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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DIFERENCIADAS COMO FORMA DE AVALIAÇÃO PARA ALUNOS COM TDA/ H Por: Patrícia Fernandes Costa Orientador Prof. Solange Monteiro Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · como forma de Inclusão para Alunos com TDA/ H surgiu face a questionamentos sobre a importância de avaliar alunos com transtorno

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DIFERENCIADAS COMO

FORMA DE AVALIAÇÃO PARA ALUNOS COM TDA/ H

Por: Patrícia Fernandes Costa

Orientador

Prof. Solange Monteiro

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DIFERENCIADAS COMO

FORMA DE AVALIAÇÃO PARA ALUNOS COM TDA/ H

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia.

Por: . Patrícia Fernandes Costa

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela

dádiva da vida e possibilidade de

transformar em frutos as oportunidades

que tenho recebido ao longo dos anos.

Agradeço também aos meus pais

Antônia Fernandes Costa e Pedro

Ubiraci Costa, meus parentes assim

como aos amigos que acompanharam

mais um passo nesta jornada.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho monográfico a

todos os profissionais que se dedicam a

melhoria da educação brasileira.

5

RESUMO

O presente projeto tem como temas principais a avaliação e a inclusão. O

objetivo geral é demonstrar que a avaliação pode funcionar como um dos meios

para uma inclusão eficaz. A demonstração desse fato se dará através da

apresentação do contexto histórico e das razões pelas quais prevalece o atual

sistema de avaliação no Brasil que examina em vez de avaliar. O objetivo

específico se dá através da abordagem de novas estratégias que possibilitem

avaliar alunos com TDA/H.

A literatura sobre TDA/H e a prática em salas de aula permitem verificar

que o ato de avaliar está intrinsecamente relacionado à ação de diagnosticar

uma situação problema. Dessa forma, a avaliação ou diagnóstico possibilitará ao

profissional ajudar o sujeito em questão traçando novos objetivos que viabilizem

a aprendizagem. A necessidade de análise desse tema surgiu devido a

questionamentos que surgiram durante o trabalho de em sala de aula. Assim

perguntas como quais estratégias diferenciadas de avaliação são utilizadas para

promover a aprendizagem de crianças com TDA/H? E a avaliação pode ser

considerada uma forma de inclusão? Foram formuladas devido à importância de

facilitar a aprendizagem de alunos com o transtorno. Dessa forma, verificou-se

que uma avaliação diferenciada é um processo includente, ou seja, traz para

dentro, propicia a participação e o aprendizado.

6

METODOLOGIA

O objeto de estudo do trabalho Estratégias de Avaliação Diferenciadas

como forma de Inclusão para Alunos com TDA/ H surgiu face a questionamentos

sobre a importância de avaliar alunos com transtorno de déficit de atenção de

forma justa e coerente.

Este trabalho foi fundamentado em pesquisa bibliográfica realizada

durante alguns meses, tempo em que permitiu aprimorar conhecimentos através

da leitura de autores consagrados, como também através de palestras

assistidas.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

A História da Educação no Brasil 11

CAPÍTULO II

A História da Avaliação de Aprendizagem no Brasil 17

CAPÍTULO III

Definição e características do TDA/ H 23

CAPÍTULO IV

Identificação do TDA/ H 29

CAPÍTULO V

Inclusão de alunos com TDA/ H e as dificuldades de aprendizagem

relacionadas ao transtorno 37

8

CAPÍTULO VI

As estratégias de avaliação/ intervenção para alunos com TDA/ H 43

CONCLUSÃO 51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ÍNDICE 51

9

INTRODUÇÃO

Atualmente mostra-se crescente o número de alunos que apresenta

algum tipo de dificuldade de aprendizagem e estas dificuldades independem do

país em que a criança ou adolescente está inserido ou da metodologia

desenvolvida pela escola que frequenta.

Nas salas de aula, facilmente encontramos alunos desatentos e

irrequietos que representam um desafio significativo para os profissionais de

educação. Características referentes à falta de atenção, agitação excessiva,

impulsividade, ausência de controle em circunstâncias diversas tornaram-se

características comuns no ambiente escolar. Em geral, associa-se essas

características ao TDA/H – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.

Devido às dificuldades constantes que alunos com tais características

apresentam em relação à aprendizagem e representam para o sistema

educacional; indagações relacionadas à forma como ensinar tais alunos, à forma

como controlá-los e organizá-los em conjunto com os demais integrantes do

grupo suscitaram uma investigação mais aprofundada na busca de alternativas

para lidar com tais circunstâncias dentro do sistema educacional vigente em

nosso país.

Sendo assim, o presente trabalho terá como tema central a abordagem

de dois conceitos que têm sido utilizados com grande frequência no contexto

educacional: avaliação e inclusão. A seleção de ambos os conceitos deve-se ao

fato de que o ato de avaliar está intrinsecamente relacionado à ação de

diagnosticar uma situação problema. Dessa forma, a avaliação ou diagnóstico

possibilitará ao profissional ajudar o sujeito em questão traçando novos objetivos

que viabilizem a aprendizagem enfocando alunos com TDA/H.

Nos capítulos do presente trabalho serão abordados tópicos como a

questão da avaliação, pois não se pode deixar de lado a evolução do sistema

educacional no Brasil. No desenrolar desse panorama será apresentada a

10

finalidade do ato de avaliar originado da educação iniciada pelos jesuítas em

nosso país.

De modo a delimitar o objeto de estudo desta pesquisa também serão

apresentadas a definição, algumas características e a identificação do TDA/H.

Um capítulo especial será reservado à inclusão de alunos com TDA/H em que

será abordada a questão da importância desse profissional no contexto de

aprendizagem para alunos com o transtorno. Ainda nesse capítulo também

tratar-se-á o papel das dificuldades de aprendizagem especificamente ligadas

ao TDA/H. O papel da escola em relação à avaliação do TDAH também será

incluído neste trabalho. Por fim, serão apresentadas estratégias a serem

utilizadas em sala de aula afim de desenvolver esses alunos de forma integral.

Essas estratégias serão apresentadas como alternativas de avaliação com o

intuito de mostrar que atividades apropriadas e/ou personalizadas de avaliação,

dependendo das necessidades de cada aluno, é por si um ato de inclusão.

Dessa forma, a avaliação será demonstrada como um dos meios para

uma inclusão eficaz relatando principalmente, através do contexto histórico as

razões pelas quais prevalece o atual sistema de avaliação no Brasil que examina

em vez de avaliar de fato. O presente trabalho tem por objeto de estudo a

avaliação como um dos meios para uma inclusão eficaz. O projeto tratará de

alunos em idade escolar da rede particular de ensino.

11

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

A pedagogia predominante atual vem do século XVI momento em que a

escola foi sistematizada tal qual se conhece hoje em dia. Somente em 1549, a

sistematização da educação no Brasil começou a ser pensada. A princípio os

primeiros jesuítas que aqui aportaram tinham a responsabilidade de catequisar

os índios. Entretanto, as mudanças culturais impostas pela nova forma de vida

aos indígenas geravam custos à coroa portuguesa com alimentação, roupas e

remédios que eram dados aos índios e como alternativa os padres começaram

a cuidar da educação dos brancos e mais tarde também instruíam órfãos

portugueses e filhos da elite colonial. Os índios que se destacassem em

interesse e comprometimento também poderiam estudar nessas escolas. O

primeiro colégio jesuíta em terras brasileiras surgiu na Bahia. Contudo, os alunos

que desejassem completar os estudos deveriam recorrer às universidades em

Portugal já que nessa época ainda não havia instituições de ensino superior no

território nacional até porque o grau de instrução oferecido durante aquele

período, aprender a ler, era suficiente para atuar na sociedade do século XVI.

Em 1599, foi aprovado o Ratio Studiorum documento que regularizava e

descrevia a educação jesuítica e que demonstrou que a preocupação primordial

dos religiosos passou a ser a educação. Assim, aulas clássicas, humanísticas,

literárias e abstratas eram valorizadas pela elite da época e por ser esse tipo de

formação considerada privilegiada desde aquela época, não houve valorização

da formação profissional até porque o trabalho braçal era realizado por escravos.

Com isso, ainda hoje privilegiamos a formação acadêmica em detrimento de

formação técnica em nossa sociedade.

Em 1759 os jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal devido a

uma cisão entre religião e política já que os padres não permitiam que o estado

interferisse em sua prática e em contrapartida o Marquês de Pombal queria

centralizar seu poder. Essa ação causou grande reviravolta no sistema

educacional da época já que os religiosos mantinham o funcionamento de 36

12

missões com escolas de alfabetização nas principais povoações, ou seja, nas

vinte e cinco onde se localizavam as residências religiosas. Além disso,

possuíam dezoito estabelecimentos de ensino secundário considerando colégios

e seminários que situavam-se nas regiões mais importantes do território

nacional: Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Maranhão, Recife,

Pará, Santa Catarina, Ceará.

Após a expulsão a educação foi assumida por iniciativa privada assim

como por outras ordens religiosas. Nesse mesmo período a parte da educação

que coube ao poder público focava-se em aulas de Latim, Grego e Retórica.

Entretanto, essa possibilidade não era compatível com a qualidade e quantidade

do ensino oferecido pelos jesuítas anteriormente. Esse modelo de ensino era

baseado nas unidades das aulas régias que ficavam sob a responsabilidade de

cada professor. Esse sistema não obedecia a nenhum parâmetro, ou seja, não

possuía nenhuma metodologia que caracterizasse ou regularizasse as aulas.

Estas eram preparadas a cargo de cada professor. Os professores eram

escolhidos de forma improvisada através de indicação ou concordância entre

bispos. Os salários eram baixos e os profissionais possuíam cargo vitalício.

Quanto ao material didático da época, este passou a ser imprimido pela

Imprensa Régia. Anteriormente, o material utilizado durante as aulas era

produzido pelos próprios padres responsáveis por cada matéria. Eles tinham

como uma de suas funções ter que fazer cópias do material a ser utilizado para

cada aluno o que caracteriza a sobrecarga de trabalho. Após a saída de mais de

seiscentos e quarenta jesuítas do território brasileiro, uma nova sociedade

estava se formando principalmente devido à libertação dos índios pelo Marquês

de Pombal. Logo, a nova comunidade escolar passou a receber filhos de

fazendeiros, senhores de engenho, farmacêuticos, militares e outras autoridades

como os filhos dos capitães e cirurgiães. Filhos ilegítimos de padres e de mães

solteiras também eram aceitos nas instituições. Durante esse período ainda não

havia instituições que formassem os alunos profissionalmente por isso, as

funções ocupadas pelos letrados da época resumiam-se à agricultura, à igreja e

às funções públicas. Uma pequena parcela desses alunos terminava seus

estudos fora do Brasil.

