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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA GOVERNANÇA CORPORATIVA NO MODELO EMPRESARIAL BRASILEIRO Por: Fabio Neves Carvalho Orientador Professora: Luciana Madeira Frajdrach Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Segundo Lethbridge (idem), é possível identificar dois modelos clássicos de governança corporativa: o modelo anglo-saxão –

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    GOVERNANÇA CORPORATIVA NO MODELO EMPRESARIAL

    BRASILEIRO

    Por: Fabio Neves Carvalho

    Orientador

    Professora: Luciana Madeira Frajdrach

    Rio de Janeiro

    2013

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    OTEG

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  • 2

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    GOVERNANÇA CORPORATIVA NO MODELO EMPRESARIAL

    BRASILEIRO

    Apresentação de monografia à AVM Faculdade

    Integrada como requisito parcial para obtenção do

    grau de especialista em Auditoria e Controladoria

    Por: . Fabio Neves Carvalho.

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    ....à Professora Luciana Madeira

    Frajdrach, pelo aprendizado na sua

    disciplina da Pós-Graduação e pela

    orientação durante todo o trabalho.......

  • 4

    RESUMO

    O presente trabalho aborda o tema Governança Corporativa, que tem

    por objetivo disciplinar as relações do capital com base nos princípios de

    equidade, transparência e prestação de contas, além do respeito às leis,

    regulamentos, normas, tanto formais quanto informais ou de mercado, e os

    aspectos éticos intrínsecos. O foco principal do trabalho é a Governança

    Corporativa no Brasil.

    O trabalho toma como premissa a crescente percepção dos analistas

    econômicos de que a estrutura de governança afeta o valor da empresa. Mais

    do que aproximar o investimento da produção, a adoção de boas práticas de

    governança corporativa tende a melhorar o relacionamento entre investidores e

    empresas. Nesse sentido, essas práticas também podem criar oportunidades

    para as empresas aumentarem suar origens por ação direta do patrimônio

    líquido. Na medida em que se consolidam essas tendências, pode-se inferir

    que seus efeitos tenderão a afetar as variáveis macroeconômicas, que,

    conjugadas, tendem a elevar o nível de bem-estar social.

  • 5

    METODOLOGIA

    O presente estudo tem por objetivo apresentar os principais sistemas de

    governança corporativa existentes no mundo e descrever as principais

    características do modelo de governança das companhias abertas brasileiras,

    bem como as principais iniciativas institucionais e governamentais que vêm

    contribuindo para a melhoria das práticas de governança pelas empresas

    brasileiras.

    Para isso, o trabalho terá uma delimitação teórica e será desenvolvido a

    partir de levantamento de material bibliográfico como livros, artigos e textos,

    bem como consulta a sites de internet relacionados ao assunto como CVM,

    IBGC, BM&FBOVESPA, ABRAPP, BNDES, dentre outros. Além disso,

    agências de notícias como BROADCAST e BLOOMBERG fornecerão gráficos

    e estatísticas importantes para a confecção do trabalho.

  • 6

    DEFINIÇÃO DE TERMOS

    Alguns termos técnicos e siglas utilizados no estudo e suas definições:

    ADRs - American Depositary Receipts: certificados de ações emitidos

    por bancos norte-americanos lastreados em ações de empresas brasileiras.

    Free Float: Quantidade de ações de uma empresa disponível para

    negociação em mercados organizados.

    Poison Pills: Estratégia usada por uma companhia para tornar sua

    aquisição menos atraente para o comprador.

    Stock Option (opção de ações): Forma de remuneração de executivos

    de uma companhia. Em função de resultados obtidos ou desempenho pessoal,

    o executivo tem a opção de adquirir ações da companhia, com preço e prazo

    determinados. Normalmente, o preço é subsididado, ou seja, abaixo da

    cotação de mercado.

    Tag Along (extensão do prêmio de controle): Direito de alienação de

    ações conferido a acionistas minoritários, em caso de alienação de ações

    realizada pelos controladores da companhia.

    US GAAP ( United States Generally Accepted Accounting Principles):

    Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos dos Estados Unidos.

  • 7

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO 08

    CAPÍTULO I - Governança Corporativa 11

    CAPÍTULO II - Mercado de Capitais brasileiro 20

    CAPÍTULO III – Melhores práticas de Governança Corporativa 28

    CONCLUSÃO 40

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

    ÍNDICE 45

    FOLHA DE AVALIAÇÃO xx

  • 8

    INTRODUÇÃO

    O desenvolvimento dos mercados de capitais, principalmente a partir do

    início do século XX, forneceu parte significativa do financiamento necessário

    para o crescimento das empresas privadas, propiciando um ambiente para o

    surgimento da chamada "grande corporação moderna", na qual o papel de

    gestor da empresa passou a ser exercido não necessariamente pelo

    proprietário. Esta separação de papéis ocorreu como conseqüência da

    pulverização do controle acionário, que não poderia ser correspondida por uma

    pulverização semelhante do poder dentro das empresas. O processo de

    desenvolvimento dos mercados de capitais e a conseqüente pulverização do

    controle das empresas foi mais rápido e acentuado nos países que, entre

    outros fatores, ofereceram maior proteção legal aos investidores por meio da

    existência e garantia de aplicação de um conjunto de leis e regras de mercado

    claras.

    A separação da propriedade e controle entre acionistas e gestores por

    meio da oferta pública de ações, característica marcante das grandes

    corporações modernas, fez com que surgisse a necessidade da criação de

    mecanismos que alinhassem os interesses dos gestores aos dos acionistas, a

    fim de fazer com que os primeiros procurassem sempre agir no melhor

    interesse de todos os acionistas, entendido como a maximização da riqueza a

    partir do que foi investido. A governança corporativa insere-se nesta temática,

    podendo ser definida como o conjunto de mecanismos que visam a harmonizar

    a relação entre gestores e acionistas, isto é, superar o chamado “conflito de

    agência”, dada a separação entre controle e propriedade. O tema vem

    ganhando cada vez mais destaque no âmbito acadêmico e corporativo,

    principalmente a partir do final dos anos 80, com o aumento da participação

    ativa dos investidores institucionais - formados pelos fundos de pensão e

    fundos mútuos, representando milhões de cidadãos com metas de longo prazo

    - e pequenos investidores individuais nos mercados de ações e sua exigência

  • 9

    crescente pela garantia de que os gestores da empresa agirão sempre de

    acordo com o seu interesse.

    A fragilidade dos mecanismos de governança adotados pelas empresas

    nacionais têm sido apontados como uma das causas do baixo

    desenvolvimento do mercado acionário brasileiro. Como conseqüência,

    crescem as pressões para que sejam adotados os procedimentos descritos em

    diversos "Códigos das Melhores Práticas de Governança Corporativa". Dentre

    as principais práticas, a maioria dos códigos de governança apontam a

    necessidade de uma participação ativa e independente do Conselho de

    Administração, o fornecimento de informações precisas e transparentes para o

    mercado e a igualdade de direitos entre todos os acionistas.

    Evidências empíricas indicam que empresas de mesma relação risco x

    retorno em termos operacionais, mas que apresentam uma estrutura de

    governança corporativa mais adequada às práticas recomendadas pelos

    agentes de mercado, obtém melhores resultados e também são melhor

    avaliadas pelo mercado que empresas com uma estrutura de governança não

    tão adequada. Desta forma, parece estar implícita a hipótese de que a

    estrutura de governança corporativa da empresa afeta seu desempenho e

    valor de mercado.

    No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC, como

    órgão educador, tem entre seus objetivos tornar o mercado doméstico mais

    atraente à entrada dos investidores internacionais. Para tal, evidencia a

    importância e a necessidade de serem estabelecidas relações de confiança

    mútua, pautadas em regras claras de supervisão e controle, além de

    conscientizar do quanto é imperioso elevar a qualidade da Governança

    Corporativa no País.

