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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O córtex pré-frontal e a sua importância para a aprendizagem Por: Jullie Maggessi Orientador Professora Dr.ª Marta Relvas Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO … · glandulares. (RELVAS, 2009, p.31). ... sensibilidade corporal; outros são motores, participantes do circuito de comunicação do córtex,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O córtex pré-frontal e a sua importância para a

aprendizagem

Por: Jullie Maggessi

Orientador

Professora Dr.ª Marta Relvas

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O córtex pré-frontal e a sua importância para a

aprendizagem

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Neurociência Pedagógica

Por: Jullie Maggessi.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu marido, por todos os

momentos que esteve ao meu lado

sempre com amável ternura, fazendo

de minha vida mais especial; ao meu

irmão que me proporcionou saber o

que é companheirismo; aos meus pais

que são a verdadeira razão da vida; às

minhas avós por todas as orações e

por todos aqueles que me

acompanham em outro plano e fazem

desta vida possível.

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DEDICATÓRIA

A todos os meus professores,

grandes mestres que fizeram de mim uma

pedra lapidada.

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RESUMO

A presente pesquisa busca demonstrar a importância da área do

córtex pré-frontal e a sua complexa rede integradora com as outras regiões

cerebrais. A sua importância como centro gerenciador de ações, pensamentos,

comportamentos sociais, personalidade, previsão de fatos projetados, centro

da criatividade e o principal responsável por sermos seres sociais.

A relação do córtex pré-frontal com o processo da aprendizagem, a

emoção e a sua interferência dentro dessa relação demonstram que a

aprendizagem depende de todos os processos integradores feitos através das

redes neurais e, assim, depreende-se que é possível potencializar cada aluno

de forma individual e coletiva.

Palavras-chaves: Córtex pré-frontal, redes neurais, cérebro

executivo, linguagem, aprendizagem.

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METODOLOGIA

Os métodos que tornaram essa pesquisa possível foram as

inúmeras leituras de diversas disciplinas que, com o intuito maior que é a

aprendizagem, dialogaram em seus diferentes campos. Além das leituras e

citações, o ambiente da sala de aula também é parte fundamental da

composição desta monografia. Tanto do lado do professor, quando do lado do

aluno. Fazendo, desta forma, com que o ambiente da sala de aula seja um

laboratório favorável a práticas de aprendizagem. Sendo o objeto de estudo a

linguagem, a sua aquisição e como o córtex pré-frontal integra e coordena as

atividades neurais todas em consonância.

Procurei pautar todos os meus entendimentos em autores que me

dessem apoio quanto às teorias. Embasei meu método de pesquisa nos

autores: Elkhonon Goldberg, Roberto Lent e Gazzaniga, como principais

ratificadores de minhas exposições. Buscando, com isso, dar veracidade às

minhas interpretações.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Anatomia e funcionalidade 10

CAPÍTULO II

O córtex pré-frontal: o cérebro executivo 21

CAPÍTULO III

O córtex pré-frontal e a aprendizagem 31

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

ÍNDICE 44

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INTRODUCÃO

O presente estudo visa abordar o córtex pré-frontal e a sua relação

com a aprendizagem, estabelecer sua estrutura macro e micro; delimitar suas

funções; a sua relação com as outras áreas neurais; a sua importância para

todas elas e para o estabelecimento de sua organização.

Há uma descrição inicial da composição do sistema nervoso central

e das suas estruturas. A relação entre elas e a sua respectiva função.

Há, também, as funções e as relações executadas pelo córtex pré-

frontal, como esse coordena os processos mais complexos do comportamento

humano, como integra as diversas áreas neuronais, como estabelece as

diversas reações que sofremos e como as entendemos.

Os processos emocionais estão diretamente envolvidos com o

córtex pré-frontal e, desta forma, as emoções e as reações provenientes dela

também são objetos de estudo, uma vez que é no córtex pré-frontal que se

estabelece a relação entre elas e aquilo que chamamos de sentimentos. Tendo

por base que sentimentalizar é aprender a transformar emoções em afeto e

esse processo é resultado das configurações que fazemos do mundo e de nós

mesmos através do córtex pré-frontal.

Essa relação existente entre as emoções, o córtex pré-frontal e a

integração deste com as outras áreas cerebrais é fundamental para entender e

potencializar o processo da aprendizagem, uma vez que é por meio dessa

integração que adquirimos ou não o conhecimento.

É preciso entender as redes neurais, para que se entenda toda teia

necessária para que ocorra a internalização dos conteúdos e com isso

entender que os métodos de ensino precisam ser lapidados e moldados à

novas realidades e a realidades diferentes. Buscando sempre, com isso, fazer

com que o aluno entenda para que está aprendendo e para que serve tal

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aprendizagem. Potencializando, assim, sua área integradora e geradora de

comportamentos, o córtex pré-frontal.

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CAPÍTULO I

ANATOMIA E FUNCIONALIDADE

Com 86 bilhões de neurônios, o cérebro humano opera como em

uma corrida de bastões. O sistema nervoso trabalha em cooperação, os

neurônios agrupam-se e escalonam-se como uma teia bem entrelaçada e

ligada entre si. Desta forma, o sistema nervoso é interativo e seus elementos

celulares são os neurônios e os gliócitos.

Sendo um sistema interativo por excelência, o sistema nervoso

funciona como um todo, com a cooperação integrada de todos

os seus elementos celulares – os neurônios e os gliócitos. Os

primeiros formam uma extensa rede de circuitos capazes de

receber do ambiente, processar, armazenar e enviar de volta

ao ambiente um amplo espectro de informações. Os segundos

participam da regulação dessa rede de comunicação, seja

interferindo ativamente na transmissão de informações, seja

propiciando condições homeostáticas para o seu

funcionamento. Tanto neurônios como gliócitos formam

extensas famílias de tipos morfológicos e funcionais diversos,

de acordo com a região que se localizam. Para que essas

famílias constituam de fato uma rede, lidam com sinais de

informação de alta eficiência, eletrofisiológicos e bioquímicos.

(LENT, 2008, p.62).

Para que se possa entender o funcionamento global da interação

neuronal, é preciso que se entenda a sua estrutura. A célula neuronal é

composta por dendritos, corpo celular e axônio. Os dendritos são estruturas

prolongadas que funcionam como “antenas” receptoras de informações,

impulsos vindos de outros neurônios através da região sináptica. O corpo

celular constitui o centro metabólico (composto de núcleo, citoplasma e

citoesqueleto) a informação vinda pelos dendritos é, então, processada. O

axônio transmite a informação através de impulsos elétricos, gerados pelo

potencial de ação. Logo, perceba-se à imagem da corrida com bastões.

Imagine, então, que cada atleta é um neurônio e, assim, cada um possui um

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bastão. Cada bastão representa a informação contida em um neurônio, que

deve ser passada ao seu sucessor. Assim, o primeiro atleta corre para passar o

bastão ao segundo, o mais depressa possível, como o impulso eletrofisiológico

e bioquímico dos neurônios. Desta forma, os neurônios trabalham em equipe,

gerando pensamentos e ações.

Os corpos celulares dos neurônios estão concentrados no

sistema nervoso central e, também, em pequenas estruturas

globosas espalhadas pelo corpo, os gânglios nervosos. Os

dentritos e o axônio, genericamente chamados fibras nervosas,

estendem-se por todo o corpo, conectando os corpos celulares

dos neurônios entre si às células sensoriais, musculares e

glandulares. (RELVAS, 2009, p.31).

O sistema nervoso central

O sistema nervoso central (SNC) divide-se em: Encéfalo e Medula

espinhal. O encéfalo, por sua vez, divide-se em: cérebro (telencéfalo e

diencéfalo), cerebelo e tronco encefálico (mesencéfalo, ponte e bulbo).

É no diencéfalo que se situam as áreas cerebrais responsáveis por

fazer a conexão entre as áreas subcorticais e o córtex cerebral. É, também, o

centro das emoções. Onde estão localizadas as estruturas responsáveis pelo

circuito de Papez.