13

Em 1808, a família real transferiu-se para o Brasil e em 1822 a

Independência do Brasil foi proclamada. Esse cenário histórico provocou

mudanças importantes em nosso país principalmente em relação ao ensino

superior. Entre 1808 e 1817 foram criadas as seguintes instituições no Rio de

Janeiro: a Academia Real da Marinha e cursos de Anatomia e Cirurgia (1808);

Academia Real Militar (1810); Laboratório de Química (1812); curso de

Agricultura (1814); Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios (1816). Na Bahia,

foram criados: curso de Cirurgia (1808); cadeira de Economia (1808); Curso de

Agricultura (1812); curso de Química (1817); curso de Desenho Técnico (1817).

A criação de todas essas instituições de ensino superior evidenciava a

necessidade da formação de uma elite que dirigisse o país.

Em 1827, ocorre uma importante mudança nas escolas. As meninas

passaram a ser aceitas nas salas de aula. Entretanto, anteriormente a educação

feminina restringia-se aos ensinamentos repassados em casa pelas amas e

pelas mães sobre os cuidados com o lar. No máximo aprendiam a ler porque tal

conhecimento podia ser passado oralmente. Porém, ao serem aceitas em

instituições de ensino as meninas passariam a dominar a técnica da escrita. Essa

mudança foi de grande importância já que as mulheres se tornaram professoras

tanto nas escolas para meninas quanto para meninos. Na época não havia um

curso que regularizasse a prática dessas profissionais. Aquelas que se

destacavam por comportamento e dedicação recebiam um atestado de boa

conduta.

Nesse mesmo ano, uma nova forma de ensino foi adotada nas escolas. O

método do ensino mútuo consistia em separar a turma em grupos de dez alunos

e um monitor, os melhores alunos da classe, transmitiam seus conhecimentos

aos demais através de explicações e exercícios. Nas escolas para meninas esse

método não era utilizado devido à pequena quantidade de alunas. Em 1837, é

criado o colégio Pedro II que deveria servir de modelo para o ensino básico em

todo o país. A necessidade de criar um modelo de ensino deu-se devido ao fato

de que o governo central cuidava do ensino superior enquanto que os níveis

primário e secundário eram de responsabilidade das províncias, mas havia

14

escassez de recursos de todas as ordens para que o ensino básico fosse

implementado com qualidade.

Em 1891, um fato significativo ocorreu através da constituição que

mantinha a dualidade da responsabilidade do sistema escolar descrevendo que

era de cabia à União, mas não privativamente, criar instituições de ensino

secundário nos Estados e promover a instrução no Distrito Federal assim como

os Estados seriam responsáveis por organizar os sistemas escolares. O período

que compreende os anos entre 1889 a 1925 foi marcado por sucessivas

reformas educacionais; a começar com a Proclamação da República em 1889

em que se estabeleceu a necessidade de fazer mudanças no ensino primário e

normal. Assim, com a organização e maior quantidade de escolas normais as

mulheres passaram a dominar o sistema educacional e os cursos de formação

de professores provocaram mudanças na sociedade por apontarem um novo

horizonte às mulheres da época porque estudando poderiam escapar do

casamento forçado e não precisavam seguir ofícios como os de parteira e

lavadeira.

Em 1890, houve a separação entre Igreja e Estado e nesse contexto a

educação passou a ser laica. O voto de acordo com a renda foi eliminado e

passou a ser feito por cidadãos alfabetizados do sexo masculino. No mesmo

ano, o Ministério da Instrução Pública foi criado, porém extinto no ano seguinte

sendo reaberto apenas em 1930 denominado Ministério da Instrução Pública e

Saúde Pública. No período da República Velha, em um espaço de quarenta

anos, o país passou por inúmeras reformas educacionais: 1890 com Benjamim

Constant que propôs a liberdade e laicidade para a educação assim como a

gratuidade do ensino primário. Ele também propôs que o ensino fosse científico

e não apenas humanístico, por isso as disciplinas de Matemática, Astronomia,

Física, Química, Biologia, Sociologia e Moral. Outras personalidades também

reformas com em 1901, Epitácio Pessoa; 1911 com Rivadávia Correa; 1915

Carlos Maximiliano; 1925 com João Luís Alves. Alguns estados decidiram fazer

mudanças internas em seus programas educacionais como de São Paulo com a

reforma organizada por Sampaio Dória; Rio de Janeiro com Carneiro Leão;

Ceará com Lourenço Filho; Bahia com Anísio Teixeira; Minas Gerais com

15

Francisco Campos e Mário Casassanta e Distrito Federal com Fernando de

Azevedo. Embora muitas reformas tenham ocorrido durante esse período

algumas características não foram mudadas na forma de ensino como o

academicismo e a ênfase à memorização. O professor era o centro do processo

por deter o conhecimento.

Contudo, em 1920 o movimento Escola Nova surge com grande força

opondo-se a velhos costumes e propondo que o aluno passasse a ocupar o

centro do processo de educação. Esse movimento baseava-se em estudos

desenvolvidos pela Psicologia e Biologia defendendo que métodos mais

interessantes fossem adotados em sala de aula e que o currículo fosse unificado.

Em 1932, é assinado o Manifesto Escola Nova que defendia dentre outas coisas

a universalização, laicização e gratuidade da escola pública. Anísio Teixeira,

precursor do movimento defendia que as escolas também deveriam promover a

saúde e cidadania como parte do currículo. Em 1942 surge o SENAI- Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial - como forma de cumprimento de um dos

decretos das Leis Orgânicas do Ensino que ocorreram durante o ministério de

Capanema. Essa medida surgiu a partir da necessidade de formação de mão-

de-obra que ocupasse lugar nas indústrias crescentes no território nacional já

que havia um desejo governamental de diminuir as importações substituindo-as

por produtos nacionais.

As décadas de 50 e 60 voltam-se para a alfabetização de adultos. O

objetivo é diminuir a taxa de analfabetismo e fazer com que a população tenha

maior participação política no país. Nesse contexto, surge Paulo Freire por ter

obtido grande sucesso ao alfabetizar cortadores de cana em apenas 45 dias. Por

esse feito, Freire foi convidado a reformular o ensino para adultos no país. Em

1971, surge o vestibular como forma de restringir o acesso ao ensino superior e

como forma de resolver a questão de falta de vagas nesse segmento do ensino.

O ensino básico passou a ser cumprido em oito anos, sendo que anteriormente

completava-se na metade do tempo. Esse aumento do processo educacional

gerou a necessidade de mais professores, porém causou uma diminuição dos

salários. Também foi criado o MOBRAL- Movimento Brasileiro de Alfabetização-

como forma de erradicar o analfabetismo. 1988 foi o ano em a constituição

16

obrigou a União e os Estados a contribuir com dezoito por cento e vinte e cinco

por cento de suas receitas em educação, respectivamente. Em 1996, a LBD

estabelece que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica.

Nesse mesmo ano o Ministério da Educação e Cultura lança os Parâmetros

Curriculares Nacionais. Em 1998, é implantada a cultura das avaliações com o

surgimento do Enem, uma prova de vestibular que se apresentou como uma

alternativa às provas tradicionais de cada universidade e que passou a

apresentar questões integradas fugindo do formato canônico em que o aluno

respondia questões de cada matéria. Houve também a implantação do SAEB,

Prova Brasil e outras formas de avaliação para alunos do primeiro e segundo

segmentos assim como para formandos. O auge do exame Enem ocorre em

2004 quando se populariza através do programa PROUNI e a concessão de

bolsas em universidades.

Por conseguinte, percebe-se que inúmeras transformações ao longo do

tempo não deixaram de lado algumas características peculiares do ensino no

Brasil como o elitismo, a repetição e a memorização para a aprendizagem. Assim

o sistema educacional manteve o mesmo processo excludente gerado pelas

avaliações desde os tempos dos jesuítas devido ao fato de contemplarem

apenas um tipo de aluno: aquele que consegue se encaixar em um modelo

engessado. E que não abre possibilidades àqueles que por alguma razão não

acompanham de uma única forma todas as imposições geradas pelo sistema.

17

CAPÍTULO II

A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM NO

BRASIL

2.1 – Histórico

O modelo de avaliação como se conhece atualmente tem suas raízes no

período em que os padres jesuítas formularam os moldes de provas que temos

hoje em dia. Em 1599, o documento chamado Ratio Studiorum (que em Latim

significa “ordenamento dos estudos”) foi formulado com o objetivo de organizar

e definir o modo como as escolas jesuítas ao redor do mundo deveriam ser

estruturadas. O documento continha a descrição da postura a ser seguida por

docentes e discentes nas diversas disciplinas. Evidentemente, o principal

objetivo dessas escolas era divulgar o catolicismo.

Nesse período preponderava o Mercantilismo como forma de comércio e

por isso, os filhos dos mercantilistas precisavam ser formalmente preparados

afim de darem continuidade aos negócios desenvolvidos por seus antecessores.

Esse é um dos motivos do sucesso das escolas naquele período; pois assim, os

padres passaram a cuidar da educação da elite dominante daquele período.

Dessa forma, as escolas católicas foram estruturadas com o objetivo de se

certificarem constantemente em relação ao que seus alunos aprendiam.

Na parte da manhã, os alunos aprendiam em aulas com seus professores.

O período da tarde era reservado para estudos pessoais e por fim, o turno da

noite designava-se a debates daquilo o que haviam aprendido durante a manhã

e estudado durante a tarde. Assim, surgiram as sabatinas que eram as provas

aplicadas semanalmente em que os alunos discorriam sobre o que aprenderam

e estudaram durante a semana. Como se pode observar, o sistema educacional

jesuíta era baseado na disciplina.

