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Apêndice Uma nota sobre como interpretar o princípio da Origem Dependente Foi mencionado antes que no comentário do Abhidhamma Pitaka, (Sammohavinodani), o princípio da Origem Dependente é mostrado ocorrendo de forma completa durante um momento mental. Este ponto merece ser reiterado porque o estudo moderno dos ensinamentos (pelo menos nos círculos acadêmicos tradicionais) interpreta a sua ocorrência de uma forma completa com base na duração de uma vida para outra. Como consequência, quando existe qualquer intento de interpretar o ciclo da Origem Dependente como sendo um processo que ocorre na vida diária, aqueles que se agarram a uma interpretação mais limitada querem descartá-lo como sem fundamento ou em contradição com as escrituras. Portanto, visando o conforto mútuo e a paz de espírito, incluí esta referência para mostrar que essa interpretação não está desprovida de fundamento nas escrituras. Na verdade, vale a pena observar que o que existe de evidência para essa interpretação é provavelmente apenas uma sombra do passado que se tornou quase esquecido e que ainda existe apenas porque o Tipitaka se mantém como uma referência irrefutável. Os comentários que descrevem o ciclo da Origem Dependente como um processo de uma vida para outra, que em geral é aceito como sendo fidedigno, provém do Visuddhimagga, escrito por Acariya Buddhaghosa por volta do século cinco da era cristã. No entanto, existe um outro comentário que trata do princípio da Origem Dependente que é o Sammohavinodani mencionado acima. Neste caso, a explicação é dividida em duas seções, a primeira que trata do princípio da Origem Dependente como um processo baseado no período de duração de uma vida para outra, como no Visuddhimagga, e uma segunda que explica o princípio como um evento que ocorre no espaço de um momento mental. O Sammohavinodani também é uma obra de Acariya Buddhaghosa e acredita-se que tenha sido escrita depois do Visuddhimagga. A diferença entre os dois é que enquanto o Visuddhimagga foi escrito pelo próprio Acariya Buddhaghosa, o Sammohavinodani é um comentário do Abhidhamma Pitaka transcrito por ele. Na introdução ao Sammohavinodani, Buddhaghosa escreve, “Eu compilarei esta obra dos comentários antigos.” [Vibh.A. 1] Mesmo no Visuddhimagga, na seção que trata do princípio da Origem Dependente, ele revela que, “Uma explicação da Origem Dependente é extremamente difícil,” e “Agora, gostaria de explicar o paccayakara, (princípio da condicionalidade), muito embora não tenha onde me apoiar, como um homem ao entrar num rio sem pedras sobre as quais pisar. No entanto, o princípio da Origem Dependente é muito rico em ensinamentos, sem mencionar os comentários transmitidos por antigos mestres numa linha contínua. Contando com essas duas fontes, eu irei agora expor o princípio da Origem Dependente.”[Vism.522; idêntico ao Vibh.A.130] A explicação do princípio da Origem Dependente dada no Visuddhimagga, ao contrário do Sammohavinodani, contém apenas a explicação do princípio baseado no período de duração de uma vida para outra. Esta explicação é praticamente idêntica àquela encontrada no Sammohavinodani. Sendo esse o caso, cabe a pergunta, “Porque o Visuddhimagga não traz a explicação do princípio da Origem

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Apndice

Uma nota sobre como interpretar o princpio da Origem DependenteFoi mencionado antes que no comentrio do Abhidhamma Pitaka, (Sammohavinodani), o princpio da Origem Dependente mostrado ocorrendo de forma completa durante um momento mental. Este ponto merece ser reiterado porque o estudo moderno dos ensinamentos (pelo menos nos crculos acadmicos tradicionais) interpreta a sua ocorrncia de uma forma completa com base na durao de uma vida para outra. Como consequncia, quando existe qualquer intento de interpretar o ciclo da Origem Dependente como sendo um processo que ocorre na vida diria, aqueles que se agarram a uma interpretao mais limitada querem descart-lo como sem fundamento ou em contradio com as escrituras. Portanto, visando o conforto mtuo e a paz de esprito, inclu esta referncia para mostrar que essa interpretao no est desprovida de fundamento nas escrituras.Na verdade, vale a pena observar que o que existe de evidncia para essa interpretao provavelmente apenas uma sombra do passado que se tornou quase esquecido e que ainda existe apenas porque o Tipitaka se mantm como uma referncia irrefutvel.Os comentrios que descrevem o ciclo da Origem Dependente como um processo de uma vida para outra, que em geral aceito como sendo fidedigno, provm do Visuddhimagga, escrito por Acariya Buddhaghosa por volta do sculo cinco da era crist. No entanto, existe um outro comentrio que trata do princpio da Origem Dependente que o Sammohavinodani mencionado acima. Neste caso, a explicao dividida em duas sees, a primeira que trata do princpio da Origem Dependente como um processo baseado no perodo de durao de uma vida para outra, como no Visuddhimagga, e uma segunda que explica o princpio como um evento que ocorre no espao de um momento mental.O Sammohavinodani tambm uma obra de Acariya Buddhaghosa e acredita-se que tenha sido escrita depois do Visuddhimagga. A diferena entre os dois que enquanto o Visuddhimagga foi escrito pelo prprio Acariya Buddhaghosa, o Sammohavinodani um comentrio do Abhidhamma Pitaka transcrito por ele. Na introduo ao Sammohavinodani, Buddhaghosa escreve, Eu compilarei esta obra dos comentrios antigos. [Vibh.A. 1] Mesmo no Visuddhimagga, na seo que trata do princpio da Origem Dependente, ele revela que, Uma explicao da Origem Dependente extremamente difcil, e Agora, gostaria de explicar o paccayakara, (princpio da condicionalidade), muito embora no tenha onde me apoiar, como um homem ao entrar num rio sem pedras sobre as quais pisar. No entanto, o princpio da Origem Dependente muito rico em ensinamentos, sem mencionar os comentrios transmitidos por antigos mestres numa linha contnua. Contando com essas duas fontes, eu irei agora expor o princpio da Origem Dependente.[Vism.522; idntico ao Vibh.A.130]A explicao do princpio da Origem Dependente dada no Visuddhimagga, ao contrrio do Sammohavinodani, contm apenas a explicao do princpio baseado no perodo de durao de uma vida para outra. Esta explicao praticamente idntica quela encontrada no Sammohavinodani. Sendo esse o caso, cabe a pergunta, Porque o Visuddhimagga no traz a explicao do princpio da Origem Dependente em um momento mental? Pode ser que mesmo no tempo de Buddhaghosa os crculos escolsticos em geral descreviam o princpio da Origem Dependente baseados no perodo de durao de uma vida para outra. Tambm pode ser que o autor se sentisse mais vontade com esta interpretao devido complexidade do tema, como ele mesmo observou na introduo, no entanto, existiam os comentrios dos mestres transmitidos at aquela poca. A interpretao do momento mental, por outo lado, no era s muito complexa, mas tambm havia desaparecido dos crculos escolsticos. Isto pode ser inferido do prprio Sammohavinodani, onde a descrio da interpretao do momento mental extremamente breve. E uma justificao para isso pode ser simplesmente pelo fato de haver uma meno sobre essa interpretao no Tipitaka, e portanto demandar uma explicao. O autor foi capaz de fazer uso dos resqucios dos comentrios que ainda existiam para formular o seu prprio comentrio.Vamos agora considerar a explicao dada no Sammohavinodani. O Sammohavinodani um comentrio do Vibhanga, que o segundo volume do Abhidhamma Pitaka. A seo do Vibhanga que descreve o princpio da Origem Dependente denominada Paccayakara Vibhanga. Essa seo est dividida em duas partes: a primeira denominada Suttantabhajaniya, (definio de acordo com os Suttas), a segunda Abhidhammabhajaniya (definio de acordo com o Abhidhamma). O Sammohavinodani, que o comentrio dessa seo, est tambm dividido em duas partes. A descrio da diferena entre essas duas partes a seguinte:A primeira parte explica paccayakara em relao aos inmeros momentos de conscincia no Suttantabhajaniya, mas como o paccayakara no est limitado a numerosas mentes e pode at mesmo ocorrer num momento mental, a explicao agora como o paccayakara ocorre num momento mental e isso est no Abhidhammabhajaniya." [Vibh.A.199] E num outro trecho: No Suttantabhajaniya o paccayakara est dividido em vrias vidas. No Abhidhammabhajaniya est explicado em um momento mental. [Vibh.A.200] Com relao ao princpio de causa e efeito, como este opera em um momento mental na vida diria, dito que, ...nascimento (envelhecimento e morte), por exemplo, neste caso se refere ao nascimento (envelhecimento e morte) de coisas imateriais (arupa), no deteriorao dos dentes, agrisalhar dos cabelos, enrugar da pele, morte, ao de deixar a vida. [Vibh.A.208]Um ltimo ponto merece meno: No Vibhanga do Tipitaka, a seo que descreve a interpretao de uma vida para outra ocupa apenas cinco pginas de texto. A seo que descreve o princpio da Origem Dependente num momento mental contm setenta e duas pginas.[26] Mas no Sammohavinodani, o comentrio de Buddhaghosa o reverso. Isto , a parte que trata da interpretao de uma vida para outra longa, contendo 92 pginas, enquanto que a parte que trata da interpretao do momento mental contm apenas 19 pginas. [27] A razo porque o comentrio da verso do momento mental da Origem Dependente to curto pode ter sido porque o autor no tinha muito que dizer a respeito. Ou talvez ele pensasse que isso j tinha sido suficientemente explicado no Tipitaka, no havendo a necessidade de comentrios adicionais. Qualquer que seja o caso, podemos afirmar que a interpretao da Origem Dependente na vida diria existia desde o princpio e encontrada no Tipitaka, mas nos Comentrios apenas resqucios dela so encontrados.

Nascimento e morte no momento presenteAqueles que gostariam de ver uma referncia ao ciclo de renascimento no momento presente, na vida atual, podem preferir consultar o Sutta apresentado abaixo:Bhikkhu, uma pessoa possui quatro fundamentos. Assim foi dito. Com referncia a que foi dito isso? Existe o fundamento da sabedoria, o fundamento da verdade, o fundamento da renncia, o fundamento da paz. As torrentes das concepes no arrastam aquele que se mantm sobre eles (fundamentos) e quando as torrentes das concepes no o arrastam ele chamado um sbio em paz..Bhikkhu, 'Eu sou uma concepo; 'Eu sou isto' uma concepo; 'Eu serei uma concepo. 'Eu no serei' uma concepo; 'Eu possuirei forma' uma concepo; 'Eu no possuirei forma' uma concepo; 'Eu serei perceptivo' uma concepo; 'Eu no serei perceptivo' uma concepo; 'Eu serei nem perceptivo, nem no perceptivo' uma concepo. A concepo uma enfermidade, a concepo um cncer, a concepo uma flecha. Superando todas as concepes, se diz que ele um sbio em paz. E um sbio em paz no nasce, no envelhece, no morre, no agitado e est livre de desejos. Pois no existe nada presente nele pelo qual ele possa renascer. No nascendo, como poder envelhecer? No envelhecendo, como poder morrer? No morrendo, como ficar agitado? No ficando agitado, o que ir desejar? Portanto foi com referncia a isso que foi dito: 'As torrentes das concepes no arrastam aquele que se mantm sobre eles [fundamentos] e quando as torrentes das concepes no o arrastam ele chamado um sbio em paz.[28]

