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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU PROJETO “A VEZ DO MESTRE” PROFESSOR ORIENTADOR: CARLOS CEREJA DE BARROS EDUCAÇÃO INFANTIL: UM NOVO PERFIL DA CRECHE E PRÉ-ESCOLA A PARTIR DE UMA GESTÃO DINÂMICA VANDA DORIA SANTIAGO DOS SANTOS Rio de janeiro Julho de 2004 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Este trabalho tem como proposta a análise de como um gestor dinâmico, um líder educacional, pode contribuir com questão da qualidade

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

PROFESSOR ORIENTADOR: CARLOS CEREJA DE BARROS

EDUCAÇÃO INFANTIL: UM NOVO PERFIL DA

CRECHE E PRÉ-ESCOLA A PARTIR DE UMA

GESTÃO DINÂMICA

VANDA DORIA SANTIAGO DOS SANTOS

Rio de janeiro

Julho de 2004

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

EDUCAÇÃO INFANTIL: UM NOVO PERFIL DA

CRECHE E PRÉ-ESCOLA A PARTIR DE UMA

GESTÃO DINÂMICA

Monografia apresentada como

requisito parcial para a conclusão do

curso de Pós-Graduação Latu Sensu

em Administração Escolar para a

disciplina de Metodologia da Pesquisa.

Por: Vanda Doria Santiago dos Santos

Professor Orientador: Carlos Cereja

de Barros

Rio de janeiro

Julho de 2004

3

Agradeço aos meus filhos Cássia, Pedro e

em especial a Patrícia pelo grande apoio, e

incentivo na minha vida acadêmica e

profissional

4

Dedico este trabalho a todas as crianças

da Creche Itália Franco que me

presentearam com a oportunidade de

aprender e ensinar.

5

RESUMO

Este trabalho tem como proposta a análise de como um gestor

dinâmico, um líder educacional, pode contribuir com questão da qualidade

na educação Infantil, frente a sua equipe de trabalho. Mudar o jeito de formar

crianças de ate seis anos é o seu desafio, pois através dele muitas idéias

velhas poderão ser esquecidas.

Esse processo de mudanças vêm se desenrolando a mais de uma

década, nas creches e pré-escolas, após a promulgação da constituição de

1988, do Estatuto da Criança e do Adolescente, da nova LDB, mas que

tomou forma em 1998, quando o Ministério de Educação (MEC) lançou o

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.

Apoiado em bons projetos e com um dinâmico gestor à frente, os

educadores farão acontecer a renovação na educação infantil com

qualidade.

Aborda-se as características de uma gestão escolar participativa e

como ela é importante, na construção de um projeto político pedagógico na

educação infantil.

6

METODOLOGIA

A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com

método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se

constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir

verdades parciais. Significa muito mais do que apenas procurar a verdade: é

encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos.

A pesquisa permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis,

em qualquer campo de conhecimento.

Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes,

quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregadas. Os dois

processos pelos quais se podem obter os dados são a documentação direta

ou indireta.

Para realizar a minha monografia optei pela segunda, ou seja pela

pesquisa bibliografia ou de fontes secundárias.

Tratei de fazer o levantamento bibliográfico com a identificação das

obras que me interessavam para tê-las comigo. Busquei as em forma de

livros, revistas publicadas, publicações avulsas e imprensa escrita.

Selecionei o que era específico para a minha pesquisa, pondo-me em

contato direto com determinado assunto, com o objetivo de me permitir

enriquecer a análise da minha pesquisa.

A pesquisa bibliográfica permitiu-me compreender que a resolução de

um problema pode ser obtida através dela e pode ser considerada como o

primeiro passo de toda a pesquisa científica.

A fonte para escolha do assunto originou-se da experiência

profissional, de estudos e leituras complementadas através das vivências

adquiridas no decorrer dos anos atuando na creche e pré-escola.

7

SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................9

Capítulo I – Educação Infantil – Trajetória: Breve histórico político até a

concepção pedagógica..................................................................................12

Capítulo II – Uma análise à respeito das diferentes tendências

pedagógicas..................................................................................................23

Capítulo III – O gestor Escolar num tempo de mudanças.............................33

Capítulo IV – A importância do gestor na mudança da formação de crianças

frente a sua equipe de trabalho.....................................................................39

Conclusão......................................................................................................45

Bibliografia.....................................................................................................47

Anexos...........................................................................................................52

Índice.............................................................................................................60

8

Gravura

9

INTRODUÇÃO

A importância social da Educação Infantil, creche e pré-escola, é

muito grande. O cuidado com a infância é visto em varias áreas de estudo:

saúde, serviço social, educação, sociologia, psicologia o que demonstram a

importância do cuidado com infância.

Tem-se visto, que após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional em dezembro de 1996, há uma movimentação em

relação às questões da Educação Infantil, pontuando questões importantes.

Este movimento aponta a nova importância e o novo papel que o

atendimento a crianças de zero a seis anos vem assumindo. A Creche era

vista no inicio como um espaço de assistencialismo, e, não como um espaço

educativo. O desenvolvimento de uma cultura em que a visão de criança

adquire novos significados, passando a ser ela considerada como uma

pessoa com seus direitos, uma pessoa cidadã de pequena idade, que não é

apenas propriedade particular da família, mas como ser componente da

nação, responsabilidade de todos, cria condições de novas posturas face a

essa etapa da vida humana.

Aparecem novas posturas e valores em educação, ciências sociais e

saúde, no que se refere à concepção de infância, no que se refere ao

desenvolvimento infantil e aos cuidados a ele associados.

Tem-se nesse processo histórico mudanças, de busca e luta por um

novo tipo de atendimento à infância. Passa-se a ter um aspecto problemático

que é o da formação de educadores infantis devido diferenças sobre o seu

papel e função no atendimento de crianças de zero a seis anos.

A Educação Infantil após a Lei 9394/96 e de outros documentos

complementares foi reconhecida por sua importância na vida da criança e

para a sociedade, revelando e reafirmando as suas funções: pedagógica e

social. Revelaram a preocupação com a qualidade dos profissionais

envolvidos com a criança.

Nota-se mudanças significativas na Educação Infantil, e para

materializar esta transformação é necessário que haja nas Escolas de

10

Educação Infantil um bom diretor-líder educacional. Ele será o verdadeiro

animador escolar e, garantirá um enriquecimento teórico de seus

educadores, bem como a continuidade, mediante um projeto de capacitação

permanente.

“O diretor-líder constrói um sonho e faz com que a sua equipe

embarque nele.

Ele é capaz de sonhar – com nitidez – a escola como ela deve ser.

Compartilha com os outros esta visão que se traduz em imagens

apaixonantes, energizadoras sobre o papel e a importância da educação”.

(REVISTA NOVA ESCOLA – FEV 1999:9,10)

11

Gravura

12

CAPÍTULO I

EDUCAÇÃO INFANTIL - TRAJETÓRIA: BREVE

HISTÓRICO POLÍTICO ATÉ A CONCEPÇÃO

PEDAGÓGICA

O objetivo deste capítulo é de contribuir para uma melhor

compreensão do tema Educação Infantil.

É descrito um breve histórico de conquistas e de credibilidade de

atendimento à criança. Parte-se do modelo assistencialista até a concepção

pedagógica, e na busca de um atendimento com qualidade, é a nova

Educação Infantil: mudando o jeito de formar crianças.

