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27 elevare Dossier Manutenção em Elevadores Neste 1.° número da revista “elevare” de 2016 é dado especial destaque ao tema da ma- nutenção, este que é e sempre foi um tema controverso uma vez que a manutenção dos ascensores depende fortemente da EMIE, nomeadamente da sua maior ou menor com- petência para a realizar e, também, do maior ou menor tempo disponibilizado para a sua execução. Partindo do princípio que todas as EMIEs possuem a mesma capacidade técnica para realizar uma adequada manutenção aos equipamentos, somos levados a concluir que a boa, ou má, manutenção está mais associada a questões comerciais. Por outro lado, no nosso setor, embora parecendo esquecidas, há duas Normas Europeias, já com estatuto de Normas Portuguesas, que tratam deste assunto e que são um bom auxílio para tornar a manutenção mais eficiente e eficaz. Saliento que só raras exceções de EMIE conhecem e/ou utilizam estas Normas. Recomendo a leitura e aplicação dos requisitos apresentados em: > NP EN 627:1996 - Regras para o registo de ocorrências e vigilância de ascensores, escadas mecânicas e tapetes rolantes; > NP EN 13015:2001+A1:2009 - Manutenção de elevadores e de escadas mecânicas; Re- gras para as instruções de manutenção. A Norma NP EN 627:1996 descreve os métodos e os meios para registar dados relativos ao estado do ascensor, escada mecânica e tapete rolante. Estes dados têm por objetivo auxiliar a manutenção e podem aplicar-se em instalações de um ou vários aparelhos. Quanto à Norma NP EN 13015:2001+A1:2009 são especificados os elementos necessários para a preparação de instruções para as operações de manutenção, as quais são forneci- das para as novas instalações de ascensores, ascensores de carga, monta-cargas, esca- das mecânicas e tapetes rolantes. É de notar que esta Norma não se aplica a instalações existentes, no entanto, pode e deve ser tomada como referência. Neste Dossier encontram artigos de elevado nível sobre o tema da manutenção que espe- ramos que seja um auxílio para as organizações melhorarem a sua manutenção, quer ao nível da sua organização quer ao nível da identificação dos pontos-chave. Fernando Maurício Dias Prof. do Departamento de Engenharia Eletrotécnica Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) © elevatorone.ca

Dossier Manutenção em Elevadores - elevare.ptelevare.pt/PDF/ele6/dossier.pdf · reduzindo, deste modo, o atrito da roda de coroa/sem- m. O óleo deve ser subs - tituído quando

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DossierManutenção em Elevadores

Neste 1.° número da revista “elevare” de 2016 é dado especial destaque ao tema da ma-

nutenção, este que é e sempre foi um tema controverso uma vez que a manutenção dos

ascensores depende fortemente da EMIE, nomeadamente da sua maior ou menor com-

petência para a realizar e, também, do maior ou menor tempo disponibilizado para a sua

execução. Partindo do princípio que todas as EMIEs possuem a mesma capacidade técnica

para realizar uma adequada manutenção aos equipamentos, somos levados a concluir

que a boa, ou má, manutenção está mais associada a questões comerciais. Por outro

lado, no nosso setor, embora parecendo esquecidas, há duas Normas Europeias, já com

estatuto de Normas Portuguesas, que tratam deste assunto e que são um bom auxílio

para tornar a manutenção mais eficiente e eficaz. Saliento que só raras exceções de EMIE

conhecem e/ou utilizam estas Normas. Recomendo a leitura e aplicação dos requisitos

apresentados em:

> NP EN 627:1996 - Regras para o registo de ocorrências e vigilância de ascensores,

escadas mecânicas e tapetes rolantes;

> NP EN 13015:2001+A1:2009 - Manutenção de elevadores e de escadas mecânicas; Re-

gras para as instruções de manutenção.

A Norma NP EN 627:1996 descreve os métodos e os meios para registar dados relativos

ao estado do ascensor, escada mecânica e tapete rolante. Estes dados têm por objetivo

auxiliar a manutenção e podem aplicar-se em instalações de um ou vários aparelhos.

Quanto à Norma NP EN 13015:2001+A1:2009 são especificados os elementos necessários

para a preparação de instruções para as operações de manutenção, as quais são forneci-

das para as novas instalações de ascensores, ascensores de carga, monta-cargas, esca-

das mecânicas e tapetes rolantes. É de notar que esta Norma não se aplica a instalações

existentes, no entanto, pode e deve ser tomada como referência.

Neste Dossier encontram artigos de elevado nível sobre o tema da manutenção que espe-

ramos que seja um auxílio para as organizações melhorarem a sua manutenção, quer ao

nível da sua organização quer ao nível da identificação dos pontos-chave.

Fernando Maurício Dias

Prof. do Departamento de Engenharia Eletrotécnica

Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP)

© elevatorone.ca

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Dossier sobre Manutenção em Elevadores

> Outros equipamentos: máquinas, qua-

dros de comando, cabinas, contrapesos,

guias das cabinas e dos contrapesos e

suas fixações, corrediças das portas de

cabinas e dos patamares.

Zonas como: pavimento da casa das má-

quinas, cobertura das cabinas e poços dos

elevadores limpas, garantem um funciona-

mento regular dos elevadores e um ambien-

te mais respirável nestes locais.

LUBRIFICAÇÕES

A lubrificação é essencial para evitar ru-

ídos e impedir que peças que devem ser

lubrificadas periodicamente sejam sujeitas

a um defeito de funcionamento, que pos-

sam gerar ruídos ou gripar por falta de

lubrificação.

Exemplo: a substituição periódica de óleo ou

lubrificação deve ser feita em:

> Redutores de máquina de tração, cujo

óleo deve ser substituído periodicamen-

O bom funcionamento e segurança dos elevadores estão dependentes do cumprimento de quatro fatores:

limpeza, lubrificação, afinação e conservação.

LIMPEZAS

É essencial manter limpas as peças, partes

e locais dos elevadores que, sem limpeza,

estão sujeitos a avarias por deficiências/

maus contactos. A limpeza também é im-

portante para evitar ruídos e manter um

ambiente com higiene no espaço do técnico

e do utente. A manutenção destas condi-

ções garante um bom funcionamento e em

segurança dos elevadores.

Exemplo: a limpeza devem incidir sobre:

> Contactos de relés ou contactores dos

quadros de comando de elevadores ins-

talados anteriormente, até ao século XX;

> Dispositivos elétricos de fecho e encra-

vamento de portas de cabina e de pa-

tamar;

Manutenção em elevadores

Fernando Jorge Almeida

ISQ

te, em períodos mais curtos com óleos

minerais ou muitos longos com óleos

sintéticos;

> O óleo hidráulico nos reservatórios

deve ser substituído quando começa

a criar humidade, que pode originar ar

nas tubagens e no reservatório/bloco

de óleo dinâmico, cilindro/êmbolo, ori-

ginando um deficiente funcionamento

das válvulas e do êmbolo;

> Lubrificação dos mecanismos móveis

dos freios;

> Lubrificação de chumaceiras de moto-

res de tração, chumaceiras de rodas

de aderência, copos de lubrificação

de rodas de aderência e de desvio em

elevadores mais antigos, que não dis-

põem de rolamentos blindados, como

as atuais que não necessitam de lubri-

ficação;

> Lubrificação ou auto-lubrificação das

zonas laminadas das guias onde tra-

balham/deslizam as guarnições de

roçadeiras da cabina e do contrapeso.

Com exceção das rodas guiadoras em

que o laminado das guias e as rodas

devem manter-se limpas.

AFINAÇÕES

As verificações e afinações periódicas das

peças e partes dos elevadores são essen-

ciais para manter um bom funcionamento

destes equipamentos.

Exemplo: requerem verificação e afinação

os contactos de relés e de contactores não

herméticos de quadros de comando con-

vencionais elétricos mais antigos.

