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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Autismo e a inclusão na educação infantil
Por: MARIA DE FÁTIMA LAZONE
Orientadora
Prof.ª MARY SUE
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Autismo e a inclusão na educação infantil
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Especial e
Inclusiva.
Por: MARIA DE FÁTIMA LAZONE.
3
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar ao nosso Deus pela
fé e perseverança para vencer os
obstáculos. Toda honra e a glória para
o Senhor Jesus.
4
DEDICATÓRIA
Dedico a Deus pelo dom da vida, a minha
mãe e também a minha amiga Dai, pelo
prazer da nossa caminhada.
5
RESUMO
No presente trabalho, foi realizada uma revisão bibliográfica, o qual se
buscou entender um pouco mais a respeito das limitações da criança autista,foi
apresentada as principais abordagens proeminentes, algumas perturbações
orgânicas e sociais autística e de que forma se sucede o processo de
aprendizagem além de como ocorre à seqüência do desenvolvimento motor. O
autismo continua sendo um dos transtornos mais desafiadores para a área da
educação e da saúde. Ainda considerada a forma mais severa da categoria
dos Transtornos Invasivos de Desenvolvimento, acreditamos que com a
intervenção precoce é possível melhorar a qualidade de vida de seus
portadores. A formação de educadores precisa ser vista como um processo de
modificação cognitiva estrutural que precisa ocorrer no interior do educador,
através da experiência de aprendizagem que deve ser vivenciada e
experimentada em sua sala de aula, em meio aos seus estudos, pensando na
criança, estimulando a aprendizagem por meio de exposições diretas a
estímulos diversos, tanto visuais, auditivos e táteis, os estímulos não tem
existência vã ou ocasional eles existem para serem filtrados, construídos para
intervirem a favor do aluno, contribuindo para fixarem aprendizagens ou
mesmo para serem suprimidos conforme as necessidades, sofrendo constante
relação com o tempo, o espaço e a qualidade dos demais estímulos
anteriormente trabalhados ou que virão a seguir, estando impregnados e de
toda significação. Cremos que, para promover a educação à pessoa com
autismo, é preciso, antes de qualquer coisa, promover transformação na vida
pessoal e profissional do educador como forma de inovar o processo educativo
junto ao aluno com autismo. Para tanto, partimos de três categorias com o fim
de enriquecer o processo pelo qual se dá o conhecimento científico da prática
docente. São elas: a reflexão na ação do educador, a conscientização do que
seja a profissão docente e a inovação como resultada das práticas
investigativas.
6
METODOLOGIA
Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros,
jornais, revistas, questionários... E a resposta, após coleta de dados, pesquisa
bibliográfica, pesquisa de campo, observação do objeto de estudo, as
entrevistas, os questionários, etc. Contar passo a passo o processo de
produção da monografia. É importante incluir os créditos às instituições que
cederam o material ou que foi o objeto de observação e estudo.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Conhecendo TEA 10
CAPÍTULO II - Crianças autistas 2 a 5 anos 25
CAPÍTULO III
A criança autista numa classe regular de educação infantil 38
CONCLUSÃO 52
BIBLIOGRAFIA 54
ÍNDICE 58
8
INTRODUÇÃO
Visto ser um tema atual e que gera muitos desafios e dúvidas aos
educadores de como aplicar a prática pedagógica com o autista no campo
educacional. Desta forma o presente trabalho deve também refletir e
apresentar as características e dificuldades de uma criança com autismo.
O termo autismo caracteriza uma síndrome comportamental que se
manifesta desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida descrita
inicialmente em 1943 por Leo Kanner. Nas décadas posteriormente o autismo
se mostrou como uma entidade diagnóstica e passou a ser estudado um pouco
mais por pesquisadores.
No presente momento é visto como uma desordem neurobiológica
caracterizado por uma tríade de prejuízos nas áreas de interação social,
comunicação e padrões repetitivos de comportamentos e interesses (Wing
1979). Tais comprometimentos podem variar quanto ao grau de acometimento,
caracterizando um espectro de severidade (espectro autístico).
O diagnóstico de autismo é oficializado através dos critérios propostos
pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doença – WHO, 1998) e pelo
DSM-IV-R(Diagnostica and Statistical Manual of Mental Disorders- Revised –
APA 2002).
No entanto, tais critérios por serem muito amplos selecionam uma
amostra de pessoas muito heterogêneas, sendo acrescentado no diagnóstico
de autismo desde pessoas que não falam até pessoas com nível superior.
Diante de uma doença de alta prevalência e de alto custo (financeiro e
emocional) se torna visceral a melhor compreensão do quadro clínico, dos
diferentes fatores biológicos e ambientais envolvidos e de qual é a melhor
maneira de tratar. Os dados de pesquisa na área de autismo da última década
apontam para inúmeras descobertas em direção a causa biológica do autismo
(ou as causas). Porém, até a presente data não existe um tratamento médico
9
ou farmacológico que tenha demonstrado eficácia no sentido de melhorar os
sintomas primordiais (prejuízos nas áreas de interação social e comunicação).
Em contrapartida, as medidas educacionais e diferentes técnicas de
terapia vêm demonstrando resultados positivos na literatura.
E assim surge a pergunta: o que fazer para viabilizar a inclusão de
uma pessoa portadora de autismo na escola regular?
Neste contexto, torna-se fundamental a elaboração de diretrizes
teóricas e práticas dirigidas especificamente aos professores.
O objetivo do presente trabalho é apresentar dados indispensáveis
para que o professor compreenda melhor o que é autismo e com isto consiga
criar no dia-a-dia melhores estratégias de inclusão do portador de autismo na
escola regular.
10
CAPÍTULO I
Autismo e a inclusão na educação infantil
CONHECENDO TEA
O termo autismo surgiu pela primeira vez oficialmente na Classificação
Internacional de Doenças no CID-9 (1975) e esse conceito foram revisados por
KRAMER (1979) na qual o autismo foi concebido como um transtorno do
desenvolvimento com os sinais e sintomas clínicos semelhantes aos descritos
atualmente. O transtorno autístico é hoje chamado ocasionalmente de: autismo
infantil precoce, autismo da infância ou autismo de Kanner (DSM-IV-TR, 2003,
LAMPREIA, 2003, GADIA et. al. 2004 e SHULTZ, 2005).
Autismo é um conjunto de distúrbios de socialização com início
precoce e curso crônico, grau variado de severidade, com alterações em áreas
múltiplas de desenvolvimento infantil e da adolescência como: as graves
alterações sociais, as severas dificuldades na fala ou da comunicação e os
críticos embotamentos de suas expressões afetivas. Os pacientes autistas são
alheios aos estímulos ambientais, têm imaginações pobres, dificuldades de
abstração e de aprendizagem. Apresentam comportamentos repetitivos e
acentuadas resistências às mudanças. A etiologia é desconhecida, o
diagnóstico é impreciso, o prognóstico é severo e a evolução desse transtorno
é desfavorável e os tratamentos são ineficazes, por isso, ele requer análise
exploratória em muitos níveis diferentes do desenvolvimento da criança e do
adolescente, como do comportamento à cognição, da neuropsiquiatria à
genética, da fonoaudióloga à psicopedagoga, da psicologia à terapia
ocupacional e nas estreitas interações interpessoais ao longo do tempo
(SHULTZ, 2005 e KLIN et. al. 2006).
A concepção de autismo tem sofrido uma série de mudanças ao longo
do tempo. Sua denominação, sua definição e seu diagnóstico têm variado a
partir da busca de uma maior elaboração conceitual, fruto das diversas
pesquisas na área. Contudo, tem sido questionado em que medida essas
pesquisas conseguem traçar um perfil mais fidedigno do seu conceito, quadro
11
clínico e etiologia (DSM-IV, 1996, LAMPREIA, 2003 e DSM-IV-TR, 2003 e
SHULTZ, 2005).
O DSM-IV-TR (2003) qualifica o transtorno autista dentro dos
Transtornos Globais do Desenvolvimento, portanto, essencialmente, o autismo
é um transtorno do desenvolvimento da pessoa, ou seja, é um transtorno
constitucional. As manifestações do transtorno variam imensamente,
dependendo do nível do desenvolvimento e idade cronológica do indivíduo.
Não existe, em geral, um período de desenvolvimento inequivocamente
normal, embora em 20% dos casos os pais descrevem um desenvolvimento
“relativamente normal” entorno de 1 ou 2 anos de idade. Citamos como
exemplo o desenvolvimento da fala na qual aproximadamente 34% das
crianças autistas inicia a pronunciar as primeiras palavras aparentemente sem
anormalidade, mas param de falar, repentinamente, entre o vigésimo quarto e
trigésimo mês de vida (DSM-IV, 1996). Esse transtorno pode ser descrito
desde idades bem precoces, é quando, alguns pais relatam suas
preocupações com a criança desde o nascimento, em vista da falta de
interesse da mesma pela interação social, assim como a dificuldade de sucção
dos mamilos, ela não sorri para os pais, o paciente não olham nos olhos dos
genitores e preferem engatinhar ou estar só no chão do que ficar no colo dos
mesmos. PIONTELLI (1995) psiquiatria italiana, através da observação direta
com ultra-som, relata ter verificado movimentos estereotipados de um feto de 7
meses de gestação, ou seja, o feto do sexo feminino girava o cordão umbilical
constantemente, por vezes, tocava a vagina com freqüência, e em outras
ocasiões comprimia o dorso da mão contra os lábios repetidamente, ou então,
ficava sem movimentos por um longo período de tempo no útero.
Segundo as descrições do DSM-IV (1996) o autismo é classificado
dentro dos Transtornos Globais do Desenvolvimento que abrange um espectro
muito heterogêneo, pois, seu diagnóstico se apóia em descrições
fenomenológicas em vez de critérios etiológicos, ou seja, déficits na
sociabilidade, na empatia, na capacidade de compreensão e percepção dos
sentimentos dos outros; déficit na linguagem comunicativa e imaginação;
12
déficit no comportamento adaptativo e na flexibilidade cognitiva. Essas
descrições fenomenológicas definem o chamado autismo clássico que o
diferencia de outros transtornos Globais do desenvolvimento. Há certa
confusão, na literatura, em relação à terminologia – autismo e Transtorno
Globais do Desenvolvimento. O termo autismo diz respeito ao autismo
clássico, um dos transtornos mais graves do espectro do Transtorno Globais
do Desenvolvimento. Deve-se enfatizar que o termo Transtorno Global do
Desenvolvimento se aplica em todo o espectro do autismo não significa
autismo leve ou nem mesmo descarta o sintoma autista (VALENTE 2004).
O CID-10 (1993) classifica o autismo nos Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento. Julgamos importante resumir a classificação e definição
desse transtorno do CID-10 (1993), para mostrar a complexidade diagnóstica e
a dificuldade de fazer o diagnóstico diferencial do mesmo: grupo de transtornos
caracterizado por anormalidades qualitativas em interações sociais recíprocas,
em padrões de comunicação, por um repertório de interesses e atividades
restritas, estereotipadas e repetitivas. Essas anormalidades qualitativas são
aspectos invasivos do funcionamento do indivíduo em todas as situações, e
podem variar em grau. Na maioria dos casos, o desenvolvimento é anormal
desde a infância e, com apenas poucas exceções, as condições se
manifestam nos primeiros 5 anos de vida. É comum, mas não invariável, haver
algum grau de comprometimento cognitivo, mas os transtornos são definidos
em termos de comportamento que é desviado em relação à idade mental (seja
o individuo retardado ou não). Há algum desacordo quanto à subdivisão desse
grupo de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento. Em alguns casos, os
transtornos estão associados, e é presumivelmente decorrente a alguma
condição médica ou anomalia da fragilidade do cromossoma X estão entre as
mais comuns. Entretanto, o transtorno deve ser diagnosticado com base nos
aspectos comportamentais, independentes da presença ou ausência de
quaisquer condições médicas associadas; qualquer condição associada deve,
todavia, ser codificada separadamente. Se um retardo mental está presente, é
importante que ele também seja codificado à parte porque ele não é um
aspecto universal dos Transtornos Invasivos de Desenvolvimento. Autismo
13
atípico é descrito como Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e difere do
autismo em termos da idade de início ou da falha em preencher todos os três
conjuntos de critérios diagnósticos. Assim, o desenvolvimento anormal ou o
comprometido se manifesta pela primeira vez apenas depois da idade de 3
anos e pode haver anormalidades demonstráveis insuficientes em uma ou
duas das três áreas de psicopatologia requeridas para o diagnóstico de
autismo, a saber: interações sociais recíprocas, comunicação e
comportamento restrito, estereotipado, a despeito de anormalidades
características em outras áreas. O autismo atípico surge freqüentemente em
indivíduos profundamente retardados, cujo nível muito baixo de funcionamento
oferece pouca oportunidade de exibir comportamentos desviados específicos,
requeridos para o diagnóstico de autismo; ele também ocorre em indivíduos
com grave transtorno específico do desenvolvimento da linguagem receptiva.