    O presente estudo visa demonstrar como a adoção de boas práticas de

    governança corporativa afeta o valor da empresa, tendo como objetivos

    específicos mostrar os principais benefícios trazidos por uma boa governança,

  • 10

    os avanços recentes da Governança Corporativa no mercado brasileiro e

    possíveis oportunidades de melhoria.

    Para isso, esta dissertação apresenta, além do capítulo introdutório,

    outros quatro capítulos. No capítulo um são abordados o conceito e os

    principais sistemas de governança corporativa existentes no mundo. No

    capítulo dois faz-se um resgate da trajetória do mercado de capitais brasileiro e

    são descritas as principais características do modelo de governança das

    companhias abertas brasileiras. O capítulo três mostra as Melhores Práticas de

    Governança Corporativa, abrangendo sua origem e descrevendo as principais

    iniciativas institucionais e governamentais que vêm contribuindo para a

    melhoria das práticas de governança pelas empresas brasileiras. No capítulo

    quatro são tecidas as considerações finais.

  • 11

    CAPÍTULO I

    GOVERNANÇA CORPORATIVA

    1.1 Conceito

    O termo Governança Corporativa tem ganho importância crescente nos

    últimos tempos, sendo interessante que haja um entendimento mais claro

    sobre sua definição. A Comissão de Valores Mobiliários – CVM, em sua

    cartilha “Recomendações da CVM sobre Governança Corporativa”, página 1,

    de 11 de junho de 2002, define:

    “Governança Corporativa é o conjunto de práticas que tem por

    finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger

    todas as partes interessadas, tais como investidores,

    empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. A análise

    das práticas de governança corporativa aplicada ao mercado de

    capitais envolve, principalmente: transparência, eqüidade de

    tratamento dos acionistas e prestação de contas”.

    Para Lodi (2000, p.13-19) chama-se Governança Corporativa o “sistema

    de relacionamento entre os acionistas, os auditores independentes, os

    executivos da empresa e os conselheiros de Administração, liderados por

    estes últimos”. Ou “o papel que os Conselhos de Administração passaram a

    exercer para melhorar o ganho dos acionistas, auditores externos, minoritários,

    conselhos fiscais (no Brasil) e os stakeholders, ou seja, empregados, credores

    e clientes”; ou ainda, “Governança Corporativa é um novo nome para o sistema

    de relacionamento entre acionistas, auditores independentes e executivos da

    empresa, liderado pelo Conselho de Administração”. Por fim, Governança

    Corporativa “é o nome dado ao sistema de gestão das relações entre os

  • 12

    acionistas, majoritários e minoritários, o Conselho de Administração, os

    auditores externos independentes e a diretoria da empresa.”

    Segundo o IBGC, “Governança Corporativa é o sistema pelo qual as

    organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os

    relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e

    órgãos de controle. As boas práticas de governança corporativa convertem

    princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade

    de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao

    capital e contribuindo para a sua longevidade.”

    A expressão abrange os assuntos relativos ao poder de controle e

    direção de uma empresa, bem como as diferentes formas e esferas de seu

    exercício e os diversos interesses que, de alguma forma, estão ligados à vida

    das sociedades comerciais.

    O IBGC entende que "o mercado de capitais, as empresas, os

    investidores e a mídia especializada já incorporaram a expressão Governança

    Corporativa em sua linguagem, e as boas práticas em suas atitudes". E

    acredita ter sido ele um dos maiores responsáveis por essa nova realidade.

    1.2 Governança Corporativa no mundo

    Um sistema de governança corporativa é composto, segundo Lethbridge

    (1997, p.2), pelo conjunto de instituições, regulamentos e convenções culturais

    que regem a relação entre as administrações das empresas e os acionistas, ou

    outros grupos aos quais as administrações, de acordo com o tipo de modelo,

    devem prestar contas. As características e o desenvolvimento desses modelos,

    que podem ser associados a grupos de países, refletem as peculiaridades de

    formas distintas de organização capitalista e prioridades políticas e sociais

  • 13

    diversas.

    Segundo Lethbridge (idem), é possível identificar dois modelos clássicos

    de governança corporativa: o modelo anglo-saxão – dominante nos Estados

    Unidos e no Reino Unido – e o modelo nipo-germânico – prevalecente no

    Japão e na Alemanha e, também, na maioria dos países da Europa

    continental. O autor afirma, ainda, que a presente classificação é útil apenas

    como uma referência analítica, dado que a evolução de ambos os sistemas,

    nos últimos anos, tem comprometido a “pureza” de tais caracterizações.

    Quando analisa o modelo anglo-saxão, Lethbridge (idem, p. 3) revela

    que

    “as participações acionárias são relativamente pulverizadas e

    bolsas de valores desenvolvidas garantem a liquidez dessas

    participações, diminuindo o risco dos acionistas: dadas as

    condições anteriores, não há necessidade de um monitoramento

    direto. O mercado, através da variação no preço das ações,

    sinaliza a aprovação ou não em relação às administrações por

    parte dos investidores. O sistema exige um nível elevado de

    transparência e uma divulgação periódica de informações,

    impondo controles rígidos sobre o uso de informações privilegiadas”.

    Com relação ao modelo nipo-germânico, Lethbridge (idem) afirma que

    “a propriedade é mais concentrada (na Alemanha, os cinco

    maiores acionistas detêm, em média, 40% do capital e, no

    Japão, 25%) e muitas participações acionárias são de longo

    prazo. No Japão, por exemplo, entre 50% e 70% das ações de

    empresas listadas nas bolsas de valores são detidas por outras

    empresas, no sistema de participações acionárias cruzadas que

    une os membros dos keiretsus (conglomerados de vários bancos

    e companhias). Na Alemanha, os bancos usam participações

    acionárias para fortalecer as relações comerciais com clientes.

    Nesse sistema, em que a liquidez não é priorizada, os acionistas

  • 14

    reduzem o seu risco, colhendo as informações necessárias às

    suas decisões junto às administrações”.

    No sistema anglo-saxão, o objetivo principal das empresas tem sido a

    criação de valor para os acionistas. Já no modelo nipo-germânico, o objetivo

    das empresas é equilibrar os interesses dos acionistas com os interesses de

    outros grupos – tais como clientes, fornecedores e empregados -, que são

    afetados pelas decisões dos primeiros. Nesse contexto, é possível distinguir

    “dois tipos extremos de controle corporativo’: o shareholder, no qual “a

    obrigação primordial dos administradores é agir em nome dos interesses dos

    acionistas”, e o stakeholder, no qual, “além dos acionistas, um conjunto mais

    amplo de interesses deve ser contemplado pela ação e pelos resultados da

    corporação” (id. Ibidem).

    Os stakeholders – grupos de interesse – são agentes do mercado e,

    portanto, essenciais ao desenvolvimento e à gestão de uma empresa, dado

    que o sucesso de uma companhia depende, em larga escala, de um resultado

    eficiente do trabalho em equipe. Esse trabalho engloba as contribuições de

    diversas fontes de recursos, tais como os credores, os fornecedores, os

    funcionários e os investidores. Desse modo, as empresas devem reconhecer

    que a contribuição das partes interessadas constitui um recurso valioso na

    formação de companhias competitivas e lucrativas. É do interesse das

    empresas, por conseguinte, fomentar a enriquecedora cooperação entre os

    stakeholders. Em outros termos, a estrutura de governança deve reconhecer

    que a presença dos stakeholders – e sua contribuição para o sucesso da

    empresa – é do interesse da própria corporação.

    No âmbito das relações internacionais contemporâneas, os economistas

    Shleifer e Vishny (1997) afirmam que os Estados Unidos, o Reino Unido, a

    Alemanha e o Japão apresentam os melhores sistemas de governança

    corporativa existentes no mundo. Ressaltam, ainda, que as diferenças entre

    tais sistemas são muito pequenas, se comparadas com as diferenças

  • 15

    existentes entre outros Estados Nacionais. Ademais, os autores revelam que,

    em países do antigo bloco socialista, as práticas de governança corporativa

    são extremamente precárias e, em Estados menos desenvolvidos, os

    mecanismos de boa governança corporativa são praticamente inexistentes.