O diencéfalo é constituído por numerosos núcleos e

feixes, que podem ser agrupados topograficamente em tálamo,

epitálamo (acima do tálamo) e hipotálamo (abaixo dele). [...] o

tálamo é formado por vários núcleos importantes, sendo uma

“estação intermediária” entre as regiões subdiencefálicas e o

córtex cerebral. Muitos desses núcleos são sensoriais,

envolvidos principalmente na visão, na audição e na

sensibilidade corporal; outros são motores, participantes do

circuito de comunicação do córtex, dos núcleos da base e do

cerebelo; e outros ainda participam do chamado sistema

límbico, que cuida da vida emocional das pessoas. Por fim, o

hipotálamo é também formado por inúmeros núcleos e

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relaciona-se com o controle das funções das vísceras, do

balanço hormonal, além de participar de modo importante da

expressão das emoções. (LENT, 2008, p. 30).

É no telencéfalo que se situa o córtex cerebral parte importante

não só pelo seu volume, mas também pela sua diversidade de funções. É ele

que recebe as informações externas, examina-as e, assim, envia o resultado às

diferentes partes do corpo.

É o córtex cerebral, em última instância, que interpreta as

informações sensoriais gerando as percepções de que somos

capazes; é também ele que planeja, programa e envia à

medula os comandos para a motricidade. É no córtex que se

situam muito dos “arquivos” da memória, e é ele que nos

possibilita focalizar a atenção em algo ou então dispersar e até

dormir; é por intermédio dele que compreendemos e emitimos

a fala e a mímica correspondente, e é ele que nos permite

entender e emitir comportamentos emocionais, bem como

sentir subjetivamente as emoções. [...] devem-se salientar

apenas alguns sulcos e giros importantes pelo seu tamanho,

pela sua consistência em todos os cérebros, e por definirem

limites importantes. São eles: o sulco longitudinal, que separa

os hemisférios; o sulco lateral, que separa o lobo temporal dos

lobos frontal e parietal; o sulco central, que delimita o lobo

frontal do parietal e separa o giro pré-central 9que aloja a área

motora primária) do giro pós-central (no qual se localiza a área

somestésica primária); e o sulco calcarino, na face medial do

córtex, em cujas margens e fundo se situa a área visual

primária. (LENTE, 2008, p. 32).

O córtex cerebral representado pela massa cinzenta, na qual se

encontram os corpos neuronais, representa a parte mais sofisticada do SNC. É

importante que se conheça a morfologia dos neurônios corticais, conforme se

viu acima, os neurônios são compostos de dendritos, corpo celular e axônio.

Os dendritos e os axônios compõem a parte branca do cérebro, os feixes de

fibras, e podem estender-se por todo o corpo, alcançando uma longa distância

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ou podem ter um comprimento mínimo; entre um neurônio e outro (os

interneurônios). Têm-se dois tipos essenciais de neurônios, escalonados em

camadas, no córtex cerebral são eles: os piramidais e os estrelados chamados

assim por sua forma.

Os primeiros são geralmente excitatórios, porque ativam os

neurônios subsequentes do circuito. Além disso, emitem

axônios relativamente longos para outras áreas corticais, ou

para núcleos subcorticais. São chamados também de

neurônios de projeção. É por eles que a informação

processada no córtex sai para outros locais do SNC. Já os

neurônios estrelados podem ser inibitórios (diminuem ou

bloqueiam a atividade dos neurônios subsequentes do circuito

de que fazem parte). Seu axônio é mais curto, fazendo

comunicação local com outros neurônios da mesma região.

São também chamados de interneurônios ou neurônios de

circuito local. ( LENT, 2008, p.38).

É por essa vasta via neuronal que sentimos e expressamos nossas

emoções. É através da combinação de ações neuronais que nos identificamos

como seres humanos, capazes de construir e passar à diante civilizações.

É justamente esta parte do cérebro responsável pela dinâmica

civilizacionista, responsável por tudo que temos ao redor do mundo que se irá

tratar.

Outra importante estrutura é o cerebelo. Esse é responsável pela

integração do sistema motor, pela memória procedural e, consequentemente,

pela aprendizagem.

Há muito se sabe que o cerebelo tem participação

importante na coordenação motora, atuando em três diferentes

aspectos funcionais: (1) a manutenção do equilíbrio corporal;

(2) a regulação do tônus musculas; (3) o controle da harmonia

e precisão dos movimentos. De modo geral, associa-se ao lobo

floculonodular, junto com o verme, a tarefa de controlar os

músculos antigravitários para manter o equilíbrio. Juntas, essas

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regiões são então chamadas vestibulocerebelo, por se

relacionarem com os núcleos vestibulares do ronco encefálico,

que detectam as alterações da posição da cabeça e do corpo.

A regulação do tônus muscular é propriciada pelas regiões

mais mediais dos hemisférios cerebelares (zona intermediária)

e com os feixes descendentes que exercem controle sobre a

medula espinhal: é o espinocerebelo. E o controle fino dos

movimentos é provido pelas regiões laterais dos hemisférios

cerebelares, mais volumosas do que as demais e que se

conectam profusamente ao córtex cerebral: trata-se do

cerebrocerebelo.

Atualmente, acumulam-se as evidencias de que o cerebelo

apresenta funções mais complexas do que apenas o controle

da motricidade. Assim, atribui-se a ele a coordenação da

aprendizagem motora e da memória de procedimentos, além

de complexas funções sensoriais, emocionais e cognitivas.

(LENT, 2008, p. 28).

O mesencéfalo, também conhecido como cérebro reptiliano, é

responsável pelo sistema de alerta, controla o ciclo do sono e da vigília e

integra o meio externo a respostas internas.

A principal função desempenhada pelo mesencéfalo é de

natureza sensorimotora, isto é, de integração entre o ambiente

percebido pelos principais sentidos e as respostas motoras

necessárias. A parte que fica dorsalmente à cavidade central

(arqueduto cerebral) é chamada tecto (como um teto,

realmente), e a que se posiciona ventralmente é chama-se

tegmento. [...] o mesencéfalo participa também do controle da

dor e de certas respostas motoras de origem emocional.

(LENT, 2008, P.29).

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As células gliais

As células da neuroglia cumprem a função de sustentar, proteger,

isolar e nutrir os neurônios. Há diversos tipos celulares distintos, quanto à

morfologia, à origem embrionária e quanto às funções que exercem.

Distinguem-se, entre elas, os astrócitos, oligodendrocitos e micróglia. Os

astrócitos dão suporte mecânico e fornecem alimento à complexa e delicada

rede de circuitos nervosos. Os oligodendrócitos desempenham função

equivalente à das células de Schwann, formando bainhas protetoras sobre os

neurônios que ficam no encéfalo e na medula espinhal. As micróglias são um

tipo especializado de macrófago cuja função é fagocitar detritos e restos

celulares presentes no tecido nervoso. Preenchem os espaços entre os

neurônios, regulam a concentração de diversas substâncias com potencial para

interferir nas funções neuronais normais (como por exemplo as concentrações

extracelulares de potássio), regulam os neurotransmissores (restringem a

difusão de neurotransmissores liberados e possuem proteínas especiais em

suas membranas que removem os neurotransmissores da fenda sináptica).

Junto com essa multiplicidade neuronal destaca-se a segunda

família de células do sistema nervoso, a dos gliócitos. Trata-se

de células consideradas tradicionalmente como elementos de

suporte dos neurônios, que lhes proveriam nutrição, proteção,

isolamento elétrico e suporte metabólico. O significado

funcional dos gliócitos, entretanto, tem-se modificado

velozmente nos últimos anos, com base nas descobertas da

neurobiologia celular. Já se sabe que além das funções

mencionadas, os gliócitos participam de modo importante em

diferentes fases do desenvolvimento embrionário e pós-natal,

principalmente porque parecem se células-tronco até mesmo

no sistema nervoso adulto, sendo portanto possíveis fontes de

reposição neuronal em certas situações. E descobriu-se

também que os gliócitos se inserem nos circuitos dos

neurônios, participando ativamente no fluxo de informações

que passa continuamente entre eles. (LENT,2008, p.40).

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Estudos recentes também sugerem que podem ativar a maturação e

a proliferação de células-tronco nervosas adultas e ainda, que fatores de

crescimento produzidos pelos astrócitos podem ser críticos na regeneração dos

tecidos cerebrais ou espinhais danificados por traumas ou enfermidades.

Os astrócitos estão associados às sinapses e, como vimos, são

capazes de as influenciar, estabilizar e aperfeiçoar. Sua ação

pode resultar até em consequências morfológicas, por exemplo

no hipocampo, no qual o número, o tamanho e a forma das

espinhas dendríticas são influenciados pelo contato com os

pedículos dos astrócitos, que liberam moléculas reconhecidas

por receptores nos dendritos pós-sinápticos.