Os quadros eletrónicos e variadores de

frequência não requerem afinações, mas

devem ser mantidas as configurações e a

©controlelevadores.com.br

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Dossier sobre Manutenção em Elevadores

PUB

temperatura ambiente mínima e máxima

que suportam.

Nos elevadores com redutor deve ser veri-

ficado o estado das guarnições das maxilas

de travão, afinação da abertura destas e dos

núcleos das bobinas dos freios das máqui-

nas de tração.

Nos motores gearless deve efetuar-se veri-

ficações periódicas dos freios/embraiagens

e condições de trabalho destes, tais como:

temperatura ambiente e humidade.

As portas de cabina e de patamar por esta-

rem sujeitas a manipulações ou uso indevido

devem ser sujeitas a verificações periódicas

e afinações quando necessárias de veloci-

dade de movimento destas, dos dispositi-

vos elétricos de fecho, de encravamento e

dos dispositivos de encontro de obstáculos

destas.

Os pára-quedas da cabina ou do contrapeso,

quando exista, devem manter-se afinados de

modo a que a sua atuação seja garantida com

imobilização da cabina ou do contrapeso.

CONSERVAÇÃO

O estado de boa conservação dos elevado-

res é essencial para o bom funcionamento e

segurança destes.

Exemplo: a boa conservação e bom fun-

cionamento dos elevadores em segurança

reflete-se no bom estado dos relés e con-

tactores em ambiente desprovido de sujida-

des e humidades, substituí-los é a solução

quando o seu estado o requeira.

As placas eletrónicas/variadores de fre-

quência ou as de variação de tensão reque-

rem a configuração de funcionamento de

acordo com os parâmetros do fabricante e

estarem providos de um ambiente de traba-

lho seco e com uma temperatura ambiente

que oscile até um mínimo de -5 e máximo

de 40 graus centígrados. Estas performan-

ces são essenciais para a boa conservação

destes equipamentos.

O dispositivo de falta ou inversão de fases

de corrente da rede deve estar operacional.

O dispositivo de proteção de encontro de

obstáculos da cabina ou do contrapeso

deve estar operacional.

A função do óleo nos redutores das má-

quinas de tração é lubrificar a engrenagem

reduzindo, deste modo, o atrito da roda

de coroa/sem-fim. O óleo deve ser subs-

tituído quando os índices de viscosidade e

densidade não forem os estipulados pelo

fabricante, porque nesta condição o óleo

escorre mais, fica mais contaminado e

deteriorado escorrendo da zona do atrito,

com efeitos de menor lubrificação.

Nos motores geradores de Corrente Contí-

nua por estarem sujeitos a muito desgas-

te, a atenção deve incidir sobre o desgas-

te das escovas de carvão, que trabalham

sobre os coletores. A substituição destas

deve ter em atenção a rigidez do carvão

das escovas para não causar desgaste

prematuro no coletor e por incidência de

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Dossier sobre Manutenção em Elevadores

curto-circuito das bobinas indutoras ou do

induzido.

As guarnições das maxilas dos freios das

máquinas de tração com redutor, sujeitas a

desgaste contínuo, devem ser verificadas

periodicamente. Quando a espessura mínima

destas não garanta um bom desempenho na

travagem do freio, devem ser substituídas.

O atrito dos cabos de suspensão sobre os

gornes da roda de aderência deve ter em

conta o ângulo de trabalho e a têmpera/

rigidez do material dos gornes segundo os

itens do fabricante, e a rigidez dos cabos de

suspensão que, deve ser compatível com a

rigidez dos gornes. Estas condições visam

garantir atrito suficiente entre esses dois

materiais, sem que quaisquer destes sejam

excessivos.

A duração dos cabos de suspensão dos ele-

vadores de roda de aderência depende da

alma interna de cânhamo que autolubrifica

o cabo. Quando a autolubrificação deixa de

ser efetiva, o cabo de aço fica mais rijo e com

tendência a oxidar e a partir os fios das tran-

ças, originando deterioração do cabo e maior

atrito, que causa excesso de aderência des-

tes nos gornes da roda de aderência. A alma

interior em cabo requer uma lubrificação

periódica com óleo específico recomendado

pelo fabricante. Estas situações são também

inerentes ao cabo do limitador de velocidade.

A falta de igualização dos cabos de sus-

pensão origina um desgaste prematuro

dos gornes da roda de aderência e, por

inerência, insuficiente atrito dos cabos de

suspensão da cabina/contrapeso nos gor-

nes. Deve ser verificado periodicamente a

igualização dos cabos e o estado dos dis-

positivos que estabilizam e garantem esta

condição.

Os cabos de aço dos órgãos de suspensão e

do limitador de velocidade têm tendência a

alongar-se e devem ser vigiados periodica-

mente para não originarem deficiências no

funcionamento e falta de segurança/inope-

racionalidade dos dispositivos elétricos de

segurança dos elevadores, tais como: fins

de curso quando se vai fica um alongamen-

to excessivo dos cabos de suspensão da

cabina/contrapeso ou do dispositivo elétri-

co de deteção de alongamento do cabo do

limitador de velocidade instalado na roda

tensora.

Os dispositivos de manobra manual de res-

gate devem ser ensaiados periodicamente,

sejam manuais ou elétricas.

As guarnições das roçadeiras da cabina e do

contrapeso sujeitas a desgaste devem ser

verificadas periodicamente. A fricção destas

nas guias de cabina ou do contrapeso, assim

como as variações de temperatura, tornam

o material de plástico das guarnições mais

rijo e origina muito desgaste, e provocam a

rutura. A substituição destas deve ser efe-

tuada quando apresentem excesso de des-

gaste ou de rigidez. Quando as roçadeiras

possuem guarnições em plástico autolubri-

ficante não é necessário verificar o estado

de lubrificação.

O pára-quedas da cabina ou do contrapeso

se possuir, devem ser sujeitos a ensaios de

segurança periódicos. A inoperacionalidade

destes dispositivos põe em risco pessoas e

bens, e por esse motivo requer uma verifi-

cação imediata das causas que podem pas-

sar pela afinação, reparação ou por inerên-

cia à substituição imediata deste dispositivo

de segurança máxima. Causas da inopera-

cionalidade destes dispositivos de segu-

rança podem prover de um alongamento

excessivo e falta de atrito do cabo no gorne

do limitador de velocidade, por desgaste

excessivo das cunhas/roletas deste ou por

desgate excessivo das guarnições de roça-

deiras da cabina ou do contrapeso, quando

o pára-quedas seja deste.

Os dispositivos elétricos de segurança de

fins de curso devem estar operacionais.

Os dispositivos elétricos de segurança de

fecho e de encravamento das portas de

cabina e de patamar devem estar em bom

estado e garantir um bom funcionamento

no fecho e encravamento destas.

Nas portas de patamar semiautomáticas

devem deve ser verificado o estado e fun-

cionamento das molas e amortecedores hi-

dráulicos de fecho desta e os vidros destas

devem manter-se intactos.

As roçadeiras inferiores das portas auto-

máticas de cabina ou de patamar sujeitas

a desgaste e, por vezes, a mau uso devem

ser verificadas periodicamente. As corredi-

ças das portas e as rodas que lhe dão movi-

mento devem manter-se limpas e as portas

de patamar devem possuir condições de

movimento de fecho que, na situação de

desacopladas, devem fechar só por ação

da mola ou do peso que lhe transmitem

o movimento de fecho. Esta situação visa

garantir melhor movimento/funcionamen-

to e maior segurança destas nas situações

de emergência em que seja necessário de-

sencravar e abrir a porta de patamar para

socorrer/retirar pessoas encarceradas na

cabina e que a porta de patamar tenha que

fechar e encravar só por ação da mola ou

peso que lhe auferem este movimento ma-

nual de fecho.

Na cobertura da cabina devem ser obser-

vadas as dimensões/folgas mínimas e má-

ximas, balaustradas de proteção, quando

existam, estado de funcionamento do dis-

positivo de comando e estado dos órgãos

de suspensão da cabina e do contrapeso.