    As diferenças institucionais entre os modelos de governança corporativa

    podem expor a ligação existente entre a eficiência das corporações e a

    governança corporativa. A grande maioria das economias de mercado

    desenvolvidas tende a solucionar os seus problemas de governança

    objetivando assegurar os fluxos de recursos para as companhias e o retorno

    dos lucros para os fornecedores de recursos. “Entretanto, conforme evidências

    dos problemas de governança no mercado acionário norte-americano em

    2002, isto não significa que as economias desenvolvidas resolveram o

    problema da governança corporativa de forma ótima” (Silveira, 2002, p. 18).

    O modelo anglo-saxão foi, ao longo da última década, um alvo de

    críticas em seus países de origem. A despeito desse fato, Lethbridge (1997, p.

    2) ressalta que é possível detectar uma tendência de aproximação, por parte

    de empresas alemãs e japonesas, do modelo de governança corporativa

    dominante nos Estados Unidos e no Reino Unido, sobretudo “no que diz

    respeito aos objetivos primordiais da atividade empresarial (especialmente a

    criação de valor para os acionistas) e às práticas de governança que permitem

    melhor alcancá-los”.

    “O sistema de governança corporativa adotado pelas empresas

    depende, em grande parte, do ambiente institucional no qual

    estão inseridas. O Estado, através da definição dos sistemas

    financeiro e legal, modela a formação do mercado de capitais

    local e do grau de proteção dos investidores, influenciando o

    modelo de governança das empresas. Desta forma, os países

    apresentam diferenças significativas entre os sistemas de

    governança corporativas das suas empresas” (Silveira, 2002, p.

    18).

  • 16

    Percebe-se que nos últimos anos tem se expandido, tanto nos

    mercados desenvolvidos quanto em desenvolvimento, a adoção das melhores

    práticas de Governança Corporativa. Porém, mesmo em países de idioma e

    sistemas legais semelhantes, como EUA e Reino Unido, o emprego das boas

    práticas de Governança apresenta diferenças no que tange ao estilo, estrutura

    e enfoque.

    Não há uma completa convergência sobre a correta aplicação das

    práticas de Governança nos mercados, entretanto, pode-se afirmar que todos

    se caracterizam pelo uso dos princípios da transparência, independência e

    prestação de contas (accountability) como forma de atrair investimentos aos

    negócios e ao país.

    Nesse ponto, é válido ressaltar que todos os sistemas de governança

    corporativa podem vir a ser eficientes, desde que estruturados segundo as

    particularidades de cada país.

    1.3 Algumas considerações

    Como efeito dos recentes acontecimentos envolvendo grandes

    empresas americanas - Enron e WorldCom entre outras - em escândalos

    financeiros e sobretudo éticos, o tema governança corporativa passou a fazer

    parte da ordem do dia.

    O IBGC elenca alguns fatores que comprovam que, nos dias de hoje, a

    Governança Corporativa tornou-se prioridade para a comunidade internacional,

    sendo relacionada a um ambiente institucional equilibrado e à política

    macroeconômica de boa qualidade:

  • 17

    - “O G8, grupo das nações mais ricas do mundo, considera a Governança

    Corporativa um pilar da arquitetura econômica global;

    - A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

    desenvolveu uma lista de princípios de Governança Corporativa e promove

    periodicamente, em diversos países, mesas de discussão e avaliação dessas

    práticas;

    - Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI) consideram a adoção

    de boas práticas de Governança Corporativa como parte da recuperação dos

    mercados mundiais, fragilizados por sucessivas crises em seus mercados de

    capitais; e

    - Em praticamente todos os países surgiram instituições dedicadas a promover

    debates em torno da Governança Corporativa”.

    Com relação ao ambiente corporativo, deve-se contudo frisar que a

    atividade de governança nas empresas existe há muito tempo, porém somente

    a partir de 1992 começou a ser tratada de uma forma conjunta e organizada,

    passando a ser denominada como Governança Corporativa.

    Este novo conceito se deve a vários fatores, dentre os quais destacam-

    se: a expansão das empresas além de seus territórios de origem –

    globalização; o desenvolvimento econômico-social dos países onde estão

    instaladas suas subsidiárias; a maior complexidade da composição societária

    das grandes empresas; o grande volume de fusões, aquisições e

    incorporações de empresas; a expansão dos fluxos de recursos decorrente do

    mercado de capitais e as questões de ética empresarial, envolvendo conflitos

    entre empresas e acionistas.

    A Governança Corporativa diz respeito à forma como uma empresa está

    sendo administrada; tem a ver com liderança, estratégia e política empresarial.

    Estuda os relacionamentos de poder dentro da companhia e trata das

    melhores práticas que devem norteá-los. A Organization for Economic

    Cooperation and Development – OECD, citada por Yamamoto (2002, p. 30),

  • 18

    “...explica Governança Corporativa como o sistema pelo qual os negócios da

    empresa são direcionados e controlados.”

    Atualmente as discussões no âmbito das empresas giram em torno de

    qual deve ser o órgão responsável pela aplicação das práticas de Governança

    Corporativa. Independentemente se exercida apenas pelo Conselho de

    Administração ou por outros órgãos dentro de uma companhia, sua instituição

    tem a ver com os postulados da entidade contábil e da continuidade da

    entidade, visto que o seu objetivo final é garantir, da melhor forma, a

    continuidade das operações da companhia.

    A ausência de conselheiros qualificados e de bons sistemas de

    Governança Corporativa tem levado empresas a fracassos decorrentes de

    abusos de poder (do acionista controlador sobre minoritários, da diretoria sobre

    o acionista e dos administradores sobre terceiros), de erros estratégicos

    (resultado de muito poder concentrado no executivo principal) e de fraudes

    (uso de informação privilegiada em benefício próprio, atuação em conflito de

    interesses).

    Neste sentido, as quatro palavras inglesas utilizadas por Lodi (2000, p.

    19) clarificam o que esperar de uma boa Governança Corporativa:

    1) Fairness, traduzida por senso de justiça e de eqüidade para com os

    acionistas minoritários contra transgressões de majoritários e

    gestores.

    2) Disclosure, usualmente chamada de transparência, com dados

    acurados, registros contábeis fora de dúvida (princípio da

    evidenciação) e relatórios entregues nos prazos combinados.

    3) Accountability, ou responsabilidade pela prestação de contas por

    parte dos que tomam as decisões de negócios.

    4) Compliance, ou obediência e cumprimento das leis do país.

  • 19

    A estas quatro palavras pode-se agregar uma quinta, “Ética”, que deve

    pautar as transações de negócios e o comportamento de todas as pessoas

    ligadas à empresa: funcionários, gestores, diretores, administradores e

    acionistas.

    Lodi (2000, p. 133) ressalta que “a maioria das empresas ainda não

    distingue ética do mero cumprimento da lei (compliance), da ação preventiva

    do departamento jurídico, da auditoria interna, da área de recursos humanos,

    ou de relações públicas”.

    A falta de transparência na gestão, aliada à precariedade dos

    instrumentos de supervisão, é apontada como um agente facilitador da

    multiplicação de riscos. Assim, e considerando que a adoção de boas práticas

    de governança corporativa tende a melhorar a percepção de risco dos

    investidores, tal procedimento contribui para a valorização das empresas no

    mercado.

    No próximo capítulo faz-se um resgate da trajetória do mercado de

    capitais brasileiro e são descritas as principais características do modelo de

    governança das companhias abertas brasileiras.