Além disso, os astrócitos são células quimicamente excitáveis.

Não geram potencial de ação mas, uma vez ativadas, podem

emitir mensagens para células vizinhas, utilizando mensageiros

químicos semelhantes aos neurotransmissores e por isso

chamados de gliotransmissores. (LENT, 2008, P. 87).

As células gliais se comunicam com os neurônios e umas com as

outras sobre as mensagens trocadas pelas células nervosas. As células gliais

são capazes de modificar esses sinais nas fendas sinápticas entre os

neurônios e podem até mesmo influenciar o local da formação das sinapses.

Os neurotransmissores

Os neurotransmissores são moléculas pequenas que na sua maioria

são derivados de precursores de proteínas, eles são encontrados geralmente

em vesículas pré-sinápticas neuronais. Os neurotransmissores são liberados

na fenda sináptica e captados por terminais pós-sinápticos (por meio de

receptores localizados na membrana pós-sináptica), quando da passagem do

impulso nervoso de uma célula para outra, o que se chama de transmissão

sináptica. De acordo com a propriedade funcional do neurotransmissor e do

terminal pós-sináptico, os neurotransmissores são conhecidos por promovem

respostas excitatórias ou inibitórias entre neurônios que se comunicam através

de sinapses químicas.

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Para que haja sinapses químicas, é preciso que o impulso elétrico

seja transmitido através do axônio, estimulando as vesículas, que contêm os

neurotransmissores, a liberá-los pela fenda pré-sináptica. Esses

neurotransmissores serão captados pelas fendas pós-sinápticas do outro

neurônio, estimulando, então, o impulso elétrico.

Sendo assim, a propagação do impulso elétrico, através da bomba

de sódio e potássio, é mais rápida do que a absorção das substancias

químicas pelos neurônios.

Os impulsos nervosos ou potenciais de ação são causados pela

despolarização da membrana. A despolarização e a repolarização de um

neurônio ocorrem devido às modificações na permeabilidade da membrana

plasmática. Em um primeiro instante, abrem-se "portas de passagem" de Na+,

permitindo a entrada de grande quantidade desses íons na célula. Com isso,

aumenta a quantidade relativa de carga positiva na região interna na

membrana, provocando sua despolarização. Em seguida abrem-se as "portas

de passagem" de K+, permitindo a saída de grande quantidade desses íons.

Com isso, o interior da membrana volta a ficar com excesso de cargas

negativas (repolarização).

O estímulo provoca, assim, uma onda de despolarizações e

repolarizações que se propaga ao longo da membrana plasmática do neurônio.

Essa onda de propagação é o impulso nervoso, que se propaga em um único

sentido na fibra nervosa. Os potenciais de ação assemelham-se em tamanho e

duração e não diminuem à medida que são conduzidos ao longo do axônio, ou

seja, são de tamanho e duração fixos.

Sem o potencial de ação não há a passagem de informações de um

neurônio para o outro, o que geraria uma dificuldade na aprendizagem e

assimilação de conteúdos. Desta forma, o potencial de ação é de total

importância para o processo da aprendizagem. Sendo através dele que se

desenvolvem as conexões neurais.

Para que ocorra o potencial de ação dentro do neurônio, é preciso

que o neurônio receba estímulos e que esses estímulos sejam passados à

diante. É nesse ponto que fica em foco a região sináptica, é nela que ocorre a

passagem química de um neurônio a outro. Essas substâncias químicas são

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conhecidas como neurotransmissores e modulam os comportamentos e

emoções.

Denomina-se sinapse a estrutura de contato formada pelo

prolongamento de um neurônio dito pré-sináptico e um

neurônio (ou célula muscular) dito pós-sináptico. A membrana

pré-sináptica geralmente pertence à extremidade de um ramo

axônico, e a membrana pós-sináptica em geral se localiza em

um dendrito ou no corpo celular do segundo neurônio.

A estrutura da sinapse é especializada na transmissão química

da informação do neurônio pré-sináptico para a célula pós-

sináptica, que para isso emprega moléculas transmissoras

chamadas neurotransmissores ou, de modo mais geral,

neuromediadores. [...] os neuromediadores são sintetizados no

soma do neurônio ou no próprio terminal sináptico, que para

isso expressam a maquinaria molecular adequada (enzimas,

moléculas precursoras etc.). [...] a transmissão sináptica ocorre

quando um potencial de ação chega ao terminal pré-sináptico,

despolarizando-o. (LENT, 2008, p.73).

Para que se entenda melhor as funções de cada neuromediador

segue algumas de suas funções:

Acetilcolina (ACh)

Neuromediador envolvido em muitos comportamentos, bem com

atenção, aprendizado e memória:

- Movimento - os movimentos de nossos músculos são promovidos

pela liberação da acetilcolina dos neurônios colinérgicos, para as fibras

musculares.

- Sono REM - durante a fase de sono profundo (sono REM), a

acetilcolina é liberada da ponte.

- Aprendizado e memória - em animais de laboratório, ao bloquear a

liberação da acetilcolina, cria-se um déficit no aprendizagem e memória. Em

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alguns casos, a colina (somente) é sugerida para facilitar o processo de

aprendizado e memória.

- Doença de Alzheimer - está associada, em 90% dos casos, com

perda de neurônios colinérgicos no prosencéfalo basal e hipocampo.

Serotonina (5HT):

Neurotransmissor que possui interferências no humor, na ansiedade

e na agressão.

- Desordens de humor - a diminuição da liberação de serotonina no

sistema nervoso central está associada a desordens de humor e depressão.

Costuma-se tratar esses pacientes com medicamento que bloqueiam a

recaptação da serotonina para o terminal pré-sináptico (ex. fluoxetina, o

Prozac).

- Desordem obsessiva compulsiva - associada à redução nos níveis

de serotonina no sistema nervoso central, é geralmente tratada por meio da

inibição da recaptação da serotonina.

- Apetite é reduzido por drogas que elevam a serotonina no encéfalo

(geralmente amina)

- Comportamento agressivo e suicídio - tem sido associado a

reduzidos níveis de serotonina no encéfalo.

- Latência de sono - a latência de sono (tempo que a pessoa levar

para dormir) é diminuída com triptofano um aminoácido necessário, para a

síntese de serotonina. Esse dado sugere que a serotonina pode ter um papel

importante na indução do sono.

Dopamina (DA):

Controla níveis de estimulação e controle motor em muitas áreas

encefálicas. Quando os níveis de dopamina estão extremamente baixos, os

pacientes são incapazes de se mover voluntariamente.

-Doença de Parkinson - acontece devido degeneração de neurônios

dopaminérgicos oriundos da substância negra, que enviam as suas projeções

para o estriado, o qual está envolvido no controle motor do movimento.

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Noradrenalina (NA):

Esse neurotransmissor está relacionado à excitação físico e mental,

bem como é conhecido por promover o bom-humor. É produzido no locus

coeruleos e atua como mediador dos batimentos cardíacos, pressão

sanguínea, conversão de glicogênio em energia e outros.

- Atenção e alerta - a liberação da noradrenalina facilita a atenção e

o alerta durante o dia.

Peptídios:

Endorfinas / encefalinas - são neurotransmissores peptídicos

opiáceos endógenos capazes de modular a dor e reduzir o estresse.

GABA (ácido gama-aminobutirico):

Principal neurotransmissor inibitório do SNC. Ele está presente em

quase todas as regiões do cérebro, embora sua concentração varie conforme a

região. Está envolvido com os processos de ansiedade. Seu efeito ansiolítico

seria fruto de alterações provocadas em diversas estruturas do sistema límbico,

inclusive a amígdala e o hipocampo. A inibição da síntese do GABA ou o

bloqueio de seus neurotransmissores no SNC resultam em estimulação

intensa, manifestada através de convulsões generalizadas.

Glutamato:

O principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso.

O glutamato atua em duas classes de receptores: os ionotrópicos (quando

ativados exibem grande condutividade a correntes iônicas) e os metabotrópicos

(agem ativando vias de segundos mensageiros). Os receptores ionotrópicos de

glutamato do tipo NMDA são implicados como protagonistas em processos

cognitivos.

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CAPÍTULO II

O CÓRTEX PRÉ-FRONTAL: O CÉREBRO EXECUTIVO.