1.1– Histórico do surgimento da Creche

A Creche surgiu na Europa no final do século XVIII e início do século

XIX, com o objetivo de “guardar” crianças de zero a três anos, durante o

período de trabalho das famílias. No início, a era industrial atraiu um grande

número de mulheres para trabalhar, surgindo o problema do destino de seus

filhos , durante a jornada do trabalho. Era considerada uma instituição

atrelada às necessidades do capitalismo e urbanização que florescia.

As Creches foram idealizadas por Fermim Malbeau, em 1844, sendo

a primeira instalada nesse mesmo ano em Paris. No ano de 1854, foi a vez

dos Estados Unidos em Nova Iorque. Surgiu no Brasil no final do século XIX,

decorrente do processo de urbanização e industrialização do país.

A migração é grande e dá-se das áreas mais pobres para as mais

ricas que buscavam trabalhos e melhores condições de vida.

Os problemas agravam-se com o aumento da população pobre,

desemprego e subemprego. Vários segmentos da sociedade articulam com

o Estado um plano de assistência as populações menos favorecidas. A

filantropia torna-se uma “adaptação da antiga caridade que se preocupava

13

com a diminuição do custo social, com a reprodução da classe trabalhadora

e com o controle da vida dos pobres, de modo a garantir a dominação do

capital” ( KHULMANN, 1990:30)

Segundo khulmann (1990) as Creches apresentavam um projeto de

educação mais voltado ao comportamento social que intelectual.

1.2- Concepções de Educação Infantil

O ingresso da mulher no mercado de trabalho para aumentar a renda

familiar se levou a necessidade da criação de creches.

Para a classe média, a creche poderia contribuir para diminuir os altos

índices de mortalidade infantil. A pediatria novo ramo da medicina, segue

normas e regras desde o período da gestação pretendendo garantir o pleno

desenvolvimento da criança.

Surgem instituições para cuidar adequadamente das crianças e

orientar as mães.

Em 1943, com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) surgem os

berçários para atender aos filhos dos trabalhadores durante o período da

amamentação.

As creches integram-se em uma política de proteção à maternidade e

à infância ligadas às áreas de saúde e assistência social.

As creches não tinham como preocupação a educação da criança,

segundo KISHIMOTO (1986).

Inicialmente as escolas maternais eram instituições de assistência à

infância – função assistencialista (a pré-escola guardiã). A função era de

guarda das crianças órfãs e filhas de trabalhadores.

Assim aparece no Brasil, criada por médicos aliados as mulheres

burguesas, sendo um espaço alternativo que não trazia ônus e

aborrecimentos ao mantenedor, possibilitando um melhor rendimento do

trabalho da mãe. É implementado então a creche depósito de caráter

médico-higienista.

“Sentindo esta necessidade de afastar o pequeno escravo de sua

mãe, e da criança branca e rica se utilizando para tanto, de um espaço

14

alternativo, um depósito. Temos aí a primeira noção de creche no Brasil, um

local de guarda para crianças pobres que viabiliza em primeira instância o

trabalho da escrava-mãe” (CIVILETTI, 1991:33)

A partir do século XIX a pré-escola passa a ter uma nova função mais

educacional do que assistencialista, neste período são criados os jardins de

infância, onde a função deste também era de compensar as deficiências das

crianças na pobreza, na miséria e na negligência das famílias.

Após a 2º Guerra Mundial, nos Estados Unidos e Europa, a pré-

escola com função compensatória foi sendo mais explicada e a influência de

teorias de desenvolvimento infantil e da psicanálise, os estudos lingüísticos e

antropológicos acabaram por determinar a elaboração da abordagem da

“privação cultural”. A pré-escola seria capaz de suprir as deficiências

culturais, lingüísticas e afetivas das crianças provenientes das classes

populares e seu fracasso escolar.

“A solução de todos os males, compensadora de todas as deficiências

educacionais, nutricionais e culturais de uma população” (CAMPOS, 1980:

53-61)

Percebe-se na reflexão de Campos que no Brasil quando esta

concepção passou a ser adotada, na década de 70, ela passou a “ser a

chave de todos os males educacionais”.

A ideologia que fundamentava esta concepção da pré-escola

compensatória, escondia a verdadeira causa do fracasso escolar e da

discriminação, ou seja: a desigualdade que estas crianças se encontravam,

atribuindo então o fracasso à criança e a sua família. A pré-escola seria

capaz de suprir “deficiências” culturais, lingüísticas e afetivas das crianças

provenientes das classes populares através do “adestramento” nos

conhecimentos que não possuíam.

KRAMER, 1991:23 aponta que “nos últimos anos foi se ampliando o

questionamento dos programas compensatórios e da abordagem da

privação cultural, à medida que foi se estabelecendo um consenso de que

não prestam um benefício efetivo às crianças das classes populares,

servindo, muito ao contrário para discriminá-la e marginalizá-la e com maior

precocidade”.

15

Com passar dos tempos novas concepções foram atribuídas à

Educação Infantil.

Surge a de promoção do desenvolvimento global e harmônico da

criança (a pré-escola com objetivos em si mesma). A pré-escola como

“reparadora” dos males sociais que compensarão os educacionais, através

de atividades de escolarização que acabaram recaindo na função

compensatória.

O próprio termo pré-escola assume a função de algo que antecede a

escola, ou que prepara para a escola, assumindo assim o caráter de possuir

qualidade inferior, ou melhor, qualidade não reconhecida.

Kramer aponta que a pré-escola não deva ser vista como

“preparatória” para o ensino de primeiro grau.

“Já que a pré-escola não é responsável pelo desempenho do primeiro

grau, ela até não necessita de qualidade, podendo ser informal, não

convencional, assistemática etc...” (KRAMER,1982:11)

Vê-se que a “pré-escola” (na faixa dos 4 aos 6 anos) é confundida,

apenas como etapa anterior à escolarização, onde muitas vezes a criança

cumpre um horário idêntico ao do Ensino Fundamental, inclusive os dias

letivos.

Observam-se pais que mal percebem os avanços da criança e já

querem que inicie na Classe de Alfabetização (C.A.) atualmente no 1º ano

do ciclo, pois não entendem o porquê de perder mais um ano com o Jardim.

Tem-se como visão que a Educação Infantil “não é”: uma imitação da

escola de Ensino Fundamental, ou uma extensão da casa (família e escola

não se excluem, se completam) e muito menos seja “depósito” de crianças.

Sobre a função que as instituições de Educação Infantil devem

cumprir, nos diz Moysés Khulmann Jr (2000). Se a criança vem ao mundo e

se desenvolve em interação com a realidade social, cultural e natural, é

possível pensar uma proposta educacional que lhe permite conhecer esse

mundo, a partir do profundo respeito por ela. Ainda não é o momento de

sistematizar o mundo para apresenta-lo à criança: trata-se de vive-lo, de

proporcionar-lhe experiências ricas e diversificadas (p.57).

16

Nos anos oitenta foram feitos levantamentos dos problemas relativos

a pré-escola, na questão da formação de pessoal docente qualificado dentre

outros.

Há uma luta contra a concepção assistencialista e da falta de

qualificação específica dos profissionais que lidam com a criança.

Kramer e Abramovay, 1991:29 apontam a necessidade de mudanças

relativas à educação infantil: “Nem de depósito, nem corretora de carências,

a pré-escola tem uma outra função, que necessita ser explicada e

concretizada: a função pedagógica”.