O autismo atípico, então, constitui uma condição significativamente separada
do autismo. Ele inclui: psicose atípica da infância e retardo Mental, (CID-10,
1993).
A taxa de prevalência é de 5 crianças em cada 10.000, com
predomínio maior em crianças do sexo masculino na proporção de 4:1 (DSM-
IV, 1996). O trabalho de MACHADO et. al. (2003) descreve o transtorno
autístico como sendo cinco vezes mais freqüente que a síndrome de Down e
três vezes mais freqüente que a diabetes juvenis. Segundo a revisão
bibliográfica feita por GADIA et. al. (2004) o autismo é a terceira doença mais
comum entre os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, ocorrendo em 40
a 130 casos por 100.000 crianças. SOKOL et. al. (2004) relata que a
prevalência do transtorno autístico varia de 30 a 60 em cada 10.000 crianças,
comentam que há indício do aumento da taxa de prevalência desse transtorno
à medida que o mesmo se torne cada vez mais conhecido pelos
pesquisadores. Esse indício é verificado no DSM-IV-TR (2003) que relata que
a taxa média de prevalência é de 15 casos por 10.000 indivíduos, com relatos
de taxas variando de 2 a 20 casos por 10.000 indivíduos. O DSM-IV-TR (2003)
descreve que ainda não está claro se o aumenta das taxas de prevalência
relatadas refletem as diferenças de metodologias, principalmente nos critérios
14
diagnósticos entre os DSM-III e o DSM-IV, ou devido aos maiores
reconhecimentos do transtorno diagnosticados em pacientes principalmente
nos menos gravemente afetados. Acreditamos que com o advento do
computador que é capaz de armazenar maior número de dados e esses dados
associados às técnicas estatísticas recentes mais aprimoradas vem
aproximando as taxas de prevalências mais próximas do real. É importante
frisar que os critérios diagnósticos de autismo e transtornos relacionados a ele
têm sido modificados e ampliados, constituindo um largo espectro de déficits
qualitativo em áreas de linguagem, interação social e comportamental o que
faz ampliar o número de crianças diagnosticadas.
As etiologias do transtorno autista, segundo o DSM-IV (1996), são
descritas como possíveis fragilidades genéticas, sem conhecer qualquer tipo
de relação causal direta entre essas fragilidades genéticas e os fatores de
risco relacionados ao transtorno autista. Os dados de literatura estabelecem as
seguintes correlações: as taxas para o transtorno são de quatro a cinco vezes
superiores para o sexo masculino, entretanto, as crianças do sexo feminino
com esse transtorno estão mais propensas a apresentar quadro de retardo
mental mais severo e autismo mais acentuado em relação aos meninos, ou
seja, o prognóstico no sexo feminino é mais grave em relação ao sexo
masculino, essa relação é associada ao cromossoma sexual X. Em relação
aos fatores genéticos os estudos epidemiológicos de ZIBOVICIUS et. al.
(2006) estima que o fator de risco do autismo entre irmãos de uma criança
autista é de 3 a 5% o que corresponde a uma incidência 75 vezes maior do
que na população em geral. Também ocorre maior risco de várias dificuldades
relacionadas ao desenvolvimento comportamental e transtornos psiquiátricos
entre os irmãos da criança com autismo na citação do DSM-IV-TR (2003). Em
relação aos gêmeos a taxa de concordância para o autismo é de 23,5% nos
dizigóticos e 95,7% nos monozigóticos. Os estudos com gêmeos evidenciam
que esse transtorno é o que mais fortemente está ligado a possíveis causas
genéticas entre todos os transtornos neuropsiquiátricos, indicando assim, forte
base genética para esse transtorno, embora, o modelo de transmissão
genética ainda é desconhecido (GUPTA et. al. 2006).
15
Os estudos de genoma têm encontrado os sinais mais fortemente
positivos de correlação com autismo nos cromossomas 2, 7, 1 e 17,
particularmente em 2q e 7q, e de maneira menos importante nos cromossomas
1, 9, 13, 15, 19, 22 e X72-74. A correlação entre os cromossomas 2 e 7 e
autismo é particularmente robusta quando somente se estudam autistas com
déficits severos de linguagem. Outros estudos têm descrito possibilidades de
associação entre autismo e duplicações citogenéticas do braço proximal do
cromossoma 1586-90. Nessa mesma região encontram-se as deleções
responsáveis pela síndrome de Angelman que está associada ao autismo.
Apesar do grande interesse despertado pelos trabalhos científicos em
genética, os dados relativos ao genoma associado ao autismo têm sido
inconsistentes (GADIA et. al. 2004).
Outras condições fisiopatológicas são relacionadas com esse
transtorno: as doenças infecciosas como a rubéola congênita e a taxa alta de
autismo; as lesões intra-uterinas sofridas pelo feto autista em conseqüências
de vacinações que provocam disfunções neuroquímicas no mesmo ou
substâncias medicamentosas usadas pela mãe durante a gestação como a
misoprostol; os fatores imunológicos que possivelmente afetam o
desenvolvimento do SNC da criança autista; e também as freqüentes infecções
dos ouvidos que são relacionadas à alta taxa de prevalência do autismo infantil
(LAMPREIA, 2003). Portanto o autismo é considerado um transtorno com
aspectos genéticos, neuropsiquiátricos e imunopsiquiátricos. Todas estas
ocorrências podem estar relacionadas com a peculiaridade de cada individuo,
pois os quadros clínicos neste transtorno são diferentes em muitos aspectos
(BRASIC et. al. 2006).
O autismo tem sido considerado, até então, um transtorno com
etiologias múltiplas em conseqüência dos distúrbios do desenvolvimento
comportamental muito heterogêneo e várias doenças associadas. Essa
heterogeneidade dificulta o pareamento entre grupos o que limita avaliação
dos resultados de pesquisa (HALL et. al. 2003). Até hoje o transtorno autista
16
carece de maiores explicações médicas para seu aparecimento e ele não
parece ser um transtorno adquirido em sua essência. Por isso, estudos em
bioquímica, em genética, em neuroimagem anatômicas e funcionais devem ser
realizados para ajudar no esclarecimento das causas do autismo (GADIA et. al.
2004).
O trabalho de investigações cientifica de KLIN et. al. (2006) relata as
dificuldades em estabelecer limites entre as crianças com autismo e crianças
com quadros clínicos neuropsiquiátricos sem o sintoma autista como as
Deficiências Mentais, os Transtornos Desintegrativos da Infância, os
Transtornos Invasivos de Desenvolvimento não Específicos e a Síndrome de
Rett. O transtorno de Asperger que geralmente não apresenta atraso do
desenvolvimento da linguagem, que tem QI igual ou maior que 70, e apresenta
incapacidade social, de compreensão ou percepção dos sentimentos do outro,
falta de flexibilidade e interesse limitado, é por isso, geralmente diferenciado do
transtorno autista. O transtorno de Asperger não é classificado como autista se
não são satisfeitos os critérios para o diagnóstico do transtorno autista. O
DSM-IV-TR (2003) torna mais fácil entender cada um dos Transtornos Globais
do Desenvolvimento, mas deixa dúvida quanto o transtorno autista e a
síndrome de Asperger, dúvida essa, no sentido de que esses transtornos
representam entidades clínicas distintas. Outros fatores complicadores do
diagnóstico são as doenças correlacionadas a ele que são: rubéola,
toxoplasmose, citomegalovírus, síndrome de Willians, síndrome de West,
intoxicação por chumbo, cromossomopatias, fenilcetonúria, síndrome de
Angelman, esclerose tuberosa, luxação congênita, cegueira congênita, entre
outras, o que dificultam estabelecer limites para o transtorno autístico (GADIA,
et. al. 2004). A título de exemplo para ilustrar a complexidade diagnóstica deste
transtorno citamos a prevalência da esclerose tuberosa no autismo que é de 1-
4%, significantemente maior que a prevalência de X-frágil em relação ao
autismo, contudo 25% de pacientes com esclerose tuberosa obedecem aos
critérios do DSM-IV-TR (2003) para o diagnóstico autista. Esses dados
reforçam a importância de se estabelecer subgrupos mais homogêneos
possíveis (KERN, 2003 e KLIN et. al. 2006).
17
Estudos mostram anormalidades em vários casos examinados,
encontramos na literatura, por exemplo, os estudos replicados de
ZILBOVICIUS et. al. (2006) que evidenciam as anormalidades temporais
bilaterais do cérebro em autistas. Segundo ROSSIGNOL et. al. (2006),
BRAMER (2006), LAINHART JE. (2006) e FLAERTY et. al. (2005) as pesquisa
com o transtorno autístico feitas com volumetria baseada em voxeis por
ressonância magnética e tomografias computadorizadas por emissão de fóton
único possibilitam a evidência de hipoperfusão severas nas regiões temporais
de crianças com esse transtorno, áreas cerebrais essas relacionadas com a
linguagem, cognição e audição. KAYA et. al. (2002) e ITO et. al. (2005) relatam
que ocorre a diminuição do fluxo sangüíneo cerebral nessas áreas e que
podem estar correlacionadas com vários sintomas comportamentais do
autismo, tais como: a auto-estimulação, a estereotipia, o prejuízo na
comunicação, a alteração na percepção sensorial e a dificuldade de
relacionamento social. Mas nenhum padrão específico ou patognomônico foi
claramente identificado para esse transtorno com as técnicas de investigação
de neuroimagem segundo WU et. al. (2005), ITO ET. AL et. al. (2005) e
SOKOL ET. AL. (2004).
Na ausência de marcador biológico, o diagnóstico e a delimitação dos
seus limites ficam em decisões arbitrárias. Os diagnósticos em psiquiatria são
de certa forma inconclusiva, pois não se tem, por exemplo, no autismo,
exames laboratoriais como na síndrome da imunodeficiência adquirida que
identifica o vírus da HIV, para a verificação da sensibilidade, especificidade,
valores de predição e acurácia do método de pesquisa utilizado (SOKOL et. al.
2004 e ROBERT 2006). Por exemplo, segundo os estudos de SOKOL (2004) a
inteligência é estatisticamente significante em relação às disfunções e medidas
do cérebro, sabe-se que os autistas podem apresentar macro ou microcefalia.
Os testes psicométricos em autistas revelam que 70% são deficientes mentais,
com QI< 70, o que dificulta o diagnóstico segundo o (DSM-IV-R, 2003).
Contudo, a inteligência dos indivíduos autistas pode variar desde:
18
comprometimento profundo a os superdotados. Em relação ao potencial de
aprendizagem os autistas podem ter baixo nível de funcionabilidade até chegar
a se desenvolver de maneira parcial e relativamente independente e
apresentar nível intelectual dentro da normalidade (KLIN, 2000). Pode-se
verificar que 50% das crianças autistas não falam segundo BANDIM et. al.
