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A TEORIA DO APEGO: CONCEITOS BÁSICOS As observações sobre o cuidado inadequado na primeira infância e o desconforto e a ansiedade de crianças pequenas relativos à separação dos cuidadores levaram o psiquiatra, especialista em psiquiatria infantil, e psicanalista inglês John Bowlby (1907- 1990) a estudar os efeitos do cuidado materno sobre as crianças, em seus primeiros anos de vida. Bowlby impressionou-se com as evidências de efeitos adversos ao desenvolvimento, atribuídos ao rompimento na interação com a figura materna, na primeira infância (AINSWORTH & BOWLBY, 1991). Os estudos iniciais de J. Bowlby (1940; 1944), além dos trabalhos de outros pesquisadores proeminentes que o influenciaram, deram origem às primeiras formulações e aos pressupostos formais da Teoria do Apego (TA). Os conceitos de Bowlby foram construídos com base nos campos da psicanálise, biologia evolucionária, etologia, psicologia do desenvolvimento, ciências cognitivas e teoria dos sistemas de controle (BOWLBY, 1989; BRETHERTON, 1992). Bowlby buscou alternativas embasadas cientificamente para se defender dos reducionismos teóricos, dando ênfase aos mecanismos de adaptação ao mundo real, assim como às competências humanas e à ação do indivíduo em seu ambiente (WATERS, HAMILTON & WEINFIELD, 2000). O estudo de Mary Ainsworth (1963) sobre o apego investigou fatores determinantes da proximidade-intimidade expressa no comportamento de interação de crianças com suas mães. Após a publicação do seu estudo, realizado em Uganda, houve uma grande colaboração intelectual entre Ainsworth e Bowlby. Assim, os trabalhos de M. Ainsworth (1978; 1985) sobre o desenvolvimento socioemocional durante os primeiros anos de vida evidenciaram que o modelo de apego que um indivíduo desenvolve durante a primeira infância é profundamente influenciado pela maneira como os cuidadores primários (pais ou pessoas substitutas) o tratam, além de estar ligado a fatores temperamentais e genéticos. M. Cortina & M. Marrone (2003) consideram que a TA organiza o comportamento em termos de um sistema motivacional e que as idéias de Bowlby representaram o ponto de partida para o desenvolvimento de uma nova teoria da motivação humana, que integra aspectos da biologia moderna e inclui afeto, cognição,

A Teoria Do Apego

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A TEORIA DO APEGO: CONCEITOS BSICOSAs observaes sobre o cuidado inadequado na primeira infncia e o desconforto e a ansiedade de crianas pequenas relativos separao dos cuidadores levaram o psiquiatra, especialista em psiquiatria infantil, e psicanalista ingls John Bowlby (1907-1990) a estudar os efeitos do cuidado materno sobre as crianas, em seus primeiros anos de vida. Bowlby impressionou-se com as evidncias de efeitos adversos ao desenvolvimento, atribudos ao rompimento na interao com a figura materna, na primeira infncia (AINSWORTH & BOWLBY, 1991).Os estudos iniciais de J. Bowlby (1940; 1944), alm dos trabalhos de outros pesquisadores proeminentes que o influenciaram, deram origem s primeiras formulaes e aos pressupostos formais da Teoria do Apego (TA). Os conceitos de Bowlby foram construdos com base nos campos da psicanlise, biologia evolucionria, etologia, psicologia do desenvolvimento, cincias cognitivas e teoria dos sistemas de controle (BOWLBY, 1989; BRETHERTON, 1992). Bowlby buscou alternativas embasadas cientificamente para se defender dos reducionismos tericos, dando nfase aos mecanismos de adaptao ao mundo real, assim como s competncias humanas e ao do indivduo em seu ambiente (WATERS, HAMILTON & WEINFIELD, 2000).O estudo de Mary Ainsworth (1963) sobre o apego investigou fatores determinantes da proximidade-intimidade expressa no comportamento de interao de crianas com suas mes. Aps a publicao do seu estudo, realizado em Uganda, houve uma grande colaborao intelectual entre Ainsworth e Bowlby. Assim, os trabalhos de M. Ainsworth (1978; 1985) sobre o desenvolvimento socioemocional durante os primeiros anos de vida evidenciaram que o modelo de apego que um indivduo desenvolve durante a primeira infncia profundamente influenciado pela maneira como os cuidadores primrios (pais ou pessoas substitutas) o tratam, alm de estar ligado a fatores temperamentais e genticos.M. Cortina & M. Marrone (2003) consideram que a TA organiza o comportamento em termos de um sistema motivacional e que as idias de Bowlby representaram o ponto de partida para o desenvolvimento de uma nova teoria da motivao humana, que integra aspectos da biologia moderna e inclui afeto, cognio, sistemas de controle e de memria, alm dos aspectos envolvidos no desenvolvimento, sustentao e provimento dos laos de apego. Essa considerao se baseia no fato de que a proposta dessa teoria organiza o comportamento em termos de um sistema motivacional. Alm disso, o movimento individual de uma pessoa em direo a mltiplas outras converge para que a TA