18

Os protestantes também contribuíram fortemente com o modelo avaliativo

que temos hoje em dia através das contribuições de Comenius que escreveu o

livro Didática Magna publicado em 1632 e também descreveu formas de

examinar que se aproximavam ao processo seguido pelos jesuítas com alguns

acréscimos como por exemplo a postura de impor respeito através do medo,

usando o conceito de provas difíceis, por exemplo. Entretanto, Comenius trouxe

inovações como as realias que são utilizadas até os dias de hoje nas salas de

aula. As realias foram a primeira possibilidade de trazer o conhecimento ou

dados da vida real para serem utilizados no ambiente escolar, já que realias são

objetos do dia-a-dia manipulados em sala de aula para que se aprenda com a

realidade. Esse fato também representou abertura para uma linha de estudos

empíricos em que só se pode conhecer a realidade a partir da mesma. Comenius

também foi o primeiro a adotar livros ilustrados assim como defendeu a abertura

das escolas para meninas ainda no século XVI. O segundo livro escrito por

Comenius intitulado Leis para a boa ordenação da escola continha descrições

sobre como deveria ser o sistema escolar na visão de Comenius. Como exemplo,

ele dizia que os alunos deveriam fazer provas constantemente com intervalo

entre horas, dias, semanas, quinzenas, meses, semestres, anos. Assim, o aluno

deveria ser examinado a todo momento afim de verificar a retenção dos

conhecimentos transmitidos. O protestante também dizia que municípios,

estados, distritos deveriam nomear um escolarca que elaboraria uma prova e a

aplicaria em cada escola com o intuito de examinar o bom funcionamento de

cada instituição. Essa ideia pode ser comparada às avaliações nacionais que

temos atualmente. Assim, pode-se perceber que os exames eram um meio de

controlar mantendo a disciplina e esse legado permanece até a atualidade.

2.2 – A diferença entre o ato de avaliar e o ato de examinar

Atualmente as escolas têm por hábito examinar seus alunos e essa ação

provém de uma herança histórica do sistema educacional criado em nosso país

desde o tempo do império.

19

A necessidade de diferenciar a ação de examinar da ação de avaliar se

dá devido ao equívoco que se comete no momento em que o sistema

educacional denomina avaliação enquanto o que de fato realiza são exames.

O ato de examinar possui três características principais. O primeiro refere-

se ao fato de ser pontual, já que interessa o que está acontecendo no momento

corrente. Porém, é importante pensar que do ponto de vista da construção de

aprendizagem o que aconteceu antes e o modo como se dará o futuro também

são de extrema importância. O vestibular é um exemplo da ação de examinar,

pois o que será levado em consideração para a nota é o desempenho do aluno

no momento da prova; seu histórico antes e seu potencial enquanto profissional

não serão levados em consideração nesse momento. A segunda característica

refere-se à classificação. Os exames são classificatórios à medida em que

impõem posições ou criam rankings que não medem o real conhecimento

adquirido por um aluno durante um período de tempo. Essas classificações

também podem criar rótulos aos alunos, principalmente aqueles que não

conseguem obter rendimento satisfatório no momento exato das avaliações

formais como testes e provas. A terceira e última principal características dos

exames refere-se ao fato de que são seletivos. Essa última característica faz

com que parte dos alunos esteja fora do processo educacional, pois ao

analisarmos os exames de vestibular, por exemplo, percebemos que do grupo

total de alunos que realizam a prova poucos entram para a universidade

enquanto a maioria fica fora do processo. Dessa forma, percebe-se o quanto os

exames são excludentes. Mais ainda, ao longo do tempo passou-se a confundir

as notas com os próprios exames. Dessa forma, a nota passou a ser mais

importante do que o diagnóstico.

Em oposição ao ato de examinar temos a ação de avaliar que, em primeiro

lugar não é pontual. Isso significa que os processos de avaliação levam em

consideração a trajetória do aluno e não somente um desempenho

circunstancial. Em segundo lugar, enquanto os exames são classificatórios, as

avaliações são dinâmicas devido ao fato de diagnosticar o que está ocorrendo

com o sujeito e abrir possibilidade para a melhoria, ou seja, o aprendizado. A

avaliação traz a possibilidade de uma condição satisfatória. Por último, a

20

avaliação é includente por trazer o sujeito para dentro do processo de

aprendizagem por permitir que um aluno que não demonstre conhecimento

específico em alguma área e em determinado momento, não seja considerado

descartável a priori porque ele pode vir a mostrar conhecimento, pode vir a

aprender mais tarde já que no ato da avaliação há um diagnóstico para depois

haver a possibilidade de planejamento e de ação em relação ao que precisa ser

aprendido. De fato, a avaliação precisa ser dinâmica porque ao levar em

consideração o fato de que o indivíduo não está pronto ela abre espaço para a

construção.

2.3 – O papel do professor no processo avaliativo

Após as características apresentadas anteriormente, deve-se dizer que a

postura examinatória deve ser uma exceção abrindo espaço permanente para

postura avaliativa. Essa postura permite a abertura do espaço escolar fazendo

com que o educando tenha espaço e seja incluído com suas dúvidas e limites.

O ato de avaliar não pode ser confundido com a aceitação de qualquer

produção do aluno como positiva. A atitude avaliativa não está relacionada à

pieguice de aceitar o que vem do aluno de forma acriteriosa. Segundo Cipriano

Luckesi, o ato de avaliar é um ato amoroso por ter a capacidade de incluir. Em

contrapartida, a postura de examinar é por si antipedagógica, pois ela afasta o

aluno do interesse em construir aprendizado já que o caráter é sempre pontual

aproximando-o de constante estado de tensão e cobrança. Não se pode deixar

de lado a herança histórica que temos do sentimento de culpa. Desde o início da

formação de nossa sociedade o sentimento de culpa foi enfatizado. E, ao longo

da evolução do processo educacional os professores se fizeram valer desse

sentimento como forma de manter a ordem e a disciplina em sala de aula através

de ideias de provas difíceis e a necessidade de estudar com seriedade para obter

boas notas.

21

Ainda em relação ao ato de avaliar, há a atitude da desumanização do

erro. Os exames têm por objetivo primordial resultados satisfatórios e aqueles

que não o obtém são retidos, portanto, ao examinar o profissional, muitas vezes

obrigado pelo sistema de ensino vigente, indiretamente pontua que não há

espaço para o erro.

Segundo Luckesi, em primeiro lugar o professor tem a função de acolher

o aluno independente das características que este traga para a sala de aula. O

professor também deve nutrir seu educando através de sua experiência e afeto.

Por último, o professor deve confrontar seu aluno, ou seja, diagnosticar a real

situação dele, sinalizá-la e apontar novas possibilidades de aprendizado ao

educando. Dessa forma, a avaliação servirá como forma de diagnóstico para

reorientar. É importante dizer que para realizar uma avaliação o professor não

necessita mudar os instrumentos avaliativos, mas sim a postura para utilizá-los.

A postura de quem avalia é dialógica e tal atitude será refletida no planejamento

demonstrando o conteúdo a ser trabalhado, as habilidades a serem alcançadas,

as competências a serem desenvolvidas e atividades a serem realizadas. O

planejamento bem feito permitirá ao profissional obter uma visão clara do

processo de aprendizagem que deseja percorrer com seus alunos. E, caso se

perceba durante o processo que outro caminho deve ser seguido significa que o

profissional ainda possui consciência do resultado que deseja alcançar e esta

visão é gerada a partir de um planejamento detalhado. No final do processo

avaliativo ao dar feedback o professor situa o aluno ajudando-o em seu

progresso e assim o educador muda pois atua em função da alegria e não do

castigo.

2.4 – Avaliação na LBD

A LBD – Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) – é a lei da educação no

Brasil. Segundo o ex-ministro Paulo Renato Souza - que ao lado do então

presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a LDB que vigora até hoje -

"o mais interessante da LDB é que ela foge do que é, infelizmente o mais comum

na legislação brasileira: ser muito detalhista. A LDB não é detalhista, ela dá muita

22

liberdade para as escolas, para os sistemas de ensino dos municípios e dos

estados, fixando normas gerais. Acho que é realmente uma lei exemplar.”

A última LBD contém informações específicas e relevantes sobre a

avaliação. Em geral, a lei abrange vários tipos de avaliação fazendo com que

cada instituição de ensino tenha autonomia e liberdade para escolher o processo

de diagnóstico a ser adotado mais conveniente de acordo com o projeto político

pedagógico de cada escola. Assim, a nova lei cita uma série de formas

avaliativas como avaliação processual, avaliação contínua, promoção

progressiva, promoção por reaproveitamento a partir de maturidade. Dessa

forma, ao se pensar nas questões da avaliação levando em consideração o

diagnóstico que facilitará a aprendizagem do aluno, o papel do professor e as

mediadas governamentais que vêm sendo implementadas a avaliação torna-se

um instrumento de transformação.

23

CAPÍTULO III

DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade é um transtorno

relacionado ao desenvolvimento que pode influenciar na capacidade de atenção,

na impulsividade assim como no modo como o sujeito lida com suas frustrações.

A origem do transtorno é biopsicossocial e por isso não há possibilidade de

separar as causas genéticas e psicológicas do meio em que o sujeito está

inserido. Por esse motivo, a criança reage de forma diferente ao que se espera.

Esse comportamento não significa que a criança não seja capaz de aprender

mas que processa as informações diferentemente do modo canônico.

Estima-se que entre três e cinco por cento das crianças em fase escolar,

há a presença do TDA/ H. Os médicos começam a identificar o transtorno por

volta de seis ou sete anos de idade momento em que as exigências por parte da

escola aumentam e é necessário haver maior rotina de horários assim como os

estudos são intensificados. Antes dessa idade e, principalmente, antes da

experiência com uma vida mais estruturada é precipitado fazer diagnóstico de

TDA/H devido ao fato da criança não necessitar se comprometer com atenção,

horários e organização. Em geral, esse transtorno é mais comum em meninos,

principalmente no período da infância. Na vida adulta, é comum que os sintomas

de hiperatividade amenizem permanecendo a desatenção. Assim como em

outros transtornos, o TDA/H exige o esforço de profissionais de diversas áreas

para que resultados positivos sejam conquistados.

Basicamente, crianças com TDA/H têm grande dificuldade em se

concentrar assim como é difícil ficarem sentadas por muito tempo. Por não

conseguirem manter a concentração, dispersam-se facilmente, porém quando o

assunto lhes interessa esforçam-se para manterem o foco. Dessa forma,

crianças e jovens com TDA/H são bastante inquietas, movem as mãos e os pés

constantemente, falam excessivamente, não conseguem permanecer por muito

tempo na mesma posição, atividade ou brincadeira. Frequentemente esquecem-

se do que deve ser feito e/ ou adiam tais tarefas; com facilidade começam uma

24

atividade e mudam-na com certa rapidez até que retornem à primeira; não

seguem uma sequência por mais importante que venha a ser para o

desenvolvimento de uma tarefa, por exemplo. Crianças e adolescentes com

TDA/H costumam ser desatentos, hiperativos e impulsivos e a desatenção é um

dos principais fatores que os impedem de ater a detalhes. De acordo com DuPaul

pessoas com TDA/H possuem maior facilidade para observar o todo e

processam informações como se estivessem em câmera lenta.

