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CURSO DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL Nº 74 DATA 20/05/15 DISCIPLINA DIREITOS HUMANOS (MANHÃ) PROFESSOR WALTER MENDES MONITORA JAMILA SALOMÃO AULA 01/04 Ementa: Na aula de hoje serão abordados os seguintes pontos: Desenvolvimento histórico; Sistema internacional de proteção dos direitos humanos. E-mail: [email protected] Direitos humanos: Número mínimo de direitos indispensáveis para assegurar uma vida digna. Corrente jusnaturalista X Corrente juspositivista: Jusnaturalista: Há um determinado conjunto de direitos que é natural e inerente ao fato de que somos humanos. Independente do reconhecimento formal desses direitos pelo Estado. Faz parte da natureza humana. É inerente à condição humana, de caráter atemporal e acultural. Juspositivista: Não há um conjunto mínimo de direitos que cabe ao humano pelo simples fato de o ser. Depende de algo mais, do Estado se manifestar de alguma forma. Direito humano seria o que o Estado disser que é. Depende de positivação para que possa chamá- lo de direitos humanos e estender a todos. A corrente mais adotada é a jusnaturalista.

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Aula de DIREITOS HUMANOSCurso SUPREMO

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CURSO – DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL Nº 74 DATA – 20/05/15 DISCIPLINA – DIREITOS HUMANOS (MANHÃ) PROFESSOR – WALTER MENDES MONITORA – JAMILA SALOMÃO AULA 01/04

Ementa:

Na aula de hoje serão abordados os seguintes pontos:

Desenvolvimento histórico;

Sistema internacional de proteção dos direitos humanos.

E-mail: [email protected]

Direitos humanos: Número mínimo de direitos indispensáveis para assegurar uma vida digna.

Corrente jusnaturalista X Corrente juspositivista:

Jusnaturalista: Há um determinado conjunto de direitos que é natural e inerente ao fato de

que somos humanos. Independente do reconhecimento formal desses direitos pelo Estado.

Faz parte da natureza humana. É inerente à condição humana, de caráter atemporal e

acultural.

Juspositivista: Não há um conjunto mínimo de direitos que cabe ao humano pelo simples

fato de o ser. Depende de algo mais, do Estado se manifestar de alguma forma. Direito

humano seria o que o Estado disser que é. Depende de positivação para que possa chamá-

lo de direitos humanos e estender a todos.

A corrente mais adotada é a jusnaturalista.

Historicidade: Como se comporta a noção de direitos humanos ao longo do tempo. A noção

de direitos humanos vai mudando ao longo do tempo em razão de aspectos culturais e históricos

particulares de uma sociedade.

Variabilidade: No conteúdo, na concepção.

Desenvolvimento histórico

1) Previsão dos direitos humanos:

Parte da positivação, segue para a generalização e depois internacionalização desses direitos.

Questão de prova de delegado: Antecedentes formais.

Magna carta (1215), Petition of rights (1628) e Habeas corpus act (1679) podem ser

considerados antecedentes históricos.

A Chart of liberties (1732) não pode ser considerada.

1.1. Positivação:

Quando, por quem, onde e em que momento esses direitos são estendido às pessoas.

Declarações liberais:

Bill of rights (1689): Terceira fase da Revolução Francesa (Revolução Gloriosa), aprovada

para conclamar direitos associados a direitos humanos.

U.S. Declaration of independence (1776): No mesmo sentido da anterior, de limitação do

poder.

Declaração universal dos direitos humanos (1789): Fruto da Revolução Francesa.

1.2. Generalização:

Influenciaram a positivação desses direitos em âmbito doméstico. A proteção desses direitos

uma vez estabelecida e o efeito que surge em âmbito doméstico. As Constituições dos Estados

passam a abarcar normas de proteção dos direitos humanos.

1.3. Universalização:

Objetivo de estender os direitos já estabelecidos. Pretensão universal de aplicação desses

direitos.

Uma vez determinado o núcleo, pode-se passar para um contexto de especialização ou

especificação desses direitos, focando em públicos específicos.

2) Conteúdo dos direitos humanos:

1ª Dimensão:

Direitos civis e políticos. Frutos de revoluções liberais para limitar o arbítrio do Estado.