O dispositivo de controlo de carga da ca-

bina deve estar operacional e configurado

para a capacidade máxima de carga da

cabina.

Os dispositivos de emergência como alar-

me de socorro, iluminação de emergência

e comunicação bidirecional devem ser en-

saiados mensalmente e mantidos ativos.

A manutenção dos elevadores está a car-

go das EMIE que devem possuir planos de

manutenção afixados na casa da máquina,

onde seja registado a verificação periódica

dos dispositivos de segurança.

As EIIE têm como missão inspecionar os

elevadores de modo a garantir a seguran-

ça de pessoas e bens.

©elevemelevadores.com

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31elevare

Dossier sobre Manutenção em Elevadores

de baixa qualidade, ou de óleos reciclados,

afetará o rendimento do sistema hidráulico

que acabará aumentando os custos do seu

negócio.

Os elementos mais importantes no sistema

hidráulico são:

> Bombas e motores;

> Cilindros hidráulicos;

> Válvulas;

> Componentes do circuito (depósitos de

líquidos, sistemas de filtração, depósi-

tos sob pressão, entre outros);

> Vedantes, juntas e elastómeros.

O fluido hidráulico está formulado para le-

var a cabo uma função chave em cada um

destes elementos para assegurar uma óti-

ma eficiência das máquinas em geral.

BOMBAS E MOTORES

Nos motores hidráulicos, as bombas e os

motores têm a função de transferir ener-

gia e estão sujeitos a uma grande tensão

hidráulica que pode chegar aos 700 bar.

Como resultado, o fluido hidráulico está

formulado para proteger os componentes

impulsores e os rolamentos contra o des-

gaste e a corrosão, para reduzir o atrito e

as necessidades energéticas.

A prevenção do desgaste e da acumulação

de depósitos traduz-se em bombas e moto-

res mais eficientes, com uma vida útil mais

A hidráulica é parte da nossa vida diária;

há poucas máquinas que funcionam sem

energia hidráulica, incluindo maquinaria

agrícola, de construção, transportadores,

máquinas-ferramentas, e maquinaria geral

na indústria de transformação, como por

exemplo, máquinas para processamento de

alimentos, aços e papel, incluindo os seto-

res aeroespacial e de aviação.

Neste tipo de máquinas, o fluido hidráulico

de alta pressão circula por um circuito até

distintos motores e cilindros hidráulicos.

O fluido é controlado diretamente por vál-

vulas, distribui-se mediante mangueiras e

tubos, flui pelo circuito até passar por um

mecanismo de filtração e voltar ao tanque

principal.

O fluido hidráulico é um elemento impor-

tante do sistema hidráulico e a chave para

assegurar uma utilização economicamente

mais eficiente destes ativos.

Apesar da natureza crítica do fluido hidráu-

lico, muitas vezes considera-se ser apenas

uma matéria-prima com rendimento técni-

co similar, independentemente do fornece-

dor que o oferece. Numa época em que os

preços são tão elevados, é natural explorar

opções de baixo custo que são oferecidas

por diferentes fornecedores. Contudo, o

fluido hidráulico de baixo custo, especial-

mente os formulados a partir de óleos base

A qualidade dos fluidos hidráulicos e os custos de produçãoCustos e perigos ocultos no uso de fluidos hidráulicos de baixa qualidadeFUCHS Lubrificantes Unip., Lda.

alargada, uma menor carga para o sistema,

e com isto um menor consumo de energia.

Os fluidos hidráulicos de baixa qualidade

não oferecem esta proteção pelo que au-

mentam os custos do processo.

CILINDROS HIDRÁULICOS

Os cilindros hidráulicos transformam a

pressão hidráulica em movimento linear

que depois realiza o trabalho mecânico. O

fluido hidráulico serve para selar e lubri-

ficar o pistão e as guias, evitar vibrações,

minimizar o desgaste e evitar a corrosão.

É possível que os fluidos hidráulicos de

baixo custo contenham baixos valores de

aditivos antidesgaste, fazendo com que

aumente a tendência em surgirem riscos

nos cilindros, reduzindo o seu rendimento

e aumentando os requisitos energéticos.

A compatibilidade com os materiais de

vedação também pode causar fugas que

resultarão em custos elevados: a falta de

lubrificação e, em última instância, a fa-

lha do sistema. A FUCHS tem relações de

partenariado com fabricantes líderes em

materiais de vedação e aditivos, pelo que

garante um bom rendimento e uma ótima

compatibilidade.

VÁLVULAS

As válvulas são mecanismos que contro-

lam a direção e o fluxo de um meio hidráu-

lico desde uma bomba ou uma válvula de

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Dossier sobre Manutenção em Elevadores

pressão. Nas válvulas o fluido hidráulico

é necessário para dissipar o calor, reduzir

o desgaste e minimizar o atrito, e evitar a

corrosão.

À medida que as empresas tentam obter ní-

veis de eficiência mais elevados nas máqui-

nas, através de intervalos de mudança de

óleos mais prolongados e cargas térmicas

mais elevadas, os fluidos hidráulicos de-

vem assegurar que não se formem depósi-

tos nas reduzidas tolerâncias das válvulas.

Os fluidos hidráulicos de baixo custo, apre-

sentam um maior espessamento com o ar

livre, um baixo rendimento das válvulas, um

pior rendimento das máquinas e um maior

consumo energético.

COMPONENTES DOS CIRCUITOS

Estes componentes incluem depósitos de

líquidos, sistemas de filtração, depósitos

sob pressão e tubos e mangueiras. O fluido

hidráulico deve ser compatível com todos

estes materiais, incluindo os revestimentos

e pinturas de acabamento final.

VEDANTES, JUNTAS E ELASTÓMEROS

Todos os vedantes ou elastómeros do sis-

tema hidráulico ficam expostos, total ou

parcialmente, ao fluido hidráulico quando o

sistema está em funcionamento, pelo que

este pode afetar os materiais vedantes fa-

zendo com que se dilatem ou encolham.

As válvulas elastoméricas podem ser afe-

tadas quimicamente pela temperatura, o

oxigénio, a água, os aditivos e os produtos

derivados de oxidação do fluido hidráuli-

co. Por isso, é vital que os vedantes e o

fluido hidráulico sejam compatíveis e que,

por sua vez, ofereçam proteção contra

o desgaste, dissipem o calor, reduzam o

atrito e evitem a acumulação de depósitos

nas esquinas ou fissuras que se possam

formar.

CONCLUSÃO

O fluido hidráulico é muito mais do que um

simples fluido; é um elemento crítico para

a utilização eficiente das máquinas em

geral, realiza uma variedade de funções

que incluem a limpeza, a refrigeração e a

proteção dos sistemas.

Optar por uma alternativa de baixo cus-

to põe em perigo a integridade da própria

máquina e pode implicar um aumento de

custo nos processos empresariais.

As principais funções de um fluido hidráu-

lico são:

> transferir pressão e movimento;

> transferir forças e movimentos quan-

do se utiliza como lubrificante;

> minimizar o desgaste das superfícies

deslizantes sob condições de atrito

limite;

> minimizar o atrito;

> proteção dos componentes contra a

corrosão;

> dissipar o calor.

Na maquinaria moderna, a integridade do

fluido é assim mais importante. Os siste-

mas hidráulicos modernos, com menores

volumes nos sistemas, maiores pressões e

temperaturas mais elevadas, exigem que o

fluido hidráulico circule mais rapidamente,

criando uma maior tensão sobre o mesmo,

e aumentando a necessidade de um fluido

de alta qualidade.

Apenas utilizando um fluido de qualidade

as empresas podem garantir a minimiza-

ção do consumo de energia, maximizar os

intervalos de manutenção, minimizar os

desgastes dos componentes e os custos

de substituição do óleo, maximizar a vida

útil da maquinaria e assegurar um custo

total mais baixo associado a estes fluidos.

