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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE A INCLUSÃO DO PORTADOR DA SÍNDROME DE DOWN
NA ESCOLA DO SÉCULO XXI A inclusão e a exclusão dos portadores de deficiência física e
mental nas instituições escolares
Mario Sergio Rocha Viana
Profª Orientadora: Maria Esther de Araújo Oliveira
Niterói, 22 de Janeiro de 2005.
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
8
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLIVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A INCLUSÃO DO PORTADOR DA SÍNDROME DE DOWN NA ESCOLA DO SÉCULO XXI
A inclusão e a exclusão dos portadores de deficiência física e mental nas instituições escolares
O presente trabalho acadêmico tem por objetivo, além de cumprir as exigências do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Administração Escolar, capacitar e humanizar as pessoas envolvidas no processo de aprendizagem nas escolas de ensino regular.
Niterói, 22 de Janeiro de 2005.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente, por dar-me oportunidade de estar galgando mais um degrau em minha vida, e a minha querida esposa que com sabedoria e paciência soube criar condições para que eu pudesse concluir o curso e o presente trabalho acadêmico.
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DEDICATÓRIA
À minha família, em especial aos meus filhos, Daniel e André, que tantos sábados ficaram sem a minha presença, no entanto, poderão compreender que a vida exige sacrifícios quando existe o desejo da melhoria de qualidade de vida, através do trabalho e da sabedoria.
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RESUMO
Atualmente encontramos dificuldades na convivência com as pessoas portadoras da
Síndrome de Down e outros deficientes físicos e psicológicos. A realidade demonstra
que ainda temos preservado o sentimento de compaixão, e, que melhorar a vida dos
portadores de necessidades especiais neste planeta que idealiza o consumo e a
produtividade como objeto comum a todos, é tarefa que requer perseverança e
resignação.
As escolas enquanto espaços escolares não estão adequadas/capacitadas para atender a
esta parcela da clientela. A falta de adequação/capacitação provoca a marginalização e a
exclusão dos portadores de deficiência, remetendo à comunidade escolar a falsa idéia de
que estes devem ser atendidos em unidades de assistência. O presente ensaio tem a
pretensão de humanizar mais as pessoas/escolas e torná-las abertas às diferenças e
competentes para trabalhar com todos educandos, sem distinção de raça, classe, gênero
ou características pessoais.
A necessidade de inclusão de uma clientela com mais de 340 mil crianças com alguma
deficiência – a mental é a mais comum – estudando em instituições de apoio, que não
substituem a escola regular, conforme preconiza o artigo 4º. Inciso III da Lei de
Diretrizes e bases da Educação Nacional, e, o artigo 54, alínea III do Estatuto da criança
e do Adolescente, é a justificativa para este ensaio que se compromete a investigar as
deficiências do sistema escolar (particular e público) na atualidade, quanto ao
oferecimento dos serviços de aprendizagem aos portadores de deficiência física/mental,
particularizando os portadores da Síndrome de Down, em todos os níveis escolares
(LDB, art.21, alíneas I e II).
A proposta deste ensaio é apresentar um documentário de esclarecimentos
fundamentados em observações e pesquisas voltadas exclusivamente aos portadores da
Síndrome de Down. Nele espera-se do leitor a conscientização de ajuda e fraternidade
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vindo proporcionar o exercício da cidadania e solidariedade resultando finalmente o
fortalecimento da corrente em prol das causas sociais, ou mais profundamente falando,
vidas que necessitam de qualidade na oferta e nos meios técnicos a favorecer o pleno
desenvolvimento de toda sociedade.
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METODOLOGIA
A metodologia aplicada para construção deste trabalho monográfico partiu inicialmente
do interesse próprio em esclarecer dúvidas acerca do tema escolhido, uma vez que a
instituição na qual exerço a função de professor do ensino fundamental, matricula
portadores de deficiência física, alijando o portador de deficiência e distúrbios de
comportamento.
Para obtenção de dados, destinamos horas a visitas, entrevistas (portadores, pais e
profissionais), pesquisas bibliográficas, observações de fotografias, que registram
resultados de projetos desenvolvidos com portadores da SD, possibilitando no decorrer
dos últimos meses, embasamento para construção e conclusão do projeto final
acadêmico.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................. 09
CAPÍTULO I ............................................................. 10
A SÍNDROME DE DOWN ............................................................. 10
CAPÍTULO II ............................................................. 28
O TRABALHO DO EDUCADOR COM A
CRIANÇA PORTADORA DA SÍNDROME
DE DOWN
............................................................. 28
ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO NA SOCIEDADE
PESTALOZZI
............................................................. 33
8
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Down é das deficiências mentais a mais comum em todos os países.
Essa incidência se deve não somente pelo fato dos portadores serem gerados por mães com
mais de 35 anos, mas também, de outros fatores como a hereditariedade e a traslocação nos
cromossomos dos pais.
Há também um enfoque dos exames que podem ser realizados no período pré-natal, que
indicam se a criança que está no ventre da mãe é mongol ou não.
O trabalho de orientação dos pais por parte da medicina e por instituições como a escola,
surtem um efeito positivo no aspecto da aceitação da criança com Síndrome de Down na
família, na comunidade e no seu desenvolvimento mental.
Reconhecendo que uma proposta de trabalho na Área da Deficiência Mental,
particularmente a Síndrome de Down, não pode considerar isoladamente as relações
interpessoais que se processam entre o portador da Síndrome e seu grupo familiar, mas
contextualizá-lo no conjunto das relações sociais de um determinado modo de produção.
Assim foi utilizado neste trabalho o enfoque como base na relação família-síndrome-escola,
acreditando que possa germinar uma perspectiva de inclusão, onde a escola se torne aberta
às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça,
classe, gênero e características pessoais, proporcionando ao gestor educacional uma ampla
visão e compreensão da complexidade do trabalho de aprendizagem, onde seja criado um
ambiente favorável segundo as necessidades físicas e psíquicas da criança e seus familiares.
O Referencial Teórico aliado a práticas pedagógicas proporcionará um embasamento
necessário para a construção e problematização do tema, objetivando o desenvolvimento de
um ambiente propício que contribua na promoção, eficiência e no desenvolvimento global
da pessoa com síndrome de Down e ser agente transformador para que a sociedade respeite
e incorpore a diversidade humana.
8
1. – A SÍNDROME DE DOWN
Nota-se com clareza que o homem depende de sua elaboração e de seu comportamento
mental para relacionar-se satisfatoriamente e produzir atitudes gratificantes a si e a
sociedade de forma em geral.
Por sua vez, os reflexos de uma anomalia, em maior ou menor grau, produzem no geral,
atitudes e comportamentos não condizentes com os parâmetros considerados normais.
