:

Art. 31 Introduzir espécime animal no país, sem parecer técnico oficial

favorável e licença expedida por autoridade competente: Pena – detenção de

três meses a um ano, e multa.

Uma realidade muito comum na vida das pessoas, chegando ao ponto de

muitas notícias relacionadas se tornarem rotina, é aquela que diz respeito á

prática de maus tratos, violência física, mutilações, dentre muitos outros.

Atualmente infelizmente presenciamos, por meio da mídia, muitos animais

sendo maltratados, como por exemplo, inúmeros cães que são arrastados por

seus donos em seus carros.

Determina o art. 32:

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar silvestres,

domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena – detenção de três meses a um ano, e multa.

§1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em

animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem

recursos alternativos.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

A emissão danosa também tem previsão, logo no artigo seguinte:

Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carregamento de materiais, o

perecimento da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas,

baias ou águas jurisdicionais brasileiras:

Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Parágrafo único incorre nas mesmo penas:

I - Quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de

domínio público;

II – quem explora campus natural de invertebrados aquáticos e algas, sem

licença, permissão ou autorização da autoridade competente;

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III-quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre

bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

A pesca praticada em época e lugar proibido por órgão competente tem pena

que varia de um ano a três anos, ou multa, podendo ainda ambas as penas,

tanto prisão como multa, serem cumulativamente aplicadas. Também estão

sujeitos a tais penas quem “ I- pesca espécies que devam ser preservadas ou

espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos; II- pesca quantidades

superiores às permitidas, ou mediantes à utilização de aparelhos, petrechos,

técnicas e métodos não permitidos; III- transporta, comercializa beneficia ou

industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas”

E ainda sobre a pesca:

I- Explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzem

efeito semelhante;

II- Substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente;

Pena – reclusão de um a cinco anos.

Por conseguinte, a pesca é definida como todo ato tendente a retirar,

extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécies dos grupos dos

peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de

aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de

extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

A Lei também prevê como não sendo crime o abate animal realizado em

estado de necessidade, com a finalidade de saciar a fome tanto do agente

como de sua família, visto a presença, em tais casos, tanto do princípio da

dignidade humana com também do direito a vida e a sadia qualidade de

vida.

Também são excludentes de ilicitude:

III- Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou

destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizada

pela autoridade competente.

IV- Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão

competente.

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Reclama-se, antes, de que (...) as regras para os crimes

ambientais estavam embrenhadas num confuso palheiro de leis,

geralmente conflitantes entre si, mas, agora com a Lei 9.605/98

sistematizou normas de Direito Ambiental, ensejando o conhecimento pela

sociedade e dando melhor instrumento de execução pelos órgãos

encarregados da defesa do meio ambiente, ainda que não tenha o

legislador sido feliz em agrupar todos os atos lesivos à natureza, em sua

totalidade, continuando em vigor vários dispositivos no Código Penal e em

outras leis.

A importância a ser conferido, ao citado diploma legal, dentre

outras, é a eliminação do exagero do legislador anterior, que erigiu á

categoria de crimes inafiançáveis os praticados contra a fauna, cuja rigidez

não de justificava, pois deverá ocorrer à proporcionalidade entre o dano

causado e a reprimenda imposta, a moderna tendência se direciona a

utilização da criminalização de condutas como a ultima ratio, devendo o

Estado, primeiramente, procurar coibir os abusos com outros meios

eficazes.

A Lei ambiental tratou de regular, ainda, nos artigos 54 e 61, outros

delitos que atingem a fauna, embora possam violar outros bens jurídicos,

como é o caso do primeiro que, estabelecendo pena de reclusão de um a

quatro anos e multa, reprime o ato de causar poluição de qualquer natureza

em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana,

ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa

da flora, enquanto o segundo previsto igual penas a quem (...) Disseminar

doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à

pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas.

A proteção dos animais é bem ampla, abrangendo todas as espécies

silvestres, domésticas ou domesticadas, nativas ou exóticas, não se

fazendo necessário, para a caracterização do delito, o efetivo dano físico,

sendo suficiente o sofrimento, a dor ou a tortura, que significam abusos,

maus tratos e crueldade, sendo vedada prática de experiência.

