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Teoria do Apego Por: Alexandre Coimbra Amaral

E-book Teoria do Apego copy - Profissionais Aripe · 2019-06-07 · A Teoria do Apego descreve o trauma da privação, da perda, da rejeição e do abandono por parte daqueles que

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Teoria do ApegoPor: Alexandre Coimbra Amaral

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Teoria do Apego

Uma teoria surgida no pós-Segunda Guerra Mundial, na Inglaterra assolada pela orfan-dade de muitos bebês, pergunta:

Como seria o processo de desenvolvimento destas pessoas?

Como podemos operar para facilitar suas trajetórias de vida, marcadas pela perda e pela ausência?

O interesse originário de John Bowlby, psiquiatra inglês e autor desta teoria, centrou-se nos efeitos psicológicos e psi-copatológicos resultantes da perda da figura materna na infância.

Apego significa vinculação com uma figura importante e de referência. Uma tradução do inglês attachment que quer dizer muito mais do que ligar-se a um outro. Somos indivíduos constituídos em relações. Através do olhar do outro, vamos construin-do uma identidade flexível e maleável a qualquer novo grupo de pessoas com os quais nos relacionamos. A cada novo momento de vida, a cada novo grupo a que pertencemos, vamos redefinindo nossa forma de vincularmo-nos às pessoas. A forma como nos vincu-lamos é o cerne da Teoria do Apego. Paradoxalmente, uma teoria que começou per-guntando como seria o desenvolvimento de bebês órfãos, e terminou descobrindo a inequívoca necessidade de sempre termos vínculos significativos na vida.

Construir vínculos de apego seguro é confiar em alguém, ter nesta pessoa uma referência de segurança emocional, de apoio para lidar com as angústias da vida.

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A vivência de uma relação calorosa, íntima e contínua com a mãe (ou figura substituta permanente – alguém que desempenhe, regular e constante-mente, o papel de cuidador), na qual ambos encontrem satisfação e prazer, é o mais importante para o desenvolvimento de um bebê no início de sua vida. Esta relação complexa, rica e compensadora com a mãe nos primeiros anos, constitui a base do desenvolvimento da personalidade e da saúde mental do indivíduo.

A primeira conexão estabelecida pela criança com seu cuidador principal, chamado de figura de apego se estenderá para outros vínculos futuros com o passar dos anos.

Bowlby afirmou que o apego é um estado interno, definido pela disposição para buscar proximidade e contato com uma figura específica, tendo como aspecto central o estabelecimento do senso de segurança.

A qualidade do apego dependerá da natureza da interação entre o adulto e a criança, da capacidade deste adulto se mostrar sensível às pistas da criança, e da capacidade de responder nos momentos adequados.

Para que haja a construção do apego entre a criança e o cuidador principal, é necessário que o cuidador se posicione como provedor da sensação de segurança e proteção para a criança, o que será conquistado através de uma proximidade segura entre ambos.

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O Apego Seguro permite à criança explorar o mundo, ser encorajada a buscar seus desejos e promover a autonomia de lutar para satisfazer suas próprias neces-sidades. Há um equilíbrio entre exploração e busca de proximidade. O cuidador é sensível em perceber as pistas da criança, interpretá-las e responder a elas pronta e corretamente. Ele não diz à criança o que fazer, mas dá a ela os recursos necessários

para terminar a tarefa sozinha. É esta responsividade que produz na criança a crença de controle sobre seu ambiente, facilitando, assim, um apego seguro para com o cuidador, produzindo o desenvolvimento de competência social, emocional e cogniti-va.(ROTHBAUM et al, 2002). [Referência deste texto: Rothbaum, F., Rosen, K., Ujiie, T., & Ushida, N. (2002). Family systems theory, attachment theory, and culture.Family Process, 41(3),328-350.]

Byng-Hall (1995) traz o termo família “de base segura”, para defender que uma rede familiar que promova um sentimento de segurança e apoio para todos os membros é tão importante quanto relações diádicas seguras. Nestas famílias há um senso de responsab-ilidade compartilhada, onde qualquer integrante, em qualquer idade ou situação, poderá contar com o suporte de um ou mais familiares – podendo ser a própria figura de apego, ou um avô ou avó, por exemplo. [Referência deste texto: Byng-Hall, J. (1995). Rewriting family scripts: improvisation and systems change. New York/London: The Guilford Press.]

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A Teoria do Apego é o solo fértil para avançarmos o nosso entendimento sobre os relacio-namentos que atravessam nossas vidas: os que nos alimentam, ofertando experiências emblemáticas de amor e segurança e os que nos negligenciam, demonstrando que na vida também teremos desafios, pois nem todos que nos cercam são capazes de garantir as nossas necessidades básicas.

A Teoria do Apego descreve o trauma da privação, da perda, da rejeição e do abandono por parte daqueles que mais necessitamos e o forte impacto dessas carências no sujeito.(Johnson, 2012) [Referência deste texto: Johnson, S. M. (2012). Introdução ao apego - Um guia terapêutico para lidar com os vínculos primários e sua renovação. In S. M. Jonhson & V. E. Whiffen (Orgs.), Os processos do apego na terapia de casal e família (pp. 03-16). São Paulo: Roca.]

Estudar sobre Teoria do Apego é dar um novo colorido à forma de perceber o outro, com mais singularidade e respeito à maneira como ele ou ele prefere se relacionar com a intimidade nas relações. Cada um de nós tem uma forma de desenhar estes laços e mantê-los ativados e lon-gevos. A forma como nos despedimos, como elaboramos os lutos dos relacionamentos ou das pessoas que se foram, tudo isto também está estudado pela Teoria do Apego.É uma teoria útil, acessível e muito complemen-

tar a várias outras formas de ver o ser humano e seus dilemas. Não por acaso, é uma teoria que faz interseção com vários paradigmas em psicologia, em psicoterapia e em psiquiatria. Pode fazer sentido para terapeutas de várias abordagens, para profissionais de saúde que trabalham com famílias em todas as suas fases de vida (e não somente na fase da chegada do bebê), para profissionais de educação e demais ciências humanas.

É uma forma de falarmos de amor e pertencimen-to, temas tão caros aos nossos tempos. A Teoria do Apego é um chamado para a reflexão sobre nossa capacidade de amar e restaurar relacionamentos diante das ausências, das falhas, do desespero e da morte. A todo momento é possível recuperar laços, estabelecer pontes. Os vínculos humanos são o oxigênio mais imprescindível à vida, em qualquer de suas fases.

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O Instituto Aripe é uma plataforma digital de compartilhamento de conteúdos que facilitam processos de transformação e de ex-pansão da consciência. Estamos a coletar e a reunir pérolas que nascem dos processos de reflexão na busca essencial do ser, començando por temas relacionados a maternidade e paternidade.

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