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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A INCLUSÃO ESCOLAR – UM DIREITO DE TODOS Por: Angela Cristina Gomes Dias Orientador Professor Antonio Fernando Vieira Ney Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A INCLUSÃO ESCOLAR – UM DIREITO DE TODOS

Por: Angela Cristina Gomes Dias

Orientador

Professor Antonio Fernando Vieira Ney

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A INCLUSÃO ESCOLAR – UM DIREITO DE TODOS

Apresentação de monografia ao Conjunto

Universitário Candido Mendes como condição

prévia para a conclusão do Curso de Pós-

Graduação “Lato Sensu” em Supervisão Escolar.

Por: Angela Cristina Gomes Dias

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DEDICATÓRIA

A minha filha Viviane Gomes Dias pelo

incentivo em toda essa caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus – princípio de tudo, pela Sua

infinita bondade em todos os momentos da minha

vida.

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RESUMO

Esta monografia consiste em uma revisão acerca da inclusão de crianças com

necessidades especiais na escola de ensino regular, em especial, a atuação do

supervisor escolar no processo inclusivo. O objetivo maior desse estudo é mostrar

os benefícios da implantação total da inclusão social que, apesar de alvo de muitos

estudos e ser amparado por leis próprias, face às dificuldades que enfrenta. O fato

de alunos com diferentes possibilidades frequentarem os mesmos espaços

escolares exige do supervisor um trabalho em como agente que promove a

aprendizagem, atuando com base em uma pedagogia centrada no aluno, e não no

conteúdo, com ênfase na aprendizagem, e não apenas no ensino, que desloque o

eixo da ação pedagógica do ensinar e aprender. Assim, cabe ao supervisor

promover neste processo uma análise critica de suas propostas de modo a diminuir

as desigualdades, promovendo um amplo processo de inclusão.

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METODOLOGIA

O procedimento metodológico adotado para a realização desta

monografia foi pesquisa bibliográfica, de caráter descritivo-explicativo. Foram

utilizadas como fonte de consulta livros, artigos publicados em revistas

especializadas e periódicos e publicações no meio eletrônico. Os dados e

informações foram selecionados em bibliotecas públicas e privadas e na Internet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 08

CAPÍTULO I

COMPREENSÃO DE UM PROCESSO SOCIAL DISCRIMINATÓRIO............ 10

CAPÍTULO II

A ESCOLA COMO MEIO FUNDAMENTAL DE INCLUSÃO............................ 24

CAPÍTULO III

O SUPERVISOR ESCOLAR NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA........ 33

CONCLUSÃO ................................................................................................. 40

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 42

ÍNDICE ............................................................................................................ 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................ 47

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INTRODUÇÃO

A educação inclusiva preconiza o acesso e permanência dos alunos

com deficiência nas escolas regulares, por intermédio da matrícula em classes

regulares de ensino, assim como a reestruturação do sistema educacional para

atender à diversidade de aprendizagem dos alunos com deficiência.

O assunto não mais se constitui uma novidade, posto que seus

princípios vêm sendo vinculados em forma de declaração e diretrizes políticas pelo

menos desde 1948 quando aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos,

posteriormente, em 1990, houve a Conferência Mundial sobre Educação para Todos

(Jomtien – Tailândia) e, em seguida, a Conferência Mundial sobre Educação

Especial (Salamanca, 1994), apontada como marco fundamental da educação

inclusiva.

No entanto, a educação inclusiva é tema de constantes debates, cada

vez mais em evidência, devido ao desafio que representa. Pode-se dizer que esta

discussão é o resultado de repensar o que parecia ser certo e verdadeiro e que com

o tempo, observações e estudos, se constituíram em espaços de dúvidas,

inquietações e incertezas. Surgiu o incômodo quando se percebeu que o que estava

sendo oferecido como educação, poderia ser na verdade mais uma forma de

continuar excluindo os portadores de deficiências.

Dentre os vários aspectos importantes na construção de uma escola

inclusiva, exige-se discutir o papel da escola, da supervisão escolar, o

desenvolvimento profissional do professor, como fatores de mudança para atender

as diversidades de alunos na tentativa de gerar respostas aos desafios de uma

escola de qualidade para todos.

Para que, efetivamente, ocorra a inclusão dos alunos com deficiência

no sistema educacional regular, é preciso promover algumas modificações na

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dinâmica escolar, sendo de responsabilidade do supervisor mostrar aqueles que

trabalham com esses alunos que compete a escola desenvolver capacidades e levar

à apropriação de determinados conteúdos da cultura, necessários para que o aluno

possa ser inserido na sociedade.

O objetivo desta monografia é revisar a concepção da educação

inclusiva, enfocando em especial o papel do supervisor escolar nesse processo. O

objetivo maior desse estudo é mostrar os benefícios da implantação total da inclusão

social que, apesar de alvo de muitos estudos e ser amparado por leis próprias, face

às dificuldades que enfrenta.

O estudo encontra-se estruturado em três capítulos, sendo o primeiro

deles sobre a compreensão de um processo social discriminativo, que pretende

contar o histórico do processo social no Brasil, mostrando o comportamento da

população em relação às pessoas com deficiência desde os primórdios e como a

partir do século XIX, vem gradativamente se tornando mais humano e digno este

comportamento, ainda que de forma lenta, estando a escola inserida neste

processo.

O segundo capítulo demonstra como a escola é um meio fundamental

de inclusão. A proposta da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação é de que

todas as pessoas com deficiência sejam matriculadas na escola regular seguindo o

princípio da educação para todos. Espera-se que a escola seja um ambiente

favorável às mudanças, dispostas a lidar com as diferenças, sejam elas de ordem

racial, de classe econômica ou do portador de deficiência.

O terceiro capítulo do presente trabalho estuda as possibilidades do

supervisor escolar interagir com a gestão escolar e o professor com o objetivo de

criar situações para equalizar as oportunidades em que seja possível uma educação

inclusiva de melhor qualidade através da efetivação do desenvolvimento de projetos

e tentando modificar estruturas ultrapassadas que não comportam a diferença na

clientela escolar.

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CAPÍTULO I

COMPREENSÃO DE UM PROCESSO SOCIAL

DISCRIMINATÓRIO

1.1 Da exclusão à inclusão

A história da humanidade, desde os tempos mais remotos, revela a

existência de pessoas portadoras de deficiência, assim consideradas aquelas que

apresentem, em caráter permanente, perdas ou reduções de sua estrutura, ou

função anatômica, fisiológica, psicológica mental, que gerem incapacidade para

certas atividades, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. Os tipos

mais comuns de deficiência são as deficiências física, mental, visual, auditiva e

múltipla.

A deficiência física caracteriza-se por uma variedade de condições que

afetam um ou mais segmentos do corpo humano, que acarretam o

comprometimento da função física, em termos de mobilidade, de coordenação

motora geral ou da fala. Abrange, entre outras condições, paraplegia, tetraplegia,

hemiplegia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com

deformidade.

A deficiência mental caracteriza-se pelo funcionamento intelectual geral

significativamente abaixo da média, com manifestação antes dos 18 anos,

concomitantemente com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta

adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às

demandas da sociedade quanto a comunicação, cuidados pessoais, habilidades

sociais, desempenho na família e na comunidade, independência na locomoção,

saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.

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A deficiência visual é a redução ou perda da capacidade de enxergar,

em caráter definitivo, não podendo ser corrigida ou melhorada com o tratamento

oftalmológico, nem com o uso de lentes, óculos, ou cirurgia.