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CAPÍTULO III

Considerações Legais sobre os crimes

contra a fauna

Para que possamos compreender qual o exato significado da

expressão “crimes ambientais”, é de suma importância que estudemos

separadamente os conceitos de crime e de ambiente.

Segundo Damásio de E. “““““de Jesus, o conceito material de crime “é

“ a violação de um bem penalmente protegido”, e sob o aspecto formal

defini-se crime como um “ fato típico e antijurídico”. Para que ocorra um fato

típico, é necessário que haja uma conduta humana dolosa ou culposa, um

resultado, um nexo entre a conduta e o resultado e o enquadramento do

fato a uma norma penal que o incrimine. Já a antijuridicidade é “ a relação

de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico”

Ambiente, por sua vez, é a área onde vivem os animais, sendo definido

ainda meio ambiente pela Lei 6.938/81, art. 3º, I, como conjunto de

condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física,

química e biológica, que permite, obrigam e regem a vida em todas as

suas formas. Assim, crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado

aos elementos que compõem o meio ambiente, protegidos pela legislação.

Desde a entrada em vigor da nova lei ambiental de crimes ambientais

9.605/98), tem-se notado um decréscimo no número de crimes contra a

fauna, em virtude da aplicação de sanções mais rígidas para os infratores,

porém, ainda são muitos os desrespeitos à lei de proteção aos animais. A

Lei 9.605/98, que no seu texto traz uma efetiva tutela aos animais, vem

sendo considerada um avanço importante no ordenamento jurídico, apesar

de ser possuidora de algumas contradições jurídicas que poderão ser

corrigidas legislativamente ou, a depender do caso, pela interpretação do

texto da lei, no ato de sua efetivação pelos aplicadores do direito.

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A diminuição da ocorrência de delitos contra a fauna não é o único

interesse, é necessário, que seja menos freqüente os danos por eles

causados à sociedade, devendo ser mais fortes os motivos que inibam o

ser humano a cometer infrações penais, por serem contrários ao bem

público, necessitando, pois, de haver uma proporção entre os delitos e as

penas, para que surtam efeitos as investidas do Estado em sua repressão.

No tocante aos crimes contra animais, a nova Lei Penal Ambiental atende

às necessidades de proteção do bem tutelado, havendo, no entanto, como

é de costume, a falha na fiscalização pelo poder de polícia do órgão público

encarregado e, além de tudo, a falta de conscientização dos cidadãos que

consideram a facilidade de se burlar a legislação.

A degradação do meio ambiente vem fazendo com que muitas espécies

animais desapareçam e inúmeras são as causas para que esse danoso

evento ocorra. Sabemos que o tráfico de animais silvestres não é a única

causa da extinção das espécies. Outros fatores devem se levados em

consideração, como, por exemplo, o efeito estufa, caça indiscriminada, a

poluição dos rios, a destruição das matas e muito mais.

A intervenção humana vem acelerando o processo de extinção das

espécies, aliada, é claro, ao efeito estufa. O aquecimento global do planeta

tem afetado ecossistemas terrestres e marinhos. Pesquisas realizadas por

cientistas constataram que a mudança climática tem causado impactos

sobre a fauna e a flora em diferentes regiões do globo, como, por exemplo,

a migração de aves e borboletas, a reprodução de tartarugas pintadas e do

atum de barbatana azul, o estoque de krill no oceano Austral, o

branqueamento dos corais, etc. As espécies animais por isso são forçadas

a migrar das regiões afetadas. No entanto, a velocidade, dessas mudanças,

pode ser maior do que a capacidade das espécies de se adaptarem a elas.

( Sirvinskas, Op. Cit, p 222). Acreditamos que será a educação nos bancos

escolares que fará despertar a consciência cívica dos povos. O meio

ambiente não tem pátria. Ele é de cada um, individualmente, e, ao mesmo

tempo, de todos.