Surge uma nova concepção da função da pré-escola, que teve como

ponto de partida o II Congresso Brasileiro de Educação Pré-escolar,

realizado nos anos oitenta que trabalhou o conceito de criança como cidadã,

sujeito de direitos suas necessidades enquanto indivíduo e ser social

pertencente a uma determinada classe. Nesta concepção tem-se a pré-

escola com função pedagógica. Tem-se a preocupação de oferecer as

crianças um trabalho que torna a realidade e os conhecimentos infantis

como ponto de partida, e os amplia através de atividades que têm um

significado concreto para à vida das crianças e que simultaneamente,

asseguram aquisição de novos conhecimentos. O espírito crítico da criança

deverá ser desenvolvido, respeitando suas possibilidades e limitações.

A criança, “cidadã de pouca idade”, é vista como sujeito histórico,

capaz de participar do processo de criação cultural.

“Este processo de constituição dos sujeitos no mundo da cultura é o

que chamam de educação – o fenômeno pelo qual a criança (mas também

os jovens e adultos) passa não apenas a absorver a cultura do seu grupo,

mas também a produzi-la e a ativamente transforma-la. Isto ocorre por que o

modo pelo qual compreendemos o mundo e atribuímos significado aos

objetos que dele fazem parte é altamente dinâmico e se faz através de

intensas trocas entre os sujeitos. Portanto, a educação não constitui um

processo de transmissão cultural, mas de produção de sentidos e de criação

de significados. A forma como as instituições escolares, entre elas as

creches e pré-escolas, se organizam para produzir esses processos é o

currículo” (BUJES, APUD CRAIDY,2001,P.18)

17

A Constituição da 1988 confirma a Creche como instituição educativa,

um direito da criança, uma opção da família e um dever do Estado (artigo

208, inciso IV), ratificado pela LDB/ 1996 (artigo 30/ I / II). A Educação

Infantil será oferecida em:

I- Creches- até 3 anos de idade

II- Pré-escolas, para crianças de 4 a 6 anos de idade, o que

representa uma ruptura com todo um passado marcado pelo

assistencialismo.

“O reconhecimento oficial coroa uma história de luta e participação da

população. O nome Educação Infantil deve indicar o que representa. A

denominação da instância responsável pela educação/cuidado da criança de

0 a 6 anos é tão importante quanto a discussão de seus objetivos”

(KRAMER,1994)

Essas conquistas foram fundamentais para a consolidação de um

novo olhar sobre a Educação Infantil que desencadeou documentos

importantes como os Referenciais Curriculares Nacionais para a educação

Infantil (RCNEI), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Infantil (DCNEI), e o Núcleo Curricular Básico da Prefeitura da cidade do Rio

de Janeiro.

1.3 – A Nova LDB e a formação do educador de Creche

Muitos autores consideram a Constituição de 1988 marco para a área

de Educação Infantil.

Foi valiosa na garantia dos nossos direitos no Brasil e define a

Educação Infantil como direito da criança e opção da família, a Creche

passa a ser reconhecida como instituição educativa, direito da criança.

Consideram que a Constituição de 1988 alertou para os riscos de se

perder essa conquista por falta de atendimento e trabalho competente na

creche.

Segundo Oliveira deve-se considerar o conjunto de fatores que

interagem na instituição: as concepções de educação e de criança que têm

18

os educadores e as famílias, as condições de espaço físico, as atividades

implementares junto às crianças e os recursos materiais utilizados, o número

e o tipo de funcionários de que dispõe, as possibilidades que a relação

adulto-crianças oferece para implantar a proposta educacional defendida, os

critérios de admissão das crianças e, ainda os processos de seleção,

formação prévia e em serviço e as condições de trabalhado dos

educadores, as condições de trabalho dos mesmos.

Para Zilma de Moraes e Maria Clotilde Rossetti Ferreira, o eixo deve

ser a compreensão das funções da Creche: um ambiente educacional que

possibilite a construção do conhecimento, contrapondo-se às concepções e

práticas assistencialistas: higiene e “bons comportamentos”. A concepção

assistencialista não requer qualificação – nem mesmo do ensino

fundamental; as experiências com crianças são restritas, muitas vezes aos

próprios filhos: ter paciência, capacidade de expressar afeto, firmeza e

responsabilidade. Não se qualifica o profissional como educador por ignorar

a riqueza do desenvolvimento infantil, encaram-se as crianças pequenas

como alguém a ser apenas cuidado, vigiado e entretido.

Pergunta-se: o que se pensa sobre as crianças? Modificou a

concepção?

“Modificar a concepção assistencialista significa atestar para várias

questões que vão além dos aspectos legais. Envolve principalmente,

assumir as especialidades da educação infantil e rever concepções sobre a

infância , as relações entre as classes sociais, as responsabilidades da

sociedade e o papel do estado diante das crianças pequenas” (Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil- volume I- Introdução pág 17).

Desta forma, o período de vida da criança de zero a seis anos passa

a ser assumido pelo estado como responsabilidade educacional e não

apenas assistencial como nos direitos da criança, no que diz respeito à

educação, assegurada na Constituição e no Estatuto da Criança e do

Adolescente. Transformou-se em diretrizes e normas.

Em 1996, a educação infantil é definida pela Lei de Diretrizes e

Bases, como primeira etapa da educação básica:

19

“A educação infantil, primeira etapa da educação básica,tem como

finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade,

em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais,

complementando a ação ad família e da comunidade” (Lei 9394 –Título V,

seção II, art.29)

Entende-se a criança como cidadã agora e não só no futuro. Portanto,

deve ser respeitada enquanto ser em desenvolvimento com necessidades e

características específicas.

Entende-se a criança como produtora de cultura, sujeito e portanto as

instituições de educação Infantil como espaços voltados para o

desenvolvimento integral da criança em seus diversos aspectos.

A criança estará na Creche ou pré-escola para receber a educação a

que tem direito e desenvolver seu potencial tão rico nessa fase. Terminou

finalmente a idéia pelo menos no discurso, de que o objetivo das Creches é

apenas cuidar da criança enquanto a mãe trabalha. Terminou a idéia de que

os educadores dessas crianças podem ser qualquer pessoa, que funcione

apenas como pajem de criança, não importando seu preparo, seu perfil sua

formação.

Acredita-se na realidade de que não há educação de qualidade, suas

propostas comprometidas também com a educação dos adultos que são os

educadores.

A nova LDB também determina que a instituição de educação infantil

deverá ter um plano pedagógico elaborado pelos educadores e estes

deverão ser qualificados para prestação de atendimento à criança pequena.

Esta nova postura, exige formação mínima (nível médio/ modalidade normal)

para os educadores que trabalham com as crianças.

“A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em

nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em

universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação

mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro

primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na

modalidade normal”. (Lei 9394/96, Título VI, art. 62)

20

“È instituída a Década da Educação, inicia-se um ano a partir da

publicação desta Lei (...)

§ 4º Até o final da Década da educação somente serão admitidos

professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em

serviço” (Lei 9394/96, Título VIII, art. 82, §4º)

A melhoria de qualidade de serviço depende da qualificação

profissional. Segundo Christine Pascal e Anthony Bertron, há clara evidência

de que a qualidade do professor é um determinante central na qualidade e

eficiência dos programas de Educação Infantil (...) se quisermos melhorar a

qualidade da educação de crianças pequenas devemos nos preocupar com

a qualidade de seus professores. Em toda a Europa os países estão

reconhecendo isso e tomando medidas para melhorar os cursos de

formação de professor de Educação Infantil.