A Origem Dependente no AbhidhammaNo Abhidhamma so apresentados muitos modelos distintos da Origem Dependente, organizados de acordo com os vrios tipos de estados mentais hbeis, inbeis e neutros envolvidos na sua gerao. Alm disso os modelos tambm so analisados de acordo com o estado mental envolvido, quer seja do reino sensual, (kamavacara), do reino da forma, (rupavacara), do reino sem forma, (arupavacara), ou do reino transcendente, (lokuttara). Isso devido ao fato de o Abhidhamma estudar a mente no nvel de momentos de pensamento e assim analisar a Origem Dependente de acordo com o estado mental especfico envolvido. Os fatores que ocorrem nesses modelos variam de acordo com o tipo de estado mental.Por exemplo, em alguns estados mentais hbeis, o modelo pode comear em sankhara, formaes volitivas, sem a presena da ignorncia, ou pode at mesmo comear numa das razes da habilidade, (no cobia, no raiva e no deluso), ao invs da ignorncia. Especialmente digno de nota o fato de que o desejo apenas ocorre nos modelos baseados nos estados mentais inbeis. Em alguns casos, o desejo substitudo por pasada, inspirao, ou totalmente excludo. A ignorncia e o desejo so suprimidos nessas ocasies eles no aparecem no seu formato padro mas de outras formas, isso se no forem completamente excludos. Alm disso no Abhidhamma Pitaka os vrios fatores so apresentados como componentes de um todo ou como aes contrrias (tal como ignorncia condiciona formaes volitivas, formaes volitivas condicionam a ignorncia; formaes volitivas condicionam a conscincia, a conscincia condiciona as formaes volitivas; etc.) Aqui apresentarei apenas as descries mais importantes:

A. 12 estados mentais inbeis (akusala citta):

ignornciacondicionaformaes volitivas

formaes volitivascondicionaconscincia

conscinciacondicionamentalidade (nama)

mentalidadecondicionaseis bases dos sentidos (a)

seis bases dos sentidoscondicionacontato

contatocondicionasensao

sensaocondicionadesejo

(ou) sensaocondicionaaverso (b)

(ou) sensaocondicionadvida

(ou) sensaocondicionainquietao

(ou) desejocondicionaapego

(ou) desejocondicionaconvico (c)

(ou) aversocondicionaconvico

(ou) inquietaocondicionaconvico

(ou) apegocondicionaser/existir

(ou) convicocondicionaser/existir

(ou) dvidacondicionaser/existir

(ou) ser/existircondicionanascimento

(ou) nascimentocondicionaenvelhecimento e morte

= o surgimento de toda a massa de sofrimentoB. Estados mentais hbeis (apenas aqueles que ocorrem nos reinos da sensualidade, forma e sem forma):ignornciacondicionaformaes volitivas

(ou) razes hbeis (d)condicionaformaes volitivas

formaes volitivascondicionaconscincia

conscinciacondicionamentalidade

mentalidadecondicionaseis bases dos sentidos

seis bases dos sentidoscondicionacontato

contatocondicionasensao

sensaocondicionainspirao (e)

inspiraocondicionaconvico

convicocondicionaser/existir

ser/existircondicionanascimento

nascimentocondicionaenvelhecimento e morte

= o surgimento de toda a massa de sofrimentoC. Estados mentais Vipaka (resultantes) e kiriya (funcionais) (apenas aqueles que ocorrem nos reinos da sensualidade, forma e sem forma):raiz hbilcondicionaformaes volitivas

formaes volitivascondicionaconscincia

conscinciacondicionamentalidade

mentalidadecondicionaseis bases dos sentidos

seis bases dos sentidoscondicionacontato

contatocondicionasensao

sensaocondicionaser/existir

(ou) sensaocondicionaconvico

convicocondicionaser/existir

(ou) sensaocondicionainspirao

inspiraocondicionaconvico

convicocondicionaser/existir

ser/existircondicionanascimento

nascimentocondicionaenvelhecimento e morte

= o surgimento de toda a massa de sofrimentoD. Estados mentais transcendentes (hbeis e resultantes):Hbeisignornciacondicionaformaes volitivas

(ou) raiz hbilcondicionaformaes volitivas

Resultantesraiz hbilcondicionaformaes volitivas

formaes volitivascondicionaconscincia

conscinciacondicionamentalidade

mentalidadecondicionaseis bases dos sentidos

seis bases dos sentidoscondicionacontato

contatocondicionasensao

sensaocondicionainspirao

inspiraocondicionaconvico

convicocondicionaser/existir

ser/existircondicionanascimento

nascimentocondicionaenvelhecimento e morte

= o surgimento de todos esses dhammas

Note que o estado mental hbil transcendente pode comear na ignorncia ou numa raiz hbil, mas o estado mental transcendente resultante comea numa raiz hbil ou, se no for assim, ento num impulso volitivo. Alm disso, a frase final e assim o surgimento de toda essa massa de sofrimento e estresse se torna e assim o surgimento de todos esses dhammas.

Um problema com a palavra nirodhaA palavra nirodha tem sido traduzida como cessao h tanto tempo que j se tornou a prtica padro e qualquer desvio disso resulta em questionamentos. Mesmo neste livro optei por essa traduo padro visando a convenincia e para evitar confud-la com outros termos em Pali (alm da inexistncia de uma outra palavra melhor). Na verdade, de qualquer modo, essa traduo da palavra "nirodha" como "cessar" pode em muitos casos levar a uma interpretao inadequada do texto.De modo geral, a palavra cessar significa eliminar algo que j havia surgido, ou de interromper algo que j havia comeado. No entanto, nirodha, no ensinamento da Origem Dependente, (como tambm em dukkhanirodha, a terceira Nobre Verdade), significa o no surgimento ou no existncia de algo porque a causa do seu surgimento foi eliminada. Por exemplo, a frase quando avijja nirodha, sankhara tambm nirodha, que em geral interpretada como com a cessao da ignorncia, as formaes volitivas cessam, na verdade significa quando no h ignorncia, ou a ignorncia no surge, ou quando no h mais qualquer problema com a ignorncia, no existem formaes volitivas, as formaes volitivas no surgem, ou no existe mais nenhum problema com as formaes volitivas. No significa que a ignorncia que j surgiu tenha que ser eliminada antes que as formaes volitivas que j surgiram tambm sejam eliminados.Onde nirodha deve ser interpretado como cessao quando usado em referncia ao processo natural das coisas, ou a natureza das coisas condicionadas. Nesse sentido um sinnimo para as palavras bhanga, dissoluo, anicca, impermanente, khaya, cessao ou vaya, deteriorao. Por exemplo, em Pali: imam kho bhikkhave tisso vedana anicca sankhata paticcasamuppanna khayadhamma vayadhamma viragadhamma nirodhadhamma: Bhikkhus, esses trs tipos de sensaes so por natureza impermanentes, condicionadas, com origem dependente, impermanentes, sujeitas deteriorao, dissoluo e cessao. [SN.IV.214] (Todos os fatores que ocorrem no ciclo da Origem Dependente tm a mesma natureza.) Neste caso, o significado , todas as coisas condicionadas (sankhara), tendo surgido, devem de modo inevitvel se dissolver e cessar de acordo com os fatores que lhes do suporte. No necessrio tentar cess-las, elas cessam por si mesmas. Neste caso a inteno descrever uma condio natural que, na prtica simplesmente significa que aquilo que surge pode ser eliminado.Quanto a nirodha na terceira Nobre Verdade (ou o ciclo da Origem Dependente no seu modo de cessao), embora esta tambm seja descrita como um processo natural, a nfase est nas consideraes de ordem prtica. No Visuddhimagga a traduo ocorre de duas formas. Uma forma rastreia a etimologia at "ni" (sem) + "rodha" (priso, confinamento, obstculo, parede, impedimento), dessa forma interpretando o significado como sem impedimentos, livre de confinamento. Isso explicado como livre de impedimentos, isto , do confinamento de samsara. Outra definio busca a origem em anuppada, que significa no surgimento, e diz, nirodha neste caso no significa bhanga, rompimento e dissoluo.Ento, traduzir nirodha como cessao, embora no seja completamente errado, no no entanto totalmente acurado. Por outro lado, no existe nenhuma outra palavra que se aproxime da essncia do significado tal como a palavra cessao. No entanto, devemos compreender o que se quer dizer com o termo. Nesse contexto, o ciclo da Origem Dependente no seu modo de cessao poderia ser melhor descrito como, estando livre da ignorncia, fica-se livre das formaes volitivas... ou quando a ignorncia se foi, as formaes volitivas se vo... ou quando a ignorncia cessa de dar o seu fruto, as formaes volitivas cessam de dar os seus frutos... ou quando a ignorncia no mais um problema, as formaes volitivas no so mais um problema.Mesmo no modo para adiante, existem alguns problemas com as definies. O significado de alguns termos em Pali so demasiado amplos para serem encapsulados em uma nica palavra em Ingls ou Portugus. Por exemplo, avijja paccaya tambm significa Quando a ignorncia assim, as formaes volitivas so assim; sendo as formaes volitivas assim, a conscincia assim; sendo a conscincia assim, a mentalidade-materialidade (nome e forma) so assim;...

Notas:a. Chatthayatana: o sexto meio do sentido, que mano, mente. [Retorna]b. Patigha: averso. [Retorna]c. Adhimokkha: convico. [Retorna]d. Kusalamula: razes daquilo que hbil; isto , no cobia, no averso, no deluso. [Retorna]e. Pasada: inspirao, f. [Retorna]26. Suttantabhajaniya Vbh.135-138; Abhidhammabhajaniya Vbh.138-191[Retorna]27. Suttantabhajaniya Vbh.A.130-198; Abhidhammabhajaniya Vbh.A. 199-213. [Retorna]28. M.III.246 (MN 140); veja tambm M.III.225 (MN 138); SN.III.228 (SN XXV.10); SN.IV.14 (SN XXXV.21); (envelhecimento = degenerao ou perda); Thag.247. [Retorna]

Origem DependenteA Lei Budista da CondicionalidadePorVenervel P.A. PayuttoSomente para distribuio gratuita.Este trabalho pode ser impresso para distribuio gratuita.Este trabalho pode ser re-formatado e distribudo para uso em computadores e redes de computadorescontanto que nenhum custo seja cobrado pela distribuio ou uso.De outra forma todos os direitos esto reservados.

Contedo: Introduo1. Uma viso geral da Origem DependenteTipos de Origem Dependente encontrados nas escriturasa. O princpio geralb. O princpio em funcionamento2. Interpretando a Origem DependenteO significado bsico3. O Homem e a Natureza4. O formato padroOs principais fatoresa. Ignorncia e desejo-apegob. Formaes e ser/existirc. Conscincia at sensaes e nascimento, envelhecimento e morte5. Outras InterpretaesDefinio preliminarComo os elos se conectamExemplosUm exemplo da Origem Dependente na vida cotidiana6. A Natureza das Contaminaes7. A Origem Dependente na Sociedade8. O Ensinamento do Meio9. Rompendo o CicloApndiceUma nota sobre como interpretar o princpio da Origem DependenteNascimento e morte no momento presenteA Origem Dependente no AbhidhammaUm problema com a palavra nirodha