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A eficácia da Lei dos Crimes Ambientais

Para que se possa haver uma eficácia plena das sanções impostas aos

agentes de crimes contra a fauna e contra a natureza como um todo, é

necessário haver algumas mudanças, sendo que a principal delas, seria a

necessidade de haver uma mudança na consciência dos aplicadores do

direito, tendo em vista que estes devem aplicar o que a lei claramente

determina, não se deixando levar por questões de cunho emocional ou

qualquer outro. Se a lei manda levar à prisão aquele agente que matou um

animal silvestre, então deve esse indivíduo se julgado e condenado à sua

pena. Contudo, o que muitas vezes ocorre é que vários magistrados deixam

de aplicar a sanção prevista pela legislação por se utilizar de um

pensamento conservador que consiste em pensar que a privação da

liberdade de um indivíduo é uma questão mais importante que se deve ser

aplicada somente em casos extremos ao invés de puni-lo assim com a lei

manda, como por exemplo, um indivíduo mata indiscriminadamente animal

considerado em extinção.

Em suma, em 1998 foi criada a Lei Ambiental 9.605, que prevê em seu

texto as sanções previstas para os crimes contra a fauna, contra a flora,

contra o meio ambiente como um todo. Esta lei tem uma redação clara e

precisa, onde intuita quais as condutas deverão ser punidas e quais a

sanções que deverão ser aplicadas. O que está faltando para que

possamos ter uma eficaz e efetiva tutela ambiental é que se respeitem as

leis que são criadas em todos os seus termos, pois, caso contrário, o

trabalho dos legisladores foi em vão. No futuro, novas leis vão ser criadas,

com o intuito de aprimorar o instituto da tutela penal ambiental e não

somente se aprimorar como também se modernizar para que possa se

adequar as novas questões que surgem a cada dia que passa.

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A Legislação Penal Ambiental

O Direito Ambiental no Brasil sempre esteve disperso em diversas e

variadas leis. A primeira providência legislativa de que se tem notícia foi à

proibição feita nas Ordenações Filipinas, que no item “Pescarias”, sete,

proibiam várias práticas nocivas, como lançar nos rios e lagoas cal ou outro

material que causasse a morte dos peixes. O Código Criminal do Império,

de 1831, não teve qualquer previsão neste sentido. O Código Penal de

1831, não teve qualquer previsão neste sentido. O Código de 1890, feito no

advento da República, punia, o crime de incêndio e o corte de árvores nas

ruas, praças e logradouros públicos (art. 41 e 390). Mas o mais curioso foi à

redação do art. 402, que considerava a prática da capoeira um crime,

punindo tal conduta co prisão de dois a seis meses.

Muito embora a legislação fosse dispersa em vários diplomas legais, a

verdade é que o judiciário começou a julga mais crimes ambientais. Afinal,

a conscientização foi se tornando maior e os agentes do Ministério Público,

já atuante na área da ação civil pública, começaram a preocupar-se mais

com a esfera penal. Assim, as decisões não apenas se tornaram mais

freqüentes como passaram a revelar maior preocupação com o meio

ambiente.

Bom exemplo do que se afirma é o Acórdão do TJRS que, com base

no art. 15 da Lei 6.938/1981, condenamos um prefeito que determinava o

lançamento de lixo na nascente de um rio. Eis a ementa do Acórdão:

“Crime ambiental. Prova emprestada. Substituição de pena. A atividade

consistente em depositar o lixo doméstico e industrial da cidade em local

inadequado e proibido, segundo comprovação técnica, caracteriza a prática

de crime ambiental. Prova pericial produzida no juízo civil pode ser

aproveitada no processo criminal que discute o mesmo fato, observado

contraditório. Apresentando-se favoráveis as circunstâncias judiciais e

inocorrentes agravantes, a pena privativa de liberdade inferior a quatro

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anos, decorrente da condenação pela prática de crime ambiental, pode ser

substituída por atribuição de tarefa gratuita junto a parques e jardins

públicos e unidades de conservação, pelo prazo da sanção substituída.