A deficiência auditiva caracteriza-se pela perda bilateral, total ou parcial

da audição, e dependendo da variação de graus e níveis, pode ocasionar surdez

leve, moderada, acentuada, profunda ou surdez total.

As deficiências múltiplas caracterizam-se pela associação, no mesmo

indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (mental, visual, auditiva, física).

Ao longo dos anos várias expressões foram utilizadas para designar as

pessoas portadoras de deficiência, tais como “indivíduos de capacidade limitada”,

“minorados”, “impedidos”, “descapitados”, “excepcionais”, “inválido”, “deficiente”,

“portador de deficiência”, “pessoa com deficiência”, “portador de necessidades

especiais”, “pessoa com necessidades especiais” (ARAÚJO, 2003).

Independente da nomenclatura utilizada, as pessoas deficientes, ao

longo da história da humanidade, sempre estiveram segregadas, nas mais variadas

épocas. Na era pré cristã, tendia-se a negligenciar e a maltratar os deficientes. Na

Antiguidade, por não corresponderem aos padrões estéticos, muitos deficientes

foram abandonados ou eliminados.

Para os egípcios, a deficiência era indiciadora e portadora de benesses

e, por isso, divinizava-se; já para os gregos e para os romanos, a deficiência

pressagiava males futuros, que eram afastados, abandonando ou atirando da Rocha

Tarpeia, as crianças deficientes. Na Idade Média, a sociedade, dominada pela

religião e pelo divino, em determinados momentos considerava os deficientes

criaturas divinas, que não poderiam ser desprezadas ou abandonadas por

possuírem alma; mas, em outros momentos, considerava que a deficiência decorria

da intervenção de forças demoníacas e, nesse sentido, “muitos seres humanos

física e mentalmente diferentes - e por isso associados à imagem do diabo e a atos

de feitiçaria e bruxaria - foram vítimas de perseguições, julgamentos e execuções”

(CORREIA, 1997, p. 13).

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Conforme relata Silva (2009, p. 136):

Os tempos medievais viram surgir, contudo, as primeiras atitudes de

caridade para com a deficiência – a piedade de alguns nobres e

algumas ordens religiosas estiveram na base da fundação de

hospícios e de albergues que acolheram deficientes e

marginalizados. No entanto, perdurou ao longo dos tempos e, em

simultâneo com esta atitude piedosa, a ideia de que os deficientes

representavam uma ameaça para pessoas e bens. A sua reclusão,

que se processou em condições de profunda degradação, abandono

e miséria, foi vista, por conseguinte, como necessária à segurança

da sociedade.

No século XVI, há uma mudança no modo de se conceber a

deficiência, de uma abordagem moral para uma abordagem médica, passando as

pessoas que apresentavam alguma anormalidade a serem tratadas, em uma

perspectiva de cura, por meio da prática asilar, abrigando-as em leprosários e

hospitais. No entanto, esse redimensionamento da visão com relação à deficiência

não foi suficiente para provocar alterações na forma de agir diante dela, pois a

sociedade, na época, ainda se sentia incomodada com a presença dessas pessoas,

por fugirem aos padrões vigentes, continuando as pessoas com deficiência

abandonadas à própria sorte, isolados e com pouca atenção da família, da

comunidade e do Estado.

Segundo relata Pessoti (1994, p. 24), nessa época, não se podia mais,

(...) justificadamente, delegar à divindade o cuidado de suas criaturas

deficitárias, nem se pode, em nome da fé e da moral, levá-las à

fogueira ou às gales. Não há mais lugar para a irresponsabilidade

social e política, diante da deficiência mental, mas ao mesmo tempo,

não há vantagens para o poder público, para o comodismo da

família, em assumir a tarefa ingrata e dispendiosa em educá-lo. A

opção intermediária é a segregação; não se pune, nem se abandona,

mas também não se sobrecarrega o governo e a família com sua

incômoda presença.

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É entre os séculos XVIII e XIX foram fundadas instituições para

oferecer uma educação voltada ao deficiente, surgindo à educação especial como

uma nova modalidade de ensino, fruto de ações isoladas de profissionais da área

médica. Atribui-se ao médico francês Jean Marc Hard (1774-1838), a elaboração do

primeiro programa sistemático de educação especial.

Hard elaborou o primeiro manual de educação de “retardados”, a

partir do estudo de caso de uma criança “idiota”, conhecida como

“selvagem de Aveyron”, empregando como regra básica de

aprendizagem a repetição de experiências de sucesso. Seus estudos

serviam de referência para o médico Edward Seguin, fundador do

primeiro internato público para crianças “retardadas mentais” na

França. Seguin criou um currículo baseado na neurofisiologia e na

utilização de material didático, orientado por um treinamento

sistemático dos professores, empregando cores, música e outros

meios para motivar a criança (MATOS, 2013, p. 01).

Essas instituições apresentavam um caráter assistencial, com práticas

numa perspectiva mais clínica do que educacional, como relata Silva (2009, p. 137):

A institucionalização teve, pois, numa fase inicial, um caráter

assistencial. A preocupação com a educação surgiu mais tarde, pela

mão de reformadores sociais, de clérigos e de médicos, com a

contribuição de associações profissionais então constituídas e com o

desenvolvimento científico e técnico que se foi verificando, de que os

testes psicométricos de Binet e Simon, cuja escala métrica da

inteligência permitia avaliar os alunos que iam para escolas

especiais, são um exemplo. Surgem instituições para surdos, mais

tarde para cegos e muito mais tarde para deficientes mentais e as

primeiras obras impressas no âmbito da deficiência, “Redução das

Letras e Arte de Ensinar os Mudos a Falar”, de Bonet, e “Doutrina

para os Surdos-Mudos”, de Ponce de Léon.

Nessa fase da educação especial, de caráter médico-terapêutico, tem-

se o reconhecimento do direito das pessoas com deficiência à educação e a

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reabilitação, surgindo instituições especiais para o atendimento dessa população. No

entanto, o processo de colocá-los nessas instituições decorria de um diagnóstico

médico-psico-pedagógico, e, não deixava de ser um processo segregativo, uma vez

que essas pessoas eram rotuladas e segregadas em função de sua deficiência.

No século XX, a partir da década de 1960, as práticas de

institucionalização e seus pressupostos teóricos começam a ser questionados.

Vários fatores contribuíram para esses questionamentos, tais como, o

reconhecimento de “que a vida na instituição era desumanizadora, afetava a

autoestima, tornava os pacientes impossibilitados de viver em sociedade, os tratos

não eram adequados” (SILVA, 2003, p. 07), as discussões sobre os direitos

humanos, o desenvolvimento de associações de pais, deficientes e voluntários, que

reivindicaram lugar na sociedade para os deficientes, em nome da Declaração dos

Direitos do Homem e dos Direitos da Criança.

Do ponto de vista educativo e social, tem-se por perspectiva a

integração das pessoas com deficiência, e, para tanto,

defendia-se um atendimento educativo diferenciado e individualizado,

de forma a que cada aluno pudesse atingir metas semelhantes, o

que implicava a necessidade de adequar métodos de ensino, meios

pedagógicos, currículos, recursos humanos e materiais, bem como

os espaços educativos, tendo em conta que a intervenção junto

destes alunos, respeitando a sua individualidade, deveria ser tão

precoce quanto possível (...) (SILVA, 2009, p. 139).

