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O Desenvolvimento da Atenção: o TDA e o TDAH na escolarização€¦ · O Desenvolvimento da Atenção: o TDA e o TDAH na escolarização 1Autora: Onice de Fátima Rosa Orientadora:

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O Desenvolvimento da Atenção: o TDA e o TDAH na escolarização Autora: Onice de Fátima Rosa1 Orientadora: Adriana de Fátima Franco2

RESUMO: O objetivo deste artigo é estudar o desenvolvimento da Atenção, o TDA e o TDAH na escolarização. Apresentamos os resultados do trabalho desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, destacando que compreender o desenvolvimento humano e as possibilidades na organização do ensino dos alunos com diagnóstico de TDA e TDAH tem sido uma grande preocupação na formação continuada de professores que atuam no Colégio Estadual Marechal Costa e Silva EFM, modalidade de Educação básica e Ensino Médio de Cidade Gaúcha. Entende-se que as Contribuições da Psicologia Histórico-Cultural possibilitam a compreensão do desenvolvimento do psiquismo e a necessidade de se trabalhar com a apropriação de conteúdos científicos de forma efetiva por professores e equipe pedagógica. Destacamos que estudar o desenvolvimento humano e em específico o desenvolvimento da atenção é um desafio, que exige pensarmos o processo educacional. É necessário que o ensino possa garantir a apropriação do conhecimento aos estudantes, possibilitando suas máximas potencialidades. Com base na Teoria Histórico-Cultural trazemos contribuições acerca do desenvolvimento infantil, apresentando a importância da organização do ensino e reflexões sobre a medicalização dos estudantes diagnosticados com TDA e TDAH e suas implicações para a aprendizagem e o desenvolvimento humano.

Palavras-chave: Psicologia Histórico-Cultural; Desenvolvimento humano organização do ensino; Atenção .

1 INTRODUÇÃO

No presente texto, abordamos a sistematização das ações desenvolvidas no

PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, que tem por objetivo

proporcionar aos professores da rede pública estadual subsídios teóricos

metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas e que

resultem na produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar

da escola pública paranaense.

De acordo com o previsto no Projeto de Intervenção Pedagógica, realizamos

a Intervenção Pedagógica no Colégio Estadual Marechal Costa e Silva EFM, Núcleo

de Cianorte, com o objetivo de auxiliar na formação continuada de professores e

equipe pedagógica, tendo como enfoque o desenvolvimento infantil com base na

Teoria Histórico-Cultural.

1 Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná.

2

Doutora em Educação: Psicologia da Educação, Professora Adjunta da – Universidade Estadual de Maringá, UEM.

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Para tanto, realizamos atividades divididas em oito encontros de quatro horas,

onde trabalhamos leituras e análises crítico-reflexivas de textos, apresentamos e

discutimos filmes, com um grupo presencial de 31 cursistas. No Grupo de Trabalho

em Rede – GTR – ofertamos a mesma reflexão a 17 professores da rede, atuantes

na Educação Especial. Durante os cursos, apresentamos os estudos realizados na

etapa de elaboração do Projeto de Intervenção, Produção Didático-Pedagógica, por

meio de debates e reflexões que contribuíram para a compreensão do processo

ensino-aprendizagem de alunos com diagnóstico de TDA e TDAH.

Durante a aplicação da Produção Didática e do GTR, os dados foram

coletados, analisados e serão apresentados neste artigo, como conclusão do PDE.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Contexto da obra de Vigotsky

Este trabalho está fundamento a partir da teoria de Vygotsky3. Nesta

abordagem, o desenvolvimento do indivíduo ocorre como resultado de um processo

sócio-histórico, ressaltando a mediação nesse desenvolvimento.

Segundo Tuleski, (2008), a teoria de Vygotsky se dá em meio à Revolução

Russa de 1917, e o autor traz para a psicologia o método proposto por Marx e

Engels. A autora afirma que ele procura apresentar as teorias já existentes

mostrando os seus avanços e limites, buscando por meio da análise superá-las a fim

de construir uma nova psicologia: "A natureza social das ideias se manifesta com

muito mais facilidade em um fato filosófico como fato científico" (VYGOTSKY, 1991,

p. 272, apud TULESKI, 2008).

A Teoria Histórico-Cultural compreende o homem naquilo que ele é e naquilo

que ele pode vir a ser. Nesta teoria, um ponto importante é o de que a criança não é

um adulto em miniatura, há transformações no processo de desenvolvimento infantil

que irão garantir sua passagem de ser biológico para ser cultural. A psicologia não

pode desvincular-se dos laços que prendem o homem à sociedade, responsáveis

3 O nome do autor Vygotsky será escrito desta forma e irá manter a escrita original das obras

estudadas.

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pela construção do seu comportamento, para a psicologia Histórico-Cultural o

homem é um ser social.

2.2 Compreensão do psiquismo

As crianças, desde o nascimento, estão em constante interação com os

adultos e mergulhadas na sua cultura. A mediação dos adultos permite que os

processos psicológicos mais complexos tomem forma, por meio da apropriação dos

meios historicamente determinados e culturalmente constituídos de operação das

informações. Asbahr & Nascimento (2013) mostram que, para Vygotsky, a natureza

determina que o homem tenha necessidades, e a história por sua vez determina

quais serão estas necessidades. O conhecimento científico é o conhecimento da

natureza, mas são as relações sociais geradas pelo homem em um determinado

período que produzem a forma de relação do homem com a natureza.

Asbahr & Nascimento, (2013) afirmam que Vygotski analisa as possíveis

implicações educacionais de algumas teorias psicológicas no desenvolvimento da

aprendizagem entre elas destacam:

Concepção inatista: O desenvolvimento humano distingue-se pelo intrínseco,

ou maturação meramente biológica.

Concepção empirista: O conhecimento do homem vem de sua experiência

com o meio físico e social, a qual provoca mudanças de comportamento, ou seja,

educação vista como mero processo de transmissão de conhecimento

Concepção dualista: Existência de um processo de maturação, que depende

do desenvolvimento neurológico de um lado e, de outro lado, a aprendizagem é

considerada em si mesma um processo de desenvolvimento.

As autoras irão realizar uma crítica às visões apresentadas acima e ponderar

que, segundo Vygotsky, o desenvolvimento humano é metamorfose. As funções

naturais presentes no indivíduo irão se transformar por meio da mediação do outro.

Nas palavras das autoras

Luria, ao referir-se ao processo de transformação no uso da memória, afirma que “(...) o desenvolvimento subsequente não significa melhora da memória natural, mas sim, substituição: substituição de métodos primitivos por outros, mais eficientes, que aparecem no processo da evolução histórica” (grifo do autor). Refere-se também, nesse sentido, ao uso, por

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parte da criança, de objetos externos como instrumentos mediadores para controlar o processo interno da memória. Conforme a criança se insere no processo de escolarização, faz uso de novas técnicas, como a anotação, as quais suprem os procedimentos anteriores. O uso de novas técnicas é considerado pelo autor como um processo de reequipamento da memória por meios alternativos, culturais (BERNARDES & ASBAHR, 2007, p. 325-326 apud ASBAHR & NASCIMENTO, 2013).

O desenvolvimento das funções psicológicas superiores acontece a partir de

mediações culturais. Esta compreensão desloca o foco das dificuldades da

aprendizagem do nível individual para o nível social.

Verifica-se que as causas do atraso mental não podem ser explicadas somente a partir de anamneses, entrevistas e testagens psicométricas, ou seja, com instrumentos que buscam as causas do não aprender na criança e em sua família, mas essa análise deve ser ampliada para a atividade de ensino e de aprendizagem, especialmente no que se refere à qualidade do conteúdo ministrado, à relação professor-aluno, à metodologia de ensino, à adequação de currículo, ao sistema de avaliação adotado, em suma, ao acesso da criança ao mundo dos instrumentos e signos culturais (FACCI, EIDT & TULESKI, 2006, p. 111).