Voto vencido”

Em estudos sobre a interpretação das normas ambientais pelo

judiciário, observa Manoel Lauro Volkmer de Castilho que, “ao lado da

crescente defesa dos direitos humanos, retomada em todos os níveis pelas

mais compreensíveis razões, mas particularmente porque são idealistas e

resolutos os juízes, desperta, agora, a magistratura também para a causa

ecológica, o que se tem refletido mais e mais na jurisprudência, revelando

uma tendência de progressão tomara irresistível, repensando institutos e

levando o legislador a consolidar o que os pretórios têm construído à base

de criatividade e meditação”.

Finalmente, seguindo orientação internacional de criminalizar as

condutas nocivas ao meio ambiente, foi editada a Lei 9.605, de 12.02.1998,

marco de grande relevância no aparato brasileiro. Conta a sociedade,

agora, com um arcabouço legal completo. A Constituição Federal (art. 225),

a Lei 6.938, de 31.08.1981, que trata da Política Nacional do Meio

Ambiente, a Lei 7.347, de 24.07.1985, que cuida d ação civil pública, e a

Lei 9.605, de 12.02.198, que zela pela proteção penal, esta com algumas

alterações resultantes do novo Código Florestal, conforme comentários

específicos nos artigos 38,39e 48.

Registre-se, por derradeiro, que a criminalização das condutas

ambientais é adequada à realidade brasileira. Não tem cabimentos, em

nosso país, deixar as infrações apenas no âmbito administrativo. Explica-

se. O Brasil é um país de imenso território e com uma fiscalização

ambiental fragilizada pela falta de estrutura. Há poucos funcionários para

áreas imensas, principalmente na região Norte. Além disso, por vezes

recebem vencimentos inadequados e são assediados e são assediados por

propostas de suborno e até ameaças. Veja-se, por exemplo, notícia do

jornal O Estado de São Paulo sobre ocorrência na cidade de Medicilância,

sudoeste do Estado do Pará, que tem por título: “Madeireiros prendem

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agentes da Polícia federal e do IBAMA. Manifestantes dizem que a

fiscalização causa desemprego: grupo foi resgatado de helicóptero”. Ora,

deixar a ação preventiva e repressiva apenas na esfera administrativa e por

conta apenas dos órgãos ambientais é relegar a proteção do meio

ambiente à falta de efetividade. Ao contrário, agentes do Ministério Público

e juízes, com garantias constitucionais e plena autonomia no exercício de

suas funções, podem exercer, com os poderes da Lei dos Crimes

Ambientais, um papel relevante na preservação do meio ambiente

O juiz tem um importante papel em matéria ambiental: primeiro,

por exercer um dos poderes da república em nome do povo, ainda que não

escolhidos diretamente pelo voto, mas indiretamente, por concurso público,

e ter por obrigação defender e preservar o meio ambiente para os

presentes e futuras gerações.

Como representante do Poder Público, poderá, dependendo do

local e época em que atue, exercer importante papel. Como juiz de

comarca interiorana, sua presença servirá de grande estímulo nas

atividades estudantis ou comunitárias de defesa do meio ambiente. Nas

associações poderá estimular e realização de cursos, concursos e

atividades assemelhadas da justiça, e especialização de varas é

imprescindível. Nos limites das atividades diárias, por exemplo, a enorme

quantidade de papeis utilizados poderá ser aproveitada como lixo reciclável

e doada para a confecção de cadernos para crianças necessitadas.

No exercício da jurisdição, o juiz poderá atentar para relevância

social das ações ambientais. Muitas vezes o prejuízo não se confina ao que

foi apurado e só poderá ser avaliado, anos depois. Não deverá ser

condescendente com alegações usuais e, de regra, desprovidas de

fundamento, como a necessidade do dano para que haja progresso, a

insignificância do abate de espécies da fauna ou a falta de alternativas para

agir sem macular a natureza.

Em síntese, o juiz não deve ser o expectador apático dos fatos que

lhe são submetidos. Ao contrário, deve acompanhar a prova e avaliá-la

tendo em vista o interesse coletivo na busca da verdade. Esse interesse,

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por ser público e genérico, sobrepõe-se aos casos em que seja individual.