Nessa ótica, as instituições ao invés de locais de confinamento passam

a ter a função de preparar a pessoa com deficiência para o convívio em sociedade,

preparando-os para o trabalho e desenvolvendo sua autossuficiência. Segundo

Bueno (1999, p. 08), a integração:

tinha como pressuposto que o problema residia nas características

das crianças excepcionais, na medida que centrava toda sua

argumentação na perspectiva de detecção mais precisa dessas

características e no estabelecimento de critérios baseados nessa

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detecção para a incorporação ou não pelo ensino regular, expresso

na afirmação - sempre que suas condições pessoais permitirem.

A integração decorreu da aplicação do conceito de “normalização” -

definida como o oferecimento de condições e modelos de vida mais próximas

possíveis aos disponíveis às outras pessoas de uma dada sociedade -, que ganhou

repercussão nos Estados Unidos na década de 1970 e expandiu-se para outros

países da Europa e para o Canadá, e, nesse sentido, a educação das pessoas com

deficiência deveria ser feita em instituições de educação e de ensino regular,

ocorrendo, no de decorrer dos anos 70 a 80, um forte crescimento do movimento de

integração de crianças portadoras de deficiência na classe regular de ensino.

Segundo Sassaki (2005), no modelo da integração a sociedade aceita

receber as pessoas com deficiência, desde que os mesmos sejam capazes de se

ajustar aos requisitos dos serviços ofertados, de acompanhar os procedimentos

tradicionais, de contornar os obstáculos existentes, de lidar com atitudes

discriminatórias, e de desempenhar papéis sociais com autonomia.

Marques (apud REGEN, 1998, p. 47), acrescenta que o modelo da

integração não atende às necessidades de aprendizagem desse grupo, porque:

a Educação Especial espelha-se nas Instituições ao criar escola e

classes especiais, contribuindo para que crianças com deficiência

sejam facilmente identificadas e mantidas afastadas do convívio com

as outras crianças, quer na escola, quer na sua vizinhança. As

classes especiais dentro das escolas comuns funcionam mais para

impedir que esses alunos interfiram no ensino e não tragam

problemas ao professor, impedindo-os de ensinar adequadamente o

resto da classe.

Em 1981 foi instituído o Ano Internacional das Pessoas com

Deficiência, sendo lançado um programa de ação mundial, aprovado pela

Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), pela igualdade de

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oportunidades para todos, favorecendo importante mudança de enfoque, apoiando-

se na noção de direito e não mais de benevolência.

A Carta para os Anos 80, proclamada pela Rehabilitation International e

recomendada pela Assembléia Geral da ONU, “definiu, como metas a atingir, a

participação total e a igualdade para as pessoas deficientes de todo o mundo, ou

seja, o direito de partilhar a vida social normal da sua comunidade, com tudo o que

lhe está subjacente” (SILVA, 2009, p. 143).

A partir daí, movimentos sociais reivindicaram o direito das pessoas

deficientes de ter acesso aos bens e serviços sociais disponíveis para os demais

integrantes da sociedade, inclusive a classe comum, visando, assim, a inclusão

social, “entendida como o processo pelo qual a sociedade se adapta de forma a

poder incluir, em todos os seus sistemas, pessoas com necessidades especiais e,

em simultâneo, estas se preparam para assumir o seu papel na sociedade” (SILVA,

2009, p. 144).

No campo educacional, o movimento denominado Regular Education

Iniciative (REI) – Iniciativa da Educação Regular, nos Estados Unidos, influenciou

diretamente a proposta de inclusão escolar. Esse movimento delineava a

necessidade de unificar a educação especial e a regular num único sistema

educativo, criticando a ineficácia da educação especial nos moldes da integração.

Conforme relata Mendes (2006, p. 393):

A proposta contida na "Iniciativa da Educação Regular" surgiu a partir

da publicação, em 1986, de um artigo por Madeleine C. Will, que era

secretária assistente dos serviços de educação especial e de

reabilitação, no qual ela denunciava as limitações da legislação

vigente, apontando a necessidade de parcerias entre educação

regular e especial, de otimizar os recursos e os serviços

educacionais. Com a alegação de que a educação de crianças e

jovens com necessidades educacionais especiais deveria ser

responsabilidade da educação comum, Will defendia que todos os

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alunos deveriam ser inseridos nas classes comuns das escolas

comuns, sem descartar a necessidade de manutenção dos serviços

de ensino especial separados. O ponto básico dessa proposta foi a

busca pela junção dos recursos da educação regular e especial, a

fim de melhor atender estudantes cujas necessidades educacionais

eram, principalmente, acadêmicas.

Vários documentos enfatizaram a necessidade de prover

oportunidades educacionais às pessoas com deficiência, dentre eles, o “Programa

Mundial de Ação Relativa às Pessoas com Deficiência”, em 1983 e as “Normas

sobre a Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiência”, em 1994,

ambos da Organização das Nações Unidas. No entanto, o marco fundamental,

ocorreu com a Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais,

em 1994, que resultou na Declaração de Salamanca, defendendo que

a escola regular deve ajustar-se a todas as crianças

independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas

ou outras, isto é, crianças com deficiência ou sobredotadas, crianças

de rua ou crianças que trabalham, crianças de populações imigradas

ou nômades, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas

ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou

marginais (Declaração de Salamanca, UNESCO, 1994).

Sanchez (2005) afirma que, em um primeiro momento, o termo

inclusão surgiu como uma alternativa ao termo integração e, em um segundo

momento, como tentativa de eliminar as situações de exclusão de muitos alunos,

que estavam sob o princípio da integração. Por fim, surgiu como uma proposta na

qual todos os alunos, com ou sem necessidades especiais, recebessem uma

educação de qualidade, sem distinção nas classes regulares de ensino.

Assim, a educação especial seguiu padrão semelhante de evolução, na

maioria dos países. Em um primeiro momento, caracterizado pela segregação e

exclusão, as pessoas com deficiência eram simplesmente ignoradas, evitadas,

abandonadas ou encarceradas, quando não exterminadas.

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Num segundo, houve uma modificação no olhar sobre essas pessoas,

que passaram a ser percebida como possuidoras de certas capacidades, ainda que

limitadas, como por exemplo, a de aprendizagem. Ou seja, os excluídos começaram

a ser integrados a certos setores sociais, mas ainda predominava um olhar de tutela,

e a prática correspondente, no que lhes dizia respeito, muito embora não fosse mais

a de rejeição e medo, ainda era excludente, na medida em que se propunha a

“protegê-los”, utilizando-se, para tanto, de asilos e abrigos, dos quais estas pessoas

raramente saiam.

Ocorre então um terceiro momento, marcado pelo reconhecimento do

valor humano destes indivíduos, e como tal, o reconhecimento de seus direitos, a

inclusão propriamente dita.

1.2 A trajetória da inclusão no Brasil

De acordo com Januzzi (1992), no Brasil, a preocupação com a

educação das pessoas diferentes iniciou no final do Império e início da República e

tem como marcos principais a criação, no século XIX, do Imperial Instituto dos

Meninos Cegos (hoje, Instituto Benjamin Constant) e do Instituto dos Surdos e

Mudos (hoje, Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES). Os cegos, assim

como os surdos, só saiam dessas instituições quando eram considerados aptos ao

convívio social. Conforme relata a autora,

A criação dessas primeiras instituições especializadas (...) não

passaram de umas poucas iniciativas isoladas, as quais abrangeram

os mais lesados, os que se distinguiam, se distanciavam ou pelo

aspecto social ou pelo comportamento divergentes. Os que não o

eram assim a “olho nu” estariam, incorporados às tarefas sociais

mais simples. Numa sociedade rural desescolarizada (JANNUZZI,

1992, p. 28).