“Compete aos trabalhadores das Creches, a partir da lei, definimos

como educadores infantis, buscarem, sempre que não tiverem a formação

exigida por lei, os cursos para formação em serviço”. (CRAIDY, 1999:21)

Nota-se que na área de Educação Infantil nas últimas décadas,

muitos avanços no plano das conquistas legais: a Declaração dos Direitos

da Criança, em 1989, aprovada pela ONU, a Constituição de 1988, o

Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990. A LDB, de 1996, conceitua

Educação Básica, oferecida através de creche e pré-escola que se

diferenciam entre si exclusivamente pela faixa etária das crianças que

acolhem, desempenhando as funções básicas de educar e cuidar de

crianças até 7 anos, de modo integrado e complementar à família.

Observa-se que estes avanços na legislação se apoiaram nos

conceitos consolidados com o estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O Estatuto da Criança e do Adolescente explicita todos os direitos

reservados à criança e ao adolescente, bem como os princípios que devem

dar rumo as políticas de atendimento fazendo zelar e materializar estes

direitos através de conselhos tutelares e conselhos das crianças e dos

adolescentes.

O direito à educação para crianças pequenas “incluirá” portanto o

direito à creche e pré-escola.

21

“É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de

idade” (Estatuto da Criança e do Adolescente, Cap IV, art. 54, item 4)

É exigido atualmente, após a NOVA LDB e outros aparatos legais, do

profissional de educação infantil uma competência polivalente que é

entendida que

“Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com

conteúdos de natureza diversas que abrangem desde cuidados básicos

essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas

de conhecimento”. (Referencial Curricular Nacional –MEC).

A educação infantil requer professores especializados, formados em

cursos específicos, pautados nos mesmos princípios do curso de formação

de professores para qualquer nível.

As exigências são muitas para se cuidar de crianças pequenas. O

simples fato de ter como condição o “gostar de criança” não basta. É

necessário aliar a prática de conhecimentos teóricos de uma formação

especializada.

No Brasil, a valorização profissional vem sendo articulada de acordo

com o nível em que o profissional atua: “quanto menor a criança, menor será

o status do profissional” visão esta contestada mundialmente, o que

demonstra um desconhecimento ou, mesmo, não clareza da importância da

educação nos primeiros anos.

Em grande parte das creches, ocorre a divisão entre trabalho manual

e intelectual. A distinção entre tarefas nobres (ensinar) e menos nobres

(cuidar) ainda representa um divisor de águas, enquanto superioridade do

trabalho intelectual sobre o trabalho manual.

A hierarquização das tarefas na construção da proposta coletiva do

trabalho em creche é um grande entrave. Essas idéias são internalizadas e

quando reveladas criam um clima de tensão.

É uma questão importante a ser trabalhada pela direção da Creche,

para que a construção de um projeto coletivo represente para os

profissionais um momento de real parceria no trabalho.

22

Gravura

23

CAPÍTULO II

UMA ANÁLISE À RESPEITO DAS DIFERENTES

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

A Educação se alimenta de várias ciências direcionadas por um eixo

político e movida pela história. Por isso temos várias fontes de influência às

teorias educacionais e as tendências pedagógicas nelas fundamentadas.

Essa análise sobre as diferentes tendências pedagógicas vêm

enriquecer toda reflexão e fundamentar teoricamente a Educação Infantil.

2.1- Identificando as Tendências Pedagógicas

Com base no que cita a professora e pesquisadora Sonia Kramer

(2003:23,24), identifica-se como três as tendências predominantes no Brasil

em programas educacionais, dirigidos a crianças menores de seis anos.

1- “A tendência romântica que concebe a pré-escola como “jardim de

infância”, onde a criança é “sementinha” ou “plantinha” que brota e

a professora a “jardineira”.

2- a tendência cognitiva, de base psicogenética, que enfatiza a

construção do pensamento infantil no desenvolvimento da

inteligência.

3- A tendência crítica, que vê a pré-escola como lugar de trabalho

coletivo, reconhece no professor e nas crianças sua condição de

cidadãos, e atribui à educação o papel de contribuir para a

transformação social”.

2.2- Tendência romântica

A tendência se identifica com o surgimento da educação pré-escolar.

Nasce no século XVIII, sofre influências do liberalismo, época de grandes

24

transformações na sociedade, e no plano educacional geram

questionamentos sobre a escola tradicional.

Esses questionamentos lançam os fundamentos da Escola Nova,

com aprofundamentos nos séculos nos séculos XIX e XX, com as

descobertas na área de desenvolvimento da criança e da educação. Várias

metodologias têm origem nesse movimento exercendo influência marcante

no ensino pré-escolar brasileiro.

A pré-escola é concebida como um “jardim de infância”, onde a

criança é a “sementinha” ou “plantinha” que brota e a professora a

“jardineira”.

O currículo básico de escola nova referenciava:

· A valorização dos interesses e necessidades da criança;

· A ênfase no caráter lúdico do desenvolvimento natural;

· Crítica à escola tradicional;

· Priorizar o desenvolvimento natural;

· Preocupação com o processo de aprendizagem;

Nota-se que as atividades são o eixo do currículo, daí ter como proposta

o “centro de interesses”.

O fundamental para a Escola Nova é a atividade e o seu caráter de

jogo.

No interior dessa tendência pedagógica, notam-se diferenças, situando-

se as concepções de Froebel, Decroly e Montessori.

Froebel (1782-1852) defende a idéia da evolução natural da criança e

enfatiza a importância do simbolismo infantil. Sua proposta é caracterizada

de “currículo por atividades” espontâneas e construtivas com aprendizagem

focada no lúdico.

Os recursos pedagógicos estão divididos do seguinte modo:

· “prendas” – brinquedos, jogos de construção;

· “ocupações” - recorte e colagem, dobradura;

· “atividades maternais” – música, dança, embalos.

Critica-se que os aspectos sociais não são considerados, a idéia de

que as atividades encaminham espontaneamente para o

conhecimento, visão linear do processo educacional.

25

Decroly (1871-1932) – destaque para a globalização do ensino e para

o caráter global da atividade infantil. Tinha como pressuposto básico que a

necessidade gera o interesse, direcionando-o ao conhecimento.

Desse pressuposto Decroly retira como proposta pedagógica a

organização de sua escola como “centros de interesse”, onde a criança

passa por três momentos:

· observação: o estudo das ciências naturais;

· associação no tempo e no espaço: estudo de história e

geografia;

· expressão: trabalho com grafismo e linguagem.

Os interesses, o desenvolvimento e a curiosidade infantil dão a

dimensão do tempo dos centros de interesse. A sala de aula está em todos

os ambientes.

Critica-se que nessa proposta os adultos são os que determinam as

necessidades das crianças, o trabalho escolar continua tendo como objetivo

a aquisição de conhecimentos, os “centros de interesse” apenas

reorganizam os conhecimentos diluídos nas matérias escolares.

Maria Montessori (1870-1952) recebe influências por duas vertentes:

· pela psicologia experimental - de onde nasce sua preocupação

em criar uma “pedagogia científica”;

· pela filosofia oriental – responsável pela sua metodologia mais

voltada à introdução e pela sua “visão cósmica”.

O seu método tem por base alguns princípios filosóficos: o ritmo

próprio, a construção da personalidade através do trabalho, a liberdade, a

ordem (elemento integrador da personalidade), o respeito e a normalização

(autodisciplina).

Suas diretrizes metodológicas derivam desses princípios que estão

baseadas:

· na importância da escola ativa;

· a noção de “silêncio” e autocontrole;

· na concepção da criança estar absorvendo o meio;

· na progressão que a criança tem do controle de si, das coisas

e, finalmente, do respeito pelos outros;

26

· no mobiliário que deverá ser adaptado à criança;

· na utilização de materiais que promovam a aprendizagem

sensorial, a linguagem, a matemática, a vida prática e outras.