Todos os seres humanos precisam realizar tarefas em seu cotidiano,

fazer escolhas, tomar decisões. O que comer? O que vestir? Que casa querem

ter? Quantos filhos pretendem ter? Essas são algumas das simples escolhas

que se faz. E como se faz? Faz-se com o córtex pré-frontal, com o cérebro

executivo e com todas as complexas redes que dele surgem. São eles que

desempenham as funções mais avançadas e mais complexas. São o que se

pode chamar de coordenadores neurais.

O domínio executivo compreende um elenco de operações

cognitivas do qual fazem parte: a flexibilidade, o planejamento, a

intencionalidade e a capacidade de autorregulação dos processos mentais.

Assim, pode-se entender que o córtex pré-frontal é a estrutura

cerebral responsável pelo processo civilizatório da humanidade.

O córtex pré-frontal desempenha um papel fundamental na

formação de metas e objetivos; a seguir, no planejamento de

estratégias de ações necessárias para a consecução destes

objetivos. Ele seleciona as habilidades cognitivas requeridas

para a implementação dos planos, coordena estas habilidades

e as aplica em uma ordem correta. Finalmente, o córtex pré-

frontal é responsável pela avaliação do sucesso ou do fracasso

de nossas ações em relação aos nossos objetivos.

(GOLDBERG, 2002, p.46).

Desta forma, percebe-se a importância da evolução dos lobos

frontais para a sobrevivência humana. Formular metas e planejar objetivos é

mudar e transformar a realidade. É utilizar o panorama do presente para

planejar o futuro. O planejamento do futuro não foi importante só para a

construção de civilizações, mas também para a construção da identidade, do

eu. É a consciência do ser, a autoconsciência e a consciência dos outros.

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O início de uma teoria.

O estudo das funções executivas surge do pelo contraste observado,

na prática clínica, de indivíduos com graves alterações de comportamento e

personalidade, mas com desempenho normal ou superior em testes cognitivos

padronizados.

O caso mais famoso, referente à lesão frontal, é o caso de

Phineas Gage, em 1848. Aos 25 anos Gage sofreu um

acidente de trabalho que ocasionou uma lesão em seu

lobo frontal esquerdo. Phineas Gage trabalhava como

capataz de uma turma de operários na construção da

estrada de ferro Rutland e Burlington em Massachusetts

(EUA), quando foi atingido por uma barra de ferro de 1m

de comprimento pesando 6 Kg. A recuperação de Gage

causou muita surpresa. Aparentemente normal, mas o

distúrbio em sua personalidade causou tamanha

estranheza que sua família e amigos não o reconheceram

mais como o mesmo. A lesão causou significativo

comprometimento de suas faculdades mentais como

descreveu seu médio John Harlow “do ponto de vista

mental, sua recuperação foi apenas parcial, pois suas

faculdades intelectuais se encontravam nitidamente

comprometidas: embora ainda presentes e sem que

houvesse demência, suas manifestações estavam

debilitadas: as operações mentais eram perfeitas

qualidade, mas não em quantidade nem em grau”. (LENT,

2008, p.288).

Assim, a ciência do cérebro começou a perceber que o mais

importante não era o fato das faculdades mentais trabalharem, mas sim o

modo como elas trabalham. A importância está na capacidade de aplicarem-se

as capacidades cognitivas categoriais e aplicadas a situações da vida.

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É dentro dessa perspectiva que se apoia o conceito de função

executiva, ou seja, o conjunto de operações mentais que

organizam e direcionam os diversos domínios cognitivos

categoriais para que para que funcionem de maneira

biologicamente adaptativa. Para que a utilização dos recursos

físicos e sociais seja econômica e eficaz, não basta que os

domínios cognitivos categorias estejam intactos como módulos

independentes. (LENT, 2008, p. 289).

Desta forma, então, entende-se o caso de Phineas Gage, uma vez

que suas capacidades cognitivas categoriais funcionavam em perfeito estado;

porém, sua parte integradora (seu lobo frontal) foi lesionada. Assim, quando a

parte integradora, ou seja, a função executiva, falha, o indivíduo perde a

autonomia. E, desta forma, sua personalidade e suas características

modificaram-se totalmente.

Aspectos anatômicos da organização cerebral das redes

executivas.

A organização das redes executivas frontais é representada por

alças-córtico-subcorticais longas que emanam de setores delimitados do córtex

frontal e projetam-se para regiões circunscritas dos núcleos da base e destes

para núcleos talâmicos específicos que se projetam de volta para o córtex

frontal. Cinco circuitos são conhecidos: circuitos motor, oculomotor, e três

relacionados com o comportamento social com origens no córtices do cíngulo

anterior, frontal dorsolateral e orbitolateral.

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Ideias e modelos teóricos acerca dos lobos frontais.

Autores qualificados, dedicados a campos tão diversos das

neurociências como a neurologia clínica ou a estrutura molecular do córtex

frontal, esforçaram-se por desenvolver ideias e modelos teóricos que

explicassem a contribuição dos lobos frontais para a organização do

comportamento. Segundo Luria (1902-1977) os lobos frontais são responsáveis

pelas formas de elaboração de comportamento – as que resultam da imposição

de metas preestabelecidas pelo próprio indivíduo e que dependem de planos e

estratégias que regulam ideias e comportamentos por meio da fala interior.

A neurocientista americana Patricia Goldman-Rakic (1937-2003)

desenvolveu uma excelente teoria sobre os lobos frontais como os mediadores

da memória operacional (ou memória de trabalho), ou seja, a capacidade de

manter representações em mente por curtos períodos (geralmente segundos)

enquanto as utilizamos no desempenho de alguma atividade imediata. Isso

ocorre quando desejamos anotar um numero de telefone desconhecido ou a

placa de um carro em fuga, precisamos mantê-los “na memoria” até achar lápis

e papel. Goldman-Rakic identificou no córtex frontal dorsolateral (mais

especificamente na área 46 de Brodmann) grupos de neurônios que se

mantêm ativos durante o período que medeia a aquisição da informação

(telefone, placa) e sua utilização subsequente (anotação). Esses neurônios

codificam em linguagem neural o material retido temporariamente na memoria

operacional até que a informação seja utilizada ou arquivada por mais tempo.

Lesões frontais dorsolaterais interferem na memoria operacional e o individuo

encontra dificuldade de dar sequencia as ações comportamentais por “perdê-

las a meio caminho do objetivo”.

A formulação mais frutífera do funcionamento dos lobos frontais foi

enunciada por Jordan Grafman, psicólogo, norte-americano, em meados dos

anos 1980. Seu modelo está centrado no conceito de UGC (Unidades

Gerenciais de Conhecimento) definidas como estruturas macrocognitivas

análogas a esquemas e roteiros de ação. As UGC são sequencias

automatizadas de comportamentos ou ideias, ativados automaticamente pelos

contextos apropriados, que se desdobram em sequencias comportamentais ou

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ideativas dotadas de inicio, meio e fim. Exemplos de UGC são a ida a um

restaurante, tomar banho, planejar as férias, sair para fazer compras.

Grafman mostrou a importância dos lobos frontais como depositários

das UGC. Sob essa perspectiva os lobos frontais são responsáveis por um tipo

de memoria no qual estão codificados os engramas1 de ação que possibilitam

que realizemos nossas ações cotidianas de modo automatizado e com mínimo

de esforço. O modelo UGC foi, até hoje, o mais útil sobre o funcionamento

executivo, porque admite que sejam desenvolvidas hipóteses testáveis

experimentalmente. Tanto assim que a ideia das UGC tem sido largamente

apoiada por investigações subsequentes e ampliada a outros níveis de

complexidade, tais como os comportamentos sociais guiados por crenças e

atitudes morais.

Desta forma, pode-se perceber a importância dos lobos pré-frontais

e sua função integradora, que faz com que se possa planejar ações, prevendo

seus benefícios. Assim, o córtex pré-frontal é a ferramenta necessária na

tomada de decisões. Integrando os circuitos cerebrais, através das redes

neurais, organiza, prepara e envia informações e comandos a outras partes do

cérebro.

O córtex pré-frontal e a emoção.

Sendo o córtex pré-frontal o regulador e organizador das ações

humanas, compete a ele, também, adaptar as emoções e comportamentos ao

meio. É importante lembrar que os circuitos neurais, compostos pelas redes

neurais, fazem a integração do córtex pré-frontal com outras partes do cérebro.