Para as pessoas portadoras de deficiência mental, iniciou-se em 1874

o atendimento no Hospital Psiquiátrico da Bahia, atualmente conhecido como

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Hospital Juliano Moreira. Por longos anos este foi o encaminhamento dado para os

atendimentos ao portador de necessidades especiais na área de deficiência mental.

Esse caráter assistencialista irá compor toda a história da educação

especial do Brasil. Através de uma política de favor foram mantidas e criadas outras

instituições que ofereciam abrigo a essa parcela da população, cumprindo a função

de auxílio aos desvalidos, isto é, aqueles que não possuíam condições para

exercerem sua cidadania.

Neste período, segundo Mendes (2001), prevaleceu o descaso em

relação à educação das pessoas com deficiência, e as propostas na educação

especial se baseavam em duas vertentes:

Vertente médico pedagógica: mais subordinada ao médico, não só

na determinação do diagnóstico, mas também no âmbito das práticas

escolares ([).

Vertente psicopedagógica: que não independe do médico, mas

enfatiza os princípios psicológicos ([) (JANNUZZI, 1992, p. 59).

A vertente pedagógica tinha por característica a preocupação

higienizadora, refletindo na instalação de escolas em hospitais, promovendo maior

segregação de atendimentos aos deficientes. A vertente psicopedagógica, mesmo

visando a educação do deficiente, também se revelou segregadora posto que

selecionava essas pessoas por meio de escalas psicológicas e escalas de

inteligência, dando origem as classes especiais (JANNUZZI, 1992).

Após a proclamação da República, a educação especial foi-se

expandindo de forma extremamente lenta, não ocorrendo, até a primeira metade do

século XX, uma preocupação no panorama da educação nacional com as crianças

deficientes. As reformas estavam voltadas para a educação do indivíduo normal,

constatando-se, nesse período, considerável aumento no número de entidades para

atendimento de deficientes.

Nesse período, a deficiência mental teve destaque nas políticas

publicas, mas sob um viés higienista, na visão de alguns autores, pois a “concepção

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de deficiência predominante era a de que se tratava de uma doença, em geral

atribuída à sífilis, tuberculose, doenças venéreas, pobreza e falta de higiene”

(MENDES, 2010, p. 95).

O interesse pela educação desses deficientes começa com os serviços

de higiene mental e saúde pública, que deu origem, em 1911, em São Paulo, ao

serviço de inspeção médica escolar, responsável por identificar as pessoas com

deficiência e pela formação de pessoal para trabalhar com essas pessoas.

Esse fato trouxe a marca de que a educação dos deficientes deveria se

pautar nos procedimentos da medicina, incorporando os processos de reabilitação.

Sendo assim, estava dado o início à descaracterização do ensino especial. A visão

de cura, reabilitação e eliminação de comportamentos anormais constituía-se

basicamente no núcleo central da educação, o que resultou numa diluição da

importância da verificação dos conhecimentos básicos a serem transmitidos pela

escola.

A ação do Estado com relação à educação especial, embora não

atingisse a quantidade das entidades privadas e se restringisse à deficiência mental,

foi-se sistematizando e se organizando. Pouco a pouco a deficiência mental foi

ocupando seu espaço na educação especial, não só pelo maior número de

instituições a ela dedicadas, como pela força que ela foi adquirindo com relação à

saúde (já que existia a preocupação com a eugenia da raça e com as questões dos

insucessos dos alunos na escola). Pode-se considerar essa preocupação como

início do progresso de legitimação da segregação pelos especialistas, dos alunos

diferentes, na medida em que a escolaridade passou a ser uma expectativa social

mais abrangente, principalmente em relação à população rural que se deslocava

para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida.

A partir da década de 1960, várias iniciativas foram implementadas na

área da educação especial, como relata Ferreira (2006, p. 87):

A partir do final dos anos 1960, e de modo mais destacado nos anos

1970, as reformas educacionais alcançaram a área de educação

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especial sob a égide dos discursos da normalização e da integração.

A educação especial constou como área prioritária nos planos

setoriais de educação, após a Emenda constitucional de 1978 e a Lei

nº. 5692/71, de reforma do 1º e 2º graus, e foi contemplada com a

edição de normas e planos políticos de âmbito nacional: as

definições do Conselho Federal de Educação sobre a educação

escolar dos excepcionais, as resoluções dos Conselhos Estaduais de

Educação sobre diretrizes de educação especial, a criação dos

setores de educação especial nos sistemas de ensino, a criação das

carreiras especializadas em educação especial na educação escolar

(os professores dos excepcionais) e também no campo de

reabilitação (a constituição das equipes de reabilitação/ educação

especial).

Assim, na década de 1970 a educação especial brasileira chega como

uma das prioridades da política educacional, consubstanciada pela criação do

Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) com a finalidade de promover,

em todo o território nacional, a expansão e melhoria do atendimento do atendimento

aos portadores de necessidades especiais. A propósito, Bueno (1991) esclarece

que:

A educação especial brasileira, nesta década chega a se incorporar

às prioridades educacionais do país, fazendo com que boa parte dos

estudiosos analisem esse percurso somente pelo ângulo do aumento

de oportunidades educacionais, deixando de lado a legitimação da

escola, no que tange à imputação do fracasso escolar a

características pessoais da criança ou ao seu mais próximo,

contribuindo para a manutenção da política educacional que dificulta

o acesso ao conhecimento pelos membros das classes mais pobres

economicamente, e assim dificulta a integração do aluno diferente,

na escola e na sociedade. Serve de instrumento para a legitimação

de sua segregação.

Nesse processo, a educação especial brasileira distinguiu-se pela

ampliação e proliferação de entidades privadas, ao lado do aumento da população

atendida pela rede pública, que foi se figurando, cada vez mais, como uma ação em

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nível nacional, quer como criação de federações estaduais e nacionais de entidades

privadas, quer como pelo surgimento dos primeiros serviços de Educação Especial

nas Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e das campanhas nacionais de

educação de deficientes ligadas ao Ministério de Educação e Desporto. E, por isso

novos enfoques sobre a avaliação e duração dos estudos dos deficientes foram

surgindo. Alguns municípios, já na década de 80, criaram projetos educacionais

voltados especificamente para o portador de deficiência.

Na década de 1980, surgem preceitos constitucionais que determinam

o direito à educação das pessoas portadoras de deficiência. A Constituição Federal

de 1988, no Capítulo II, art. 205, declara se “a educação, direito de todos e dever do

Estado e da Família será promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade”. Além disso, o art. 208, inciso III reassegura que “o atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência será preferencialmente na

rede regular de ensino.”

A Lei Federal 7.853, de 1989, que dispõe sobre o apoio aos deficientes

e sua integração social, definindo o preconceito como crime, declara em seu art. 208

que:

Art. 208. Ao poder público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas

portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos,

inclusive dos direitos à educação. Além da oferta, obrigatória e

gratuita, da Educação Especial em estabelecimentos públicos de

ensino, bem como a matrícula compulsória, em cursos regulares de

estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de

deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino.

Por último, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB), Lei nº 9.394/96, se preocupou em incluir as crianças portadoras de

necessidades especiais em turmas de ensino regular, preconizando em seu art. 58

que “entende-se por educação especial, para efeitos desta Lei, a modalidade

escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos

portadores de necessidades especiais”. E mais adiante, no art. 205, determina que

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“o atendimento será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre

que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua

integração nas classes comuns de ensino regular”.

Pode-se observar que a LDB não adota o fim do ensino especial, mas

alerta que somente os que não possuem nenhuma condição de estar em uma turma

regular devem ser mantidos em classes ou escolas especiais, caso contrário, é

obrigatório receber os portadores de necessidades educativas, integrando-os em

classes comuns. Nesse sentido, nenhuma escola pode recusar, sem justa causa, o

acesso do deficiente à instituição.