Na concepção do método Montessori, esses materiais são

autocorretivos, graduados isolam as dificuldades (“uma tarefa de cada vez e

explorados através da informação, do reconhecimento e da fixação do

vocabulário”).

Críticas a respeito do enfoque:

· a fragmentação do conhecimento e a possibilidade de

mecanização da atividade da criança;

· a idéia de que a “pedagogia científica deve influenciar o meio”

pode estabelecer uma certa relação normativa da escola com

as famílias;

· o autoritarismo implícito do adulto sobre a criança, quando da

prática do silêncio e auto- disciplina.

Apesar de proporem alternativas diferentes, as três propostas são

românticas: partindo de uma visão da criança como sementinha, de pré-

escola como jardim e da professora como jardineira, nota-se que os

aspectos socioculturais que interferem na escola, na criança e na professora

não são considerados. Percebe-se que essa concepção de pré-escola como

jardim de infância continua difundida na rede pública e na rede particular,

desde a década de 20 e 30 com o movimento da escola nova. Há trabalho

importante nesta tendência, no Brasil, sendo citada Heloísa Marinho,

influenciada pelas idéias de Froebel. Esses educadores contribuíram muito

para o ensino da pré-escola, porém não consideraram as diferenças sociais

e econômicas e a função política da pré-escola na educação e na realidade

nacional.

27

2.3- Tendência Cognitiva

Tem-se em Piaget (1896-1980) a marca forte da tendência, que como

epistemólogo, investigou sobre o desenvolvimento psicogenético, centrando

o seu pensamento nos últimos anos de sua vida, no pensamento lógico-

matemático. Piaget utiliza nas suas investigações, o “método clínico” que

permite o conhecimento de como a criança pensa e de como constrói as

noções sobre o mundo físico e social.

Piaget nunca propôs um método de ensino, mas sim a elaboração de

uma teoria de conhecimento e o desenvolvimento de muitas investigações

que são usadas por pedagogos e psicólogos.

É básico para a educação na visão de Piaget o desenvolvimento que

vai da etapa sensório-motora até a operatório abstrata.

Os principais objetivos da educação consistem na formação de

homens criativos, inventivos, descobridores, críticos e ativos. A

interdisciplinaridade é considerada fundamental para a elaboração curricular,

nessa educação voltada para a construção da autonomia.

Segundo Sonia Kramer (2003:30,31) alguns princípios básicos que

em geral orientam a prática pedagógica de uma pré-escola com

fundamentos na teoria de Piaget:

1- Tudo começa pela ação. As crianças conhecem os objetos,

usando-os (um esquema é aplicado a vários objetos e vários

esquemas são aplicados ao mesmo objeto);

2- Toda atividade na pré-escola deve ser representada

(semiotizada), permitindo que a criança manifeste seu

simbolismo;

3- A criança se desenvolve no contato e na interação com outras

crianças: a pré-escola deve sempre promover a realização de

atividades em grupo;

4- A organização é adquirida através da atividade e não o contrário.

É fazendo a atividade que a criança se organiza;

5- O professor é o desafiador da criança: ele cria “dificuldades” e

“problemas”. Assim, a pré-escola deixa de ser vista como

28

passatempo e passa a ser um espaço criativo, que permite a

diversificação e ampliação das experiências infantis, valorizando a

iniciativa, a curiosidade e a inventividade da criança e

promovendo a sua autonomia;

6- Na pré-escola, é essencial haver um clima de expectativas

positivas em relação às crianças, de forma a encorajá-las a ter

confiança nas suas próprias possibilidades de experimentar,

descobrir, expressar-se, ultrapassas seus medos, ter iniciativa;

7- No currículo da pré-escola informado pela teoria de Piaget, as

diferentes áreas do conhecimento (linguagem, matemática,

ciências naturais e sociais) são integradas. O eixo central desse

currículo são as atividades.”

Algumas críticas são questionadas quanto à teoria de Piaget, no

trabalho pedagógico, porém tais questionamentos não diminuíram as

valiosas contribuições à educação do pré-escolar.

Críticas:

· Compreender o papel central da atividade lúdica no currículo,

deixando em segundo plano a criança e sua história

sociocultural;

· Valorizar os aspectos cognitivos, quando os domínios

lingüísticos e socioafetivos deveriam ter o mesmo peso;

· Conceder prioridade ao pensamento lógico-matemático;

· Tomar por base única, para a prática educativa, os estágios do

desenvolvimento infantil, sem maior preocupação para os

aspectos políticos e sociais.

No Brasil são inúmeros trabalhos desenvolvidos nos anos 70, no que

diz respeitos às propostas curriculares executadas pelos sistemas públicos e

particulares, porém muitos trabalhos desenvolvidos, têm suas metodologias

e pressupostos teóricos bem diferentes, mostrando concepções

educacionais e posturas políticas diferentes.

Como continuadora de Piaget, vamos ter os trabalhos de Emília

Ferreiro, em área não pesquisada por ele: a construção da linguagem

escrita. Preocupada com a realidade latino-americana, ela dedicou-se a uma

29

maior compreensão a alfabetização e ao processo da aprendizagem da

língua escrita. Foram contribuições relevantes.

2.4- Tendência crítica

Tem-se a pré-escola como o local onde crianças e adultos são

cidadãos que participam, atuam, cooperam e são responsáveis. A tendência

crítica tem em Celestin Freinet (1896-1966) o seu referencial, sendo recente

no Brasil. Foi influenciado por Rousseau, Pestalozzi, Ferrire. Seu objetivo

básico era desenvolver uma escola popular.

Crítico das propostas da escola nova, é considerado tradicional por

Decroly e Montessori, é crítico também da escola tradicional, o qual sê-la

inimiga do “tatear experimental”, fechada, contrária à criatividade, à

descoberta, ao interesse e ao prazer infantil.

Freinet, é um pedagogo contemporâneo e muito contribuiu para uma

escola inserida num contexto sociocultural construída de modo ativo e

dinâmico. Esta escola dinâmica é elemento ativo de mudança social para

que ocorra uma sociedade mais humana, e também popular, dirigida para às

crianças do povo. Ele considera da maior importância a integração e a

participação da comunidade e da família com a escola.

Freinet constrói uma pedagogia não cria um método, mas técnicas

construídas lentamente com base na experimentação e documentação, que

fornecem à criança instrumentos para aprofundar o seu conhecimento e

desenvolver a sua ação.

A proposta pedagógica de Freinet baseia-se em técnicas, as quais

favorecem uma metodologia natural da linguagem, da matemática e das

ciências naturais e sociais, propondo o jogo/trabalho, como atividade

principal para a escola popular dinâmica. Pra ele os deveres escolares são

detestáveis e repetitivos e que jogos seriam uma válvula de escape da

opressão sofrida no trabalho.

As técnicas da proposta de Freinet seriam:

· Texto e desenho livre;

· Diários individuais e coletivos;

30

· Oficinas de trabalhos manuais e intelectuais;

· Aulas-passeio;

· Jornais murais e impressos;

· Trabalho como atividade verdadeira;

· Cooperativa escolar.

Freinet recebeu críticas, no sentido de considera-lo por demais

otimista, no que se relaciona quanto ao poder transformador da escola, que

não se coaduna com a nossa realidade atual, de não estar articulado com os

aspectos psicológicos do desenvolvimento da criança, não estar inserido no

desenvolvimento recente da psicolingüística.

São poucos os trabalhos baseados em Freinet, no Brasil.