(2003). Outras têm uma linguagem imatura que é caracterizada por jargão,
ecolalia, reversões de pronomes, entonação monótona, enquanto outras são
loquazes e com capacidade de argumentação verbal. Alguns autistas têm suas
vidas dominadas por maneirismo e rituais psicomotores sem finalidade, são
resistentes a mudanças, exigentes em determinadas rotinas, com apego
excessivo a objetos inanimados, ao passo que outras dedicam toda sua
energia intelectual à busca exclusiva de fatos e de informações sobre tópicos
incomuns e altamente circunscritos com finalidades específicas (KLIN et. al.
2006).
È interessante o fato de que a grande maioria dos autistas não se
alfabetiza e poucos conseguem ler de forma espontânea sem o processo de
alfabetização convencional. Esses acometimentos deram origem ao termo
transtorno do espectro do autismo (GUPTA et. al. 2006). Vários sinais
neurológicos inespecíficos podem ser observados, por exemplo: reflexos
primitivos, atraso no desenvolvimento da lateralidade manual, incoordenação
motora fina e grossa que também são fatores complicadores para
estabelecimento diagnóstico do autismo (DSM-IV, 1996). As anormalidades de
desenvolvimento dos cérebros das crianças autistas são desconhecidas,
portanto, impossíveis de serem comparadas com o desenvolvimento normal do
cérebro já conhecido (KERN, 2003). Citamos como exemplo de anormalidade
do desenvolvimento cerebral o fato de que 13 a 83% dos casos apresentam
EEG anormal desde idades precoces, em 33% dos casos ocorrem crises
convulsivas que surgem geralmente na pré-adolescência.
As diferenças sócio-econômicas e culturais são significativas para o
estudo deste transtorno. O Transtornos Globais do Desenvolvimento, em
especial o autismo, envolve uma série de fatores psicossociais inter-atuantes,
intra e extra-familiares, os quais afetam a família e a criança com o transtorno
19
ao longo do ciclo vital e conclui-se que sua compreensão não pode ocorrer
com base em relações lineares entre possíveis causas e seus efeitos, havendo
assim necessidade de pesquisas que investigam as diversas variáveis
envolvidas no processo de adaptação da família frente a essa condição crônica
(SCHMIDT, et. al. 2003). Estas variáveis não são claramente evidenciáveis nos
autistas, pois há dificuldades de métodos ou testes para a quantificação das
mesmas nestes pacientes. Sem dúvida é tarefa difícil a homogeneização de
subgrupos autistas para a precisão diagnóstica, pois as variáveis ambientais
podem ser fatores de risco no surgimento do transtorno, uma das hipóteses é
que a predisposição genética pode ser alterada pelos pelas influências
ambientais, ou seja, os fatores de risco psicossociais podem alterar o genótipo
levando a modificação da expressão fenotípica do paciente (GADIA, 2004 e
BRASIC et. al. 2006).
O diagnóstico dos pacientes classificados no Transtorno Global do
Desenvolvimento requer uma equipe multidisciplinar e o uso de escalas
objetivas que são de confiabilidade para população brasileira, com capacidade
para descriminar autismo e apresentando consistência interna através das
analises estatísticas (DÁQUINA et. al. 2007). As técnicas de entrevistas
estruturadas existem e devem ser utilizadas para avaliação comportamento
das crianças e elas permitem a mensuração dos comportamentos
apresentados de maneira a colaborar com o diagnóstico. Na literatura os
instrumentos mais citados são: Entrevista para o Diagnóstico Autístico –
revisado de LORD et. al. (1994), Entrevista com Pais de Autista de STONE et.
al. (1993), ambos devem sem aplicados nos responsáveis pela criança autista.
O instrumento Escala de Observação para Diagnóstico Autístico de LORD et.
al. (1989) e Escala de Classificação para o Transtorno Autístico de
SCHOPLER et. al. (1988) requerem observação direta da criança segundo
LAMPREIA (2003). Essas escalas de entrevistas são de ajuda na avaliação
dos aspectos do comportamento Autístico mais específicos, devido às
dificuldades de comunicação e relacionamento dos pacientes com esses
transtornos, muitas vezes, eles não se apresentam disponível para ser
avaliados. Por isso, nesses instrumentos é fundamental a observação direta
20
feita pelo especialista e a informação colhida junta a família, principalmente a
história de vida do paciente, para se traçar o plano de investigação diagnóstica.
As informações colhidas pelas escalas permitem a obtenção de dados a
respeito da reatividade do paciente e a informação sobre a possibilidade de
uma apreciação mais objetiva (YIRMYA et. al. 1999). As escalas não
dispensam o diagnóstico clínico, esses instrumentos permitem a triagem dos
quadros clínicos autístico para diferentes investigações do transtorno. A escala
de avaliação mais usada é a Escala de Classificação para o Transtorno
Autístico – CARS (SHOPLER et. al. 1988) que consiste de uma entrevista
estruturada de 15 itens com os pais ou responsáveis de crianças autistas
maior de 2 anos de idade. Esta escala classifica o autista em leve, moderado
ou severo (GADIA, Et. al. 2004). Além disso, esse instrumento também pode
requerer uma observação direta da criança, registros da história de vida do
paciente, participação em sala de aula do mesmo, desde que incluam a
informação para todos os itens do questionário (LAMPREIA, 2003). Contudo
essas escalas são instrumentos úteis para a pesquisa, mas imprecisas para a
formulação do diagnóstico clínico, pois as mesmas são entrevistas
estruturadas e com questões fechadas que não permitem exploração de novos
aspectos que possam surgir durante a semiologia com familiares e pacientes,
limitando assim as obtenções de outras informações do autismo, além
daquelas já definidas nas escalas construídas previamente.
É importante considerar a carência de instrumentos de avaliação
diagnóstica do transtorno autista. Comprovações científicas poderão existir
daqui alguns anos, porque envolvem uma série de pesquisas feitas com
diferentes especialidades que investigam as diferentes alterações e patologias
que estão correlacionadas com esse transtorno. Hoje entendemos esse
transtorno como um conjunto de sinais e sintomas semelhantes entre si, com
diferentes fatores causais, que formam diferentes subgrupos e que são
chamados de espectro autista, contudo, devido às outras patologias
associadas modificam muito a compreensão diagnóstica quando se estuda
cada caso isoladamente, dificultando assim, classificar especificamente o caso
21
estudado dentro do Transtorno Global do Desenvolvimento ou Transtornos
Invasivos do Desenvolvimento.
Transtorno do Espectro Autismo (TEA): definição geral de um
transtorno do desenvolvimento que afeta significativamente a comunicação
verbal e não verbal e a interação social, em geral entre os dos 2 anos de
idade, e pode afeta de várias maneiras o desempenho da criança. Outras
características, muitas vezes, estão associadas ao autismo, movimentos
repetitivos e comportamentos estereotipados, em resistências à mudança
ambiental ou mudança na rotina diária e em respostas incomuns a
experiências sensoriais. O termo não se aplica no caso do desempenho
educacional estar, a princípio, afetado em razão de um sério distúrbio
emocional apresentado pela criança. (SMITH, 2008)
Transtorno do Espectro Autista (TEA) Agrupa cinco transtornos
específicos: Transtorno Autista ou Autismo- Transtorno Desintegrativo da
Infância- Transtorno de Asperger- Transtorno de Rett5- Transtorno Invasivo ou
Global do Desenvolvimento não especificado em outra categoria (SMITH,
2008)
Transtorno do Espectro Autista (TEA) Comunicação Habilidades
Sociais Grupos de Interesse
SINTOMAS MAIS EVIDENTES -Na comunicação - as crianças com
autismo têm problemas tanto com a comunicação verbal quanto com a não-
verbal. Elas podem evitar o contato com os olhos ou sorrir e podem não
entender o significado de um sorriso, de uma piscada ou de um aceno.
Aproximadamente 40% das crianças com autismo não falam. Outros 25%
começam a falar entre os 12 e 18 meses, mas logo perdem a habilidade da
fala. Algumas crianças com autismo têm dificuldade em formar palavras em
frases ou repetem exatamente o que ouvem- uma condição chamada ecolalia.
Como elas não conseguem comunicar o que querem, às vezes, as crianças
autistas gritam ou choram por frustração. Interação social - as crianças com
autismo têm dificuldade em se relacionar com outras pessoas, em parte
porque não conseguem entender os sentimentos delas e os eventos sociais.
Por isso, elas parecem distantes. Elas podem se afastar do contato físico ou
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emocional, evitando abraços e contatos visuais. Como o autismo afeta os
sentidos, alguns sons ou cheiros do dia-a-dia podem ser insuportáveis para os
autistas. Elas podem tampar os ouvidos e gritar quando se incomoda com
algum barulho ou tiver enjôo com o cheiro de uma fruta ou podem demonstrar
ser menos sensíveis a dor que outras crianças e não sentir quando estão se
cortando ou machucando. Comportamento repetitivo - as crianças autistas
freqüentemente repetem os mesmos comportamentos (chamados de
comportamentos estereotipados, ou estereótipo), como balançar os braços,
bater a cabeça na parede, repetir as mesmas palavras sou organizar
obsessivamente brinquedos, livros ou outros objetos. A repetição é um tema
da vida toda da criança autista. Qualquer mudança em sua rotina diária,
mesmo algo simples como cortar um sanduíche reto em vez de diagonal, pode
causar uma reação importante.
Irregularidades nas próprias estruturas do cérebro, como no corpo
caloso, que facilita a comunicação entre os dois hemisférios do cérebro; na
amígdala, que afeta o comportamento social e emocional; e no cerebelo, que
está envolvido com as atividades motoras, o equilíbrio e a coordenação. Eles
acreditam que essas anormalidades ocorrem durante o desenvolvimento pré-
natal. DSM-IV - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual
Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais), da Associação Americana da
Psiquiatria. A um total de seis (ou mais) itens de marcante lesão na interação
social, manifestada por pelo menos dois dos seguintes itens: destacada
diminuição no uso de comportamentos não-verbais múltiplos, tais como
contato ocular, expressão facial, postura corporal e gestos para lidar com a
interação social. Dificuldade em desenvolver relações de companheirismo
apropriadas para o nível de comportamento. A falta de procura espontânea em
dividir satisfações, interesses ou realizações com outras pessoas, por exemplo:
dificuldades em mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse. Ausência de
reciprocidade social ou emocional. Apresentam marcante lesão na
comunicação, manifestada por pelo menos um dos seguintes itens: A. atraso
ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral, sem ocorrência de
tentativas de compensação através de modos alternativos de comunicação,
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tais como gestos ou mímicas. Em indivíduos com fala normal, destacada
diminuição da habilidade de iniciar ou manter uma conversa com outras
pessoas. Ausência de ações variadas, espontâneas e imaginárias ou ações de
imitação social apropriadas para o nível de desenvolvimento. Padrões
restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e
atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes itens: A obsessão
por um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse que seja
anormal tanto em intensidade quanto em foco. Fixação ou aparentemente
inflexível a rotinas ou rituais não funcionais específicos. Hábitos motores
estereotipados e repetitivos, por exemplo: agitação ou torção das mãos ou
dedos, ou movimentos corporais complexos obsessão por partes de objetos.
Atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas,
com início antes dos três anos de idade: 1. Interação social. 2. Linguagem
usada na comunicação social. 3. Ação simbólica ou imaginária.
CAUSAS DO AUTISMO os estudos sobre autismo se iniciaram no
século XX – associava-se a um tipo de psicose infantil. As causas externas de
falta de afetividade na família. O certo é que não existe uma causa específica,
porém existem suposições de que o autismo pode estar relacionado a fatores
genéticos. De acordo com Smith (2008) alguns cientistas acreditam que
algumas formas de autismo são causados por lesões na formação do cérebro
(Koegel et. Al, 1995), outros, acreditam que é uma falha no lobo frontal
(Dawson et. al., 1998).