  • 20

    CAPÍTULO II

    MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO

    2.1 Histórico

    O estado da governança corporativa no Brasil pode ser mais bem

    compreendido à luz do modelo de desenvolvimento do mercado acionário, que

    data do início dos anos 1970. Até então os resultados do esforço realizado no

    sentido de regular o mercado acionário eram bastante precários. Para Nóbrega

    (2000), começou a se consolidar, à época, a percepção de que o mercado de

    capitais era importante para o desenvolvimento do País. Foram criadas, então,

    as Leis 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que disciplina o mercado de capitais

    e cria a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e a Lei 6.404, de 15 de

    dezembro de 1976, que dispõe sobre as sociedades por ações – Lei das SAs).

    Apesar desse esforço havia falta de compradores – um problema de demanda

    – em função do reduzido nível de poupança interna e do elevado grau de

    concentração de renda.

    O processo de desenvolvimento do mercado acionário brasileiro foi

    baseado, a princípio, em incentivos fiscais para a aquisição de ações (Fundo

    157 – criado em 1967) e na criação de um mercado comprador compulsório,

    resultante da obrigação dos fundos de pensão de comprar ações.

    Segundo Nóbrega (idem), o controle acionário da maior parte das

    empresas era de propriedade de grupos familiares com capacidade limitada de

    investimento. No entanto, a diluição causada por novas emissões de ações

    implicava em risco da perda de controle das empresas, o que consistiria um

    limite à oferta de ações. Para contornar essa dificuldade, foi introduzida na

    legislação uma cláusula aumentando o limite de ações preferenciais (ações

  • 21

    sem direito a voto) para 66%, propiciando a manutenção do controle com

    apenas 17% do capital. Posteriormente, com a mudança introduzida pela Lei

    9.457, de 5 de maio de 1997, procurou-se compensar o direito de voto

    suprimido com o pagamento de dividendos 10% acima daquele pago às ações

    ordinárias (ações com direito a voto). A remuneração diferenciada constitui um

    dos maiores incentivos à expropriação dos minoritários. Assim, qualquer outra

    maneira de retirar recursos da empresa, que não dividendos, torna-se atraente

    para os controladores, o que implica em maior risco para os acionistas

    minoritários.

    De acordo com Siffert Filho (1998), apenas a partir dos anos 1990, com

    a falência de algumas companhias abertas, fortaleceu-se a preocupação com a

    necessidade de melhorar os padrões de governança empresarial. A liquidação

    pelo Banco Central de grandes bancos privados revelou importantes esquemas

    de fraude nos registros e padrões contábeis, trazendo dúvidas sobre a eficácia

    de auditorias independentes.

    O modelo de privatização por meio de leilões também influenciou o

    papel dos investidores institucionais no mercado. A formação de consórcios

    para participar dos leilões resultava num modelo de controle compartilhado,

    com a participação de investidores institucionais integrantes de diversos

    consórcios. Começavam, então, os investidores institucionais (principalmente

    os fundos de pensão) a participar mais ativamente nos conselhos de

    administração nas empresas das quais se tornaram importantes fontes de

    capital, passando a comparecer nas assembléias gerais, a exercer os direitos

    de voto de suas ações e a fiscalizar mais de perto a gestão das companhias

    investidas.

    Deve ser destacado que o programa de privatização também gerou

    alguns impactos negativos sobre os padrões de governança empresarial. Com

    o objetivo de viabilizar as privatizações e maximizar o valor do controle das

    empresas estatais, a Lei 9.457, de 5 de maio de 1997, retirou as cláusulas de

  • 22

    tag along - direito de vender ações pelo mesmo preço a ser pago ao

    controlador - e direitos de recesso de minoritários.

    À mudança de atitude dos investidores institucionais somam-se alguns

    fatores extremamente importantes: internacionalização do mercado de capitais

    brasileiro, com número crescente de empresas acessando o mercado

    internacional por meio de ADRs; abertura do sistema financeiro para

    instituições multinacionais; e aumento da importância dos investidores

    estrangeiros no mercado acionário nacional. Tais investidores são bastante

    seletivos, o que tem forçado algumas empresas a rever o tratamento dado a

    acionistas minoritários.

    2.2 Oportunidades Contemporâneas

    A globalização vem propiciando um intenso intercâmbio entre os países.

    O mercado acionário adquire um papel de crescente importância na rota

    financeira internacional. Baseados nesta tendência, os países em

    desenvolvimento estabelecem mecanismos para a abertura de suas

    economias, visando a atrair investimentos externos.

    Para Barros (2002) é neste cenário de profundas transformações que

    cria-se a oportunidade de emergir um mercado de capitais no País. A elevação

    da produtividade e da competição, além de novos modelos de organização da

    capacidade produtiva, remetem o mercado para uma nova relação no eixo

    oferta e demanda de produtos financeiros. Este novo contexto expõe as

    empresas e as obriga a ampliar as bases de capital, premidas por

    necessidades de financiamento e pelos desafios impostos pela competição em

    nível global.

  • 23

    Já não podendo mais se valer dos antigos mecanismos de

    financiamento - inflação, margem e crédito público subsidiado -, as empresas

    estão sendo obrigadas a buscar, no mercado de capitais, recursos a custo

    competitivo para sobreviver. A progressiva abertura de capital implica em

    exigências adicionais por parte dos novos acionistas. Surge, então, um novo

    tipo de empresa, mais preocupada em manter bom relacionamento com o

    mercado e seus investidores.

    Não há como desconsiderar um fator estrutural da economia brasileira:

    a incerteza macroeconômica e seus efeitos sobre os investimentos de longa

    maturação, que tendem a ser preteridos em relação aos de curto prazo. Juros

    elevados incentivam uma poupança de curto prazo, imprópria para

    investimentos no mercado de capitais. Este cenário conduz a uma percepção

    equivocada do mercado acionário - visão especulativa - focada em poucos

    papéis e por curtos períodos.

    A taxa elevada e livre de risco que tem vigorado desde meados da

    década de 90 atrai os investidores para os papéis públicos, esvaziando o

    mercado acionário e levantando a questão do real interesse do Governo, no

    curto prazo, em fortalecer este nicho.

    De acordo com Barros (idem), alguns indicadores deverão contribuir

    para que, a médio prazo, o mercado de capitais brasileiro venha a apresentar

    alguma evolução: a inflação baixa oferece transparência em demonstrativos e

    facilita projeções; o processo de redução e a estabilidade das taxas de juros

    estimula, além do crescimento sustentado, a migração das aplicações em

    renda fixa para a variável; o crescimento do setor de previdência complementar

    tende a gerar uma ampliação do mercado de ativos financeiros. Para se ter

    uma idéia da evolução do setor, segundo Savoia (2001, p. 2 e p. 8), os ativos

    dos fundos de pensão no país cresceram cerca de 150% entre 1995 e 2001.

    Ainda segundo o autor, em abril de 2001 havia 359 fundos de pensão no país,

    com patrimônio total de R$ 140 bilhões. Dados atualizados pela Abrapp (2013)

  • 24

    mostram que em março de 2013 havia 369 fundos de pensão no país, com

    patrimônio total de R$ 641 bilhões.

    2.3 A Governança Corporativa no Brasil

    As diversas formas de constituição das companhias abertas no Brasil

    (empresas privadas nacionais, estatais e subsidiárias de multinacionais) geram

    diferentes modelos de governança. A análise de pesquisas sobre governança

    corporativa no Brasil realizadas pelo IBGC (2001) e pela MCKINSEY &

    COMPANY e KORN/FERRY INTERNATIONAL (2001), permite traçar um

    modelo geral de governança corporativa para as empresas brasileiras listadas

    em bolsa, com as seguintes características:

    · estrutura de propriedade com forte concentração das ações com direito a

    voto (ordinárias) em poucos investidores e alto índice de emissão de ações

    sem direito a voto (preferenciais);

    · empresas com controle familiar ou compartilhado por alguns poucos

    investidores alinhados por meio de acordo de acionistas para resolução das

    questões relevantes;

    · reduzida participação de acionistas minoritários na vida da empresa;

    · alta sobreposição entre propriedade e gestão, com os membros do conselho

    representando os interesses dos acionistas controladores;

    · pouca clareza na divisão dos papéis entre conselho e diretoria,

    principalmente nas empresas familiares;

    · escassez de conselheiros profissionais no Conselho de Administração;

    · remuneração dos conselheiros como fator pouco relevante;

    · estrutura informal do Conselho de Administração, com ausência de comitês

    para tratamento de questões específicas, como auditoria ou sucessão.