IntroduoO ensinamento da interdependncia causal o princpio Budista mais importante. Ele descreve a lei da natureza existente como o curso natural das coisas. O Buda no era um emissrio de mandamentos divinos, mas o descobridor desse princpio da natureza e o proclamador dessa verdade para o mundo.A progresso de causas e condies a realidade que se aplica a todas as coisas desde o meio ambiente natural, que uma condio fsica, externa, at os eventos das sociedades humanas, os princpios ticos, os eventos da vida e a felicidade e sofrimento que se manifestam nas nossas mentes. Esses sistemas de relao causal so parte da mesma verdade da natureza. Nossa felicidade dentro desse sistema natural depende de termos o conhecimento de como ele funciona e de agirmos corretamente dentro dele ao abordarmos os problemas nos nveis pessoal, social e ambiental. Pelo fato de todas as coisas estarem interconectadas e afetarem umas s outras, o xito em lidar com o mundo consiste em criar harmonia dentro dele.Costuma-se dizer que as cincias, que evoluram junto com a civilizao humana e que influenciam as nossas vidas de maneira to profunda na atualidade, esto baseadas na razo e na racionalidade. O seu repositrio de conhecimentos foi acumulado atravs da interao com essas leis da condicionalidade. Mas a busca humana pelo conhecimento nos campos da cincia moderna possui trs caractersticas notveis: primeiro, a busca pelo conhecimento nessas cincias e a aplicao desse conhecimento esto separadas em categorias distintas. Cada ramo da cincia distinto dos demais. Segundo, os seres humanos nas civilizaes atuais acreditam que a lei da condicionalidade se aplica apenas ao mundo fsico, no ao mundo mental ou aos valores abstratos, como por exemplo a tica. Isso pode ser observado at mesmo no estudo da psicologia, que tende a olhar para o processo de causa e efeito apenas em relao aos fenmenos fsicos. Terceiro, a aplicao do conhecimento cientfico (das leis da condicionalidade) dirigida exclusivamente para satisfazer interesses egostas. Nosso relacionamento com o meio ambiente, por exemplo, est centrado no esforo de extrair dele tantos recursos quanto possvel, com pouca ou nenhuma considerao para com as conseqncias.Por trs de tudo isso, tendemos a interpretar conceitos como a felicidade, liberdade, direitos, independncia e paz, de modo a preservar interesses prprios e abusar dos interesses dos outros. Mesmo quando o controle sobre outras pessoas passa a ser visto como uma ao censurvel, essa tendncia agressiva passa ento a ser dirigida em outras direes, tal como o meio ambiente. Agora que estamos comeando a compreender que impossvel na realidade controlar outras pessoas ou outras coisas, o nico sentido que resta na vida preservar os interesses prprios e proteger os direitos territoriais. Ao vivermos dessa maneira, com essa compreenso falha e crenas equivocadas, colocamos o meio ambiente em desequilbrio, a sociedade entra em convulso e a vida humana fica desorientada, tanto fsica como mentalmente. O mundo parece estar repleto de conflito e sofrimento.Todas as facetas da natureza o mundo fsico e o mundo humano, o mundo das condies (dhamma) e o mundo das aes (kamma), o mundo material e o mundo mental esto conectados e inter-relacionados, eles no podem ser separados. A desordem e a anormalidade num setor iro afetar os outros setores. Se quisermos viver em paz, temos que aprender a viver em harmonia com todas as esferas da natureza, tanto internas como externas, o individual e o social, o fsico e o mental, o material e o imaterial.Para criar a verdadeira felicidade da maior importncia que no somente reflitamos sobre a inter-relao de todas as coisas na natureza, mas que tambm nos vejamos com clareza como um sistema de relaes causais, como parte da natureza, tornando-nos conscientes primeiro dos fatores mentais internos, em seguida dos fatores das nossas experincias de vida, da sociedade e por fim do mundo nossa volta. por isso que em todos os sistemas de relao causal baseados na lei Com o surgimento disso, aquilo surge; Com a cessao disto, aquilo cessa, os ensinamentos Budistas principiam e sempre enfatizam os fatores envolvidos na criao do sofrimento situados na conscincia do indivduo porque h ignorncia, surgem as formaes. Uma vez que esse sistema de relaes causais seja compreendido no nvel interno, estaremos ento em posio de ver as conexes entre esses fatores internos e as relaes causais na sociedade e no meio ambiente natural. Essa a abordagem adotada neste livro.Gostaria de expressar o meu reconhecimento Buddhadhamma Foundation, a Khun Yongyuth Thanapura, que assumiu a responsabilidade de traduzir este livro para o Ingls e tambm a Bruce Evans que o traduziu tanto com o corao como com a mente, fazendo um nmero de adaptaes de forma a converter um captulo de um livro extenso em um conjunto abrangente.Que o conjunto de intenes benficas de todos aqueles envolvidos na produo deste livro sirva para desempenhar um pequeno papel na criao do bem-estar, tanto individual como social, no mundo de uma forma geral.P. A. Payutto

1. Uma viso geral da Origem DependenteO princpio da Origem Dependente um dos ensinamentos Budistas mais importantes e nico. Em muitos trechos do Cnone em Pali, ele foi descrito pelo Buda como uma lei da natureza, uma verdade fundamental que existe independente do surgimento de seres iluminados:Havendo ou no o surgimento de Tathagatas essa propriedade se mantm essa regularidade do Dhamma, essa ordenao do Dhamma, essa condicionalidade isto/aquilo.O Tathagata desperta de forma direta para isso, penetra isso. Despertando de forma direta e penetrando isso, ele o explica, ensina, proclama, estabelece, revela, analisa, elucida. E ele diz,Vejam, bhikkhus, do nascimento como condio, o envelhecimento e morte [surgem].Portanto, bhikkhus, a realidade disso, a infalibilidade, o que no de outra forma, a condicionalidade isto/aquilo: a isto se chama origem dependente.[SN.II.25](SN.XII.20)Os excertos a seguir indicam a importncia que o Buda atribua ao princpio da Origem Dependente:Quem v a origem dependente v o Dhamma; quem v o Dhamma v a origem dependente. [MN.I.191](MN 28)* * *Ao invs disso, bhikkhus, o nobre discpulo bem instrudo tem conhecimento disso que independente dos outros: Quando no existe isso, aquilo no existe; com a cessao disso, aquilo cessa. Quando no h ignorncia, as formaes volitivas no surgem. Quando no h formaes volitivas, a conscincia no surge. Quando no h conscincia, a mentalidade-materialidade (nome e forma) no surge. Quando no h nascimento, o envelhecimento e morte no surgem. Ele compreende assim : Desse modo o mundo cessa.Bhikkhus, quando um nobre discpulo assim compreende como na verdade a origem e a cessao do mundo, ele chamado um nobre discpulo com o entendimento perfeito, com a viso perfeita; ele realizou o verdadeiro Dhamma, ele v esse verdadeiro Dhamma, ele possui o conhecimento de um treinando, que entrou na correnteza do Dhamma, um nobre com a sabedoria penetrante que est s portas do Imortal. [SN.II.79] (SN XII.49)* * *Bhikkhus, aqueles contemplativos ou brmanes que no compreendem o envelhecimento e morte, a sua origem, a sua cessao, e o caminho que conduz sua cessao; que no compreendem o nascimento ... ser/existir ... apego ... desejo ... sensao ... contato ... seis bases dos sentidos .... mentalidade-materialidade (nome e forma) ... conscincia ... formaes volitivas, a sua origem, a sua cessao, e o caminho que conduz sua cessao: esses eu no considero serem contemplativos dentre contemplativos ou brmanes dentre brmanes, e esses venerveis no iro, realizando por si mesmos atravs do conhecimento direto, nesta mesma vida entrar e permanecer no objetivo da vida contemplativa ou no objetivo da vida brmane. [SN.XII.13]Nesta conversa com o Venervel Ananda, o Buda o previne para no subestimar a profundidade do princpio da Origem Dependente: maravilhoso e admirvel, venervel senhor, que essa origem dependente seja to profunda e difcil de ser vista, no entanto para mim ela parece to simples, clara como a luz do diaNo diga isso, Ananda, no diga isso. Esta origem dependente um ensinamento profundo, difcil de ser visto. por no entender, no compreender e no penetrar de forma completa este ensinamento que os seres ficam confusos como um novelo embaraado, como uma corda embolada cheia de ns, como juncos enredados, e no conseguem escapar da transmigrao, dos planos de misria, dos destinos ruins, dos mundos inferiores." [D.ll.92](DN15)Quem j estudou a vida do Buda poder se lembrar das suas ponderaes pouco depois da Iluminao, quando ele ainda no havia comeado e expor os ensinamentos. Naquela ocasio, o Buda relutava em ensinar, tal como relatado nas Escrituras:Eu pensei: Este Dhamma que eu alcancei profundo, difcil de ver e difcil de compreender, pacfico e sublime, que no pode ser alcanado atravs do mero raciocnio, sutil, para ser experimentado pelos sbios.Mas, esta gerao se delicia com a adeso, est excitada com a adeso, desfruta da adeso. difcil para uma gerao como esta ver esta verdade, isto , a condicionalidade isto/aquilo e a origem dependente. E tambm difcil de ver esta verdade, isto , o cessar de todas as formaes, o abandono de todas aquisies, o fim do desejo, desapego, cessao, Nibbana. Se eu fosse ensinar o Dhamma, os outros no me entenderiam e isso seria fatigante, problemtico para mim .. [Vin,I.4; MN.I.167] (MN 26)Esse trecho menciona dois ensinamentos, o princpio da Origem Dependente e Nibbana, enfatizando tanto a sua profundidade como tambm a sua importncia dentro da iluminao do Buda e dos seus ensinamentos.

Tipos de Origem Dependente encontrados nas escriturasAs referncias textuais que lidam com o princpio da Origem Dependente podem ser divididas em duas categorias principais. Primeiro, aquelas que descrevem o princpio geral e segundo, aquelas que especificam os fatores constituintes ajuntados numa cadeia. O primeiro formato com freqncia usado como um esboo geral precedendo o ltimo. O ltimo, encontrado com mais freqncia, na maior parte das vezes expresso por si s.A ltima descrio pode ser considerada como a manifestao prtica do princpio da Origem Dependente, demonstrando como o processo natural segue o princpio geral.Cada uma dessas duas categorias principais pode alm disso ser dividida em dois membros, o primeiro mostrando o processo de origem, o segundo, o processo de cessao. O primeiro membro, mostrando o processo de origem, chamado de samudayavara. a seqncia no seu modo para diante e corresponde segunda das Quatro Nobres Verdades, a causa do sofrimento (dukkha samudaya). O segundo membro, mostrando o processo de cessao, chamado nirodhavara. a seqncia no seu modo reverso e corresponde terceira Nobre Verdade, a cessao do sofrimento (dukkha nirodha).

a. O princpio geralEm essncia, este princpio corresponde quilo que em Pali conhecido como idappaccayata, o princpio da condicionalidade.A. Imasmim sati idam hoti: Quando existe isso, aquilo existe.Imasuppada idam upajjati: Com o surgimento disso, aquilo surge.B. Imasmim asati idam na hoti: Quando no existe isso, aquilo tambm no existe.Imassa nirodha idam nirujjhati: Com a cessao disto, aquilo cessa.

b. O princpio em funcionamentoAvijja-paccaya sankharaDa ignorncia como condio, as formaes volitivas[surgem]Sankhara-paccaya vianamDas formaes volitivas como condio, a conscincia.Viana-paccaya namarupamDa conscincia como condio, a mentalidade-materialidade (nome e forma).Namarupa-paccaya salayatanamDa mentalidade-materialidade (nome e forma) como condio, as seis bases dos sentidos.Salayatana-paccaya phassoDas seis bases dos sentidos como condio, o contato.Phassa-paccaya vedanaDo contato como condio, a sensaoVedana-paccaya tanhaDa sensao como condio, o desejo.Tanha-paccaya upadanamDo desejo como condio, o apego.Upadana-paccaya bhavoDo apego como condio, o ser/existir.Bhava-paccaya jatiDo ser/existir como condio, o nascimento.Jati-paccaya jaramaranamDo nascimento como condio, ento o envelhecimento e morte, Soka-parideva-dukkha-domanassupayasa sambhavan'titristeza, lamentao, dor, angstia e desespero surgem.Evametassa kevalassa dukkhakkhandhassa samudayo hotiEssa a origem de toda essa massa de sofrimento.Avijjaya tveva asesa-viraga nirodha sankhara-nirodhoDo desaparecimento e cessao sem deixar vestgios dessa mesma ignorncia, cessam as formaes volitivas.Sankhara-nirodha viana-nirodhoDa cessao das formaes volitivas, cessa a conscincia.Viana-nirodha namarupa-nirodhoDa cessao da conscincia, cessa a mentalidade-materialidade (nome e forma).Namarupa-nirodha salayatana-nirodhoDa cessao da mentalidade-materialidade (nome e forma), cessam as seis bases dos sentidos.Salayatana-nirodha phassa-nirodhoDa cessao das seis bases dos sentidos, cessa o contato.Phassa-nirodha vedana-nirodhoDa cessao do contato, cessa a sensao.Vedana-nirodha tanha-nirodhoDa cessao da sensao, cessa o desejo.Tanha-nirodha upadana-nirodhoDa cessao do desejo, cessa o apego.Upadana-nirodha bhava-nirodhoDa cessao do apego, cessa o ser/existir.Bhava-nirodha jati-nirodhoDa cessao do ser/existir, cessa o nascimento.Jati-nirodha jaramaranamDa cessao do nascimento, ento, o envelhecimento e morte, Soka-parideva-dukkha-domanassupayasa nirujjhan 'titristeza, lamentao, dor, angstia e desespero cessam.Evametassa kevalassa dukkhakkhandhassa nirodho hotiEssa a cessao de toda essa massa de sofrimento. [Vin.I.I-3; SN.II.l,65] (SN XII.2)