Freinet nos deixou como ”legado” a seguinte frase: É preciso ter

esperança otimista da vida.

À respeito da metodologia pedagógica, Sonia Kramert (2003:37,38)

cita:

“Entendemos, ainda, que mais importante que adotar uma

metodologia pré-elaborada é construir, na prática pedagógica, aquela

metodologia apropriada às necessidades e condições existentes e aos

objetivos formulados. Nesse sentido, partimos de alguns princípios

metodológicos, que são:

· Tomar a realidade das crianças como ponto de partida para o

trabalho, reconhecendo sua diversidade;

· Observar as ações infantis e as interações entre as crianças,

valorizando essas atividades;

· Confiar nas possibilidades que todas as crianças têm de se

desenvolver e aprender, promovendo a construção de sua

auto-imagem positiva;

· Propor atividades com sentido, reais e desafiadoras para as

crianças, que sejam pois, simultaneamente significativas e

prazerosas, incentivando sempre a descoberta, a criatividade e

a criticidade;

31

· Favorecer a ampliação do processo de construção dos

conhecimentos, valorizando o aceso aos conhecimentos do

mundo físico e social;

· Enfatizar a participação e a ajuda mútua, possibilitando a

construção da autonomia e da cooperação”.

32

Gravura

33

CAPÍTULO III

O GESTOR ESCOLAR NUM TEMPO DE MUDANÇAS

Neste capítulo é abordado a democratização do gerenciamento do

ensino, pois num tempo de mudanças, é preciso que o clima da escola seja

de cooperação, não sobrando espaços para os esquemas individualistas.

É descrito as diferenças entre o administrador e o gestor, e da

importância da gestão democrática para uma educação de qualidade, e

como enfoque a Educação Infantil, já que também passa por grandes

mudanças.

3.1- A Administração Escolar e seu processo de mudança

Quando as escolas começaram a crescer a partir dos anos 30, as

atribuições e competências do diretor – aquela figura clássica que surge nas

escolas de porte médio ou pequeno, quando um dos professores assume a

missão de coordenar o trabalho comum e prover os meios para que os

docentes exerçam melhor suas funções, estenderam-se e se tornaram mais

complexas, dando origem à administração escolar.

De um modo geral, os trabalhos teóricos sobre Administração Escolar,

publicados no Brasil, adotam, implícita ou explicitamente, o pressuposto

básico de que na Escola devem ser aplicados os mesmos princípios

administrativos adotados na empresa capitalista. Assume-se desta forma,

conforme detalha Ribeiro (1978), que a Administração Escolar, é uma das

aplicações da Administração Geral; ambas têm aspectos, tipos, processos,

meios e objetivos semelhantes.

Como não poderia deixar de ser, também o problema da educação

escolar é visto como sendo de natureza eminentemente administrativa:

“A problemática central da escola brasileira, possivelmente da escola

em geral parece situar-se em uma falha de natureza administrativa qual seja

34

a sua incapacidade de ajustar-se às exigências da vida contemporânea,

ajustamento esse que requer, necessariamente, ação organizada e

planejada, realizada por pessoas qualificadas, a fim de que sejam atendidas

as crescentes demandas quantitativas e qualitativas da sociedade atual”.

(ALONSO,1978:11).

Verifica-se, que embora haja a aplicação da administração de

empresa na escola, a maioria dos teóricos da Administração Escolar, não

vêm uma identidade absoluta entre empresa e escola, pois identificam fins

diversos entre elas.

As empresas visam a produção de um bem material ou de um serviço

determinado. A escola tem em seu caráter, instituição prestadora de

serviços, que lida diretamente com o elemento humano, aqui o aluno. Ele

não é apenas o beneficiário dos serviços, mas também participante de sua

elaboração. O resultado do processo de produção, que é a matéria prima

são tratados bem diferentes. Na escola o aluno deve receber tratamento

especial, bem diverso do que ocorre numa produção industrial.

Na escola leva-se em conta o comportamento humano, enquanto na

empresa produtora, a participação das máquinas. Aqui a administração é

voltada para os meios de produção – empresa capitalista.

A Administração Escolar se reveste da aplicação da administração

capitalista no nível teórico, caráter conservador, sendo os métodos e

técnicas específicos da empresa capitalista, no nível da prática, observando-

se grande ineficiência na obtenção de seus objetivos específicos

educacionais.

Assim, o tipo de gestão escolar constituído à imagem e semelhança

da administração empresarial capitalista se mostra incompatível com a da

escola, sendo antagônicas entre si.

“Devemos concluir assim, que a busca de uma especificidade para a

Administração Escolar coincide com a busca de uma nova Administração

Escolar, que se fundamente em objetivos educacionais representativos dos

interesses das amplas camadas dominadas da população e que leve em

conta a especificidade do processo pedagógico escolar, processo este

determinado por esses mesmos objetivos”. (PARO, 2003:152).

35

A passagem da Administração Escolar para uma prática

administrativa reflexiva e intencional, é que pode configurá-la enquanto

processo criador capaz de atender aos objetivos identificados com a

transformação social.

Dá-se a partida para uma Administração Escolar comprometida com

os objetivos de cooperação entre os homens, pautada na concepção de uma

sociedade democrática, a que se pretende chegar através de uma

transformação social.

3.2- O que é Gestão Participativa?

Segundo Lickert, 1971; Xavier Amaral e Marra, 1994 – a gestão

participativa é normalmente entendida como uma forma regular e significante

de envolvimento dos funcionários de uma organização no seu processo

decisório.

A coordenação do esforço de funcionários, professores e pessoal-

técnico-pedagógico, alunos e pais, fundamentada na participação coletiva e

de extrema relevância na instalação de uma administração democrática no

interior da escola. É através dela que são fornecidas as melhores condições

para que os diversos setores participem efetivamente da tomada de

decisões, já que estas não se concentram mais nas mãos de uma única

pessoa, mas na de grupos ou equipes representativas de todos. É a gestão

participativa.

“As vantagens de uma Administração Escolar participativa, em que as

decisões são tomadas pelo grupo, não se referem apenas a democratização

interna da escola, mas também ao fortalecimento da unidade escolar

externamente”. (PARO, 2003:164)

3.3- Papel da liderança do diretor

Nas escolas eficazes, os diretores agem como líderes pedagógicos

apoiando o estabelecimento das prioridades, avaliando os programas

36

pedagógicos, organizando e participando dos programas de

desenvolvimento dos funcionários e também enfatizando a importância dos

resultados alcançados pelos alunos. Também agem como líderes em

relações humanas, enfatizando a criação e manutenção de um clima escolar

positivo e a solução de conflitos o que inclui promover, o consenso quanto

aos objetivos e métodos, mantendo uma disciplina eficaz na escola e

administrando disputas pessoais.

Percebe-se a importância para a equipe do papel que o diretor

exerce. Ele é um líder e rege a sua equipe. O diretor-líder vai além do

gerenciamento e coloca as pessoas em primeiro plano. Administrar vai além

dos cuidados com orçamentos, calendários, vagas e materiais, quem dirige a

escola precisa ser um educador. E isso significa estar ligado ao cotidiano da

sala de aula, conhecer alunos, professores e pais. Só assim ele se torna um

líder, e não apenas alguém com autoridade burocrática.