O educador é o responsável pelo processo de ensino, que organiza a

atividade de ensino e esta sim assume o papel de mediação entre os conhecimentos

empíricos que os estudantes trazem de suas vidas e os conhecimentos teóricos que

o educador precisa ensinar. A escola tem papel central no desenvolvimento de seus

estudantes na medida em que cria condições para estes se apropriarem do

conhecimento, tal compreensão de desenvolvimento recoloca as bases do processo

ensino e aprendizagem, não se espera o amadurecimento para ensinar. Não é

função da escola esperar que a criança amadureça, e sim é seu dever promover

condições para que a aprendizagem se realize. "O aprendizado adequadamente

organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários

processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de

acontecer." (VIGOTSKY, 1987:101 apud ASBAHR & NASCIMENTO, 2013).

2.3 O desenvolvimento da atenção

Estudar a atenção torna-se para o professor uma tarefa fundamental, visto

que o número de crianças medicadas cresceu nas últimas décadas. O estudo

científico do desenvolvimento das funções psicológicas volta-se para explicar como

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ocorre a atenção, a memória, o pensamento abstrato pelas investigações

interculturais realizadas por Vygotsky e Luria, segundo Leite (2010). A autora

aborda que para Vygotsky o indivíduo só existe enquanto ser social. A

personalidade, o caráter e o comportamento estão ligados intimamente ao social.

Para a autora é necessário pensar o psiquismo a partir do pensamento dialético.

Esta forma de pensar possibilita uma compreensão diferenciada de TDAH, que está

além da aparência e pode ser entendida como manifestações sintomáticas da

impulsividade, desatenção e hiperatividade na criança com este diagnóstico.

Quanto ao estudo da conduta, Leite (2010), pelo estudo de Vygotsky (1931),

afirma que este recomenda primeiro que a psicologia estude a conduta da criança

em toda sua plenitude, esclarecendo os pontos positivos de sua personalidade e não

somente compará-la ao adulto.

Um aspecto central é relação entre o desenvolvimento biológico e cultural das

funções psíquicas ocorre. Segundo Vygotsky (1931) e Leite (2010), cada função

psíquica supera a seu tempo os limites do sistema de atividades orgânicas desde

que ocorram mediações que possibilitem o desenvolvimento das mesmas.

Nesta direção, a origem do ato voluntário é a comunicação da criança com o

adulto, ou seja, o desenvolvimento da ação voluntária da criança inicia com um ato

prático que a criança realiza por indicação do adulto, segundo Leite (2010) com os

estudos de Luria (1986, p. 95).

Todas as funções psíquicas superiores são relações interiorizadas de origem social, são o fundamento da estrutura social da personalidade. Sua composição, estrutura genética e modo de ação, em uma palavra, toda natureza é social; inclusive ao converter-se em processos psíquicos, segue sendo quase social. O homem mesmo a sós consigo conserva funções de comunicação. (VYGOTSKY, 1931, p.151 apud LEITE, 2010).

Conforme afirmam Luria (1979, p 1) e Leite (2010), a atenção pode ser

definida como “(...) a seleção da informação necessária, que se torne seguro

desenvolvimento da seleção da ação e a manutenção de um controle permanente

sobre elas (...)” a atenção exerce função sobre o caráter seletivo da atividade

consciente e manifesta–se em nossa percepção nos processos motores e no

pensamento e pode ser chamada de base sobre a qual se organizam e se

direcionam os processos mentais.

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A criança não nasce com atenção voluntária. A forma principal de

demonstração da atenção, nos primeiros meses de vida, é chamada atenção

involuntária. Estudada como um fenômeno natural tem em sua base o fato de

ocorrer um reflexo orientado e do acionamento de respostas a determinados

estímulos novos, que se eliminam paulatinamente na medida em que ocorre a

acomodação. Corresponde aos casos em que a atenção da criança é atraída, por

estímulos fortes, novos ou interessantes (conforme a necessidade do sujeito). Leite

(2010 ), ao estudar Luria (1979), diz que neste tipo de atenção há especial

importância a força ou intensidade do estímulo.

O segundo tipo de atenção (presente apenas no homem) diz respeito à

atenção voluntária tem como característica o sujeito estabelecer determinadas

tarefas e os fins que deve cumprir para tal, e que escolha como objeto de sua

atenção somente o que for indispensável para a realização da tarefa, ou seja, uma

manifestação da vontade. A atividade humana é dependente de necessidades ou

motivos que almejam determinados objetivos. Mesmo que em algumas situações o

motivo esteja inconsciente, o objeto e o objetivo da atividade são sempre

conscientes. Esta ocasião distingue o alvo de uma ação dos seus meios e

intervenções pelos quais é adquirido.

Enquanto as operações isoladas não se automatizam, a execução de cada uma delas constitui o objetivo de certa parte da atividade e atrai para si a atenção. [...] Quando a atividade se automatiza, certa s operações que a compõem deixam de atrair a atenção e passam a desenvolver-se sem conscientização, ao passo que o objetivo fundamental continua a ser conscientizado. [...] o sentido da atenção é determinado pela estrutura psicológica da atividade e depende essencialmente do grau de sua automatização (LURIA, 1979, p.5, apud LEITE, 2010).

Leite, (2010) baseado em Luria (1979), afirma que a construção da atenção

voluntária não acontece de forma rápida, a criança adquire uma atenção estável e

socialmente organizada um pouco antes de iniciar a vida escolar. Nas séries iniciais

da vida escolar predomina ainda a atenção involuntária. Aos poucos, a criança

começa a elaborar a atenção, sendo muito importante aqui a organização dos

conteúdos e para o desenvolvimento desta. Vygotsky e Luria consideram que as

experiências vivenciadas pela criança estabelecem estímulos (que não são inatos) e

que mostram um sentido aditivo estimulado pelo comportamento natural.

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Eidt, Tuleski e Franco (2014), abordam a importância de o professor conhecer

os estágios da atenção voluntária, através do estudo de Luria ( 1979), o 1º estágio

se dá por volta do final do primeiro ano de vida e início do segundo, quando a

criança passa a utilizar-se da instrução verbal direta. O 2º estágio se inicia na

transição do primeiro para o segundo ano e se estende até o terceiro e é marcado

pela comunicação emocional e pela conquista da capacidade de locomoção. Uma

característica importante no estudo da atenção é que nesta fase o adulto sai do

centro da atenção da criança e entram em cena os objetos, desenvolvendo- se a

atividade objetal manipulatória, conforme estudo realizado segundo Eidt, Tuleski e

Franco (2014) e por Pasqualini, (2013). Outro fator muito importante neste estágio é

o desenvolvimento da linguagem. O jogo e o brinquedo têm papel fundamental como

atividade dominante nos primeiros anos de vida escolar é o início do 3º estágio da

atenção voluntária e dominar as regras se torna fundamental nesta fase e o objetivo

do jogo é de evitar o desvio atencional, obrigando a criança a manter o foco nos

objetos e nas ações da brincadeira. Ao final desta etapa, de acordo com Vygotski,

(2001) nos estudos de Eidt, Tuleski e Franco (2014) é denominado de linguagem

egocêntrica, onde a criança apresenta uma linguagem voltada para si mesma, com o

objetivo de organizar o pensamento, é o momento de inserir gradativamente as

atividades produtivas e de criação com a mediação do adulto.

Vygotsky, Luria e Leontiev (1930/1996 apud Leite 2010) consideram que o

indivíduo se forma pela dialética: mente e corpo e que a atenção voluntária dos

indivíduos vem se formando precariamente devido à organização social da

sociedade. Para a psicologia Histórico-Cultural a concepção de psiquismo humano,

não está atrelada ao amadurecimento humano no que diz respeito à parte orgânica

e sim pela possibilidade de desenvolvimento pela mediação dos signos realizada

por meio da atividade infantil.

[...] à medida que se desenvolvem os centros ou estruturas superiores, os centros ou estruturas inferiores cedem uma parte essencial de suas antigas funções às formações novas, as transferem para ditas instâncias superiores, graças às quais as tarefas de adaptação, que nas etapas mais inferiores de desenvolvimento correspondiam aos centros ou funções inferiores passam a ser desempenhadas, nas etapas superiores, pelas funções superiores (VYGOTSKI, 1996, p. 117 apud LEITE, 2010).