Após a descrição das características acima é possível perceber o quanto o

TDA/H é comum e que os sintomas do transtorno afetam imensamente a esfera

educacional. Segundo DuPaul & Stoner (2007) toda educação está baseada em

um único princípio: o adiamento da gratificação. Os indivíduos precisam ser

capazes de adiar as seduções e reforços do momento para prestarem atenção

e adquirirem conhecimentos e habilidades, para os quais a gratificação ainda

está em futuro muito distante. Contudo, é exatamente isso que o TDA/H

tragicamente perturba: a capacidade de valorizar e ser governado pelas

recompensas provavelmente maiores do futuro sobre as consequências

menores e mais garantidas do momento. As crianças precisam ser capazes de

trabalhar em prol dos objetivos futuros, sujeitar-se a circunstâncias que não são

imediatamente gratificantes, conter seus impulsos e voltar repetidas vezes para

a educação apesar de distrações periódicas, para que se tornem adultos

plenamente eficientes, capazes de contribuir para a sociedade.

3.1 – Possíveis causas do TDA/H

A princípio não existe uma única causa para o TDA/H, mas os sintomas

que pessoas com o transtorno apresentam pode haver vários mecanismos

desencadeadores. Por isso, recomenda-se cautela na atribuição de uma causa

do transtorno. Estudo empíricos têm se voltado nos últimos tempos para

variáveis internas ao sujeito como fatores neurobiológicos e influências

hereditárias. As influências ambientais como estresse em circunstâncias

familiares e pouca cobrança disciplinar por parte dos pais, parecem modular a

25

gravidade do transtorno, mas não exercem um papel causa causal em si

(Barkley, 1998; Tannock 1998). A seguir, serão apresentadas algumas das

variáveis que mais contribuem para entender melhor a causa possível ou causas

possíveis do TDA/H.

3.1.1 – Variáveis neurobiológicas

Ultimamente os fatores neurobiológicos têm sido mais pesquisados

devido às especulações antigas de que crianças com TDA/H tinham dano

cerebral estrutural que contribuía para dificuldades de controle da atenção e do

comportamento (Barkley, 1998). Contudo, descobriu-se que aparentemente,

existem leves diferenças estruturais entre os cérebros de indivíduos com TDA/H

e os de controle normais. Exames feitos através ressonância magnética e

tomografia por emissão de pósitrons mostraram algumas diferenças

significativas e possíveis anormalidades nas redes estriatais frontais do cérebro

(Tannock, 1998). O estudo do córtex pré-frontal e dá devido à relação dessa área

com a inibição do comportamento e na mediação de estímulos ambientais.

3.1.2 – Influências hereditárias

Há evidências de que o TDA/H é um transtorno em termos genéticos. Isso

se dá devido a fatos verificados de que existe uma taxa superior de sintomas

concomitantes e passados de parentes imediatos de crianças com TDA/H em

relação aos seus colegas sem TDA/H (Faraone et al,. 1993 apud DuPaul &

Stoner 2007). Além disso observa-se uma incidência maior de TDA/H entre

parentes biológicos em primeiro grau, comparados com pais e irmãos adotivos

no caso de crianças com TDA/H que foram adotas em idade precoce (Van der

Oord, Boomsma & Verhulst, 1994).

Outro fator se dá ao investigar padrões genéticos em gêmeos

monozigóticos (MZ) e dizigóticos (DZ). Especificamente, a probabilidade de um

gêmeo ter TDA/H quando o outro gêmeo apresenta o transtorno (o que é

26

chamado de taxa de concordância) é significativamente maior entre pares de

gêmeos MZ do que pares DZ. (Levy, Hay, McStephen, Wood, Waldman, 1997).

Uma vez que gêmeos MZ são geneticamente idênticos, enquanto os gêmeos DZ

compartilham apenas 50% dos genes, presume-se que taxas superiores de

concordância entre gêmeos MZ apoiam um papel substancial para fatores

hereditários (em vez de ambientais) na expressão de sintomas de TDA/H. Na

verdade, estudos de gêmeos permitem que os pesquisadores da genética

comportamental estimem a variância dos sintomas de TDA/H explicados por

fatores ambientais não compartilhados. A maior parte da variância é explicada

por fatores genéticos, como indicado por estimativas de herdabilidade que

variam de 0,75 a 0,98 (Tannock, 1998).

Além disso, estudos genéticos sobre neurotransmissores mostram maior

atenção a um neurotransmissor específico. O gene transportador de dopamina

e o gene receptor de dopamina D4 em amostras de TDA/H em comparação com

amostras de não-TDA/H. Os resultados mostram que a dopamina é um

neurotransmissor importante em partes do cérebro como córtex frontal que têm

estreita relação com o TDA/H e que os medicamentos que auxiliam no transtorno

aumentam temporariamente a quantidade de dopamina na fissura sináptica.

(DuPaul & Stoner, 2007)

3.1.3 – Toxinas Ambientais

O uso de químicas também tem sido verificado em relação à possível

relação com o surgimento do TDA/H. Por isso, foram pesquisados o

envenenamento por chumbo e a exposição do feto para drogas ou álcool.

Estudos bem controlados que examinaram essa hipótese, bem como

suposições semelhantes sobre o açúcar indicam que fatores nutricionais

exercem uma influência mínima sobre a gênese do TDA/H (Barkley, 1998). Esse

estudo surgiu a partir de pesquisas que verificaram que corantes alimentares

artificias levavam à hiperatividade na infância.

27

3.1.4 – Consequências a longo prazo do TDA/H

Durante muito tempo acreditava-se que pessoas com TDA/H seriam

capazes de superar os sintomas ao longo do tempo ou que estes mesmos

sintomas amenizariam. Contudo, estudos mais recentes mostraram que a

realidade é bastante diferente daquilo o que se acreditava. Essa suposição não

foi corroborada por investigações longitudinais do transtorno (DuPaul &Stoner,

2007).

Segundo Barkley, uma criança diagnosticada na infância melhora de

alguns sintomas do TDA/H na adolescência ou na vida adulta. Isto é, pode haver

progresso quanto á atenção, à impulsividade e à hiperatividade. Esses

resultados foram obtidos através de pesquisas que compararam o resultado na

adolescência e vida adulta de um grupo de pessoas em relação aos seus

próprios comportamentos durante os anos pré-escolares e os anos iniciais de

alfabetização. Entretanto, os pesquisadores encontraram como resultado que

entre setenta e oitenta e cinco por cento das crianças com TDA/H continuarão

exibindo déficits significativos de desatenção e hiperatividade em relação a seus

companheiros etários durante a adolescência (Barkley, Fisher et al., 1990;

Biederman et al., 1996). Os mesmos pesquisadores encontraram que mais de

sessenta por cento dos adolescentes com TDA/H desafiam e desobedecem

figuras de autoridade e regras assim como mais de quarenta por cento dos

adolescentes com o transtorno possuem comportamentos anti-sociais chegando

a cometer brigas, furtos e vandalismo. Esses adolescentes comparados a outros

que não desenvolveram o transtorno apresentaram maior risco de repetência,

suspensões na escola, abandono escolar e uso de substâncias. Alguns

cientistas como Biederman e Gittleman atribuíram o risco do uso de drogas à

presença de problemas importantes de conduta além dos comportamentos

ligados ao TDA/H. Dessa forma, estudos mostraram que mais de cinquenta por

cento das crianças com TDA/H manterão principalmente os sintomas de

impulsividade e hiperatividade inclusive na vida adulta fazendo com que tenham

dificuldade de progresso nos âmbitos acadêmico e social.

28

Após a apresentação e o reconhecimento das características do

transtorno assim como de origens prováveis, apresenta-se a forma de

identificação do TDA/H e os distintos tipos de TDA/H.

29

CAPÍTULO IV IDENTIFICAÇÃO DO TDA/ H

Nos últimos anos, a quantidade de crianças com sintomas de TDA/ H nas

escolas é cada vez maior inclusive em creches e na pré-escola. O trabalho

escolar com crianças nessa faixa etária é desenvolvido através de atividades

lúdicas e brincadeiras livres com algumas tarefas um pouco mais formais.

Porém, há atividades em grupo e trabalhos de artes que necessitam de maior

atenção ou obediência por parte da criança durante um pequeno período.

Crianças propensas a desenvolver TDA/ H normalmente terão dificuldade em

obedecer e se concentrar. Isso pode tornar o ambiente de sala de aula bastante

confuso e estressante para ela e para os demais do grupo e dessa forma

perturbar as atividades propostas dificultando a transição das mesmas. Além

disso, crianças que apresentarem hiperatividade motora e maior impulsividade

que os demais costumam ter dificuldade em compartilhar, esperar a vez para

falar ou ser atendido e controlar a frustração mesmo que seja em brincadeiras.

Dessa forma, quando uma criança na faixa etária entre três e cinco anos

apresenta características compatíveis aos TDA/ H é importante que a equipe

escolar, principalmente as pessoas que trabalham diretamente com a criança,

prestem muita atenção a algumas características para que os riscos das

consequências do transtorno sejam minimizados o máximo possível.

4.1 – TDAH na primeira infância

De acordo com Campbell (2002) uma vez que o TDA/ H tende a ser

crônico, pelo menos cinquenta por cento das crianças pré-escolares com este

transtorno continuarão a exibir sintomas significativos de TDA/ H durante a

escola fundamental. Após esses fatos, também concluiu-se que as crianças que

demonstram níveis mais altos de hiperatividade e impulsividade caso, venham a

ter TDA/ H terão maior probabilidade em desenvolver algum transtorno do

comportamento diruptivo como por exemplo, transtorno oposicional desafiante e

transtorno de conduta. Ainda na infância a criança que apresenta sintomas de

30

TDA/ H costuma apresentar dificuldades quanto ao manejo social e pode vir a

ser mais agressiva tanto no ambiente escolar quanto no familiar. Esse fato se dá

porque, em geral, os demais alunos da classe que não possuem TDA/ H têm

dificuldade para lidar com a agressividade. As crianças com TDA/ H também

podem vir a ser mandonas e excessivamente barulhentas o que também dificulta

a interação com os demais colegas podendo causar até mesmo a rejeição.

Assim, pesquisadores como Pierce, Erwin & Campbell em 1999 encontraram

que sintomas significativos de TDA/ H estão associados à deficiência

comportamental/ acadêmica crônica em uma grande porcentagem de afetados.

Em estudos feitos nos Estados Unidos, mães de crianças com TDA/ H

relataram dar mais ordens, fazer mais críticas e punir mais que as mães de

crianças na mesma faixa etária (pré-escola) que não tinham o diagnóstico.