CAUSAS DO AUTISMO Smith (2008) afirmam que nos últimos anos,
alguns cientistas sugeriram que algumas toxinas ambientais, anomalias
gastrointestinais e sintomas de sarampo, caxumba e vacinas de rubéola
poderiam estar relacionados às causas do autismo. Avaliações psicológicas do
autismo A avaliação psicológica do autismo é importante, pois, primeiramente,
permite situar a criança em um meio educacional estruturado, e, em segundo,
permite detectar deficiência mental severa ou profunda com tendência autista.
Os principais tipos de avaliação são: AAEP, CARS, PEP, EMSV e Escala de
Inteligência de Wechsler. (CASTANEDO, 2007).
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Para finalizar nossa discussão na maioria dos casos de autistas não
compreendem metáforas, não aceitam mentiras, não fofocam, não entendem
porque as pessoas cumprem e descumprem os acordos e regras com
facilidade; podem reagir e conviver socialmente; são inteligentes com
excelente memória; obstinados, dedicados e não percebem a desistência
como algo possível; mas, podem ser abandonados, ridicularizados, perdidos
em suas habilidades, deixados perdidos em seus mundos.
Por isso, não deixemos de acreditar nesses alunos por serem
diferentes dos demais na escola. É fundamental continuar caminhando, mais
além com um olhar de aposta, desafiando-os para o alcance de novos rumos e
objetivos. Para isso a escola precisa trabalhar em conjunto, todos os
profissionais envolvidos devem saber o que esse aluno precisa como trabalhar
com ele, o que cobrar como falar. O aluno de inclusão não é trabalho de um
professor e sim de todo o grupo, da escola, da sociedade.
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CAPÍTULO II
Crianças autistas 2 a 5 anos
Para educar uma criança autista, é preciso levar em consideração a
falta de interação com o grupo, comunicação precária, dificuldades na fala e a
mudança de comportamento que apresentam essas crianças. O processo de
inclusão do autista implica mudanças radicais na compreensão dos sujeitos e
na estrutura da escola, questionando, inclusive, os mecanismos sutis de
exclusão aos quais os alunos parecem predestinados cotidianamente. A
responsabilização do êxito ou não da inclusão é direcionado para professores.
De acordo com Piaget (1971), o desenvolvimento da criança ocorre de
forma evolutiva, dentro de um determinado tempo, respeitando a
individualidade de cada um, independente de raça, sexo ou grupo social ao
qual pertença. Contudo, não é assim que se sucede com a criança com
autismo. Seu desenvolvimento se dá de uma forma diferente e não
padronizada.
Até 1989, dizia-se estatisticamente que, a síndrome acometia crianças
com idade inferior a três anos, com predominância de quatro crianças a cada
dez mil nascidas. Manifestava-se majoritariamente em indivíduos do sexo
masculino, sendo a cada quatro casos confirmados, três do sexo masculino e
um caso para o feminino.
Alguns autores têm se dedicado ao estudo do autismo desde a fase
fetal, através das anamneses e entrevistas realizadas com mães de crianças
autistas sobre seu período de gestação. O propósito deste trabalho é conhecer
essa criança em circunstâncias mais concretas. Limitar-se-á a comentar seu
processo de desenvolvimento a partir de seu nascimento.
Segundo Gaspar (1998), neuropediatra, o autismo tem sido notório em
vinte crianças a cada dez mil nascidos, número que vem crescendo nos
últimos anos, em razão de maiores estudos e divulgações sobre a síndrome
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que atinge indivíduos de todos os países do mundo, não se restringindo a raça,
etnia ou grupo social.
Enquanto um bebê de dois a quatro meses de idade já possui
capacidade para responder a estímulos internos e externos, tais como: chorar
quando sente fome ou dor, manifestar um comportamento diferente quando
não está confortado, reconhecer a voz de sua mãe e é capaz de reproduzir em
si mesmo as expressões produzidas pelos adultos, um bebê autista, nem
sempre reagirá da mesma forma. Percebe-se o desinteresse e falta de
iniciativa desses bebês, diante de móbiles pendurados ou outros objetos
colocados em seus berços. Normalmente, por volta dos quatro aos oito meses
de idade, a criança já demonstra o desejo de alcançar o objeto, pegar e trazê-
lo consigo, levando-o à boca ou jogando-o ao chão.
Para se alcançar melhor compreensão sobre o autismo e as
implicações contidas no quadro sindrômico, visando à educação da criança
autista, é preciso ter conhecimento sobre o desenvolvimento normal da criança
e suas funções desenvolvidas, para que haja distinção do que seja realmente
um comportamento autista. Discernindo suas características principais, seus
limites, seu potencial capacitador, suas necessidades e prioridades que
precisam ser estudadas e trabalhadas, com a finalidade de se proporcionar a
criança com autismo, maior estabilização emocional possível e nível de
desenvolvimento global mais próximo da normalidade.
O desenvolvimento psicossocial do ser humano ocorre, naturalmente,
desde a mais tenra idade, iniciando-se a partir do vínculo materno e
produzindo através do contato diário com a mãe ou com aqueles que o
cercam, experiências diversas que o levam a ter sensações de confiança, bem
estar, amor ou sensações que sejam o inverso das citadas, que muito
contribuirão para a formação da pessoa.
A sociedade costuma padronizar as pessoas como "normais", quando
exercem uma profissão, são casados e possuem filhos, mesmo que,
preconceituosamente, sejam tidas e, não raramente evitadas, por parecerem
"esquisitas" ou diferentes da maioria das pessoas conhecidas
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A linguagem apodera-se do homem, evoluindo-se dia após dia por
meio da convivência e do diálogo que temos com outras pessoas, interagindo
com elas desde pequenos. A partir do nascimento, a criança se expressa
através de pequenos ruídos guturais, murmúrios, sorrisos, balbucios até dizer
uma e depois, várias palavras no decorrer do desenvolvimento de sua
linguagem.
Todavia, na maioria das vezes, observa-se retardo no desenvolvimento
da linguagem de crianças com autismo ou regressão da capacidade de fala já
adquirida, indo ao extremo para perda da fala em certos casos, crianças
autistas que não apresentam outras síndromes ou lesões comprometedoras do
desenvolvimento motor, podem manifestar atrasos para começarem a andar
aos dois anos de idade, sem chegar a rastejar-se ou engatinhar. Porém, nota-
se a necessidade de estimulá-los através de exercícios específicos realizados
por fisioterapeutas e ou outros estímulos globais que o motivem a andar,
dependendo do caso passa a anda com quatro anos. O atraso ou a falta
permanente do controle esfincteriano pode ser observado em pessoas com
autismo, como também, a não percepção e identificação com o progenitor de
seu próprio sexo. Esta fase é merecedora de consideração para a formação da
pessoa.
A tendência ao isolamento claramente notada, pois tanto as pessoas
que convivem com esta criança como as que lhe são desconhecidas, são por
ela pouco distinguidas. A decepção dos pais diante do comportamento de seus
filhos torna-os, muitas vezes, descrentes e frios com relação à possibilidade ou
não de um dia conseguirem relacionar-se com eles.
É comum que crianças autistas tenham apego inadequado a
determinados objetos e rotinas. Por esta razão, é preciso que se realize um
trabalho estruturado e organizado com a mesma, para que se tire proveito do
uso desse apego rotineiro. A fixação em realizar determinadas atividades,
repetir permanentemente certas ações, preferir usar as mesmas roupas etc.,
são problemas de comportamento característico dessas crianças que devem
ser trabalhadas em seu dia a dia pelos pais e professores. Tem o intuito de
favorecer tais comportamentos por outros úteis e adequados ao momento,
28
tendo em vista o desenvolvimento de sua autonomia, iniciativa e compreensão
daquilo que está fazendo ou do que precisa fazer.
Os ataques de pânico, inquietude, cólicas, distúrbios na alimentação,
ausência de mastigação e paladar bizarro são habituais no autista o que
causam uma situação mais propensa para hipersensibilidade do que
ansiedade, ocorrendo de forma mais intensa em pessoas com a síndrome que
possuam severo comprometimento de linguagem, pois não conseguem
expressar o que estão sentindo ou o local a onde se concentra a dor. O uso de
medicamentos pode ser útil para o alívio das dores e para o relaxamento físico
e psicológico.
A sociedade costuma padronizar as pessoas como "normais", quando
exercem uma profissão, são casados e possuem filhos, mesmo que,
preconceituosamente, sejam tidas e, não raramente evitadas, por parecerem
"esquisitas" ou diferentes da maioria das pessoas conhecidas. Casos assim
podem ser típicos de autismo, porém, não tão severos como os que estão
sendo citados. Pessoas com rotinas exageradamente estabelecidas,
chamadas de alienadas pelas outras com quem convivem, confusas no falar,
complicadas para relacionar-se e com tendências ao isolamento, podem ser
pessoas com características do autismo.
É possível e não incomum, encontrarem-se capacidades especiais que
se contrastam com os déficits de comportamento existentes na pessoa com
autismo em outras áreas. Einstein, possuidor de diversos traços autísticos, até
os três anos não havia articulado palavra alguma e só passou a se expressar
de modo fluente aos dez anos, fora um gênio da ciência. O autismo é umas
das síndromes mais severas, comprometedoras e incapacitantes, no que diz
respeito ao desenvolvimento global da criança. Não é raro trazer consigo
outras patologias e condições clínicas associadas. Por não ser diagnostica
através de exames laboratoriais, dificulta o processo de seu reconhecimento,
retardando seu diagnóstico e angustiando os pais da criança.
Para que se realize um diagnóstico seguro desta síndrome, é preciso
um vasto protocolo que atravessa desde os dados de uma anamnese,
investigação genética até longas observações comportamentais da criança.
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Para fins de um diagnóstico mais preciso, têm-se utilizado os critérios do CID
10, DSM IV e escala CARS para autismo, além da observação do
comportamento, já que a mesma é definida atualmente como uma "síndrome
comportamental com etiologias múltiplas e curso de um distúrbio de
desenvolvimento" de acordo com Gillberg (1990).
Todavia, na maioria das vezes, observa-se retardo no desenvolvimento
da linguagem de crianças com autismo ou regressão da capacidade de fala já
adquirida, indo ao extremo do emudecimento (perda da fala) em certos casos,
É comum que crianças autistas tenham apego inadequado a
determinados objetos e rotinas. Por esta razão, é preciso que se realize um
trabalho estruturado e organizado com a mesma, para que se tire proveito do
uso desse apego rotineiro. A fixação em realizar determinadas atividades,
repetir permanentemente certas ações, preferir usar as mesmas roupas etc.,
são problemas de comportamentos característicos dessas crianças que devem
ser trabalhadas em seu dia a dia pelos pais e professores. Tem o intuito de
modificar tais comportamentos por outros úteis e adequados ao momento,
tendo em vista o desenvolvimento de sua autonomia, iniciativa e compreensão
daquilo que está fazendo ou do que precisa fazer.
Distúrbios na alimentação, ausência de mastigação e paladar bizarro
são habituais no autista, rejeitar qualquer coisa que lhe oferecesse durante o
almoço que não fosse pão, bolacha ou cenoura. Desde a segunda metade do
ano de 1999, passou a aceitar alguns alimentos, como macarrão e salsicha.
Possui paladar bizarro, comendo terra ou sabonete. W.S (6 anos) não tem
preferências em sua alimentação, mas ingere sem nenhuma mastigação. E.M.
(9 anos), não apresenta nenhum desses fatos. E.C. (5 anos), também possui
paladar bizarro, lambendo sabonetes.
O processo de definição de identidade, normalmente iniciado a partir
dos doze anos de idade, fase da puberdade e adolescência, fortalecidas por
meio dos aspectos observados nos pais, professores, amigos etc., tanto para
serem preservados como abandonados em sua personalidade, concorre para
o descobrimento e desenvolvimento da própria identidade e o enquadramento
a um grupo social. É a fase onde o crescimento físico, variável de pessoa para
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pessoa, se dá com vistas para a definição adulta, considerando os fatores
genéticos e os elementos do meio. Acontece, também, o amadurecimento
sexual para a reprodução de sua própria espécie. Nesta fase, o isolamento
social, a hostilidade e os problemas de disciplina inclinam-se a acontecer.