tambm seja considerada uma teoria relacional das interaes sociopsicolgica.Cortina & Marrone (2003) salientam ainda que a TA contempla os processos normais de desenvolvimento e a psicopatologia humana, alm de abordar os prcessos de informao para a compreenso dos mecanismos psicolgicos utilizados na vivncia de um trauma ou uma perda, ou, ainda, na experincia de negligncia ou rejeio pelas figuras de apego. Assim, essa abordagem terica oferece uma base para estudos sobre os afetos e as emoes dos seres humanos, proporcionando um suporte emprico coerente para a compreenso dos processos de desenvolvimento normal e patolgico, ao integrar aspectos da biologia moderna ao embasamento de seus estudos.Para J. Crowell & D. Treboux (1995), as pesquisas sobre a TA vm tomando diversas direes, examinando, por exemplo: a relao entre as experincias de apego da infncia e o comportamento parental; a transmisso intergeneracional dos padres de apego; o impacto das experincias de apego da infncia nos relacionamentos de adolescentes e adultos; o papel do apego entre adultos, tanto na parentalidade, como nas relaes romnticas e em seus pensamentos, percepes e comportamentos; as relaes entre o apego da infncia e sua continuidade na adolescncia; o apego entre o beb e seu cuidador; e analogias com as patologias e suas evolues. Recentemente, pesquisas baseadas na TA esto sendo desenvolvidas com interesse em eventos que ocorrem durante o ciclo vital e que podem mudar o estilo de apego de um indivduo (DAVILA, BURGE & HAMMEN, 1997).J. Bowlby (1989) considerou o apego como um mecanismo bsico dos seres humanos. Ou seja, um comportamento biologicamente programado, como o mecanismo de alimentao e da sexualidade, e considerado como um sistema de controle homeosttico, que funciona dentro de um contexto de outros sistemas de controle comportamentais. O papel do apego na vida dos seres humanos envolve o conhecimento de que uma figura de apego est disponvel e oferece respostas, proporcionando um sentimento de segurana que fortificador da relao (CASSIDY, 1999). De acordo com J. Bowlby (1973/1984), o relacionamento da criana com os pais instaurado por um conjunto de sinais inatos do beb, que demandam proximidade. Com o passar do tempo, um verdadeiro vnculo afetivo se desenvolve, garantido pelas capacidades cognitivas e emocionais da criana, assim como pela consistncia dos procedimentos de cuidado, pela sensibilidade e responsividade dos cuidadores. Por isso, um dos pressupostos bsicos da TA de que as primeiras relaes de apego, estabelecidas na infncia, afetam o estilo de apego do indivduo ao longo de sua vida (BOWLBY, 1989).Outro conceito fundamental da TA o do comportamento de apego, que se refere a aes de uma pessoa para alcanar ou manter proximidade com outro indivduo, claramente identificado e considerado como mais apto para lidar com o mundo (BOWLBY, 1989; CASSIDY, 1999). A funo principal atribuda a esse comportamento biolgica e corresponde a uma necessidade de proteo e segurana (BOWLBY, 1973/1984). B. Golse (1998) ressalta que o comportamento de apego instintivo, evolui ao longo do ciclo da vida, e no herdado; o que se herda o seu potencial ou o tipo de cdigo gentico que permite espcie desenvolver melhores resultados adaptativos, caracterizando sua evoluo e preservao. Evidncias de que as crianas tambm se apegam a figuras abusivas sugerem que o sistema do comportamento de apego no conduzido apenas por simples associaes de prazer. Ou seja, as crianas desenvolvem o comportamento quando seus cuidadores respondem s suas necessidades fisiolgicas, mas tambm quando no o fazem (CASSIDY, 1999).Contudo, durante todo o ciclo vital, o comportamento de apego est presente em variadas intensidades e formas. Pode ter formas ativas, como procurar ou seguir o cuidador; formas aversivas, como chorar; ou pode ainda aparecer sob forma e sinais comportamentais que alertam o cuidador para o interesse de interao da criana, como sorrir e verbalizar de modos diversos. Todas essas formas so observadas em crianas, adolescentes e adultos ao buscarem a aproximao com outras pessoas. o padro desses comportamentos, e no sua freqncia, que revela algo acerca da fora ou qualidade do apego (AINSWORTH, 1989).J. Bowlby (1969/1990) distinguiu dois tipos de fatores que podem interferir na ativao do sistema de comportamento do apego: aqueles relacionados s condies fsicas e temperamentais da criana, e os relacionados s condies do ambiente. A interao desses dois fatores complexa e depende, de certa forma, da estimulao do sistema de apego. Alm disso, esse sistema tem funo direta nas respostas afetivas e no desenvolvimento cognitivo, j que envolve uma representao mental das figuras de apego, de si mesmo e do ambiente, sendo estas baseadas na experincia.Modelos Internos de FuncionamentoO sistema de comportamento de apego complexo e, com o desenvolvimento da criana, passa a envolver uma habilidade de representao mental, denominada modelo