As anomalias hereditárias e cromossomiais que ocorrem entre os seres vivos em maior ou
menor grau, ocasionadas por mutações vão resultar em seres com aspectos e
comportamentos diferentes do estabelecido pelo meio social.
As mutações cromossomiais numéricas que consistem na
alteração do número normal de cromossomos, transformando as
células somáticas dos cromossomos 2n em n, recebem o nome de
aneuploidia. A maioria das aberrações cromossômicas com a vida são aneuplóides. Normalmente são de
ordem 2n + 1 (47 cromossomos).
Dentre as aberrações cromossômicas podemos ressaltar a
Síndrome de Down ou trissonomia do 21 ou mongolismo, com
um total de 47 cromossomos em todas as suas células. A Síndrome de Down foi, de fato, a primeira doença em que foi descrita citológicamente,
uma aberração cromossômica. A denominação síndrome de Down é resultado da descrição
de Langdon Down, médico inglês que, pela primeira vez, identificou, em 1866, as
características de uma criança com a síndrome.
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O mongolismo, também chamado de Síndrome de Down ou Trissonomia 21m, faz parte do
grupo de encefalopatias não progressivas, isto é, que à medida que o tempo passa, não
mostram acentuação da lentidão do desenvolvimento, nem o agente da doença se torna mais
grave. Ocorre uma tendência de melhora espontânea numa criança com Síndrome de
Down, porque o seu sistema nervoso central continua a amadurecer com o correr do tempo,
só que de forma mais lenta do que o observado nas crianças chamadas de normais.
È conhecida como mongolismo, porque as pregas nos cantos dos olhos lembram as pessoas
da raça mongólica (amarela).
“A Trissonomia implicaria num excesso de genes que interferem na produção de enzimas.
A Superdosagem genética condicionaria superdosagem de enzimática, resultando a
hiperatividade metabólica que seria responsável pelo mongolismo”. 1
A descoberta dessa trissonomia permite explicar certos aspectos da Síndrome de Down
freqüência maior de indivíduos afetados do que poderia esperar-se de uma mutação
dominante; o polimorfismo das manifestações clínicas da Síndrome de Down, a maior
concordância entre gêmeos univitelíneos e, finalmente o fato de que as crianças nascidas de
mães mongolóides são em iguais números mongolóides e não mongolóides. No entanto,
teoricamente, a não disjunção cromossômica poderia ser produzida, tanto no pai, como na
mãe de um mongolóide.
A causa não herdada da Síndrome de Down pode ser chamada de um erro ou acidente
biológico. É na época da divisão celular, quando os cromossomos devem distribuir-se
corretamente, que o problema causador da Síndrome se manifesta.
A criança mongol tem um cromossomo extra nas células de seu organismo: é este
cromossomo que produz as alterações no seu desenvolvimento físico e mental.
Uma criança com Síndrome de Down tem um cromossomo extra do par 21 acrescido ao par
normal. A isto se denomina trissomia, por haver 03 cromossomos, isto é, três conjuntos de
genes existentes no cromossomo 21, ao invés de 02 conjuntos, em uma criança mongolóide
1 (1) – BEÇAK, Willian. Genética Médica. 2ª. Edição. São Paulo. Sarvier editora de livros
médicos. 1977. P.98.
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o equilíbrio genético se desfaz e por isso produzem alterações no desenvolvimento normal
do organismo.
Apesar dos mongolóides serem, em geral, nascidos de mães com mais de 35 anos, a
freqüência com que em certas famílias aparece mais de um mongolóide é superior a
esperada pela coincidência de acontecimentos independentes, tendo-se verificado, que
também nessas famílias não há influência de idade materna, sendo as mães geralmente
jovens. A possibilidade de uma traslocação cromossômica, nesses casos foi sugerida.
Esses fatos levaram a descobertas de mongolóides portadores de 46 cromossomos, mas,
virtualmente, trissômicos para o 21. O cromossomo 21 encontra-se traslocado a um outro
cromossomo, sendo conhecidos os casos de traslocação de
cromossomos acrocêntricos 13-15 e 21-22. O cromossomo traslocado pode ser transmitido em certas famílias, de geração a geração,
por pessoas normais, portadoras da traslocação, cujas células apresentaram 45
cromossomos. O portador pode formar 06 tipos de gametas, em relação e esses dois.
A probabilidade para cada um desses casos seria 1/6, se eles tivessem igual chance.
Outro caso é conhecido como mosaico, que afeta 2% de portadores que possuem células
com 46 cromossomos, que são células normais e células com 47 cromossomos, que
apresentam trissomia. Os sintomas, incluindo o nível mental varia muito nessas condições.
O risco de um casal ter uma criança com Síndrome de Down depende da síndrome ter sido
causada por trissomia simples ou por traslocação.
O risco maior é no caso da trissomia simples, pois depende da idade da mãe. Mãe com mais
de 35 anos de idade tem maior possibilidade de produzir óvulos com erro na formação.
Mães com idade inferior a 35 anos tem possibilidade um pouco menores, porém
significativas. A ocorrência de crianças com Síndrome de Down tende a ser maior em mães
com idade mais elevada.
O risco da traslocação será mínimo se não houver outro caso de Síndrome de Down na
família. Se a traslocação for presente apenas na criança que possui pais com formação
cromossomial correta, ou seja, 46 cromossomos em suas células, a possibilidade de nascer
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outra criança com a Síndrome de Down é muito pequena. Se os pais já têm um filho
mongolóide, a chance de nascer outra criança com a Síndrome de Down é maior.
Dependendo da categoria em que se encontra a criança, a capacidade de aprendizagem,
assim como qualquer outro fator apresentará características próprias.
1. 1 - Diagnóstico
Se a família possui casos de anomalias, e na sua história o risco de ocorrer aneuploidia é
maior, ou se a mãe tem mais de 35 anos, ou mais ainda, os pais são consangüíneos, é
convincente; segundo BEÇAK, ainda durante os exames de pré-natal, fazer um estudo do
feto, para constatar se é portador da Síndrome de Down.
Alguns exames pré-natais que podem esclarecer se o feto é portador ou não de alguma
anomalia, como por exemplo:
- Ultra-sonografia, que esclarece se o feto pode ou não apresentar defeitos físicos, como
edema na nuca, desproporção entre cabeça e o cumprimento do fêmur.
- Amostra do líquido amniótico contendo células do feto.
É feita também a análise do tecido fetal que faz parte da placenta. Através da Ultra-
sonografia, localiza-se a placenta e após assepsia períneo-vaginal um cateter flexível é
introduzido por via cervical e são colhidas amostras do tecido.
Através desse método AVC (amostra vilo corial) consegue-se o resultado que é o cariótipo
em no máximo 03 dias.