Desta forma, o sistema límbico envia à área terciária a soma de emoções

produzidas, por meio dos impulsos elétricos e químicos que permeiam as

sinapses. Sendo assim, o córtex pré-frontal analisa, coordena e transforma-as

em sentimentos, que serão organizados e interpretados.

A regulação das emoções inclui todas as estratégias

conscientes e inconscientes para aumentar, manter ou diminuir

um ou mais componentes da resposta emocional. Esses

1 “Unidades” de memória.

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componentes são os sentimentos, os comportamentos e as

respostas fisiológicas que constroem as emoções. (LENT,

2008, P.267).

O papel do córtex pré-frontal é, então, responsável pela melhor

elaboração da resposta ao ambiente. Ao perceber o ambiente, a amigdala

cerebral “inspeciona” cada indivíduo, suas expressões faciais, os detalhes ao

redor. Sempre em busca de sinais que sejam relevantes, para a captação de

alguma situação geradora de medo. Assim, a decepção, a raiva, o medo, a

felicidade e outras emoções passarão pela amigdala cerebral, esta por sua vez,

envia os sinais ao córtex pré-frontal que os analisa. Analisando os sinais,

coordena a situação social em que o individuo se encontra e, caso ache

necessário, faz com que certas emoções transpareçam ou não. Tudo é uma

questão de planejamento, atingir metas e alcançar objetivos; de forma que é

preciso construir meios que driblem, em certas ocasiões, a forma de demostrar

as emoções.

Viver em sociedade é ter a preocupação com o outro, é ter

consciência de que não se pode ser sincero sempre, afinal certas situações

exigem uma inibição da resposta produzida diretamente pela amigdala cerbral.

É a parte cognitiva, racional, em um conjunto de influências mútuas

com a parte emocional, ou seja, a influência do córtex pré-frontal na parte

emocional e vice-versa. É a sede da intencionalidade, capaz de prever as

situações, e melhor adaptar, dessa maneira, a resposta emocional a um

evento.

Há pelo menos duas estratégias diferentes: a regulação

antecipatória da emoção e a regulação da emoção focada na

resposta.

Na regulação antecipatória da emoção, várias estratégias são

possíveis para evitar que determinadas emoções de fato

aconteçam. Imagine que você tenha uma prova muito difícil a

ser realizada e está evitando ficar nervoso por conta disso.

Você pode evitar antecipadamente que essa emoção se instale

procedendo de várias maneiras [...] mudar cognitivamente o

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caráter emocional da situação, convencendo a si mesmo de

que será apenas uma prona e que isso não mede seu valor

enquanto pessoa. Esta última estratégia de regulação

antecipatória é uma das mais utilizadas e é denominada

“reavaliação”. Nesse caso, elaboramos uma estratégia de

mudança cognitiva para alterar o impacto emocional de uma

situação.

No caso da regulação da emoção focada na resposta, a

emoção já foi instalada e o que fazemos é inibir as respostas

emocionais de maneira que as outras pessoas não possam

perceber o que sentimos. (LENT, 2008, p. 267).

Uma estratégia inteligente para que se possa viver socialmente de

forma mais favorável à relação. O que se percebe é a estratégia organizada

por meio do córtex pré-frontal que age a favor do próprio indivíduo, nos seus

conflitos, medos e dúvidas, buscando um objetivo e não se deixando dominar

pela emoção passada pela amigdala. E, ainda, age na avaliação do sucesso e

do fracasso das relações interpessoais, uma vez que não deixa transparecer,

em todas as ocasiões, as emoções.

Como já se poderia imaginar, o córtex pré-frontal parece ser

uma estrutura-chave para a regulação da emoção [...] o córtex

pré-frontal é importante para a extinção do medo condicionado.

Assim, é possível que o córtex pré-frontal exerça uma inibição

importante sobre a amígdala para controlar as respostas

emocionais. (LENT, 2008, p.267).

A informação nova e o interesse do lobo frontal

Para entender melhor essa ideia, pode-se voltar à imagem da

corrida com bastões. A passagem dos bastões de um atleta para o outro, que

deve passar por vários obstáculos até entregar o bastão ao seu sucessor,

representa o grupo de neurônios que trabalham juntos, através das redes

neurais; para alcançar determinado fim. No caso dos atletas da corrida, ganhá-

la; já no caso dos neurônios transmitir a informação de modo rápido e eficiente.

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Mas onde está o papel dos lobos frontais? Bem, toda equipe possui

um técnico que organiza, orienta, enxerga a ação de forma diferenciada, dá

ordens e mantém a equipe obstinada a realizar a tarefa.

Desta forma, os lobos frontais dirigem e comandam a entrada de

informações novas. De modo que são capazes de identificar uma informação

nova de um evento já armazenado.

Parece haver uma forte relação entre a novidade da tarefa e o

nível do fluxo sanguíneo nos lobos frontais: ele é o mais alto

quando a tarefa é nova, o mais baixo quando a tarefa é

familiar, e intermediário quando a tarefa é parcialmente nova. À

medida que os níveis de fluxo sanguíneo são correlacionados

com a atividade neural (o que a maioria dos cientistas crê ser o

caso), esses experimentos fornecem provas fortes e diretas

sobre o papel dos lobos frontais ao se lidar com novidade

cognitiva.

Podemos lembrar que a novidade está associada com o

hemisfério direito. Isto significa que os lobos frontais estão mais

intimamente envolvidos com o trabalho do hemisfério direito do

que com os do hemisfério esquerdo? Pode ser. O lobo frontal

direito é maior no hemisfério direito do que no esquerdo. E,

embora seja útil traçar exageradamente paralelos diretos entre

estrutura e função, a maioria dos cientistas acredita que ais

tecido neural implica maior capacidade funcional.

O papel especial desempenhado pelos lobos frontais e pelo

hemisfério direito ao lidar com a novidade e pelo hemisfério

esquerdo em implementar rotinas sugere que as mudanças

dinâmicas associadas ao aprendizado são ao menos duplas.

Com o aprendizado, o locus do controle cognitivo desloca-se

do hemisfério direito para o hemisfério esquerdo, e das partes

frontais do córtex para as posteriores. (GOLDBERG, 2002,

p.99).

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O córtex pré-frontal e a organização social humana

Goldberg, em seu capítulo a maturidade social e os lobos frontais,

reconhece que a capacidade que se tem ao controlar as ações volitivas, ou

seja, aquelas em que se tem vontade própria, não são inatas. Elas

desenvolvem-se através do desenvolvimento humano. Sendo, então, a

capacidade adquirida para controlar as emoções uma importante ferramenta

para o convívio social, destacando desta forma, a maturidade social.

Goldberg cita a hipótese de Allan Shore que acredita que a interação

mãe-bebê é importante para o desenvolvimento normal do córtex frontal. Em

oposição à boa formação do córtex frontal está a comprovação pelo intermédio

de experiências estressantes que podem lesionar permanentemente o córtex

orbitofrontal, predispondo o indivíduo a moléstias psiquiátricas mais tarde na

vida.

Logo, se o córtex pré-frontal sofre influência em sua formação e pré-

-disposição social, desde seus primeiros contatos com o mundo exterior, é

fundamental a presença do afeto, do respeito com esse novo ser humano, que

inicia sua jornada na complexa trama social.

É preciso que haja o compromisso com a criança e com o bebê e, é

preciso ainda que haja respeito com suas necessidades como cidadãos que

precisam de ambientes favoráveis aos seus desenvolvimentos.

Viver em sociedade implica estar, a todo momento, interagindo de

forma respeitosa uns com os outros. Para que isso aconteça o córtex pré-

frontal e outras estruturas às quais está ligado, precisa regular os impulsos

promovidos pelas emoções. Afinal é exatamente isso, ou seja, a regulação das

emoções que faz com que o ser humano seja um ser sociável, capaz de

aprender o afeto e controlar suas emoções.

A capacidade de inibir a aflição é fundamental para as

interações sociais. As metas e as necessidades de diferentes

membros de um grupo social nunca estão em perfeito acordo,

e a capacidade para compromisso é um mecanismo crítico de

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harmonia e equilíbrio social. Esta capacidade depende de

nossa capacidade de controlar a aflição, a emoção negativa

que emerge de uma incapacidade de encontrar uma

gratificação imediata. Emoções negativas envolvem as

amígdalas, localizada profundamente dentro do lobo temporal.