E também com:

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O desenvolvimento das funções superiores se rege por leis totalmente distintas das inferiores ou elementares; seu desenvolvimento não transcorre paralelamente ao desenvolvimento do cérebro, à aparição nele de novas partes ou ao incremento das velhas. Seu tipo de desenvolvimento é distinto, pertence a outro tipo de evolução psíquica. As funções superiores, que são produto do desenvolvimento histórico do comportamento, surgem e se formam na idade de transição em direta dependência do meio, no processo de desenvolvimento sociocultural do adolescente. Não estruturam-se ao lado das funções elementares, como membros novos da mesma linha, nem tampouco por cima delas, como um nível cerebral superior por cima do inferior; se estruturam a medida que formam novas e complexas combinações das funções elementares mediante a aparição de sínteses complexas (VYGOTSKI, 1996, p. 118 apud LEITE, 2010).

Compreende-se então que as relações entre os aspectos biológicos e os

aspectos culturais que formam as funções superiores, se formam numa complexa

síntese, onde a internalização que nos faz entender as funções psíquicas superiores

que vai do domínio externo das relações sociais até o domínio interno destas

funções, que ocorrem em 4 estágios:

A lei mencionada determina, no fundamental, quatro estágios principais que recorre em seu desenvolvimento toda função psíquica de ordem superior. Temos repetido em numerosas ocasiões que as formas superiores da memória, da atenção e outras funções, não surgem de improviso como algo acabado, não caem do alto em um certo instante, mas possuem uma longa história evolutiva. O mesmo ocorre com a atenção voluntária. Na realidade, seu desenvolvimento começa com o primeiro gesto indicativo, com ajuda do qual os adultos tentam dirigir a atenção da criança e com o primeiro gesto independente da criança, com o qual começa a dirigir a atenção dos outros. Mais tarde, e em forma muito mais desenvolvida, a criança domina todo o sistema destes meios para dirigir a atenção dos demais. Esse sistema de meios é a linguagem atribuída de sentido; passado algum tempo, a criança aplica à sua pessoa as mesmas normas de conduta que outros lhe aplicavam e que utiliza em suas relações com os demais. Deste modo começa a dirigir sua própria atenção, a transferir sua atenção ao plano voluntário (VYGOTSKI, 1996, p. 143 apud LEITE, 2010).

O ensino escolar exige que a criança obtenha conhecimento sobre objetos e

informações que a princípio não são de seu interesse, no entanto aos poucos ela

aprende a manter a atenção naquilo que lhe é atrativo, esta atenção depende da

mediação do adulto que tem a função de direcionar sua atenção naquilo que é

importante, principalmente nas atividades de estudo.

É importante observar que a intervenção do adulto deve se dar na

organização do estudo ou das relações importantes para tal, lembrando que até a

idade escolar, a criança consegue alcançar a atenção voluntária, que mais tarde

passa para o processo de transição formando os conceitos científicos e abstratos.

Isso se dá lá pela adolescência e proporciona o que Vygotsky (1996), segundo Leite

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(2010), chama de um salto na síntese entre percepção e pensamento, e que a

memória também passa nesta fase por modificações importantes na formação de

conceitos, ocorrendo então o que ele chama de internalização de conceitos que

constroem a complexidade e por fim a intelectualização.

Para explicar melhor nosso raciocínio é importante assinalar que existe um estreito vínculo entre o pensamento em conceitos e a atenção voluntária interna. Este vínculo consiste em que a atenção dirigida pelo pensamento em conceitos já se orienta por caminhos próprios para um ou outro objeto (VYGOTSKY, 1996, p. 151 apud LEITE, 2010).

No que diz respeito à atenção, é importante ressaltar que o problema da

distração pode estar presente e é visto como o aspecto negativo da atenção. E por

que os alunos continuam na escola, mas não aprendem? Esta é sem dúvida uma

questão que está presente no dia-a-dia escolar e incomoda os profissionais da

Educação. A psicologia argumenta de muitas formas esta questão, podendo ser por

problemas orgânicos, emocionais, comportamentos inadequados, carências

culturais, dificuldades de linguagem etc. e todas elas são precárias se não estiverem

atreladas ao processo de desenvolvimento da criança, ou seja, à sua vida. Portanto,

o diagnóstico de Déficit de Atenção e Déficit de Atenção associado à Hiperatividade,

precisa ser compreendido no processo histórico social da criança, visto que a

atenção é uma função psicológica superior, elaborada ao longo da infância pelo

processo educativo e está relacionada à mediação cultural feita pelos adultos.

Com isso é importante o professor estabelecer uma postura de mediação, no

que se trata do controle de comportamento ou do estudante manter o foco no

processo de apropriação dos conteúdos escolares. Estamos diante de um desafio,

pois a escola exige dos alunos suas funções psicológicas superiores cobrando-lhes

um papel diretivo e efetivo, mas ela precisa fornecer ferramentas para que esta

autonomia seja construída.

2.4 A questão do TDAH e da medicalização

Atualmente temos dois grupos distintos que estudam o TDAH. Um primeiro

grupo, hegemônico, afirma que o mesmo é um fenômeno orgânico e o principal

tratamento seria o medicamentoso. Um segundo grupo que concebe a atenção

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enquanto função social que se desenvolve por meio das relações sociais (EIDT,

TULESKI e FRANCO, 2014).

O primeiro grupo se fundamenta principalmente no Manual de Diagnóstico e

Estatística das Perturbações mentais (DSM) na sua 5ª versão atualizada e publicada

em maio de 2013 pela Associação Americana de Psiquiatria, que conceitua os

alunos hiperativos.

O TDAH agora é classificado como um "transtorno do desenvolvimento”:

Em relação ao número de sintomas ou "ponto de corte" acima do qual se faz o diagnóstico (critério A) não houve alterações na infância, sendo considerados no mínimo 6 sintomas de desatenção e/ou 6 sintomas de hiperatividade/ impulsividade. No caso de adultos, este número passou para 5 sintomas, o que é um novo critério. Vale lembrar que todos estes sintomas, para serem considerados clinicamente significativos, devem estar presentes pelo menos durante 6 meses e serem nitidamente inconsistentes com a idade do indivíduo. O critério B, que determina a idade de início dos sintomas, também se modificou. Anteriormente, era necessário demonstrar que os sintomas estivessem presentes antes dos 7 anos de idade, o que era particularmente difícil no caso de adultos com TDAH que geralmente tem dificuldade para lembrar-se deste período e cujos pais já são mais velhos. O limite de idade foi modificado para 12 anos, algo que alguns grupos de pesquisa já vinham fazendo anteriormente. A necessidade de haver comprometimento em pelo menos duas áreas diferentes (casa e escola, por exemplo), critério C, permaneceu como antes. Os “subtipos” foram retirados do manual; ao invés disso, optou-se pelo emprego do termo “apresentação”, denotando que o perfil de sintomas atuais pode se modificar com o tempo (o que é bastante comum). O termo “subtipo” favorecia uma interpretação errada que aquela era uma “subcategoria” estável, fixa, do TDAH. As apresentações mantem as mesmas “divisões” que os antigos subtipos: com predomínio de desatenção, com predomínio de hiperatividade-impulsividade e apresentação combinada. O novo DSM-V traz a opção de TDAH com Remissão Parcial, que deve ser empregado naqueles casos onde houve diagnóstico pleno de TDAH anteriormente (isto é, de acordo com todos os critérios), porém com um menor número de sintomas atuais. (DSM, 2013 publicado na Associação Brasileira do Déficit de Atenção, acessado em 28 de junho de 2016).

As autoras Eidt, Tuleski e Franco (2014) abordam que hoje existe uma

polêmica sobre essas formas classificatórias e o crescente uso de medicação. Nesta

direção é importante compreender o conceito de medicalização. Compreende-se

medicalização enquanto prática que desloca questões sociais, econômicas e

escolares para o âmbito da saúde. Nesta direção, questões sociais são

diagnosticadas como doença orgânica.