    A forte concentração das ações com direito a voto é característica

    fundamental das companhias abertas brasileiras, com uma ausência quase

  • 25

    total de empresas com estruturas de propriedade pulverizadas. Segundo

    Monaco (2000, p.133), no Brasil, os acionistas controladores detêm, em média,

    88% das ações com direito a voto emitidas. Já Leal e Valadares (2002, p.9)

    constatam que o maior acionista possui, em média, 58% das ações ordinárias,

    enquanto os três maiores acionistas juntos possuem 78% destas ações. A alta

    concentração da propriedade (posse de ações) e do controle (tomada de

    decisão) das companhias, aliada à pouca eficácia dos dispositivos legais

    destinados à proteção dos acionistas minoritários, faz com que o principal

    conflito de interesses no país se dê entre acionistas controladores e

    minoritários, e não entre acionistas e gestores, como nos países anglo-saxãos

    com estrutura de propriedade pulverizada.

    Outra característica importante das companhias abertas brasileiras é o

    alto índice de emissão de ações sem direito a voto (preferenciais). Segundo

    Leal e Valadares (2002, p.10), 89% das companhias abertas lançam mão

    deste artificio, que compreende, em média, 46% do capital total das

    companhias abertas. Como resultado, os autores argumentam que a emissão

    de ações preferenciais atua como o principal mecanismo de separação entre a

    propriedade e controle nas companhias, permitindo aos acionistas majoritários

    manterem o controle com uma participação menor no capital da empresa e,

    consequentemente, aumentando o incentivo para expropriação da riqueza dos

    pequenos investidores.

    Como decorrência da grande concentração de poder, os membros do

    Conselho de Administração são em sua grande maioria indicados pelo

    acionista controlador. Esta situação reduz a possibilidade de uma postura ativa

    e independente dos conselhos, que é necessária para o cumprimento de suas

    atribuições legais de fixação da orientação geral dos negócios e fiscalização da

    gestão dos executivos em prol de todos os acionistas.

    Nas empresas familiares, em geral, os conselheiros não são

    profissionais, sendo indicados pelo controlador por laços familiares ou

  • 26

    pessoais, prejudicando a qualidade da análise das questões estratégicas da

    companhia. Nas companhias abertas, recém privatizadas ou subsidiárias de

    multinacionais, o conselho em grande parte é composto por executivos

    estrangeiros da matriz, com pouca disponibilidade para tratamento das

    questões da subsidiária nacional. A constatação de Monaco (2000, p.158), de

    que, em média, as estatais possuem 2,25 conselheiros a mais do que as

    empresas de controle privado nacional sugere um papel mais político e de

    representatividade a diversos segmentos nos conselhos das empresas

    estatais. Estas características dos conselheiros prejudicam o desempenho do

    conselho na defesa do interesse de todos os acionistas.

    A remuneração variável dos conselheiros, fator motivador para um

    melhor desempenho do conselho, não é adotada pela grande maioria das

    empresas brasileiras, corroborando a hipótese de um papel mais consultivo e

    figurativo do que profissional por parte do órgão.

    Algumas mudanças ocorridas nos anos noventa, como o aumento da

    competitividade decorrente da maior estabilidade econômica e abertura de

    mercado, além da maior dificuldade de obtenção de financiamento em

    instituições financeiras controladas pela União, têm levado as empresas

    brasileiras a uma necessidade crescente de acesso aos mercados de capitais

    nacionais e internacionais.

    Visando tornarem-se mais atraentes para o mercado e modernizar seu

    modelo de gestão, vem surgindo nas empresas brasileiras o papel dos

    conselheiros profissionais e independentes. Além disso, o modelo de empresa

    baseado em oligopólios, com controle e gestão exclusivamente familiar, alta

    concentração de capital, Conselhos de Administração inoperantes e acionistas

    minoritários sem voz ativa, vem dando lugar a investidores institucionais mais

    ativos, maior dispersão do controle acionário e maior foco na eficiência

    econômica e transparência da gestão, caracterizando um momento de

    transição do modelo empresarial brasileiro.

  • 27

    As primeiras experiências de controle compartilhado no Brasil,

    formalizado através de acordo de acionistas, tiveram início com as

    privatizações, num sistema em que os investidores integrantes do bloco de

    controle dividiam o comando da empresa por meio de regras estabelecidas

    contratualmente.

    Essas mudanças na estrutura societária das empresas também vem

    ocorrendo no mercado financeiro, com o aumento da participação do investidor

    estrangeiro no mercado de capitais, reforçando a necessidade de adaptação

    das empresas brasileiras às exigências e padrões internacionais.

    Em resumo, esta necessidade de obtenção de recursos ao menor custo

    possível tem motivado as empresas a adotarem novas práticas de governança

    corporativa, pressionando o atual modelo de governança brasileiro,

    principalmente nos aspectos de maior consideração dos interesses dos

    acionistas minoritários, maior transparência das informações ao mercado e

    profissionalização do Conselho de Administração.

    A seguir serão abordadas as Melhores Práticas de Governança

    Corporativa, abrangendo sua origem e descrevendo as principais iniciativas

    institucionais e governamentais que vêm contribuindo para a melhoria das

    práticas de governança pelas empresas brasileiras.

  • 28

    CAPÍTULO III

    MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA

    CORPORATIVA

    Dos debates ocorridos no mundo sobre Governança Corporativa surgiu

    a necessidade de alinhar os desejos dos investidores com a postura das

    empresas. Assim, nasceram os Códigos das Melhores Práticas de Governança

    Corporativa, dentre os quais destacam-se os desenvolvidos pelos Comitês

    Cadbury, Greenbury e Hampel. O foco desses códigos está no Conselho de

    Administração e todos eles trazem em seu bojo as atitudes e comportamentos

    que as empresas devem, voluntariamente, apresentar como forma de

    estreitarem as relações de confiança entre as partes. A adoção desses códigos

    é vista pelos investidores internacionais como um início de comprometimento

    do meio empresarial.

    No Brasil, algumas iniciativas institucionais e governamentais também

    vêm contribuindo para a melhoria das práticas de governança pelas empresas

    brasileiras, entre as quais:

    a criação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em

    1995;

    a aprovação da lei n o 10.303 de 31 de outubro de 2001, conhecida como a

    Nova Lei das SAs;

    a criação dos Níveis 1 e 2 de governança corporativa e do Novo Mercado

    pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa);

    Esse conjunto de medidas pode contribuir decisivamente para o

    fortalecimento do mercado de capitais brasileiro, criando um círculo virtuoso

    no qual a crescente proteção aos investidores os deixe mais seguros de que

    irão usufruir do retorno das companhias na mesma proporção dos

    controladores, aumentando sua disposição para investir em ações e

  • 29

    consequentemente diminuindo o custo de capital das empresas, permitindo

    então que as companhias utilizem cada vez mais o mercado de capitais como

    uma real alternativa de capitalização. A seguir cada uma dessas iniciativas

    será abordada mais detalhadamente.

    3.1 IBGC

    O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), criado em

    1995 por um grupo de empresários, tem o objetivo de melhorar a governança

    corporativa no Brasil, sendo a única organização da América Latina totalmente

    focada na discussão do tema. A primeira denominação adotada foi Instituto

    Brasileiro de Conselheiros de Administração – IBCA, com foco no Conselho de

    Administração. No início de 1999, com a ampliação de suas preocupações, a

    entidade passou a denominar-se Instituto Brasileiro de Governança

    Corporativa, sociedade civil de âmbito nacional, sem fins lucrativos. Em 1999 o

    IBGC lançou o primeiro "Código das Melhores Práticas de Governança

    Corporativa" do país, abordando temas como o relacionamento entre

    controladores e minoritários e diretrizes para o funcionamento do Conselho de

    Administração.