Sendo assim, os pais de crianças com o transtorno têm maior dificuldade em

lidar com situações de adaptação em relação à educação dos filhos devido ao

comportamento inquieto. Nas pesquisas que foram feitas através de relatos e

preenchimento de formulários com pais, professores e colegas; percebeu-se que

crianças com TDA/ H durante a primeira infância podem necessitar de cuidados

médicos com maior frequência por apresentar maior risco para ferimentos e

envenenamentos do que as demais crianças. Esse é um dos resultados

causados pela hiperatividade e pela impulsividade. As crianças não medem as

consequências de seus atos e por isso e as que sofrem de impulsividade

colocam-se mais frequentemente em situações de risco.

Academicamente, as crianças com TDA/ H que entram no processo de

alfabetização e depois no ensino fundamental tendem a estar aquém dos demais

alunos em conceitos básicos de matemática, habilidades de pré-leitura assim

como na coordenação motora fina. Esses dados foram encontrados por Mariani

& Barkley em 1997. Mais tarde DuPaul e colegas em 2001 realizaram pesquisas

longitudinais em um grupo com cinquenta e oito crianças e assim como nos

estudos dos pesquisadores citados anteriormente; estes concluíram que

crianças com TDA/ H mostravam em média um desvio padrão em relação a

colegas sem o transtorno quanto às habilidades iniciais que se conectam às

conquistas posteriores na vida acadêmica. No período que corresponde à

31

primeira série também foram encontradas diferenças entre os alunos com e sem

TDA/ H quanto à fluência na leitura oral. Os alunos com TDA/ H adquirem

fluência na leitura com maior lentidão assim como habilidades de leitura crítica.

Pode-se concluir que crianças que demonstram maior dificuldade

comportamental, médica social e acadêmica e que apresentam características

associadas ao TDA/ H apresentam tais características desde bem pequenas. Por

isso, uma forma de evitar danos maiores durante a adolescência e a vida adulta

está em prestar bastante atenção à criança para que ao longo do tempo atitudes

preventivas possam ser tomadas.

4.2- Identificação de possíveis crianças com TDA/ H

Como foi dito anteriormente, quanto antes a criança puder ser

diagnosticada com TDA/ H melhor será para seu sucesso em diversos âmbitos

de sua vida. Contudo, há que se ter cuidado com a fase do diagnóstico devido a

algumas especificidades de cada faixa etária como por exemplo o fato de

crianças em idade pré-escolar não serem tão exigidas em relação ao

comportamento, atenção, organização, etc quanto crianças em idade escolar.

Dessa forma, pesquisadores em diversos países perceberam a

importância em identificar crianças pequenas em risco para TDA/ H utilizando

métodos que pudessem ser confiáveis e válidos principalmente em dois

quesitos, sendo o primeiro a capacidade de selecionar crianças que necessitam

de uma avaliação adicional e em segundo plano a capacidade de avaliar

comportamentos relacionados ao TDA/ H e outros transtornos de

comportamento diruptivo. Não se pode deixar de dizer que avaliar crianças na

faixa etária entre três e cinco anos é uma tarefa que se depara com dificuldades

devido ao comportamento natural da criança nessa idade em ser desatenta,

impulsiva e extremamente ativa.

A seleção dessas crianças pode ser feita de duas formas: na sala de aula

e individualmente. Quando essa seleção é feita em sala de aula, ocorre um

32

trabalho preventivo com o objetivo de identificar uma criança que possivelmente

venha ter o transtorno. Essa triagem busca encontrar tais crianças antes mesmo

da sinalização de um professor ou dos próprios pais. Dessa forma, diversos

pesquisadores preocupados com essa questão desenvolveram diferentes

métodos para identificação na época mais precoce possível: Projeto de Triagem

Precoce desenvolvido por Feil, Walker e Severson em 1995. O projeto consiste

em um sistema de múltiplos pontos de passagem ou “portões”. O professor da

pré-escola pontua todos os alunos em diversos quesitos de comportamento e,

em seguida, os três alunos com as maiores pontuações seguem para o próximo

estágio: o questionário psicométrico. As crianças que excedem esses critérios,

seguem para uma nova etapa: as classificações e observações de

comportamento feitas pelos pais. Se neste último passo ainda assim a pontuação

exceder os critérios ocorre a intervenção em sala de aula através do

planejamento ou pode ocorrer encaminhamento para observações mais

detalhadas.

A segunda forma de seleção é a individual. Ao contrário da primeira, esta

ocorre após encaminhamento de pais ou professores quando relatam que uma

criança apresenta problemas de atenção, dificuldade em se controlar, excesso

de atividades; e academicamente demonstram dificuldades em adquirir

habilidades em conceitos matemáticos e de leitura. O processo de investigação

das crianças com possibilidade de ter TDA/ H inicia-se através de classificações

de comportamento. Para esse processo de triagem, há a Escala de Avaliação do

TDA/ H – IV que foi desenvolvida no ano 2002 por McGoey. Esta escala descreve

dezoito sintomas do TDA/ H adaptados para uso com crianças de pré-escola. Se

um número expressivo desses sintomas coincidir com o comportamento da

criança, ela será encaminhada para outra avaliação mais apurada.

Nessa fase, novamente pais e professores são solicitados e devem

analisar o comportamento da criança quanto aos aspectos acadêmico,

comportamental, de obediência, etc. Caso os dados desse questionário

indiquem ainda a necessidade de mais investigação; os profissionais devem

utilizar métodos de avaliação específicos para pré-escolares. É de extrema

importância utilizar métodos adequados à faixa-etária porque visam as

33

especificidades das crianças pequenas. Por isso, vários sistemas de medição

foram desenvolvidos focando o período entre três e cinco anos.

Nesses sistemas de medição, é essencial avaliar a criança por um longo

período de tempo e em diversos contextos devido à grande variação no

comportamento infantil. Por isso, recomenda-se que professores avaliem a

criança durante o ano letivo e os pais durante um semestre. A seguir, apresenta-

se uma lista de entrevistas e escalas desenvolvidas para avaliar prováveis

crianças com TDA/ H na pré-escola. São essas: Entrevista Diagnóstica para

crianças e adolescentes (Diagnostic Interview for Children and Adolescents);

Roteiro de Entrevista Diagnóstica para crianças (Diagnostic Interview Schedule

for Children) essas entrevistas servem para diagnosticar comportamentos

sintomáticos de diversos transtornos que podem acometer crianças durante a

pré-escola.

Há também projetos de avaliação específicos para pais como a Escala

Comportamental para pré-escola e Jardim de Infância (Preschool and

Kindergarten Behavior Scale); Escala Conners de Avaliação para pais (Conners

Parent Rating Scale); o Inventário para Crianças Pequenas – 4 (Early Childhood

Inventory – 4); e uma versão da Lista de Comportamentos para Crianças. Para

professores há as listas: Escala Conners de Avaliação para Professores

(Conners Teaching Rating Scale); ECI-4; Escala de Avaliação do TDA/ H para

pré-escolares IV (Preschool ADDH Rating Scale - IV) há também a Escala de

Comportamentos de Aprendizagem Pré-Escolar (Preschool Learning Behaviors

Scale) que pode ser preenchida por professores para indicar problemas

relacionados à aprendizagem e motivação.

Outros pesquisadores preocuparam-se com o fato de que é muito difícil

analisar crianças pequenas em risco de TDA/ H tanto em situações estruturadas

como o momento em que a criança enquanto ouve o professor ler; assim como

em situações sem estrutura alguma como as brincadeiras durante o recreio.

Neste tipo de situação há a adaptação do sistema de decodificação do

comportamento social Projeto de Triagem Precoce (Early Screening Project). O

34

projeto funciona através de uma combinação de intervalos com tempo específico

para comportamentos negativos ou comportamentos positivos.

4.3- Subtipos de TDA/ H

Atualmente a American Psychiatric Association define TDA/ H com uma

lista de dezoito sintomas comportamentais que subdividem-se em dois grupos

com nove sintomas cada; o primeiro tem como principais características a

desatenção e a hiperatividade e o segundo a impulsividade. Essa associação

reconhece três subtipos de TDA/ H. O primeiro é o tipo combinado, o segundo é

o tipo predominantemente desatento e o terceiro o tipo predominantemente

hiperativo-impulsivo. Classifica-se que as crianças com tipo combinado possuem

no mínimo seis dos nove sintomas de desatenção e seis dos nove sintomas de

hiperatividade-impulsividade. Assim como para o tipo combinado, para que uma

criança seja diagnosticada no tipo desatento ou hiperativo-compulsivo precisa

apresentar no mínimo seis das nove características de cada subtipo.

Especialistas afirmam que as crianças diagnosticadas com TDA/ H formam

grupos heterogêneos havendo pelo menos 7.056 combinações possíveis entre

os sintomas de TDA/ H para se chegar a um resultado de TDA/ H do tipo

combinado.

4.3.1 - TDA/ H predominantemente Desatento

Nos anos 80 a American Psychiatric Association considerava apenas dois

subtipos de TDA/ H: o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade

(TDA+H) e o transtorno de déficit de atenção sem hiperatividade (TDA sem H)

que como o próprio nome sugere referia-se a crianças com questões de

desatenção e impulsividade mas sem hiperatividade.

Estudos mostram que diagnosticados com TDA/ H predominantemente

desatento evidenciam maiores problemas de recuperação de memória e

velocidade perceptual-motora em relação aos impulsivos-hiperativos (Barkley,

35

DuPaul & McMurray, 1990). Responsáveis e professores de crianças nessa

categoria dizem que tais crianças mostram-se mais lentas, sonhadoras e

retraídas. Na opinião de alguns pesquisadores, esse subtipo apresenta maior

deficiência de aprendizagem.

Em oposição, a este primeiro tipo há a síndrome completa do TDA/ H em

que os diagnosticados mostram-se mais impulsivos, hiperativos, agressivos,

desobedientes e são mais rejeitados pelo grupo em que convivem. Com maior

frequência esse subtipo pode vir a desenvolver outros transtornos de

comportamento diruptivo, podem apresentar maior necessidade de auxílios

terapêutico e maior dificuldade de ajustar o comportamento em situações

sociais. Devido a essas diferenças alguns profissionais defendem a ideia de que

crianças com TDA/ H do tipo combinado deveria ser diagnosticado

separadamente do TDA/ H com predomínio de desatenção. Isso ocorre devido

às diferenças de características entre ambos os subtipos que muitas vezes não

revelam diferenças minuciosas que são essenciais. As crianças com tipo

combinado mostram-se com dificuldades contínua de atenção devido a uma

reação atrasada enquanto que TDA/ H com predomínio de desatenção têm

dificuldade em concentrar a atenção. Por isso, a lentidão ou retração deveria ser

incluída como características nos métodos de diagnóstico.