Pode parecer que os fluidos hidráulicos

de baixo custo oferecem um potencial

de poupança, mas o custo total vai muito

mais longe do que uns cêntimos por litro. O

fluido hidráulico de baixa qualidade é uma

falsa poupança!

A FUCHS é o maior produtor independente

de lubrificantes no mundo e é um especia-

lista na área dos fluidos lubrificantes.

A FUCHS entende e valoriza o fator crítico

que pode ser o fluido hidráulico, e apenas

utiliza óleos base e aditivos da melhor

qualidade para proporcionar uma melhor

proteção de longa duração aos seus ati-

vos mais valiosos. A FUCHS acredita que

o fluido hidráulico não deve comprometer

o rendimento dos seus produtos e da sua

maquinaria.

Adicionalmente, os seus lubrificantes

apresentam:

> uma elevada estabilidade térmica e

elevada resistência ao envelhecimento;

> compatibilidade com metais e elastó-

meros;

> boa separação do ar;

> baixa formação de espuma;

> boa filtrabilidade;

> boa libertação da água;

> boa estabilidade frente ao cisalha-

mento.

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34 elevare

Dossier sobre Manutenção em Elevadores

adequadas é essencial que a informação

que nos chega seja rigorosa. Ora, os equi-

pamentos de medição são produtos mais

ou menos complexos e são constituídos

por numerosos componentes, cada um

dos quais está sujeito à variabilidade ine-

vitável de todos os dispositivos físicos. Es-

tão sujeitos a utilização em condições que

muitas vezes estão longe de ser as ideais

(por exemplo em locais que tanto podem

estar com temperaturas muito altas como

muito baixas, com poeiras, com humida-

de, etc.). Sofrem quedas no transporte e

sobrecargas durante o seu uso. Sabemos

também que a passagem do tempo exer-

ce a sua acção inexorável sobre qualquer

objecto. É, por isso, fácil de perceber que

qualquer equipamento de medição pode

apresentar erros que comprometem a sua

adequada utilização. Mesmo que o equipa-

mento seja novo (e até mesmo de alguma

marca muito reputada), o erro estará sem-

pre presente nas medições que com ele

efectuarmos. Não é por isso exagero dizer

também que medir é errar. Se o erro da

medição for demasiado elevado, e tendo

em conta que há decisões importantes que

são tomadas em função dos resultados

obtidos nas medições, as consequências

desse erro podem ser muito sérias: por

exemplo, aprovar uma máquina que apre-

senta deficiências graves (com impactos

negativos para os utilizadores dessa má-

quina e em consequência disso com prejuí-

zos para a empresa), ou reprovar uma ou-

tra que na verdade cumpre os respectivos

requisitos (com óbvios prejuízos para o seu

fabricante). Os custos de uma má decisão

(baseada em medições erradas) podem

ser muito elevados, ou mesmo incompor-

táveis para a empresa.

Todos os técnicos que trabalham com equi-

pamentos de medição, mais cedo ou mais

tarde, acabam por serem confrontados com

uma pergunta sacramental: "E esse equipa-

mento está calibrado?". No presente artigo

procura explicar-se por que razão surge

essa pergunta, e de que forma lhe podemos

responder.

MEDIÇÃO E MEDIDA

Comecemos por nos questionar para que

serve um equipamento de medição, qualquer

que seja. Sabemos que um voltímetro nos

permite conhecer a tensão de um circuito

eléctrico; que um termómetro nos ajuda a

saber a temperatura de uma máquina; que

usamos uma fita métrica para medir alturas,

larguras e distâncias; que com um luxímetro

ficamos a saber se a iluminação de um local

é suficiente para o fim a que se destina; etc.

Todos esses instrumentos de medição (voltí-

metro, termómetro, fita métrica, luxímetro,

entre muitos outros) têm algo em comum:

o conhecimento que nos dão sobre o mundo

que nos rodeia, conferindo-nos a capacidade

de tomar decisões adequadas e tecnicamen-

te fundamentadas. Podemos assim afirmar

que medir é saber.

A palavra medição designa o acto de medir.

Chama-se medida ao resultado da medição.

Utiliza-se também o termo unidade de medi-

da para nos referirmos à grandeza com a qual

comparamos outra grandeza (do mesmo

tipo) para a exprimir sob a forma de um

valor numérico (por exemplo, em "230 V,

50 Hz, 16 A" são utilizadas três unidades de me-

dida: volt, hertz e ampere, respectivamente).

Para que o nosso conhecimento seja cor-

recto e assim possamos tomar decisões

Calibração dos equipamentos:custo ou benefício para a empresa?Paulo Cabral - [email protected]

Director dos Laboratórios do Instituto Electrotécnico Português (IEP)

Coordenador da Especialização em Metrologia da Ordem dos Engenheiros

Vice-Presidente do Conselho Directivo da Sociedade Portuguesa de Metrologia

CALIBRAÇÃO E CONFIRMAÇÃO

METROLÓGICA

Sendo assim, da mesma forma que um

elevador ou um veículo automóvel devem

ser periodicamente sujeitos a inspecções

que avaliam a sua segurança, também um

equipamento de medição deve ser regu-

larmente objecto de uma operação técnica

designada por calibração, a qual tem por

objectivo avaliar se as características me-

trológicas que conduziram à escolha inicial

desse equipamento se mantém dentro dos

limites estabelecidos. Em função dos resul-

tados assim obtidos, devem ser tomadas

decisões relativas à continuação em servi-

ço do equipamento.

A necessidade de efectuar a calibração

dos equipamentos pode surgir da iniciativa

do próprio utilizador, que se quer assegu-

rar de que está a medir correctamente,

ou ser uma exigência de terceiros, como

clientes, organismos oficiais ou entidades

certificadoras.

Comecemos por ver algumas definições

importantes neste contexto. Para isso, va-

mos socorrer-nos do Vocabulário Interna-

cional de Metrologia (VIM), o documento

oficial nesta matéria. Segundo o VIM (Defi-

nição 2.39), calibração é a

"Operação que estabelece, sob condições

especificadas, num primeiro passo, uma

relação entre os valores e as incerte-

zas de medição fornecidos por padrões

e as indicações correspondentes com

as incertezas associadas; num segundo

passo, utiliza esta informação para esta-

belecer uma relação visando a obtenção

dum resultado de medição a partir duma

indicação."

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35elevare

Dossier sobre Manutenção em Elevadores

Nesta definição surge o conceito de incer-

teza de medição, que segundo o mesmo

VIM (2.26) é o

"Parâmetro não negativo que caracteri-

za a dispersão dos valores atribuídos a

uma mensuranda, com base nas infor-

mações utilizadas."

É importante perceber que incerteza e erro

são conceitos muito diferentes. O erro é a

diferença entre o valor indicado pelo equipa-

mento e o valor que ele está efectivamente a

medir, ao passo que a incerteza é a "margem

de dúvida" em torno do resultado obtido.

Como se percebe da definição, a calibração

só por si não assegura que o equipamento

está a medir correctamente, pois apenas

determina os seus erros ("relação entre os

valores [ ] fornecidos por padrões e as indi-

cações correspondentes [do equipamento]").

A análise dos erros obtidos e as decisões

que decorrem dessa análise fazem parte

do que se designa por confirmação me-

trológica, a qual está definida na Norma

Internacional ISO 10012, que pretende ser

um documento auxiliar para quem utiliza

as Normas de sistemas de gestão da Sé-

rie ISO 9000. Na citada Norma ISO 10012,

Secção 3.5, diz-se que a confirmação me-

trológica é

"O conjunto de operações necessárias

para assegurar a conformidade de um

equipamento de medição com os requi-

sitos da utilização pretendida".