Observe que este formato trata o princpio da Origem Dependente como o processo do surgimento e cessao do sofrimento. Esse o fraseado mais comumente encontrado nos textos. Em alguns lugares, ele apresentado como o surgimento e a cessao do mundo, usando as palavras em Pali, ayam kho bhikkhave lokassa samudayo Essa, bhikkhus, a origem do mundo, e ayam kho bhikkhave lokassa atthangamo Esse, bhikkhus, o fim do mundo [SN.II.73] (SN.XII.44); ou emamayam loko samudayati Assim este mundo surge; e emamayam loko nirujjhati Assim este mundo cessa [SN.II.78] (SN XII.49). Ambos fraseados tm na verdade o mesmo significado, o que ficar claro uma vez que os termos sejam definidos.Nos textos do Abhidhamma e nos Comentrios o princpio da Origem Dependente tambm conhecido como paccayakara, referindo-se natureza interdependente das coisas.O formato ampliado, mostrado acima, contm doze fatores ligados de forma interdependente como uma cadeia. No possui incio nem fim. A colocao da ignorncia no incio no indica que esta seja a Primeira Causa, ou Gnesis, de todas as coisas. A ignorncia colocada no incio apenas para efeito de visibilidade, detendo o ciclo e estabelecendo um ponto de incio no ponto considerado mais prtico. Somos na verdade avisados a no tomar a ignorncia como a Primeira Causa com a seguinte descrio do surgimento condicionado da ignorncia - Asava-samudaya avijja-samudayo, asava-nirodha avijja-nirodho a ignorncia surge com o surgimento das impurezas e cessa com a cessao destas. [MN.I.55](MN 10)Os doze elos do formato padro do princpio da Origem Dependente so contados apenas da ignorncia at o envelhecimento e morte. Quanto tristeza, lamentao, dor, angstia e desespero, esses so na verdade subprodutos do envelhecimento e morte, para quem possua impurezas (asava) e contaminaes (kilesas), que se tornam o fertilizante para o futuro surgimento de impurezas e por conseqncia da ignorncia, que mais uma vez gira o ciclo.O Buda nem sempre descrevia o ciclo de Origem Dependente em um formato fixo (do comeo ao fim). O formato ampliado era empregado nos casos em que ele estava explicando o princpio de forma geral, mas quando ele estava abordando um problema em particular, com freqncia ele aplicava o formato em ordem reversa, assim: envelhecimento e morte jaramarana ...soka parideva dukkha domanassa upayasa => Dukkha samudaya.Ignorncia => formaes => conscincia => mentalidade-materialidade (nome e forma) => seis bases dos sentidos => contato => sensao => desejo => apego => ser/existir => nascimento => envelhecimento e morte ... tristeza, lamentao, dor, angstia e desespero => A origem do sofrimento.A seqncia da cessao prossegue de acordo com os mesmos ttulos.Como o princpio da Origem Dependente revolve sob a forma de um ciclo, sem incio e sem fim, uma forma de representao mais acurada est demonstrada na figura abaixo.

1. Avijja = Desconhecimento ou ignorncia de dukkha, sua causa, sua cessao e o caminho que conduz sua cessao (as Quatro Nobres Verdades); e de acordo com o Abhidhamma, desconhecer o que ocorreu antes (o passado), o que vir depois (o futuro), o que ocorreu tanto antes como depois, (o passado e o futuro), e o princpio da Origem Dependente.2. Sankhara = Formaes ou Impulsos Volitivos: formaes corporais ou aes intencionais; formaes verbais ou linguagem intencional; formaes mentais ou pensamentos [5]; e de acordo com o Abhidhamma: formaes meritrias ou kamma bom, (puabhisankhara), formaes no meritrias ou kamma ruim, (apuabhisankhara), e formaes fixas ou inamovveis ou kamma meritrio especial, (anejabhisankhara).3. Viana = Conscincia atravs do olho, ouvido, nariz, lngua, corpo e mente, (incluindo a conscincia de renascimento ou religao, patisandhi viana). (As seis conscincias).4. Namarupa = Mentalidade-materialidade (nome e forma): nama, (nome ou mente): sensao, percepo, inteno, contato, ateno, ou de acordo com o Abhidhamma: os khandhas da sensao, percepo e formaes; e rupa, (forma ou materialidade): os quatro elementos, terra, gua, fogo e ar e todos os elementos derivados destes.5. Salayatana = Os seis meios ou bases dos sentidos: olho, ouvido, nariz, lngua, corpo e mente.6. Phassa = Choque ou contato: contato no olho, contato no ouvido, contato no nariz, contato na lngua, contato no corpo contato na mente.[6]7. Vedana = Sensaes (de prazer, dor e indiferentes) que surgem do contato no olho, ouvido, nariz, lngua, corpo e mente. [7]8. Tanha = Desejo por vises; desejo por sons; desejo por aromas; desejo por sabores; desejo por sensaes corporais; desejo por objetos mentais: os seis desejos. [8]9. Upadana = Apego a objetos sensuais, (kamupadana), isto , vises, sons, aromas, sabores e sensaes corporais; apego a idias, (ditthupadana); apego a preceitos e rituais, (silabbatupadana); apego idia de um eu, (attavadupadana).10. Bhava = Ser/existir, as condies que levam ao nascimento; tambm os reinos de existncia: o reino sensual, (kamabhava); o reino da matria sutil, (rupabhava); o reino imaterial, (arupabhava).Uma definio alternativa: Kammabhava, o plano da ao, ou aes que condicionam o renascimento: aes meritrias, (puabhisankhara); aes demeritrias, (apuabhisankhara); aes imperturbveis, (anejabhisankhara); e Upapattibhava, os reinos de renascimento: o reino sensual; o reino da matria sutil; o reino imaterial.11. Jati = Nascimento, o surgimento dos khandhas e das bases dos sentidos, nascimento; o aparecimento ou origem das coisas [9].12. Jaramarana = Envelhecimento e morte: jara: o processo de envelhecimento, a diminuio das faculdades; e marana: a desintegrao dos khandhas, a dissoluo do princpio vital, morte; ou como alternativa a dissipao e dissoluo dos fenmenos. [10]A seguir encontram-se alguns exemplos:(Asava) =>Avijja Ignorncia: Acreditar que exatamente este eu ir renascer em vrios estados devido a certas aes em particular; que aps a morte no h nada; que a vida um processo aleatrio no qual as aes boas ou ms no produzem nenhum fruto; que simplesmente aderindo a uma certa religio a pessoa estar salva de forma automtica; que a riqueza material ir trazer a verdadeira felicidade ... E disto ...=> Sankhara Formaes: Pensar e intencionar de acordo com essas crenas; considerar e planejar aes, (kamma), de acordo como essas intenes, algumas boas, algumas ms e algumas neutras. E disto=> Viana Conscincia: a percepo e conscincia das sensaes que estaro relacionadas com intenes determinadas. A mente ou conscincia configurada de certas qualidades especficas atravs da inteno. Na morte, o momentum dos formaes propulsionados pela lei de kamma, induzem a conscincia de religao, (patisandhi vnana), assim moldada a assumir uma esfera de renascimento e nvel de existncia que lhe seja adequada. Isto o renascimento. E disto=> Namarupa Mentalidade-materialidade (nome e forma): O processo de renascimento prossegue para criar uma forma de vida pronta para gerar mais kamma. Como resultado, surgem os khandhas rupa, vedana, saa e sankhara na sua totalidade, completos com suas qualidades e defeitos distintos que lhes foram providos por meio da influncia modeladora das condies ou kamma e restringidos pelas limitaes daquela esfera de existncia em particular, (bhava), quer seja humana, animal, divina, etc.=> Salayatana As seis bases dos sentidos: Um ser senciente tem que ter os meios para se comunicar com o seu meio ambiente para poder funcionar e se desenvolver dentro dele. Dessa forma, suportado pelo corpo e mente e em conformidade com o momentum do kamma, o organismo prossegue no desenvolvimento das seis bases dos sentidos, os rgos dos sentidos do olho, nariz, ouvido, lngua, corpo e mente. E disto=> Phassa - Contato: O processo da conscincia agora opera atravss do contato ou choque de trs fatores. Eles so: o rgo do sentido interno (olho, ouvido, nariz, lngua, corpo e mente), o objeto do sentido externo, (vises, sons, aromas, sabores, sensaes corporais e objetos mentais), e a conscincia, (conscincia no olho, conscincia no ouvido, conscincia no nariz, conscincia na lngua, conscincia nas sensaes tangveis e conscincia na mente). Na dependncia desse contato. Ir ocorrer=> Vedana Sensao: as sensaes ou o reconhecimento das qualidades dos contatos sensuais, quer sejam agradveis, (sukhavedana sensaes prazerosas); desagradveis ou dolorosas, (dukkhavedana sensaes desprazerosas); ou indiferentes, equanimidade, (adukkhamasukha-vedana sensao neutra; ou upekkhavedana sensao equnime). De acordo com a natureza dos seres no iluminados, o processo no para aqui, mas segue para=> Tanha Desejo: Sensaes agradveis tendem a produzir a alegria e o prazer, desejo e busca por mais sensaes agradveis; quanto s sensaes estressantes ou desagradveis existe o desprazer, o desejo de destru-las ou elimin-las. A sensao neutra neste contexto considerada como uma forma sutil de sensao prazerosa porque ela no perturba a mente e evoca um certo contentamento. E disto=> Upadana Apego: medida que o desejo se intensifica, ele se transforma no agarramento ou apego ao objeto em questo. Enquanto um objeto ainda no tiver sido alcanado, haver desejo; assim que o objeto for alcanado, ele ser agarrado com firmeza pelo apego. Isso se refere no somente aos objetos sensuais, (kamupadana), mas tambm a idias e opinies, (ditthupadana), mtodos de prtica ou tcnicas, (silabbatupadana), e a idia de um eu, (attavadupadana). Por conta desse apego segue-se=> Bhava Ser/existir: inteno e ao deliberada para produzir e controlar as coisas de acordo com as diretrizes do apego, levando a mais um ciclo de todo o processo de conduta, (kammabhava), sendo kamma bom, kamma ruim ou kamma neutro, dependendo das qualidades do desejo e apego que os condicionaram. Por exemplo, algum que deseje renascer no paraso ir fazer aquelas coisas que cr iro conduz-lo ao renascimento no paraso, dessa forma assentando a base para que os cinco khandhas reapaream no plano, (bhava), apropriado quelas aes, (kamma), (upapattibhava). Com o processo de criao de kamma em plena operao, este elo d origem ao seguinte, que ...=> Jati Nascimento: comea com a conscincia de religao, a qual dotada de caractersticas que dependem do momentum do kamma, e conecta com um estado que lhe apropriado; os cinco khandhas surgem em um novo contnuo vital, compreendendo, mentalidade-materialidade (nome e forma), as seis bases dos sentidos, contato e sensao. Quando h o nascimento, o que segue de forma inevitvel => Jaramarana Envelhecimento e morte: a decadncia e dissoluo daquele contnuo vital. Para o ser no iluminado essas coisas esto a cada instante ameaando a vida de forma explcita ou dissimulada. Portanto, na vida do ser no iluminado, a velhice e a morte trazem consigo de forma inevitvel=> Soka - tristeza; parideva - lamentao; ddukkha dor; domanassa angstia e upayasa desespero, que no seu conjunto podem ser resumidas simplesmente como sofrimento. Dessa forma temos as palavras finais da frmula do princpio da Origem Dependente: Assim a origem de toda essa massa de sofrimento.No entanto, como o princpio da Origem Dependente funciona como um ciclo, ele no para por a. O ltimo fator se torna um elo crucial na continuao do ciclo. De modo mais especfico, a tristeza, lamentao e assim por diante so todos manifestaes das impurezas. Essas impurezas so quatro em nmero, isto : a preocupao com a satisfao dos desejos dos cinco sentidos, (kamasava); apego a idias e crenas, num exemplo em que o corpo um eu ou pertence a um eu, (ditthasava); desejo por vrios estados de ser e a aspirao de alcan-los e mant-los, (bhavasava); e a ignorncia em relao ao modo como as coisas so, (avijjasava).O envelhecimento e a morte causam um efeito inflamatrio nas impurezas: em relao a kamasava, eles causam sentimentos de separao das pessoas amadas e estimadas; em relao a ditthasava, eles confrontam a crena inata no eu e o apego ao corpo; em relao a bhavasava, eles significam a separao de estados de ser muito queridos; em relao a avijjasava, a ausncia de compreenso no nvel fundamental, (tal como no compreender a natureza da vida, envelhecimento e morte e como devemos nos relacionar com isso), o envelhecimento e a morte fazem com que o ser no iluminado experimente medo, melancolia, desespero e o apego a supersties. Essas impurezas so, portanto, os fatores determinantes para que tristeza, lamentao, dor, angstia e desespero surjam assim que o envelhecimento e a morte apaream.A tristeza e o sofrimento influenciam a mente de forma negativa. Sempre que o sofrimento surge, a mente fica confusa e embaralhada. O surgimento do sofrimento portanto proporcional ao surgimento da ignorncia, tal como mencionado no Visuddhimagga (Vism):Tristeza, dor, angstia e desespero so inseparveis da ignorncia e a lamentao a norma para o ser deludido. Por essa razo, quando a tristeza est completamente manifestada, assim tambm a ignorncia est completamente manifestada. [Vism.576]* * *Quanto ignorncia, saiba que ela surge da tristeza... [Vism.577]* * *A ignorncia est presente enquanto a tristeza estiver presente. [Vism.529]* * *Com o surgimento das impurezas existe o surgimento da ignorncia. [MN.I.54] (MN 9)Portanto, pode-se dizer que para o ser no iluminado, o envelhecimento e morte, junto com o seu squito tristeza, lamentao, dor, angstia e desespero so fatores para produzir mais ignorncia, dessa forma girando o ciclo mais uma vez.O ciclo da Origem Dependente tambm conhecido como a Roda do Ser/existir, (bhavacakka), ou Roda do Samsara. Esse modelo abrange trs vidas a ignorncia e as formaes esto numa vida, a conscincia at o ser/existir numa segunda vida, enquanto que o envelhecimento e morte (com tristeza, lamentao e assim por diante) em uma terceira. Tomando a vida intermediria como sendo a presente, podemos dividir os trs perodos de vida, com o conjunto completo dos doze elos do ciclo da Origem Dependente, em trs perodos de tempo da seguinte forma:1. Vida Passada Ignorncia, formaes2. Vida Presente Conscincia, mentalidade-materialidade (nome e forma), bases dos sentidos, contato, sensao, desejo, apego, ser/existir.3. Vida Futura Nascimento, envelhecimento e morte (tristeza, lamentao, dor, angstia e desespero).Dentre esses trs perodos, o perodo do meio, o presente, a nossa base. Sob essa perspectiva, vemos a relao do perodo passado como sendo puramente causal, isto , resultados no presente so derivados de causas do passado (causas do passado => resultados no presente), enquanto que o perodo futuro mostra especficamente resultados que se estendem de causas no presente para resultados no futuro (causas no presente => resultados no futuro). Assim o perodo do meio, o presente, contm ambas as condies, causais e resultantes. Podemos agora descrever o ciclo completo em quatro sees:1. Causa Passada = Ignorncia, formaes.2. Resultado Presente = Conscincia, mentalidade-materialidade (nome e forma), bases dos sentidos, contato, sensao.3. Causa Presente = Desejo, apego, ser/existir.4. Resultado Futuro = Nascimento, envelhecimento, morte (tristeza, lamentao, etc.)Alguns dos elos nesse ciclo possuem significados que se correlacionam e eles podem ser agrupados da seguinte forma:

a. Ignorncia e desejo-apegoDa descrio da ignorncia, (avijja), parece que o desejo, (tanha), e o apego, (upadana), esto envolvidos, especialmente o apego ao eu, que est presente em todos momentos. No compreender a verdade da vida, e acreditar de forma equivocada num eu, conduz ao desejo em nome desse eu, junto com as suas formas variadas de apego. Nas palavras Com o surgimento das impurezas existe o surgimento da ignorncia, kamasava, (a impureza do desejo sensual), bhavasava, (a impureza do desejo por ser), e ditthasava, (a impureza do apego a idias), so todos tipos de desejo e apego. Portanto, ao falar da ignorncia, o significado sempre inclui o desejo e o apego.O mesmo se aplica a todas as descries do desejo e do apego a ignorncia est sempre conectada com eles. A premissa deludida de que as condies so entidades reais o fator determinante para que o desejo e o apego surjam. Quanto mais desejo e apego houver, mais o discernimento ser colocado de lado e a ateno plena e o comportamento racional sero comprometidos. Portanto, ao falar do desejo e do apego, a ignorncia est implcita de forma automtica.Sob essa perspectiva, a ignorncia como causa do passado e o desejo e apego como causas no presente, significam em grande parte a mesma coisa. Mas a ignorncia classificada como um fator determinante do passado, enquanto que o desejo e o apego so classificados como fatores determinantes no presente para mostrar cada um desses fatores na sua relao proeminente com os demais fatores na Roda do Ser/existir.

b. Formaes e ser/existirFormaes, (sankhara), aparecem no segmento da vida passada enquanto que ser/existir, (bhava), ocorre no segmento da vida presente, mas cada um desempenha um papel decisivo no reino, ou bhava, no qual a vida ir aparecer, e dessa forma eles possuem significados similares, diferindo apenas em termos de nfase. Sankhara se refere especificamente ao fator da inteno, (cetana), que o fator predominante na criao de kamma. Bhava tem um significado mais amplo, incorporando ambos, kammabhava e upapattibhava. Kammabhava, como sankhara, tem a inteno como principal fora motivadora, mas difere de sankhara ao abranger o processo completo de gerao das aes. Upapattibhava se refere aos cinco khandhas que surgem como resultado de kammabhava.

c. Conscincia at sensaes; nascimento, envelhecimento e morteO segmento do ciclo da conscincia at as sensaes a vida presente, descrita ponto por ponto para esclarecer as relaes de causa e efeito dos fatores envolvidos. Nascimento, juntamente com envelhecimento e morte, so resultados futuros. O ciclo nesse ponto nos diz que as causas no presente precisam gerar resultados no futuro, neste caso envelhecimento e morte. Esta uma repetio, em forma condensada, do segmento do ciclo da conscincia at sensaes, enfatizando a origem e a cessao do sofrimento. Envelhecimento e morte tambm atuam como pontos de conexo para um novo ciclo. Pode ser dito, no entanto, que os segmentos da conscincia at sensaes e do nascimento at envelhecimento e morte, so praticamente sinnimos.Com isso em mente, os quatro estgios de causa e efeito podem ser divididos assim:1. Cinco Causas Passadas: Ignorncia, formaes, desejo, apego, ser/existir.2. Cinco Resultados Presentes: Conscincia, mentalidade-materialidade (nome e forma), bases dos sentidos, contato, sensao (= nascimento, envelhecimento e morte).3. Cinco Causas Presentes: Ignorncia, formaes, desejo, apego, ser/existir.4. Cinco Resultados Futuros: Conscincia, mentalidade-materialidade (nome e forma), bases dos sentidos, contato, sensao (= nascimento, envelhecimento e morte).Devido relao entre os doze elos do ciclo da Origem Dependente, eles podem ser divididos em trs grupos, chamados vatta [11], ou ciclos.1. Ignorncia-desejo-apego, (avijja-tanha-upadana) Essas so kilesa (contaminaes), as foras que incitam os vrios tipos de pensamentos e aes deludidas. Esta seo por conseqncia chamada de kilesavatta.2. Formaes (sankhara e as aes que condicionam o renascimento ([ kamma-] bhava) Esses so kamma, o processo das aes baseadas nas kilesa que condicionam a vida. Este segmento chamado de kammavatta.3. Conscincia, mentalidade-materialidade (nome e forma), seis bases dos sentidos, contato, sensao (viana, namarupa, salayatana, phassa, vedana) Esses so vipaka, os eventos da vida que resultam dos efeitos de kamma. Vipaka ento se tornam alimento para as kilesa, que por seu turno se tornam causa para a criao de mais kamma. Assim, este segmento chamado vipakavatta.Esses trs vatta esto de forma contnua impulsionando uns aos outros em torno do ciclo da vida. Atravs de um diagrama, eles podem ser representados como mostrado a seguir:

Como as contaminaes (kilesa) so as principais motivadoras das condies da vida, elas esto posicionadas no ponto inicial do ciclo. Dessa forma, podemos distinguir dois pontos iniciais, ou agentes de ativao, na roda da vida:1. A ignorncia o agente do passado que influencia o presente at a sensao.2. Desejo o agente no presente, estendendo o ciclo da sensao para o futuro, envelhecimento e morte.A razo pela qual a ignorncia aparece na primeira seo enquanto que o desejo aparece na ltima que a ignorncia segue depois de tristeza, lamentao e assim por diante, enquanto que o desejo segue depois da sensao. A ignorncia e o desejo so as contaminaes predominantes em cada caso respectivamente.Este modelo do ciclo da Origem Dependente faz as seguintes distines na forma como o renascimento ocorre, dependendo de se o fator decisivo for a ignorncia ou o desejo (por ser):A ignorncia a causa principal de nascimento nos estados miserveis, porque a mente envolvida pela ignorncia incapaz de distinguir entre o bem e o mal, certo e errado, benfico e prejudicial. Como resultado no existe um padro de comportamento, as aes so aleatrias e existe maior probabilidade que o resultado seja o kamma ruim do que o kamma bom.Desejo por existir, (bhavatanha), tem maior probabilidade de resultar num nascimento em estados prazerosos. Quando esta for a fora motivadora, existir a aspirao por uma melhor situao de vida. Quanto a existncias futuras, o desejo poder ser pelo renascimento num plano divino ou celestial. No que diz respeito existncia presente, a aspirao pode ser pela riqueza, fama ou reputao. As aes seguem a partir dessas aspiraes iniciais. Se a aspirao for pelo renascimento num estado divino, poder envolver o desenvolvimento de estados meditativos refinados; se a aspirao for pelo renascimento num plano celestial, ento poder envolver a observao de preceitos morais e a realizao de aes generosas; se a aspirao for pela riqueza, ento seguir a diligncia requerida para esse fim; se a aspirao for por uma boa reputao, ento haver a realizao de boas aes para ajudar os outros e assim por diante. Todas essas aes tm que estar baseadas em uma certa medida de auto-disciplina, dedicao e diligncia. Como resultado, as boas aes tm maior probabilidade de surgir do que no caso de uma vida vivida sob o controle exclusivo da ignorncia.Embora a ignorncia e o desejo por ser tenham sido colocados como pontos iniciais no ciclo, eles no so os principais responsveis pela sua movimentao. Isso est expresso nas palavras do Buda:Nenhum incio pode ser encontrado, bhikkhus, para a ignorncia, desta forma: Antes deste ponto no havia ignorncia, mas ento ela surgiu. Nesse caso, apenas pode ser dito, Na dependncia disso, surge a ignorncia.[12]Existem palavras similares para bhavatanha.[13]Que a ignorncia e o desejo so fatores determinantes significativos e que surgem em conjunto no processo da Origem Dependente est expresso na seguinte afirmao:Bhikkhus, para o sbio (e para o tolo), obstrudo pela ignorncia e aprisionado pelo desejo, este corpo surgiu. Agora, existem ambos, este corpo e a mentalidade-materialidade (nome e forma) externa. Aqui, na dependncia dessa dualidade, existe o contato nas seis bases. H apenas seis bases, atravs das quais pelo contato o sbio ( e o tolo) se torna sensvel ao prazer e dor.[SN.II.23] (SN.XII.19)Em conjunto com as explicaes acima, as representaes esquemticas abaixo podero ser de utilidade:+