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CAPÍTULO II

A ESCOLA COMO MEIO FUNDAMENTAL DE INCLUSÃO

2.1 Conceituando a educação inclusiva

As pessoas com deficiência foram excluídas da prática da educação

por vários séculos, porque eram tidas como inúteis ou pessoas isentas de qualquer

capacidade de realização. Negavam-se ou subestimavam-se, assim, as suas

capacidades, ficando à margem dos grupos sociais e ausentes de qualquer forma de

atendimento escolar.

Segundo Ballard (apud SANCHEZ, 2005), a característica fundamental

da educação inclusiva é a não discriminação das deficiências, da cultura e do

gênero. A Declaração de Salamanca muito contribuiu no sentido de ampliar a

concepção de inclusão escolar, discutindo o conceito do que é educação especial:

A escola inclusiva é o lugar onde todas as crianças devem aprender

juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer

dificuldades ou diferenças que elas possam ter, conhecendo e

respondendo às necessidades diversas de seus alunos, acomodando

ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma

educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado,

arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e

parceria com as comunidades (art. VIII da Declaração de Salamanca,

1994).

Na proposta da educação inclusiva, os alunos com deficiência,

independentemente do grau de comprometimento cognitivo, devem frequentar as

classes comuns do ensino regular, cabendo à escola se adaptar para atender às

necessidades dos mesmos (MACHADO, 2005).

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De acordo com Silva (2009, p. 148):

A educação inclusiva parte do pressuposto de que todos os alunos

estão na escola para aprender e, por isso, participam e interagem

uns com os outros, independentemente das dificuldades mais ou

menos complexas que alguns possam evidenciar e às quais cabe à

escola adaptar-se, nomeadamente porque esta atitude constitui um

desafio que cria novas situações de aprendizagem. Nesse sentido, a

diferença é um valor e a escola é um lugar que proporciona interação

de aprendizagens significativas a todos os seus alunos, baseadas na

cooperação e na diferenciação inclusiva.

Nesse sentido, Prieto (2006, p.40) coloca que:

a educação inclusiva tem sido caracterizada como um “novo

paradigma”, que se constitui pelo apreço à diversidade como

condição a ser valorizada, pois é benéfica à escolarização de todas

as pessoas, pelo respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem e

pela proposição de outras práticas pedagógicas, o que exige ruptura

com o instituído na sociedade e, consequentemente, nos sistemas de

ensino.

A inclusão, portanto, baseia-se na aceitação das diferenças individuais,

na valorização de cada pessoa, na convivência dentro da diversidade humana e na

aprendizagem por meio da cooperação. E como bem ressalta Bueno (1999, p. 09):

Não podemos deixar de considerar que a implementação da

educação inclusiva demanda, por um lado, ousadia e coragem, mas,

por outro, prudência e sensatez, quer seja na ação educativa

concreta (de acesso e permanência qualificada, de organização

escolar e do trabalho pedagógico e da ação docente) ou nos estudos

e investigações que procurem descrever, explicar, equacionar,

criticar e propor alternativas para a educação especial.

A inclusão exige, portanto, uma transformação da escola, pois caberá a

ela adaptar-se às condições dos alunos, não se limitando ao atendimento aos

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indivíduos que apresentam necessidades educacionais especiais, mas apoiar a

todos que fazem parte da escola: professores, alunos e pessoal administrativo

(DECHICHI, 2001).

A Política Nacional de Educação Especial (PNEE) define o aluno com

necessidades especiais como sendo aquele que “por apresentar necessidades

próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares

correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias

educacionais específicas.”

A PNEE classifica as deficiências em: deficiência auditiva; deficiência

física; deficiência mental; deficiência visual; deficiências múltiplas (associação, no

mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências - mental, visual, auditiva, física). A

PNEE aponta, ainda, como público alvo da educação especial os alunos com

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles

que apresentam “um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor,

comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras”

(BRASIL, 2008, p. 02).

Considera-se aluno com altas habilidades/superdotação aqueles que

apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos

seguintes aspectos, de forma isolada ou combinada: capacidade intelectual geral,

aptidão acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de

liderança, talento especial para as artes e capacidade psicomotora (BRASIL, 2008).

Segundo Glat e Oliveira (2003, p. 12), “no modelo de inclusão

propriamente dita, esses alunos independente do tipo ou grau de comprometimento,

devem ser matriculados diretamente no ensino regular, cabendo à escola se adaptar

para atender às suas necessidades na classe regular.”

Góes (2002) acrescenta que não se trata de escolher entre escola

regular e escola especial, mas de “inovar a escola e não pensá-la num

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funcionamento uniforme, com pequenos ajustes aos sujeitos considerados incluídos”

(p.110). A respeito, Blanco (2002, p.31), coloca que a escola “tem que incluir,

sustentar, acompanhar, apoiar, enriquecer e oferecer tudo o que esta pessoa

necessita em sua singularidade para ter êxito no objetivo de integrar”.

A escola, portanto, deve estar preparada para trabalhar com os alunos

que chegam até ela, independentemente de suas diferenças ou características

individuais, sendo certo que apenas a presença física de alunos com necessidades

especiais na classe regular não é garantia de inclusão.

A literatura especializada evidencia que, no cotidiano das salas de

aula, os alunos com necessidades educacionais especiais inseridos nas salas de

aula regulares vivem uma situação de experiência escolar precária, ficando quase

sempre à margem dos acontecimentos e das atividades em classe, porque muito

pouco de especial é realizado com relação às características de sua diferença.

2.2 A inclusão nas classes regulares

Falar do processo de inclusão dos portadores de necessidades

educacionais especiais significa entender que seu grau de desenvolvimento e

socialização pode ser bastante satisfatório quando os mesmos passam a ser vistos

como indivíduos capazes de fazer parte de um mundo designado para habilidosos e

competentes.

Sob esse aspecto, Schwartzman (1999, p. 253) afirma que:

atualmente, no ensino regular, a criança deve adequar-se à estrutura

da escola para ser integrada com sucesso. O correto seria mudar o

sistema, mas não a criança. No ensino inclusivo, a estrutura escolar

é que se deve ajustar às necessidades de todos os alunos,

favorecendo a integração e o desenvolvimento de todos, tenham

NEE [necessidade educativa especial] ou não.

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Assim, há de se entender que fatores internos à estrutura escolar, tais

como a organização administrativa e disciplinar, o currículo, os métodos e os

recursos humanos e materiais da escola são determinantes para a inclusão desses

alunos com deficiência. Isto porque,

A educação inclusiva pressupõe que os alunos com deficiência

estejam em classes comuns do ensino regular participando das

atividades com os demais alunos, com apoio pedagógico às suas

necessidades educacionais especiais, com ambiente e estrutura

escolar modificadas para receber esses alunos com acessibilidade

física (arquitetônica) e de comunicação. Como também que os

professores revejam suas práticas educacionais pela reflexão crítica

com vistas à inclusão de todos os alunos. Portanto, existe uma série

de mudanças que envolvem o planejamento, a avaliação, o currículo,

a adaptação curricular, a discussão do Projeto Político Pedagógico e

outras modificações necessárias para que esses alunos recebam um

atendimento com qualidade e aproveitamento pedagógico. A

educação inclusiva é para todos os alunos e não apenas para os que

têm deficiência, implicando, dessa maneira, na revisão das práticas

educacionais (ROCHA, 2009, p. 129-131).