interno de funcionamento, que se refere a representaes das experincias da infncia relacionadas s percepes do ambiente, de si mesmo e das figuras de apego (BOWLBY, 1969/1990; 1973/1980). De acordo com J. Bowlby (1989), as experincias precoces com o cuidador primrio iniciam o que depois se generalizar nas expectativas sobre si mesmo, dos outros e do mundo em geral, com implicaes importantes na personalidade em desenvolvimento. H. Waters, C. Hamilton & N. Weinfield (2000) apontam que, com a idade e o desenvolvimento cognitivo, as representaes sensrio-motoras das experincias de uma base segura na infncia que do origem representao mental, por meio de um processo no qual a criana constri representaes cada vez mais complexas.W. Furman et al. (2002) apontam que o termo working models(modelo de funcionamento) foi usado por Bowlby para descrever as representaes ou expectativas que guiam o comportamento prprio, e que servem como uma base de predio e interpretao do comportamento de outras pessoas s quais se apegado. Os working models esto relacionados com os sentimentos de disponibilidade das figuras de apego, com a probabilidade de recebimento de suporte emocional em momentos de estresse e, de maneira geral, com a forma de interao com essas figuras (BOWLBY, 1989). Outros autores (BRETHERTON & MUNHOLLAND, 1999; COLLINS& READ, 1994; FONAGY & TARGET, 1997) tm descrito este conceito de forma similar, usando os termos esquemas, scripts, prottipos, representao mental, modelo funcional ou estado mental.J. Bowlby (1989) descreveu o processo de construo dos modelos internos de funcionamento em termos de modelo de apego. A criana constri um modelo representacional interno de si mesma, dependendo de como foi cuidada. Mais tarde, em sua vida, esse modelo internalizado permite criana, quando o sentimento de segurana em relao aos cuidadores, acreditar em si prpria, tornar-se independente e explorar sua liberdade. Desse modo, cada indivduo forma um "projeto" interno a partir das primeiras experincias com as figuras de apego. Embora essas representaes tenham sua origem cedo no desenvolvimento, elas continuam em uma lenta evoluo, sob o domnio sutil das experincias relacionadas ao apego da infncia. A imagem interna, instaurada com os cuidadores primrios, considerada a base para todos os relacionamentos ntimos futuros. Sua influncia aparece j nas primeiras interaes com outras pessoas, afora as figuras de apegp, e expressa-se nos padres de apego e de vinculao que o indivduo apresentar em suas interaes interpessoais significativas (BRETHERTON & MUNHOLLAND, 1999).P. Fonagy & M. Target (1997) sugerem que o processo ligado construo dos working models capacita a habilidade de mentalizao, ou seja, de representar o comportamento em termos de estado mental, o qual determinante da organizao do self e adquirido no contexto das primeiras relaes sociais da criana. Logo, a mentalizao ou funo reflexiva possibilita criana compreender as atitudes dos outros e agir de maneira adaptada em contextos interacionais especficos. Como os cuidadores primrios diferem na forma de interagir com suas crianas, essas, por sua vez, tero o desenvolvimento e as percepes de seus estados mentais e dos outros relacionados observao que faro do mundo mental dos seus cuidadores (FONAGY & TARG, 1997). Assim, a mentalizao organiza a experincia individual e o comportamento dos outros em termos de construtos do estado mental.V. Ramires (2003) ressalta a importncia da cognio social na formao do modelo de funcionamento interno. O conceito de cognio social inclui o pensar sobre o que as pessoas deveriam fazer, como elas se sentem e a forma como um indivduo pensa que pensa sobre os outros. A cognio social reconhece a criana como ativa e interativa em seu mundo, atribuindo a ela um papel construtivo no seu desenvolvimento. Assim, a criana possui um papel pensante no mundo das pessoas. V. Ramires (2003) argumenta que, em funo disso, necessrio que se pense sobre como a criana percebe o que se faz a ela, e no que apenas se d ateno ao que lhe acontece.As primeiras representaes que formam o modelo interno de funcionamento so formadas e esquematizadas pela organizao da memria em termos do que a criana demanda e correspondida em obter segurana e conforto, sendo que o reflexo disso ser posto na experincia social real, futuramente (COLLINS & READ, 1994). Alm disso, por meio dos modelos internos de funcionamento, ocorre uma tendncia de recriao, nas relaes atuais do indivduo, do padro de modelo interno de apego primrio. Assim, os padres de apego estabelecidos na infncia so vistos como duradouros por intermdio das diversas fases do ciclo vital, embora sejam menos evidentes em adolescentes e adultos (BOWLBY, 1973/1980). Estudos longitudinais diversos (FONAGY, 1999) tm demonstrado a estabilidade do apego, sendo que as relaes parentais e rupturas de vnculos primrios por perda ou abandono tm um impacto transcendente ao desenvolvimento individual.Em