    Este código foi revisado em 2001, sendo dividido em seis temas:

    propriedade, Conselho de Administração, função do Presidente, Auditoria,

    Conselho Fiscal e ética/conflito de interesses. A questão da propriedade era

    discutida primordialmente com foco no desequilíbrio de poder entre os

    acionistas. Para amenizá-lo, o código recomendava que as empresas tivessem

    apenas ações com direito a voto. Àquelas que já possuissem grande parte do

    capital composto por ações preferenciais, a recomendação seria atribuir-lhes

    esse direito. Nas situações de transferência do controle, o IBGC sugeria que a

    empresa estabelecesse em estatuto a obrigatoriedade de que o comprador

    oferecesse a todos os acionistas o direito de vender ações pelo mesmo preço

  • 30

    a ser pago ao controlador, direito este conhecido como tag along. Se a

    intenção fosse fechar o capital, o código previa que as ofertas públicas para

    retirada das ações do mercado fossem feitas pelo valor econômico, a partir de

    estudo elaborado por empresa independente. O código também definia regras

    para o acordo de acionistas, com o objetivo de igualar os níveis de informação.

    Segundo o IBGC, o acordo de acionistas deveria estar disponível para

    conhecimento de todos os acionistas.

    O código do IBGC também fazia diversas recomendações sobre a

    transparência das informações ao mercado, recomendando que a

    remuneração de cada um dos conselheiros e diretores estivesse expressa no

    relatório anual e que toda informação que pudesse influenciar decisões de

    investimento fosse divulgada simultaneamente para todos os acionistas. O

    Instituto sugeria ainda que as demonstrações financeiras fossem apresentadas

    sob as normas internacionais. Com relação ao Conselho Fiscal, o IBGC

    tratava-o como uma criação brasileira para preencher uma lacuna nas

    atividades do conselho de administração, afirmando que o Conselho Fiscal não

    precisaria existir, caso o Conselho de Administração desempenhasse bem as

    suas funções. Com relação aos serviços de auditoria, o IBGC chamava

    atenção para a possível perda de independência quando uma mesma

    companhia oferecia serviços simultâneos de auditoria e consultoria.

    Em sua terceira versão, datada de março de 2004, o Código chamou

    atenção por centrar nas questões “pós-Enron” e por incluir o princípio de

    responsabilidade corporativa, na intenção de atentar para a continuidade das

    organizações e contribuir com valores de estratégia empresarial.

    Com as mudanças provocadas pela evolução do ambiente institucional

    brasileiro – renascimento do mercado de capitais, surgimento de empresas

    com capital disperso, processo de fusões e aquisições de grandes companhias

    – acentuando algumas fragilidades das organizações e de seus sistemas de

    governança, o instituto viu a necessidade de nova revisão do Código,

  • 31

    chegando então em sua quarta versão em setembro de 2009. Nessa atual

    versão foram adicionadas algumas questões que ganharam relevância nos

    últimos anos, como voto por procuração e poison pills, temas mais complexos,

    como eficácia dos conselhos de administração e acesso às assembleias, além

    da revisão e/ou retirada de alguns conceitos dos três primeiros códigos.

    3.2 A Nova Lei das SAs

    A Nova Lei das SAs, promulgada no final de 2001 e com vigência a

    partir de março de 2002, visa, por meio do estabelecimento de novas regras de

    funcionamento para as Sociedades Anônimas, promover maior proteção aos

    acionistas ordinaristas minoritários e preferencialistas. Entre as principais

    alterações, estão:

    a obrigatoriedade de oferta pública de aquisição de ações pelo valor

    econômico aos ordinaristas minoritários, em caso de: cancelamento do

    registro de companhia aberta, elevação da participação acionária à

    porcentagem que impeça a liquidez de mercado das ações remanescentes,

    ou em caso de fusão ou aquisição;

    a obrigatoriedade do adquirente do controle de companhia aberta realizar

    oferta pública de aquisição das ações ordinárias dos demais acionistas da

    companhia, em caso de alienação direta ou indireta de controle, sendo

    assegurado a estes acionistas minoritários preço equivalente a no mínimo

    80% do valor pago pelo adquirente pelas ações representativas do bloco de

    controle;

    o direito dos preferencialistas elegerem um membro para o Conselho de

    Administração, desde que representem, no mínimo, 10% (dez por cento) do

    capital social da companhia;

    o direito dos acionistas minoritários elegerem um membro para o Conselho

    de Administração, desde que representem, no mínimo, 15% (quinze por

    cento) do total das ações com direito a voto;

  • 32

    a possibilidade de participação no Conselho de Administração de

    representantes dos empregados, facultada a decisão à empresa;

    A limitação da emissão de ações preferenciais a 50% do total de ações

    emitidas, em vez dos 66% anteriores, para as sociedades anônimas

    instituídas após a publicação da lei;

    O fortalecimento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), concedendo

    ao órgão maior independência funcional e financeira;

    a possibilidade do estatuto social prever a arbitragem como mecanismo de

    solução das divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os

    acionistas controladores e os acionistas minoritários, propiciando uma forma

    mais rápida para resolução de conflitos.

    3.3 O Novo Mercado

    O desenvolvimento do mercado de capitais está na raiz da expansão de

    economias saudáveis. Um mercado de capitais forte significa mais crescimento

    econômico pois é nele que as empresas encontram uma alternativa viável para

    financiar sua expansão.

    Nos últimos anos, menos de 10% dos investimentos feitos por

    companhias de capital aberto no Brasil foram tomados no mercado acionário.

    O restante veio de empréstimos bancários ou foi suportado com capital próprio,

    gerado pelos lucros obtidos com a atividade empresarial. O fortalecimento do

    mercado de capitais tem relação direta com a retomada do ciclo de

    crescimento no país, com aumento do investimento e criação de empregos

    diretos e indiretos.

    Existem hoje, no Brasil, 455 companhias listadas na BM&FBovespa, das

    quais 183 já aderiram a algum dos 3 níveis diferenciados de governança

    corporativa. Em agosto de 2013 o volume total negociado pelas 455 empresas

  • 33

    foi de R$ 187,09 bilhões, correspondendo a uma média diária de R$ 8,5

    bilhões. Os investidores institucionais responderam por 34% do volume total

    negociado enquanto os investidores individuais/pessoas físicas foram

    responsáveis por 14,1% e os investidores estrangeiros por 41,9%. As 183

    empresas que já aderiram a algum dos níveis de governança tiveram 77,5% de

    participação no volume total negociado, divididos da seguinte forma: 33,5%

    referentes às empresas do Nível 1, 2,66% referentes às empresas do Nível 2 e

    41,33% referentes às empresas do Novo Mercado. A título de comparação, em

    novembro de 2003 apenas 34 empresas haviam aderido a algum dos níveis de

    governança, respondendo por 24,2% de participação no volume total

    negociado.(Fonte: Bovespa)

    O mercado acionário brasileiro poderia representar um papel de maior

    relevância em termos de financiamento da produção e incentivo a novos

    investimentos. A falta de transparência na gestão e a ausência de instrumentos

    adequados de supervisão das companhias são apontadas como causas de um

    ambiente que facilita a multiplicação de riscos.

    O Novo Mercado foi instituído pela Bovespa com o objetivo de fortalecer

    o mercado de capitais nacional e atender aos anseios dos investidores por

    maior transparência de informações com relação aos atos praticados pelos

    controladores e administradores da companhia.

    Inspirado em parte no Neuer Markt Alemão, criado em 1997, o Novo

    Mercado é um segmento da Bovespa, com regras de listagem diferenciadas,

    destinado à negociação de ações emitidas por empresas que se

    comprometem, voluntariamente, com a adoção de práticas de governança

    corporativa e transparência adicionais e de vanguarda em relação ao que é

    exigido pela legislação.