De acordo com Posner, o córtex cingulado anterior controla as

amígdalas e, ao exercer esse controle, modera a expressão de

aflição. Uma sociedade de indivíduos com amígdalas ativas

incontidas pelo córtex cingulado anterior estaria

constantemente com uns na garganta dos outros. De acordo

com essa visão, o córtex cingulado anterior torna possível o

discurso civilizado e a resolução de conflitos. (GOLDBERG,

2002, p. 177).

É dessa forma que age, então, o centro diretor do cérebro.

Integrando e moderando as emoções à razão. Justamente essa, a razão, é a

previsão do fato, juntamente com a interpretação dessas emoções.

Codificando, desta forma, a melhor escolha a ser tomada, o melhor

comportamento, a melhor forma de portar-se diante de uma determinada

situação, diante de um planejamento, diante das diversas ocasiões sociais.

É assim que o córtex pré-frontal dirige os diversos campos da vida

de um ser humano, dando-lhe a personalidade, a intencionalidade, o

planejamento, o afeto, a memória de trabalho. É embaralhando e retirando o

melhor dessa informação que ele comanda os outros lobos cerebrais, através

de suas redes neurais.

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CAPÍTULO III

O CÓRTEX PRÉ-FRONTAL E A APRENDIZAGEM.

A educação é entendida como um processo contínuo pelo qual uma

pessoa se desenvolve nos seus conhecimentos; “[...] é um processo de

contínua reconstrução da experiência, com o propósito de ampliar e aprofundar

seu conteúdo social, enquanto, ao mesmo tempo o indivíduo ganha controle

dos métodos envolvidos” (John Dewey); “ [...] é qualquer ato ou experiência

que tenha um efeito formativo sobre a mente, caráter ou capacidade física de

um indivíduo”(George Keneller).

Em termos etimológicos, a palavra educação tem sua origem em

dois verbos latinos: Educare: cujo significado é transmitir informações a

alguém. Educere: significa extrair, desenvolver, algo que está no indivíduo.

A educação tem por objetivo dar possibilidades de mudanças

eficazes e responsáveis, e pode ser formal – adquirida através de estudo

organizado, usualmente administrado nas escolas, e informal – adquirida

mediante ao estudo privado, ou de experiências diárias; incluindo o que se

aprende através de comunicação interpessoal, livros, revistas, rádio, televisão,

cinema etc.

A educação de hoje deve levar em conta o fato de que a escola, com

seu modelo pretérito, fracassou. Uma vez que decorar conhecimento não é

preparar-se para a vida. O aluno é um cidadão e fará escolhas ao longo de sua

jornada. Estar dentro de um ambiente que lhe proporcione pensar é, de fato, a

grande proposta da neurociência à luz de seus conhecimentos atuais.

É preciso que o aluno adquira conhecimento para a vida,

conhecimento que irá lhe dar suporte nos desafios cotidianos.

É dentro dessa perspectiva que o ensino de Língua Portuguesa se

insere. Não se pode mais admitir que alunos saiam do colégio sem o domínio

de sua língua materna.

Estudar a Língua Portuguesa deve deixar de ser decorar múltiplas

listas, deve deixar de ser um conteúdo, simplesmente, passado pelo professor

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e deve passar a ser a descoberta de um sistema que está sempre em

movimento e pré-disposto à mudança.

Mais enriquecedor, mais desafiador para a prática

docente é ter sempre em mente que “a gramática de qualquer

língua em funcionamento não tem regras rígidas de aplicação”

(Neves, 2003, p.79). Como a língua é viva e variável, há

ocorrências que carecem de explicação mais consistente,

fenômenos cujas explicações nem sempre são óbvias, e

diversas “zonas de imprecisão e de oscilação” (Neves, 2003).

Decorre daí que não faz sentido algum que a gramática

ensinada na escola se reduza a atividade de encaixamento em

moldes, de memorização de esquemas fechados, de imitação

de modelos e de decoreba de nomes esquisitos. (SILVA et al,

2012, p.33).

Ensinar o português, hoje, é atribuir significado à comunicação

diária, é demonstrar o poder do discurso, é dar sentido e significado para a

aprendizagem.

Deve-se contextualizar o ensino, mostrar para que serve passa a ser

fundamental. Entender as dificuldades que o aluno apresenta ao deparar-se

com um sistema, quase totalitário, novo e com novas características; mas, nem

por isso, menos próprio do seu sistema linguístico. Entender e levar o aluno ao

entendimento é partir de sua realidade e, só assim, mostrar-lhe o uso padrão

da língua.

Sabe-se que, hoje, o principal objetivo do ensino de língua

materna é o desenvolvimento da capacidade de comunicação,

tanto oral como escrita, de uma língua que o usuário já domina.

No entanto, o que se vê nas escolas, mais frequentemente, é

que a maior parte do tempo disponível para o trabalho com a

língua tem sido destinada a atividades que envolvem a

memorização de regras e conceitos dos conteúdos da

gramática normativa [...] Ano após ano, a escola tem-se

preocupado em ensinar a forma “correta” de falar e escrever,

por meio de regras e exemplos tidos como bons para serem

imitados. Sem levar em conta as dificuldades dos sujeitos

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envolvidos no processo nem o uso efetivo da língua numa

situação de interação verbal. (SILVA et al, 2012, p.48).

Para que serve a língua e como devemos ensiná-la é a grande

questão. E é aí que surge a análise linguística, buscando consertar o que, até

pouco tempo, não estava dando resultado. A análise linguística busca colocar o

usuário da língua como pesquisador diante dos fatos, e não mais um aprendiz

que aceita todas as verdades impostas. O aluno passa a estudar sua língua

entendendo suas variações e formas de uso. Não havendo, assim, a

valorização de uma forma em depreciação de outra.

Mendonça (2006, p.205), em consonância com Geraldi

(2006b), pontua que o termo análise linguística “surgiu para

denominar uma nova perspectiva de reflexão sobre o sistema

linguístico e sobre os usos da língua”. Nesse sentido, a língua

é entendida como uma ação interlocutiva situada que, a todo o

momento e em qualquer circunstância, pode sofrer

intervenções de seus falantes. (SILVA et al, 2012, p. 49).

Dentro dessa perspectiva, a análise linguística serve para mostrar ao

aluno os diversos contextos situacionais da língua, os meios e as estratégias

usadas em cada um deles. Contextualizando, assim, o conteúdo abordado.

Em vez de querer que os alunos decorem regras gramaticais

para aplicar em exercícios repetitivos, o ensino da gramática se

volta para o domínio e o uso dos vários recursos da língua, nas

diversas situações de interação social. (SILVA et al, 2012, p.

114).

Quando o aluno entende que a aprendizagem da língua serve para

seu aperfeiçoamento, ele passa a interessar-se mais; fato capaz de

potencializar seu aprendizado e desenvolver suas múltiplas habilidades. Uma

vez que seu sistema límbico, responsável pelas suas emoções e memória,

estará trabalhando a favor do aprendizado; já que esse irá servir para algo.

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A aprendizagem, e o interesse por tal, está diretamente ligada à

emoção, que por sua vez está ligada à razão, entende-se: ao córtex pré-frontal.

O “mecanismo” da aprendizagem pode envolver tipos de neurotransmissores

diferentes de acordo com o interesse do aprendiz. Desta forma, se a aluno está

disposto e interessado, ou seja, vê razão em estar adquirindo tal conteúdo, a

liberação de serotonina fará com que seu estado de ânimo seja favorável à

aprendizagem. Toda via, se o aluno não achar relevante o aprendizado de

determina disciplina ou possuir uma antipatia por seu professor, ou ainda, pelo

seu método de ensino, suas fendas sinápticas serão invadidas pelos

hormônios: adrenalina e cortisol. A presença das substâncias, conhecidas por

provocarem o estresse, concorrem com o glutamato, neurotransmissor

responsável pelo acesso à memória, nas proteínas, canais receptores, das

sinapses. O cortisol liga-se às proteínas impedindo, desta forma, que o

glutamato se fixe a elas. A consequência do processo é o não acesso à

memoria e a não aprendizagem ou fixação do conteúdo.

À medida que os neurônios do córtex recebem informação

sensorial, transmitem-na ao hipocampo. Somente após a

resposta do hipocampo, é que os neurônios sensoriais

começam a formar uma rede durável (assembleia). Sem o

“consentimento” do hipocampo, a experiência desvanece-se

para sempre.