Quando o exame for feito após a 12ª. Semana de gestação, o método a ser utilizado passa a
ser outro. É feita uma assepsia no abdômen e logo após é feita uma punção no útero com
agulha fina, de onde é retirado o líquido amniótico.
A amniocêntese é realizada entre 16ª e 17ª semanas de gestação.
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Outro exame também pode ser realizado para o diagnóstico da Síndrome de Down, que é o
cordocêntese. Com o auxilia da Ultra-sonografia, é retirado através de uma punção na veia
umbilical do feto, sangue para exame.
O diagnóstico pré-natal só é indicado considerando-se:
Mãe com idade superior a 35 anos;
Pais portadores de anomalias congênitas;
Casal com filha com alguma anomalia congênita;
Pais portadores de traslocações cromossomiais;
História familiar com anomalias congênitas.
Havendo diagnóstico positivo, os pais precisam tomar decisões, pois todos esse exames que
podem detectar anomalia, servem somente para afirmações. Em se tratando de anomalia
cromossomial nada poderá ser feito em nível de tratamento para extinção ou reversão do
quadro genético, pois, essa característica anômala já faz parte de sua constituição celular
desde a concepção.
1.2 - Características da Síndrome de Down
Nem todas as crianças portadoras da Síndrome de Down ao nascerem têm características
claras de anomalia. Muitas delas são detectadas somente quando a criança chega a uma
determinada idade. Já em outras crianças essas características são quase que imperceptíveis.
Em outras com o passar do tempo deixam de apresentar características da Síndrome de
Dowm.
Os sinais mais significativos da síndrome foram relacionados por diversos autores, tais
como Smith, Falk (1966). São eles:
• Geral – Hipotonia; choro com profusão nos lábios (80% ou mais).
• Sistema nervoso central - Deficiência mental Q. I = 25 a 50 (80%).
• Acessos (10%)
• Crânio – Occipital relativamente achatado (80% ou mais).
• Olhos – Fissuras palpebrais oblíquas elevando-se para fora (80%).
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• Epicanto interno; íris com manchas pequenas, cílios curtos e esparsos (50%).
• Estrabismo (mais de 10%)
• Catarata (menos de 10%).
• Orelhas – Pequenas dobras superiores acentuadas (mais de 50%)
• Implantação baixa (menos de 10%)
• Nariz – Ponte nasal baixa; nariz pequeno (50% ou mais).
• Implantação baixa (menos 10%)
• Boca – Hiplopasia de maxilar com ou sem palato estreito; língua grande
(pertusa) com ou sem fissuras (mais de 80%).
• Pescoço – Largo e ou curto (50% ou mais).
• Pele frouxa (10%)
• Mãos – Mãos e dedos curtos; elinodactilia do 5º. dedo; pregas simiescas;
trirrádio axial distal na palma; alta freqüência de presilhas cúbitas (50% ou
mais).
• Prega única no 5º. Dedo (mais de 10%)
• Dedo mínimo da mão recurvado para dentro (50%)
• Coração – anormal (mais de 20%)
As crianças com Síndrome de Down são mais suscetíveis a doenças como:
• Baixa imunidade;
• Problemas de visão;
• Problemas cardíacos;
• Mal formação intestinal;
• Problemas odontológicos;
• Problemas de fonação.
Em todos os casos acima é necessária a orientação de profissionais específicos para
realizarem diagnósticos e futuro tratamento.
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Em geral das deficiências mentais o indivíduo com Síndrome de Down é o menos
vulnerável a problemas psiquiátricos.
Os problemas psiquiátricos só tendem a aumentar com a idade do indivíduo.
Em geral considera-se o indivíduo com SD uma pessoa bem humorada e sociável. A “birra”
variavelmente compõe seu comportamento, assim como a impertinência e em muitos casos
são pessoas hiperativas.
Foi observado que os homens em geral tem mais problemas em todas as áreas, enquanto as
mulheres mostram-se menos atingidas, com melhor adaptação ao convívio social e baixa
vulnerabilidade a perturbações psiquiátricas. Essa diferença entre homens de mulheres
somente é observada em pacientes com Síndrome de Down.
Nenhum caso de esquizofrenia ou doenças afetivas foram encontradas nos indivíduos com
Síndrome de Down.
Em 1907, foi descrita uma degeneração neurológica específica, consistindo em placas senis,
gânglios neuro-fibrilares e degeneração granulo vascular em pessoas com certo tipo de
demência.
A selenidade clínica relacionada com alterações descritas acima foi descrita usando a
autopsia de pessoas portadores da Síndrome de Down.
Atualmente considera-se:
- A selenidade ocorre com mais freqüência em pessoas portadoras com SD e de 40% dos
pacientes acima de 44 anos em média, são clinicamente classificados como senis.
Na análise de pacientes com SD deve-se levar em consideração
os padrões digitais de todos os dedos. Os Dermatóglifos na SD são examinados através da observação e análise das impressões
palmares das mãos e dos pés. Essas impressões constituem um sistema de linhas de pele
formado durante o 3º e 4º mês de gestação e não se modificam até o fim da vida.
1.3 - Fertilidade
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Segundo BEÇAK (1977), vários estudos confirmam que mulheres com Síndrome de Down
podem mestruar e ter filhos. Entretanto a gravidez é desaconselhada porque as mães com
essa anomalia terão dificuldade em cuidar da criança adequadamente. Além disso, o risco
de nascer uma criança com a SD é proporcionalmente grande.
Alguns médicos orientam a família a fazer uso de pílulas anticoncepcional quando as
meninas com a SD chegam à puberdade.
Dentre os homens, foram encontrados casos de incapacidade de ereção; em outros que
tinham ereção e ejaculavam e noutros tinham ereção e não ejaculavam.
Apesar de todas as indicações para a esterilidade em homens com a SD, a única realmente
convincente é a ausência de casos de paternidade entre os portadores.
1.4 - Comportamento da família
Muitos profissionais, principalmente da neonatologia, encontram dificuldade em lidar com
esse diagnóstico. Um dos momentos mais importantes no processo de adaptação da família
que tem uma criança com a SD é aquele em que o diagnóstico é comunicado aos pais. Esse
momento pode Ter uma grande influência em sua reação posterior.
Ao contrário de muitas anomalias congênitas, a SD pode não ser claramente perceptível
para os pais e cabe ao médico decidir quando comunicar o diagnóstico.
A própria dinâmica da situação, em que estão envolvidos fatores emocionais da família e
do médico, não permite que seja traçado em esquema rígido de conduta para o atendimento
dos pais, no momento de transmitir o diagnóstico.