    Tratam-se de fatores determinantes para avaliação do grau de proteção

    do investidor e que por isso influenciam sua percepção de risco e o custo de

  • 34

    capital das empresas. O Novo Mercado pretende conferir maior credibilidade

    aos investimentos realizados em Bolsa, pois reúne ações de companhias que,

    em princípio, oferecem um nível de risco inferior ao das demais no que se

    refere a seu relacionamento com os acionistas, em especial, os minoritários.

    Ao lado das listadas no Novo Mercado, as companhias podem ser

    distinguidas como de Nível 1 ou Nível 2 , dependendo do grau de compromisso

    assumido em relação às práticas de boa governança. São os chamados

    "Níveis Diferenciados de Governança Corporativa" da Bovespa, criados com a

    finalidade de incentivar e preparar gradativamente as companhias para

    aderirem ao Novo Mercado, e que proporcionam maior destaque aos esforços

    da empresa na melhoria da relação com investidores, elevando o potencial de

    valorização dos seus ativos.

    As Companhias Nível 1 se comprometem com melhorias na prestação

    de informações ao mercado e com a dispersão acionária. As principais práticas

    exigidas para inserção no Nível 1 são:

    manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações (free float),

    representando 25% do capital;

    realização de ofertas públicas de colocação de ações por meio de

    mecanismos que favoreçam a dispersão do capital;

    mandato unificado de, no máximo, 2 (dois) anos para todo o Conselho de

    Administração, permitida a reeleição;

    melhoria nas informações prestadas trimestralmente, entre as quais a

    exigência de consolidação e de revisão especial;

    cumprimento de regras de transparência em operações envolvendo ativos

    de emissão da companhia por parte de acionistas controladores ou

    administradores da empresa;

    divulgação de acordos de acionistas e programas de opções de ações

    (stock options);

    disponibilização de um calendário anual de eventos corporativos.

    http://www.bovespa.com.br/fra_cias_niveisdif.htm

  • 35

    Até setembro de 2013, 32 empresas aderiram ao Nível 1, dentre as

    quais pode-se citar: Vale S.A., Banco Bradesco S.A. e Gerdau S.A.

    As Companhias Nível 2 se comprometem, além da aceitação das

    obrigações contidas no Nível 1, a adotar um conjunto mais amplo de práticas

    de governança e de direitos adicionais para os acionistas minoritários, entre os

    quais:

    disponibilização de balanço anual seguindo as normas do US GAAP ou

    IASB – International Accounting Standards Board;

    no caso de venda de controle da empresa, é assegurado aos detentores de

    ações ordinárias e preferenciais o mesmo tratamento concedido ao acionista

    controlador, prevendo, portanto, o direito de tag along de 100% do preço

    pago pelas ações ordinárias do acionista controlador;

    direito de voto às ações preferenciais em algumas matérias, como

    transformação, incorporação, cisão e fusão da companhia e aprovação de

    contratos entre a companhia e empresas do mesmo grupo e avaliação de

    bens destinados à integralização de aumento de capital da companhia;

    obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as ações

    em circulação, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital

    ou cancelamento do registro de negociação neste Nível;

    adesão à Câmara de Arbitragem para resolução de conflitos societários.

    Até setembro de 2013, 21 empresas aderiram ao Nível 2, dentre elas:

    Celesc, Marcopolo S.A. e Net Serviços de Comunicação S.A.

    O Novo Mercado exige que as empresas, além de se comprometerem

    com a adoção de todas as exigências do Nível 2, emitam apenas ações

    ordinárias, tendo todos os acionistas o direito ao voto. Companhias abertas

    com ações preferenciais também podem entrar no Novo Mercado, desde que

    transformem todas as ações em ordinárias.

  • 36

    Em 1º de fevereiro de 2002, a CCR – Companhia de Concessões

    Rodoviárias tornou-se a primeira empresa a abrir seu capital no Novo Mercado

    da Bovespa, seguida pela SABESP. Em setembro de 2013 haviam 130

    empresas listadas neste nível.

    3.3.1 Índices de Ações do Mercado Brasileiro

    Os índices da BM&FBOVESPA são indicadores de desempenho de um

    conjunto de ações, ou seja, mostram a valorização de um determinado grupo

    de papéis ao longo do tempo.

    Os preços das ações podem variar por fatores relacionados à empresa

    ou por fatores externos, como o crescimento do país, do nível de emprego e da

    taxa de juros.

    Assim, as ações de um índice podem apresentar um comportamento

    diferente no mesmo período, podendo ocorrer valorização ou ao contrário,

    desvalorização.

    Em sua página na Internet a BM&FBOVESPA apresenta a classificação

    dos índices de ações disponíveis no mercado brasileiro, dividindo-os em:

    - Índices Amplos: composto por Índice Ibovespa – Ibovespa, Índice Brasil

    50 – IbrX-50, Índice Brasil – IbrX e Índice Brasil Amplo – IbrA;

    - Índices Setoriais: composto por Índice de Energia Elétrica – IEE, Índice do

    Setor Industrial – INDX, Índice de Consumo – ICON, Índice Imobiliário –

    IMOB, Índice Financeiro – IFNC, Índice de Materiais Básicos – IMAT e

    Índice de Utilidade Pública – UTIL;

    - Índices de Sustentabilidade: composto por Índice de Sustentabilidade

    Empresarial – ISE e Índice de Carbono Eficiente – ICO2;

  • 37

    - Índices de Segmento: composto por Índice Mid-Large Cap – MLCX, Índice

    Small Cap – SMLL, Índice Valor BM&FBOVESPA – IVBX-2 e Índice de

    Dividendos – IDIV;

    - Índices de Governança: composto por Índice de Ações com Governança

    Corporativa Diferenciada – IGC, Índice de Governança Corporativa Trade –

    IGCT, Índice de Governança Corporativa – Novo Mercado – IGC-NM e

    Índice de Ações com Tag Along Diferenciado – ITAG; e

    - Outros Índices: composto por Índice de BDRs Não Patrocinados –

    GLOBAL – BDRX e Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários

    BM&FBOVESPA – IFIX.

    Dentre os índices apresentados, o Índice Bovespa é considerado o mais

    importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de

    ações brasileiro, pois retrata o comportamento dos principais papéis

    negociados na BM&FBOVESPA, tendo em vista que as empresas emissoras

    das ações que integram a carteira teórica do Índice Bovespa são responsáveis,

    em média, por cerca de 70% do somatório da capitalização bursátil de todas as

    empresas com ações negociáveis na BM&FBOVESPA.

    No que diz respeito aos Índices de Governança, o principal deles é o

    IGC – índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada, que tem por

    objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de

    empresas que apresentem bons níveis de governança corporativa. Tais

    empresas devem ser negociadas no Novo Mercado ou estar classificadas nos

    Níveis 1 ou 2 da BM&FBOVESPA.

    A seguir é apresentada uma tabela comparativa entre esses dois índices

    – Ibovespa e IGC – começando em 2001, ano de criação do IGC, e encerrando

    em setembro de 2013. Pode-se depreender da tabela que apenas nos anos de

    2003, 2007 e 2008 o IGC apresentou desempenho abaixo do Índice Bovespa,

    principal índice acionário brasileiro.