É aqui que entra a carga afetiva necessária para que o

estímulo se fixe na memória de longo prazo. A atitude de

“consentimento” do hipocampo parece depender de duas

questões. Primeiro, a informação tem algum significado

emocional, portanto, tem de ter alguma importância afetiva. [...]

É assim que nossa consciência se constrói sempre em

conformidade com nossos próprios interesses emotivos. G.J.

Ballone em www.psiqweb.med.br/ cursos/ memória/ html.

(RELVAS, 2009, P.61).

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O afeto torna-se, então, fundamental na relação entre aluno e

professor, uma vez que através dele a aquisição do conhecimento torna-se

muito mais facilitada. Como exemplo dessa relação, destaca-se o filme indiano

Somos Todos Diferentes. Nele se percebe a sociedade moderna que vive em

moldes, sempre com pressa. Somos escravos do tempo.

O personagem principal, o menino Ishaan, incompreendido, vive em

seu mundo particular, onde tudo ganha vida e é mais divertido. Seu olhar sobre

as coisas e sua visão de mundo são diferentes. Não se moldando, desta forma,

aos padrões do sistema escolar. Mesmo diante do fracasso escolar, a escola

não percebe sua dificuldade e não lhe dá opções para que possa aprender de

maneira diferente. Ishaan possui outras habilidades, outros tipos de

inteligência, mas o que importa para a sociedade caótica, em que se vive, é o

quanto uma pessoa pode ser melhor que a outra, ou seja, o que importa é que

ela possa competir e ganhar dinheiro.

Diante da dificuldade de lidar com o problema, no caso Ishaan, a

escola tradicional diz aos pais do menino que não poderia fazer nada por ele. O

sistema escolar não se preocupou em dar uma orientação ou tentar entender o

que se passava com o menino, simplesmente, desacreditou dele.

Com a chegada de Ishaan ao colégio interno, seus problemas

pioram. O menino passa a sofrer toda a opressão de um sistema baseado na

ordem, disciplina e trabalho, em que não há espaço para o afeto. Deprimido e

sozinho, Ishaan para de se interessar até pela pintura, pela qual possuía uma

grande paixão.

O grande divisor de águas da vida de Ishaan é a chegada de um

professor com uma visão humanitária. Desse momento em diante, Ishaan

encontra alguém que lhe entende, alguém que sabe do que Ishaan é capaz.

Nikumbh, o novo professor, transcendendo as barreiras de uma sociedade,

busca tornar o diferente especial e destacá-lo por suas habilidades.

É, então, contra todo o sistema engessado da sociedade que

Nikumbh luta para que Ishaan tenha uma chance. Ele acredita no poder da

interação social, para que haja uma mudança em seu comportamento. Dentro

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dessa perspectiva, a neurociência serve como forte ferramenta, mostrando que

qualquer pessoa pode e tem direito de aprender, basta que haja estímulo e

afeto. Todo processo de aprendizagem tem seu tempo, para uns mais

depressa do que para outros.

É fundamental a presença do afeto nas relações de ensino-

aprendizagem. Afinal, nosso sistema límbico está, diretamente, envolvido

nesta relação. O hipocampo, estrutura responsável pelo armazenamento da

memória, participa ativamente do circuito emocional do cérebro. A importância

da relação de afeto e do estímulo fica clara no filme, uma vez que é através

desse olhar diferenciado do professor, que o aluno ganha autoestima para

seguir em frente, sendo potencializado. Permitindo, desta forma, que seu

cérebro realize novas sinapses e, com a ajuda do afeto, guarde conhecimento.

As relações humanas, estejam elas dentro da escola ou não, são a

base da humanidade, no sentido mais restrito da palavra. O cérebro é moldado

para que se tenha relações interpessoais, ou seja, precisa-se do outro, precisa-

se do afeto e da troca de experiências. Os seres humanos são seres

dependentes dessa relação. O problema que se enfrenta hoje, nessa

sociedade egoísta e individualista, é a perda dessa relação. Fica evidente a

importância do afeto e do estímulo na vida de qualquer pessoa e que qualquer

relação interpessoal baseada no afeto é transformadora, capaz de subverter

qualquer barreira.

Essa situação faz-se presente na maioria das escolas do país, uma

vez que não há a preocupação com o estado emocional do aluno. A avaliação

feita, somente, através de provas que só medem a memorização dos mesmos.

Cada aluno é único e aprende de forma diferenciada e em seu

próprio ritmo, um sistema que só prioriza uma única forma de avaliação não

pode querer ser o modelo perfeito e não o é, como se vem constatando. A

escola e seu sistema em geral precisa acreditar nos resultados que demostram

o fracasso, para que se busque uma nova linha. Mais diferenciada, que seja

mais individualista e que demostre para que serve seu conteúdo. A escola deve

formar cidadãos conscientes de seu papel no mundo e fazê-los entender que

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estar num ambiente escolar não significa, somente, socializar-se, mas também

adquirir conhecimento para a vida.

Aprender não é um processo localizado, mas envolve

alterações das relações mantidas por neurônios distribuídos

por várias áreas do cérebro. Uma boa rede neural não se

forma, necessariamente, pelo acúmulo de conteúdos, mas sim

pela capacidade crítica da pessoa em descobrir se a solução

encontrada foi adequada.

Professores e educadores deveriam estar atentos a esses

achados para desenvolver um estilo de aula reflexivo e crítico,

mesmo que ainda seja necessário o trabalho conteudista, por

força das circunstancias em que está elaborado nosso

programa educacional.

De nada serve uma grande quantidade de conteúdo de sentido,

pois sabemos que as sinapses se fortalecem na medida que a

informação seja significativa para a rede neural. As alterações

sinápticas, e novas formações na rede, também causam

alterações morfológicas no próprio cérebro, e a aprendizagem,

quando consolidada, produz alterações sinápticas. Portanto,

quanto maior a capacidade do cérebro de desenvolver essas

mudanças, maior será a capacidade de aprendizagem do

organismo. (TEIXEIRA, 2004, p.90).

Possuir capacidade crítica, nada mais, é estimular o córtex pré-

frontal. É ele que integrando as áreas corticais e subcorticais faz com que se

consiga alcançar objetivos e solucionar problemas. O que seria mais

importante do que solucionar problemas? É dentro desse paradigma que a

escola de hoje deve se pautar, na necessidade de resolver os conteúdos tendo

por base a solução dos problemas reais, enfrentados diariamente.

Trabalhar a matemática para que se saiba lidar com o dinheiro, para

se saiba planejar gastos e aprender o porquê de economizar; trabalhar a língua

portuguesa para entender os diversos tipos de textos que nos rodeiam, a cada

instante, para que não se seja enganado com discursos subversivos e

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duvidosos, para que se saiba que linguagem é mais apropriada em cada

situação e quais as suas características.

Trabalhar a língua portuguesa dentro do paradigma da neurociência

é mostrar o valor do conhecimento linguístico. É preciso que seja ensinada

dentro da situação real, pode ser dentro dos gêneros orais ou escritos, o

importante é chegar ao fim, ou seja, demonstrar o real valor e sua função.

Dentro dessa perspectiva, qual é a função do aprendizado da língua

portuguesa? Para que estudar gramática? Para que serve a interpretação de

texto?

Esta resposta deveria ser óbvia para todos aqueles que um dia já

estudaram ou estudam o português. No entanto, não é a realidade atual no

sistema escolar.

Desta forma, toda aula introdutória de língua portuguesa deveria

expor a importância do discurso, dizer o quão importante é ter clareza sobre a

intensão do discurso alheio e o poder que ele veicula.

A aula de gramática deveria ser abordada de outra maneira, nunca

menosprezando as variantes linguísticas, e sim usá-las como ponto de partida

para se chegar à norma padrão. Trazendo, assim, a realidade do aluno para a

sala de aula. Ensinar os diversos sistemas linguísticos, para que o aluno sinta-

se parte de um sistema evolutivo e não menos importante. A variação

linguística deveria ser levada mais a sério pelos professores de língua

portuguesa, deveriam fazer da sala de aula um grande laboratório de análise

linguística, em que se deveria estudar a língua como um sistema vivo que se

adapta à sociedade de cada época. Fazer parte de uma análise e construir

conceitos é mais motivante do que receber uma regra pronta e rígida. O aluno,

percebendo que um sistema linguístico transcende gerações e muda com elas,

percebe que sua língua é o retrato de uma determinada sociedade e, desse

modo, entende a necessidade de haver regras para determinadas situações,

seja da escrita ou da oralidade.