Dizer aos pais que seu filho é “diferente” é uma tarefa angustiante. È função fundamental
para os profissionais trabalhando em neonatologia, estarem preparados, técnica e
emocionalmente, para amenizar o choque inicial, e serem continentes da angústia
vivenciadas pelos pais no momento do diagnóstico.
Muitos pais queixam-se da conduta dos médicos que, ao transmitirem a notícia, ficam
transtornados, a mercê de suas próprias fantasias, geralmente ligadas à imagem mais
negativa que o termo Síndrome de Down suscita:
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• Uma pessoa da qual nada se pode esperar;
• Uma pessoa com muita dificuldade no relacionamento social.
Um dos fatores a influenciar reação dos pais é o tempo que
transcorre desde o nascimento e confirmação do diagnóstico, até
o momento o momento em que este chega ao conhecimento dos
pais. Os pais devem ser comunicados assim quando houver a confirmação do diagnóstico.
Quanto mais breve a notificação, melhor será a aceitação do fato.
Geralmente, durante a gravidez os pais esperam uma criança sadia, que realizem seus
sonhos. Um filho representa uma continuidade, nas fantasias, os pais planejam o futuro da
criança, o que farão juntos e como ela vai se desenvolver.
É aconselhável que a criança esteja presente na ocasião da informação aos pais, esperando-
se que haja uma aceitação por parte do médico. É importante para os pais ver o médico
segurando a criança e brincando com ela. Isso torna a aceitação mais fácil para o casal.
Para os pais, um dos pensamentos mais assustadores é o de ter que enfrentar a
marginalização que existe em relação às pessoas com a SD.
Geralmente quem transmite o diagnóstico é o médico, obstetra ou pediatra.
Quando os pais conhecem o médico, a informação é mais fácil, porém, mais importante do
que quem transmite o diagnóstico é como essa informação é transmitida.
A disponibilidade emocional do médico e a abertura para responder perguntas dos pais
podem facilitar esse momento.
É importante que os pais tenham uma visão adequada da SD e suas implicações.
Geralmente, há interesses dos pais conhecerem outras famílias de filhos com a Síndrome de
Down. Também precisam saber sobre os recursos que a comunidade oferece, tais como:
• Clínicas;
• Escolas especializadas.
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1.5 - Emoção familiar
Nem sempre os pais estão em condições emocionais de assimilar tudo o que lhes é dito na
fase inicial. Portanto, podem ser planejadas entrevistas onde sejam discutidas dúvidas,
angústias e dificuldades relacionadas a si mesmos, a criança e aos cuidados que ela
necessita.
As pessoas diferem quanto à sua relação com os fatos. Assim, é possível que cada família
tenha reações diferentes quando nasce uma criança com a Síndrome de Down.
Porém, se informada de que seu filho é portador é sempre um choque para a mãe,
principalmente.
As maiorias dos pais são incapazes no primeiro momento de acreditar que isto esteja
acontecendo com eles. É um momento de choque. A dificuldade de aceitar a situação,
conduz a negação do diagnóstico gerando expectativas irreais em relação à criança e
fazendo com que surjam planos inadequados à sua realidade. A intensidade da negação
varia consideravelmente, dependendo, em parte, quando a Síndrome é perceptível
visualmente. Esse período de negação pode não ocorrer ou durar anos para que ocorra,
tornando mais difícil a adaptação a realidade.
1.6 – Aceitação familiar
Ao nascer a criança com SD, os pais sentem a perda da criança sadia imaginária. Aceitar a
tristeza que advém dessa perda e permitir viver um período de luto pode auxiliar aos pais a
se libertarem disso e pensar na filho que tem, para que seja possível estabelecer um vínculo
afetivo com ele, aceitando-o como ele é apesar de suas limitações. Um período de reações
emocionais profundas, dificuldades e inseguranças ocorrem logo após o nascimento. É
natural que depois os pais comecem a adaptar-se a situação. Aos poucos, vão se sentindo
mais seguros, tornam-se menos inclinados a ver a Síndrome como um mal e compreender
que existe a possibilidade de adaptação à realidade concreta.
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A maneira como cada casal se adapta a situação varia muito. Isso depende de suas
experiências anteriores, dos recursos internos e dos mecanismos de defesa utilizados. É
importante que os profissionais envolvidos na orientação inicial de pais de crianças
Sindrômicas desenvolvam a habilidade de proporcionar assistência adequada nessa etapa
mais difícil do processo de adaptação. Essa atitude pode Ter uma influência decisiva no
ajustamento e adaptação subsequente.
O trabalho com a família de portadores da SD é básico para qualquer processo que objetive
a inserção adequada do indivíduo Sindrômico no seio social.
Os modos pelos quais os membros do grupo familiar se interagem vem sofrendo
modificações, devidos as rápidas e constantes desordens sociais das últimas décadas, mas
negar toda e qualquer forma de organização social é inaceitável, pois até mesmo os animais
se organizam em grupos.
A interação familiar, cujos membros são considerados normais já é algo complexo. Com o
advento da introdução de um elemento considerado “diferente”, entra em ação toda a gama
de sentimentos de culpa, revolta, superproteção e rejeição declarada que devem ser
combatidos com diálogos e esclarecimentos, apresentados de forma clara e objetiva aos
responsáveis pela criança portadora da Síndrome.
Os pais devem procurar não superproteger a criança, interferindo o menos possível em
brincadeiras ou brigas entre irmãos, permitindo assim que cada criança tenha liberdade em
suas atividades. Se a criança com a SD for tratada naturalmente pelos pais, logo os irmãos e
outros familiares, também o farão. Ela não deve ser vista como mais fraca ou diferente
muito menos indefesa, fazendo exigências ou restrições especiais aos outros irmãos porque
eles poderão se sentir culpados, com sentimento de pena, raiva ou responsabilidade
excessiva. Deve-se evitar que a criança Sindrômica se torne alvo de atenções exageradas da
família, para que os outros não se sintam em segundo plano.
Evitar cochichos, com conversas abertas, com naturalidade levará os outros irmãos a
encarar a criança com SD, como uma pessoa normal. Isso ajuda muito no desenvolvimento
social e intelectual do portador da Síndrome.
Se os irmãos tiverem idade para compreender, poderá ser dito a ele que o seu irmão com
SD aprenderá as coisas um pouco mais devagar que ele.
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Apesar da dificuldade inicial em aceitar a criança com SD, é importante dizer aos
conhecidos que não se trata de doença contagiosa, sendo apenas um atraso no
desenvolvimento.
1.7 - Atraso no desenvolvimento
A criança com Síndrome de Down, geralmente apresenta seu desenvolvimento físico e
mental comprometido pela lentidão.
O atraso na aquisição da linguagem constitui um dos maiores problemas encontrados pelos
pais dessas crianças.