Segundo as autoras, somente um conhecimento mais aprofundado das

funções psíquicas superiores, possibilita compreender como a atenção se

desenvolve. Ao analisar a obra de Leontiev (1988) as autoras assinalam “Dominar

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as regras significa dominar seu próprio comportamento, aprendendo a controlá-lo e

aprendendo a subordiná-lo a um propósito definido”. Abordam que o trabalho escolar

exige que a criança assimile objetos e informações deste percurso que não lhe

interessam de imediato, concluindo que para muitas crianças em idade escolar a

definição de um conceito depende da recordação do enunciado dito ou de um

exemplo que o professor dê no concreto.

A atenção infantil é limitada e não lhe permite pensar em vários indícios de uma vez. A criança não percebe simultaneamente todos os dados que deveria levar em conta, os considera alternativamente, ora um, ora outro, e devido a isto o seu raciocínio é correto somente em um só sentido. [...] A criança em seu raciocínio não vai do geral para o particular e nem do particular ao geral, mas sempre do particular ao particular e do singular ao singular. Vemos, portanto, que a índole peculiar dos conceitos infantis e o caráter peculiar do pensamento, devido a esta estrutura conceitual, depende diretamente do caráter limitado da atenção infantil (VYGOTSKI, 1996, p. 140 apud EIDT, TULESKI e FRANCO, 2014).

Logo, uma criança na idade escolar, para dominar os processos de atenção,

depende da mediação do adulto, que conduz a atenção desta para aquilo que

realmente é importante, destaca-se então que é fundamental que a coordenação do

adulto se volte para a organização seja nas atividades de estudo, seja na realização

de tarefas ou até mesmo na relação entre adulto/ criança, professor/aluno.

Vygotsky (1984-1987), segundo Meira (2011), diz que a origem de todas as

funções psicológicas devem ser descobertas nas relações sociais que os sujeitos

constroem com o mundo exterior.

O pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções (...) uma compreensão plena do pensamento de outrem só é possível quando entendemos sua base afetivo-volitiva. Para compreender a fala de outrem não basta compreender as suas palavras. Temos que entender o pensamento, mas nem isso é suficiente – também é preciso que conheçamos sua motivação. (VIGOTSKY, 2003, p.187-188 apud MEIRA, 2011).

O fenômeno do TDAH explodiu na última década em resposta à cultura e ao

estilo de vida atual, marcado por pragmatismo, concorrência e individualismo. Não

teria como isso não chegar à escola. É nela que alunos mais agitados, geralmente

contestadores e tão ou mais inteligentes do que os outros, incomodam por não

pararem quietos, desobedecerem a regras, serem dispersos e terem dificuldades em

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aprender. E no passado como se iniciou o estudo de alunos com estas

características?

Historicamente, em 1918, Straus, um neurologista americano, pesquisou

sobre uma lesão cerebral que comprometia o comportamento e a aprendizagem que

nomeou de lesão cerebral mínima e somente em 1962 a partir do erro de Straus o

termo “disfunção” substituiu o termo “lesão” e passou a ser denominada de

Disfunção Cerebral Mínima. Em 1984 a Academia de Psicologia, levando em conta

os vagos critérios de diagnóstico estabelecido pela Disfunção Cerebral Mínima

estabelece a ADD (Attention Déficit Desorders) e só em 1986 surge o TDAH

(Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), analisado pelo critério A (SNAP

IV) composto por 18 perguntas sendo que as primeiras 9 são referentes à atenção e

as 9 seguintes à hiperatividade.

Com o desenvolvimento e o aparecimento da tecnologia, surgem os exames

de neuroimagem, porém seu uso exige cautela, pois o diagnóstico é pobre em

tarefas. O uso da neuroimagem para diagnosticar o TDAH é importante para

entender a biologização, porém não pode ser o único instrumento de avaliação, que

irá levar aos resultados que podem ser desde um TDA (Transtorno de Déficit de

Atenção) TDAH (transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade):

Elabora se uma hipótese sem qualquer evidência empírica que a suporte; convencidos de sua perfeição, cientistas passam a olhar a realidade sob o viés de sua crença; na busca de elementos que confirmem sua hipótese inicial, deformam a própria realidade e essa realidade deformada é, por sua vez, a comprovação empírica da hipótese, conferindo he o estatuto de ciência. Transformada em verdade, atua ainda mais sobre a realidade, deformando a mais e mais. As novas observações da realidade assim artificializada permitem modificações, evoluções na teoria, com explicações fisiopatológicas cada vez mais sofisticadas, complexas atraentes. Cria se uma espiral viciada, com novas máscaras para a mesma velha ideia, que nunca se comprovou. (MOYSÉS e COLLARES, 1992, p 40).

Entre 1993 e 2003, a produção de metilfenidato cresce 400%. No Brasil em

2000 foram vendidas 71.000 caixas de Ritalina® (metilfenidato), em 2004 739.000

e em 2008 1.147.0000 caixas. Dados mais recentes obtidos na Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) confirmam a tendência de alta. Segundo o órgão, o

número de caixas de metilfenidato vendidas no Brasil passou de 2,1 milhões em

2010 para 2,6 milhões em 2013. [/p].

Refletindo sobre esses dados: os psicoestimulantes aumentam a atenção e

concentração melhorando o raciocínio e o cognitivo, porém o preço é muito alto

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devido aos males que a droga provoca, como o prazer artificial, drogatização, e

desensibilização de situações comuns que dão sentido à vida. Os déficits de

atenção e de concentração estão presentes na vida, no entanto existem inúmeras

formas de pensar e agir e muitas formas de aprender, e estes déficits não precisam

necessariamente ser patogenizados como doença neurológica, pois não há

cientificamente comprovação de alterações neurológicas e nem que o tratamento

com psicoestimulantes é seguro e eficaz.

Porém, crianças recebendo Ritalina® por prescrição médica estão sendo drogadas com o método de controle social. Isto é, me parece, uma questão ética real. Se nós não reconhecemos a situação do mundo real em que drogas são compradas, prescritas e usadas, então o debate ético é vazio. (ROSE, 2008: 521 apud MOYSÉS e COLLARES, 1992).

2.5 A organização do ensino potencializando o desenvolvimento da atenção

voluntária

Leite e Tuleski (2011) abordam que a atenção é um processo mediado e

fixado interiormente, sendo importante a sistematização do ensino para reorganizar

a conduta da criança, ou seja, a atenção voluntária se caracteriza pelo

estabelecimento de tarefas com finalidades que o sujeito necessita cumprir e para

obtê-la é preciso que a criança selecione como objeto da atenção o que for

importante no cumprimento da tarefa, então as autoras elencam que na atenção

voluntária a inclinação (eleição do objeto) e a concentração (foco de atenção no

objeto ou atividade), não está focada no objeto mais atrativo entre outros, e é

preciso que desenvolva capacidade de manter a concentração ignorando os demais

estímulos.

Leite e Tuleski (2011) ressaltam a importância do processo de ensino no que

se refere a este ter clareza do porquê da transmissão dos conteúdos, expondo ao

aluno como estes conteúdos são necessários para sua vida, pois assim o aluno

fixará seu comportamento voluntariamente naquilo lhe está sendo ensinado. A

atenção voluntária e o controle voluntário do comportamento são funções superiores

que se desenvolvem de acordo com o ambiente cultural e, portanto, a escola exerce

um importante papel para o desenvolvimento desta, pois requer ritmo de

organização e o papel do professor é o de organizar a percepção do aluno, levando-

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o a compreender o que exige atenção, o pensamento da criança ativado,

aprendendo a ficar atento. O aluno na maioria das vezes deixa de prestar atenção

porque não entendeu o conteúdo e este não tem significado para ele. A atenção se

fixa melhor quando se exige do aluno um trabalho mental ao seu alcance.