2ª Dimensão:

Direitos sociais, econômicos e culturais. Atuação do Estado para assegurar garantias

fundamentais. Fruto da Revolução Industrial e seus excessos. Busca da igualdade formal. Criação

da OIT.

3ª Dimensão:

Direitos difusos e coletivos. Meio ambiente equilibrado, fraternidade entre os povos, direito do

consumidor. Estendido a uma coletividade indeterminada.

4ª Dimensão:

Direitos dos povos. Última fase de estruturação do Estado Social. Direito à informação, de ser

diferente, à democracia. Biotecnologia (evoluções tecnológicas).

Sistema internacional de proteção dos direitos humanos

Global Sistema ONU.

Regional:

Europeu;

Americano (OEA);

Africano.

Doméstico.

Juridicização X Justicialização:

Juridicização: Mecanismo pelo qual determinado fato passa a ser observado por um

âmbito jurídico de proteção.

Justicialização: Efetivação e materialização da proteção desses direitos.

1) Antecedentes:

Direitos Humanos X Direitos Humanitários:

Direitos Humanitários: Aplica-se em contexto de guerra.

a) Convenção de Haia (1893 a 1904):

Denotam uma proteção individual como o indivíduo.

b) Liga das Nações (1919):

Primeira intenção logo posterior à Primeira Guerra Mundial de se estabelecer um arcabouço

jurídico de pretensões globais. Com o objetivo de manter a paz e a segurança internacionais.

c) Criação da OIT:

Dedica-se a temas trabalhistas. Primeira organização com foco no indivíduo. Direitos de 2ª

dimensão.

d) Tribunais de guerra:

Principalmente de Tókio e Nuremberg. Tribunais ad hoc. Tribunal do vencedor para julgar o

perdedor. Julgamento de indivíduos por atos praticados em nome dos Estados. Reconhece o

indivíduo como sujeito de direitos e também de deveres.

TPI – Tribunal Penal Internacional:

Não estabelece mecanismos de proteção para todos os crimes que prevê.

Crime de guerra X Genocídio X Crimes contra a humanidade:

Atentar para a natureza dos atos para diferencia-los.

Crime de guerra: Ocorre dentro de um contexto de conflito armado.

Genocídio: Ato com o objetivo de exterminar determinado grupo.

Crimes contra a humanidade: Categoria mais aberta que depende do enquadramento do

alvo. Não necessariamente de conflito armado. Quando se torna uma política de Estado.

2) Normas:

2.1) Carta da ONU (1945):

Criou e estruturou as Nações Unidas pós Segunda Guerra. Constitucionalização do direito

internacional. Tratados posteriores devem observa-la.

Tem natureza jurídica de Tratado, constitutivo e institutivo.

Ineditismo em trazer para a seara internacional a preocupação com direitos humanos, e de já

englobar os direitos de 2ª dimensão.

Não há hierarquização das dimensões dos direitos.

Fala-se em cooperação internacional, mas com caráter subjetivo. Ainda não tem como

estabelecer obrigações e sanções para as violações.

É da natureza do sistema a anarquia, no sentido de que não há regra ou autoridade central no

qual estão submetidos os Estados que fazem parte.

2.2) Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948):

Tinha por intenção suprir os problemas da Carta da ONU.

Relaciona os direitos de 1ª e 2ª dimensão e estabelece a fraternidade como valor universal e

princípio fundamental, entrando nos direitos de 3ª dimensão.

É a Resolução nº 217-A da Assembleia Geral das Nações Unidas. Sendo que nenhum Estado

foi contra a aprovação dessa Resolução (8 abstenções).

Formal: Natureza jurídica de Resolução.

Material: Norma imperativa, declaratória, vinculante.

A partir do momento em que se consegue reunir e relacionar os direitos de 1ª e 2ª dimensão e

incluir a fraternidade, além de reunir expressivo consenso em âmbito internacional assumindo a

Declaração, tem-se considerações especiais a seu respeito.

Efeitos / Consequências: influenciou o estabelecimento de um sistema internacional de direitos

humanos e serve no âmbito interno de modelo valorativo de interpretações das normas, além de

servir de fomento de criação de normas de proteção na seara doméstica.