A puberdade, como um fenômeno essencialmente biológico, exerce
transformações no organismo em sua estrutura e função. Devido o rápido
crescimento e as alterações sofridas pelo organismo, surgem sintomas de
cansaço e fadiga, com possíveis perturbações gástricas e falta de apetite.
As meninas, em especial, durante os primeiros períodos menstruais,
estão sujeitas a dores de cabeça, dores nas costas, câimbras, dores
abdominais seguidas de vômito, desmaios, irritações da pele, inchaços,
tendendo a ficarem irritadas. Com o regular da menstruação, tais sintomas
estão propensos a desaparecer, apesar de continuarem a existir,
representando um período de sensibilidade física e emocional para algumas
pessoas.
Para a pessoa com autismo, a puberdade e a adolescência também
podem representar um período difícil de transição. Grandin (1992) comenta
esta época como a pior fase de seu comportamento, a partir de sua primeira
menstruação. Kyrkou (1995), em seu estudo sobre os sintomas associados
com o ciclo menstrual em mulheres com autismo, explica que pessoas com
autismo reagem de modo diferente ao período menstrual, tanto na fase da
adolescência como posteriormente, a cada ciclo.
Os ataques de pânico, inquietude, cólicas causam uma situação mais
propensa para hipersensibilidade do que ansiedade, ocorrendo de forma mais
intensa em pessoas com a síndrome que possuam severo comprometimento
de linguagem, pois não conseguem expressar o que estão sentindo ou o local
a onde se concentra a dor. O uso de medicamentos pode ser útil para o alívio
das dores e para o relaxamento físico e psicológico.
A criança autista, tal como qualquer outra criança, atravessa diversas
etapas em seu desenvolvimento e conseqüentemente, torna-se um jovem-
adulto. Pouco se fala sobre o jovem e o adulto com autismo, mas sem dúvida
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nenhuma, eles também chegam a essa idade e muitas vezes, chegam
esperando por algo, assim como a maioria daqueles que têm a mesma idade.
A sociedade costuma padronizar as pessoas como "normais", quando
exercem uma profissão, são casados e possuem filhos, mesmo que,
preconceituosamente, sejam tidas e, não raramente evitadas, por parecerem
"esquisitas" ou diferentes da maioria das pessoas conhecidas. Casos assim
podem ser típicos de autismo, porém, não tão severos como os que estão
sendo citados. Pessoas com rotinas exageradamente estabelecidas,
chamadas de alienadas pelas outras com que coexistem confusas no falar,
complicadas para relacionar-se e com tendências ao isolamento, podem ser
pessoas com características do autismo.
O desafio é de buscar ferramentas que estimule o desenvolvimento da
autonomia e permita que o autista seja capaz de generalizar suas ações na
vida social e que trabalhe a comunicação, permitindo que o autista tenha uma
qualidade de vida e funcionalidade.
O universo autista é complexo, mas atender e planejar uma ação
adaptativa para o autista requer do educador não apenas preencher uma
lacuna na tentativa de compreender este universo, mas criar estratégias para
que criança com transtorno do espectro autismo seja reconhecida não como
individuo especial, mas como cidadão que assim como todos nós temos
nossas singularidades e complexidades e que merecem ser respeitadas.
A educação do autista é dificultada pelo revés da socialização, que faz
com que o autista tenha uma consciência pobre da outra pessoa e é
responsável, em muitos casos, pela falta ou diminuição da capacidade de
imitar, que uns dos pré-requisitos cruciais para o aprendizado, e também pela
dificuldade de se colocar no lugar de outro e de compreender os fatos a partir
da perspectiva do outro, falha do autista em perceber pessoas faz com que
perca oportunidades de aprendizado, refletindo em um atraso do
desenvolvimento.
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Os pais e os profissionais estão bem cientes das dificuldades que as
crianças com autismo têm em muitos ambientes educacionais. Em resposta
têm desenvolvido programas alternativos e estratégias de intervenção. Embora
alguns destes sejam úteis, a maioria enfatiza a correção das dificuldades
comportamentais para melhorar o rendimento educacional. Entretanto, outro
aspecto do problema tem recebido menos atenção: as necessidades
específicas de aprendizagem desta população especial. As necessidades
envolvidas incluem dificuldades organizacionais, distração, problema em
seqüenciar falta de habilidade em generalizar, e padrões irregulares de pontos
fortes e pontos fracos. Embora nenhum destes se aplique à população inteira
dos alunos com autismo, estes problemas de aprendizagem são vistos em um
grau significativo em uma porcentagem grande destes alunos.
Suplino (2009,) deixa claro o que é de fato inclusão se a escola
assume o fato de que é necessário incluir, significa que tem a compreensão de
que há uma categoria definida de alunos com a qual ela se identifica e várias
outras categorias que estão à deriva por não reunirem elementos suficientes
para alcançarem tal identificação. Incluir, nessa medida, seria romper o
compromisso com uma determinada categoria e abrir-se para abranger as
mais diversas categorias de alunos que chegam diariamente ao ambiente
escolar.
O Brasil há aproximadamente há 20 anos é cenário de discussões sobre
a inclusão. No entanto, ainda se encontra nos primeiros passos para a
concretização da proposta. O primeiro obstáculo está na mudança de
perspectiva que teria que ocorrer na escola, de maneira que a mesma pudesse
rever seus fundamentos de entendimento e constituição de si mesma, que a
direcionam para um aluno ideal.
Ensinar alunos com autismo requer avaliações completas de todos os
aspectos de seu funcionamento. Isto não pode se restringir às habilidades
acadêmicas, mas deve também incluir os estilos de aprendizagem,
funcionamento em situações de grupo, em habilidades independentes, e em
tudo mais que possa ter impacto sobre a situação de aprendizagem. Os estilos
de aprendizagem são especialmente importantes para o processo da avaliação
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porque são essenciais para liberar o potencial de aprendizagem. A principal
possibilidade para uma melhoria constante é uma maior consideração das
suas singularidades e mais treinamento para profissionais para ajudá-los a
entender seus estilos de aprendizagem.
A colaboração entre os pais e profissionais e a instrução de base
comunitária são maneiras importantes para melhorar a generalização nos
alunos com autismo. Quanto maior for o empenho pela coordenação entre a
casa e a escola, maior a probabilidade dos alunos aplicarem o que
aprenderam a situações/contextos/ambientes diferentes. O uso de abordagens
semelhantes e a ênfase em habilidades semelhantes são as maneiras pelas
quais os pais e os profissionais podem colaborar para melhorar as habilidades
da generalização das habilidades de seus alunos.
A organização é difícil para alunos com autismo. Requer uma
compreensão do se quer fazer e um plano para a execução. Estas exigências
são suficientemente complexas, inter-relacionadas e abstratas para apresentar
obstáculos incríveis para alunos com autismo. Quando fica cara a cara com
demandas organizacionais complexas, eles ficam freqüentemente imobilizados
e muitas vezes nunca não são capazes de executar as tarefas pedidas.
O desenvolvimento de hábitos sistemáticos e rotinas de trabalho tem
sido uma estratégia eficaz para minimizar estas dificuldades organizacionais.
Os alunos com rotinas de trabalho estabelecidas da esquerda para a direita, de
cima para baixo, não param de trabalhar para planejar onde começar e como
prosseguir. As dificuldades organizacionais são minimizadas também com as
listas de verificação, programações e instruções visuais mostrando
concretamente aos alunos autistas o que foi completado, o que precisa ser
terminado e como prosseguir.
A distração é outro problema comum dos alunos com autismo. Ela
toma diversas formas na sala de aula: reagindo aos ruídos externos de carro,
acompanhando visualmente os movimentos na sala de aula, ou “estudando” o
lápis do professor na mesa ao invés de terminar o trabalho pedido. Embora a
maioria de alunos autistas seja distraída por alguma coisa específica, as
distrações divergem consideravelmente de uma criança para outra.
34
A identificação do que distrai cada aluno autista é o primeiro passo
para ajudá-los. Para alguns podem ser estímulos visuais, enquanto para outros
podem ser auditivos. As distrações podem estar respondendo a ruídos
externos ou a movimentos visuais como também podem não se concentrar em
aspectos centrais de tarefas pedidas. As avaliações cuidadosas das distrações
individuais são cruciais. Depois destas avaliações as modificações ambientais
podem ser feitas: podem envolver a disposição física da área de trabalho do
aluno, a apresentação de tarefas relacionadas ao trabalho, ou muitas outras
possibilidades.
Alunos autistas freqüentemente apresentam dificuldade em lembram
da ordem precisa das tarefas, porque se atém de forma concreta a detalhes
específicos e nem sempre vêem relação entre elas. Porque as seqüências
implicam nestas relações, são freqüentemente desconsideradas. As rotinas
consistentes de trabalho e as instruções visuais compensam essas
dificuldades. As instruções visuais podem destacar seqüências de eventos e
fazer com que os alunos autistas se lembrem da ordem adequada a seguir. A
figura visual permanece atual e concreta, ajudando o aluno seguir a seqüência
desejada. O estabelecimento de hábitos sistemáticos de trabalho é também
útil; um aluno que trabalhe sempre da esquerda para a direita pode ter o
trabalho apresentado na seqüência correta.
As dificuldades com generalização são bem conhecidas no autismo e
têm implicações importantes para práticas educacionais. Os alunos com
autismo freqüentemente não podem aplicar o que aprenderam em uma
situação específica a ambientes ou contextos semelhantes. A generalização
adequada requer uma compreensão dos princípios fundamentais nas
seqüências aprendidas e nas maneiras sutis pelas quais elas são aplicáveis a
outras situações. Atendo-se a detalhes específicos, os alunos com autismo
freqüentemente perdem esses princípios centrais e suas aplicações.
Como cada criança com autismo processa a informação e quais são as
melhores estratégias de ensino devido à singularidade de seus pontos fortes,
interesses e habilidades em potencial. Um professor hábil pode abrir a porta
para várias oportunidades. Os adultos com o autismo que trabalham em
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bibliotecas, com computadores, em restaurantes e muitos outros ambientes,
são evidências de que se tiverem instrução adequada, podem se tornar adulto
produtivo e bem sucedido.
Um aluno autista pode ter a habilidade extraordinária de estabelecer
relações espaciais ou de entender conceitos numéricos, mas ser incapaz de
usar estes pontos fortes por causa das limitações organizacionais e de
comunicação. São necessários professores com habilidade e com experiência,
em ensinar na presença destes pontos fortes e fracos tão singulares.
De acordo com Suplino (2009), discutir a inclusão é desafiador, visto
que implica dizer o que já foi dito muitas outras vezes e aquilo que, entretanto,
ainda precisa ser dito. Acredita-se que ao tratar-se da inclusão, torna-se
necessário pensar para além da esfera das pessoas com deficiência e
melhorar a discussão da relação que a escola constitui como o diferente
identificável a partir de um padrão previamente definido.
De acordo (SUPLINO, 2009), o homem atual passa a precisar da
educação formal para aprender os padrões de comportamento acadêmicos e
científicos vistos como sociais. A escola surgiu, portanto, para dar conta dessa
demanda com para formar os homens comuns e devolver à sociedade os
homens civilizados.
Suplino (2009) coloca que ao se tratar de pessoas autistas, o desafio
para a escola adotar uma dimensão ainda maior, uma vez que a manifestação
dos comportamentos estereotipados por parte das pessoas com autismo e é
um dos feitios que assume maior destaque no domínio social, representando
uma barreira significativa para o estabelecimento de relações entre as mesmas
e seu ambiente. Torna-se provável, portanto, que a apresentação dos mesmos
ocasione implicações qualitativas nas trocas interpessoais que devem ocorrer
nas salas de aula.