A normatização da vida cotidiana tem por corolário a transformação dos “problemas da vida” em doenças, em distúrbios. Surgem, então, os distúrbios de comportamento”, os “distúrbios de aprendizagem”, a “doença do pânico”, apenas para citarmos alguns entre os mais conhecidos. O que escapa às normas, o que não vai bem, o que não funciona como deveria... tudo é transformado em doença, em um problema biológico, individual. (COLLARES,MOYSÉS, 1996, p.75 apud LEITE e TULESKI, 2011).

Lucena (2016) faz um questionamento interessante ao indagar o porquê de

tantos diagnósticos de TDAH, seria o não desenvolvimento da atenção voluntária

das crianças? Esta reflexão nos remete a uma observação importante nos

diagnósticos de TDAH recebidos pela escola, pontuando o que Lucena (2016)

questiona ao dizer que geralmente os diagnósticos são feitos por profissionais da

saúde, considerando apenas os aspectos orgânicos do desenvolvimento da atenção,

numa compreensão apenas biológica e com tratamento medicamentoso na maioria

dos diagnósticos, mas se o medicamento não é capaz de desenvolver a FSP, no

caso aqui a atenção, quem teria esse papel? A autora destaca a colocação de

Davidov (1988) onde o ensino é o aspecto universal do desenvolvimento, se existem

déficits nos processos psíquicos e cognitivos deve-se buscar a solução no processo

de ensino e nas práticas educativas que busquem possibilidades de soluções para “

o não desenvolvimento” das funções psíquicas, no caso do TDAH, a atenção

voluntária e o controle da impulsividade.

Quais propostas educativas então podem desenvolver a atenção? Um ponto

importante destacado por Lucena, (2016) diz respeito ao que Vygotsky, (2010) diz e

em cada período do desenvolvimento é necessário olhar como o meio social da

criança está organizado e que este muda a cada fase da idade, em relação com o

desenvolvimento das capacidades adequadas. Este destaca também que é preciso

observar a unidade individual que há entre o cognitivo e o afetivo, que se estabelece

pela vivência da criança e este se dá pela mediação do adulto. Portanto, a

organização das atividades de ensino é fundamental para o desenvolvimento do

autocontrole do comportamento.

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3 METODOLOGIA

O Programa de Desenvolvimento educacional - PDE é uma política de

formação Continuada que valoriza os professores que atuam na Rede Pública

Estadual de Ensino do Estado do Paraná. Nos anos de 2016 e 2017 procuramos por

meio da elaboração do Projeto de Intervenção na Escola e aplicação do Material

Didático, conhecer os fundamentos da Teoria Histórico-Cultural e discutir a

importância do desenvolvimento da atenção no processo de escolarização dos

alunos diagnosticados com TDA e ou TDAH.

A partir de nossos estudos, elaboramos o Projeto de Intervenção e Produção

Didático-Pedagógica, conteúdos utilizados para a Implementação no Colégio

Estadual Marechal Costa e Silva EFM de Cidade Gaúcha-PR. O processo se deu

por meio de um curso de extensão de 40 horas com certificação pela UEM com a

participação de 31 professores e pedagogos. Durante as atividades do PDE também

ocorreu o GTR – Grupo de Trabalho em Rede que é uma modalidade de formação

continuada à distância promovida pela SEED, onde o professor PDE socializa o

projeto de Intervenção, o material didático-pedagógico e a implementação na escola

com professores da Rede Estadual de Educação do Paraná, separadamente da

Implementação na escola. Porém, nestes dois momentos distintos, abordamos o

desenvolvimento da atenção nos alunos diagnosticados com TDA e ou TDAH.

Na Implementação no colégio foi organizada em oito encontros com os

seguintes temas: 1º Encontro - Como as crianças se desenvolvem? Contribuições da

Psicologia Histórico-Cultural, 2º Encontro - De que forma a escolarização pode

prevenir transtornos de aprendizagem e de comportamento? 3º Encontro – Dando

continuidade em como a escolarização pode prevenir transtornos de aprendizagem

e de comportamento. 4º Encontro - O Desenvolvimento das Funções Psicológicas

Superiores, o controle voluntário do comportamento e as mediações na

escolarização. 5º Encontro - Meu aluno toma remédio? Os problemas da

medicalização na infância e adolescência, os remédios mais prescritos e seus

efeitos colaterais. 6º Encontro - A organização do ensino potencializando o

desenvolvimento da Atenção Voluntária. 7º Encontro - A organização do ensino

potencializando o desenvolvimento da Atenção Voluntária. 8º Encontro – Diagnóstico

de TDAH e possibilidades de intervenções: construindo orientações pedagógicas

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direcionadas aos professores. Durante o curso foram coletados dados que serão

apresentados a seguir.

4 RESULTADOS

Os resultados foram apresentados seguindo a sequência dos encontros.

No primeiro encontro o tema foi: Introdução à Teoria Histórico-Cultural com o

objetivo de apresentar aos professores a Teoria Histórico-Cultural por meio dos

estudos de Tuleski e Asbahr&Nascimento. Neste encontro tratou da forma como as

crianças aprendem e se desenvolvem. O público, professores e pedagogos, das

escolas municipais e da educação infantil do município, sentiram a necessidade de

maior conhecimento da teoria estudada. Os cursistas não demonstraram, na grande

maioria, ter conhecimento de qual teoria fundamenta o PPP de sua escola. Foi muito

importante este momento de estudo.

Após assistirem os vídeos: sobre LEV. S. VYGOTSKY com breve relato de

sua vida e obra disponível em https://www.youtube.com/watch?v=_BZtQf5NcvE

acesso em 29/08/2016. E o Relato da história da menina Tippi Degré com imagens

disponíveis em http://www.hypeness.com.br/2013/04/a-incrivel-historia-da-menina-

que-passou-a-infancia-na-selva-africana, complementando com vídeo “La Niña de la

Selva” disponível em https://www.youtube.com/watch?v=yOYEGzM6JRM ambos

com acesso em 29/08/2016, os cursistas discutiram em duplas com mediação do

professor PDE sobre as relações que a criança estabelece com o meio e com os

outros, chegando à conclusão que o meio social desenvolve uma cultura social, ou

seja, a criança é construída pelo social e a educação é extremamente importante

para que haja desenvolvimento.

Também fizeram a leitura do texto: “Criança não é manga, não amadurece”

de Asbahr & Nascimento (2013). Disponível em

http://www.scielo.br/pdf/pcp/v33n2/v33n2a12.pdf com acesso em 31/08/2016. Em

grupos após discussão e apresentação em plenário chegou-se à conclusão de que a

criança não é um adulto em miniatura, que há transformações, por meio da

mediação, que garantem sua passagem de ser biológico para ser cultural, como

afirmam Asbahr & Nascimento (2013). Realizou-se a reflexão de que a escola tem

papel central no desenvolvimento de seus estudantes, na medida em que possibilita

meios para apropriação de condições de aprendizagem por meio de mediações

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culturais planejadas e intencionais. Os cursistas demonstraram interesse pelas

atividades desenvolvidas participando ativamente.

No segundo encontro o tema foi: De que forma a escolarização pode prevenir

transtornos de aprendizagem e de comportamento? Com o objetivo de possibilitar

aos cursistas a reflexão sobre desenvolvimento infantil e a escolarização de acordo

com a Psicologia Histórico-Cultural e a periodização do desenvolvimento psicológico

individual no estudo de Pasqualini (2009) e de Leite (2010). Iniciou-se com uma

dinâmica para discussão do desenvolvimento infantil e construção da periodização a

partir do conteúdo presente no texto de Pasqualini (2009). Observou-se que os

cursistas não tinham segurança em discutir acerca do tema. Pasqualini (2009)

aponta que o professor tem papel fundamental no desenvolvimento infantil e deve

conhecer o processo, para melhor organizar a ação pedagógica. Os cursistas

compreenderam isso ao participar da dinâmica. Com a explicação e reflexão do

professor PDE sobre o desenvolvimento infantil na visão da Psicologia Histórico

cultural, foi possível observar o interesse dos cursistas a respeito do

desenvolvimento infantil que observaram que a compreensão do psiquismo faz

diferença no processo de organização de ensino e compreensão acerca dos tais

déficit de atenção.