relao ao papel das figuras de apego na formao dos working models, h uma estreita relao com a forma pela qual essas figuras percebem as indicaes precoces de intencionalidade de suas crianas e o estado mental delas, de modo a agirem de acordo com a demanda infantil. Algumas figuras de apego podem ser extremamente desatentas ao estado mental da criana, cujo senso de si mesma, ainda em desenvolvimento, pode sofrer deformaes. Nos casos de famlias abusivas, a construo da representao mental infantil tende a se dar de forma rgida, mal adaptada, inapropriada e, como conseqncia, o desenvolvimento da funo de mentalizao poder ser pobre ou aniquilado. Nesses casos, a confiana da criana de que outras pessoas podem compreender os outros por meio dos seus prprios sentimentos destruda. Aumentam, tambm nesses casos, as possibilidades de que a criana iniba sua capacidade de se envolver em relacionamentos de apego intensos (FONAGY & TARGET, 1997). Desta forma, o papel dos modelos internos de funcionamento de grande importncia na modelagem do comportamento ao longo do ciclo vital, em uma ampla variedade de situaes, incluindo a seleo de um parceiro, a formao de relacionamentos de amizade, a escolha ocupacional, a parentalidade, a formao de expectativas e a imagem do self (PIETROMONACO & BARRETT, 1997).Desenvolvimento do Apego ao longo do Ciclo VitalM. Ainsworth (1978) desenvolveu um sistema de avaliao do relacionamento me-beb, a partir de observaes naturalsticas desse tipo de interao, chegando identificao de dois grandes grupos de estilo de apego: os seguros e os inseguros. Enquanto as crianas seguras se mostravam confiantes na explorao do ambiente e usavam seus cuidadores como uma base segura de explorao, as crianas categorizadas como inseguras tinham em comum baixa explorao do ambiente e pouca ou intensa interao com suas mes.Para melhor investigar essas categorias, M. Ainsworth (1978) desenvolveu o mtodo experimental denominado Situao Estranha, em que as reaes da criana na interao com seu cuidador so observadas, em detalhe, em uma situao de separao. A Situao Estranha deu origem ao primeiro sistema de classificao do apego entre o cuidador e a criana, sendo as categorias organizadas em: padro seguro, padro ambivalente ou resistente e padro evitativo. Os resultados deste estudo, conhecido como Baltimore Project, foram publicados por M. Ainsworth (1978) no artigo "Patterns of attachment". M. Main & E. Hesse (1990), expandindo o modelo de Ainsworth, ainda chegaram a um quarto padro de apego, denominado desorganizado ou desorientado, complementando as categorias com mais um padro distinto de apego inseguro nas interaes cuidador-criana.De acordo com M. Ainsworth (1978), o padro seguro corresponde ao relacionamento cuidador-criana provido de uma base segura, na qual a criana pode explorar seu ambiente de forma entusiasmada e motivada e, quando estressadas, mostra confiana em obter cuidado e proteo das figuras de apego, que agem com responsividade. As crianas seguras incomodam-se quando separadas de seus cuidadores, mas no se abatem de forma exagerada. E. Waters & E. Cummings (2000) salientam que as caractersticas da interao entre o cuidador e a criana, nesse caso, so de cooperao, com instrues seguras e monitorao por parte do cuidador, ao mesmo tempo em que este encoraja a independncia daquela.J o padro resistente ou ambivalente caracterizado pela criana que, antes de ser separada dos cuidadores, apresenta comportamento imaturo para sua idade e pouco interesse em explorar o ambiente, voltando sua ateno aos cuidadores de maneira preocupada. Aps a separao, fica bastante incomodada, sem se aproximar de pessoas estranhas. Quando os cuidadores retornam, ela no se aproxima facilmente e alterna seu comportamento entre a procura por contato e a brabeza. M. Ainsworth (1978) sugere que, em alguns momentos, essa criana recebeu cuidados de acordo com suas demandas e, em outros, no obteve uma resposta de apoio, o que pode ter provocado falta de confiana nos cuidadores, em relao aos cuidados, disponibilidade e responsividade.O grupo de crianas pertencentes ao padro evitativo brinca de forma tranqila, interage pouco com os cuidadores, mostra-se pouco inibido com estranhos e chega a se engajar em brincadeiras com pessoas desconhecidas durante a separao dos cuidadores. Quando so reunidas aos cuidadores, essas crianas mantm distncia e no os procuram para obter conforto. M. Ainsworth (1978) apontou que so crianas menos propensas a procurar o cuidado e a proteo das figuras de apego quando vivenciam estresse. A partir de suas observaes, M. Ainsworth (1967) tambm sugeriu que essas crianas deixam de procurar os cuidadores aps terem sido rejeitadas, de alguma maneira, por eles. Apesar de os cuidadores demonstrarem preocupao, no correspondem aos sinais de necessidade quando a criana os indica. A hiptese sugerida para a compreenso dessas crianas de que tenham sido rejeitadas quando revelaram suas