Na prática, é muito importante perceber

a diferença entre os conceitos de calibra-

ção e de confirmação metrológica. O mais

habitual é que a calibração seja feita por

um laboratório acreditado, externo à em-

presa. Cabe depois ao detentor do equi-

pamento a responsabilidade de analisar

os resultados obtidos (apresentados num

certificado de calibração) e de tomar as

decisões adequadas no que se refere à re-

posição em serviço desse equipamento. No

caso de equipamentos novos, mesmo que

de marcas bem conhecidas, é importante

verificar se já são fornecidos com certifi-

cados de calibração válidos; não é usual

que o fornecedor entregue tais certifica-

dos, salvo se a calibração for solicitada em

simultâneo com a encomenda do equipa-

mento, o que implica normalmente custos

adicionais.

EXEMPLO PRÁTICO

A título de exemplo, vejamos o caso de

uma pinça multimétrica de um modelo

bastante comum no nosso mercado. Co-

mecemos por analisar as suas especifi-

cações, tal como são apresentadas pelo

respectivo fabricante. A Figura 1 apresenta

um excerto dessas especificações.

O que nos é dito é que, por exemplo, para

a escala de Corrente Alternada até 40 A, à

frequência da rede (entre 45 Hz e 66 Hz),

num ambiente com temperatura entre

18°C e 28°C e humidade inferior a 75%hr,

esta pinça deverá ter um erro máximo de

±[2,0% da leitura (em A) + 10 dígitos].

A última parcela, "10 dígitos", causa fre-

quentemente alguma confusão no espírito

dos utilizadores. Isso significa apenas que

se devem adicionar “10 vezes a resolução”

da escala em questão (isto é, o algarismo

menos significativo que nessa escala é

possível ler). No exemplo acima, a resolu-

ção é de 0,01 A, pelo que a parcela "10 dígitos"

toma o valor absoluto de 10 X 0,01A = 0,1 A.

Este valor deve ser adicionado a qualquer

leitura feita com a pinça naquela escala, e

evita que o erro máximo possa ser zero

para leituras de 0 A (o que corresponde-

ria a um equipamento ideal). Esta parcela

introduz outra consideração muito impor-

tante para a utilização do equipamento,

que é o efeito da resolução sobre o erro

relativo (quociente entre o erro e a leitura,

que é habitualmente expresso em percen-

tagem). De facto, para leituras inferiores

a 2,5 A a contribuição dessa parcela para

o erro relativo passa a ser superior ao da

primeira parcela, fazendo com que em

vez dos cerca de 2% que pensávamos ter

possamos atingir erros relativos que são

várias vezes superiores a esse. Tal aspec-

to deve levar-nos a procurar utilizar os

equipamentos de forma a obter leituras o

mais possível próximas do final da escala.

A Figura 2 ilustra o andamento dos erros,

tanto em valor absoluto (A) como em va-

lor relativo (%), ao longo da escala de 40 A

que estamos a analisar.

O utilizador do equipamento deverá es-

tabelecer os seus próprios critérios de

aceitação, definidos em função do uso que

fizer do equipamento. Poderá seguir as

especificações publicadas pelo fabricante,

apenas uma parte delas (por exemplo, se

no equipamento acima apenas utilizar al-

gumas das suas funções), ou mesmo de-

finir critérios diferentes daqueles que são

publicados pelo fabricante. Neste último

caso há que ter o cuidado de verificar se

os critérios de aceitação não são inferiores

aos que foram publicados pelo fabricante,

pois nesse caso o equipamento dificilmen-

te poderá cumprir o que dele se espera.

O mais habitual (e porventura mais lógico)

é utilizar as especificações do fabricante,

pelo menos nos primeiros anos de vida do

equipamento. É também essencial ter em

conta eventuais requisitos legais, norma-

tivos ou contratuais que definam, directa

"A palavra medição designa o acto de medir.

Chama-se medida ao resultado da medição.

Utiliza-se também o termo unidade de medida

para nos referirmos à grandeza com a qual

comparamos outra grandeza (...)"

Figura 1

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36 elevare

Dossier sobre Manutenção em Elevadores

Valor lido no

equipamento

Valor lido no

padrão

Erro Incerteza Erro Máximo

Admissível

9,87 A 10,00 A - 0,13 A ± 0,12 A ± 0,30 A19,99 A 20,00 A - 0,01 A ± 0,24 A ± 0,50 A30,11 A 30,00 A + 0,11 A ± 0,36 A ± 0,70 A

ou indirectamente, quais os erros máximos

admissíveis que os equipamentos poderão

apresentar.

CERTIFICADOS DE CALIBRAÇÃO

Suponhamos agora que enviámos esta pin-

ça para calibração. Vejamos então como

serão apresentados os resultados dessa

calibração no respectivo certificado, emitido

por um laboratório acreditado (estatuto evi-

denciado pela aposição do símbolo «IPAC»),

olhando para o exemplo que é apresentado

na Figura 3.

Após receber de volta o equipamento, acom-

panhado pelo respectivo certificado de cali-

bração, é necessário analisar os resultados

e em consequência decidir o que fazer com o

equipamento, procedendo-se assim à tarefa

de confirmação metrológica já mencionada.

Há que verificar antes de mais se o próprio

certificado satisfaz os requisitos formais

que são exigidos aos laboratórios acredita-

dos (de acordo com a Secção 5.10 da Norma

Internacional ISO/IEC 17025). Em seguida,

deve ser feita a análise técnica do certifica-

do, o que nos vai permitir averiguar se a pin-

ça satisfaz, ou não, as suas especificações.

Para a escala que estamos a considerar

no exemplo, verifica-se que para os vários

pontos calibrados (10 A; 20 A; 30 A) o erro

que a pinça apresenta é sempre inferior ao

erro máximo admissível. Mesmo que nesta

análise se inclua o efeito da incerteza (|Erro|

+ |Incerteza|), tal afirmação permanecerá

válida (Tabela 1).

Feita esta análise é recomendável identifi-

car o estado de calibração do equipamento,

apondo-lhe uma etiqueta que evidencie as

datas da última e da próxima calibrações,

qual é a entidade calibradora, bem como

outras indicações que forem de interesse

para quem vai utilizar o equipamento (por

exemplo, informação de alguma escala que

esteja com problemas e que não deva ser

utilizada).

PRAZOS DE CALIBRAÇÃO

Uma vez concluído o processo de confir-

mação metrológica (calibração e subse-

quentes análise e decisão), o equipamento

é reposto em uso até à sua próxima cali-

bração. Uma questão que surge com fre-

quência nesta fase é "de quanto em quanto

Figura 3

Tabela 1

Figura 2

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Dossier sobre Manutenção em Elevadores

PUB

tempo devo calibrar o equipamento?". Não

existe uma resposta única a esta pergunta;

na definição dos prazos de calibração de-

verão ter-se em conta aspectos tais como

a frequência e a severidade de utilização, o

tipo de equipamento em causa, o desgaste

que apresenta, as derivas esperadas tendo

em conta o histórico das calibrações ante-

riores, e ainda as recomendações do fabri-

cante desse equipamento.

Note-se que é usual os fabricantes apresen-

tarem as especificações dos equipamentos

para o prazo de 1 ano após a calibração, o

que significa que após esse período não se

dispõe de elementos seguros para prever

o seu comportamento. São também de ter

em conta as eventuais consequências de

não ter um equipamento calibrado dentro

do período coberto pelas suas especifi-

cações, com todas as implicações que daí

poderão resultar para a empresa, como

por exemplo aceitar indevidamente má-

quinas não-conformes (e que deviam por

isso ser rejeitadas), ou reprovar instalações

que estão conformes. Na falta de outras

orientações vinculativas é por isso usual

estabelecer-se um prazo inicial de 1 ano, o

qual poderá ser posteriormente ajustado

em função dos resultados encontrados nas

sucessivas calibrações a que o equipamen-

to for submetido.

Excluem-se, naturalmente, desta análise os

instrumentos de medição que estão abrangi-

dos pelas disposições do controlo metroló-

gico legal (metrologia legal), como é o caso

dos alcoolímetros e dos radares utilizados

pelas polícias na fiscalização rodoviária, dos

sonómetros utilizados nas medições de ruí-

do, ou das balanças utilizadas no comércio,

entre diversos outros equipamentos. Nestes

casos, os prazos são fixados na legislação

respectiva.