Ainda sobre a temática, propôs-se as seguintes reflexões: Que conceito tem

do histórico cultural do seu aluno? Que papel desempenha como professor no

desenvolvimento do seu aluno? A idade é que determina o momento da

aprendizagem? O desenvolvimento motor deve estar atrelado ao desenvolvimento

psíquico? Para enriquecer esta reflexão foi possibilitado um ambiente com músicas

de ninar e entregue a cada cursista um mini Moisés com um bebezinho em miniatura

com as reflexões acima citadas. Foi um momento único, pois possibilitou aos

cursistas relacionar o que Pasqualini (2009) propõe a respeito do desenvolvimento

infantil, com a realidade atual. Houve participação efetiva do grupo, observando-se

que compreenderam a necessidade de mediar e que para tal precisa-se conhecer o

ser em desenvolvimento.

A continuidade do tema: Como a escolarização pode prevenir transtornos de

aprendizagem e de comportamento, foi trabalhado no terceiro encontro, com o

objetivo de refletir como as vivências constituem o comportamento humano, bem

como compreender o individuo enquanto unidade afetivo/cognitiva. Os cursistas

assistiram o filme “Divertida mente” disponível em

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https://www.youtube.com/watch?v=-FMd1XsrMR4 acesso em 02/09/2016 e

relacioná-lo ao desenvolvimento infantil proposto por Vygotsky, Luria e Elkonin

abordado por Pasqualini (2009). Em grupos discutiram as seguintes reflexões: Qual

a funcionalidade da mente? Como as emoções podem influenciar o comportamento

das crianças e adolescentes no ambiente escolar? . O filme aponta que nossas

memórias são armazenadas em longo prazo mostrando um aspecto da

personalidade em ilhas (ilha das bobeiras, ilha da amizade, ilha da honestidade, ilha

da família). Partindo do filme e das vivências de sala de aula, apontar ações que o

grupo considera importantes para solucionar problemas que interferem no

desenvolvimento da criança.

Realizaram uma ótima discussão, trouxeram a analogia: “a mente humana é

como uma plantação, onde o que se planta colhe, onde a mediação do adulto no

desenvolvimento infantil permite que os processos psicológicos tomem formas por

meio dos meios historicamente determinados.” Ressaltaram que é difícil para o

professor lidar com emoções e comportamentos individuais, porém é necessário

buscar um vínculo de afetividade com os estudantes, pois a emoções interferem

positiva ou negativamente no processo ensino-aprendizagem. Elaboraram uma

atividade que intitularam “Histórias que a família conta” com a finalidade de

relembrar fatos do passado carregados de afetividade, possibilitando a discussão da

unidade afetivo-cognitiva.

O quarto encontro apresentou o tema: O desenvolvimento das Funções

Psicológicas Superiores, o controle voluntário do comportamento e as mediações na

escolarização. Com o objetivo de compreender o processo de desenvolvimento das

funções psicológicas superiores bem como, a necessidade da mediação para que

ocorra o controle voluntário do comportamento, fundamental para o desenvolvimento

intelectual da criança. Realizou-se a discussão a respeito do processo de

desenvolvimento das funções, por meio de vídeo do DVD da coleção Vigotsky e a

educação. Outra atividade realizada foi a encenação de uma sala de aula com a

presença de alunos que não apresentavam autocontrole do comportamento. Foi

uma dinâmica proveitosa, pois as encenações puderam mostrar o conhecimento

adquirido até o momento em relação à atenção e hiperatividade.

No quinto encontro, o objetivo foi levar ao conhecimento dos cursistas as

questões da medicalização na escola e os remédios mais prescritos e seus efeitos

colaterais, através do tema: Meu aluno toma remédio? Os problemas da

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medicalização na infância e adolescência e os remédios mais prescritos e seus

efeitos colaterais. Cada cursista recebeu um frasco, contendo confete, com imitação

de remédio, foi pedido que eles administrassem a um colega uma capsula, todos

receberam naturalmente a cápsula administrada pelo colega. Em seguida realizou-

se a leitura da bula do metilfenidato, o que provou a resistência e/ou desconfiança

de várias pessoas em receber a medicação.. A dinâmica proporcionou uma reflexão

e discussão muito importante a cerca da medicalização principalmente se esta

acontecer no ambiente escolar. Também assistiram ao documentário “Tarja Branca”,

disponível em acervo próprio, para refletirem sobre a importância de a criança ter

uma infância de brincadeiras, do resgate das brincadeiras do passado e no que isso

implicaria para diminuir a medicalização na infância e ao vídeo: Medicalização:

retorno ao biológico para explicar questões sociais. A medicalização a partir da

teoria histórico cultural, de Helvio Moises e Nádia Eidt, para apontar a importância

de se levantar dados no município sobre as crianças e adolescentes medicalizados;

DVD parte da coleção Vygotsky e a educação.

Em plenário os cursistas relataram que o assunto a respeito da medicalização

faz com que o professor reflita sobre os medicamentos prescritos para crianças e

adolescentes e que antes de encaminhar o aluno para o médico é necessário que o

professor avalie se todas as alternativas foram esgotadas. Na discussão em plenário

chegou-se à conclusão de que são notáveis os efeitos colaterais como a

dependência química, por exemplo, que pode levar ao consumo de outros tipos de

drogas. A discussão foi calorosa com testemunhos de pessoas que passaram pela

situação de uso, os cursistas compreenderam a reflexão proposta por este encontro

e se disseram frágeis em relação ao conhecimento sobre a medicalização,

propondo-se a estudar melhor o tema.

A organização do ensino potencializando o desenvolvimento da atenção voluntária

foi o tema proposto no sexto encontro e o objetivo foi de possibilitar a reflexão por

meio da leitura do texto: Psicologia Histórico–Cultural e desenvolvimento da

atenção voluntária: novo entendimento para o TDAH, de Hilusca Alves leite e Silvana

Calvo Tuleski. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/pee/v15n1/12.pdf acesso em

24/10/2016. Reflexões possibilitadas pela mediação do professor PDE como o

ensino pode se organizar para o desenvolvimento da atenção voluntária. Assistiram

o filme: “O triunfo” http://youtube.com/watch?v=13H4CaMddEk com acesso em

20/112016 e relacionaram - no com a escola dizendo que o mesmo traz uma

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abordagem bem atual e que a prática pedagógica adotada no filme é possível de ser

aplicada na escola hoje, porém, é necessário mais capacitação dos professores.

Aos cursistas foi possibilitada uma dinâmica onde o professor PDE apresentou uma

caixa que continha objetos de pouco uso ou que não são muito comuns ao

conhecimento de todos, estimulando a curiosidade dos mesmos. solicitou que cada

cursista colocasse a mão dentro da caixa e retirasse algo dela, um objeto, deixando

que explorassem e interagissem entre si. O professor PDE solicitou a todos que

batizassem os objetos. Os sentimentos mais abordados na dinâmica foram: as

expectativas, apreensão, medo do desconhecido, desafio e curiosidade.. Esta

atividade teve o objetivo de.refletir que a prática pedagógica precisa se adaptar ás

condições de aprendizagem dos estudantes, que esta aprendizagem não ocorre da

mesma forma para todos os estudantes, é preciso adaptação e flexibilização, e isto

se dá também no desenvolvimento da atenção, A princípio ter um estudante com

diagnóstico de TDAH na sala de aula provoca expectativas, medo no professor,

porém com o entendimento do processo de desenvolvimento da atenção é possível

atender o mesmo com igualdade. E ao se propor que cada cursista criasse uma

estratégia de venda do seu objeto batizado houve a reflexão de que é preciso

planejar. Os cursistas relacionaram a atividade proposta com a prática pedagógica,

chegando à conclusão de que o professor deverá sempre planejar e adaptar o seu

planejamento com a realidade do estudante, inovando sempre.