Notas:[3] Veja Paccayakara-vibhanga, Vbh.135ff.; Vism.517-586; Vbh.A.130-213; Abhidhammattha-sangaha, Captulo 8. [Retorna][4] Para referncia das descries a seguir, veja o SN.II.2-4; Vbh.135; para o comentrio veja o Vism.517-586; Vbh.A.130-213. [Retorna][5] Pubbanta-aparanta-pubbantaparanta: o passado, o futuro, e ambos, o passado e o futuro. [Retorna][6] Phassa significa contato que o encontro do rgo do sentido com o objeto do sentido e com a conscincia. [Retorna][7] Vedana tambm pode ser classificada em trs tipos: prazerosa, no prazerosa ou nem prazerosa, nem no prazerosa; ou em cinco tipos: sensao corporal prazerosa, sensao corporal no prazerosa, sensao mental prazerosa, sensao mental no prazerosa e sensao neutra ou indiferente. [Retorna][8] O desejo tambm pode ser classificado em trs tipos: desejo sensual, desejo por ser e desejo por no ser ou pela aniquilao. Quando esses trs so multiplicados pelo nmero das bases dos sentidos, (seis), temos dezoito; quando esse resultado novamente multiplicado por dois, (interno e externo), temos trinta e seis; quando esse resultado novamente multiplicado por trs, (passado, presente e futuro), o resultado equivale ao total de 108 tipos de desejo: MN.59. [Retorna][9] Vbh.145,159,191. Esta ltima interpretao usada para explicar o ciclo da Origem Dependente em um momento mental. [Retorna][10] Idem nota 9. [Retorna][11] Os trs vatta provm dos Comentrios. Eles explicam o princpio da Origem Dependente de uma forma bastante simplificada: quando h kilesa, tal como um desejo de obter algo, este seguido por kamma, a ao para obter aquilo, e vipaka, a sensao agradvel resultante ao obter aquilo ou a sensao desagradvel por no obter aquilo. A sensao agradvel ou desagradvel causa o surgimento de mais kilesa, mais desejo e averso, que por seu turno gera mais aes, kamma, conduzindo a um diferente tipo de vipaka e assim por diante [Retorna][12] Vism.525; a ignorncia alimentada pelos cinco obstculos. [Retorna][13] Vism.525; o desejo por ser alimentado pela ignorncia. [Retorna]

5. Outras InterpretaesContedo: Definio preliminarComo os elos se conectamExemplosUm exemplo da Origem Dependente na vida cotidiana

A descrio da Origem Dependente dada no captulo anterior aquela encontrada com mais freqncia nas escrituras e comentrios. Ela busca explicar a Origem Dependente como samsaravatta, o ciclo de renascimentos, mostrando as conexes entre trs vidas o passado, o presente e o futuro.Aqueles que no concordarem com essa interpretao, ou que preferirem algo mais imediato, podero encontrar outras alternativas no s no Abhidhamma Pitaka, onde o princpio da Origem Dependente mostrado na sua totalidade em um momento mental, como tambm podero interpretar as mesmas palavras do Buda empregadas para sustentar o modelo padro sob um ngulo distinto, proporcionando um quadro bastante diferente do princpio da Origem Dependente, algo que defendido pelos ensinamentos e referncias textuais de outras fontes.Os argumentos empregados para defender tais interpretaes so muitos. Por exemplo, o conhecimento direto do fim do sofrimento e a vida sem aflies do Arahant so estados que podem surgir nesta presente vida. No necessrio morrer antes de realizar a cessao do nascimento, envelhecimento e morte e do mesmo modo com a tristeza, lamentao, dor, angstia e desespero. Essas coisas podem ser superadas nesta mesma vida. O ciclo todo da Origem Dependente, tanto na origem do sofrimento como na sua cessao, diz respeito vida presente. Se o ciclo puder ser claramente compreendido da forma como opera no presente, conseqentemente o passado e o futuro tambm sero compreendidos de forma clara, porque eles so todos parte do mesmo ciclo.Como referncia, considere as palavras do Buda:Udayin, se algum fosse recordar as suas muitas vidas passadas, isto , um nascimento, dois nascimentos... assim, nos seus modos e detalhes, se ele se recordasse das suas muitas vidas passadas, ento um dos dois, ou ele me perguntaria uma questo sobre o passado, ou eu poderia perguntar-lhe uma questo sobre o passado, e ele poderia satisfazer a minha mente com a resposta minha questo ou eu poderia satisfazer a mente dele com a minha resposta questo dele. Se algum por meio do olho divino, que purificado e sobrepuja o humano, v seres falecendo e renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, afortunados e desafortunados... e compreende como os seres continuam de acordo com as suas aes, ento um dos dois, ou ele me perguntaria uma questo sobre o futuro, ou eu poderia perguntar a ele uma questo sobre o futuro, e ele poderia satisfazer a minha mente com a resposta minha questo ou eu poderia satisfazer a mente dele com a minha resposta questo dele. Mas deixemos de lado o passado, Udayin, deixemos de lado o futuro. Eu lhe ensinarei o Dhamma: Quando existe isso, aquilo existe; Com o surgimento disso, aquilo surge. Quando no existe isso, aquilo tambm no existe; Com a cessao disto, aquilo cessa. [M.II.31](MN 79)* * *Ento, o chefe tribal Bhadraka foi at o Abenoado e depois de cumpriment-lo sentou a um lado e disse: "Seria bom, venervel senhor, se o Abenoado me ensinasse sobre a origem e a cessao do sofrimento." O Abenoado respondeu, Chefe tribal, se eu lhe ensinasse a origem e a cessao do sofrimento referindo-me ao passado assim, assim era no passado, a dvida e a perplexidade surgiriam em voc por conta disso. Se eu lhe ensinasse a origem e a cessao do sofrimento referindo-me ao futuro assim, assim ser no futuro, a dvida e a perplexidade surgiriam em voc por conta disso. Ao invs disso, chefe tribal, enquanto estou sentado exatamente aqui, e voc est sentado exatamente a, eu lhe ensinarei a origem e a cessao do sofrimento." [SN.IV.327] (SN XLII.11)* * *Produzidas por distrbios da blis, Sivaka, surgem certos tipos de sensaes. Que isso acontece, pode ser compreendido pela prpria pessoa e tambm no mundo aceito como verdadeiro. Produzidas por distrbios da fleuma ... dos ventos ... de um desequilbrio [dos trs] ... pela mudana de clima .. pelo comportamento descuidado ... pela violncia ... pelos resultados de Kamma por meio de tudo isso, Sivaka, surgem certos tipos de sensaes. Que isso acontece, pode ser compreendido pela prpria pessoa e tambm no mundo aceito como verdadeiro. Agora quando esses contemplativos e brmanes possuem esta doutrina e entendimento: Tudo aquilo que uma pessoa experimentar, quer seja prazer, dor ou nem prazer, nem dor, tudo causado pelas aes passadas, ento eles vo alm daquilo que conhecem por si mesmos e daquilo que aceito no mundo como verdadeiro. Portanto, eu digo que esses contemplativos e brmanes esto equivocados. [SN.IV.230](SN.XXXVI.21)* * *Bhikkhus, aquilo que algum intenciona, aquilo que algum planeja, e qualquer coisa pela qual algum tenha preferncia: isto se torna uma base para a manuteno da conscincia. Quando h uma base, haver um suporte para o estabelecimento da conscincia. Quando a conscincia se estabelece e cresce, h a produo de uma renovada existncia futura. Quando h a produo de uma renovada existncia futura, o futuro nascimento, e morte, lamentao, dor, angstia e desespero surgem. Essa a origem de toda essa massa de sofrimento. [SN.II.65] (SN XII.38)Embora esta interpretao do princpio da Origem Dependente deva ser entendida pelo que ela , apesar disso no descartamos a forma estabelecida pelo modelo padro. Ento, antes de explorar o seu significado deveramos primeiro reiterar o modelo padro, adaptando as definies de acordo com esta interpretao.

Definio preliminar1. Ignorncia ignorncia da verdade, ou das coisas como elas so; estar deludido pelas realidades nominais; a ignorncia que est por detrs das crenas; falta de sabedoria; inabilidade em compreender o ciclo de causa e efeito.2. Formaes atividades mentais, inteno deliberada, inteno e deciso e a sua gerao de aes; a organizao da maneira de pensar de acordo com hbitos acumulados, habilidades, preferncias e crenas; o condicionamento da mente e da maneira de pensar.3. Conscincia a conscincia das sensaes, isto : viso, audio, olfato, paladar, toque e cognio, o estado bsico da mente de momento a momento.4. Mentalidade-materialidade (nome e forma) (o organismo animado) a presena da corporalidade e mentalidade como parte da conscincia; o estado de coordenao entre o corpo e a mente para que funcionem de acordo com o fluxo da conscincia; as mudanas corporais e mentais como resultado dos estados mentais.5. As seis bases do sentidos o funcionamento dos meios dos sentidos.6. Contato o ponto de contato entre a conscincia e o mundo externo.7. Sensao de prazer, de dor ou indiferena.8. Desejo o desejo de buscar objetos sensuais prazerosos e de escapar dos desprazerosos. O desejo pode ser de trs tipos: desejo de ter e desfrutar, desejo de ser e desejo de destruir ou livrar-se.9. Apego apego e agarramento a sensaes prazerosas ou desprazerosas, s condies de vida que arrojam essas sensaes e a avaliao e a atitude em relao a essas coisas com base no seu potencial para satisfazer desejos.10. Ser/existir todo o processo de comportamento gerado para satisfazer o desejo e o apego (kammabhava - o processo ativo); e tambm as condies da vida que resultam dessas foras (upapattibhava o processo passivo).[14]11. Nascimento claro reconhecimento da emergncia em um estado de existncia; identificao com estados de vida ou modos de conduta e a noo resultante de quem os desfruta, ocupa ou experimenta.12. Envelhecimento e morte a conscincia da separao ou privao do eu de um estado de existncia ou identidade; a sensao de ameaa de aniquilao ou separao desses estados de ser; e da, a experincia resultante de tristeza, lamentao, dor, angstia e desespero (mesmo nas suas formas mais sutis).