Só um fonaudiólogo pode medir o grau de dificuldade que essa criança apresenta em
fonação. Portanto pode orientar melhor, os pais na forma de estimulá-la.
É importante saber que a comunicação não se faz só por palavras, mas também por gestos e
demonstrações de afeto.
A criança que passa a ser estimulada desde os primeiros meses, reage positivamente,
mesmo que lentamente. A família tem a incumbência de despertar na criança Sindrômica o
interesse de desenvolver habilidades psicomotoras.
As crianças Sindrômicas desenvolvem o vocabulário mais lentamente. Por volta dos dois
anos ela já começa a combinar palavras e formar frases, mesmo que desorganizadas em sua
estrutura.
As crianças portadoras da SD podem apresentar dificuldades com a fala, devido a algumas
características, tais como:
• Pouca memorização de seqüências e movimento;
• Facilidade em contrair infecções respiratórias;
• Hipotomia.
A Hipotomia, ou seja, a flacidez dos músculos do rosto como os do corpo, faz com que a
criança fique com o maxilar caído e a língua para fora da boca e dificulte os movimentos
rápidos e precisos necessários para uma pronúncia clara.
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As infecções respiratórias fazem com que a criança respire pela boca, dificultando a
articulação dos sons.
A grande dificuldade em aprender seqüências de movimentos faz com que a criança
Sindrômica pronuncie a mesma palavra de vários modos; cada vez que dizem uma mesma
palavra, é como se fosse a primeira vez que a está pronunciando.
A carência afetiva, como abandono dos pais ou falta de amor, também é responsável em
grande parte por atrasos no desenvolvimento da fonação/linguagem.
Além da fala, problemas de audição e visão, podem retardar o processo de desenvolvimento
da criança.
É importante que cada um destes fatores sejam diagnosticados o mais breve possível, para
que o auxílio de profissionais especializados, esses problemas possam ser relevados ou
amenizados.
Se a criança com SD for cercada de compreensão dos que o cercam, será capaz de
interpretar melhor as mensagens e de se expressar, estabelecendo uma verdadeira
comunicação com os que o rodeiam usando plenamente o potencial quem tenha.
1.7.1 - Estimulação essencial
A estimulação é importante para qualquer criança com ou sem atraso no desenvolvimento.
Para que uma criança com a Síndrome de Down atinja determinada fase do
desenvolvimento ela precisa ser estimulada. Isso não significa que a família deva alterar
drasticamente seu dia-a-dia. Os pais devem estar dispostos e com o tempo trabalhar com a
criança. É importante que as atividades de estimulação sejam agradáveis para ambos, assim
os pais estarão dando carinho e atenção a seu filho e criando um ambiente propício à
estimulação.
A criança com a SD tem seu próprio ritmo, aos poucos, os pais percebem e aprendem a
respeitar esse ritmo.
O rendimento da criança será melhor se os exercícios não forem concentrados em um único
momento. É importante realizar os exercícios pouco a pouco.
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O desenvolvimento global da criança depende muito do meio em que ela vive. Ele deve ser
tranqüilo, mas devem fornecer-lhe estímulos variados. Qualquer coisa pode ser um
estímulo conveniente para a criança: brinquedos, músicas, conversas ou o próprio
movimento da casa.
O bebê receberá mais estímulos se o mudarmos de posição diversas vezes durante o dia,
enquanto estivar acordado. Cada nova posição fará com que ele perceba partes diferentes
do seu corpo e o relacione com o ambiente. A mudança de local onde o bebê fica também
ajuda a estimulação.
A criança deve ficar sempre que possível, perto de alguém mesmo que a pessoa esteja
trabalhando, conversando ou brincando. Assim ela vai tomando contato com o que
acontece na casa gradualmente e começará a participar.
É aconselhável que quando a pessoa estivar assistindo TV, coloque a criança de bruços
sobre as pernas, deixando seus braços livres ou o coloque de costas sobre as pernas,
brincando com ela.
Os passeios são agradáveis e estimulantes e dão oportunidade para que as crianças
conheçam novas ambientes e tenha contato com outras pessoas. A família não deve ter
receios de sair com a criança. Sua atitude normal e descontraída contribuirá apara que
outras pessoas compreendam e aceitem as crianças com a SD.
Segundo Célia Maria Alexandre, “Algumas modificações nas atividades diárias do bebê
ajudam a melhorar a Hipotomia e seu desenvolvimento, como: saber como deitar bebê,
como carregar o bebê, à hora do banho e a importância dos brinquedos”. 2
Mudar de hábitos tem uma importância grande no desenvolvimento de uma criança com
Síndrome de Down. Desde os primeiros meses os pais devem tornar sempre que possível à
vida da criança bem ativa.
No entanto não é interessante fornecer muitos estímulos ao mesmo tempo, como muitos
brinquedos, rádio e TV ligados ao mesmo tempo. O excesso de estímulos pode confundir a
criança, que não conseguirá se concentrar em um estímulo em particular nem perceberá as
alterações do ambiente.
Algumas modificações ajudam a melhorar seu desenvolvimento: 2 ALEXANDRE, Célia Maria N. Ser diferente é algo comum. Revista Integração, n. º 08. Pg. 19
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A mãe ou outra pessoa deve carregar a criança ora no braço direito, ora no braço esquerdo.
Poderá carregá-la também a virando para frente, formando uma cadeirinha com seus braços
e mantendo suas pernas juntas.
É importante logo nos primeiros meses colocar o bebê de bruço. Esta posição é mais
aconselhável. Deixar o bebê de bruços é bom porque estimula o levantar da cabeça e
exercita os músculos das costas, porém, só pode ficar nessa posição se ele conseguir se
apoiar nos cotovelos. Devido a Hipotomia a criança com SD tem a tendência a ficar com as
pernas e braços abertos e caídos para o lado, por isso é desaconselhável a posição de costas.
Sempre que possível é bom manter a criança com as pernas e pés juntos.
A estimulação durante o banho é muito importante. Deve-se massagear suavemente o corpo
da criança, principalmente a barriga, a sola dos pés e a palma das mãos, com esponjas
ásperas ou panos molhado. Isso é bom para estimular a sensibilidade. Este momento do
banho pode ser aproveitado para fazer brincadeiras na água, chamando a atenção da
criança. Conversar com a criança, falando mais alto e mais baixo, mais grave e mais agudo,
podem despertar na criança Sindrômica as diversas tonalidades que a fala pode apresentar.
Ao vestir a criança é necessária deixar pés e mãos descobertas para que ela possa tocar os
pés. Também é importante usar roupas adequadas a temperatura.