  • 38

    Desempenho IGC x Ibovespa

    IGC IBOVESPA

    Ano Índice de Fechamento Nominal

    Variação Anual Nominal

    Índice de Fechamento Nominal

    Variação Anual

    Nominal 2001 1.010,98 1,09 13.577,50 -11,02 2002 1.026,90 1,57 11.268,40 -17,00 2003 1.845,41 79,70 22.236,30 97,33 2004 2.545,00 37,90 26.196,25 17,81 2005 3.658,81 43,76 33.455,94 27,71 2006 5.169,65 41,29 44.473,71 32,93 2007 6.800,59 31,54 63.886,10 43,65 2008 3.697,05 -45,63 37.550,31 -41,22 2009 6.779,55 83,37 68.588,41 82,66 2010 7.629,88 12,54 69.304,81 1,04 2011 6.679,89 -12,45 56.754,08 -18,11 2012 7.950,45 19,02 60.952,08 7,40

    2013(*) 7.754,59 -2,46 52.338,19 -14,13 FONTE: BM&FBOVESPA (*) até setembro

    Graficamente, a visualização torna mais fácil a percepção da

    diferença de desempenho entre os dois índices. A linha verde corresponde ao

    desempenho do IGC, enquanto a linha branca se refere ao desempenho do

    Ibovespa.

  • 39

    Desempenho IGC x Ibovespa

    Fonte: Bloomberg (período: 01/09/2003 a 29/08/2013)

  • 40

    CAPÍTULO IV

    CONCLUSÃO

    O Brasil vem envidando esforços no sentido de fortalecer o mercado de

    capitais doméstico, contribuindo para reter a poupança interna e atrair a

    externa, como um complemento à alavancagem necessária para o

    desenvolvimento sustentável da economia.

    O mercado globalizado impõe às empresas a necessidade de

    adequarem suas estratégias de captação de recursos às exigências de

    investidores cada vez mais eficientes em suas decisões. Esse processo de

    reavaliação empresarial passa pela revisão da postura das empresas diante

    dos investidores minoritários, que eram tidos como passivos e alheios à gestão

    dos negócios. A adoção de boas práticas de governança corporativa

    materializa essa nova postura.

    O crescimento dos níveis de adoção de boas práticas de governança

    corporativa demanda tempo e será função da percepção de valorização das

    empresas com conseqüente redução dos custos de captação. Os parâmetros

    que definem as boas práticas de governança corporativa vêm sofrendo

    reformulações e tenderão a refletir, a longo prazo, a evolução da estrutura de

    controle societário das empresas e suas necessidades de captação de

    recursos.

    Embora a adoção de boas práticas de governança corporativa não se

    constitua em exigência legal, a adoção de um arcabouço regulatório mínimo

    poderá vir a surgir como resposta ao processo de equilíbrio de forças entre

    controladores e minoritários.

  • 41

    Conforme mencionado anteriormente, é possível afirmar que o advento

    da globalização implicou em grandes transformações nos padrões de

    comportamento empresarial, em especial no que se refere às relações entre os

    detentores do controle societário das empresas e os acionistas minoritários. O

    esforço das empresas no sentido de melhorar seus padrões de transparência

    na prestação de contas e nos processos de tomada de decisão reflete parte

    destas transformações. Além disso, esse esforço parece revelar a

    compreensão das empresas de que a continuidade operacional e a busca por

    rentabilidade estão ligadas a sua capacidade de criar um ambiente de

    cooperação que envolva administradores, acionistas e sociedade no mesmo

    propósito.

    O que se convencionou chamar de boas práticas de governança

    corporativa tem a ver com esse esforço e pode ser considerado um marco

    relevante do processo de transformação da estrutura de relacionamentos que

    acompanha o ciclo de vida das empresas, com impactos importantes sobre

    suas perspectivas de crescimento.

    O resultado desses esforços deverá se fazer notar, de maneira mais

    visível, ao longo dos próximos anos, refletindo não somente o movimento de

    empresas e investidores, como também o grau de coordenação desses

    movimentos com os da economia como um todo.

  • 42

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    ABRAPP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES FECHADAS DE

    PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. Consolidado Estatístico. Março, 2013.

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    o Mercado de Capitais Brasileiro. São Paulo: Bovespa, 2002. 52 p.

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    ______. Novo Mercado. 2001b. 10 p.

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    Fevereiro 2002. 8 p.

    ______. Regulamento dos níveis 1 e 2 de Governança Corporativa. Disponível

    em . Acesso em: 03 out. 2013

    BRASIL, Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as

    Sociedades por Ações. Disponível em < http://www.cvm.gov.br>.

    ______. Congresso Nacional. Lei n. 10.303, de 31 de outubro de 2001. Altera e

    acrescenta dispositivos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que

    dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei nº 6.385, de 7 de dezembro

    de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão

    de Valores Mobiliários. Disponível em .

    http://www.cvm.gov.br>/http://www.cvm.gov.br>/

  • 43

    CVM – COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Recomendações da CVM

    sobre governança corporativa. Junho, 2002. Disponível em:

    .

    IBGC. Pesquisa sobre governança corporativa. Novembro, 2001. Disponível

    em . Acesso em: 18 jul. 2002

    ____. Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Disponível

    em . Acesso em: 02 set. 2013

    LEAL, Ricardo, VALADARES, Sílvia, Ownership and control structure of

    Brazilian companies. Unpublished Working Paper. Disponível em

    . Acesso em: 18 jul.

    2002

    LETHBRIDGE, Eric. Revista BNDES, n. 8, dez. 1997. Disponível em:

    http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev809.pdf.

    LODI, João Bosco. Governança Corporativa. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

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    Administração e Instrumentos de Controle das Sociedades por Ações no

    Brasil", São Paulo, 2000.177p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de

    Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

    NÓBREGA, Maílson da et al. O Mercado de Capitais: Sua Importância para o

    Desenvolvimento e os Entraves com que se Defronta o Brasil. São Paulo:

    Bovespa, 2000. 46 p.

    http://www.cvm.gov.br>/http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev809.pdf

  • 44

    SAVOIA, José Roberto. O processo de reformas da previdência no Brasil: uma

    visão dos fundos de pensão. Boletim de Previdência Complementar, v.1, n.10,

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    SHLEIFER, Andrei; VISHNY, Robert. A survey of corporate governance.

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    SILVEIRA, Alexandre Di Miceli da. Governança Corporativa, Desempenho e

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    Universidade de São Paulo.

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    diferenças de conceitos e de práticas entre países e companhias na

    governança corporativa. (colaboração de Edison Ryu Ishikura) – in Revista

    Mercado de Capitais – Outubro, Novembro e Dezembro de 2002 – Páginas 30

    a 32.

  • 45

    ÍNDICE

    FOLHA DE ROSTO 2

    AGRADECIMENTOS 3

    RESUMO 4

    METODOLOGIA 5

    DEFINIÇÃO DE TERMOS 6

    SUMÁRIO 7

    INTRODUÇÃO 8

    CAPÍTULO I – GOVERNANÇA CORPORATIVA 11

    1.1 – Conceito 11

    1.2 – Governança Corporativa no mundo 12

    1.3 – Algumas considerações 16

    CAPÍTULO II – MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO 20

    2.1 – Histórico 20

    2.2 – Oportunidades contemporâneas 22

    2.3 – A Governança Corporativa no Brasil 24

    CAPÍTULO III – MELHORES PRÁTICAS DE GC 28

    3.1 – IBGC 29

    3.2 – A Nova Lei das SAs 31

    3.3 – O Novo Mercado 32

    3.3.1 – Índices de ações do mercado brasileiro 36

    CONCLUSÃO 40

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

    ÍNDICE 45

    AGRADECIMENTOSCAPÍTULO I- Governança Corporativa 11CAPÍTULO II - Mercado de Capitais brasileiro20CAPÍTULO III – Melhores práticas de Governança Corporativa28

    CONCLUSÃO40REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42ÍNDICE45FOLHA DE AVALIAÇÃOxxQuando analisa o modelo anglo-saxão, Lethbridge (idem, p. 3) revela queCom relação ao modelo nipo-germânico, Lethbridge (idem) afirma queMERCADO DE CAPITAIS BRASILEIROCAPÍTULO IIIMELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA3.1 IBGC3.2 A Nova Lei das SAs3.3 O Novo Mercado3.3.1 Índices de Ações do Mercado Brasileiro

    IBOVESPACAPÍTULO IVCONCLUSÃOREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    FOLHA DE ROSTO2AGRADECIMENTOS3