Se necessário, deve dirigir-se ao local da demanda, ver, ouvir e inteirar-se

dos fatos.

A luta na defesa do meio ambiente tem encontrado no Direito Penal

um de seus mais significativos instrumentos. Evidentemente, não seria

necessário criminalizar condutas se houvesse, por parte da sociedade, a

compreensão da importância de preservar o meio ambiente, ética

ambiental. A realidade, como lembra José Renato Nalini, é que “A proteção

à natureza independe de educação, riqueza ou mesmo religião. Em todos

os esta mentos há infratores. Desde as grandes madeireiras, sem pátria e

sem lei, aos despossuídos que dizimam áreas próximas aos mananciais.”

Por isso mesmo, as sanções administrativas ou civis não se mostram

suficientes para a repressão das agressões contra o meio ambiente.

Vejamos um exemplo na área da poluição marítima por derramamento

de petróleo. Segundo notícia recente da imprensa, “nos últimos 10 anos, o

IBAMA recebeu pagamento de apenas uma multa por poluição por

petróleo”. Mais adiante, “no total, foram 93 autos de infração lavrados entre

2011 e 2011 para vazamento de óleo de várias dimensões. O valor total

entre multas cobradas é de R$ 57,3 milhões. A única multa paga foi de

R$200 mil.

O estigma de um processo penal gera efeitos que as demais formas de

repressão não alcançam.

A verdade é que são tantas as agressões ao meio ambiente provocada

pela poluição do ar, do solo e da água, e suas conseqüências, que somente

com aplicação de sanção penal – funcionando, conforme retroassinado,

também como meio de prevenção – conseguir-se-á freá-las.

Realmente a Sanção penal em determinados casos se faz necessária

não só em função da relevância do bem ambiental protegido, como também

da sua maior eficácia dissuassória.

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Em se tratando na questão da Fauna, a legislação ambiental, já foi mais

feroz com os caçadores. Em fevereiro de 1988, alei 7.753, alterou o artigo

34 do código de caça, tornando inafiançáveis os crimes contra a fauna. A

mudança causou polêmica.

Em matéria de piada, dizia-se que era preferível matar o guarda do

IBAMA ao passarinho. Dez anos depois, quando entrou em vigor a Lei

9.605/98, os delitos contra a fauna deixaram de ser inafiançáveis.

Aos crimes contra a fauna eram inafiançáveis na delegacia, mas sempre

foram suscetíveis de liberdade provisória concedida pelo juiz. Criou-se uma

falsa idéia na opinião pública de que aprisionar um animal era pior que

matar um homem – diz o promotor Ricardo Zouein – Na lei atual, quase

todos os crimes contra a fauna foram reunidos num só artigo, com pena

máxima de um ano de prisão, inclusive para tráfico internacional de animais

silvestres. É uma aberração do legislador.

Com a nova lei, boa parte das penas foi reduzida e os delitos passaram

a ser julgados nos Juizados Especiais Criminais, através da Lei 9.099/95,

que prevê uma série de benefícios ao infrator, como transação penal e

suspensão do processo. O auto de um crime pode faze acordos na justiça

durante o andamento do processo, comprometendo-se a prestar serviços

comunitários ou a pagar cestas básicas, escapando de uma possível

condenação.

O professor de direito penal da UERJ e procurador da República, Arthur

Gueiros diz que as mudanças na legislação ambiental fizeram parte do

movimento despenalizador que floresceu no direito brasileiro. Este

movimento considera que as penas alternativas trazem mais benefícios

sociais do que as de prisão. Para alguns tipos de crime, é solução

adequada, mas para outros não. Um dos delitos cuja punição, segundo

Gueiros, tornou-se equivocadamente mais branda foi o de comércio ilegal

de animais. A pena que era de dois a cinco anos de reclusão no Código de

Caça foi reduzida, na Lei 9.605/98, para seis meses e um ano de detenção,

mais multa. A polêmica sobre o rigor da legislação avançou até 2003,

quando tramitou no Congresso Nacional o projeto de lei 347/2003, que

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pretendia alterar a parte da Lei de Crimes Ambientais referente aos delitos

contra a fauna, tornando-os mais específicos e rigorosos.