Os brinquedos servem para estimular o bebê na área motora sensorial. Deve-se usar
brinquedos de cores fortes ou brilhantes e de tamanhos variados, que produzam sons e
confeccionados de materiais variados como pano, espuma, plástico, madeira ou metal. Os
brinquedos podem ser coisas simples, até mesmos fabricados em casa, como embalagens de
escovas de dente com grãos dentro. É importante que os pais tenham conhecimento da
necessidade da criança brincar, porque é através do brinquedo que ela vai desenvolver a
percepção de espaço, formas e os conceitos que futuramente usará na escola. O brinquedo
favorece o relacionamento da criança com o ambiente, a criatividade e a autoconfiança.
Todo bebê leva a boca o que tiver a seu alcance, porque a primeira forma de explorar o
ambiente é através da boca e mais tarde da visão e do olfato e tato, por isso é importante
evitar objetos sujos pontiagudos.
É através do brinquedo e do brincar que a criança expressa os seus sentimentos, e suas
emoções. É brincando que a criança se desenvolve e se integra na sociedade.
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É necessário, entretanto, que a criança utilize brinquedos que estejam associados a sua
idade, para que o seu desenvolvimento seja favorecido.
Dentre os brinquedos empregados em exercícios de estimulação podemos destacar:
0 a 6 meses –
• Móbiles coloridos;
• Brinquedos sonoros;
• Bichinhos moles;
• Brinquedos de texturas diferentes.
Nesta fase é importante que a criança com a SD seja levantada pelas mãos
como se fosse sentá-la; tente alcançar objetos pendurados com os pés ou com as mãos,
colocar brinquedos em sua frente para chamar sua atenção.
06 a 12 meses –
• Jogos de bater palmas;
• Carrinhos;
• Papel para rasgar e amassar;
• Bolas coloridas de diversos tamanhos;
• Emitir sons para que a criança identifique.
• Se a criança já senta sozinha, estimulá-la a levantar, sem dar apoio e sua coluna
vertebral.
12 a 24 meses –
• Dar revistas velhas para folhear e rasgar
• Músicas infantis;
• Dar bolas para chutar, jogar com as mãos;
• Jogos de areia.
Nesta fase a criança é mais ativa e participante, utiliza as suas mãos para explorar o
ambiente e começa construir sua memória sobre o conhecimento e objetos. Existe uma
grande diferença entre a criança com SD e uma criança “normal”, por isso, deve-se
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respeitar o ritmo e a velocidade da criança, dar mais ênfase ao desenvolvimento do que a
idade cronológica.
Nesta fase já se pode mostrar a criança, por exemplo, cachorro de brinquedo e uma rela, ou
uma foto de um cão para ser comparada ao brinquedo. Relacionar acontecimento to e
elementos já vão fazer parte de sua memória.
Ainda nesta fase as criança com a SD pode ser estimulada a Ter noções de causa e efeito,
pode exemplo: interruptor – lua que acende e apaga.
Os exercícios físicos, como caminhar, dançar e outros, também são importantes para
exercitar a musculatura, se a criança já fica em pé, o que não é comum em crianças com
SD.
2 a 5 anos –
• Massa de modelar;
• Triciclo;
• Instrumentos musicais;
• Imitação de animais;
• Bonecas;
• Associação de objetos do próprio corpo;
• Jogo corporal;
• Uso de material e brinquedos do próprio ambiente;
• Apitos e objetos que permitam o exercício do sopro;
• Lápis de cor e cera;
• Sucata para ela criar brinquedos;
• Jogos de memória;
• Lápis e papel para desenhar.
De 2 a 5 anos a criança com SD, já consegue sustentar a cabeça, rolar, ficar sentada e em
pé, andar, sorrir e falar algumas palavras e frases.
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A partir dessa idade, já se pode estimular a higiene como a educação intestinal. É
importante que a educação neste aspecto só deva iniciar quando a criança começar a
colaborar.
Quando a criança possuir alguma compreensão, deve-se conversar com ela, repetidas vezes,
sobre o uso do pinico ou vaso sanitário no momento em ela estivar evacuando.
Este processo pode ser demorado, por isso, é importante que seja envolvido em um clima
de paciência e alegria. O que requer muito dos pais.
A criança deve ser estimulada em todos os sentidos. Quanto mais cedo for esta estimulação,
mais rápida é a aprendizagem. A criança com SD, somente é mais lenta, porém, se bem
estimulada pode apresentar resultados ótimos.
É importante que os pais a ensinem a se vestir, calçar, tomar banhos sozinha, mesmo que os
pais complementam essas ações.
No aspecto social é interessante que a criança tenha contatos com outras crianças,
portadoras ou não de anomalias. A criança deve vivenciar situações múltiplas. Num passeio
pode-se atravessar a rua diversas vezes, observar cores e marcas de carros, altura dos
edifícios, animais que convivem com o homem e tantas outras coisas corriqueiras, porém,
de muita importância para a formação do pensamento lógico.
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2. - O TRABALHO DO EDUCADOR COM A CRIANÇA
PORTADORA DA SINDROME DE DOWN.
“A criança incapacitada física ou mentalmente ou que sofra algum impedimento social
serão proporcionados tratamento, à educação e os cuidados especiais exigidos pela sua
condição peculiar”.(Declaração Universal dos Direitos da Criança – ONU – 1959).
Vivemos em uma sociedade onde a maioria das crianças se quer tem direito à alfabetização,
principalmente as crianças portadoras de alguma anomalia como a Síndrome de Down.
Com as crianças portadoras de anomalias, a tarefa de educação é muito árdua. Poucas são
as entidades que têm pessoas especializadas para trabalhar com estas crianças.
A criança Sindrômica tem um aprendizado gradativo, iniciando o tratamento com um
fisioterapeuta e passando por vários profissionais até poderem freqüentar escolas.
O trabalho de reabilitação da criança é dificultado pelas precárias condições de educação a
eles dispensados.
Porém, mesmo com todas as dificuldades existem instituições que sobrevivem e tenta fazer
o melhor trabalho possível para que a criança com SD possa desenvolver e ocupar um
espaço, mesmo que pequeno dentro da sociedade.
2 . 1 - Objetivo principal do educador
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O papel do educador seria exigir da criança Sindrômica o que estiver dentro de suas
possibilidades, a fim de que a criança possa sentir-se segura da posição que ocupa na
escola, e assim achar-se tão feliz como uma criança considerada normal.
A criança com SD não se concentra o tempo suficiente para guardar as ordens dadas. Sua
atenção é mais pobre, já que nestas crianças o trabalho cerebral se processa mais
lentamente. Se a professora lhe dá uma ordem, ela poderá não fixar essa ordem, porque, por
exemplo, o barulho da porta dispersou sua atenção. Este é um ponto crucial no
aprendizado: a energia necessária para manter a concentração desaparece. Há, pois, uma
grande dificuldade para atividades mais prolongadas e daí surge às repetições automáticas e
perseverantes que indicam que a criança já esqueceu o que teria que fazer. Portanto cabe ao
educador não exigir dessas crianças um tempo de atenção muito longo. Além disso, sempre
deve ser verificado se o trabalho é interessante para ela, pois o desinteresse numa tarefa
difícil ou pelo contrário, fácil demais, podem causar o mesmo efeito.