Tecendo considerações sobre o ensino de língua materna,

Bagno (2002) defende que deve haver na escola espaço e

tempo para reflexão linguística de modo sistemático e

consciente, de modo que a língua mereça análise, reflexão e

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investigação. Em outras palavras, podemos dizer que o

trabalho escolar que se faz com a linguagem só será produtivo

quando houver uma busca por novas formas de expressão e

compreensão do sentido por meio de práticas que

intensifiquem o contato do aluno com a própria língua e com os

outros sujeitos. Só será significativo também, se o ensino

estiver comprometido com a formação de alunos que possam

conhecer e reconhecer a realidade intrinsecamente variável e

heterogênea da língua, a qual está sujeita aos influxos das

ideologias e dos juízos de valor. (SILVA et al, 20012, p. 115)

Mais interessante ainda, é demonstrar ao aluno que no fim das

contas toda análise linguística, toda aula de gramática servem para a

construção e entendimento de um texto, texto esse oral ou escrito. A máxima

em língua portuguesa é perceber a importância da comunicação, da relação

interpessoal que se dá através do código, esse em questão a língua

portuguesa. Perceber a sociedade e seu pensamento, entender que um texto

só é construído por que possui uma intensão. Quer, de alguma forma,

influenciar aquele que o lê. Logo, entender um texto é saber o que está por trás

dele, é fazer inferência e tirar conclusões. É integrar conhecimentos, relacioná-

los, formando outros.

As reflexões aqui expostas fizeram-nos perceber que a uma

prática pedagógica direcionada ao ensino da língua está

simultaneamente atrelada uma concepção de língua. Nesse

sentido a língua concebida como instrumento de interação,

como mecanismo a serviço da comunicação, volta-se para

tomar o texto como objeto de estudo, por entender que não nos

comunicamos se não for por meio de textos. Dessa forma,

cabe-nos, então, lançar mão do texto como unidade de ensino

e, a partir dele, explorar os elementos que, presentes, de modo

explícito ou implícito, corroboram para a compreensão e a

construção do sentido. Isso implica dizer que, ao estudarmos a

teorização gramatical, devemos, simultaneamente, promover

um espaço para a reflexão, de modo que os elementos dessa

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teorização devam ser apreendidos a tal ponto que possam ser

utilizados adequadamente numa situação de interação [...].

(SILVA et al, 2012, p. 129).

Desta forma, não há mais como se persistir em um modelo do

século XVIII de educação. É preciso que se instigue o aluno, despertar a

curiosidade, levá-lo ao raciocínio contextualizado, demonstrar a serventia do

assunto, de modo que seja estimulante a prática do aprendizado.

Os lobos frontais, mais especificamente o córtex pré-frontal, têm a

função de integrar, remanejar, codificar e aglutinar a informação. Essa área é

chamada por José Meciano Filho de área terciária ou terceira área,

responsável pela argumentação e pela elaboração do pensamento.

Infelizmente, o atual sistema escolar não vem priorizando a área

terciária como se deveria. As avaliações estão impregnadas de mecanismos

que medem apenas a memória do aluno, não se importando com a reflexão.

Exercita-se majoritariamente apenas uma das estruturas do sistema límbico, o

hipocampo, responsável pelo armazenamento da memória de longo prazo, não

proporcionando, dessa forma, a elaboração critica do pensamento, deixando o

córtex pré-frontal à margem do aprendizado.

Pensar no cérebro executivo é ter em foco suas redes neurais, é

entender que não se toma decisões sem a complexa harmonia com as

emoções. O córtex pré-frontal é executivo e sentimental. Possuir o poder de

decidir é ter um misto de razão e emoção, ou melhor, os seres humanos são a

interpretação de suas emoções através de seu cérebro executivo.

Assim, entender o cérebro executivo e estimulá-lo, é ter

sensibilidade para despertar o pensamento gerado pela conexão de estruturas

corticais e subcorticais. É levar o aluno a pensar sobre o pensar, é evidenciar a

importância do conteúdo para a vida, sobretudo, demonstrar que com novas

sinapses neurais tornam-se outros, capazes de transformarem-se sempre.

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CONCLUSÃO

Diante das argumentações expostas, depreende-se que, à luz da

neurociência, deve-se encarar a situação de aprendizagem de uma nova

forma; levar em conta todo complexo processo pelo qual o cérebro e seus

neurônios percorrem até a aquisição da informação.

O córtex pré-frontal é o grande gerenciador de todas as ações

humanas, é ele que promove a personalidade; que define o maior ou menor

grau de afeto; que estabelece a conexão com as memórias, armazenadas em

diversas regiões cerebrais, e, desta forma, integra-as; que estabelece a

memória de trabalho e faz com que se possa realizar ações planejadas; que é

responsável pela elaboração rebuscada do pensamento; fazendo com que se

consiga decidir pela melhor forma de agir e, consequentemente, faz com que

seja possível haver uma civilização.

A importância integradora do córtex pré-frontal, que se estabelece

através das redes neurais, é fundamental na regulação da emoção. Fazendo

com que seja possível estabelecer diversos comportamentos, cada qual para

uma determinada situação social.

O lobo frontal é capaz de entender uma informação e percebê-la

como informação nova ou velha, nesse caso informação velha entende-se por

memória. Desta forma, mostra-se mais interessado e mais ativo ao deparar-se

com a informação nova. Sendo assim, é de toda importância para o educador

entender os processos que levam o aluno à aquisição de conteúdos, através do

interesse pelo novo, pela busca do conhecimento.

Fundamental, também, é perceber que cada cérebro aprende de

uma forma, no seu tempo, com suas preferencias e disposições. Os

educadores devem levar em conta, então, todo processo emocional e cognitivo

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de cada aluno, não se deve mais amalgamar alunos como se fossem blocos

individuais.

Estimular as diversas percepções sensoriais, a fim de que formem

memória, passa a ser estratégia de uma nova forma de aprendizagem. É

preciso que o aluno perceba o mundo a sua volta com diversos estímulos e

acione o maior número de sinapses possível, uma vez que a aquisição do

conhecimento é transformadora e faz com que o individuo mude seu

comportamento.

É diante dessas exposições que a escola dos próximos séculos deve

pensar sua estratégia de ensino, levando em conta, primordialmente, a

contextualização dos conteúdos para a vida desse aluno. Mostrar para que

serve cada abordagem disciplinar faz com que o interesse aja a favor da

aprendizagem, mexendo, assim, com o sistema límbico cerebral do aluno.

Portanto, entender o modelo de aprendizagem cerebral contribui

para que haja uma aprendizagem significativa, mudando a realidade da

educação atual. É preciso que se entenda que emoção e razão concatenam-

se, e uma só existe em função da outra. Desta forma, a relação dentro de um

sistema em que haja professores e alunos o afeto e o respeito ao próximo

passa a ser regra. O professor precisa entender que é um veículo

transformador de realidades e para tal é necessário que perceba que o

conhecimento só é modificador quando o afeto se faz presente.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

GAZZANIGA, Michael S. Neurociência cognitiva: a biologia da mente/

Michael S. Gazzaniga, Richard B. Ivry, George R. Mangun; tradução Angélica

Rosat Consiglio... [et al.]. - 2. Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2006.

GOLGBERG, E. O Cérebro Executivo: Lobos frontais e a Mente civilizada.

Rio de Janeiro: Imago Ed., 2002.

LENT, R. (coordenador) Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio

de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

RELVAS, M. Fundamentos Biológicos da Educação. -4. Ed.- Rio de Janeiro:

Wak Ed., 2009.

SILVA, A. [et al.]. Ensino de Gramática: Reflexões sobre a língua

portuguesa na escola. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

ANATOMIA E FUNCIONALIDADE 10

O sistema nervoso central 11

As células gliais 15

Os neurotransmissores 16

CAPÍTULO II

O CÓTEX PRÉ-FRONTAL: O CÉREBRO EXECUTIVO 21

O início de uma teoria 22

Aspectos anatômicos da organização cerebral das redes executivas 23

Ideias e modelos acerca dos lobos frontais 24

O córtex pré-frontal e a emoção 25

A informação nova e o interesse do lobo frontal 27

O córtex pré-frontal e a organização social humana

29

CAPÍTULO III

O CÓRTEX PRÉ-FRONTAL E A APRENDIZAGEM 31

CONCLUSÃO

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43