A inclusão está de forma genérica descrita como a admissão de
alunos com necessidades educacionais especiais em classes regulares. Mas é
necessário ter o cuidado de não confundir inclusão com colocação, ou seja, a
matrícula autorizada, a partir da idéia de que “democratizar as oportunidades
educacionais” seja somente pôr alunos com deficiência nas escolas, o que de
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certa forma já ocorre no Brasil (“Escola para todos”) o que não significou um
ato democrático, no sentido de dar oportunidades iguais para todos. Uma vez
que na medida em que o acesso esteja garantido, torna-se necessário
assegurar-se de que a permanência se dê com qualidade.
Suplino (2009) assegura que os indivíduos com Transtornos Invasivos
do Desenvolvimento apresentam como principais características os
comportamentos de resistência/limitação que estão absolutamente ligados às
relações interpessoais como linguagem/comunicação, interação social e
comportamentos estereotipados comportamentos estereotipados são
comportamentos curiosos como sons estranhos, gritos, maneirismos com as
mãos, movimentos do corpo, além de agressões dirigidas a si mesmas,
considerando que o processo ensino-aprendizagem implica atender à
diversificação de necessidades dos alunos na escola. Assim para a afirmação
de uma inclusão efetiva para alunos com Autismo, implica discutir que suporte
seria necessário à ação pedagógica, em virtude de quais seriam as
“adaptações curriculares” necessárias. Ao se referir aos aspectos das práticas
inclusivas é necessário comentar a importância que a formação do professor
que atua nas classes inclusivas tem no que diz respeito ao sucesso da
inclusão.
Para Abrate (2002) a inclusão do autista na escola regular depende da
decisão que cabe exclusivamente à família, que conhece e sabe o que é
melhor para seu filho. O menos recomendado é por o aluno autista em grupos
só de autistas. Os pais devem trabalhar junto, ou seja, em parceria com a
escola e demais profissionais. O autista deve criar vínculo com o professor da
escola regular.
É possível considerar o autismo como uma síndrome com características que
interferem no desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional, intelectual, entre
outros. Por outro lado, é importante identificar se há ou não características da
síndrome no indivíduo, para que em caso positivo, haja a intervenção médica e
psicológica precocemente, impedindo que se façam diagnósticos falsos.
Alguns indivíduos autistas apresentam ótimo desenvolvimento, outros quase
não se desenvolvem principalmente em aspectos intelectuais.
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Acreditamos que o professor deve estar apto, dispor de conhecimentos
sobre o transtorno, se possível formação específica, de preferência gostar de
trabalhar com os autistas, tendo em vista a tarefa bastante complexa. É um
trabalho lento e essencial ao mesmo tempo provocante, tratando-se da
inclusão, vale ressaltar que o aluno autista precisa de um professor e demais
profissionais que possam atender às suas necessidades, seja para ajudar com
as atividades escolares, ou até mesmo levá-lo ao banheiro.
Atualmente, para atuar com os alunos de inclusão é preciso que o
educador, a escola e toda a equipe pedagógica estejam aptos para atender às
necessidades destes, ou seja, deve saber como lidar em sala de aula com
alunos que apresentam necessidades educacionais especiais para que não
haja exclusão.
É importante afirmar que vimos à cima um resumo que é fazer com
que a Educação Especial e a Inclusão Escolar sejam evidenciadas nas
escolas, identificar que a luta deve ser diária não somente dos familiares
desses alunos autistas, mas também deve abranger todos os profissionais da
área de educação que lidam com os variados problemas diariamente
presentes na escola. Juntos vão construir um futuro real e benéfico para todos
os envolvidos. No capitulo III vamos tratar de Identificar possíveis caminhos
para que prática pedagógica promova ao aluno autista êxito âmbito escolar.
38
CAPÍTULO III
A criança autista numa classe regular de educação
infantil
Este terceiro capítulo tem como objetivo elucidar estratégias que
favoreçam aos professores e contribuam com o aluno autista sua interação no
seu cotidiano escolar. O processo de inclusão escolar implica mudanças
radicais na compreensão dos sujeitos e na estrutura da escola, questionando,
inclusive, os mecanismos sutis de exclusão aos quais os alunos parecem
predestinados cotidianamente.
Segundo Gomes (2011) os desafios escolares são tão concretos como
os problemas que assolam as instituições escolares do País. A necessidade
de uma formação política e ideológica, que dê embasamentos para uma ação
profissionais crítica e construtora da realidade brasileira, contrapondo-se,
efetivamente, a uma política educacional segmentada e dominadora, que há
muito direciona nossas escolas
Neste contexto, a inclusão escolar de crianças com autismo na escola
regular tem sido amplamente discutida por se tratar de uma questão
interdisciplinar que transcende a pedagogia traduzida em métodos e currículos
a serem cumpridos, diversos estudos sobre a proposta de inclusão escolar
parecem alertar para a importância de uma maior atenção na implementação
das políticas, enfatizando que a proposta só será efetivada com sucesso
quando compreendida como conseqüência de uma discussão da necessidade
de mudança do paradigma educacional vigente. Esta mudança de paradigma
deve dar ênfase a um maior compromisso com a diversidade humana e com
as transformações das representações das diferenças. Alguns aspectos que
dificultam o processo de inclusão de alunos com necessidades especiais nas
escolas são a falta de capacitação profissional adequada, a falta de recursos e
materiais apropriados, as barreiras arquitetônicas e físicas, as barreiras
39
humanas atitudiais que permeiam as práticas pedagógicas em relação à
inclusão, (GOLDBERG, 2005).
É consenso entre ou autores pesquisados que a escola entendida
como inclusiva é o melhor local para promover a inclusão social e educacional
de crianças com deficiência ou transtorno global do desenvolvimento. A
responsabilização do êxito ou não da inclusão é direcionado para professores.
O que se percebe, no entanto, é que os professores, quando indicam suas
dificuldades e necessidades, podem também estar chamando a atenção para
a sua condição de isolamento profissional. A democratização da gestão e a
educação inclusiva se relacionam diretamente, e uma escola inclusiva deve ser
antes de tudo, uma escola democrática. Por outro lado, o que se vivencia
ainda nas instituições escolares são práticas que denotam isolamento dos
profissionais, e um distanciamento da compreensão sobre a política inclusiva.
Dessa forma, a inclusão escolar necessita que o professor entenda a
deficiência e/ou o transtorno em sua globalidade para que possa, junto ao
aluno e sua família, oportunizar um processo educacional de qualidade. A
escola inclusiva deve promover possibilidades a todo e qualquer sujeito,
sobretudo aquele com deficiência para que possam desenvolver suas
habilidades. Em geral, pais e professores, têm pouco conhecimento sobre as
principais características da criança com autismo, como a dificuldade na
interação social, o isolamento, as dificuldades na aprendizagem, na fala e no
contato visual.
Para o autista, é importante ter uma educação que envolva o seu
contexto de vida, de acordo com suas particularidades, para que possa
interagir e familiarizar-se com a situação e o ambiente, proporcionando o
desenvolvimento real do autista e de suas ações. Em particular, no trato de
crianças com autismo torna-se evidente que a família, o professor e a escola
precisam entender e aceitá-la entendendo suas necessidade e dificuldades
características e apresentadas pelo transtorno.
De acordo com Silva (2009), as crianças com autismo clássico, isto é,
aquelas crianças que tem maiores dificuldades de socialização,
40
comprometimento na linguagem e comportamentos repetitivos fica evidente a
necessidade de atenção individualizada que as crianças autistas já começam
sua vida escolar com diagnóstico, e as estratégias individualizadas vão
surgindo naturalmente. A educação da criança com autismo exige uma
programação pedagógica com base nas suas necessidades, e direcionada
para o desenvolvimento de habilidades e competências a fim de favorecer o
aspecto emocional e equilíbrio pessoal de forma harmoniosa. Em estudo
realizado por Gomes (2011) a falta de formação especializada, a inexistência
de recursos adequados e de apoio técnico constante, assim como a realização
de serviços de atendimento paralelo e a redução do número de alunos em
sala, foram alguns dos desafios e necessidades apontados pelos professores
para justificar o pouco avanço do processo de inclusão.
Gauderer (1993) informa que entre os métodos de ensino para a
escolarização do autista encontra-se o ensino mais utilizado no Brasil que é o
TEACCH, desenvolvido no início de 1970 por profissionais da psiquiatria
infantil e supervisionados pelo Dr. Eric Schopler, na Universidade da Carolina
do Norte. O método TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e
Crianças com Deficiências relacionadas à Comunicação), é conhecido no
mundo inteiro, é um instrumento de facilitação para a aprendizagem e inserção
da criança com autismo na sociedade. O método TEACCH é um projeto que
tenta responder às necessidades do autista usando as melhores abordagens e
métodos disponíveis. Os serviços oferecem desde o diagnóstico e
aconselhamento precoce de pais e profissionais até Centros Comunitários para
adultos com todas as Etapas Intermediárias: Avaliação Psicológica, Salas de
Aulas e Programas para (GAUDERER, 1993).
De acordo com Gauderer (1993) as instituições que utilizam o
TEACCH têm o apoio para habilitar pessoas portadoras de autismo a se
comportar de forma tão funcional e independente quanto possível de promover
atendimento adequado para os portadores de autismo e suas famílias, gera
conhecimentos práticos sobre autismo e disseminar informações relevantes
através do treinamento e publicações. Atualmente o TEACCH é um método
que se mantém evoluindo e tem como objetivo desafiar os diagnósticos
41
negativos que recebem os autistas. É unanimidade entre alguns pesquisadores
e profissionais da educação, a necessidade de se repensar ações e práticas
profissionais mais comprometidas com a transformação social dos interesses
da maioria da população. A exigência de uma prática profissional que
contemple a construção crítica social e, para tanto, a abordagem das políticas
educacionais inclusivas é um dos meios mais efetivos para esta necessária
transformação profissional.
Bosa (2006) nos ajudar a entender a necessidade de um atendimento
especializado para autismo e afirma que “o planejamento do atendimento à
criança com autismo deve ser estruturado de acordo com o desenvolvimento
dela”. Exemplifica que com as crianças pequenas as prioridades devem ser a
fala, a interação social/linguagem e a educação, entre outros, que podem ser
considerados ferramentas importantes para promoção da inclusão da criança
com autismo.
Para Bosa (2006) na elaboração de um programa direcionado à
educação de uma criança autista, observam-se os canais de comunicação que
se apresentam mais receptivos a uma estimulação e o nível de
desenvolvimento da criança. Principalmente na infância, o desenvolvimento da
linguagem exige atenção, uma vez que a criança autista não tem o hábito de
se comunicar com os outros. Desse modo, um programa educacional proposto
à criança autista deve ser adequado às suas habilidades cognitivas, assim
como o meio ambiente e as instituições devem ser bem estruturados.
É notória a dificuldade dos professores da casse regular em lidar com
a criança com autismo onde uma das principais causas é a adaptação do
currículo. Incluir não é apenas matricular a criança na escola. Para incluir é
necessário que aconteça desenvolvimento e aprendizagem e, diante disto, é
preciso rever o conceito sobre o currículo e os programas educacionais. Neste
estudo vimos à necessidade de ampliar os saberes pequenos, oportunizando
situações de experiências que favoreçam o desenvolvimento da criança
autista. Assim, é fundamental promover as adaptações curriculares de grande
e de pequeno porte propostas pelo próprio MEC (Ministério de Educação e
Cultura). Goldberg (2007) realizou uma pesquisa sobre as expectativas dos
42
professores frente à possibilidade de inclusão de alunos com autismo em suas
classes e demonstrou como resultado que os professores manifestaram uma
tendência a centralizar suas preocupações em fatores pessoais como, por
exemplo, medo e ansiedade frente à sintomatologia mais do que à criança em
si. O interessante é que entre os principais temores estavam à dúvida em
como lidar com a agressividade dos alunos, muitos educadores resistem ao
trabalho com crianças autistas devido a temores em não saber lidar com a
agressividade delas, aliás, um aspecto que não é necessariamente
característico desta condição.
Sabemos que muitas crianças autistas já recebem atendimento
especializado promovido pelas Associações de Pais e Amigos – ABRA
(Associação Brasileira de Autismo) ASTECA (Associação Terapêutica
Educacional para Crianças Autistas) e AMA (Associação de Pais e Amigos do
Autista). Estas associações colaboram com a prática pedagógica do professor
na escola regular dando o apoio pedagógico necessário. Em resumo, o
trabalho realizado tem como principal referência o fato de que o autista pode
realizar muitas atividades. Segundo Gomes (2011) temos que buscar romper
com a cumplicidade que tem caracterizado sua relação com a educação, para
se apresentar como um conhecimento científico capaz de demonstrar e
compreender a dimensão subjetiva da experiência vivida na escola pelas
camadas marginalizadas. Porém, para a assumir este novo modelo precisa
superar a visão natural do desenvolvimento humano.
Neste contexto é fundamental “investir” no potencial que ele tem para
aprender. Bosa (2006) enfatiza que o desenvolvimento da habilidade das
crianças com autismo para se engajar em interações com pares depende das
características da própria criança, mas, sobretudo da oportunidade de poder
conviver, o mais cedo possível, em espaços que permitam o desenvolvimento
dessas interações, como a escola. Assim, é comum os autores ressaltarem a
importância de experiências precoces com pares para o desenvolvimento da
competência social das crianças.
43
Os resultados dos estudos sobre autismo demonstram que os
professores apresentam idéias distorcidas a respeito do mesmo,
principalmente quanto à incapacidade de comunicação. As dificuldades dos
professores, de um modo geral, se apresentaram na forma de ansiedade e
conflito ao lidar com o “diferente”. Por exemplo, no estudo de Goldberg (2005)
houve a tendência de o professor adotar estratégias que, de certa forma,
inibem a expressão dos “sintomas autistas”, como, “manter o aluna construção
da nova identidade escolar depende, ainda, de uma compreensão de respeito
e afirmação às diferenças, garantindo o desenvolvimento do papel de agente
social transformador da realidade nas escolas, principalmente no que se refere
às políticas educacionais inclusivas de alunos portadores de necessidades
especiais. A proposta de inclusão escolar oferece, assim, a possibilidade da
revisão das práticas escolares excludentes, que cercam a sociedade
historicamente. A reflexão constante da ação e compromisso com a mudança
no tratamento da diversidade humana se torna o ponto central da participação
da educação nesse debate da inclusão e na busca para uma sociedade
democrática ocupada”. Tal estratégia era utilizada mais como uma tentativa de
“dominar” a própria ansiedade do que como uma prática pedagógica, calcada
nas necessidades do aluno. Idéias preconcebidas sobre o autismo influenciam
as expectativas do professor sobre o desempenho de seus alunos, afetando a
eficácia de suas ações.
De acordo com Klin (2006), o interesse social de pessoas com
autismo pode aumentar com o passar do tempo, mas geralmente de uma
forma sutil e discreta, já que a dificuldade em administrar as complexidades da
interação social pode reduzir as tentativas de contato e levar a um estilo social
não usual e “excêntrico”. Destaca-se assim, o papel do professor de uma
criança com autismo deve ser, inicialmente, de um estudioso da temática em
questão. É fundamental que não ocorra uma dissociação entre teoria e prática,
havendo necessidade de realizar um trabalho adequado às necessidades da
criança com autismo. Sob esta perspectiva, é evidente que prover a inclusão
na escola formal a partir dos dois aos quatro anos, aliada à integração de
todos os profissionais envolvidos. O educador precisa ser sereno para propiciar
44
um ambiente que favoreça a tranqüilidade e a confiança da criança autista,
deve ser entusiasmado, mesmo nas situações de conflito, transmitindo alegria
e dinamismo aos alunos que muitas vezes estão habituados a experiências de
fracasso.
Deve ser emocionalmente estável, pois interage com seres humanos e,
alguns destes, apresentam desestruturação emocional, comportamental e
lingüística. É preciso lembrar que no momento pedagógico o professor é a
referência externa de estruturação e que as mudanças de humor ou de
comportamento se dão inclusive por meio da imitação de comportamentos.
Para Baptista (2006) a formação de professores envolve duas
questões cruciais: "autoconhecimento e busca de referenciais". E na página
seguinte, acrescenta: "Reconhecer, portanto, que estamos trabalhando com
processos complexos e que exigem que a pessoa do educador esteja
implicado-reconhecida/reconhecida/mobilizada é muito diferente de tentar
treinar alguém para aplicação de novas técnicas que estarão necessariamente
fadadas ao fracasso. O professor precisa ser seguro, mesmo em situações
adversas, firme e assertivo diante de condutas inadequadas. A imposição de
regras e limites é necessária inclusive para alunos autistas, o professor precisa
ser claro e preciso em seus objetivos e em sua linguagem para que de fato se
dê a comunicação.
As estratégias planejadas para se atingir determinados objetivos
devem ser reavaliadas e alteradas sempre que necessário, com todos os
envolvidos no processo educativo, incluindo a família como parceira nas
conquistas, principalmente em relação à comunicação e aos comportamentos
considerados adequados.
É necessário ainda que se dispense atenção às peculiaridades dos
alunos evitando a segregação e a discriminação. Para se implementar a
inclusão escolar de autistas devem ser aplicadas as mais variadas
modalidades de ensino que esse ambiente possa oportunizar: iniciando com a
formação de hábitos e atitudes socialmente aceitos, efetivação da
comunicação, mesmo que não verbal, até a aprendizagem acadêmica
propriamente dita.
45
De acordo com Vasconcelos & Vasconcelos (2007), uma das saídas
encontradas para enfrentar as dificuldades na escolarização da criança autista
é aproximar técnicos de saúde mental dos profissionais da educação,
constituindo uma rede de apoio à inclusão. Portanto, é fundamental
instrumentalizar não só o professor, mas toda equipe pedagógica, nas
dimensões técnica, teórica e emocional.
Seguindo essa mesma linha de pensamento, Ferreira (2006) identifica
como desafio crucial o preparo dos professores brasileiros para ensinar com o
que chama de didáticas atuais que promovam a inclusão de todos nas
atividades realizadas na escola e nas salas de aula e, finalmente, o desafio de
formar docentes capazes de educar na diversidade, isto é, capazes de
flexibilizar e enriquecer o currículo para ensinar todos os estudantes. Isso
implica no rompimento do modelo tradicional de educação e oportuniza
aprendizagem para os alunos.
Martins (2007) apontou para a importância de um espaço de escuta do
professor e profissionais que atuam diretamente com alunos com Transtornos
do Espectro Autista com objetivo de refletirem, trocarem angústias e
experiências positivas e negativas para que revejam e reelaborem estratégias
pedagógicas que facilitem o trabalho diário e o tornem menos árduo. A
formação de uma rede de profissionais juntamente com a participação efetiva
da família produz intervenções coerentes e eficazes nesses alunos, pois a
escola deve ser um espaço democrático e aberto para a circulação de
conhecimentos, estudos e informações.
Aguiar (2013) examinou o relacionamento entre professores de escola
comum e doze alunos com autismo de segunda e terceira séries e observou
que, nos casos em que os professores percebiam mais positivamente seu
relacionamento com os alunos com autismo, o índice de problemas de
comportamento dessas crianças foi menor, e elas foram mais socialmente
incluídas na sala de aula. Nesse sentido, a atuação junto ao professor é
fundamental para que a inclusão escolar aconteça de forma satisfatória.
Nessa perspectiva, a escola inclusiva deve se fundamentar num
trabalho pedagógico dinâmico com confiança na capacidade do outro,
46
viabilizando um contexto colaborativo e permitindo a evolução do aluno por
intermédio de mecanismos de individualização do processo educacional.
Requer a recriação da prática pedagógica e a participação ativa e central do
sujeito envolvido.
Silva (2009) aponta a necessidade de orientação aos professores,
pois é a falta de conhecimento a respeito dos transtornos autísticos que os
impede de identificar corretamente as necessidades de seus alunos com
autismo. Na medida em que o sujeito é visto somente sob o ângulo de suas
limitações, a crença na sua educabilidade e possibilidades de desenvolvimento
estará associada à impossibilidade de permanência deste sujeito em espaços
como o ensino comum. Mesmo crianças sem dificuldades de linguagem
evidentes podem também requerer alguns sistemas na potencialidade da
comunicação. Como vimos nos capítulos anteriores que maioria das crianças
autistas apresenta dificuldades de compreensão de linguagem abstrata ou
dificuldade para lidar com seqüências complexas de instruções que necessitam
ser decomposta em unidades menores, para crianças mais jovens, que são
capazes de falar algumas palavras ou emitir sons espontaneamente,
programas de linguagem individualizados são importantes para melhorar a
compreensão e a complexidade da fala. Chamou-se a atenção para a
necessidade de os pais utilizarem estratégias efetivas e consistentes para
encorajar a fala e desenvolver as habilidades imaginativas. Por exemplo, os
pais podem manter os brinquedos e guloseimas longe da criança, mas à sua
vista, utilizando recipientes transparentes, que atraem a atenção da criança. É
importante ter sempre em mente as vantagens de se expor a criança com
autismo à convivência com aquelas sem comprometimento e de aprender com
elas por meio da imitação, mas também não esquecer o risco de que ela seja
vítima de bulling.
O conhecimento de que os comportamentos desafiadores são uma
forma de comunicação também permite que as pessoas respondam melhor a
esses comportamentos, pois elas sabem que eles são evocados devido à
comunicação pobre e, portanto, não são atos deliberados de agressão. Há
47
abordagens que podem auxiliar a reduzir esses comportamentos ensinando a
criança a utilizar meios alternativos de comunicação.
Tais programas não visam eliminar o padrão autístico, os programas
têm como objetivo favorecer o uso da comunicação através das figuras no
ambiente familiar, facilitarem a independência na comunicação e a orientação
de rotinas do ambiente familiar, capacitar os familiares quanto ao uso das
figuras, adaptar o ambiente familiar a fim de estruturá-lo, criar agenda de
atividades, promover alterações nas rotinas. Como mencionado anteriormente,
os estudos sobre programas de ensino, tais como o TEACCH, demonstram a
importância da organização do ambiente, do uso de pistas visuais e o trabalho
com base nas habilidades prévias da criança, em vez de focar na tentativa de
superar os principais déficits do autismo. Ajudando famílias a lidar com o
autismo, este é o alvo básico para o tratamento eficaz de crianças autistas
objetivando sua interação ao meio social.
Por se tratar de um programa altamente estruturado que combina
diferentes materiais visuais para aperfeiçoar a linguagem, o aprendizado e
reduzir comportamentos inapropriados. Áreas e recipientes de cores diferentes
são utilizados para instruir as crianças sobre, por exemplo, o lugar apropriado
para elas estarem em certo momento e qual a correspondente seqüência de
atividades, durante o dia, na escola. Os componentes básicos são adaptados
para servirem às necessidades individuais e ao perfil de desenvolvimento da
criança.
O PECS (Picture Exchange Communication System) é um exemplo de
como uma criança pode exercer um papel ativo utilizando Velcro ou adesivos
para indicar o início, alterações ou final das atividades. Este sistema facilita
tanto a comunicação quanto a compreensão, quando se estabelece a
associação entre a atividade e símbolos.
TEACCH e PECS: além do contexto escolar parece que este uso de
técnicas de manejo mais consistentes, o que, por sua vez, pode estar
relacionado à generalização e à manutenção de habilidades adquiridas. Essas
estratégias auxiliam a minimizar ou evitar problemas comportamentais
subseqüentes, pois as crianças aprendem rapidamente que seus
48
comportamentos podem servir como um meio para controlar o seu ambiente.
Já diminuindo comportamentos que interferem no aprendizado e no acesso às
oportunidades para experiências do cotidiano, é chamar a atenção para os
comportamentos desafiadores, ou seja, as causas subjacentes às alterações
de comportamento e sua relação com os prejuízos de linguagem e
sociabilização. Sintomas obsessivos também ajudam a manter esses
comportamentos. Há autores que apontam que as técnicas de intervenção
devem focar na questão da melhoria nas áreas de desenvolvimento,
principalmente as habilidades sociais e a linguagem, mais do que na
eliminação dos problemas.
Aprender como interagir com crianças da mesma idade é uma tarefa
árdua para crianças autistas. Há alguns estudos que planejaram intervenções
utilizando técnicas de encorajamento constante por parte dos professores até
intervenções mais livres em grupos que envolvem crianças com
desenvolvimento típico.
Diante de tantas evidencias quanto aos problemas surgido com o
diagnostico de autismo fica claro o quão é útil ter suporte, em casa, sobre o
manejo dos problemas comportamentais da criança e, em particular, aqueles
associados às tarefas cotidianas. Atrasos desnecessários no diagnóstico têm
implicações práticas importantes, já que o desenvolvimento de estratégias de
comunicação efetivas, ainda que simples, em um estágio precoce da vida
auxiliam a prevenir o comportamento destrutivo e os melhores resultados do
desenvolvimento são tanto o nível de comunicação quanto as habilidades
cognitivas durante os anos pré-escolares. Desta forma, há razões suficientes
para aumentar os esforços na identificação e intervenção para crianças com
autismo, o mais precocemente possível.
Ainda que o estabelecimento de regras claras para lidar com essas
dificuldades seja útil, saber como fazer amigos, entender os sentimentos e
pensamentos das demais pessoas não são habilidades baseadas em regras
que são aprendidas por meio do ensino. Parece que o treinamento de
habilidades sociais é mais eficaz quando realizado em uma situação
específica, pois cada situação exige uma resposta social diferente. O resultado
49
das intervenções em grupos de habilidades sociais tende a ter efeito mais
limitado, devido às dificuldades da criança em generalizar as habilidades
adquiridas. Em contraste com as preocupações dos pais sobre o perigo de que
os sinais e fotos diminuam a motivação para o desenvolvimento da fala, até
agora não há evidência de que isso possa ocorrer. Pelo contrário, aponta-se
que, ao focar em formas alternativas de comunicação, as crianças podem ser
encorajadas a utilizar a fala. Ao mesmo tempo, encontrou-se que o uso da
sinalização pelas crianças autistas segue o mesmo padrão daquele encontrado
em programas de treinamento verbal, ou seja, os sinais são raramente
utilizados para compartilhar experiências, para expressar sentimentos,
emoções ou para comunicar-se reciprocamente.
A técnica conhecida como “Comunicação facilitada” envolve o uso de
apoio físico para mãos, braços ou pulsos a fim de auxiliar as crianças a utilizar
cartões de comunicação de vários tipos, desta forma melhorando as
habilidades de linguagem. No entanto, há evidências de que as respostas
estão, em sua maioria, sob controle do facilitador, e não da criança.
Dispositivos de comunicação computadorizados têm sido especialmente
projetados para crianças com autismo.
Em geral, o foco está em ativar a alternância dos interlocutores e em
encorajar a interação. Um fator em favor do uso de computadores é que o
material visual é mais bem compreendido e aceito do que o verbal. Estimular o
Desenvolvimento Social e Comunicativo é aqui o principal enfoque, visto que a
crianças com grande déficit em sua habilidade de comunicação verbal podem
requerer alguma forma de comunicação alternativa. A escolha apropriada do
sistema depende das habilidades da criança e do grau de comprometimento.
Sistemas de sinais têm sido amplamente utilizados nesses casos, sistemas
que incorpora símbolos e sinais baseados em figuras parece exigirem menos
habilidades cognitivas, lingüísticas ou de memória, já que as figuras ou fotos
refletem as necessidades e o interesse individuais.
Cabe ao professor ter um olhar sensível para perceber o que de fato
funciona e o que pode auxiliar no processo de aprendizagem dessas crianças,
50
metodologias são apenas algumas indicações de como proceder no ensino de
autistas. Oferecer oportunidades para as crianças observarem ou interagirem
espontaneamente, mesmo que com limitações com outras crianças parece ser
ainda a melhor estratégia. Como foi observado existem vários programas,
métodos e recursos de comunicação alternativa que auxiliam no trabalho com
pessoas que possuem déficits nas habilidades de comunicação. Portanto, o
emprego do PCS tem sido de grande utilidade com nossos alunos.
O uso do PCS não ocorrer de forma padronizada com todos os alunos.
Para o aluno não verbal, esse recurso é como uma ferramenta, uma prótese,
pois, devido a sua maior habilidade de compreensão se dar de forma visual, os
objetos e situações dispostos a partir de símbolos visuais adquirem um
significado mais expressivo.
Um fator de suma importância é a observação constante do educador
para o aluno e seu modo de interagir com os símbolos visuais. Devemos
considerar que nem todos os autistas manifestam boa tolerância para com
esse recurso ou para com as formas citadas de sua utilização. Logo, seu uso
não precisa ser regra padrão, mas deve ser contextualizado individualmente,
objetivando benefícios para essa pessoa.
Temos observado que o uso de símbolos visuais auxilia para o melhor
nível de comunicação receptiva e efetiva do aluno, na compreensão
significativa de estímulos diversos, na redução do estado de ansiedade
manifestado através de ações estereotipadas e ecolalia, na relação e interação
educador-aluno, na realização de atividades, na estimulação verbal, na
diminuição de hiperatividade e no nível de concentração para a realização de
tarefas. Todavia, apesar do uso do PCS, todas as educadoras mantêm um
diálogo constante com seus alunos.
A esses momentos de sucessivas aprendizagens e ao novo sabor
experimentado nesse processo, damos o nome de inovação como resultado
das práticas investigativas. Tal como nos encontramos hoje, fica-nos claro que
a formação do educador não se dá de um dia para o outro. Ela é um processo
contínuo e não acabado que perpetua mesmo após a sua passagem pela vida
acadêmica.
51
Portanto, os conhecimentos que são construídos e internalizados
durante a formação e as práticas reflexivas, o diálogo aberto com os colegas
da mesma profissão ou de outras áreas profissionais, a troca de experiências
vivenciadas, a criatividade, as leituras e estudos complementares, a
transformação consciente de si própria e de suas ações, a sede pelo saber, a
humildade para aprender com todos, o respeito pelo ser humano e o
compromisso com a escolha, função e ação da profissão docente é que
constituem o educador num processo generoso da vida humana, capaz de
modificar-se, provocar modificações no outro, modificar o próprio ambiente e,
assim, modificar as estruturas de um país, juntos descobrimos caminhos,
alternativas de trabalho que implicaram em transformações profundas, tanto na
vida dos alunos com autismo como em nossas próprias vidas.
52
CONCLUSÃO
O universo da educação de um aluno com autismo é, deveras,
complexo para o abordarmos de forma singela. Toda a pessoa que se forma
para assumir a responsabilidade de ser um educador precisa está
comprometido com a causa que faz dele um educador. Porém, o professor que
recebe um aluno com autismo em sua sala de aula necessita exercitar e
preservar algumas características em sua personalidade como parte
indissolúvel de seu compromisso com a educação. Cremos que uma das
características indispensáveis do educador compromissado com a educação é
manter-se com uma postura que o abranja como um todo, isto é, ter uma
filosofia de vida que implique sua maneira de ser e de ver o mundo. Desta
forma, a qualidade do ensino seria melhorada, pois a modificação seria
estrutural e não apenas postural, quando o professor assume seu trabalho
dentro de uma proposta pedagógica, a experiência de aprendizagem do aluno
autista, não se concebe a possibilidade de haver indivíduos estáticos ou
imutáveis. Portanto, esta intervenção a ser realizada pelo educador se
conduzirá de modo intencional nos com transtornos invasivos do
desenvolvimento e sua complexidade, de modo crucial que a sistemas
disfuncionais de alunos com necessidades específicas, atuando em sua
realidade, em um processo de flutuação, para que suas condições de
funcionamento cognitivo sejam estruturadas, potencializando-os em suas
capacidades adaptativas. A não Consonância dá subsídios para que pessoas
com necessidades especiais também sejam trabalhados de forma educativa,
estando sujeitos a serem modificados através da mediação que procurará
converter sua situação de isolamento e maneirismo em interação e equilíbrio,
num processo contínuo de enriquecimento mútuo e fortalecimento do eu,
potencializando suas habilidades específicas através da intervenção
intencional e recíproca. O educador, por sua vez, deve meditar sobre suas
ações já praticadas e, baseando-se nessas experiências já vivenciadas, r
sobre as ações que virá a praticar, sem a imposição de regras
preestabelecidas com ausência de adequação à realidade vigente e sem
53
receitas prontas sobre como trabalhar com o aluno. Consolida o objetivo
proposto de valorizar a prática docente, pois tais critérios proporcionam êxito
nas ações com os alunos através da incitação do educador a matutar sobre
seus atos, sem, ao mesmo tempo, ferir as características individuais de cada
aluno. Para que a prática docente tome consistência, observamos a
necessidade das educadoras comunicarem-se e partilhar suas idéias,
incertezas e experiências com demais colegas. Registra-se, deste modo, o
valor e a relevância das discussões em grupo, para a prática reflexiva na vida
do educador. Notamos que as características inerentes à síndrome do autismo
passam a ser mais bem detectadas, conhecidas e compreendidas pelas
educadoras. Isto prova que, apesar do conhecimento científico adquirido por
meio de leituras, estudos e orientações, a prática docente junto a esse aluno
com autismo, intensificou o grau de conhecimento já possuído, entretanto, não
são apenas esses dois fatos que dão origem ao sucesso no trabalho do
educador. É necessário que teoria e prática caminhem lado a lado, gerada pela
ação reflexiva, pois sua forma de olhar o aluno é transformada e dirigida por
princípios e valores que trarão profundidade em suas ações. Como a vida é,
terminantemente, cheia de surpresas e de haveres, mesmo que o educador se
mantenha dedicado no aprender através de conhecimentos científicos e por
meio de sua prática reflexiva, momentos de incertezas podem surgir, porém,
são essas situações que, às vezes, se apresentam meio emaranhadas, que
edificamos degrau para a superação de si próprio. Contudo, além de um
segmento teórico e prático norteador das ações das educadoras, existe à
vontade e a perseverança de cada um, fica claro que a reflexão na prática
docente e sobre ela é um ato desencadeador de um educador consciente. Ela
permite e provoca o agir e o refletir sobre si mesmo, dialoga com o educador
enquanto pessoa e profissional. Para nós fica claro que, encorajar os
educadores a se tornarem profissionais capacitados, proporcionando liberdade
para exprimirem seus sentimentos, suas idéias, expandirem sua criatividade,
tomarem decisões a partir de seu conhecimento e vivência diária com o aluno
é fundamental para um processo de transformação consistente.
54
BIBLIOGRAFIA
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- Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade do Desenvolvimento do
Pantanal, Campo Grande, 2002.
AGUIAR, C.; CARVALHO, M.; MORAIS, A.; ORSATI, F. Incluindo o aluno com
autismo na classe regular: uma experiência bem sucedida com o método da
comunicação facilitada. Revista Brasileira de Tradução visual. Fonte:
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58
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
AUTISMO E A INCLUSAO NA EDUCACAO INFANTIL 10
CAPÍTULO II
CRIANCAS AUTISTAS 2 A 5 ANOS 25
CAPÍTULO III
A CRIANCA AUTISTA NUMACLASSE REGULAR DE EDUCACAO
INFANTIL 38
CONCLUSÃO 52
BIBLIOGRAFIA 54
ÍNDICE 58