PARA SABER MAIS

VIM - Vocabulário Internacional

de Metrologia:

www1.ipq.pt/PT/Metrologia/Documents/

VIM_IPQ_INMETRO_2012.pdf

Norma ISO/IEC 17025, Requisitos Gerais de

Competência para Laboratórios de Ensaio e

Calibração: www1.ipq.pt/PT/site/clientes/pa-

ges/Norma.aspx?docId=IPQDOC-185-97264

Norma ISO 10012, Sistemas de Gestão da

Medição; Requisitos para Processos de Me-

dição e Equipamento de Medição:

www1.ipq.pt/PT/site/clientes/pages/Norma.

aspx?docId=IPQDOC-185-153740

SPMet - Sociedade Portuguesa de Metrolo-

gia: www.spmet.pt e

/spmetrologia

Legislação relativa ao Controlo Metrológico

de Métodos e Instrumentos de Medição:

www.oern.pt/legislacao.php?id=81&cod

=0B0C

IPQ - Instituto Português da Qualidade:

www.ipq.pt/

IPAC - Instituto Português de Acreditação:

www.ipac.pt/

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38 elevare

Dossier sobre Manutenção em Elevadores

PRIETÁRIOS e, acima de tudo, os produtos

PROPRIETÁRIOS.

Embora hoje a maioria dos fabricantes

afirme fornecer produtos NÃO PROPRIETÁ-

RIOS, a verdade é que muitos poucos real-

mente o fazem. O Webster dicionário online

define um produto PROPRIETÁRIO como

protegido por Marca Registada/Tradmark,

feito, produzido ou distribuído por alguém

que detém os direitos exclusivos. Segundo

os padrões industriais, define o sistema de

PROPRIETÁRIO, ou seja OEM (Original Equip-

ment Manufacturer),como um produto que

O que pretendo com este artigo é abordar uma questão que sugere

muitas opiniões. A minha será mais uma neste panorama numa tentativa de

aclarar um assunto que nem sempre é Preto ou Branco.

Na presente conjuntura económica causada

pela crise mundial, com as oportunidades

de trabalho a diminuir, procuram-se solu-

ções para competir no mercado cada vez

mais agressivo. No setor dos ascensores,

têm vindo a surgir e a consolidar-se dois

tipos de produtos: PRODUTOS NÃO PRO-

Ascensores:um mercado em evolução permanente

Eng.º Leitão

SICMALEVA

não está de acordo com o conceito Open-

Archtecture. Ao passo que o sistema de NÃO

PROPRIETÁRIO está de acordo com o con-

ceito e, acima de tudo, não coloca o cliente

final à mercê do fornecedor.

No maior e mais exigente mercado do mun-

do que é o da América do Norte, o qual

compreende o Canadá e os Estados Unidos

da América (EUA), os profissionais mais

exigentes e atentos começam a exigir de

forma muito clara e decisiva, nos pedidos

de oferta, o novo conceito de NÃO PROPRIE-

DADE. Este conceito evoluído, não é mais do

que a negação do conceito de PROPRIEDA-

DE, posse, prevalecendo o conceito positivo

da liberdade de uso de algo sem qualquer

restrição. De forma a garantir que o ascen-

sor permaneça sustentável, independente-

mente de quem possa ser selecionado para

prestar os serviços necessários.

MAS O QUE SE ENTENDE POR

PROPRIETÁRIO NO SETOR DOS

ASCENSORES?

Alguns fabricantes e profissionais ligados

à área dos ascensores consideram os seus

equipamentos por natureza de PROPRIE-

DADE em virtude do seu design, pesquisa e

desenvolvimento. Por este motivo, no pa-© www.gmv.it

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39elevare

Dossier sobre Manutenção em Elevadores

norama dos ascensores há empresas que

vendem, no mercado final, produtos tecni-

camente perfeitos, mas tecnicamente blin-

dados. Apenas estas empresas podem for-

necer peças de substituição e manutenção

ao preço que entenderem. O fornecimento

das peças de substituição, embora possa

ocorrer livremente para outras empresas

de ascensores, não resolve o problema dos

custos, prazos de entrega e dos componen-

tes auxiliares necessários para o uso dos

mesmos. Devido a este comportamento

que tem causado uma anomalia no sistema

da livre concorrência, foram em 2007 san-

cionadas algumas empresas a pagar uma

multa de quase mil milhões de euros à Co-

missão Europeia pela violação clara a uma

das quatro liberdades de circulação - ser-

viços - por comportamento concertado de

empresas privadas colocando em causa o

tratado da CE, o qual vem sendo implemen-

tado desde 1958 como elemento dinamiza-

dor do Mercado Interno Europeu.

A negatividade deste conceito faz-se notar

ainda mais quando analisamos todo o Ciclo

de Vida Económico de um ascensor. Não se

pode analisar a situação apenas na perspe-

tiva do seu custo inicial ser baixo, também

devemos tomar em consideração o custo

elevado de manutenção e de reposição das

peças OEMs (Original Equipment Manufac-

turers) ao longo de 10 anos pela empresa

fabricante do equipamento original.

Se apenas uma empresa pode fornecer

o serviço e equipamento PROPRIETÁRIO,

como é que o proprietário do edifício pode

controlar os custos de manutenção? Mes-

mo que o componente auxiliar de diagnós-

tico seja fornecido ao proprietário, a sua

funcionalidade é limitada. Além disso, o

uso da ferramenta pode ser contratual,

restrito ao proprietário e não aos seus

representantes.

O PROPRIETÁRIO DO ASCENSOR ACABA POR

SER AQUELE QUE VENDEU O EQUIPAMENTO!

Dentro deste panorama atual de crise, exis-

tem também algumas empresas que op-

taram por produtos "pobres", de qualidade

mínima, ou optaram por montar o ascensor

com base em vários fornecedores, não sen-

do capazes desta forma de garantir, por um

período de 10 anos, as peças disponíveis e

o suporte técnico, colocando em perigo —

mesmo sem querer — o próprio futuro do

elevador e a sua manutenção a longo pra-

zo. Aqui também não se garante que quem

comprou o ascensor seja o seu verdadeiro

proprietário.

O QUE SE ENTENDE POR ASCENSOR

NÃO PROPRIETÁRIO?

Os ascensores NÃO PROPRIEDADE são

mais simples e têm um custo de manuten-

ção mais baixo. A informação técnica, peças

de reposição e componentes auxiliares de

diagnóstico, necessários à manutenção e

programação, estão disponíveis sem qual-

quer reserva do fabricante. Não sendo, por

este motivo, controlados por uma única

entidade, não se tornando rapidamente

obsoletos.

O compromisso do fabricante concede o

direito de liberdade ao proprietário do edi-

fício, na sua área geográfica, de escolher a

empresa de manutenção com qualificação

similar como responsável pela manuten-

ção do seu ascensor. Trata-se de uma op-

ção livre com base na seriedade e confiança

no serviço prestado localmente e não por

imposição. Existindo assim uma relação en-

tre fabricante, empresa de manutenção e

proprietário clara, livre, simples e honesta,

sem qualquer vínculo.

O cliente final deve receber o melhor ser-

viço possível e isso só é possível com base

num sistema de NÃO PROPRIEDADE.

NÃO PROPRIEDADE – uma palavra obscu-

ra, mas importante, que pode representar

uma grande poupança em dinheiro e tem-

po, mais do que se poderia inicialmente

imaginar.

A tendência do mercado de livre concorrên-

cia é exigir cada vez mais que os ascensores

sejam comercializados com base no con-

ceito de NÃO PROPRIEDADE. Esse princípio

favorece o cliente final, que pode escolher

a melhor oferta, e tem à sua disposição em-

presas de instalação e manutenção interes-

sadas no seu poder de compra.