O trabalho deve centrar-se prioritariamente no contato e na integração

com os outros, com o material adequado. E, a partir do próprio ritmo do aluno com

necessidades educacionais especiais, surge o desejo de progredir, favorecendo seu

desenvolvimento global. Assim o trabalho pedagógico deve primordialmente

respeitar o ritmo do aluno com necessidade educacional especial e propiciar-lhe

estimulação adequada para desenvolvimento de suas habilidades.

Segundo Vygotsky (1995), deve-se olhar as possibilidades do aluno e

não apenas as suas dificuldades. “O que temos que buscar são as forças positivas

do defeito, dirigindo-nos para alcançar o que é socialmente valorizado, construindo

assim a autoestima perdida ou não estabelecida” (PADILHA, 1997, p. 33).

Frequentar a escola permitirá ao aluno com necessidade educacional

especial adquirir, progressivamente, conhecimentos, cada vez mais complexos que

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serão exigidos da sociedade e cujas bases são indispensáveis para a formação de

qualquer indivíduo.

Segundo a psicogênese, o indivíduo é considerado como instrumento

essencial à interação e ação. E como descreve Piaget (1974), o conhecimento não

procede, em suas origens, nem de um sujeito consciente de si mesmo, nem de

objetos já constituídos e que a ele se imponham. O conhecimento resulta da

interação entre os dois. Desta forma a escola deve adotar uma proposta curricular,

que se baseie na interação sujeito objeto, envolvendo o desenvolvimento desde o

começo.

No que se refere à educação dos alunos com necessidades especiais,

Vygotsky (1991) acreditava que o papel do educador estava em descobrir as vias

peculiares pelas quais elas aprendiam e que ele deveria conduzi-las. A descoberta

destas novas vias eram impostas pelo meio social e orientada para fins sociais e,

portanto, deveriam ser investigadas em conjunto com eles a fim de esclarecer o

processo peculiar do desenvolvimento que ocorre nos alunos com deficiência, uma

vez que estes não apresentam um desenvolvimento incompleto e insuficiente em

relação aos demais com desenvolvimento típico da mesma idade, mas sim um

desenvolvimento que segue um caminho peculiar, diferenciando-se em seus

aspectos qualitativos.

Para Vygotsky (1991) a compensação do déficit intelectual pode estar

nas outras vias do desenvolvimento humano como no desenvolvimento motor. Daí a

importância de um estudo conjunto das diversas vias do desenvolvimento a fim de

propor alternativas para educação dos alunos com necessidades educacionais

especiais para além das atividades intelectuais como ler, escrever e contar.

As possibilidades de surgimento das vias indiretas do desenvolvimento

são influenciadas pelas condições afetivas favoráveis que conduzem esse aluno a

reinventar um novo caminho para transpor as suas deficiências e seguir de um modo

peculiar pela via direta do desenvolvimento.

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No entanto, as possibilidades criativas do aluno com deficiência, por via

indireta, dependerão das solicitações e mediações do meio. Sendo assim, o ensino

dos alunos especiais deve ocorrer de forma sistemática e organizada, seguindo

passos previamente estabelecidos, o ensino não deve ser teórico e metódico e sim

deve ocorrer de forma agradável e que desperte o interesse.

Considerando que a educação inclusiva vai além da inserção do aluno

com necessidades educacionais especiais em sala de aula regular, muito se tem

questionado acercas das práticas pedagógicas a serem adotados junto aos alunos

com necessidades educacionais especiais. Essas indagações se dirigem a quais

alterações estruturais, modificações na condução do processo de ensinar e aprender

e principalmente, que propostas metodológicas e ações pedagógicas devem ser

estruturadas para atender as necessidades dos alunos incluídos, contribuindo para

que estas compreendam a diferença como aspecto inerente à condição humana,

indispensável ao exercício da cidadania.

É preciso trabalhar com currículo abertos e propostas curriculares

diversificadas, uma maior flexibilidade na organização e no funcionamento da escola

para atender a demanda de alunos, é preciso estar-se atento, pois a adaptação

curricular não é somente mudar conteúdos, acrescentar ou retirar o que se deve ser

transmitido. É preciso transformar o espaço onde as informações adquirem forma.

Respostas às necessidades educativas devem estar previstas e

respaldadas no projeto político pedagógico da escola não por meio de um currículo

novo, mas por adaptação progressiva regular, adaptando o conteúdo das aulas às

necessidades específicas dos alunos.

Para os alunos especiais, uma educação integrada possibilita

compartilhar experiências de aprendizagem e de socialização, aprender a interação

com o outro. Para os alunos normais, há a possibilidade da convivência com a

diferença, a prática das relações de ajuda e solidariedade o respeito e aprendizagem

de condutas nem sempre usuais para resolver problemas comuns. Ambos os grupos

aprendem linguagens diferentes para a leitura do mundo. A inclusão de alunos

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especiais amplia a necessidade de utilização de recursos que acabam beneficiando

a todos.

A avaliação do desempenho escolar também precisa sofrer mudanças

para se ajustar às características de um ensino para todos. Faz-se necessário uma

avaliação diferenciada que levam em conta as habilidades individuais, respeita o

ritmo da aprendizagem considerando limites físicos ou intelectuais.O produto não se

avalia por ele mesmo, mas pelo que ele é capaz de produzir.

É imprescindível o envolvimento de profissionais de outras áreas,

especialmente da saúde e da ação social, bem como de pais e da comunidade em

geral, além de realizar um trabalho de sensibilização junto ao corpo docente,

discente e funcionários do sistema e promover um programa de capacitação e

aprimoramento profissional.

O processo de inclusão depende, ainda, de investimentos na escola de

forma que a mesma esteja adaptada fisicamente para acolher todos os alunos.

Pode-se citar como exemplos de adaptação do ambiente físico rampas de acesso,

corrimão nos banheiros, superfícies não escorregadias, entre outras. Essas

modificações facilitam o acesso dos alunos e proporcionam um ambiente mais

agradável. Além disso, o suporte e a capacitação de professores e profissionais

especializados em educação especial tornam-se indispensáveis para que o

processo de inclusão se torne efetivo. Tais melhorias estão descritas na Declaração

de Salamanca:

(...) Mudanças em todos os seguintes aspectos da escolarização,

assim como em muitos outros, são necessárias para a contribuição

de escolas inclusivas bem-sucedidas: currículo, prédios, organização

escolar, pedagogia, avaliação, pessoal, filosofia da escola e

atividades extra curriculares (art. 24, Declaração de Salamanca).

O importante é que, dentro de uma dimensão globalizada da escola e

da essência do seu projeto pedagógico, precisa-se ter compromisso e fazer frente à

perspectiva inclusiva.

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2.3 Dados da educação inclusiva

Dados do Censo Escolar do Ministério da Educação e Cultura, contidos

no documento “Números da Educação Especial no Brasil”, e da Política Nacional de

Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (SEEsp, MEC, 2008)

apontam que em 1998, 87% de todas as matrículas da educação especial

encontravam-se nas escolas privadas, sobretudo em instituições especializadas

filantrópicas, enquanto apenas 13% estavam nas escolas regulares em classes

comuns. Em 2006, do total de 700.624 matrículas na educação especial, 53,6%

encontravam-se matriculados em escolas especializadas, e 46,4% nas escolas

regulares em classes comuns. Em 2008, 67% dos alunos com necessidade

educacionais especiais encontravam-se matriculados em instituições públicas de

ensino registram, e 33% nas instituições privadas. Pode-se observar no período de

1998-2008 um aumento significativo de matrícula nas redes públicas de ensino

(BRASIL, MEC/SEESP, 2008).