4.3.2 - TDA/ H do tipo predominantemente Hiperativo- Impulsivo

Especula-se que o subtipo TDAHI pode preceder o TDA/ H combinado.

Entretanto, pouco sabe-se sobre esse subtipo devido ao pequeno número de

pesquisas realizadas na área. Diz-se que esse subtipo é uma forma mais branda

inicial do subtipo combinado.

36

4.3.3 - TDA/ H com e sem Transtorno de Internalização

Pesquisas mostram que entre treze e cinquenta por cento das crianças

com TDA/ H mostram ter sintomas de ansiedade ou depressão. Estudos

mostram que a associação de sintomas internalizadores podem proteger o

indivíduo já que os traços de hiperatividade-impulsividade são atenuados e os

sintomas de transtorno de conduta mostram-se menos propensos a estar

presentes. Da mesma forma que ocorre com o subtipo anterior, aqui também há

estudiosos que defendem que características mais minuciosas sejam incluídas

nos testes para diagnóstico, pois é importante identificar o mais cedo possível

se a criança possui TDA/ H com ou sem sintomas de internalização e esse fato

intensifica a importância das classificações por subtipos de TDA/ H já que

oferecem maior precisão. Pesquisas nessa área mostram que há investigação

quase que exclusivamente sobre a ansiedade em detrimento da depressão e a

maioria das ferramentas utiliza apenas uma única fonte de pesquisa (ou pais ou

profissionais) ao invés de buscar um escopo que seja o mais abrangente

possível. Além disso, costuma-se dar foco nas pesquisas de avaliação em

sintomas internos ou sintomas externos quando ambos deveriam ser feitos

concomitantemente em prol da precisão da análise e diagnóstico.

37

CAPÍTULO V- INCLUSÃO DE ALUNOS COM TDA/H E A AS

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM RELACIONADAS AO TRANSTORNO

Ao pensar em incluir alunos com necessidades especiais,

independentemente do aluno ter necessidade física, psicológica ou social é

necessário estar certo de que a inclusão é construída diariamente;

principalmente pelo fato de que a sociedade à qual pertencemos é baseada em

modelos construídos de forma ideal e dentro desses modelos não cabe a

diferença.

Por esse motivo, uma criança com comportamentos ou necessidades

diferenciadas das que se encaixam no padrão socialmente estabelecido, ao

entrar na escola na fase pré-escolar costuma ser mais bem acolhida no grupo

porque as crianças pequenas mostram maior aceitabilidade em receber um

coleguinha que seja supostamente diferente. Comumente, adultos demonstram

maior resistência em relação àquilo que se opõe ao ideal pré-estabelecido. Há

vezes em que os próprios pais não assumem as dificuldades dos filhos ou até

mesmo não se permitem enxergá-las. Professores por sua vez, muitas vezes

podem não realizar um trabalho de inclusão real devido às dificuldades em aliar

a prática de sala de aula com objetivos tão diferenciados.

De acordo com Fávero, Pantoja e Mantoan (2007), “a educação inclusiva

garante o cumprimento do direito constitucional indisponível de qualquer criança

de acesso ao ensino fundamental, já que pressupõe uma organização

pedagógica das escolas e práticas de ensino que atendam às diferenças entre

alunos, com discriminações indevidas, beneficiando a todos com o convívio e

crescimento na diversidade”. A Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9.394, 1996, no

capítulo V – artigo 59, diz que “os sistemas de ensino assegurarão aos

educandos com necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos

educativos e organização específica, para atender às suas necessidades”.

Contudo, é contraditória a necessidade de uma lei que obrigue o atendimento de

38

alunos especiais porque trabalhar com inclusão é acima de tudo um ato de amor

e de respeito ao próximo assim como um dever social; e colocar todos os alunos

para dentro da escola não garante que a inclusão seja realizada. Dessa forma,

a legislação também mostra um lado ingênuo por existir uma grande distância

entre o ideal e o real.

Outro fator de extrema importância para a inclusão é a transformação dos

currículos escolares. Em nosso país ainda prevalece a competição pela

competição no sistema educacional. Através da correria para o vestibular as

escolas visam cada vez mais a aprovação de seus alunos e com isso criam um

sistema de educação que formata e modela seus alunos cada vez mais em vez

de aceitar cada indivíduo como é. Dessa forma, quando a escola recebe um

aluno com necessidades especiais Cardoso (2003) diz que a ênfase consiste em

oferecer ao aluno uma mediação.

Em um sistema de ensino regular a finalidade primordial é analisar o

potencial de aprendizagem do aluno como sujeito integrado, avaliando ao

mesmo tempo, quais os recursos de que necessita para que sua evolução seja

satisfatória. Com isso, deve-se considerar o fato de que muitas vezes os alunos

especiais adquirem conhecimento através de métodos e habilidades

desconhecidas por profissionais e até mesmo pela ciência já que possuem

técnicas próprias. Ao longo dos anos, diversas áreas contribuíram para a

compreensão do funcionamento do cérebro, mas nos últimos tempos a

Neurociência fez contribuições significativas. Portanto, já que muitos processos

foram descobertos através do conceito de plasticidade cerebral certamente

ainda há muito mais a serem desvendados.

A realização de uma inclusão real deve ocorrer através do cuidado, do

acolhimento, do amor e da competência técnica para que novos canais de

aprendizagem sejam construídos através de adequações curriculares que

respeitem e aceitem o aluno em suas especificidades. As mudanças no currículo

são necessárias para que a aprendizagem significativa ocorra por parte dos

alunos assim como uma integração por parte do professor sobre aquilo o que

deve ensinar. Há conteúdos que não fazem sentido nem mesmo para quem

39

ensina. Outra atitude inclusiva refere-se a conversar com o aluno sobre os

excessos que apresenta como por exemplo no caso do TDA/H. Explicar ao

aluno, principalmente às crianças sobre seu comportamento no caso de punição

o porquê está sendo punida, o que fez de errado e qual seria o comportamento

esperado naquele contexto.

Quantos às dificuldades de aprendizagem, pode-se dizer que há uma forte

relação do TDA/H com fraco desenvolvimento acadêmico. Estudos realizados

nos Estados Unidos revelam que nas salas de aula alunos com TDA/H têm maior

comportamento irrequieto em relação à tarefa devido à dificuldade de

concentração na explicação da mesma e durante o período de produção

independente em comparação aos demais sem TDA/H. Essas pesquisas

também mostram que alunos com TDA/H completam menos tarefas de forma de

independente. Dessa forma, Cantwell & Baker, 1991; Frick et al., 1991; Pastor &

Reuben, 2002 concluíram que oitenta por cento das crianças com este transtorno

exibem problemas de aprendizagem e/ou conquista acadêmica.

Especificamente entende-se que crianças com TDA/H exibem

dificuldades em tarefas que necessitam de estratégias mais elaboradas para

resolução de problemas assim como possuem dificuldades com organização e

o que se percebe é que não falta capacidade de solucionar mas o esforço feito

não alcança o suficiente ou as estratégias escolhidas para lidar com um

determinado problema são ineficientes ou menos adequadas. Essas conclusões,

provêm de pesquisas longitudinais e de relatos de professores sobre as

especificidades de alunos com TDA/H em circunstâncias como anotações,

término de trabalho, organização da carteira assim como a organização para

estudo próprio.

Nesse grupo de alunos há também dificuldades com o desenvolvimento

da fala e da linguagem. Hamlett, Pelligrini & Conners em 1987 demonstraram

que crianças com TDA/H, em geral, possuem maior dificuldade com a fluência

da fala como na articulação, assim como maior dificuldade em estruturar textos

para tarefas escritas. O desenvolvimento da coordenação motora fina e grossa

mostra-se tarefa bastante complexa para crianças com o transtorno e por isso,

40

é comum encontrar problemas significativos na grafia deles. Conclui-se que

crianças com TDA/H mostram grande probabilidade de déficit nas áreas de

desempenho e funcionamento cognitivo.

Devido a essa forte relação entre as dificuldades acadêmicas, baixo

rendimento e TDA/H há alguns anos vem sendo investigadas possíveis

conexões entre esses fatores. Uma das hipóteses levantadas foi em relação a

problemas com habilidades acadêmicas que causam TDA/H. Em 1988 McGee e

Share, mostraram que uma deficiência de aprendizagem gera um fraco

desenvolvimento acadêmico crônico e que faz com que a criança tenha uma

fraca imagem de si tendo baixos níveis de autoestima gerando assim um círculo

vicioso. Para esses pesquisadores as dificuldades de aprendizagem das

crianças deveriam ser o foco de tratamento e não os sintomas de TDA/H em si.

Assim, esses autores concluem que em primeiro lugar dificuldades com a

aprendizagem é uma característica marcante de alunos que possuem o

transtorno de atenção; em segundo lugar costumam ter baixo desempenho em

testes cognitivos devido à dificuldade com leitura pois possuem dificuldades em

dar nomes às tarefas e demoram mais para processar a informação. Em terceiro

lugar, e talvez o mais importante, o déficit de atenção dificulta o aprendizado e

isto está diretamente relacionado à baixa motivação.

Sendo assim, talvez não exista ausência da capacidade para a

concentração apenas uma dificuldade maior nesse quesito e as questões a

serem tratadas são a ausência de autoestima ou então comportamentos

primários como desatenção, hiperatividade, impulsividade já que o alto nível de

agitação ou a falta de motivação provavelmente são os verdadeiros motivos que

atrapalham o sucesso acadêmico de alunos com o transtorno. Uma outra

hipótese não comprovada diz que prejuízos neurológicos não específicos podem

levar tanto à existência do TDA/H quanto às dificuldades de aprendizagem.

Contudo, pesquisas empíricas apontam para o fato de que normalmente

se faz uma confusão entre problemas de aprendizagem e falta de habilidades

acadêmicas. Essa diferenciação é essencial, pois, segundo DuPaul & Stoner um

déficit de desempenho acadêmico seria compreendido como uma situação em

41

que o sujeito possui habilidades necessárias, mas utiliza seu conhecimento

constantemente. Por isso, é primordial que se identifique se há ausência de

capacidade ou de habilidade. E, no caso da habilidade quais fatores causam este

déficit. Alguns autores como DuPaul preferem usar o termo deficiência de

aprendizagem para designar a ausência de habilidade em conjunto com a

utilização de estratégias ineficientes para solucionar problemas.