"O fornecimento das peças de substituição,

embora possa ocorrer livremente para

outras empresas de ascensores, não resolve o problema dos custos, prazos de entrega e dos componentes auxiliares necessários para o uso

dos mesmos"

© www.gmv.it

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40 elevare

Dossier sobre Manutenção em Elevadores

te ao facto de se deixar o ascensor parado

e passado uns dias enviar um orçamento,

sem dar a cara ao cliente.

É importante resolver uma avaria de uma

vez, mesmo que para isso seja necessário

dar um valor mais alto ao cliente, ou colo-

car-lhe essa alternativa, de forma que caso

volte a avariar, partilhe a responsabilidade

de não ter pretendido solucionar de vez o

problema detetado.

A ocorrência de avarias repetitivas, que não

se detetam, provoca uma imediata descon-

fiança no cliente.

A tendência que se verifica no mercado nos

últimos anos é que a qualidade do serviço

de manutenção tem vindo a degradar-se.

Esta mudança deu-se sobretudo devido ao

fato das empresas de uma forma geral,

tentarem distingir o seu serviço apenas

pelo fator preço, ou pelo nome da marca.

A consequência é que com valores con-

tratuais muito reduzidos não é possível

prestar um serviço de manutenção com a

qualidade expetável pelo cliente, o que con-

sequentemente descredibiliza a marca e

causa desconfiança no cliente.

Neste momento, o nome das marcas, e até

o próprio setor, já tende a estar descredi-

A qualidade da prestação do serviço de

manutenção é essencial para que um as-

censor ou outro produto se mantenha em

boas condições de funcionamento, trans-

mitindo aos utilizadores dos ascensores e

aos clientes das EMIEs, uma boa imagem

da empresa que o mantém e a segurança e

conforto que desejam sentir quando viajam

nos ascensores.

Esta perceção de que o ascensor está bem

mantido e de que o mesmo não avaria com

frequência, faz com que o cliente valorize a

EMIE, a manutenção preventiva efetuada, e

a qualidade do serviço prestado, resultan-

do numa relação mais duradoura e numa

aceitação por parte do cliente em pagar um

valor superior pelo bom serviço prestado.

É, por isso mesmo, que é muito importan-

te demonstrar ao cliente que se presta um

bom serviço, e se para isso for necessário,

garantindo as condições de segurança,

abrir a porta do ascensor e mostrar o poço

e o teto da cabina, limpos e sem fugas de

óleo, ou a casa das máquinas limpa e sem

materiais avariados ou fugas de óleo.

O facto de na situação de uma avaria, pa-

rarmos, mostrarmos ao cliente o que ava-

riou, e porque necessita de ser reparado ou

substituído, e que por esse facto o ascensor

não pode eventualmente funcionar, con-

quista a confiança do cliente, contrariamen-

Manutenção:distinção pela qualidade do serviço

Ricardo Vieira

Elevadores.com.pt – Consultoria e Formação para o Setor de Elevação

bilizado e os valores contratuais tendem a

estar no limite do razoável.

A diversidade e quantidade de ascensores,

clientes, preços e tipos de contrato coloca-

dos em cada rota é vasta e a tendência é a

de tratar a todos da mesma forma, tenden-

do a prestar um serviço de qualidade infe-

rior, independentemente do facto do cliente

ter ou não um contrato a um preço superior

ou inferior.

O cliente apenas se apercebe do serviço

prestado se comunicarmos com ele, pre-

sencialmente, e não através de comuni-

cações impessoais que lhe transmitem a

mensagem de que lhe estão a tentar vender

mais qualquer coisa.

Atualmente existe a perceção no mercado

que o escasso tempo que se passa no as-

censor não é a fazer a manutenção preven-

tiva, mas a tentar descobrir o que vender ao

cliente, e a dita manutenção preventiva não

passa de um formalismo legal ou de uma

inspeção visual a alguns dos componentes.

A boa comunicação pessoal com o cliente

deve de ser valorizada e quando se baixa o

©controlelevadores.com.br

©srelevadores.ind.br

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PUB

valor de um contrato, não se pode passar a imagem de que se

irá prestar o mesmo serviço, como tem sido feito até agora.

É de extrema importância inverter a tendência de descredi-

bilização do setor, dando ao cliente a oportunidade de poder

escolher e valorizar um serviço de excelência, que tenha de

facto uma manutenção de excelência. É de extrema impor-

tância esclarecer o cliente que se se efetua um contrato por

um valor inferior não poderá ter o mesmo tipo de serviço ou

plano de manutenção e explicar quais as diferenças.

O cliente pode ser fidelizado pela boa relação de confiança, se

o valor praticado for justo para ambas as partes, e se estiver

claro que tipo de plano de manutenção e que tempo de servi-

ço está a contratar.

É importante aconselhar o cliente para que, sempre que pos-

sível, lhe seja dada a hipótese de poder escolher entre um

produto de qualidade superior ou inferior.

É importante que o cliente possa escolher entre efetuar uma

reparação ligeira que continuará a dar alguns problemas no

futuro e uma modernização mais profunda.

Quando uma EMIE presta a um cliente um serviço com qua-

lidade a um preço justo para ambos, e o cliente tem a perce-

ção adequada dessa qualidade, não tem vontade de mudar de

EMIE. A transmissão desta perceção e a boa relação com o

cliente é o fator chave, e quando assim o é podemos utilizar

minutas contratuais, claras, transparentes, por curtos perío-

dos e sem penalizações por rescisão, que o cliente não muda.

Por estes motivos acredito que o setor terá tudo a ganhar se

as EMIEs se distinguirem pela qualidade do serviço que pres-

tam, apresentando aos clientes serviços adequados e com

planos de manutenção ajustados a cada tipo de utilização.

"A qualidade da prestação do serviço de manutenção é essencial para

que um ascensor ou outro produto se mantenha em boas condições de

funcionamento(...)"

© controlelevadores.com.br

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42 elevare

Dossier sobre Manutenção em Elevadores

vez, a manutenção exerce um papel funda-

mental na otimização da qualidade do ser-

viço prestado pelo equipamento.

Custo - Todas as ações de manutenção de-

verão conduzir à minimização do custo da

utilização do equipamento. No entanto, a

manutenção em si acarreta custos (mão-de-

-obra, peças, tempos de paragem dos equi-

pamentos, e outros) e torna-se necessário

ponderar estes custos (por exemplo, uma

operação de manutenção pode ser dema-

siado custosa face à substituição do equipa-

mento por um novo).

Disponibilidade - De um modo geral, todos

os equipamentos deverão estar disponíveis

para a sua utilização, bem como deverá ser

reduzido ao mínimo o seu tempo de imobili-

zação devido a avaria.

TIPOS DE MANUTENÇÃO

Para a análise e ponderação dos fatores

acima citados é conveniente dissecar a ma-

nutenção em cada um dos seus aspetos.

Assim, a manutenção pode ser:

> Preventiva:

• Sistemática,

• Condicionada,

> Curativa.

A manutenção preventiva sistemática é

executada em intervalos fixos.

A manutenção preventiva condicionada,

também chamada de manutenção inteli-

gente, é realizada em função do estado

do equipamento ou de componentes do

equipamento - a intervenção faz-se apenas

com a manifestação da necessidade. É uma

manutenção preventiva, subordinada a um

tipo de acontecimento auto-diagnosticado:

OBJETIVO

Este artigo tem dois objetivos: sistematizar

os conceitos associados à manutenção de

equipamentos e mostrar como a introdu-

ção de novas tecnologias na aquisição e

processamento de informação pode intro-

duzir um novo paradigma - a manutenção

inteligente de elevadores - que permite me-

lhorar de forma significativa a eficiência na

manutenção quer ao nível dos objetivos da

manutenção em si - segurança, fiabilidade,

entre outros quer ao nível da otimização de

recursos da entidade que a realiza

MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS

A manutenção de um equipamento pode

ser definida como um conjunto de ações

realizadas ao longo da vida útil desse equi-

pamento, de forma a manter ou repor a

sua operacionalidade nas melhores con-

dições de qualidade, custo e disponibilida-

de, de uma forma segura. No fundo, estas

ações permitem manter ou controlar o

estado original de funcionamento de um

equipamento.