Neste encontro ainda foi disponibilizado para cada cursista um “ jogo da velha”,

confeccionado pelo professor PDE, onde ao jogarem em duplas, foi proposto as

seguintes reflexões: Quais funções psicológicas superiores foram necessárias para

a ação que acabaram de realizar? Como o professor pode desenvolver a atenção

por meio de jogos e brincadeiras? Foi proposto que a dupla de jogo elaborasse uma

estratégia utilizando o conteúdo de uma determinada disciplina. Em plenário os

cursistas chegaram à conclusão de que o jogo ativou ações como a concentração, a

percepção visual e auditiva e como estratégia o professor deve estimular nos

estudantes o estabelecimento de regras e o interesse pela atividade a ser realizada.

Os cursistas participaram ativamente das atividades realizadas. Para e

complementar a reflexão os cursistas assistiram o vídeo: 'A Importância do Brincar'-

Profª.Drª.Tizuko Morch disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=NdfZTeAp5Tg acesso em 01/11/2016 reforçando

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a importância do brincar na Educação infantil e na escola por meio dos jogos

pedagógicos.

Como atividade complementar foi proposto que cada cursista deveria resgatar de

seus arquivos pessoais ou da escola que atuam fotos de suas atuações,

participações em eventos relacionados a sua prática escolar, atividades de alunos

seus que tenham sido guardadas como recordação de seu trabalho, cartinhas,

bilhetes de alunos etc.

No sétimo encontro o tema foi: A organização do ensino potencializando o

desenvolvimento da atenção voluntária, com o objetivo de possibilitar aos cursistas a

organização de intervenções para o desenvolvimento da atenção voluntária e o

déficit de atenção.

Como citam Asbahr e Meira (2014 ) ao tratar das ideias de Leontiev (1983) a

atividade e a consciência se estruturam a partir dos motivos e são necessárias

ações e operações que permitam o desenvolvimento, nas palavras das autoras.

A arte de criação e da educação não consiste, em geral, no estabelecimento de uma combinação apropriada de motivos “compreensíveis” e “realmente eficazes” e, ao mesmo tempo, em saber como, em boa hora, atribuir maior significação ao resultado bem-sucedido da atividade, de forma a assegurar uma transição para um tipo mais elevado de motivos reais que governam a vida do indivíduo? (LEONTIEV, 1988, p. 83, apud ASBAHR e MEIRA, 2014, p. 69 ).

Após assistir o vídeo vídeo: Ex ET disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=A8BcnXmOl_s acesso em 24/10/2016, os

cursistas responderam aos questionamentos: Quais atitudes mostram uma criança

diferente das demais? Quais as intervenções foram realizadas para corrigir o

“problema”? O “problema” foi resolvido após as intervenções realizadas? Que

sentimentos o vídeo despertou no grupo? Os grupos após os questionamentos

sugeriram para a resolução dos problemas levantados no vídeo que fossem

aplicadas atividades curtas e diferenciadas, práticas, com material concreto e

principalmente que as atividades sejam motivadoras. Os grupos também colocaram

a necessidade de uma equipe técnica para assessorar a escola e a família dos

alunos diagnosticados com TDAH, a fim de evitar medicação desnecessária. Houve

relato de impotência e insegurança como sentimentos despertados pelo vídeo no

grupo e que principalmente é imprescindível aceitar as diferenças na sociedade,

buscando a interação de todos os estudantes no ambiente escolar.

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Os cursistas fizeram em grupos a leitura do texto: ‘Crianças desatentas ou

práticas pedagógicas sem sentido? “Relações entre motivo, sentido pessoal e

atenção” de ( Flavia da Silva Ferreira Asbahr e Marisa Eugênia Melillo Meira)

disponível em http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/view/2735/2520

Acesso em 24/ 10/2016. E após a leitura deveriam apontar intervenções a serem

realizadas com alunos diagnosticados com TDAH, onde sugeriram: produção de

materiais pedagógicos que estimulem o desenvolvimento da atenção,

desenvolvimento de roteiro de atividades com informação antecipada das atividades

a serem realizadas no dia, organização e seleção de conteúdos com flexibilização

dos mesmos aos alunos com TDAH, se necessário, utilização de atividades

motivadoras evitando cópias, pois estas são meras reproduções e principalmente o

conhecimento por parte do professor sobre o desenvolvimento da atenção e o TDA e

TDAH na escola.

O encontro foi muito produtivo, houve a participação efetiva dos professores

nas discussões em grupo e a solicitação dos mesmos de mais capacitação, pois

muitas intervenções não são realizadas por falta de conhecimento do professor. Os

professores elaboraram intervenções aplicáveis nas turmas onde houver alunos com

diagnóstico de TDA e ou TDAH que mostram que o grupo assimilou a proposta do

encontro e os objetivos foram assim atingidos. Os cursistas tiveram como atividade

complementar do 7º encontro a leitura das páginas 206 à 216 do e-book Transtorno

de Déficit de Atenção / Hiperatividade diagnóstico e prática pedagógica de Rosana

Aparecida Albuquerque Bonadio e Nerli Nonato Ribeiro Mori, disponível em

http://static.scielo.org/scielobooks/963vf/pdf/bonadio-9788576286578.pdf acesso em

24/10/2016, onde deveriam utilizar as reflexões propostas pelo texto nas suas

práticas pedagógicas, com um novo olhar aos alunos com TDAH.Houve o registro

dos seguintes relatos dos cursistas: Há a necessidade de organização do ensino

utilizando atividades do interesse do aluno, avaliações e atividades diferenciadas,

com flexibilização curricular e a conclusão de que a atenção é uma função psíquica

superior que nos permite manter a vigilância em relação ao que acontece ao nosso

redor e juntamente com o TDAH selecionar estímulos importantes para o

desenvolvimento da mesma, pois educar não se limita a repassar informações ou

conteúdos ou mostrar apenas um caminho, aquele que o professor considera o mais

correto, mas auxiliar o aluno a tomar consciência de si mesmo, dos outros e da

sociedade em que está inserido, enfim educar é preparar para a vida.

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Compreendeu-se assim que a tarefa do professor/educador, enquanto

responsável socialmente pela transmissão do conhecimento é a de ensinar

possibilitando que a aprendizagem construa novos patamares de desenvolvimento

psíquico do aluno, formando o novo em seu desenvolvimento, no entanto quando o

professor/educador trata o ensino separado do desenvolvimento, o aluno não

avança no nível deste e isso pode favorecer os processos de patologização e

medicalização na infância. Para o desenvolvimento da atenção voluntária é preciso

entender que os níveis de desenvolvimento estão atrelados à organização do ensino

como diz Martins (2010) apud Lucena ( 2016):

A atenção superior, isso é, voluntária, forma-se necessariamente sob condições de ensino. Para tanto, é necessário oportunizar ao indivíduo, desde os primeiros anos de vida, a apropriação do conhecimento acerca do mundo que o rodeia, organizando sua percepção sobre ele e dirigindo sua atenção, tendo em vista a análise, a discriminação, a síntese, enfim, ativando formas de pensamento nas quais a atenção corrobora a identificação do essencial, do fundamental, para além do mais atrativo e aparente (MARTINS, 2011, p.235. apud LUCENA, 2016, p. 84).

O oitavo e último encontro trouxe o tema: As intervenções no déficit de

atenção através de um guia de orientação pedagógica direcionado aos professores,

com o objetivo de proporcionar aos cursistas a organização de um guia de

orientação para o desenvolvimento da atenção voluntária e o déficit de atenção e

hiperatividade.

Foi proporcionado aos cursistas assistirem trechos do filme: “como estrelas

na terra, toda criança é especial ” disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=6rxSS46Fwk4 Acesso em 31/10/2016. O filme

remeteu os cursistas à reflexão de que nossas salas de aula têm muitas estrelas

especiais, alunos que com suas dificuldades ou limitações requerem adaptação ou

flexibilização do currículo e do planejamento e organização das atividades que

atendam às necessidades dos mesmos, principalmente dos alunos com diagnóstico

de TDA e ou TDAH. Foi montado pelo professor PDE um “varal das emoções” com

as fotos, bilhetes e recordações pedagógicas dos cursistas e frases reflexivas sobre

as práticas pedagógicas, montado antecipadamente. A vivência deste momento foi

muito importante, pois reforçou que cada aluno com seu conhecimento e

desenvolvimento é fruto do trabalho e das mediações dos professores que os

conduzem.