necessidades, aprendendo a ocult-las em momentos relevantes (CORTINA & MARRONE, 2003).Por fim, o grupo categorizado como de padro desorganizado ou desorientado composto por crianas que tiveram experincias negativas para o desenvolvimento infantil adaptado. Esse padro, identificado por M. Main & E. Hesse (1990), refere-se a crianas que, na Situao Estranha, apresentavam comportamento contraditrio e/ou estratgias de coping incoerentes para lidarem com a situao de separao. Na presena dos cuidadores, antes da separao, essas crianas exibem um comportamento constante de impulsividade, que envolve apreenso durante a interao, expressa por brabeza ou confuso facial, ou expresses de transe e perturbaes. No entendimento de M. Main & E. Hesse (1990), elas vivenciam um conflito, sem ter condies de manter um estratgia adequada para lidar com o que as assusta. Esses casos aparecem em situaes de abuso, nas quais o cuidador pode significar uma fonte amedrontadora quando o abusador externo e faz ameaas criana ou quando o prprio cuidador o abusador. Assim, o padro desorganizado associado a fatores de risco e aos maus-tratos infantil, sendo que fatores adicionais podem ser includos na manifestao desse padro, como, por exemplo, transtorno bipolar nos pais ou uso parental de lcool (CORTINA & MARRONE, 2003).A necessidade de figuras de apego que proporcionem uma base segura no se limita absolutamente s crianas (BOWLBY, 1979/2001). Contudo, existe a prevalncia da idia de que os padres de apego desenvolvidos na infncia, por meio dos modelos internos de funcionamento, tendem a se manter e a ser reforados nas interaes com outros, pois os indivduos so propensos a se colocar em situaes que reforam os seus modelos precoces de funcionamento interno (SPERLING & BERMAN, 1994). C. George, N. Kaplan & M. Main (1985) criaram a Entrevista de Apego do Adulto (em ingls, Adult Attachment Interview - AAI) com a finalidade de analisar as representaes dos modelos internos de apego nos adultos. Essa entrevista explora de maneira minuciosa, por intermdio de questes estruturadas, a relao do indivduo com os pais durante a infncia e os efeitos dessas experincias em seu funcionamento atual. Por meio de anlise dos contedos das entrevistas, foram formuladas as categorias de padres de apego em adultos: seguro/autnomo, desapegado/evitativo, preocupado/ansioso e desorganizado/desorientado, sendo que cada uma corresponde a determinadas caractersticas de personalidade, a formas de interao, aos tipos de resposta social apresentados e ao surgimento de psicopatologias (ATKINSON, 1997).A AAI (GEORGE, KAPLAN & MAIN, 1985) tem sido muito importante nos estudos da TA, sendo uma das tcnicas de auto-relato mais usadas nessa abordagem. Contudo, sua utilizao restrita pela necessidade de treinamento adequado para o levantamento dos escores e da codificao de suas escalas de avaliao dos relatos. Alm disso, o protocolo da entrevista no est publicado, assim como o sistema de escore e de codificao, sendo disponibilizado parcialmente para utilizao em pesquisas. Por intermdio da descrio dos entrevistados de suas relaes com seus cuidadores primrios, perdas significativas e relaes atuais com os cuidadores primrios, o escore focado na fluidez da fala dos indivduos sobre suas experincias primrias e na coerncia e plausibilidade de suas narrativas (CROWELL et al., 1996). Vrios estudos (BARTHOLOMEW & MORETTI, 2002; HUGHES, HARDY & KENDRICK, 2000; JACOBVITZ, CURRAN & MOLLER, 2002;) utilizaram a AAI como instrumento, demonstrando que esse um mtodo de acesso significativo para a organizao do apego, adaptando-se a diversas culturas, e que pode ser correlacionado com nveis de inteligncia, ajustamento social e adaptao individual (CROWELL et al., 1996).Em relao ao apego do adulto, M. Main (2001) distingue-o em contraposio ao da criana. Durante a primeira infncia, o apego caracteriza-se como um interesse insistente em manter proximidade com uma ou algumas pessoas selecionadas; uma tendncia a usar esses indivduos como base segura de referncia para a explorao do desconhecido; e refgio, na figura de apego, para busca de segurana em momentos de medo. Assim, na infncia, o apego considerado seguro ou inseguro com relao figura de apego. J a segurana em adolescentes e adultos no se identifica com nenhuma relao em particular, ou seja, com nenhuma figura de apego especfica, nem do passado, nem do presente. O que se investiga so as diferenas individuais do estado mental, com respeito &ave; histria global do apego. A categoria segura/autnoma faz um paralelo com o grupo de crianas de apego seguro. Nos adultos, esse grupo apresenta um relato espontneo e vvido das experincias de infncia, com lembranas positivas e uma descrio equilibrada de ocorrncias infantis difceis. Os adultos que se enquadram na categoria de apego evitativo ou desapegado apresentam um relato idealizado da infncia, falha na reconstruo das memrias infantis e, se dificuldades nessas experincias