Na visão do pedagogo e consultor Antonio Carlos Gomes da Costa,

os perfis básicos na função de diretor líder:

· O administrador escolar - mantém a escola dentro das normas do

sistema educacional, segue portarias e instruções, é exigente no

cumprimento de prazos;

· O pedagógico – valoriza qualidade do ensino, o projeto pedagógico, a

supervisão e a orientação pedagógica, e cria oportunidades de

capacitação docente;

· O sociocomunitário – preocupa-se com a gestão democrática e com a

participação da comunidade, está sempre rodeado de pais, alunos e

lideranças do bairro, abre a escola nos finais de semana e permite

trânsito livre em sua sala;

Como é muito difícil ter todas essas características o importante é

saber equilibra-las, com colaboradores que tenham talentos

complementares. Delegar e liderar devem ser as palavras de ordem. E mais:

o bom diretor indica caminhos, é sensível as necessidades da comunidade,

desenvolve talentos, facilita o trabalho da equipe e, é claro resolve

problemas.

Cita-se como suas tarefas:

37

· Incentivar iniciativas inovadoras;

· Elaborar planos diários e de longo prazo visando à melhoria da

escola;

· Gerenciar recursos financeiros e humanos;

· Assegurar a participação da comunidade na escola;

· identificar as necessidades da instituição e buscar soluções.

38

Gravura

39

CAPÍTULO IV

A IMPORTÂNCIA DO GESTOR NA MUDANÇA DA

FORMAÇÃO DE CRIANÇAS FRENTE A SUA EQUIPE

DE TRABALHO

Neste capítulo, verificamos o quanto é importante a figura de um

gestor dinâmico, na busca de uma Educação Infantil com qualidade. Através

dela será possível atingir a nova Educação Infantil com propostas

pedagógicas mais consistentes, as creches e pré-escolas, mudam o jeito de

formar crianças.

4.1- Por que motivar a sua equipe?

O gestor deverá buscar sempre que possível o aperfeiçoamento da

sua equipe, investindo no aprimoramento profissional constantemente para

que possa oferecer a melhor educação possível às crianças que são

atendidas. Profissionais qualificados são imprescindíveis para estimular o

desenvolvimento integral da criança.

“Como motivar e sustentar o ânimo dos funcionários e professores, de

tal forma que continuem a ser produtivos e elevem os padrões de qualidade

ao desempenharem os seus trabalhos tem se transformado em um fator-

chave de ação para os gestores, inclusive para os diretores de escolas”

(LÜCK,2002:95)

O gestor deverá obter na semana um horário para haver encontros

entre todos da equipe para se planejar as atividades, trocar experiências e

aprender umas com as outras.

Segundo LITTLE (1987) criar condições para a existência de troca de

informações profissionais entre professores é uma característica permanente

das escolas, e aumentar a integração dos professores faz parte dos esforços

realizados para mudar o clima organizacional vigente nas escolas

americanas.

40

O diretor ou diretora de uma Escola de Educação Infantil, em seu

papel de líder educacional ou gestor, deve inspirar e motivar a sua equipe a

fim de que o dia-dia das crianças e adultos seja vivido de modo pleno.

Dialogar, construir objetos, organizar espaços, ler, escrever e discutir sobre

os temas ligados ao desenvolvimento infantil, são caminhos para que todos

possam interagir em um ambiente cheio de criatividade, de reflexões de

educadores e crianças. Cheio de vida.

Na visão de Mackenzie, qualquer currículo funciona melhor se for

implementado com entusiasmo. O ambiente da escola, de uma maneira

geral,pode ser visto como um fator fundamental para a eficácia pessoal de

seus funcionários...

As oportunidades de desenvolvimento profissional levados pelo gestor

são fundamentais para alavancar o crescimento das Escolas, e,

conseqüentemente, o dinamismo das mesmas.

Nota-se no entanto que após a promulgação da LDB, a Educação

Infantil se estruturou, porém há ainda um grande número de instituições que

não possuem pessoal qualificado. E a Lei de Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Infantil, exige pessoal qualificado com curso

Normal , de nível Médio. Há sérios problemas, pois existem pessoas que

trabalham em Creches, são educadoras leigas, que não possuem sequer o

nível fundamental.

“De um lado, os argumentos que se vêm construindo, sobretudo nos

anos 90 propunham a necessidade de um perfil profissional que responda à

organização dos serviços e currículos que articulem, as funções de cuidar e

educar. Se creches e pré-escolas são instituições educacionais e se as

crianças têm múltiplas necessidades, entre elas, aquelas que se relacionam

com os cuidados, o projeto educativo dessas instituições deve integrar no

“educar” as dimensões do cuidar sem hierarquizar funções”.

CAMPOS,1994:23)

Quem lida com crianças pequenas, que não falam, não andam, nem

têm como se defender, precisa saber ler a bula de um remédio, ou a receita

de um alimento que deva ser preparado. Com Istoé necessário a

qualificação profissional e o gestor tem que ter em vista esse problema em

41

sua Instituição e adequá-lo à realidade atual, e preparado para atuar dentro

das novas diretrizes.

Esse processo de mudança vem se desenvolvendo há uma década,

mas tomou forma em 1998 quando o MEC lançou o Referencial Curricular

Nacional para a Educação Infantil. O documento serve de base para a

elaboração de projetos pedagógicos. Uma reflexão deste documento é muito

importante, junto à equipe. O gestor poderá propiciar vários encontros e

debates à respeito do documento, pois é um material rico, e os resultados

logo surgirão.

É também de grande importância que a busca pelo aperfeiçoamento

profissional seja levado em conta que as propostas pedagógicas vivenciem a

realidade de alunos e famílias. Discutir em conjunto com representantes das

famílias, a importância de realizar verdadeiramente, uma gestão democrática

na creche e pré-escola. Isso quer dizer que as decisões não são tomadas

por uma única pessoa, mas educadores/as, todos participam do processo,

ajudando a identificar necessidades e indicar prioridades, tendo em vista o

crescimento, desenvolvimento e aprendizagens das crianças de até seis

anos.

“Isto supõe buscar uma forma de organização que crie canais de

participação para os diferentes agentes envolvidos com o trabalho

pedagógico (inclusive os próprios alunos) e espaços que possibilitem um

trabalho mais coletivo, rompendo com os esquemas individualistas que

ainda prevalecem no interior da instituição escolar”. (PROPOSTA

CURRICULAR PARA AS CRECHES E PRÉ-ESCOLAS

COMUNITÁRIAS:1992:33).

Nota-se a importância da qualidade na Instituição de Educação Infantil

é quem está à frente liderando, terá que perceber essa “nova cara”, essa

nova identidade que ela vem apresentando e, fazer força para que aconteça.

Apoiados em projetos bem montados, esses educadores qualificados

mostram como é possível unir atividades pedagógicas aos cuidados que

crianças de até seis anos demandam, não deixando de esquecer as

brincadeiras.

42

Mas é preciso ter força

É preciso ter garra

É preciso ter gana sempre

(Milton Nascimento)

Motivados por um dinâmico diretor-líder, muitas mudanças podem

ocorrer. Nota-se que é preciso lutar pela qualidade no atendimento às

crianças e pelo bem-estar de todos que estão envolvidos no processo

educacional. As crianças precisam de cuidados e educação, como consta na

Constituição de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Nova

LDB.

4.2- O que é o Projeto Político Pedagógico na Escola?

A gestão democrática possibilita a construção do Projeto Político

Pedagógico. Em uma instituição de Educação Infantil, o projeto político

pedagógico vai além de um simples ajuntamento de planos de ensino e de

varias atividades. Ele não é qualquer objeto que é construído, guardado ou

enviado às autoridades educacionais como prova de trâmites burocráticos.

Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os

educadores e funcionários envolvidos com o processo educativo da escola.