Devido ao fato de que alunos com TDA/H na maioria das vezes não

conseguem escolher a estratégia mais adequada para lidar com uma situação,

o professor pode ajuda-lo nesse caso. Resolver tarefas em sala de aula pode se

tornar um exercício diário de repetição de estratégias específicas para cada tipo

de atividade até que o aluno sinta-se seguro o suficiente para descobrir e arriscar

novos caminhos. Sendo assim, o professor pode começar ajudando seu aluno a

fortalecer a própria auto imagem através da aceitação.

O profissional também deve ter em mente suas limitações, sua própria

história e sendo incompleto será mais fácil aceitar e ajudar seu aluno respeitando

e acolhendo a história do seu educando. Outra característica importante é

“desligar o piloto automático” a que muitos profissionais estão habituados a viver.

Trabalhar em sala de aula e principalmente com alunos especiais é ser como um

artesão do saber, pois a cada dia um novo passo precisa ser dado, uma nova

história pode ser construída, e, embora exista um planejamento traçado é

necessário ter a certeza de que muitas vezes o plano poderá ser refeito.

Por isso, ao criar vínculo com o aluno o professor consegue realizar seu

trabalho de forma mais eficaz. É preciso respeitar o tempo de aprendizagem de

cada aluno porque alguns desenvolverão o raciocínio de forma muito rápida

enquanto outros o farão de forma muito lenta e não há como igualar esse

processo por ser único para cada pessoa. Dessa forma, ter um leque de

atividades diferenciadas para os mais rápidos é importante para que estes não

fiquem entediados e o profissional possa auxiliar de forma mais próxima os

alunos que necessitam de mais tempo.

42

Saber olhar o aluno também é importante para ajudá-lo a despertar as

próprias características que o fazem ser admirado diante dos colegas. Recorrer

a estratégias que acalmem o grupo também é interessante como colocar música

clássica ou com ritmo relaxante durante alguns minutos quando os alunos voltam

do recreio ou em momentos de maior agitação. Para diminuir a ansiedade de

alunos com TDA/H é interessante utilizar avisos colados em algum lugar de fácil

acesso do aluno. Por exemplo, colar papeis coloridos na agenda para lembrar

atividades, datas, trabalhos em grupo; e para cada objetivo uma cor diferente.

Receber a rotina do dia também ajuda tais alunos com a organização interna

deixando-os mais seguros assim como é importante perguntar como eles se

organizam para saber se de fato há um processo de organização ou como esse

aluno pode ser ajudado. Em prol de não aumentar o nível de ansiedade de

alunos com esse transtorno também é importante não utilizar atividades como

prova surpresa.

43

CAPÍTULO VI- AS ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO/ INTERVENÇÃO

PARA ALUNOS COM TDA/ H As crianças passam boa parte de suas vidas dentro das instituições de

ensino que impõe regras e hábitos com o intuito de manter a ordem e ensinar o

que acreditam ser necessário. Ou seja, os alunos têm uma infinidade de regras

a serem seguidas para que tudo se mantenha em ordem e para isso precisam

seguir modelos. Contudo, aqueles que possuem algum tipo de dificuldade para

se encaixar em um molde pré-determinado perturbam essa aparente ordem

interferindo na estrutura de sala de aula dificultando interações positivas. Nesse

contexto, para que professores transmitam conhecimento e façam com que seus

alunos desenvolvam competências organizacionais, sociais e culturais torna-se

uma tarefa muito difícil.

Dada essa dificuldade devido à natureza do TDA/H é importante que

professores busquem desenvolver um enfoque contínuo e sistemático para

criação, implementação e avaliação realizados em sala de aula que possam ser

agentes preventivos e remediadores. Dessa forma, nesse capítulo serão

apresentadas algumas estratégias baseadas no trabalho de DuPaul e Stoner de

2007 que foram feitos baseados no apoio empírico existente na literatura de

pesquisas nas áreas de educação, de psicologia e no documento Position

Statement on Students with Attention Problems (“Declaração de Posição sobre

Estudantes com Problemas de Atenção”) da Associação Nacional Norte

Americana de Psicólogos Escolares (NASP, 1988) como uma tentativa de

informação e divulgação de trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos em outras

regiões com resultados de sucesso no auxílio às atividades desenvolvidas por

professores.

Segundo o Dr. Russel Barkley, 1998 o TDA/H deveria ser visto como uma

séria preocupação que persistirá ao longo do tempo e estará associada a um

comportamento de difícil manejo na sala de aula. Entretanto, a preocupação com

o desajuste do comportamento e a otimização do mesmo representam apenas

cuidar de uma parte do problema já que do outro lado da moeda está o cuidado

44

com o desenvolvimento acadêmico das crianças identificadas e para isso as

intervenções apresentadas têm o objetivo de ensinar habilidades e substituir

comportamentos problemáticos por outros adequados ao contexto.

Em geral, pesquisadores americanos acreditam que a melhoria das

dificuldades em sala de aula vivenciadas por alunos com TDA/H deveria envolver

um enfoque múltiplo de prevenção e intervenção que incluísse: 1- ensino ativo e

contínuo de regras, rotinas e expectativas sobre o comportamento apropriado na

sala de aula; 2- gradação de práticas e contingências para apoiar as regras,

rotinas e expectativas; 3- mudanças nas rotinas de instruções e nos currículos

para melhorar as taxas de aprendizagem; 4- monitoramento contínuo do

progresso em áreas de habilidades básicas como leitura, escrita, matemática e

soletração; e 5- ensinar os alunos a serem competentes na organização e no

estudo de materiais acadêmicos. Entretanto, é reconhecido o fato de que

profissionais que trabalham com crianças com transtorno de déficit de atenção

encontram dificuldades tanto em relação às habilidades de aprendizagem do

aluno como com as condições oferecidas para o ensino e para isso profissionais

de diversas áreas vêm trabalhando para desenvolver métodos ou estratégias

que possam ser implementados por quem está nas salas de aula e que tem por

intuito elevador o grau de aprendizagem de seus alunos.

6.1- Ensino de regras e expectativas para a sala de aula

Os investigadores e pedagogos Ysseldyke e Christenson em 1987 e 1988

assim como Martens e Kelly em 1993 sugeriram os seguintes comportamentos

preventivos por parte dos professores que podem ser eficazes para a

organização e melhora do rendimento dos alunos. Esse programa consiste na

seguinte sequência:

1. Os professores lembram as regras da sala de aula aos alunos e as

ensinam ativamente por meio da discussão e identificação de

exemplos de estudantes que as seguem. Ou seja, o professor deve

citar os alunos que estão obedecendo as regras.

45

2. Os professores mantêm contato visual direto com os alunos de modo

mais apropriado para aquela lição em particular ou para a atividade

em andamento.

3. Os professores lembram aos alunos os comportamentos esperados e

críticos para a atividade antes do início ad mesma

4. Os professores circulam pela classe enquanto monitoram o

comportamento do aluno e oferecem feedback de modo não intrusivo.

5. Os professores usam sugestões e sinais não verbais para redirecionar

um aluno enquanto ensinam os outros.

6. O ritmo das lições é rápido e dirigido pelo professor.

7. Os professores certificam-se de que os alunos entendem as atividades

acadêmicas e não acadêmicas, por exemplo, quando um projeto é

considerado completo, que expectativas e atividades estão envolvidas

na aula de matemática do dia. Os professores lidam com as transições

de uma atividade para outra de modo breve e bem organizado como

por exemplo declarando as expectativas e atividades envolvidas na

mudança da transição para o recreio.

8. Os professores comunicam suas expectativas sobre o uso de tempo

de aula de modo claro e frequente. Por exemplo, expor os horários das

aulas no quadro e sejam divididas em blocos de tempo com

expectativas claras em relação ao comportamento dos alunos

anotadas para cada bloco de tempo. Além disso, eles recomendam

que os estudantes recebam “problemas de desafio” no começo de

determinado período de aula. Esses desafios proporcionam aos

alunos uma atividade relacionada a lição para envolvê-los na matéria

enquanto se completa a transição e para capturar seu interesse e

atenção para a lição do dia.

46

Segundo Martens e Kelly, a incorporação dessas estratégias nas

rotinas diárias de sala de aula podem ser úteis para prevenir e manejar

o comportamento difícil na sala de aula. Além disso, muitos desses

procedimentos estão correlacionados a melhoras na conquista

acadêmica dos alunos. Outra atitude simples que se relaciona com o

progresso do desempenho acadêmico é a colocação da carteira

escolar de uma criança próxima da mesa do professor para promover

o monitoramento do comportamento do aluno e reduzir a probabilidade

de mal entendido em relação as orientações para realização de uma

tarefa.

6.2 – Processos Básicos de Instrução

Segundo Rosenshine (1987), o ensino eficiente envolve o

arranjo sequencial de seis funções primárias da instrução: revisão,

apresentação, prática orientada, correções e feedback, prática

independente e revisões semanais/ mensais. Ele acredita que esses

são passos que não podem faltar para a completude do sistema de

educação e explica que a revisão está relacionada à conferência de

habilidades e conhecimento assim como discussão sobre os assuntos

apresentados anteriormente e informações importantes sobre a nova

lição.

Em relação a novos materiais ou informações são apresentadas

discriminações, conceitos e relações básicas com exemplos claros.

Após a apresentação do assunto, os alunos irão praticar repetidas

vezes durante a prática orientada aumentando a possibilidade de

sucesso. Por fim, após a produção de exercícios variados o professor

entrega as correções ou as faz com o grupo e dá o feedback. Se os

alunos estiverem aptos a responder a maior parte da nova bateria de

exercícios de forma correta significa que podem seguir para a prática

independente em que além de praticar atividades sobre um tema

47

específico que desenvolverão as conquistas acadêmicas do aluno

também desenvolverão a autonomia. O último passo a ser realizado

são as revisões semanais ou mensais com o intuito de aumentar a

autonomia do aprendizado e segurança com o material.

Pesquisadores explicam que as funções do ensino citadas

anteriormente promovem a aprendizagem por duas razões básicas. A

primeira é que essas estratégias garantem o direito dos alunos

obterem diversas oportunidades de aprendizado. A segunda razão é

que passando por todas essas sessões os professores garantem que

que os alunos obterão bom desempenho e se tornarão mais aptos.