Como os elos se conectam1 => 2. Ignorncia como fator determinante para as formaes: Sem conhecimento ou conscincia da verdade, sem a compreenso clara ou reflexo sbia sobre as experincias, o resultado o raciocnio confuso baseado na conjectura e na imaginao e condicionado pelas crenas, temores e traos de carter acumulados. Como conseqncia, isso condiciona todas as decises ao agir, falar ou pensar.2 => 3. Formaes como fatores determinantes para a conscincia: Com a inteno, a conscincia condicionada como conseqncia. Temos a tendncia, (ou estamos condicionados), a ver, ouvir e cogitar de acordo com as influncias das nossas intenes arraigadas. Alm disso, o contexto dentro do qual vemos, ouvimos ou cogitamos tambm estar condicionado por essas intenes. A inteno ir conduzir a conscincia a repetidamente se recordar e proliferar acerca de certos eventos. A inteno tambm ir condicionar o estado de espirito bsico, ou conscincia, a assumir ou qualidades finas e boas, ou grosseiras e ms; a conscincia condicionada de acordo com as intenes boas ou ms.3 => 4. Conscincia como fator determinante para a mentalidade-materialidade (nome e forma): A cognio, viso, audio e assim por diante, implicam as propriedades fsicas, (rupadhamma), e as propriedades mentais, (namadhamma), que conhecemos e vemos. Alm disso, quando a conscincia opera, as propriedades fsicas e mentais relevantes, (sendo elas a corte da conscincia os khandhas da forma, sensao, percepo e impulsos volitivos), tambm precisam funcionar de acordo e de modo coordenado com a natureza daquela conscincia. Por exemplo, quando a conscincia est moldada pela raiva, as percepes que surgem como resultado sero igualmente negativas. O corpo ir assumir caractersticas em conformidade com a inteno hostil, tais como expresses faciais agressivas, tenso nos msculos e presso sangnea alta. As sensaes sero desagradveis. Quando a conscincia assume qualquer caracterstica em particular de forma repetida e habitual, as propriedades mentais e fsicas subseqentes se tornaro os traos corporais e mentais de comportamento e carter correspondentes.4 => 5. Mentalidade-materialidade (nome e forma) como fatores determinantes para as seis bases dos sentidos: Quando a mentalidade-materialidade (nome e forma) funciona, os meios dos sentidos relevantes so ativados para satisfazer a sua demanda, (buscando informao relevante ou desfrutando de sensaes). Essas portas dos sentidos iro funcionar de acordo com os estados corporais e mentais que as condicionam.5 => 6. As seis bases dos sentidos como fatores determinantes para o contato: Com o funcionamento das vrias portas dos sentidos, o contato, (phassa), o choque com elas ou a plena conscincia das sensaes, surge na dependncia da porta do sentido em questo estar funcionando naquele momento.6 => 7. Contato como fator determinante para a sensao: Juntamente com a conscincia tem que haver sensaes de um tipo ou outro: se no prazerosa ou desprazerosa, ento neutra.7 => 8. Sensao como fator determinante para o desejo: Com a experincia de sensaes prazerosas segue o deleite e o apego. Isto o desejo sensual, (kamatanha). Algumas vezes h o desejo por uma posio da qual ser possvel controlar e desfrutar dessas sensaes prazerosas. Este o desejo de ser ou por estados de ser, (bhavatanha). As experincias que produzem sensaes de desconforto ou sofrimento em geral provocam pensamentos de averso e o desejo de se livrar da fonte daquelas sensaes. Este o desejo por no ser, (vibhavatanha). Entre as sensaes neutras, tais como a indiferena ou embotamento, existe um apego sutil, de tal forma que a indiferena considerada como uma forma sutil de sensao agradvel, propensa a evoluir para o desejo por formas mais aparentes de prazer a qualquer instante.8 => 9. Desejo como fator determinante para o apego: medida que o desejo se torna mais forte, ele se transforma em apego, um tipo de preocupao mental, criando uma atitude para com o objeto do desejo e a avaliao desse objeto; (com vibhavatanha, uma avaliao negativa ser formada). Uma posio fixa adotada em relao s coisas: se houver atrao esta precipitar um efeito aglutinante, uma identificao com o objeto da atrao. Qualquer coisa conectada com aquele objeto parecer boa. Quando existe repulsa, o objeto daquela repulsa parece afrontar o eu. Qualquer posio adotada em relao a essas coisas tende a reforar o apego, que ser dirigido para, e por outro lado ir reforar o valor de: Objetos sensuais (kama) Idias e crenas (ditthi) Sistemas, modelos, prticas e assim por diante (silavatta) A crena num eu, (attavada), que ir alcanar ou ser impedida de alcanar os seus desejos9 => 10. Apego como fator determinante para o ser/existir: O apego condiciona bhava, estados de vida, tanto no nvel de comportamento, (kammabhava), como em relao ao carter e propriedades fsicas e mentais, (upapattibhava). Estes poderiam por exemplo ser o padro de comportamento, (kammabhava), e traos de carter, (upapattibhava), de algum que aspira ficar rico ou que deseja o poder, fama, beleza, ou que odeia a sociedade e assim por diante.10 => 11. Ser/existir como fator determinante para o nascimento: Dada uma situao de vida para ser ocupada e possuda, um ser surge para preench-la como desfrutador ou experimentador. Essa a sensao distinta de ocupar ou possuir aquela situao de vida. Existe a percepo daquele que age e do que colhe os frutos das aes, daquele que tem xito e do que fracassa, daquele que ganha e daquele que perde.11 => 12. Nascimento como fator determinante para o envelhecimento e morte: O nascimento num certo estado traz consigo de modo inevitvel as experincias de prosperidade e declnio que so parte dele. Estas incluem a iminente degenerao desse estado, as experincias de adversidade e runa dentro dele, a separao e a destruio dele. Existe a constante ameaa do perigo e a necessidade constante de proteger e manter o eu. A inevitabilidade do declnio e da dissoluo, junto com a constante ansiedade e esforo para proteger esse estado desses fatores, se combinam para causar tristeza, lamentao, dor, angstia e desespero, ou, o sofrimento.