Ele norteia a ação da escola. É a bússola que mantém a instituição e

equipe no caminho certo. Parte das convicções ideológicas do grupo e da

enunciação dos propósitos gerais que orientam a pratica educativa e

justificam a estrutura organizacional. É uma ação intencional com um

compromisso definido coletivamente.Por isso todo projeto pedagógico da

escola, é também um projeto político por relaciona-se intimamente ao

compromisso sociopolítico, com os interesses reais e coletivos de uma

população.

Segundo Vasco Moretto (1999) o Projeto Político Pedagógico

sustente-se em três pilares:

· fundamentos políticos, éticos e filosóficos;

43

· fundamentos epistemológicos: visão de homem e de currículo,

concepções de aprendizagem e de avaliação;

· fundamentos didáticos: como a criança aprende, como os adultos

irão organizar o ambiente e as situações de aprendizagem.

Com base nesses pilares, bem como na historia da instituição, o

projeto político pedagógico direciona como devem se estabelecer as

relações entre os diversos membros da comunidade institucional, as formas

de participação e os mecanismos de tomada de decisão. Específica os

objetivos a atingir, as opções estratégicas a seguir, as rotinas a cumprir.

Ele é dinâmico pois trata-se de um instrumento para ser analisado,

modificado e utilizado para firmar acordos na equipe, em relação à prática

educativa. A mudança deve ser construída do que já foi elaborado e

aproveitando tudo o que se construiu coletivamente.

O projeto político pedagógico assegurado em um documento escrito,

apenas demonstra a vontade da instituição ter sua autonomia, se for o

resultado de um processo participativo e se for colocado em prática e

avaliado periodicamente. O projeto não pode ser cópia de outros.

4.3- Como faze-lo com a participação de todos?

Para ocorrer é necessário que o diretor seja um líder, para a

mobilização das famílias, dos representantes da comunidade. Participar a

todos do que será feito, das etapas do projeto e convida-los para participar

nas etapas da construção.

A gestão democrática possibilita esta construção, pois só é possível

com a participação de todos os membros da creche e pré-escola, da família

das crianças e dos representantes da comunidade na qual a instituição está

inserida.

Esta ação conjunta faz a diferença na escola: a questão da qualidade.

Neste contexto, construir uma educação democrática, cujo currículo e

cuja prática pedagógica levem em conta todas as questões descritas,

constitui-se em um dos maiores desafios dos educadores.

44

Gravura

45

CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo mostrar a mudança ocorrida na

Educação Infantil, como consta na Constituição de 1988, no Estatuto da

Criança e do Adolescente, na Nova LDB e nos Referenciais Curriculares

para a Educação Infantil (RCNEI-MEC) e a importância de um gestor

dinâmico na mudança da formação de crianças frente a sua equipe de

trabalho, a partir das novas diretrizes surgidas.

Tal pesquisa partiu de uma reflexão da minha própria vivência

profissional. Vários questionamentos foram inundando os meus

pensamentos, quanto a esta mudança e, há grande correlação quanto à

qualidade na formação dos educadores e de outros profissionais que lidam

com crianças.

A partir destas diretrizes, surge a Nova Educação Infantil com

inovações nas propostas pedagógicas. Há necessidade do aprimoramento

dos educadores, para dar qualidade à educação de nossas crianças. A

legislação deverá assegurar a qualificação adequada e a atualização de

profissionais. É preciso que na entidade de Educação Infantil, tenha um bom

diretor, e que faça acontecer a política educacional das creches e pré-

escolas, com uma gestão administrativa democrática que permita a

construção de uma proposta pedagógica em cada educação infantil

fundamentada em estudos teóricos consistentes que possibilitem a

organização de uma prática, que se apóie na compreensão de quem é esta

criança concreta,do que ela precisa, como se desenvolve, e quais as

condições necessárias para que ocorra o seu desenvolvimento. O diretor-

líder faz com que a sua equipe sinta que tem poder para realizar e

transformar. Transformar esbarra em exigências, e as creches terão de

atende-las, conforme determina a Nova LDB, com prazo até 2007. Os

professores terão que ter pelo menos a formação de nível técnico no curso

Normal (antigo magistério). Inicialmente foi pedido o nível Superior, porém

essa realidade é distante, principalmente nas regiões mais pobres do país.

46

Porém, vê-se que ainda algumas creches estão longe do padrão

estabelecido, o que leva a uma reflexão sobre as devidas implicações legais

da creche, determinadas pela Nova LDB e o Referencial Curricular.

O diretor deve estar atento a todas essas dificuldades encontradas

nas Instituições de Educação Infantil, pois agora ela passou com a Nova

LDB a integrar a Educação Básica, e com esta inclusão no sistema de

ensino passou a exigir maior rigor, seja na qualificação de recursos

humanos, seja no planejamento e execução do processo educativo, seja na

qualidade e na quantidade de recursos físicos materiais e pedagógicos. Ele

terá que ser um bom articulador para o cumprimento de todas estas

exigências, providenciando condições materiais e estruturais para que todos

possam realizar o seu trabalho.

Esta pesquisa foi uma das muitas tentativas de contribuir para a

melhoria da Educação Infantil, focalizando a figura do gestor na mudança da

formação de crianças frente a sua equipe de trabalho.

Pode-se observar o quanto é importante que educador tenha

qualidade, para dar o melhor atendimento às crianças. Elas precisam de

cuidados e educação.

E para que ocorram tais mudanças é necessário, que os educadores

sejam conscientes e críticos, os diretores capazes de exercerem liderança

educacional e serem agentes dinâmicos de mudanças, e, todos devem estar

voltados para os estudos, analisando as ações e adequando teorias às suas

práticas.

47

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52

ANEXOS

53

Índice

Agradecimento...............................................................................................3

Dedicatória.....................................................................................................4

Resumo...........................................................................................................5

Metodologia....................................................................................................6

Sumário..........................................................................................................7

Introdução......................................................................................................9

Capítulo I – Educação Infantil – Trajetória: Breve histórico político até a

concepção pedagógica...............................................................................12

1.1- Histórico do surgimento da Creche.......................................................12

1.2- Concepções de Educação Infantil.........................................................13

1.3- A Nova LDB e a formação do educador de Creche..............................17

Capítulo II – Uma análise à respeito das diferentes tendências

pedagógicas.................................................................................................23

2.1- Identificando as tendências pedagógicas..............................................23

2.2- Tendência Romântica............................................................................23

2.3- Tendência Cognitiva..............................................................................27

2.4- Tendência Crítica..................................................................................29

Capítulo III – O Gestor Escolar num tempo de mudanças.......................33

3.1- A Administração Escolar e seu processo de mudança.........................33

3.2- O que é Gestão Participativa.................................................................35

3.3- Papel da liderança do diretor.................................................................35

Capítulo IV – A importância do gestor na mudança da formação de

crianças frente a sua equipe de trabalho..................................................39

4.1- Por que motivar a sua equipe?..............................................................39

4.2- O que é o Projeto Político Pedagógico..................................................42

4.3- Como faze-lo com a participação de todos?.........................................43

Conclusão....................................................................................................45

Bibliografia...................................................................................................47

Anexos..........................................................................................................52

54

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSO

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

EDUCAÇÃO INFANTIL: UM NOVO PERFIL DA

CRECHE E PRÉ-ESCOLA A PARTIR DE UMA

GESTÃO DINÂMICA

Data da Entrega: 24/07/2004

Avaliado por:_____________________________ Grau:_________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

Rio de Janeiro,____ de ______________ de 2004.

__________________________________________

Coordenador do Curso

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