so relatadas, seus efeitos so negados ou minimizados. A categoria preocupado/ansioso caracteriza-se por um relato que envolve experincias que podem ter sido confusas, vagas ou tempestuosas e conflitantes, apresentando inabilidade para se colocar nas situaes infantis e apresentar um roteiro coerente dessas experincias. Isso tambm acontece no relato de experincias difceis da infncia, o que demonstra dificuldade de compreender as origens de suas emoes preocupantes. A categoria de apego adulto desorganizado/desorientado est relacionada a relatos com sinais graves de desorientao e desorganizao, principalmente quando os entrevistados so questionados sobre eventos traumticos ou perdas importantes (CORTINA & MARRONE, 2003).Como os padres de interao na adolescncia tm sido identificados pelo modelo de categorizao do apego em adultos, proposto por M. Main, N. Kaplan & J. Cassidy (1985), alguns pesquisadores aprimoraram esse modelo, adequando os mtodos de avaliao do apego ao uso com adolescentes. M. Ammaniti et al. (2000) basearam-se na AAI para criarem uma entrevista de medida da representao do apego na adolescncia inicial e adolescncia propriamente dita - Attachment Interview for Childhood and Adolescence. A inteno inicial desses autores era verificar a estabilidade do padro de apego e os processos de mudana ocorridos no perodo da adolescncia. Foi observada uma tendncia dos adolescentes para demonstrar maior rejeio aos pais, nos primeiros quatro anos iniciais da adolescncia, dos 12 aos 15 anos, o que sugere um maior uso de estratgias de apego evitativo/desapegado em relao s figuras de apego primrio, nessa fase. Isso foi compreendido como uma necessidade de manter distncia das figuras parentais, para que a aquisio de uma identidade pessoal seja alcanada. As medidas de avaliao do apego em adolescentes, de maneira geral, so utilizadas de forma eficiente para identificar as estratgias mais utilizadas diante das circunstncias que os sujeitos vivem ou viveram, alm de identificar a maneira como lidam consigo mesmos e com as pessoas significativas em suas vidas (CRITTENDEN, 2001). Entre os instrumentos mais utilizados, P. Crittenden (2001) cita a AAI (GEORGE, KAPLAN & MAIN, 1985), que permite uma compreenso da forma como o adolescente pensa sobre suas experincias de apego, de maneira integrada e colaborativa. Entretanto, essa entrevista tem sido utilizada com adolescentes mais velhos, j que o mtodo de avaliao do relato foi construdo a partir das experincias descritas por adultos. Por isso, os mtodos de avaliao do apego em adolescentes tm sido objeto de estudo de diversos pesquisadores, dada a necessidade de medidas confiveis e adequadas a essa etapa do ciclo vital.P. Crittenden (2001) ressalta que, na adolescncia, as relaes com as figuras de apego sofrem mudanas que habilitam o adolescente para relacionamentos fora do seu crculo familiar, sendo que todos os novos movimentos interpessoais so influenciados pela forma de interao moldada com os cuidadores na infncia. Assim, o relacionamento com os cuidadores pode ser contingente de todas as ansiedades provenientes dessas modificaes, ou ser um fator de complicao para o desenvolvimento dessas mudanas. De acordo com J. Allen & D. Land (1999), na percepo de adolescentes, o apego aos cuidadores primrios tratado como um vnculo de conteno e moderao, e no exatamente como uma base de apoio e segurana, j que a tarefa principal da adolescncia o desenvolvimento da autonomia. Como as atividades dos adolescentes, geralmente, so distantes das figuras de apego, h uma necessidade menor de dependncia e respaldo dos cuidadores, no que se refere formao de uma concepo prpria do mundo. Nesse sentido, o sistema de apego passa a ter um papel integrador para os desafios dessa fase, havendo, ainda, uma chance de reformulaes sobre a organizao primria do apego.Embora os adolescentes no consigam distinguir e reconhecer, claramente, as qualidades e defeitos implcitos nas suas relaes primrias de apego, esses aspectos parecem ser elucidados e moldados na adolescncia (ALLEN & LAND, 1999). Considerando-se que as relaes de apego so o resultado da interao entre uma base gentica, processos inatos e experincia, modificados ao longo do tempo, essas relaes tambm se modificam. Ou seja, pessoas mais velhas formam relaes mais complexas do que as da infncia. Por essa razo, as relaes na adolescncia marcam um perodo de transio para a idade adulta, quando as relaes com os melhores amigos e as primeiras relaes romnticas, por exemplo, sero preditivas dos estilos de relacionamentos na idade adulta (CRITTENDEN, 2001).J. Crowell & D. Treboux (1995) referem que a autonomia e a afinidade nas interaes familiares de adolescentes de 14 anos de idade predizem o padro de apego e/ou a coerncia em seus discursos entre as idades de 24 e 25 anos. Os adolescentes mais velhos classificados no padro desorganizado so mais hostis em relao figura materna do que os adolescentes classificados