2.2 - Estimulação em idade escolar
Dr. Aníbal C. Amorim afirma que “quanto mais dinâmicas forem as experiências da
criança com SD, a partir de sua liberdade de sentir e agir através de brincadeiras e jogos,
maiores serão as possibilidades de enriquecimento psicomotor. O inverso, também é
verdadeiro, quanto menos brincadeiras e jogos ela tiver, menores serão suas experiências
sensoriais e motoras. Uma criança ao se desenvolver com liberdade e afeto terá maior
aproveitamento dos seus potenciais”.3
A criança deve receber um trabalho de estimulação desde seus primeiros anos de vida. As
diferentes áreas que devem ser estimuladas dizem a respeito às funções motoras, sensoriais,
á fala, á inteligência e atenção, alimentação e higiene. A partir disso ela se tornará mais
independente, conseguirá se comunicar, andar bem e saberá se integrar num grupo. Estará,
portanto, pronta para enfrentar uma escola. Em alguns casos isso pode ser feito aos 3 e 4
anos, ou um pouco depois. Os pais devem estar seguros que uma turma de crianças
3 AMORIN, Aníbal Coelho de. Desenvolvimento Psicomotor. Rio de Janeiro. Rotary Club. 1984. P 23.
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pequenas mesmo que mais novas do que as Sindrômicas, só lhes fará bem, auxiliando o
desenvolvimento da linguagem e de sua independência nas atividades da vida diária.
Experiências mostraram um grande benefício nas crianças que puderam participar de uma
classe totalmente normal no início de aprendizado, especialmente nas classes maternais;
nestas os educadores revelaram admiração pelo que as crianças com SD podem fazer. A
realidade indicou que apesar de lento, o progresso das crianças foi evidente.
Entretanto, no momento que se inicia o ensino das crianças com SD necessita de um
aprendizado mais lento e individualizado, o que só poderá ser feito em classes menores, nas
quais se podem corrigir a dificuldade de atenção e exigir tarefas onde haja competição,
onde os estímulos que distraem as crianças podem ser mais controlados.
Numa classe com muitos alunos o professor não pode requisitar sempre e de modo
sistemático a atenção daqueles que não se concentram. Há necessidade de vigilância
constante, para que o aprendizado se processe. Numa classe pequena, com poucos alunos, o
educador está sempre mais próximo, percebe as distrações, repete a ordem dada
inicialmente e a criança volta à tarefa que havia interrompido.
A criança com SD aprende melhor comparando só a cor ou somente o tamanho dos objetos
e figuras. E não cor e tamanho simultaneamente, com se faz com crianças normais. Ela
também se sente confusa quando duas dimensões são dadas ao mesmo tempo. Conclui-se
que há necessidade de um ensino especial para o aprendizado acadêmico, ou seja, além do
nível pré-primário. Mesmo nessa etapa, entretanto, se não há escola especial disponível, a
permanência de crianças Sindrômicas em classes comuns de jardim de infância ajudará o
seu desenvolvimento intelectual.
No geral, comparava-se que a criança com SD que freqüenta escola com pequeno número
de alunos e professores especializados é a que mostra o mais rápido processo no
aprendizado da leitura, da escrita e do cálculo.
2.3 - O Trabalho do educador
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Segundo Isabella Maria Rodrigues Valle, “ensinar não deve ser transmitir, mas sim criar
condições para que a aprendizagem aconteça”.4
A tarefa de criar situações que promovem determinados aprendizados exige antes de tudo
um engajamento muito maior por parte do educador. Para possibilitar a sua motivação, a
criança com SD precisa de um clima de liberdade e de autoconceito positivo. Sendo o ato
de brincar a forma mais natural da atividade da criança, oferecer-lhe o brinquedo adequado
na hora certa, pode ser a melhor maneira do professor perceber a sua estimulação. Muitas
vezes a preocupação em reparar suas deficiências assume prioridade na programação de sua
rotina e de seu futuro, afastando a espontaneidade e alegria tão necessárias para a criança
com SD.
Cabe ao educador, no exercício de seu trabalho: conhecer o nível de realização da criança;
definir os objetivos a serem alcançados; priorizar os estímulos a serem oferecidos; escolher
recursos facilitadores; afastar o que possa interferir negativamente; propor atividades que
possibilitem fixação do aprendizado através de recursos diferentes; oferecer a criança com
SD oportunidade para aplicação do que foi aprendido.
Desta forma, atividades que se referem a jogos simbólicos e linguagem, esquema corporal,
coordenação visual, auditiva e tátil, são extremamente importantes para o aprendizado de
uma criança Sindrômica.
2.4 - Estimulação da atenção nas diversas áreas
Atenção e memória visual pode estar em déficit na criança com SD, sendo mais difícil para
ela guardar um estoque de imagens vistas do que um estoque de palavras ouvidas. Daí a
necessidade de exercícios para melhorar a capacidade de guardar, lembrar e reconhecer
aquilo que foi visto. A estimulação deve ser iniciada de modo simples, com objetos que a
criança bem e saiba nomear.
4 Valle, Isabella Maria Rodrigues. O educador e a criança mongolóide. Revista Pestalozzi. VVAA n. º 17. 1983. P 27.
8
A atenção auditiva deve ser feita utilizando sempre palavras conhecidas e já usadas pela
criança. O ritmo deve ser introduzido de forma atraente.
É importante, ainda, estimular a criança com SD para a atenção a noções de espaço e
esquema corporal. Pode ser feita pedindo a criança que reproduza no ar movimentos que o
educador fizer, como um círculo no ar ou um traço de cima para baixo, de baixo para cima
ou horizontalmente nos dois sentidos.
Os movimentos variados com os braços e as mãos garantem uma boa formação motora.
Para a inteligência despertar e agir é preciso que todas as funções trabalhem juntas e
integradas. Além do uso de estímulos adequados e interessantes, não se deve esquecer que
dentro da criança Sindrômica existe um potencial afetivo que também precisa ser respeitado
e solicitado. Assim o estímulo que vem de fora e o que vem de dentro dela se unem para
formar e desenvolver sua criatividade, aumentar seu interesse e permitir seu crescimento
mental e afetivo.