Pela proposta, o artigo 29 (matar, perseguir, caçar ou apanhar

espécimes da fauna silvestre sem licença) seria desdobrado em três,

passando a prever penas mais duras para o comércio ilegal de animais

silvestres.

O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), que integrou a CPI do

tráfico de animais silvestres, foi favorável às mudanças, por reconhecer que

a lei atual precisa de ajustes:

-A nossa idéia era corrigir as distorções – dia Gabeira – é importante

fazer a distinção entre o tráfico e a venda de um animal para sobrevivência.

Esse ponto tem de ser mudado. Se as penas dos crimes contra a fauna

ficaram mais brandas, por outro lado os delitos contra a flora passaram a

ser combatidos com mais rigor. O desmatamento ilegal e o comércio de

madeira sem licença, que eram considerados contravenção, viraram crime.

A Lei de Crimes Ambientais desprotegeu equivocadamente a fauna e

chegou tarde para proteger a flora – critica o promotor Zouein – Uma lei que

não manda ninguém para a cadeia não é digna da professora da Escola de

Magistratura do estado do Rio de Janeiro (Emerj) e especialista em direito

ambiental, a desembargadora aposentada Maria Collares sustenta que

alguns crimes contra o meio ambiente deveriam se inafiançáveis, para ela a

poluição da água de forma consciente, por exemplo, tem de ser

inafiançável, porque põem em risco todos os seres humanos. Se o elo da

corrente se parte, toda a cadeia fica comprometida.

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CONCLUSÃO

Após, todo o exposto, fica patente a existência da avançada legislação

ambiental em nosso país, porém com penas brandas para um país de maior

biodiversidade do mundo. É indubitável a necessidade de reforma urgente na

lei de crimes ambientais no que concerne às penas.

Enquanto esta reforma não ocorre, nada mais justo e correto que a pena

alternativa esteja relacionada a questões ambientais, como por exemplo,

deixar o condenado limpando recinto de animais por longo tempo, a fim de

aprender algo, valorizá-los, por exemplo.

O momento é de união de toda a proteção animal. De união de toda a

sociedade que deve valorizar a conservação e preservação do meio ambiente

sadio e equilibrado, direito nosso e das futuras gerações, que, aliás, estão

condenadas a conhecerem meio ambiente apenas em sua faceta virtual.

No tocante aos crimes contra a Fauna, a nova Lei Penal Ambiental atende

às necessidades d proteção ao bem tutelado, havendo, no entanto, como é de

costume ocorrer, a falta na fiscalização do órgão público encarregado, e, além

de tudo, a falta de conscientização do cidadão, que, antes de tudo, considera a

facilidade de burlar a legislação.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de Crimes Ambientais

Lei 5.197, de 03 de janeiro de 1967 – Lei da Fauna

Decreto 6514, de 22 de julho de 2008 – Das infrações e sanções

administrativas ao meio ambiente

Sites na Internet:

WWW.comjur.com.br

WWW.forumnacional.com.br

WWW.jusnavegandi

Livros:

DE FREITAS, Vladimir Passos e Gilberto Passos, Crimes Contra a Natureza,

9º Ed, editora Revista dos Tribunais

MACHADO, Paulo Affonso Leme, Flora Justitia 113/122

SANCHES, Sydnei. O poder judiciário e a tutela do meio ambiente. Revista de

informação.

CASTILHO, Manoel Lauro Volkmer de Op. Cit.,p. 151-170

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9

Fauna o conceito

1.1 –natureza jurídica da fauna

1.2 – finalidades da fauna

CAPÍTULO II 14

1.1 -Crimes contra a Fauna

CAPÍTULO III 20

1.1 -Considerações legais

sobre os crimes contra a fauna

CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 30

ÍNDICE 31