De modo a assegurar os seus objetivos, há

fatores que, por poderem conflituar, devem

ser analisados de modo a que as operações

de manutenção sejam implementadas com

sucesso:

Segurança - Genericamente, tem a ver com

a segurança dos operadores e dos utiliza-

dores dos equipamentos. Através da manu-

tenção criam-se condições para a deteção,

avaliação e controlo dos riscos potenciais

que o equipamento possa proporcionar.

Qualidade - Todos os equipamentos devem

proporcionar um alto desempenho com

tendência para o "zero defeitos". Mais uma

Manutenção inteligente de elevadores

Miguel Tato

Efalift

à informação de um sensor, a uma medi-

da de um desgaste, ou outro indicador que

possa revelar o estado de degradação do

equipamento.

A manutenção curativa tem por objetivo

a correção de uma avaria ou defeito do

equipamento.

APLICAÇÃO À MANUTENÇÃO

DE ELEVADORES

À luz dos conceitos referidos podemos

constatar que a manutenção preventiva

sistemática de elevadores está normati-

vamente definida e, portanto, acarreta um

(elevado) custo fixo e previsível, não haven-

do grande flexibilidade na sua gestão. Já a

manutenção curativa, por apresentar um

caráter mais aleatório, apresenta uma ges-

tão mais complexa e com custos variáveis

e difíceis - se não impossíveis - de definir a

priori, facto agravado pela multiplicidade de

equipamentos existentes em manutenção

por uma mesma entidade. A introdução do

conceito de manutenção inteligente de ele-

vadores - baseado no conceito de manuten-

ção preventiva condicionada - pode permitir

uma redução substancial do esforço na ma-

nutenção curativa.

Já vimos que a manutenção inteligente tem

por base um autodiagnóstico dos equipa-

mentos e a gestão da informação gerada

por esse autodiagnóstico. Tratemos cada

um desses pontos.

Geração de informação de autodiagnóstico

A informação relevante para que o ele-

vador possa fazer um autodiagnóstico

depende muito do tipo de equipamento

em causa, mas podem ser feitas algumas

generalizações:

Page 17: Dossier Manutenção em Elevadores - elevare.ptelevare.pt/PDF/ele6/dossier.pdf · reduzindo, deste modo, o atrito da roda de coroa/sem- m. O óleo deve ser subs - tituído quando

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Dossier sobre Manutenção em Elevadores

> Medição simultânea do estado de com-

ponentes existentes no elevador e ge-

ração de sinais de alarme sob condi-

ções específicas (por exemplo, fecho do

travão fora da zona de desencravamen-

to, ou abertura da série de seguranças

durante o movimento da cabina);

> Medição de outros parâmetros que

possam aferir o desgaste ou o mau

funcionamento do elevador enquanto

sistema (por exemplo monitorização da

temperatura do motor ou do óleo, ou

medição do nível de vibração da cabina).

Nenhum destes pontos oferece dificuldade

de execução, já que a eletrónica associada é

simples e toda a aquisição de dados é feita

localmente.

Processamento da informação

de autodiagnóstico

Uma entidade que faça manutenção de ele-

vadores tem forçosamente os seus equipa-

mentos distribuídos por uma área geográfi-

ca mais ou menos ampla. Este facto faz com

que o processamento da informação de au-

todiagnóstico seja complicado por não exis-

tir, de raiz, um canal de comunicações que

permita o trânsito dessa informação entre

todos os equipamentos. Estamos, portanto,

perante um modelo de um sistema de aqui-

sição de informação onde a informação está

distribuída espacialmente, podendo (e de-

vendo) o processamento desta ser local. É

aqui que os recentes desenvolvimentos de

canais de comunicação podem entrar, con-

tribuindo para a criação de um canal bidire-

cional de informação entre todos os equi-

pamentos e um centro de comando. Uma

tecnologia particularmente interessante e

em franco crescimento é a tecnologia M2M

(Machine to Machine).

De acordo com a Wikipédia, Machine-to-

-Machine (M2M) (em português, máquina-a-

-máquina) refere-se a “tecnologias que per-

mitem tanto sistemas com fio quanto sem fio

a se comunicarem com outros dispositivos

que possuam a mesma habilidade”.

A base da tecnologia M2M é simples: existem

sensores distribuídos e um canal de comuni-

cações ponto-a-ponto que permite o envio da

informação recolhida para um ponto central

(centro de comando) onde essa informação é

processada, armazenada e exibida.

A massificação da Internet e da tecnolo-

gia GSM de dados (com custos de utiliza-

ção cada vez mais reduzidos e, na maioria

dos casos, irrisórios) proporcionam uma

alavanca perfeita para a generalização da

ainda incipiente tecnologia M2M aplicada

na gestão de elevadores.

Diversos operadores de telecomunicações

móveis disponibilizam serviços de voz e de

dados adaptados a esta tecnologia. Estes

serviços são genéricos e estão apenas do

lado do canal de comunicações.

Já existem gateways GSM comerciais que,

além de proporcionarem um canal de voz

(obrigatório em cada elevador), disponi-

bilizam canais de entrada/saída de infor-

mação que podem ser lidos/operados re-

motamente utilizando a rede GSM dados

ligada à Internet. Com o interface adequado,

estes dispositivos podem ser diretamente

utilizados nos elevadores para a aquisição

e envio de dados através da Internet para

um servidor local para armazenamento e

processamento.

O desenvolvimento de um sistema central

e dedicado de armazenamento e proces-

samento da informação gerada pelos ele-

vadores, capaz de em tempo real dar aos

decisores informação de onde e quando

atuar, é o próximo passo para que esta

tecnologia possa ser devidamente imple-

mentada e utilizada na área da manuten-

ção de elevadores. Este sistema pode ser

facilmente conseguido por adaptação ou

especialização de sistemas genéricos já

existentes.

CONCLUSÃO – RUMO À MANUTENÇÃO

INTELIGENTE DE ELEVADORES

Do exposto pode-se concluir que o futu-

ro da gestão da manutenção de elevado-

res tem forçosamente de passar por uma

utilização cada vez maior da manutenção

preventiva condicionada - manutenção in-

teligente - de elevadores.

As vantagens da manutenção inteligente

para as entidades que a exercem são mui-

tas, diretas e indiretas. Ressalvo, no entanto,

estas que, no meu entender, sobressaem:

> Maior controlo no estado de funciona-

mento dos elevadores em tempo real,

com o respetivo benefício de diminuir a

manutenção curativa: passa-se a agir

proativamente consoante as potenciais

avarias, e não a reagir a elas;

> Armazenamento sistemático de infor-

mação podendo-se facilmente, por

exemplo, recorrer a históricos para

decidir ou justificar uma substituição de

componentes;

> Hipótese de incluir no sistema outro

tipo de informações que pode ser rele-

vante para a gestão do parque de ele-

vadores: tráfego, consumo, utilização,

entre outros;

> Gestão otimizada das equipas de manu-

tenção podendo utilizar, por exemplo,

um algoritmo de otimização de rotas in-

tegrado no sistema de processamento

de informação;

> Convém não esquecer que a manuten-

ção de elevadores é feita em prol dos

seus utilizadores, garantindo que o

equipamento está disponível para uso e

em plenas condições de funcionamento

e segurança. Num mercado de grande

concorrência como o da manutenção

de elevadores, a satisfação e confiança

dos utilizadores é a maior mais-valia

que uma entidade que exerce a manu-

tenção pode ter, e qualquer passo dado

no sentido de melhorar essa satisfação

e confiança é um benefício muito gran-

de; a manutenção inteligente é indiscuti-

velmente um grande passo dado nesse

sentido.

A tecnologia existe, está acessível e dispo-

nível. Falta cumprir-se o desafio de a utili-

zar em força.