2.5 - O Orientador educacional
Isabella Maria Rodrigues Valle afirma que: “o papel do orientador educacional é orientar
os pais de uma criança com a Síndrome de Down, no sentido de despertar a atenção dos
responsáveis numa melhor forma de conviver com a criança. Já que o nascimento da
criança Sindrômica, desde o início facilmente identificado, coloca os pais diante de um fato
irreversível que lhes vai despertar várias reações”.5
Cabe ao orientador esclarecer aos pais que, desde o início, muita coisa pode ser feita pela
criança com Síndrome de Down, durante toda sua vida, não só por diversos técnicos
especializados, como também pelos próprios pais. Esclarecer a importância do carinho,
atenção, dedicação, incentivo por parte dos pais com a criança Sindrômica. A importância
de elogiar. Dialogar, estabelecer os limites e as responsabilidades na criança anômala.
5 VALLE. Isabela Maria Rodrigues. O educador e a criança mongolóide. Revista Pestalozzi. VVAA. N. º 17 p. 29.
8
3 - ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO NA SOCIEDADE PESTALOZZI
A Pestalozzi é uma entiddade filantrópica e mantém convênios
com a SEMEC de Itaboraí e SEE/RJ.
Fundada em 1981, vem desenvolvendo suas atividades
continuamente, com objetivo de oferecer às crianças
excepcionais, diagnósticos, tratamento, educação, ajustamento
social para propiciar aos portadores de deficiência sua
integração à sociedade.
8
Em Itaboraí, fica localizada na Praça Mal. Floriano Peixoto n. º 405. Rio de Janeiro. È
presidida pela professora Alair Vieira de Melo e dirigida pela pedagoga Neiva Gomes
Pinto.
A instituição conta com 10 professoras, 02 psicólogas, 02 fonoaudiólogas, 01 assistente
social, 01 fisioterapeuta, 01 neuropediatra, 01 pedagoga e 01 auxiliar de atendimento.
1) Setor Pedagógico – funciona diariamente. A ESCOLINHA DA LÚ. Esta escolinha
funciona em dois turnos e fornece merenda escolar. Antes do atendimento pedagógico o
aluno passa pelos outros setores para a identificação dos cuidados especiais que deve
perceber.
2) Setor Médico – Se dirige especialmente aquela criança portadora de deficiência mental
ou motora que procura a instituição a fim de diagnósticos e terapia.
3) Setor de Psicologia – Realiza trabalho clínico e instrucional. Após a psicodiagnóstico é
feita a entrevista de dissolução e encaminhamento do caso aos demais setores.
4) Setor de Fonoaudiologia – Atende as crianças realizando trabalhos de estimulação da
linguagem, desenvolvimento da motricidade e tonicidade oro-facial.
5) Setor do Serviço Social – procura desenvolver um trabalho de reflexão sobre a
importância da participação da família com crianças portadoras de deficiência em todo
o processo de desenvolvimento.
6) Setor de Fisioterapia – começa a trabalhar com a criança após receber do neuropediatra
o diagnóstico da criança. É o tratamento físico da criança deficiente.
Durante os dias de estágio nesta entidade pude observar que a criança portadora da
Síndrome de Down é dócil, educável e possui grau de inteligência. São capazes de
desenvolver atividades físicas e mentais, porém, com a lentidão típica da Síndrome. São
ativas, carinhosas e gostam de participar das atividades.
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CONCLUSÃO
Após todo o estudo por fim realizado acerca da Síndrome de
Down e o contato direto com essas pessoas, é que passei a
entender a importância dos trabalhos realizados com os
deficientes que se trabalhados com perseverança mostram que
também tem eficiência.
Crianças que desde dos primeiros meses forem tratadas com
carinho e atenção de que necessitam podem mostrar o seu
potencial. Este tratamento deve ser dos pais e das entidades que
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a criança com Síndrome de Down freqüenta, que vai levar esta
criança a ter condições de integrar-se na sociedade. A família tem uma importância singular no tratamento para o bom desenvolvimento destas
crianças, suas emoções, anseios, o seu dia-a-dia normal em convívio com uma criança
“anormal”. Porém dando a ela todo afeto e assistência de que necessita. Tratando-a
normalmente.
É relevante também o papel do educador que através de brincadeiras, danças,
recomendações, consegue moldar esta personalidade, no entanto, produtiva.
Considero que é fundamental o trabalho feito por profissionais
que entendam este processo, pois as pessoas que não estão
inseridas nesta problemática, muitas vezes não entendem que os
progressos nesses casos são lentos e graduais. Os objetivos
utilizados com a criança portadora da Síndrome de Down são
análogos aos utilizados para crianças “normais”, o que muda é a
maneira com que esses objetivos serão trabalhados. Tratando-se
de Síndrome de Down, cada passo a frente é uma barreira
vencida.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Célia Maria N. Ser Diferente é algo comum. Revista Integração. N. º 08
Março de 2002.
AMORIM. Aníbal Coelho de. Desenvolvimento Psicomotor. Rio de Janeiro, Rotary Club.
1994.
BEÇAK, Willian. Genética Médica. São Paulo, Servier editora de livros médicos. 1977.
CONCEIÇÃO, Jeorgincarle de França. Como entender o excepcional deficiente mental.
Rio de Janeiro, Rotary Club. 1983.
VALLE, Isabela Maria Rodrigues. O educador e a criança mongolóide. Revista Pestalozzi.
VVAA. Rio de Janeiro, n. º 17.1983.
Princípio 5 – Declaração Universal dos Direitos da Criança. ONU 20 de Novembro de
1959.
Várias informações obtidas através dos funcionários da Sociedade Pestalozzi.
8
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................... 09
CAPÍTULO I ........................................... 10
1 – A SÍNDROME DE DOWN ........................................... 10
1.1 Diagnóstico ........................................... 13
1.2 Características da Síndrome de Down ........................................... 14
1.3 Fertilidade ........................................... 16
1.4 Comportamento da família ........................................... 17
1.5 Emoção familiar ........................................... 18
1.6 Aceitação familiar ........................................... 19
1.7 Atraso do desenvolvimento físico/mental ........................................... 20
1.7.1 Estimulação essencial ........................................... 21
CAPÍTULO II ........................................... 27
2.0 O TRABALHO DO EDUCADOR COM A
CRIANÇA PORTADORA DA SÍNDROME DE
DOWN
...........................................
27
2.1 O objetivo principal do educador ........................................... 27
2.2 Estimulação em idade escolar ........................................... 28
2.3 O trabalho do educador ........................................... 29
2.4 Estimulação da atenção nas diversas áreas ........................................... 30
2.5 O Oientador Educacional ........................................... 31
3 – ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO NA
SOCIEDADE PESTALOZZI
...........................................
32
CONCLUSÃO ........................................... 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................... 35
ÍNDICE ........................................... 36