Na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, há aproximadamente

715.327 alunos matriculados, dos quais 9.559 apresentam algum tipo de

necessidade educacional especial, conforme dados Censo Escolar. O total de

matrícula em educação especial no Rio de Janeiro, em todas as dependências

administrativas (Estadual, Federal, Municipal e Privada), equivale a 13.001, dos

quais 9.559 são alunos da Rede Municipal. O Município, portanto, é responsável

pela inclusão de aproximadamente 74% do total de alunos com deficiência

matriculados nas instituições de ensino da cidade. O maior número de alunos

matriculados na educação especial concentra-se no Ensino Fundamental, seguido

da Educação Infantil na rede pública municipal (ROCHA, 2009).

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CAPÍTULO III

O SUPERVISOR ESCOLAR NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO

INCLUSIVA

3.1 Ação pedagógica supervisora

Para Aranha (2001), a inclusão escolar prevê intervenções decisivas e

incisivas, em ambos os lados da equação: no processo de desenvolvimento do

sujeito e no processo de reajuste da realidade social. Assim, além de se investir no

processo de desenvolvimento do indivíduo, busca-se a criação imediata de

condições que garantam o acesso e a participação da pessoa na vida comunitária,

através da provisão de suportes físicos, psicológicos, sociais e instrumentais.

Em se tratando do atendimento escolar de alunos com necessidades

educacionais especiais, Mazzotta (2002, p. 36) entende que:

(...) efetivação da educação escolar para todos, mediante recursos

tais como educação especial, preferencialmente na rede regular de

ensino, para os que a requeiram ou educação inclusiva onde a

diversidade de condições dos alunos possa ser competentemente

contemplada e atendida, demandará uma ação governamental e não

governamental marcada pela sinergia, que algumas vezes parece

ser até enunciada. Isto sem ignorar que a verdadeira inclusão

escolar e social implica, essencialmente, a vivência de sentimentos e

atitudes de respeito ao outro como cidadão.

Para que a inclusão social e escolar seja construída, a educação para

todos deve prever o atendimento à diversidade de necessidades e características da

demanda escolar. Corroborando tal premissa, para Sousa e Prieto (2002, p. 124):

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O ‘especial’ refere-se às condições requeridas por alguns alunos que

demandam, em seu processo de aprendizagem, auxílios ou serviços

não comumente presentes na organização escolar. Caracterizam

estas condições, por exemplo, a oferta de materiais e equipamentos

específicos, a eliminação de barreiras arquitetônicas e de mobiliário,

as de comunicação e sinalização e as de currículo, a metodologia

adotada e, o que é fundamental, a garantia de professores

especializados bem como de formação continuada para o conjunto

do magistério.

Ocorre que o currículo básico adotado pelo sistema brasileiro é

unificado para todas as regiões do País e para todo o seu alunado. Assim sendo o

portador de necessidades especiais, quando integrado na classe comum, apropria-

se do saber, respeitadas as suas necessidades de aprendizagem. Para isso, é

indispensável oferecer-lhes serviços complementares de apoio. Bem como fornecer

a devida orientação aos seus professores.

As propostas curriculares para portadores de deficiência mental

matriculados em classes regulares, por exemplo, embora colocadas no currículo

básico do sistema regular de ensino, são adaptadas e flexibilizadas em seu

conteúdo de acordo com as necessidades do aluno. Algumas instituições

especializadas complementam as atividades pedagógicas em sessões de terapia

ocupacional, de fisioterapia, psicomotricidade e de fonoaudiologia.

Já a proposta curricular para alunos portadores de deficiência sensorial

(auditiva e visual) é crescida de uma complementação específica para o

atendimento a sua deficiência. Os portadores de deficiência auditiva recebem

treinamento fonoaudiológico e de linguagem; os portadores de deficiência visual, por

seu lado, recebem treinamento em orientação em mobilidade, psicomotricidade,

utilização dos recursos específicos como o código Braille e o sorobã, além de terapia

ocupacional (atividades da vida diária).

Os portadores de necessidades educativas especiais precisam ser

considerados, a partir de suas potencialidades de aprendizagem, sobre esse

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aspecto é facilmente compreensível que a escola não tenha que consertar o defeito,

valorizando as habilidades que o deficiente não possui, mas o contrário trabalhar

sua potencialidade, com vistas em seu desenvolvimento.

Assim sendo, a realização das ações pedagógicas supervisoras na

pedagogia inclusiva requer uma percepção do sistema escolar como um todo

unificado, em vez de estruturas paralelas, separadas como uma para alunos

regulares e outra para alunos com necessidades educativas especiais.

Os comportamentos inclusivos dentro da escola requer

comprometimento e ações inclusivas, por isso é função do supervisor identificar

essas práticas:

▪ A escola parte da premissa de que cada aluno tem o direito a frequentar à sala de

aula independente de sua deficiência;

▪ Está plenamente comprometida em desenvolver uma comunidade que se preocupe

em fomentar o respeito mútuo e o apoio em equipe escolar, os pai e os alunos;

▪ A diretoria cria um ambiente de trabalho no qual os professores são apoiados;

▪ Os alunos com necessidades educacionais especiais são estimulados a

participarem plenamente da escola, inclusive das atividades extracurriculares;

▪ Está preparada para modificar os sistemas de apoio para os alunos à medida que

as suas necessidades mudem;

▪ Considera os pais uma parte plena da comunidade escolar, aceitando sugestões e

a sua participação;

▪ Proporciona aos alunos com necessidades educacionais especiais um currículo

escolar pleno e flexível sujeito a mudanças caso seja necessário.

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Dessa forma, com base não apenas na ação do supervisor escolar,

mas também na ação dos demais agentes pedagógicos, o que se espera conquistar

é uma educação de qualidade, que garanta a permanência de todos na escola com

a apropriação/produção de conhecimento, que possibilite sua participação na

sociedade.

3.2 O papel do supervisor na escola inclusiva

A educação incorporou no espaça escolar a educação inclusiva como

necessidade prioritária no que se refere a um ensino humanizado e integrado,

possibilitando a inserção de todos os indivíduos no ambiente escolar.

E, neste complexo universo da educação, destaca-se o papel do

supervisor escolar, uma vez que tem na sua prática o exercício de equalizar as

oportunidades, de melhorar a produtividade do desenvolvimento de projetos,

promovendo mudanças estruturais significativas e fundamentais em qualquer

coletividade, sendo o agente modelador que lidera e media as metas e dificuldades,

estando a educação inclusiva amparada muitas vezes por este (DUY, 2007).

Nesta perspectiva, Alarcão (2000, p. 120) discorre sobre a atuação do

supervisor:

i) conhecimento da escola como organização, como uma missão, um

projeto e um determinado nível de desenvolvimento; ii) conhecimento

dos membros da escola e das suas características como indivíduos –

grupos; iii) conhecimento das estratégias de desenvolvimentos

institucional e profissional; iv) conhecimento do fenômeno da

aprendizagem qualificante, experiencial e permanente; v)

conhecimento de metodologias de ação, investigação e formação; vi)

conhecimento de metodologias de avaliação da qualidade (das

aprendizagens, do das políticas atuais e desempenho institucional); e

vii) conhecimento das ideias e das políticas atuais sobre educação,

juntamente com a integração de práticas para todos os profissionais

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da área em determinadas exigências dos projetos e políticas

efetivadas.

Percebe-se a difícil tarefa do supervisor, este sendo muitas vezes

retratado pelos professores como um mediador indébito e totalmente fiscalizador,

não promovendo articulação do processo de integração e flexibilização das ações

pedagógicas com o corpo atuante no espaço intraescolar, mais especificamente na

sala de aula.