Exemplos1 => 2. Ignorncia...formaes: Sem conhecer a verdade, conseqentemente a mente prolifera e imagina, como um homem que, acreditando em fantasmas, (ignorncia), amedrontrado, (impulso volitivo), pela luz refletida dos olhos de um animal noite; ou como uma pessoa que especula acerca do que outra pessoa tem no seu punho cerrado; ou como uma pessoa que acredita que os seres celestiais so capazes de criar qualquer coisa que queiram e inventa cerimonias ou frases msticas como splicas; ou como algum que, desconhecendo a verdadeira natureza das coisas condicionadas, que so instveis e sujeitas a fatores determinantes, as v como atraentes e desejveis e deseja obt-las e control-las. Enquanto algum trao de ignorncia ainda estiver presente, impulsos volitivos ou proliferao sero produzidos.2 => 3. Formaes ...conscincia: Com cetana, (inteno), e com a colorao mental, a conscincia como viso, audio e assim por diante, condicionada em conformidade. Sem a inteno ou interesse, a conscincia poder no surgir, mesmo numa situao em que isso seja possvel. Por exemplo, quando estamos lendo um livro envolvente, a nossa ateno no se distrai, mas apenas admite para a conscincia o assunto que est sendo objeto de leitura. At mesmo um rudo forte ou mordidas de mosquitos podem passar desapercebidos. Quando estamos atentados em buscar um objeto em particular, poderemos no notar outros objetos.O mesmo objeto visto em circunstncias distintas, com intenes distintas, poder ser encarado de forma distinta, dependendo do contexto da inteno. Por exemplo, um terreno vazio para uma criana pode parecer um timo lugar para brincar; para um homem que tenha a inteno de construir uma casa pode parecer um bom local para aposentadoria; para um agricultor, outras caractersticas sero importantes, enquanto que para um industrial, ainda outras caractersticas sero proeminentes.Se olharmos para o mesmo objeto em momentos distintos, no contexto de pensamentos distintos, diferentes caractersticas iro se destacar mais. Ao pensar pensamentos benficos, a mente influenciada por esses pensamentos, e interpreta o objeto da ateno nesse contexto. Ao pensar de forma grosseira e prejudicial, a mente toma nota disso e se dirige e interpreta o significado dos objetos associados ateno luz desses pensamentos destrutivos. Por exemplo, dentre uma coleo de objetos colocados juntos podem estar uma faca e algumas flores. Um amante das flores poder apenas notar as flores e nenhum dos demais objetos que estejam colocados junto. Quanto mais intenso for o interesse e a atrao por aquelas flores, mais intensa ser a ateno dirigida a elas excluindo todo o restante. Uma outra pessoa que esteja buscando uma arma poder apenas notar a faca. No caso de vrias pessoas vendo a mesma faca, uma poder ter a percepo de uma arma, enquanto que outra poder ter a percepo de um utenslio de cozinha, enquanto que uma outra poder v-la como uma pea de ferro velho, tudo dependendo do referencial e da inteno do observador.3 => 4. Conscincia...Mentalidade-materialidade (nome e forma): A conscincia e a mentalidade-materialidade (nome e forma) so interdependentes, tal como dito pelo Venervel Sariputta: como se dois feixes de junco estivessem em p se apoiando um no outro. Da mesma forma, da mentalidade-materialidade (nome e forma) como condio, a conscincia [surge], da conscincia como condio, a mentalidade-materialidade (nome e forma). Se algum tirasse um dos feixes de junco, o outro cairia. Se algum tirasse o outro, o primeiro cairia. Da mesma forma, da cessao da mentalidade-materialidade (nome e forma), cessa a conscincia. Da cessao da conscincia, cessa a mentalidade-materialidade (nome e forma). [SN.II.114] (SN.XII.67)Nesse contexto, com o surgimento da conscincia, a mentalidade-materialidade (nome e forma) surge e tem que surgir. Como os impulsos volitivos condicionam a conscincia, estes tambm condicionam a mentalidade-materialidade (nome e forma), mas como a mentalidade-materialidade (nome e forma) depende da conscincia para sua existncia, pois so propriedades da conscincia, diz-se que: os impulsos volitivos condicionam a conscincia e a conscincia condiciona a mentalidade-materialidade (nome e forma). Assim podemos analisar a forma como a conscincia condiciona a mentalidade-materialidade (nome e forma) da seguinte forma:1. Quando se diz que a mente percebe alguma sensao em particular, tal como ao ver ou ouvir, na verdade apenas a cognio da mentalidade-materialidade (nome e forma) (especificamente os khandhas da forma, sensao, percepo e impulsos volitivos). Tudo que existe no nvel experiencial aquilo que percebido pela conscincia momento a momento, as propriedades fsicas e mentais aparentes para os sentidos. Quando h cognio, as propriedades mentais e fsicas relativas que so experimentadas existem. A existncia de uma rosa, por exemplo, a cognio pelo sentido visual naquele momento. Exceto por isso, no h uma rosa como tal, a no ser como um conceito na mente. A rosa no independente das sensaes, percepes e conceitos que ocorrem naquele momento. Assim, quando h conscincia, a mentalidade-materialidade (nome e forma) tambm estar ali de forma simultnea e independente.2. A mentalidade-materialidade (nome e forma), especialmente as qualidades mentais que dependem de um certo momento de conscincia iro assumir qualidades em harmonia com aquela conscincia. Sempre que as atividades mentais, ou impulsos volitivos forem positivos (benficos ou hbeis), a conscincia resultante deles ser por conseqncia clara e alegre e a expresso corporal ser espirituosa. Quando os impulsos volitivos so negativos (prejudiciais ou inbeis) eles levam percepo de sensaes sob uma perspectiva dura e prejudicial. O estado mental ser negativo e a expresso corporal e o comportamento sero influenciados de forma correspondente. Nesse estado, os fatores constituintes, tanto mentais como fsicos, esto num estado de alerta para agir em conformidade com os impulsos volitivos que condicionam a conscincia. Quando h um sentimento de amor e afeio (impulso volitivo) surge a cognio de sensaes prazerosas (conscincia), a mente (nama) estar brilhante e alegre, como a expresso facial (rupa). Com a raiva existe a cognio de sensaes desprazerosas, a mente ficar deprimida e a expresso facial ser mal humorada e agressiva.No campo esportivo, o jogador de futebol foca sua ateno e interesse no jogo em disputa. A sua ateno surge e cessa com intensidade proporcional fora do interesse dele no jogo. Todos os componentes necessrios do corpo e mente esto preparados para funcionar e realizar as suas tarefas tal como direcionado. A inter-relao neste caso se refere e inclui o contnuo surgimento e cessao de mentalidade-materialidade (nome e forma) (ou propriedades fsicas e mentais). As propriedades ativas da mentalidade-materialidade (nome e forma) convergem para formar o estado geral do ser conforme direcionado pela conscincia e pelos impulsos volitivos (observe a similaridade com bhava).Todos os eventos que ocorrem neste estgio so passos importantes na gerao de kamma e dos seus resultados. O ciclo, ou valla, completou uma pequena rotao (ignorncia contaminao ou kilesa; impulsos volitivos so kamma; a conscincia e a mentalidade-materialidade (nome e forma) so resultados de kamma ou vipaka ) e est se preparando para iniciar um novo ciclo. Este um estgio importante na formao de hbitos e caractersticas.4 => 5. Mentalidade-materialidade (nome e forma)...seis bases dos sentidos: A mentalidade-materialidade (nome e forma) precisa funcionar atravs da conscincia do mundo exterior, e junto com a experincia adquirida previamente ser por sua vez usada a servio da inteno ou impulsos volitivos. Assim, os componentes da mentalidade-materialidade (nome e forma) que servem como transmissores e receptores das sensaes, (os meios dos sentidos), esto num estado de alerta para funcionar de acordo com os seus fatores determinantes. Por exemplo, no caso do jogador de futebol no campo, os rgos dos sentidos responsveis por receber as sensaes diretamente concernentes ao esporte que est sendo praticado, tais como o olho e o ouvido, sero preparados para receber essas sensaes. Ao mesmo tempo, aqueles sentidos no concernentes de imediato, como o paladar ou o olfato, estaro dormentes ou num estado de atividade suspensa.5 => 6. As seis bases dos sentidos...contato: A ateno surge atravs dos meios dos sentidos, baseada na coordenao de trs fatores: os meios dos sentidos internos, (olho, ouvido, nariz, lngua, corpo e mente); objetos sensuais externos, (vises, sons, aromas, sabores, tangveis e impresses mentais); e conscincia (atravs do olho, ouvido, nariz, lngua, corpo e mente). A ateno surge em conformidade com cada meio do sentido em particular.6 => 7. Contato...sensao: Sempre que h o contato tem que haver a experincia de um entre trs tipos de sensaes: conforto ou prazer, (sukhavedana); desconforto ou dor (dukkhavedana); ou indiferena, nem prazer nem dor, (upekkha ou adukkhamasukhavedana). Do terceiro ao stimo elo, isto , de conscincia at sensao, conhecido como o segmento vipaka, ou resultado de kamma, do ciclo da Origem Dependente. Os elos 5, 6 e 7, em particular, no so nem benficos nem prejudiciais em si mesmos, mas podem ser os catalisadores para o surgimento de pensamentos e aes benficas ou prejudiciais.7 => 8. Sensao...desejo: Quando uma sensao prazerosa experimentada, o desejo em geral vem em seguida. Com a sensao desprazerosa, a reao de estresse, o desejo de fazer com que o objeto desagradvel seja removido ou aniquilado. Tambm h o desejo de buscar a distrao nas sensaes prazerosas. As sensaes neutras, ou indiferentes, induzem a uma condio de embotamento ou complacncia. Ambos so formas sutis e deludidas de sensaes prazerosas s quais a mente tende a se apegar. Elas tambm podem agir como catalisadoras para a gerao de desejo por mais sensaes prazerosas. O desejo pode ser dividido em trs tipos distintos, assim:1. Kamatanha Desejo por objetos sensuais.2. Bhavatanha Desejo de ser, desejo por situaes de vida em particular; num nvel mais profundo, isto inclui o instinto pela vida e o desejo em manter uma certa condio ou identidade.3. Vibhavatanha Desejo de no ser, o desejo de escapar ou se ver livre de objetos ou situaes desagradveis; este tipo de desejo em geral se expressa por meio de sentimentos como o desespero, depresso, dio de si mesmo e auto-piedade.[15]O desejo, portanto, aparece sob trs formas principais: como desejo por objetos sensuais, desejo por situaes de vida e desejo de se livrar de situaes desagradveis. Esta ltima forma de desejo particularmente evidente quando os desejos so frustrados ou contrapostos e se expressa por meio do ressentimento, raiva e agresso.8 => 9. Desejo...apego: Os objetos do desejo se tornam objetos de apego, quanto mais intenso for o desejo, tanto mais intenso ser o apego. O desejo evolve para atitudes e valores especficos. Com a sensao desagradvel, o apego se manifesta como uma averso obsessiva em relao ao objeto daquela sensao e um desejo obsessivo de encontrar uma escapatria dele. Dessa forma, existe apego a objetos dos sentidos, a situaes de vida que podem proporcion-los, a identidades, opinies, teorias e mtodos de como obt-los e ao conceito ou imagem de um eu que desfruta ou sofre com essas situaes.9 => 10. Apego...ser/existir: O apego naturalmente afeta a vida de uma forma ou de outra e os seus efeitos ocorrem em dois nveis. Primeiro, o apego amarra o eu ou faz com que ele se identifique com situaes particulares na vida, que se acredita poderem ou satisfazer os desejos, ou proporcionar os meios para escapar das coisas que no so desejadas. Se existem situaes desejadas, naturalmente existiro situaes no desejadas. Esse tipo de situaes de vida que so agarradas so chamadas upapattibhava. O apego a qualquer situao de vida ir produzir pensamentos ou intenes ou para que ela se torne realidade, ou para evit-la. Esses pensamentos incluiro as maquinaes para inventar meios e maneiras de realizar aqueles desejos. Todos esses pensamentos e atividades so moldados pela direo e forma de apego. Isto , eles operam sob a influncia de atitudes, crenas, entendimentos, valores e gostos ou desgostos acumulados. Alguns exemplos simples: Desejo pelo renascimento num plano celestial ir causar o apego a ensinamentos, crenas ou prticas que se acredita serem capazes de efetuar tal renascimento, e o comportamento ser condicionado de modo correspondente. O desejo pela fama ir produzir o apego aos valores e ao comportamento relevante que se pressupe necessrios para alcanar a fama, e ao eu que ir alcan-la. O comportamento resultante ser condicionado por aquele apego. O desejo de adquirir posses que pertencem a outrem ir condicionar os pensamentos de forma correspondente. O apego habitua o padro de pensamento que poder em algum momento, para aquele que lhe falte circunspeco ou conscincia moral, levar ao roubo. O objetivo original de se tornar um proprietrio se transforma na realidade na existncia de um ladro. Dessa forma, atravs da busca para obter objetos dos desejos, as pessoas iro ou criar aes inbeis e desenvolver hbitos ruins, ou criar aes hbeis e desenvolver a virtude, dependendo da natureza das suas crenas e entendimento.O padro de comportamento especfico resultante da influncia do apego, incluindo a natureza dos eventos tambm condicionados, chamado kammabhava (aes que condicionam o renascimento). As situaes de vida que resultam desses modos de comportamento, quer sejam desejadas ou no, so chamadas upapattibhava (estados de renascimento).Este estgio do ciclo da Origem Dependente essencial na criao de kamma e dos seus resultados, e a longo prazo desempenha um papel crucial no desenvolvimento de hbitos e traos de carter.10 => 11. Ser/existir...nascimento: Neste ponto surge o distinto sentimento de um eu, uma identificao com uma certa situao ou condio, desejada ou no desejada. Na linguagem do Dhamma poderamos dizer que um ser surgiu dentro daquele estado (bhava), resultando no sentimento de algum que um ladro, um proprietrio, um sucesso, um fracasso, um joo ningum e assim por diante. No caso da pessoa comum, o nascimento, ou o surgimento da noo do eu, pode ser observado com mais facilidade em tempos de discrdia, quando o apego tende a surgir de maneiras extremadas. Nas discusses, mesmo em debates intelectuais, se as contaminaes forem usadas no lugar da sabedoria, uma distinta noo de um eu surgir na forma de pensamentos tais como, eu sou superior, eu sou o chefe, ele o meu subordinado, ele inferior, essa a minha opinio, minha opinio est sendo refutada, minha autoridade est sendo questionada e assim por diante. Todas essas so situaes em que a identidade est sendo desacreditada ou ameaada. O nascimento portanto mais evidente nos momentos de jaramarana, decadncia e morte.11=> 12. Nascimentoenvelhecimento e morte: Dado um eu que ocupa ou assume uma certa posio, segue que esse eu ser cedo ou tarde privado ou separado daquela posio. O eu ameaado pela alienao, frustrao, desgraa, conflito e fracasso. Embora ele busque manter sua posio de modo indefinido, tudo que surge tem que experimentar a decadncia e a dissoluo de forma inevitvel. Mesmo antes da dissoluo ter incio, o eu estar cercado pela ameaa da perdio iminente. Isso intensifica o apego a situaes de vida. O temor da morte surge da conscincia do perigo. O temor da morte e da dissoluo esto incrustados profundamente dentro da mente e esto sempre influenciando o comportamento humano, causando neuroses, insegurana, a luta desesperada e intensa por situaes de vida desejadas e o desespero face ao sofrimento e a perda. Assim, para a pessoa comum, o medo da morte assombra toda a felicidade. Nesse contexto, quando o eu emerge em qualquer situao de vida no desejada, est privado de uma situao desejada ou ameaado por essa possibilidade, ele fica com o desapontamento e a frustrao ou, no idioma Pali, soka (tristeza), parideva (lamentao), dukkha (dor), domanassa (angstia) e upayasa (desespero). Cercado por todo esse sofrimento, o resultado a distrao e a confuso que so funes da ignorncia. A maioria dos esforos para aliviar o sofrimento so portanto dirigidos pela ignorncia e assim o ciclo continua.Um exemplo simples: Para uma pessoa comum que vive num mundo competitivo, o sucesso no se esgota no mero fenmeno social do sucesso, com todos os seus adornos, mas inclui o apego identidade de ser uma pessoa bem sucedida, que um ser/existir, ou estado de vida (bhava). s vezes o sentimento do eu ir se manifestar atravs de pensamentos como eu sou um sucesso, que na verdade significa eu nasci (jati) como uma pessoa bem sucedida. No entanto, esse sucesso, no seu sentido mais completo, depende de condies externas, tais como a fama, elogio, alcanar privilgios especiais, admirao e reconhecimento. Nascimento como um sucesso, ou ser bem sucedido, depende no somente do reconhecimento e admirao dos outros, mas da presena de um derrotado, algum custa da qual o sucesso ser obtido. Assim que um ser bem sucedido nasce, ele ou ela est ameaado com o desaparecimento, anonimidade e perda. Nessa situao, todos os sentimentos de depresso, preocupao e decepo que no foram tratados de forma adequada por meio da ateno plena e da plena conscincia iro se acumular no subconsciente e iro exercer influncia no comportamento subseqente de acordo com o ciclo da Origem Dependente.Sempre que ocorre o surgimento do conceito de um eu, existe a ocupao de espao; onde existe ocupao de espao, tem que haver uma fronteira ou limite; quando h limite, tem que haver separao; quando h separao tem que haver a dualidade de eu e outro. O eu ir crescer e se estender para fora atravs do desejo para realizar, para agir e impressionar os demais. No entanto, no possvel que o eu cresa indefinidamente de acordo com os seus desejos. O eu em expanso ir de modo inevitvel encontrar obstculos de uma forma ou de outra e os desejos sero frustrados, se no por parte do exterior, ento por parte do interior. Se a pessoa tiver alguma sensibilidade para com a auto-estima dos outros, o obstculo ir surgir sob a forma dos prprios escrpulos. Se no houver a supresso desses desejos e se for permitido que eles se expressem totalmente, a oposio ir surgir de fontes externas. Mesmo se fosse possvel se entregar a cada desejo na sua totalidade, tal atividade causaria o enfraquecimento. Ela apenas serve para aumentar o poder do prprio desejo, junto com o seu assistente, o sentimento de vazio. O desejo no somente cresce na dependncia de fatores externos, mas ele tambm faz crescer o conflito interno. Quando os desejos no so satisfeitos, a tenso, conflito e desespero so o resultado natural.

Um exemplo da Origem Dependente na vida cotidianaTomemos um exemplo simples de