no padro seguro. J os padres preocupado e desorganizado, em adolescentes, so relacionados a inter-relaes confusas e restries na autonomia na interao com a figura materna.W. Collins & L. A. Sroufe (1999) ressaltam que na adolescncia as experincias se caracterizam em uma rede social mais ampla que na infncia. Habitualmente, os indivduos, nessa fase, demonstram tendncia a aumentar e estabilizar suas relaes ntimas, sendo a relao entre e com amigos um dos melhores exemplos de desenvolvimento continuado. A continuidade nessas relaes tem sido ligada s experincias precoces e relaes correspondentes, sugerindo que as competncias sociais transcendem relacionamentos especficos (SROUFE & FLEESON, 1986). Assim, tanto as relaes familiares primrias como as experincias entre pares so preditoras de diferenas individuais na adolescncia (COLLINS & SROUFE, 1999).M. Harvey (2000) examinou a relao entre os padres de apego em adolescentes e o funcionamento familiar, apontando que adolescentes que percebem a si mesmos como integrantes de relaes familiares coesas so considerados com um padro de apego seguro, sendo que os valores intelectuais e culturais familiares so adotados para si mesmos. R. Kobak (1993) constatou que adolescentes caracterizados pelo padro de apego seguro so confiantes em seus relacionamentos, generosos e tolerantes em relao a si mesmos e s suas figuras de apego, e considerados como mais estveis em suas relaes romnticas. As relaes com as figuras de apego so marcadas por uma interao de confiana e poucas dificuldades para o estabelecimento de autonomia emocional.J os adolescentes caracterizados como do estilo desapegado/evitativo demonstram no ter necessidade de confiar em outras pessoas e parecem realmente desapegados ou no influenciados pelas experincias de apego precoces. Existe uma forte associao da predominncia desse estilo de apego com ndices elevados de transtornos alimentares (KOBAK & COLE, 1994). Nos dados de M. Harvey (2000), o padro evitativo de adolescentes referiu-se queles que se consideram pouco interessados nas relaes familiares e apresentam sentimentos negativos em relao famlia e ao seu funcionamento.Por outro lado, o padro preocupado/ansioso caracterizado por adolescentes que tm, geralmente, relacionamentos frustrantes ou insatisfatrios, alm de demonstrarem-se angustiados ou confusos quanto a essas relaes. Para R. Kobak (1993), esse padro fortemente associado depresso, principalmente em mulheres. M. Harvey (2000) sugere que o padro ansioso/ambivalente ou preocupado/ansioso em adolescentes est relacionado a relatos de conflitos familiares, alto grau de controle entre os membros da famlia e falta de compreenso da dinmica do funcionamento familiar. Alm disso, esses adolescentes sentem que a independncia desencorajada e evitam confrontos, mantendo estratgias de coping passivas.Apesar de existirem controvrsias sobre o aspecto da generalizao dos padres de interao primrios para relaes futuras, durante o ciclo vital, estudos longitudinais diversos (FONAGY, 1999) tm demonstrado a estabilidade do apego, tanto na adolescncia como na vida adulta. E. Waters et al. (1991) enfatizam que a organizao do apego ao longo da infncia tem um papel direto no desenvolvimento da conscincia pessoal, na auto-observao, na consistncia do self em relaes de apego, assim como nos resultados sociais. No entanto, todas as pessoas so suscetveis s influncias variadas de experincias favorveis ou desfavorveis que podem alterar o desenvolvimento evolutivo e, portanto, os estados mentais ligados ao apego (DAVILA, BURGE & HAMMEN, 1997). Alguns dos fatores que influenciam a qualidade de cuidados e o padro de apego em desenvolvimento nas relaes primrias so: a relao marital, o contexto social, o acesso a recursos, a incidncia de patologias mentais, o divrcio, as separaes temporrias em perodos crticos, como na primeira infncia. Todos estes tm relao direta com os padres de apego e fazem parte do que se entende por fatores de risco social (HALPERN, 1990).Existe uma suposio geral de que crianas que experienciam separao da figura principal de apego se tornam mais sensveis a outras experincias de separao, as quais so vivenciadas de modo traumtico. Contudo, no existem evidncias seguras sobre este apontamento (AINSWORTH, 1967). O que se sabe que a forma como vivenciada essa primeira experincia vai influenciar as expectativas e a ao da criana em outros momentos de separao. Fatores como idade, tempo de separao, temperamento, tipo de interao estabelecida antes da separao, ambiente onde a separao vivida e quem est presente depois que esta acontece, assim como a natureza das circunstncias durante a separao so fatores influentes e modificadores na resposta da criana separao e no significado e conseqncias desta em sua vida (RUTTER, 1972)Assim, o que se compreende que as relaes de apego tm uma funo-chave na transmisso de caractersticas transgeneracionais em relacionamentos entre cuidadores e suas