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As autoras Asbahr e Meira ( 2014 ) ao estudarem Leontiev (1983 ) apontam.

[...] o sentido que adquire para a criança o objeto de suas ações didáticas, o objeto de seu estudo, é determinado pelos motivos de sua atividade didática. Esse sentido também caracteriza o aprendizado consciente de conhecimentos pela criança. Portanto, não basta que se assimile a significação do objeto dado, indiferentemente do que se faça em forma teórica ou prática, é necessário, além disso, que nela se produza uma relação adequada com respeito ao estudado, é necessário educá-la nessa relação. Só se é satisfeita essa condição, os conhecimentos adquiridos se converterão, para ela, em conhecimentos vivos, serão “órgãos de sua individualidade” genuínos e, por sua vez, determinarão sua relação a respeito do mundo (LEONTIEV, 1983, p. 246, apud ASBAHR e MEIRA, 2014, p. 98 ).

Para retomar esta reflexão foi organizada uma roda de conversa em grupos,

onde os cursistas deveriam discutir e propor orientações aos colegas que não

participaram do curso de implementação, a fim de que toda a comunidade escolar

tenha contato com os conhecimentos adquiridos no curso, formando assim uma

cadeia de informações a cerca do desenvolvimento da atenção e do TDA e TDAH na

escolarização. Os pontos importantes levantados pelos cursistas foram: O

desenvolvimento da atenção (como ocorre, importância de se conhecer as fases do

desenvolvimento infantil), o controle voluntário do comportamento (definição,

intervenções ), a medicalização (o que é mais importante saber sobre), e a

organização do ensino (pontos relevantes para os professores conhecerem ao

trabalhar com alunos com déficit de atenção). Neste momento foi possível verificar a

evolução do grupo de cursistas em relação ao desenvolvimento da atenção, o

conceito de medicalização, a seriedade de um diagnóstico correto e principalmente

a importância d a organização do ensino potencializando o desenvolvimento da

atenção e os pontos relevantes de conhecimento do professor para planejar e

organizar o ensino nas turmas com alunos com diagnóstico de TDA e ou TDAH.

Os cursistas orientados pelo professor PDE, transformaram as sugestões da

roda de conversa em um “ Guia de orientação” para posterior disponibilização no

site da Secretaria de Educação do munícipio e no site da escola de implementação.

http://www.cdhcostaesilva.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/7/560/259/arquivos/File

/PDE-ONICE.pdf, http://www.cdhcostaesilva.seed.pr.gov.br/modules/noticias/ e

www.cidadegaucha.pr.gov.br A participação dos professores no GTR Grupo de

Trabalho em Rede que aconteceu paralelamente à implementação foi efetiva, com

debates, questionamentos e partilha de experiências que contribuíram para a

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efetivação do estudo, observando se que as dificuldades em relação ao

conhecimento sobre o desenvolvimento da atenção, o TDA e o TDAH estão

presentes em várias regiões do nosso estado, confirmando que há a necessidade de

maior formação sobre o assunto.

Lucena (2016) destaca dois pontos importantes no desenvolvimento do

pensamento teórico que o professor deve considerar na organização do ensino

segundo Dadidov (1988): a generalização, onde a criança por meio da comparação

separa algumas propriedades repetidas e a abstração, onde a criança separa uma

qualidade essencial e inclui o desenvolvimento de outras. É importante que o

professor seja capaz de dirigir o ensino, ajudando o aluno a estabelecer um vínculo

entre a atividade e seu objetivo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escolha de estudar sobre o Tema – O desenvolvimento da atenção: o TDA

e o TDAH na escolarização e elaborar uma Unidade Didática surgiu da necessidade

de auxiliar na formação continuada dos professores e equipe pedagógica do Colégio

Estadual Marechal Costa e Silva EFM e da rede municipal de ensino.

A Teoria Histórico-Cultural é uma teoria que possibilita compreender o homem

naquilo que ele é e naquilo que ele pode vir a ser. Nesta teoria um ponto importante,

é o de que a criança não é um adulto em miniatura, há transformações no processo

de desenvolvimento infantil que irão garantir sua passagem de ser biológico para ser

cultural.

Assim Asbahr & Nascimento (2013), afirmam que segundo Vygotski há uma

metamorfose no processo de desenvolvimento infantil que garantem a passagem de

ser biológico para ser cultural e a Teoria Histórico Cultural. As autoras afirmam que

as funções tipicamente humanas só irão se desenvolver por meio da mediação e

que elas não estão presentes no nascimento.

O curso com os professores mostrou que , no geral, os mesmos

consideraram que as contribuições da Teoria Histórico-Cultural, estão de acordo

com o que pressupõe o PPP do colégio de implementação e que se faz necessário

um ensino que considere as potencialidades e possibilidades de aprendizagem dos

estudantes, atendendo suas especificidades com planos de trabalho docentes

adequados, proporcionando um ensino que se adiante ao desenvolvimento do

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psiquismo do estudante e que possibilite a todos os indivíduos o acesso ao saber e

desenvolvimento humano.

A Implementação na escola proporcionou de acordo com os professores

cursistas a oportunidade de estudar de forma mais eficaz e orientada a luz da Teoria

Histórico-Cultural, o desenvolvimento da atenção, a importância das brincadeiras

para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores e os conceitos de TDA

e TDAH e suas implicações para o desenvolvimento e aprendizagem,

proporcionando um novo olhar ao processo de ensino aprendizagem para os

alunos com este diagnóstico, dando sentido as mediações necessárias para

melhorar a qualidade da educação ofertada em nossa escola, pois o espaço escolar

é o palco de uma das primeiras experiências sociais do indivíduo, onde ele aprende

a desenvolver suas habilidades, seus valores, modelos de comportamento com ou

sem dificuldades mediado pelo papel do professor. Assim a oportunidade de

estudar, ter momentos de reflexão referente à prática pedagógica frente ao

diagnóstico de TDA e TDAH e o conceito de medicalização produziu mudanças

significativas entre os professores e equipe pedagógica. Ampliou-se a compreensão

dos conceitos de de mediação na prática pedagógica.

A atenção é uma das formas pelas quais a percepção se torna consciente, compreendendo, pois, a seleção de dados estímulos, a inibição de seus concorrentes e a retenção da imagem selecionada na consciência. Essa função, ao elevar o nível de atividade sensorial, cognitiva e motora – isto é, por sua participação em outras funções, a exemplo do pensamento, da memória, da imaginação, afetos, dentre outras –, abre as possibilidades para o comportamento orientado por fins específicos. Ou seja, orienta programas seletivos de ação ao destacar racionalmente dadas propriedades percebidas e abstrair outras. (MARTINS, 2013,. apud ASBAHR e MEIRA, 2014, p.143).

Compreender como se desenvolve a atenção por intermédio de uma teoria

que considera que as formas superiores, portanto humanizadas de comportamento

se desenvolvem em intrínseca conexão da apropriação da cultura, apresenta

elementos para questionar a compreensão predominante a respeito do TDAH. Ao

partir do entendimento de que a capacidade de prestar atenção é uma função

psicológica que deve ser desenvolvida, é possível denotar outra compreensão para

aa teorias que entendem o TDAH fundamentadas numa visão unicamente orgânica

do problema.

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Diante de tais pontuações podemos concluir que os objetivos de estudo da

professora PDE, foram alcançados e sugere – se a continuidade para outros

projetos de formação continuada que proporcione ao professor o crescimento

intelectual e a reflexão de sua prática pedagógica, sob o aspecto da Teoria

Histórico-Cultural.

6 REFERÊNCIAS

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incluídos: uma crítica da psicologia da educação à patologização e medicalização dos processos educativos. Maringá/PR: Eduem, 2011.

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