Algumas sugestões de atividades que podem ser

conduzidas em sala de aula para trabalhar com alunos que tenham o

transtorno de déficit de atenção ou tenham características do

transtorno e não comprometam o rendimento do restante do grupo

são:

1- Trabalhar com a turma de modo a explorar a diversidade sem que

um ou outro aluno seja exposto. Explorar a diversidade é uma

atividade que pode ser feita independente do segmento em que os

alunos se encontrem. É importante trabalhar a ideia de que alguns

têm mais facilidades para determinadas coisas e outras pessoas

tem gostos opostos. Cada ser em sua individualidade se destaca

em algo por isso o positivo deve sobressair em relação ao que cada

um carrega de negativo. A monitoria é uma excelente opção para

trabalho contínuo fazendo com que um aluno ajude o outro ou

outros. Dessa forma, os que se destacam em exatas poderão

explicar e tirar dúvidas em determinado momento e em outra

circunstância os que se destacam em humanas farão a mesma

coisa. Pois, as diferenças não devem ser encaradas como algo a

ser combatido, mas sim compartilhado.

Em forma de projeto para trabalhar com a diversidade, professores

poderiam trabalhar com flores em uma turma de educação infantil

48

por exemplo. Em dia combinado cada aluno da turma leva a flor

que mais lhe agrada ou a que conseguiu obter. O professor pode

pedir e apontar características específicas de cada flor ao esmo

tempo em trabalha com conceitos de cor, forma, tamanho, espécie,

etc. O objetivo final é fazer com que as crianças percebam que

mesmo sendo tão diferentes todas são flores.

Uma versão para alunos mais velhos poderia ser feita com gêneros

musicais, por exemplo. O professor pode selecionar músicas ou

combinar com seus alunos que levem letras das músicas favoritas

lembrando que o importante é que cada música seja de um gênero

diferente. O professor também pode explorar o sentido da letra,

contexto histórico, etc fazendo com que na culminância da

atividade os alunos percebam que todos os gêneros são formas de

arte e são música independente das características específicas

que tenham.

2- Em relação às avaliações formais como testes e provas estas

devem ser pensadas e programadas em um período de tempo

suficiente para todos os alunos, ou seja, alunos que por ventura

apresentem características de TDA/ H ficam mais suscetíveis à

pressão acirrada do tempo. Por isso, tais atividades podem ser

dividas em partes.

3- Os deveres de casa são de grande importância por representarem

mais uma oportunidade de trabalho e verificação de conteúdos

para o aluno. Entretanto, essas atividades também podem e devem

contemplar a criatividade. Como por exemplo, em uma aula de

ciências que explore o universo; o professor pode pedir como tarefa

para casa que cada aluno pesquise sobre um tema diferente. O

próprio professor pode sugerir temas de acordo com o conteúdo.

Em sala de aula cada aluno apresenta sobre seu tema e também

pode ser solicitada, por exemplo a maquete dos planetas, aneis,

49

cometas, máquinas, etc, e em seguida a turma monta seu próprio

sistema solar.

4- Em sala de aula o ideal é que se trabalhe em roda, em duplas ou

em trios de forma que os alunos tenham a possibilidade de olharem

uns nos olhos dos outros e dessa forma encontrem estímulo para

trabalhar já que a sala de aula é dinâmica.

5- Especificamente no caso de alunos com TDA/ H é importante que

evitem sentar próximos a janelas e portas e que busquem estar

próximos de colegas com perfil calmo, que tenham mais facilidade

em se concentrar. Essa parceria é interessante para que alunos

com TDA/ H sintam-se estimulados e entrosados. Essa técnica é

pertinente principalmente para desenvolver tarefas de leitura, que

em geral, é um exercício árduo para quem tem características do

transtorno. Em seguida uma atividade de interpretação de texto

pode ser aplicada, porém, a combinação da dupla será essencial

para que o aluno com déficit de atenção ou hiperatividade

desenvolva o exercício com sucesso.

6- No caso de alunos com TDA/ H, ao usar gravuras deve-se fazê-lo

com parcimônia em qualquer tipo de atividade e é importante que

esta imagem tenha relação clara se estiver relacionada a um texto.

Uma boa alternativa para trabalhar com imagens tanto para

crianças, adolescentes ou adultos é apresentar uma imagem que

seja de um assunto de interesse ou adequada à faixa etária como

um desenho no caso das crianças. Após apresentar a imagem, o

professor pede para que os alunos criem um texto sobre aquela

imagem e o professor pode estabelecer regras para o texto de

acordo com a matéria ministrada como estipular o número de

palavras, reforçar o uso de parágrafos, relatar um momento

histórico, etc. Por fim, os alunos deverão apresentar seus textos ao

grupo. A apresentação pode ser através da leitura do próprio texto,

50

dar voz ao texto de um colega e até mesmo simplesmente um

resumo do texto não sendo necessária a leitura. Como alternativas

para essa tarefa, os professores também podem usar o

computador tanto para escolha da imagem como para a produção

do texto.

Sugestões à comunidade escolar:

7- Como forma de aplacar ânimos e exercitar a organização os

professores podem anotar a rotina de aulas no quadro. Por

exemplo, no canto do quadro o profissional anota em forma de lista

os objetivos de cada aula de forma simples e objetiva indicando o

que será feito a cada tempo de aula como por exemplo o exercício

da p. 75 do livro de inglês; completar a letra da música “Sing a

song”. Em uma sala de aula, o equilíbrio deve sustentar a estrutura.

Todos os alunos, principalmente durante a infância necessitam de

rotina, horários e apoio. Os alunos com TDA/ H têm mais

necessidade ainda dessa sensação de organização e estabilidade.

8- As escolas também devem estimular e proporcionar

encontros, momentos de integração entre pais, professores e

profissionais de saúde mental. É importante que os pais e professores

tenham a maior quantidade de informação possível a respeito do TDA/

H e os diversos transtornos, distúrbios e dificuldades que acometem

os alunos. Muitas vezes crianças e adolescentes que apresentam

TDA/ H vêm envoltas em mitos e verdades e somente o conhecimento

pode fazer com que a comunidade escolar ajude seus alunos

promovendo a aprendizagem e a inclusão.

51

CONCLUSÃO

Atualmente alunos com TDA/H representam grande parte dos alunos que

estão em sala de aula. Esses alunos apresentam dificuldade de prestar atenção,

distraem-se facilmente, não têm paciência para estudar e fazer os deveres e são

agitados, inquietos e possuem grande capacidade para fazer diversas coisas ao

mesmo tempo. Embora quase nenhuma esteja relacionada a aula. O problema

é que muitas crianças ou adolescentes com TDA/H nem sequer sabem que

possuem o transtorno. Professores vez por outra estão às voltas com um aluno

que não consegue ficar quieto. Em geral, o destino do bagunceiro é ir para fora

de sala.

Entretanto, não se pode deixar de considerar a evolução e as

transformações do sistema educacional mas que não conseguiram se

desencilhar de características peculiares como o elitismo, a repetição e a

memorização para a aprendizagem. Assim o sistema educacional manteve o

mesmo processo excludente gerado pelas avaliações desde os tempos dos

jesuítas devido ao fato de contemplarem apenas um tipo de aluno: aquele que

consegue se encaixar em um modelo engessado. E que não abre possibilidades

àqueles que por alguma razão não acompanham de uma única forma todas as

imposições geradas pelo sistema.

Ao longo dos anos o sistema público vem tentando fazer melhorias para

minimizar as falhas do sistema e por isso, na última LBD contém informações

específicas e relevantes sobre a avaliação. Em geral, a lei abrange vários tipos

de avaliação fazendo com que cada instituição de ensino tenha autonomia e

liberdade para escolher o processo de diagnóstico a ser adotado mais

convenientemente de acordo com o projeto político pedagógico de cada escola.

Assim, a nova lei cita uma série de formas avaliativas como avaliação

processual, avaliação contínua, promoção progressiva, promoção por

reaproveitamento a partir de maturidade. Dessa forma, ao se pensar nas

questões da avaliação levando em consideração o diagnóstico que facilitará a

aprendizagem do aluno, o papel do professor e as mediadas governamentais

52

que vêm sendo implementadas a avaliação torna-se um instrumento de

transformação.

Devido à importância de integrar todos os que se encontram em sala de

aula, precisa-se reconhecer que o Transtorno de Déficit de Atenção com

Hiperatividade é um transtorno relacionado ao desenvolvimento que pode

influenciar na capacidade de atenção, na impulsividade assim como no modo

como o sujeito lida com suas frustrações. A origem do transtorno é

biopsicossocial e por isso não há possibilidade de separar as causas genéticas

e psicológicas do meio em que o sujeito está inserido. Por esse motivo, a criança

reage de forma diferente ao que se espera. Esse comportamento não significa

que a criança não seja capaz de aprender mas que processa as informações

diferentemente do modo canônico. Por isso, é de extrema importância

reconhecer o quanto antes se uma criança possui o transtorno; uma criança na

faixa etária entre três e cinco anos que apresente características compatíveis

com TDA/ H necessita da ajuda da equipe escolar para reconhecer possíveis

sintomas e auxiliá-la da melhor forma possível.

O professor deve saber olhar o aluno para ajudá-lo a despertar as próprias

características que o fazem ser admirado perante os demais. Recorrer a

estratégias que acalmem e tranquilizem o grupo também é interessante como

forma de fazer com que alunos com alunos com TDA/ H sintam-se seguros e

desenvolvam a autonomia. Também é interessante que os profissionais que

lidam com essas crianças no ambiente escolar busquem desenvolver um

enfoque contínuo e sistemático para criação, implementação e avaliação que

possam ser agentes preventivos e remediadores.

53

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55

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

A História da Educação no Brasil 11

CAPÍTULO II

A História da Avaliação de Aprendizagem no Brasil 17

2.1- Histórico 17

2.2- A diferença entre o ato de avaliar e o de examinar 18

2.3- O papel do professor no processo avaliativo 20

2.4- Avaliação na LBD 21

CAPÍTULO III

Definição e características do TDA/ H 23

3.1- Possíveis causas do TDA/H 24

3.1.1- Variáveis neurobiológicas 25

3.1.2 – Influências hereditárias 25

3.1.3- Toxinas Ambientais 26

3.1.4- Consequências a longo prazo do TDA/H 27

CAPÍTULO IV

Identificação do TDA/ H 29

4.1- TDA/H na primeira infância 29

56

4.2- Identificação de possíveis crianças com TDA/H 31

4.3- Subtipos de TDA/H 34

4.3.1- TDA/H predominantemente desatento 34

4.3.2- TDA/H predominantemente hiperativo-impulsivo 35

4.3.3- TDA/H com e sem Transtorno de Internalização 36

CAPÍTULO V

Inclusão de alunos com TDA/ H e as dificuldades de aprendizagem

relacionadas ao transtorno 37

CAPÍTULO VI

As estratégias de avaliação/ intervenção para alunos com TDA/ H 43

6.1- Ensino de regras e expectativas para sala de aula 44

6.2- Procedimentos básicos de instrução 46

CONCLUSÃO 51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 53

ÍNDICE 55