crianas. Nesse sentido, as relaes parentais e rupturas de vnculos primrios por perda ou abandono tm um impacto transcendente ao desenvolvimento individual, pelo fato de que instauram um padro internalizado de funcionamento e de interao (FONAGY, 1999). Nesses processos, as rupturas de vnculos so inevitveis, mas, segundo J. Lewis (2000), a possibilidade de crescimento e a formao de novos laos afetivos dependero de como essas experincias de ruptura foram vivenciadas e elaboradas.CONSIDERAES FINAISAs noes propostas na TA pressupem que os modelos internos desenvolvidos nas relaes com as figuras de apego primrias tendem, de maneira geral, a ser estveis e a se generalizar pararelaes futuras (BOWLBY, 1989). A partir desse pressuposto, observa-se uma tendncia ao desenvolvimento de estudos sobre os padres de apego em faixas etrias alm da infncia. Contudo, existem controvrsias quanto generalizao dos padres de interao primrios para relaes futuras, durante o ciclo vital.No obstante o amplo desenvolvimento da TA, permanecem vrias perguntas sem resposta, como, por exemplo, o questionamento apontado por J. Belsky (1999) sobre o que leva algumas crianas a desenvolverem apego seguro com seus cuidadores, enquanto outras estabelecem um padro de apego inseguro. Outra questo sobre por que algumas crianas desenvolvem apego seguro, mesmo que os cuidadores no estejam to prximos. Ainda que esses questionamentos deixem uma margem sugestiva de lacunas nos conceitos da TA e demarquem a necessidade contnua de pesquisas para o enriquecimento dessa teoria, os padres de apego estabelecidos na infncia tm sido compreendidos como duradouros e presentes nas diversas fases do ciclo vital, embora menos evidentes em adolescentes e adultos (BOWLBY, 1973/1980).Considerando que as primeiras relaes estabelecidas na infncia afetam o padro de apego do indivduo, ao longo de sua vida (BOWLBY, 1989), e que processos de rompimento de vnculos de apego, tanto na infncia e adolescncia quanto na vida adulta, acarretam transformaes nas imagens do self, entre outros fatores (BAKER, 2001), a TA representa um campo repleto de possibilidades de aplicaes, benficas a reas dedicadas compreenso do desenvolvimento humano. Alm disso, as pesquisas sobre a TA, em relao aos aspectos ligados ao apego nas diversas fases do ciclo vital, tm sido desenvolvidas em diversos pases, embora no Brasil a maioria delas ainda esteja restrita ao estudo do apego na infncia.Em relao s medidas de avaliao do apego, de maneira geral, os mtodos j divulgados tm valor significativo por serem capazes de identificar o comportamento de apego ao longo do ciclo vital e sua ao sobre os relacionamentos que o indivduo estabelece, alm de identificar aspectos da representao mental dessas relaes e do funcionamento social (CASSIDY, 1999). A utilizao desses instrumentos possibilita que os resultados obtidos sejam aproveitados para intervenes em mbito clnico ou em programas sociais. Sendo assim, os mtodos de avaliao do apego representam recursos valiosos para os profissionais da sade mental, que podem utiliz-los em contextos diversos e em vrias fases do ciclo vital. No entanto, os instrumentos de medida do apego, nas diversas fases do desenvolvimento, ainda no foram adaptados e validados para a populao brasileira, dificultando estudos com essa populao e tornando necessrio o desenvolvimento de mtodos de avaliao para as diferentes faixas etrias no Brasil. Nesse sentido, parece ser fundamental, para o avano das idias da TA no Brasil e contribuies gerais para essa teoria, que as pesquisas brasileiras envolvam outras fases do ciclo vital, alm da infncia, e que procurem investigar a estabilidade dos padres de apego ao longo do desenvolvimento.Os questionamentos a essa perspectiva demonstram o quanto os conceitos da TA ainda precisam ser mais explorados e aprimorados, por meio de mudanas nos mtodos empregados nas pesquisas sobre o apego. Embora alguns argumentos da TA sejam de cunho naturalista, dada sua nfase na biologia, pode-se observar que os conceitos dessa teoria envolvem tambm aspectos de aprendizagem, flexibilidade e adaptao, possibilitando uma compreenso abrangente do desenvolvimento humano. Assim, apesar de existirem aspectos controversos na TA, como, por exemplo, o determinismo implcito nas relaes de apego precoce, inegvel seu valor para a psicologia.REFERNCIASAINSWORTH, M. (1963) The development of infant-mother interaction among Ganda. In: FOSS, B. M. (Org.). Determinants of infant behavior. New York: Wiley. pp. 67-104.______. (1967) Infancy in Uganda: Infant care and the growth of love. Baltimore: Johns Hopkins University Press.______. (1978) Patterns of attachment: A psychological study of the strange situation. Hillsdale: Erlbaum.______. (1985) Attachments across the lifespan. Bulletin of the New York Academy of Medicine, vol. 61, n 9, pp. 792-812.______. (1989) Attachments beyond the infancy. 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