Neste mosaico que compete ao supervisor no que diz Alarcão (2002, p.

232) que é; “facilitar, liderar e dinamizar, os profissionais da educação no interior da

escola”, torna-se preocupante a realidade da supervisão no Brasil, pois conforme diz

Duy (2007, p. 137), “não existe no nosso país um retrato completo da educação

inclusiva, e nem a preparação - capacitação - dos dirigentes no auxílio das

atividades escolares - diretores e supervisores, muito menos professores”, o que

dificulta a tarefa do educador na atuação da nova realidade educacional,

prejudicando consideravelmente os alunos e suas necessidades.

Faz-se necessário que os profissionais em supervisão escolar fiquem

atentos na questão de colaborar em adequar os objetivos, conteúdos e critérios de

avaliação, assim como priorizar determinados objetivos e conteúdos, ou ainda

mudar a temporalidade das disciplinas do curso, série ou ciclo na vida dos alunos

portadores de necessidades educativas especiais. A propósito temos algumas

indicações oferecidas pelo Ministério da Educação e Cultura, em 1997, no Seminário

Nacional de Adaptações Curriculares.

Alguns fatores podem beneficiar a integração de alunos portadores de

necessidades educativas especiais em classes regulares:

▪ Programa adequado de atendimento precoce e educação infantil, iniciando o

atendimento educacional desde os primeiros anos de vida;

▪ Redução da proporção professor-aluno em sala de aula;

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▪ Supressão de barreiras arquitetônicas e adaptações das escolas regulares às

necessidades dos diferentes alunos;

▪ Dotação das escolas dos recursos humanos e materiais didáticos que sejam

necessários;

▪ Apoio de uma equipe técnica interdisciplinar;

▪ Bom relacionamento entre a escola e a comunidade onde está inserida já que a

integração não acaba na escola, mas continua fora dela;

▪ Participação ativa dos pais no processo educativo do aluno, mantendo-os sempre

informados, tanto os pais de deficientes, como os outros pais;

▪ Bom nível de comunicação interna, com planejamento de um projeto coletivo para

a escola, com intercâmbio de todos e o debate conjunto dos problemas;

▪ Capacitação e aperfeiçoamento de professores e outros profissionais implicados na

integração escolar.

Para o apoio a um trabalho de inclusão de alunos deficientes na sala

de aula pode-se citar a sala de recursos, que vem a ser um lugar de atendimento

individualizado, preferencialmente em pequenos grupos, em torno de três, com um

professor especializado. A realização desse trabalho individualizado pode acontecer

em um horário à parte da turma do ensino regular ou na própria sala de aula com

apoio de um professor itinerante, que visita várias salas e escolas que necessitem

de seu atendimento e orientação.

Neste processo de integração, que deve idealizado pelo Supervisor

Escolar através de pesquisas, o professor de sala de recursos ou itinerante é um

elemento que sempre estará trabalhando aspectos significativos do contexto da sala

de aula e da escola podendo, então, contribuir para a construção do conhecimento

dos alunos.

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O começo dessa nova consciência pode partir do supervisor, pois ele

tem em suas mãos um cotidiano onde pode auferir diferentes concepções para

exercer suas tarefas profissionais, apostando que essas estratégias de

entendimento podem ajudar alguns cenários com sérios problemas.

Assim, com esse pensamento mais alargado, o supervisor escolar terá

suas ações consequentemente ampliadas, podendo apoiar e sugerir novos

paradigmas de cotidiano para que tudo fique mais articulado com a realidade

apresentada nessa nova era que se apresenta.

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CONCLUSÃO

A educação inclusiva é uma proposta de tornar a educação acessível a

todas as pessoas, incluindo portadores de deficiências. Permitir que todos

participem de uma viagem pelo caminho do conhecimento, e neste caminho trazer

sonhos, felicidade no respeito à singularidade de cada um, em solidariedade com

todos os sujeitos participantes do processo ensino-aprendizagem, é por certo fazer

Educação.

Podemos dizer que principiamos a vislumbrar um progresso em relação

às pessoas deficientes, quando surgiu a perspectiva de uma escola para todos que

deu ensejo ao movimento do que se pode chamar de escola inclusiva, onde os

alunos considerados diferentes, sejam pela condição física, mental ou social possam

estar na mesma escola, preferencialmente próxima a sua casa e com boa qualidade

de ensino.

Diante do paradigma da inclusão, torna-se necessário repensarmos as

novas diretrizes da educação. A educação inclusiva não é tarefa fácil de se resolver

na prática, embora educadores, familiares e comunidade em geral busquem uma

escola de melhor qualidade para todos. Inúmeras e complexas são as condições

que favorecem a proposta inclusiva, mas são muitos os obstáculos existentes.

Acredita-se que a educação inclusiva efetivamente ocorrerá quando, de

fato, atender aos alunos portadores de necessidades especiais, proporcionar a

ampliação do acesso destes alunos às classes comuns; propiciar aos professores da

classe comum um suporte técnico; perceber que as crianças podem aprender juntas,

embora tendo objetivos e processos diferentes; levar os professores a estabelecer

formas criativas de atuação com os alunos portadores de deficiências e propiciar um

atendimento integrado ao professor e supervisor comum.

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Para tanto, a educação inclusiva requer mudanças nos processos de

gestão, na formação de professores, nas metodologias educacionais, com ações

compartilhadas e práticas colaborativas que respondam às necessidades de todos

os alunos. É preciso, ainda, um projeto educacional comprometido que reveja as

estratégias pedagógicas, a organização do espaço acadêmico, o currículo proposto

de maneira a contemplar as necessidades e características específicas daquele

aluno diferente.

O supervisor escolar assume um papel preponderante na busca dessa

escola inclusiva, conscientizando que a inclusão não pode prescindir de uma análise

crítica voltada à oferta educativa permanente da qualidade dos serviços prestados,

seja em escolas comuns, seja em escolas especiais. Comprometido com a

realização de uma educação efetivamente democrática e de qualidade, o supervisor

deve levar o professor a reconhecer que o desenvolvimento das pessoas com

deficiências, por meio de educação, deve ocorrer dentro do processo de inclusão, e

não como requisito para que essas pessoas possam fazer parte da sociedade.

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ÍNDICE

DEDICATÒRIA................................................................................................ 03

AGRADECIMENTOS....................................................................................... 04

RESUMO......................................................................................................... 05

METODOLOGIA ............................................................................................. 06

SUMÁRIO........................................................................................................ 07

INTRODUÇÃO................................................................................................. 08

CAPÍTULO I

COMPREENSÃO DE UM PROCESSO SOCIAL DISCRIMINATÓRIO............ 10

1.1 Da exclusão à inclusão.......................................................................... 10

1.2 A trajetória da inclusão no Brasil............................................................ 18

CAPÍTULO II

A ESCOLA COMO MEIO FUNDAMENTAL DE INCLUSÃO............................. 24

2.1 Conceituando a educação inclusiva....................................................... 24

2.2 A inclusão nas classes regulares........................................................... 27

2.3 Dados da educação inclusiva................................................................ 32

CAPÍTULO III

O SUPERVISOR ESCOLAR NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA........ 33

3.1 Ação pedagógica supervisora................................................................ 33

3.2 O papel do supervisor na escola inclusiva............................................. 36

CONCLUSÃO.................................................................................................... 40

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................. 42

ÍNDICE.............................................................................................................. 46

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FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: A inclusão escolar – um direito de todos

Autor: Angela Cristina Gomes Dias

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: