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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO MBA GESTÃO DE PESSOAS
CIÚME E INVEJA NAS ORGANIZAÇÕES
Susana da Silva Nunes
ORIENTADOR:
Prof. Paulo José
Rio de Janeiro-RJ
Fevereiro/ 2018
DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO MBA GESTÃO DE PESSOAS
Apresentação de monografia à AVM como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em (MBA EM GESTÃO DE PESSOAS).
Por: Susana da Silva Nunes.
CIÚME E INVEJA NAS ORGANIZAÇÕES
2
Rio de Janeiro-RJ
Fevereiro/2018
3
AGRADECIMENTOS
3
Agradeço primeiramente a Deus, pois ele é o
mentor de tudo isso e tem me dado forças até
aqui, ao corpo docente da AVM, ao Prof. Paulo
José meu orientador, aos alunos e pessoas que
direta ou indiretamente contribuíram para a
confecção deste trabalho acadêmico.
4
DEDICATÓRIA
4
A minha mãe Mariléia Corrêia e a meu pai Ari
Dias, que tanto colaboraram para a confecção e o
aperfeiçoamento deste trabalho, também a meu
namorado Wellington Firmo pela alegria,
compreensão e leveza que tem trago a minha
vida e a todos os meus familiares e amigos.
5
RESUMO
A inveja e o ciúme dentro das organizações são dois grandes fatores
que levam tanto a disseminação da discórdia e mal-estar entre os
colaboradores, quanto levam a consequências que podem ser catastróficas
para a organização se não for contido e controlado de forma sabia pelos seus
gestores. Por ser um sentimento destrutivo que só traz mazelas para quem
sente e principalmente para quem é invejado, podemos ver no texto que em
meio a este emaranhado de sentimentos titulados como tendo apenas um lado
negativo, percebemos que ele pode se tornar algo positivo se for gerenciado de
forma correta.
Fazer com que o colaborador use este sentimento de forma positiva
para se beneficiar e trazer benefícios para a organização, sem prejudicar assim
os demais colegas de trabalho será um desafio enfrentado pelos líderes,
gestores e administradores das organizações. Tendo assim a necessidade de
gerenciamento da inveja e do ciúme tanto em nível individual como em nível
organizacional, entender os aspectos inconsciente da inveja e do ciúme
permite classificar o fenômeno e facilitar o diagnóstico e a prevenção para que
assim estes sentimentos sejam controlados e gerenciados.
Palavras-chave: organizações, ciúme, inveja, gestores, gerenciamento e pessoas.
5
6
METODOLOGIA
Esta pesquisa procurou analisar o sentimento de inveja e ciúmes
dentro das organizações, e o quanto estes sentimentos podem trazer
benefícios e malefícios dependendo de como for conduzido pelos seus
gestores.
O trabalho será desenvolvido através de pesquisas realizadas sobre
o tema em sites, leitura de artigos divulgados na internet, e algumas
bibliografias como de Patrícia A. Tomei. A Inveja nas Organizações (1994).
6
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O ciúme e a inveja nas organizações. 09
CAPÍTULO II
Inveja, sentimento construtivo? 18
CAPÍTULO III
Inveja e ciúme: comportamentos esquecidos dentro das organizações 24
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 40
WEBGRAFIA 41
ÍNDICE 43
7
8
INTRODUÇÃO
[CIÚME]
1. Receio ou despeito de certos afetos alheios não serem
exclusivamente para nós.
2. Inveja.
3. Receio.
O trabalho tratará de alguns pontos que retratam este tema dentro
das organizações, mostraremos alguns fatores que propiciam o surgimento
deste, como este sentimento dentro de um colaborador pode prejudicar a
organização direta ou indiretamente. Hoje o ciúme e a inveja surgem tanto em
organizações de pequeno, médio e grande porte. Entendemos que este
sentimento tenha sido atenuado devido à competitividade que impera no
mercado atual.
Porém essa realidade do comportamento humano é pouco discutida
no ambiente de trabalho, entendemos que o tipo ciumento e invejoso são
presenças impossíveis de se apagar dentro das organizações. Embora seja
difícil de admitir a inveja e o ciúme são sentimentos reais dentro das pessoas
que pertencem uma organização.
O objetivo é coletarmos informações e com isso fazermos uma
analise de como usar estes sentimentos que são inerentes a algumas pessoas
a favor das organizações, e abordarmos alguns aspectos relevantes que possa
contribuir com administradores e gestores que queiram ter conhecimento desse
fenômeno para o gerenciamento de pessoas e grupos dentro do sistema
organizacional.
9
CAPÍTULO I
O ciúme e a inveja nas organizações.
O ciúme e a inveja são sentimentos inerentes a humanidade desde
antiguidade em uma passagem bíblica pode ver isso claramente quando Caim
movido por um sentimento de ciúme e inveja veio a assassinar seu irmão Abel,
segundo as escrituras sagradas houve o primeiro homicídio da história e isso
se deu devido à inveja que um irmão tinha pelo outro devido ao seu irmão ter
tido a sua oferta aceita ao passo que ele não.
“... E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe
do fruto da terra uma oferta ao senhor. E Abel também trouxe
dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e
atentou o senhor para Abel e sua oferta. Mas para Caim e sua
oferta não se atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe
o semblante. E o senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por
que descaiu seu semblante? Se bem fizeres, não é certo que
serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e
sobre ti será o seu desejo, mas cumpre a ti dominar. E falou
Caim com seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no
campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou”.
10
1.1. O que é ciúme e inveja nas organizações?
A inveja e o ciúme são sentimentos que estão presentes na vida de
alguns seres humanos para não dizermos a quase todos, isso se da devido a
acharmos que o outro sempre tem a vida melhor ou mais atrativa e próspera
que a nossa, e isso não acontece somente entre vizinhos, parentes ou amigos,
se faz presente também no mundo corporativo onde a disputa por poder e a
concorrência de egos se aflora com muito mais intensidade, a inveja e o ciúme
são sentimentos muito próximos.
“Inveja é o desejo de possuir um bem que pertence
ao outro. É um sentimento de inferioridade e de desgosto
diante da felicidade do outro. É um sentimento de cobiça da
riqueza, do brilho e da prosperidade alheia. A inveja é o desejo
constante que algumas pessoas sentem ao almejar a todo
custo as conquistas da vida alheia, é desejar o que o outro
possui ou realiza. A inveja está intimamente ligada ao ciúme,
no momento que produz desgosto ou tormento ao individuo que
almeja possuir algo que pertence a outro indivíduo”.
“Invejar vem do latim (invidere) e significa não ver.
Trata-se, portanto de uma negação da visão da Bondade,
Beleza e Verdade. Negamos o que é bom para nós e do que
dependemos para sermos felizes e nos realizarmos. Devido à
inveja, negamos as virtudes e qualidades dos outros, o que
reverte em nosso próprio prejuízo. Quando negamos nossas
agressões e erros, criando mais obstáculos com os quais
procuramos brecar o desenvolvimento. ” (CHAMADOIRA, L. C.
Netto. [Et al.] A Educação Integral pela Trilogia Analítica)
Podemos perceber através dos conceitos apresentados que a inveja e o ciúme
além de estarem intimamente interligados, ainda causam um desequilíbrio
emocional entre um individuo e outro quando entramos em um processo
11
comparativo. Quando sentimos inveja vivenciamos um sentimento de tristeza,
angustia e frustração em relação a vida do outro, pois faz com que a gente se
sinta menor e incapaz de conquistarmos as mesmas coisas, por não
possuirmos o que o outro possui ou não sermos como o outro é.
A inveja é um dos “Sete pecados capitais” segundo a tradição católica, ela é
considerada um dos sete pecados capitais pois faz com que a pessoa ignore
suas próprias bênçãos, superfaturando o status de outra pessoa no lugar do
próprio crescimento espiritual.
Desde pequenos ouvimos dizer que quando estamos para fazer algo não
devemos falar para ninguém, pois isso desperta a inveja das outras pessoas
que por não poderem conquistar as mesmas coisas acabam transmitindo
vibrações negativas impedindo assim dos nossos planos se tornarem
realidade. No livro “A inveja nas organizações”, Tomei cita alguns provérbios
que associam a inveja a crendices e superstições, como por exemplo, estes:
“...a expressão búlgara que diz que “os ovos do
vizinho têm sempre duas gemas” ou o provérbio dinamarquês:
“se a inveja fosse febre, o mundo inteiro estaria doente”, ou a
utilização do termo “real inveja sueca” como encorajamento
para não sair da linha e não provocar gestos vingativos ”.
(Tomei, Patrícia A. A Inveja nas Organizações – 1994)
Não raramente o sentimento de ciúme e inveja nasce não só pelo simples
desejo de possuir o que a outra pessoa tem, mas também pela necessidade de
ter o mesmo prazer que se imagina que o outro tenha, é o desejo de alcançar o
mesmo nível de felicidade que o outro conseguiu atingir.
Todos os seres humanos sofrem ou já sofreram de inveja ou ciúme. A maioria
das pessoas não assume estes sentimentos por considerá-los sentimentos
ruins que podem causar prejuízos aos outros como a si próprio que nutre este
sentimento. Os invejosos têm vergonha de assumir a inveja porque invejar
alguém significa o mesmo que assumir o seu fracasso, a sua incapacidade de
possuir o que outro conquistou por méritos próprios. E como as pessoas em
12
geral não assumem os seus fracassos, acabam também por não assumir a sua
inveja.
Essa dificuldade de assumir a existência da inveja e do ciúme na sociedade
acabou reprimindo o conceito destes sentimentos nas ciências sociais, o que é
ruim por ela exercer um papel de suma importância na sociedade como
podemos ver na citação a seguir o sociólogo Helmut Schoeck:
“... argumentou que o conceito de inveja foi muito
reprimido nas Ciências Sociais e na filosofia moral desde o
começo deste século, provavelmente pela dificuldade de
admitir sua existência nas sociedades. Segundo a tese de
Schoeck, a inveja exerce um papel muito importante em todas
as sociedades, já que podemos observar crimes ocorridos
devido à inveja, políticas baseadas em inveja, instituições
designadas para regulamentar a inveja e argumentos fortes no
sentido de motivar os indivíduos a fazer o possível e o
impossível para evitar ser invejados. ”
Melanie Klein considerou a inveja como um conceito central em sua teoria
psicanalítica, em seus trabalhos Klein distingue muito bem-estes três
sentimentos inveja, voracidade e ciúme, considerando a inveja o mais maléfico
dentre eles.
A Inveja segundo ela é “...o sentimento de ira por
outra pessoa possuir ou usufruir de algo desejável, sendo o
impulso invejoso de retirá-lo ou estragá-lo”.
A voracidade, segundo ela, é: “...uma ânsia
impetuosa e insaciável, que excede o que o sujeito necessita e
o que o objeto tem vontade e capacidade de dar... seu
propósito é a introjeção destrutiva”
E o ciúme, segundo Klein, é saciável enquanto que a inveja não:
“À atitude geral para com o ciúme difere da que se
tem para com a inveja. Dir-se-ia que a pessoa muito invejosa é
13
insaciável, que nunca pode ser satisfeita porque sua inveja se
origina de dentro...”
Poucos são os que tomam atitudes concretas contra a inveja, na
maioria das vezes isso acaba se resumindo apenas em uma intenção, não
dando assim a importância que isto deveria ter. Ainda assim a preocupação
maior esta naqueles que externam o sentimento de inveja que sentem pelo
outro.
Dentro de uma organização sabemos como tais sentimentos podem
ser prejudiciais, como por exemplo, quando uma pessoa resolve sabotar ou se
vingar da outra por ciúme e inveja, por simplesmente não ter o mesmo cargo
que a outra pessoa tem, ou por não ganhar o que a outra ganha. Dessa forma
a organização se prejudica porque ela passa a ter menor rendimento de seus
funcionários, começa a haver muita intriga e o mal-estar toma conta do
ambiente de trabalho, e assim, o trabalho rende menos.
“Quando um dos meus amigos tem sucesso,
alguma coisa em mim se apaga” (Gore Vidal).
A inveja é um sentimento que esta ligada a ambição e com isso surge a partir
Da comparação, a inveja esta também esta relacionada com a escassez com a
falta de condições básicas para a sobrevivência, a necessidade de status
através dos bens e as virtudes humanas são fatores que geram inveja, ao
percebemos que os bens e qualidades estão na posse do outro ao invés da
nossa. O sentimento de inveja e ciúme não está somente ligado a escassez
mas também com a injustiça isso acontece porque o conceito de justiça é
diverso entre os indivíduos, o que gera um caráter moral de ressentimento
sobre condições de desigualdade entre os indivíduos. Esse ressentimento
moral se transforma em inveja na maneira em que as pessoas ficam
ressentidas de ter menos que os outros. Todas as manifestações invejosas
partem da percepção visual, quando se descobre que a outra pessoa tem
alguma coisa desejada intensamente. A inveja e o ciúme entram pelos olhos e
uma vez dentro da pessoa faz com que ela tenha sentimentos ruins e a excita a
destruir a quem a despertou tais sentimentos. A inveja e o ciúme são
14
sentimentos universais, porem só em algumas pessoas tais sentimentos se
transformam em algo agressivo e perigoso fazendo com que o sentimento seja
levado a ação. Não temos o poder de evitar que as pessoas invejem umas as
outras, pois seria uma intervenção contra a condição humana, o que podemos
fazer é operar com aquela pequena parcela de indivíduos em que estes
sentimentos se transformam em ações capazes de prejudicar outras pessoas,
que mesmo inocentes, são culpadas de despertar essas emoções malignas no
invejoso.
1.1.2 Classificações de alguns dos sentimentos de
inveja.
Segundo teste das realizações objetivas (TRO) de Herbert Phillipson
(1981, apud ROSA, 1995) ele classifica a que classe de inveja (perversa,
neurótica e sublimada) pertence os 27 gerentes e 106 supervisores das áreas
têxtil, metalúrgica e de transporte. Nesta pesquisa foi observado que o pior
sentimento ocorre nos menos experientes. Sem veemência de argumentar
psicologicamente as três séries, apenas oferece um embasamento sobre o
assunto. Pimentel (2011) aponta o sentimento de inveja perversa como:
“... o atingir o objetivo de uma parte é mais
relevante que os objetivos de outra parte, ignorando os
interesses da parte oponente. Assim uma das partes tenta
satisfazer os seus interesses sacrificando a outra”.
Observamos que nesta situação é complicado encontrar uma
solução, pois não existe flexibilidade, é um conflito onde um todo perde mesmo
uma parte ganhando, pois este individuo pode causar um prejuízo enorme na
organização em benefício próprio. Já a inveja neurótica, Pimentel (2011).
“... dilucida quando uma das partes consegue o que
quer através da outra. As estratégias ganha-perde não
consideram as causas básicas do conflito e tendem a suprir a
vontade de pelo menos apenas uma das partes”.
15
Em relação a estas pessoas podemos dizer que sentem inveja e
sofrem com isso, sem fazer nada para mudar suas atitudes, mas que não são
necessariamente pessoas más. Diríamos que ele é a principal vítima da sua
inveja. Normalmente são deprimidos, amargos e ansiosos. São facilmente
identificáveis dentro de qualquer empresa.
A inveja sublimada gera conflitos ganha-ganha segundo PIMENTEL
(2011):
”este conflito manifesta quando as partes
envolvidas desejam satisfazer totalmente os interesses de
todas as partes, este estilo revela uma grande preocupação
com os interesses próprios e dos outros, bem como abertura,
troca de informações e análise das diferenças de modo a
atingir uma solução efetiva e aceite por todas as partes
envolvidas. Este sentimento desejado pelos especialistas em
gestão de pessoas e ideal para as organizações”.
Pois este tipo de pessoa sente a inveja mas consegue superar este
sentimento utilizando-o para o seu próprio crescimento. Tais indivíduos
admitem as qualidades do seu objeto de inveja e buscam se superar para
alcançar os seus próprios objetivos.
1.1.3 Fatores que podem induzir a inveja e ciúmes no
ambiente organizacional.
“A presença de lideranças que representem papéis
de heróis ou até de mitos podem induzir a inveja nas
organizações. A existência de mitos ou heróis nas
organizações já levam à um modelo de organização
centralizado se opondo à uma gestão eficaz. Com isso o líder
passa a ser uma figura quase mítica e que propicia atitudes
invejosas. ”
O mais comum dentro das organizações é a manifestação da inveja
e ciúmes dentro das relações interpessoais que vão se estabelecendo com o
16
poder formal, que vão se formando dentro da empresa através de grupos de
trabalho, equipes dentro da empresa, enfim através do convívio diário entre os
trabalhadores. A inveja e o ciúme se dão principalmente entre a comparação
que fazemos de nós mesmos em relação ao outro, dessa maneira ela pode
surgir também nas organizações. A partir do momento que começamos a nos
comparar com os nossos colegas de trabalho, com os nossos chefes e
percebemos que a outra pessoa tem o salário maior que o seu, ou é mais
querida pelos outros colegas do que você, ou que o trabalho do outro é mais
reconhecido do que o seu, surge então os sentimentos de inveja e ciúme.
Quando este sentimento começa a tomar conta dos trabalhadores eles
conseqüentemente começam a render menos dentro da organização e acabam
por prejudicá-la, isso sem se falar quando os trabalhadores começam a
sonegar informações causando danos aos outros e ao trabalho em si.
Algumas empresas se utilizam de métodos de motivação, mas que
acabam não atingindo seus objetivos e sim aguçando a inveja e ciúme dentro
de seus trabalhadores. Por exemplo, quando a empresa resolve premiar um
trabalhador por atingir meta de produção, os funcionários que conseguem
atingir a meta se tornam vitimas de inveja e ciúmes dos outros funcionários que
não conseguiram atingir e ganhar o prêmio e esses acaba se desmotivando e
se sentido inferior aos outros, esse mesmo tipo de sentimento acontece com
aquele colaborador que atingiu em um mês a meta e no outro não consegue,
ele acaba por invejar aquele que conseguiu bater a meta por meses
consecutivos e acaba por se sentir inferior, contaminando assim os outros
trabalhadores e prejudicando com isso as organizações lhe causando sérios
prejuízos. Fazendo com que aquilo que era para ser um método de motivação
para os colaboradores se torne um transtorno para a mesma.
1.1.3 Como a inveja e o ciúme podem prejudicar uma
organização?
Normalmente as pessoas costumam a apresentar mecanismos de
defesa em relação a estes sentimentos dentro das organizações, mecanismos
estes que podem prejudicar a organização em si, essas atitudes se não forem
17
discutidas, analisadas e tratadas podem vir a comprometer o ambiente de
trabalho. A inveja e o ciúme são fontes geradoras de conflitos,
desentendimentos e desavenças. O surgimento destes sentimentos dentro das
equipes de trabalho pode ser uma “assassina” de boas equipes, pois gera
desconfiança entre os trabalhadores e até mesmo sabotagens. Em alguns
casos extremos o estrago pode ser grande. Quando as pessoas estão
envolvidas por estes sentimentos elas não estão trabalhando e pensando no
que é bom para si e para a empresa, com isso há quem arquive um bom
projeto só para impedir que alguém brilhe por ter boas idéias e iniciativas, sem
falar na perda de profissionais talentosos, que, em geral não duram em
ambientes contaminados por estes tipos de sentimentos. E os prejuízos não
param por aí, quem sente inveja e ciúme pode se tornar uma pessoa amarga
no trabalho. A carreira acaba passando para segundo plano, a produtividade
cai, a boa ideia desaparece a ansiedade e a angustia tomam conta da cabeça
e do coração do individuo, deixando ele assim completamente desmotivados
em relação ao trabalho e atrapalhando sua produtividade dentro da empresa,
fazendo assim com que a carreira do invejoso e ciumento vá para o “brejo”. E
por culpara dele mesmo. Em contrapartida aquele que é invejado, por sua vez
pode ser vitima de sabotagens e não raro acaba “entrando em crise”. Ou seja,
invejar ou ser invejado é uma pedra no caminho.
18
CAPÍTULO II
Inveja, sentimento construtivo?
A inveja pode se tornar um sentimento construtivo, no momento em
que o individuo ao olhar para os bens, qualidade ou posses de outra pessoa ou
grupo desperta na pessoa o desejo de adquirir o mesmo para si por meio de
esforço e mérito próprio. Essa identificação com a conquista de seu
semelhante desperta no individuo a chamada “face oculta da competitividade”,
isto é, o desejo de excelência em relação aos outros, de provar aos outros e a
nós mesmos que também somos capazes. Em uma sociedade de bases
amplas e justas, a percepção das singularidades sociais estimula a competição
para obtenção do que se almeja, porém este estimula para se chegar onde se
deseja só deve ser encorajado se ele ocorrer de forma sem violência, de forma
ético-moral e não perturbadora da ordem social.
A inveja construtiva acontece quando a direção do sentimento não
se orienta mais como um pecado e sim como uma atitude individualista que é a
ambição. A manifestação deste sentimento faz com que o invejado seja um
modelo a se admirar se torne o “espelho” daquele que o inveja, diferentemente
da inveja destrutiva que deseja o mal do invejado mesmo que nada ganhe com
isso.
19
2.1. Inveja construtiva.
Existem algumas perguntas que devemos analisar em relação aos sentimentos
de inveja e ciúmes que rodeiam as organizações, será que este sentimento
está dentro da gente em relação ao sucesso do outro? Ou despertamos este
sentimento em outras pessoas com o nosso sucesso? Mediante a estes
questionamentos se formos responder de forma sincera a resposta será sim,
independente do lado que estejamos de invejoso ou invejado. Todos sentimos
inveja ou ciúmes em algum momento de nossas vidas, porém sofrer com este
problema não nos leva a nada, mas encará-lo pode sim trazer bons resultados.
De acordo com o artigo “Toque de motivação” de Rita Alonso, o Consultor
Pedro Mandelli a inveja e o ciúme são sentimentos baratos,
“Sentir inveja gera três trabalhos: sentir, abandonar
e buscar a reeducação para receber os mesmos benefícios que
o outro”
De acordo com o artigo ‘”Toque de motivação” os motivos que
levam um funcionário a sentir ciúme do outro dentro da organização são
muitos, um deles é a política de premiação, muitos dos colaboradores
reclamam do critério de promoção usado pelo chefe, de acordo com eles em
pesquisa realizada no “Guia EXAME As 100 Melhores Empresas para Você
Trabalhar” essa é a queixa mais freqüente entre os colaboradores, o artigo
também orienta aos gestores que a melhor forma de se evitar a inveja nas
organizações é criar regras claras de promoção e segui-las a risca. O artigo
nos mostra que de acordo com o livro de Tomei “Inveja nas organizações”
existem formas de se gerenciar a inveja e o ciúme dentro das organizações
como:
“Incentivar a cooperação entre equipes, ao invés de
estimular o individualismo, criar uma estrutura de gestão
participativa. As estruturas fechadas e os modelos autoritários
de gestão dão margem à inveja, promover de acordo com o
mérito e o potencial de cada um. A politicagem é uma das
20
principais reclamações sobre os chefes no Guia Exame,
Combater as mentiras e os boatos com um sistema de
informação competente. ”
Infelizmente muitos ambientes competitivos acabam criando um
terreno fértil para a proliferação da inveja e do ciúme e na hora de combatê-las
infelizmente nem todas as empresas têm as políticas citadas acima. Existem
atitudes que podem tornar a inveja algo positivo na vida de quem possui tal
sentimento, porém não gostaria de senti-lo, uma das formas é, procurar no
outro as boas competências que podem ajudar você a ser cada vez melhor,
entendemos que o segredo está em transformar a “Inveja negativa” em “Inveja
positiva”. O ideal é fazer um ‘benchmark’ do outro, usando-o como trampolim
para a sua renovação individual, diz Chiavenato.
“É um pouco a ideia freudiana de racionalização. Se
a pessoa entender que está com inveja e conseguir tratar o
invejado como um marco, o problema estará praticamente
resolvido. ”
O artigo nos relata um exemplo de alguém que usou a inveja de forma
positiva para evoluir profissionalmente,
“...Voltemos a Florença, no ano de 1504. Naquela
época, dois artistas disputavam a atenção de todos os italianos:
o jovem Michelangelo Buonarroti, 29 anos, e Leonardo Da
Vinci, 51. Ambos alimentavam uma rivalidade enorme.
Michelangelo sempre discordava de quem considerava
Leonardo um gênio. Esse, por sua vez, não perdia uma
oportunidade de criticar Michelangelo por pintar apenas figuras
hercúleas. Relatos dão conta que durante um encontro, os dois
chegaram a discutir em praça pública. Historiadores juram que,
na verdade, Michelangelo nutria uma certa inveja pelas obras
de Leonardo. No entanto, fez disso algo positivo. Num canto de
seu ateliê, ele estudava algumas inovações técnicas como o
jogo de sombra e luz, inventadas por Da Vinci. Ou seja, uma
inveja positiva que instigou Michelangelo o suficiente para
21
construir uma carreira cujo currículo inclui obras-primas como a
Última Pietà e a Capela Sistina”.
Seguindo o exemplo relatado acima o mesmo pode ser feito e incentivado
pelos gestores dentro das organizações, para que tal sentimento ao invés de
destruir um ambiente de trabalho cause o efeito reverso, levando seus
colaboradores a não invejar de maneira negativa, mas espelhar no outro o
sucesso, de maneira que torne a inveja saudável para a carreira do
empregado.
2.2.2 Momento em que a inveja negativa se torna um
sentimento positivo.
Na maioria dos ditos populares ouviremos dizer que a inveja é algo maligno e
desprezível, sentimento destrutivo que só trás mazelas para quem sente e
principalmente para quem é invejado, mas em que momento a inveja se torna
algo positivo? Qual a diferença entre inveja positiva e inveja negativa?
Veremos isto a seguir. Segundo o artigo escrito por Raul Candeloro estudos
recentes mostram que na verdade, existem dois tipos de inveja:
“...A inveja positiva chamada de ‘benigna’ pelos
estudiosos, onde eu vejo alguém em situação melhor do que a
minha e me sinto estimulado por isso. A inveja negativa (ou
maligna) … Essa é uma ‘m’ mesmo. Por dois principais
motivos: A inveja negativa desmotiva as pessoas. A inveja
negativa distorce o foco da pessoa (ao invés de pensar “como
posso melhorar e o que eu tenho que fazer para alcançar o
sucesso”, o foco passa a ser na raiva do outro/a e na pena de
si mesmo/a). Interessante notar aqui que é você quem escolhe
a conversa que vai ter consigo mesmo…”
A inveja tem uma grande função chamar a atenção para a pessoa mesmo do
que é realmente importante, normalmente não se sente inveja daquilo que não
se quer, a inveja e o ciúme só surgem em situações importantes para você, é
22
como um radar ligado que começa a apitar quando surge algo do seu
interesse. Mediante a esta situação a recomendação em relação a inveja e o
ciúme segundo a publicação é que:
“.... Aceite a inveja. A inveja é um radar que indica
para você mesmo o que é importante na sua vida. Aprenda
com a inveja – ela está tentando lhe dizer algo. Converse com
a inveja. Essa conversa pessoal com a inveja precisa ser uma
conversa adulta, positiva, direcionada, e não uma conversa
infantil. Foco no que você quer e como vai conseguir e não em
ressentimentos do que você não tem ou nas dificuldades.
Transforme a inveja imediatamente em energia benigna. Fique
feliz com o sucesso dos outros e use isso como referência
positiva e como combustível motivador para seu próprio
aprimoramento”.
Através destes relatos mencionados podemos perceber que a inveja
e o ciúme podem sim ser usados de forma positiva, dentro de uma organização
e na vida pessoal de um colaborador, desde o momento em que ele saiba usar
isso ao seu favor de forma positiva, sem prejudicar aos demais colegas de
trabalho, que por méritos próprios tem conseguido obter mais êxito dentro da
organização, mas se sinta com estes exemplos o desejo de dar o seu melhor e
buscar motivação positiva através destes sentimentos que para a maioria das
pessoas só possui lado negativo.
2.2.3. Causas e consequências para a carreira.
A inveja e o ciúme podem ser um fator motivador ou desmotivador dentro da
organização se os gestores não conhecerem seus colaboradores, partindo do
principio que a motivação é algo pessoal, intima, interna, sentida e percebida
por poucos. Como estes sentimentos se encontram no âmbito sentimental o
trabalho em equipe pode se transformar em um verdadeiro desastre, se
tornando um jogo de vaidades com resultados contraditórios. Ao mesmo tempo
em que alguns trabalhadores se sentem motivados pelo sucesso, o poder, o
grau de conhecimento de alguns membros do grupo, outros se sentem
23
humilhados, prejudicados, gerando um clima tenso, de revolta e um desejo
constante em eliminar o outro ponto de referência de sucesso.
Nenhum sentimento por si é bom ou ruim, tudo sempre dependera da forma
que ele será administrado. É preciso perceber a diferença entre inveja
destrutiva onde a única preocupação é maldizer o sucesso alheio, já a inveja
positiva pode nos tirar do comodismo e nos impulsionar a uma competição
saudável para enfrentar os desafios que surgirão de forma natural ao longo da
carreira profissional de cada colaborador. Segundo o artigo Comunidade ADM,
podemos perceber que:
“...Conflitos pessoais e interpessoais acontecerão
quando há divergência de interesses, a inveja negativa ou
positiva, as diferenças de cultura, de valores, crenças e os
princípios éticos passam a ser latentes na organização. Os
gestores devem se fortalecer no histórico das pessoas
envolvidas, identificarem a forma de trabalho - se em grupo ou
em equipe - ter tato, conhecer as características de cada um,
pois estará lidando com pessoas, com diversidade cultural.
Cada pessoa tem um tipo de comportamento diferente
aumentando ainda mais o conflito...”.
Porém o gestor ou mediador por sua vez deve procurar detectar o grau de
complexibiblidade deste conflito e procurar, quando for possível, isolá-lo para
que possa ganhar tempo para implantar um plano de ação a fim de conquistar
o controle da situação e não a sua extinção. Com o mercado de traballho cada
vez mais competitivo e com o avanço tecnológico, culturais e novos conceitos
de sucesso profissionais e pessoais, cabe a cada gestor conhecer ao máximo
os fatores itpactantes da motivação ou desmotivação dos membros que integra
o seu grupo e trabalhar o ego e a vaidade de cada um, buscando assim extrais
de cada um o beneficio e não os maleficios que este sentimento pode trazer
para dentro da equipe e da organização.
24
CAPÍTULO III
Inveja e ciúme: comportamentos esquecidos dentro
das organizações.
A inveja e o ciúme são sentimentos perturbadores e esquecidos
dentro das organizações, são sentimentos esquecidos dentro do ambiente
organizacional, sabemos que não há como negar estes sentimentos nas
relações humanas, e principalmente no ambiente de trabalho, mesmo sendo
um sentimento que pode arruinar relacionamentos, projetos de vida e até
grandes empresas. Estes sentimentos apesar de fazer parte de nosso cotidiano
ainda carregam em si um grande tabu, raramente discutido no âmbito
empresarial embora seja possível gerencia - lá. Hoje, as mais contraditórias
filosofias de vida estão presentes em um mesmo ambiente social. Em primeiro
lugar aparece a religião do amor e da fraternidade universal, primordialmente
inspirada pela tradição cristã, como padrão de medida para nossas atividades.
Depois vemos as filosofias do iluminismo e do liberalismo, com destaque para
a liberdade e a personalidade e para a valorização dada para a riqueza, a
segurança, ao contentamento, a tolerância e a filantropia como meios para
alcançá-las. A seguir vemos o desafio dos socialistas que classificam a
igualdade, a justiça social, a segurança básica e uma ordem social planificada
como as metas capitais de nossa era. De acordo com o que diz Mannheim
(1961)
“A ampliação dos meios de comunicação e a
mobilidade social, os valores de diferentes áreas são
mesclados no mesmo caminho. Quando a sociedade era mais
homogênea, as autoridades religiosas e políticas ou bem
concordavam em muitos pontos ou havia um conflito violento
para definir as esferas respectivas”.
As gerencias organizacionais precisam ser responsáveis pelas
funções de medições, assimilações e padronização dos valores. Segundo a
concepção Kleiniana, embora a inveja seja uma emoção tão comum, é muito
dolorosa e a maior arte das pessoas fará qualquer coisa para evitar
25
consciência dela e, em particular, para evitar sentir-se plenamente responsável
por ela.
O sociólogo Helmuth Schoeck, apud Tomei (1994), conceituou a
inveja como:
“Uma força que se situa no coração do homem
como ser social e que se manifesta assim que dois indivíduos
estão em condições de estabelecer uma comparação
recíproca”.
O autor esclarece que a inveja possui um papel importante nas
relações sociais e que é um tema muito reprimido, pois não se encontram, de
maneira freqüente, artigos ou discussões maiores sobre o papel que ela possui
nas organizações. Embora seja um fenômeno que aparece na literatura, ainda
não se obteve sobre ele um fórum de discussão mais profunda. E, para abri r o
entendimento desse fenômeno da natureza humana, pode-se citar a
consideração de Kant, apud Tomei (1994), sobre o tema:
“A pulsão da inveja é inerente à natureza humana.
Sua manifestação torna-se um vício abominável, uma paixão
não somente condenável e dolorosa para a pessoa que a
experimenta, mas uma energia devotada inteiramente à
destruição da bondade dos outros, uma força oposta ao dever
que o homem deve assumir para consigo e com os outros”.
O sentimento de inveja aparece no comportamento das pessoas,
sendo possível entender um pouco mais desse fenômeno quando se busca a
ajuda da teoria psicanalítica para interpretá-lo. Tomei (1994) classifica da
seguinte forma as reações de inveja: desvalorização, negação e bajulação,
projeção, idealização e retirada. Veremos como estas reações podem se tornar
prejudiciais para as organizações e seus efeitos negativos na vida de quem
carrega este sentimento.
26
3.1. As reações da inveja.
A inveja e o ciúme vêm imbuídos de algumas reações que são
classificadas como: desvalorização, negação e bajulação, projeção, idealização
e retirada. De acordo com o artigo de Nelson Germano Beck ele classifica de
forma clara cada uma destas reações.
“Desvalorização é a depreciação das boas
qualidades do objeto, o que provocará menos admiração e
dependência. Nessa forma de comportamento, a pessoa é
movida pelo desejo de vingança. Para provar que o seu
comportamento é melhor que o de outrem, a do invejado, a
pessoa passa a usar de atitudes manifestas de maledicências,
de fofocas, de críticas negativas e humilhação para fazer
aflorar o seu sentimento de inveja e, assim, desvalorizar o
sucesso do outro. Esse desejo de vingança é manifestado de
forma agressiva através de comportamentos subversivos e
indiretos, onde a ação fica inibida. Nesse caso, o invejoso
desempenha, na maioria das vezes, o papel de vítima, pois a
atitude de sofrimento se torna uma maneira inconsciente de
provocar no outro um sentimento de culpa pelo sucesso obtido,
negação e bajulação são a dificuldade de aceitar
conscientemente o sentimento de inveja. A pessoa nega a
inveja e, para camuflar esse sentimento, passa a utilizar a
bajulação como mecanismo de justificativa para as suas
atitudes, que podem ser traduzidas como típicas de pessoas
conhecidas na organização como puxa-saco. Elas usam a
forma de agradar a pessoa que invejam, elogiando-a na frente,
mas, na ausência dessas, criticando-as e depreciando-as,
projeção é o tipo de indivíduo que se percebe como uma
pessoa não invejosa, ou seja, somente as outras pessoas que
o cercam são pessoas que possuem o sentimento da inveja.
Dessa forma, procura colocar a inveja nas costas de seus
colegas, pois se considera uma pessoa isenta, na idealização o
indivíduo procura colocar o objeto invejado fora do seu alcance.
A pessoa pode usar esse mecanismo para fazer frente à inveja
27
como uma das formas de idealizar pessoas, grupos ou
organizações. Essa forma de comportamento se encontra nos
administradores quando idealizam os seus superiores, criam os
chefes super-homens, como Chanlat (l992), refere: “estes
elogios excessivos e esta admiração desmedida para com os
seus superiores podem conceber-se como véus transparentes,
tentando mascarar sentimentos de inveja”. O autor comenta
que os observadores atentos à vida organizacional sabem que
esse superchefe possui pés de argila. É preciso muito pouco
para que o invejoso que agora idealiza o seu chefe passe o
pêndulo em direção contrária, difamando-o então, a retirada
caracteriza o indivíduo que se sente incapaz de tolerar o
sentimento de inveja, que nem tenta entrar em competição,
mas procura desvalorizar-se a si mesmo. É conhecida como
síndrome do medo de sucesso para não causar inveja. Esse
tipo possui presença nas organizações que Chanlat (1992)
define como mendigos, ou seja, pessoas que sempre se
encontram em situações infelizes, assim representadas por
aqueles que estão em conflito com seus superiores, os que
deixam a tarefa para a última hora e se queixam que não
tiveram tempo, ou produzem uma tarefa de forma negligente.
São pessoas que criam situações de vida depressiva como
forma de defesa contra o sucesso, pois temem que o sucesso
provoque a inveja nos outros”.
Para que possamos deixar um pouco mais claro o conceito de inveja, temos
que aprender a diferenciá-lo do conceito de ciúme. De açor do Tomei (1994) o
ciúme é:
“Considerado primo-irmão da inveja, por serem
sentimento da mesma família - relacionados à perda ou à
ameaça de perda - é uma situação que envolve três pessoas,
na qual a terceira pessoa retira, ou lhe é dado ‘o bom’ que por
direito pertence ao indivíduo ciumento. ” Já para Chanlat
(1992),
28
“O termo inveja se aplica quando se trata de uma
relação interpessoal entre dois atores, ao passo que o termo
ciúme é utilizado naqueles casos de uma relação a três. Em
suma, a inveja ocorre entre duas pessoas ou entre uma pessoa
e o objeto cobiçado. ”
Desta forma o autor do artigo Nelson Germano Beck define da seguinte forma
a diferenciação destes dois sentimentos
“De maneira mais simples, é possível dizer que a
pessoa invejosa tenta estragar ou destruir o objeto desejado,
enquanto que a pessoa ciumenta apresenta mais uma reação
de conservação, uma reação de proteção. Talvez, por isso, o
ciumento seja mais aceito socialmente que o tipo invejoso, pois
essa procura prejudica as pessoas que convivem com ele,
enquanto que aquele procura proteger os que estão próximos
dele. Assim, percebe-se que é duro admitir a presença da
inveja entre as pessoas que trabalham no mesmo local de
trabalho e, de certa forma, competem entre si, pois a
organização torna-se um local fértil para que o sentimento da
inveja se estabeleça nas relações de trabalho. É difícil admitir a
inveja, por ser considerada pelos autores como um sentimento
vergonhoso, enquanto que o ciúme é um sentimento mais
aceito pela sociedade; basta comprovar os casos nos jornais,
nos romances, nas canções. Já, em relação à inveja, é difícil
encontrar algum caso divulgado em jornais ou outros meios de
comunicação, evidenciando a dificuldade que as próprias
ciências do comportamento possuem em discutir tal sentimento
e suas implicações nas relações das pessoas de trabalho e no
seu dia-a-dia.”
3.3.2 Comportamentos de inveja na organização.
Ao tentarmos desenvolver alguns comportamentos de inveja que são
mais comuns e perceptíveis na organização, como a ascensão e queda de um
mito, de um líder; o crescimento do prestígio de um jovem gerente numa
29
estrutura centralizada e o que isso provoca no comportamento dos demais
integrantes, dos executivos mais velhos ou do mesmo nível hierárquico. São
comportamentos do cotidiano com que o administrador se defronta e que
necessitam ser observados e compreendidos através disso abordaremos
alguns pontos importantes como: Os mitos e os heróis da organização, o
sucesso empresarial, a inveja e o poder formal, e a inveja entre as gerações.
Assuntos estes que foram abordados pelo Nelson Germano Beck no seu artigo
falando sobre “A inveja: Um comportamento esquecido nas organizações”.
“Os mitos e os heróis da organização: uma das
formas de estabelecer um clima de inveja na organização é a
valorização e tratamento dos seus líderes como mitos ou
heróis. Nesse sentido, Tomei (1994) esclarece: “Se as
organizações continuarem a incentivar seus membros a
visualizar os lideres como heróis e mitos, será instaurado o
clima da inveja, com todos os seus comportamentos
destrutivos. ”
Para combater tal clima de inveja, é necessário desenvolver lideranças
eficazes, programas administrativos que fortaleçam a formação de equipe de
pessoas capazes e não somente buscar a cultura do herói organizacional. Esse
raciocínio é sintetizado por Rudolf Hohn, presidente da IBM do Brasil:
“Nossa organização não fabrica mitos ou heróis,
fabrica líderes que são respeitados, imitados e seguidos. ”
De acordo com Beck em relação ao sucesso empresarial ou até mesmo em
relação ao sucesso pessoal percebemos a estratégia de desvalorização em
relação ao contar ou não o sucesso obtido para que não desperte a inveja de
alguém imbuído deste sentimento. De acordo com Beck,
“...nessa perspectiva, Tomei (1994) refere que o
sucesso pode provocar a inveja: “é fácil perceber o medo dos
efeitos da inveja pela necessidade que as pessoas têm de não
mencionar as conquistas pessoais. ” Assim, pode-se entender
o porquê de muitos empresários ou comerciantes bem-
30
sucedidos estarem quase sempre dizendo que as coisas e os
negócios não vão bem, ou se queixarem e falarem da crise
como uma forma de esconder o seu sucesso e mascarar o
medo da inveja. Esse receio também aparece quando se
comenta ou se ouve o comentário, de certa maneira freqüente,
“o fulano tem é sorte”. Nota-se que a expressão vem carregada
de inveja e também, por outro lado, serve de denúncia de uma
força superior ou da estrutura de poder da organização (formal
e informal) que favorece a determinado indivíduo. Para
compreender um pouco desse comportamento, é necessário
analisar o sucesso sob o ponto de vista da doutrina de
sucesso, ou da delação como conseqüência da inveja nas
organizações e como estratégia de negação e desvalorização.
Quando o sucesso ocorre, de uma ou de outra forma, ele
catalisa a inveja nas organizações. Isso é mais marcante na
organização que valoriza o comportamento do exibicionismo
como forma do marketing pessoal, de busca do sucesso a
qualquer preço ou do total retirado da competição, a
incorporação da ética do fracasso. ”
De acordo com Tomei (1994), no cenário organizacional, a inveja é percebida
quando as pessoas se destacam em seus postos de trabalho, despertando,
com isso, sentimentos negativos em outros que se sentem inferiorizados. Os
gerentes que têm suas ações traduzidas em brilho profissional, respeito,
sucesso, ou um maior status podem expor-se ao julgamento de seus pares e,
não raro, passam a receber pedradas de todos os lados como uma forma de
delação. Tomei também relatou que:
“Você deixa mais explícita a inveja quando alguém
tem sucesso. Todo mundo perdoa tudo, só não perdoa o
sucesso. A inveja é explicitada principalmente na hora de um
fracasso pessoal. ”
No artigo também podemos encontrar um pequeno trecho do livro escrito por
Tomei (1994) o qual ela relata melhor a relação entre o sucesso e a inveja nas
organizações não sendo possível deixar de lado a historia reduzida por Tomei,
31
“...Nicolas Fouquet, ministro das Finanças nos
primeiros anos do reinado de Luís XIV, amava a beleza em
todas as formas. Em 17 de agosto de l661, deu uma festa
deslumbrante em homenagem ao rei, a fim de ostentar sua
visão muito original da arquitetura, da decoração e dos arranjos
dos jardins de sua propriedade Vaux-le-Viconte - na época
considerado o castelo mais suntuoso da França. Os hóspedes
foram convidados para uma festa com os mais espetaculares
divertimentos, espetáculos de teatro, fogos de artifício e muita
comida. O luxo aparatoso provocou, no entanto, a inveja de
Luís XIV, bem como de outros personagens, e isso contribuiu
para a desgraça de Fouquet. Um inquérito foi instaurado sobre
as irregularidades financeiras que haviam permitido a Fouquet
acumular tal riqueza. Ele foi preso por ordem do rei e
condenado à prisão perpétua, tendo passado o resto de seus
dias na fortaleza de Savoie, onde morreu dezenove anos mais
tarde. Nesse sentido, pode-se dizer que a ostentação e os
marcos visíveis da suntuosidade contribuíram para gerar a
inveja na história de Fouquet, o que o levou à desgraça. ”
A inveja e seu poder formal fazem com que as empresas que possuem um
modelo gerencial centralizado e nas quais existe um controle de autoridade por
escalões e níveis hierárquicos mais rígidos, que dificultam os espaços para
iniciativas, são segundo Tomei (1994), um clima propício para o surgimento da
estrutura informal em que a interação social das pessoas na organização é
impulsionada pelo boato ou rumor. Essa forma de comunicação na empresa é
traduzida através da fofoca. A fofoca geralmente traz em seu conteúdo o
recheio da calúnia e da crítica destrutiva, caracterizando o seu mentor como
uma pessoa invejosa. E esse comportamento é caracterizado, segundo Tomei
(1994), pelo:
“Homem que louva o vizinho, mas com a intenção
malévola, pois sempre coloca o, ‘mas’ ao final da louvação e o
faz seguir de uma acusação maior que a pessoa merece”.
32
Assim, o mentor da fofoca é uma pessoa que traz o composto da
infelicidade da pessoa invejosa pela bondade e prosperidade dos outros e do
seu prazer escondido de, através desse meio, prejudicar o seu oponente ou
seu competidor.
Tal atitude também pode ser corroborada por uma sociedade em
que se cultua a afirmação e em que se acredita que “onde há fumaça, há fogo”,
o que se traduz na organização quando, em muitos casos, algumas decisões
são tomadas apoiadas em versões de “ouvi dizer”, “me contaram”, onde os
boatos valem mais que os fatos. Nem sempre a recuperação da imagem da
pessoa atingida pelas fofocas ou boatos é uma tarefa simples de ser realizada.
Com isso percebemos que o ideal é não dar credito para as fofocas, pois ao
ouvi-las damos margem para o seu crescimento dentro do ambiente de
trabalho, sabemos que esta recomendação é de difícil aplicação na prática do
cotidiano, pois o crescimento da fofoca encontra terreno fértil nas “paradas
para tomar um cafezinho”, ou no “famoso chopinho após o expediente”.
Outro assunto que não pode deixar de ser discutido e abordada é a
inveja entre as gerações, uma faceta interessante da inveja são os
comportamentos que ocorrem na família e que têm por objeto a geração
ascendente. Os pais, assumindo uma posição de retidão moral, procuram
privar os jovens de certos privilégios e prazeres aos quais os mesmos não
tiveram acesso, ou não tiveram oportunidades. É possível encontrar um
comportamento paralelo nas organizações quando os executivos mais velhos,
estes agem sutilmente, por meio de um espírito vingativo em relação aos
jovens gerentes.
“O amargor que eles experimentam diante da idéia
de ver o jovem executivo sair-se bem onde eles próprios
malograram pode conduzi-los a pôr armadilhas ou
estratagemas que colocarão os novos recrutas em cheque, sob
o pretexto de fornecer ao jovem executivo ocasiões múltiplas
de se valorizar, mas na verdade induzindo circunstâncias que
arruinarão sua carreira. ”
33
Ao examinarmos as colocações podemos perceber que tal aspecto é a mais
comum do que pensamos nas organizações, pois são armados esquemas que
procuram queimar o executivo mais jovem, pois a organização usa da
inexperiência do jovem, fazendo-o incorrer em erros que reforçam a idéia dos
executivos mais velhos e forçando-o, assim, a ter os seus dias contados. Os
efeitos da inveja ocorrem mais nitidamente quando ocorrem as sucessões nas
empresas, o que pode adquirir uma dimensão dramática, fazendo com que o
possível herdeiro à sucessão seja destronado por ter despertado a inveja de
seus concorrentes familiares ou de profissionais que fazem parte da
organização.
3.3.3. Gerenciando a inveja na organização.
Para haver o gerenciamento da inveja devemos seguir alguns
aspectos importantes partindo do pressuposto de que é possível gerenciar a
inveja organizacional. Embora o tema apresente seu grau de dificuldade e
limitações, adota-se o quadro analítico proposto por Tomei (1994),
aperfeiçoado em parte pelo autor do artigo Beck, para que se compreenda e
trabalhe a inveja. De acordo com o quadro abaixo podemos ver as estratégias
do gerenciamento da inveja.
Fatores que podem induzir a inveja em nível organizacional.
Fatores que podem induzir a indução da inveja em nível organizacional.
Individualismo
As estruturas fechadas Os modelos autoritários
Os privilégios e ostentações
A polarização A politização
As mentiras e boatos Programas de salários sem créditos
Cooperação e trabalho em equipe
Gestão participativa Flexibilidade e autonomia
Programas de salários redondos
Participação de lucros Negociação de conflitos
Avaliação de mérito e potenciais Sistemas de informação
Fatores que podem induzir a inveja em nível individual (entre os empregados)
Fatores que podem reduzir a inveja em nível individual (entre os empregados)
Busca do sucesso a qualquer preço As estratégias de desvalorização As projeções
As buscas da ostentação As estratégias de negação
A estratégia de idealização
A busca do autoconhecimento A busca da autovalorização A busca da excelência
A busca da liderança A busca do senso da responsabilidade
A busca da reciprocidade
34
De acordo com o autor deste artigo o quadro representa:
“... os principais fatores que podem induzir ou
reduzir o comportamento de inveja dos empregados no local de
trabalho, bem como fazer parte dos rituais de manifestação
cultural da organização. Nesse sentido, a autora utiliza dois
enfoques distintos como metodologia para gerenciar a inveja:
em nível de indivíduos e em nível organizacional”.
De acordo com o texto é utilizado dois fatores distintos para a
metodologia para gerenciar a inveja em nível individual e em nível
organizacional. Esses dois enfoques dão suporte para entender e procurar
isolar o lado destrutivo da inveja nas organizações, pois se entende a
necessidade de gerenciar o fenômeno da inveja como forma de o indivíduo e a
própria organização trabalharem os seus conflitos e buscarem os respectivos
ajustamentos individuais e organizacionais, conforme a visão de Tomei (1994):
“Somente se conscientizando da inveja e do seu
processo possível a operacionalização, em nível de indivíduos,
grupos e organizações, de estratégias que gerenciem a inveja
para a melhoria da qualidade, produtividade, e do desempenho
das empresas”.
Assim, é necessário que o sentimento da inveja seja gerenciado e
não reprimido ou empurrado com a barriga, tentando ganhar tempo para ver se
o conflito se resolve por si mesmo.
E, para gerenciar a inveja em nível individual e em nível
organizacional, indicam-se algumas estratégias propostas por Tomei e alguns
autores, as quais podem induzir ou reduzir comportamentos de inveja. O
Quadro 1 sintetiza as idéias dos autores e que servem de suporte para a
possível identificação dos principais fatores que precisam ser gerenciados para
que a inveja não afete o desempenho individual e organizacional.
35
De acordo com Beck a gerencia da inveja em nível individual
acontece da seguinte forma, são utilizadas como indicadores de inveja as
opiniões e percepções dos indivíduos que representam o espírito da
organização, isto é, o clima organizacional. Ao enfocar o aspecto da inveja no
indivíduo, na organização, é preciso perceber a dificuldade que a própria
pessoa tem em reconhecer a sua inveja, principalmente no próprio local de
trabalho. A tendência das pessoas é de negar os sentimentos desagradáveis e,
dentre eles, negarem o sentimento da inveja. Para que possamos gerenciar a
inveja segundo Tomei é necessário responder alguns questionamentos, com o
objetivo de formar um pequeno diagnóstico preliminar:
“Você frequentemente se compara com os outros?
Já menosprezou suas competências ou talentos? Você se
sente irritado quando alguém ganha uma promoção ou
consegue novas mudanças? Já se sentiu tentado a falar mal
ou sabotar alguém? ”
Tomei (1994) afirma que, se a pessoa responder a todas as
questões com sim, é bem provável que esteja encobrindo o sentimento da
inveja. Além disso, as pessoas que sentem um nível muito elevado de inveja no
trabalho são normalmente insatisfeitas com os resultados obtidos; ao não
conseguirem realizar as suas ambições, pode ser invadida pelo sentimento do
fracasso e, por isso, algumas usam o mecanismo de projetar a culpa dos
fracassos dos outros como forma de aliviar a sua angústia. De acordo com o
autor do artigo Back para enfrentar este quadro existencial o primeiro passo é,
“Encarar os resultados pessoais não contemplados
e, a partir dessa análise particular, desenvolver um plano de
ação que busque reforçar os pontos de excelência. Isso é
possível quando a pessoa consegue buscar o
autoconhecimento e, junto a esse processo, a revalorização de
suas qualidades pessoais e profissionais; igualmente,
desenvolve a ética da responsabilidade e da sensibilidade para
consigo mesma como pessoa dotada de capacidade para ir
além das preocupações puramente egoístas. Para fazer isso, é
36
necessário parar de desejar aquilo que é impossível obter,
admitindo, dessa maneira, que algumas realidades da vida não
podem ser mudadas, mas devem ser aceitas como tais. Essa
limitação da vida real pode ser aliviada quando acompanhada
do desejo de procurar gratificações de substituição como
alternativa para minimizar os efeitos destrutivos da inveja”.
Já, em relação ao gerenciamento de casos de inveja que ocorram
em locais de trabalho, Tomei (1994) sugerem que a gerência não deva ignorar
os casos de ciúme e inveja, pois, quando não trabalhados, esses sentimentos
podem provocar problemas. Da mesma forma, recomendam a adoção de
algumas medidas, tais como: evitar situações de injustiça no tratamento aos
subordinados; evitar favoritismos; tomar decisões que aliviem os sintomas de
inveja e ciúme; se o empregado manifestar em seu comportamento ações de
inveja em relação ao seu colega, é necessário resolver o mais rápido possível
a situação. Já em relação a inveja em nível organizacional, são utilizados como
indicadores a cultura organizacional através de suas manifestações de ritos,
mitos, histórias, gestos e artefatos.
No tocante à gerência da inveja em seu nível organizacional,
percebe-se um grau maior de dificuldade, pois as ações vão de encontro à
cultura da organização. Mas, mesmo diante do desafio, é importante que sejam
implementadas algumas ações estratégicas para fazer frente ao clima
destrutivo da inveja. Para isso, o nível gerencial precisa estar alerta e, se
possível, detectar os impulsos organizacionais de inveja e, assim, desenvolver
ações administrativas capazes de aliviar as situações que possam provocar um
clima de trabalho imbuído de inveja. Ao se defrontar com os paradoxos e
complexos culturais, não é impossível gerenciar fatores que desenvolvam
ações organizacionais já referidas no quadro resumo e, assim, apresentar
alguns princípios que fortalecem a integração do indivíduo ao seu local de
trabalho e que possam levar as organizações à busca da excelência. Nesse
sentido Tomei juntamente com alguns autores propõe algumas ações
organizacionais para combater climas destrutivos da inveja como,
37
“Desenvolver estratégias que evitem ostentações,
mentiras, boatos e indutores de inveja; evitar a polarização nas
relações de trabalho, a qual transforma tudo em extremos que
criam clima nocivo, afetando o desempenho dos próprios
colegas de trabalho e da empresa como um todo; desenvolver
estratégias que evitem a politização, pois se os membros da
organização percebem que as recompensas organizacionais
são distribuídas de acordo com critérios políticos em vez de
produtivos, dedicarão os seus esforços na tentativa de
acumular poder; desenvolver ações que buscam a redução das
distinções hierárquicas; implementar a promoção e a
igualização do poder ou da gestão participativa, as pesquisas
de clima e cultura organizacionais, programas de mudança
organizacional por meio da eliminação de privilégios; conceber
programas de participação nos lucros ou reduzir as diferenças
extremas nas escalas de salários e, se possível, eliminar a falta
de critérios para estabelecer os diferentes níveis salariais.
Essas estratégias são, sem dúvida, instrumentos legítimos para
mudança do clima e uma das formas de influenciar a cultura
institucional da empresa, que podem conduzir a um contexto no
qual os comportamentos indutores da inveja sejam inibidos”.
Pois de acordo com Tomei, é imprescindível destacar a importância
que a prática dos Recursos Humanos tem dentro da organização para o
gerenciamento da inveja e do ciúme. Pois ele atua para a definição de políticas
organizacionais, que incluem, por exemplo: as definições de planos de carreira
e políticas salariais, nos quais se busca a substituição da noção de igualdade
pela noção de eqüidade por meio de salários, flexíveis, segundo mérito e
carreiras individualizadas; a implementação de programas de treinamento e
desenvolvimento, não apenas direcionados para o aumento de produção por
ocupante de cargo, mas como instrumentos de responsabilidade social da
empresa na construção de valores de competência gerencial e condutas
norteadas pela ética da responsabilidade.
Ao finalizarmos a discussão sobre a inveja e ciúme, percebemos o
quanto é complexo o tema, pois envolve dois fatores de análise de extrema
38
complexidade que são: primeiro, o ser humano na sua dimensão enquanto
pessoa que possui sentimentos de domínio público e sentimentos que fazem
parte de sua entranha pessoal, como coloca com sabedoria Helmuth Schoeck:
“a inveja é uma força que se situa no coração do homem como ser social”. Pois
o ser humano na sua dimensão de homem organizacional, que envolve toda
uma realidade de cultura onde também se encontram artefatos visíveis e
invisíveis, sendo assim influenciada pela organização no qual trabalha, sendo
assim impossível de controlar tais sentimentos dentro do ambiente
organizacional o qual vivemos.
39
CONCLUSÃO
Após a realização do trabalho podemos perceber a necessidade da
inveja ser mais abordada nas organizações e a importância disso, pois é um
sentimento universal, que está presente em todas as pessoas e por
conseqüência nas organizações e por isso pode influenciar radicalmente o
desempenho e a efetividade de um grupo.
Talvez por ser um sentimento vergonhoso e de caráter destrutivo,
seja muito difícil admiti-lo, mas é importante salientar que não é impossível
gerenciar o comportamento de inveja em nível individual e organizacional e que
isso se torna cada dia mais necessário.
Também se percebe que muitas organizações se utilizam de
ações sutis de conteúdo invejoso como uma forma de controle sobre os
membros da organização, por exemplo: estruturas organizacionais fechadas;
uso de modelos autoritários; facilidade de privilégios para poucos; politização
na distribuição de recursos e, muitas vezes, o uso de mentiras e boatos.
Percebe-se, em oposição, que a organização que possui uma
gestão competente e que permeia as suas ações apoiadas numa ética de
responsabilidade é capaz de reduzir os fatores de indução da inveja através de
estratégias como: mudança nos modelos de gestão, diminuição dos níveis
hierárquicos, programas de recursos humanos que instrumentalizem práticas
de valores éticos, de responsabilidade social. Esses fatores, colocados em
prática, podem facilitar um clima de excelência pessoal e organizacional, no
qual os comportamentos de inveja sejam controlados e gerenciados.
40
BIBLIOGRAFIA
TOMEI, Patrícia A. A Inveja nas Organizações (1994)
CHAMADOIRA, L. C. Netto. [Et al.] A Educação Integral pela Trilogia Analítica
41
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Acesso em: 04 de dezembro de 2017.
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Acesso em: 06 de dezembro de 2017.
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Acesso em: 07 de dezembro 2017.
42
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http://economia.uol.com.br/planodecarreira/ultnot/infomoney/2008/10/10/ult422
9u1993.jhtm
Acesso em: 07 de dezembro 2017.
43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05
METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O ciúme e a inveja nas organizações. 09
1.1 O que é ciúme e inveja nas organizações? 10
1.1.2 Classificações de alguns dos sentimentos de inveja. 14
1.1.3 Fatores que podem induzir a inveja e o ciúme no ambiente 15
organizacional.
1.1.4 Como a inveja e o ciúme podem prejudicar uma organização? 16
CAPÍTULO II
Inveja, sentimento construtivo? 18
2.1. Inveja construtiva 19
2.2.2 Momento em que a inveja se torna um sentimento construtivo 21
2.2.3 Causas e consequências para a carreira 22
CAPÍTULO III
Inveja e ciúme: comportamentos esquecidos dentro das organizações 24
44
3.1. As reações da inveja. 26
3.3.2 Comportamentos de inveja na organização 28
3.3.3 Gerenciando a inveja na organização 33
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 40
WEBGRAFIA 41
ÍNDICE 43