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1 Sindicato dos Enfermeiros Portugueses nº12 - dezembro/2012 Revisitar 2012

e-revista N.º 12

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e-revista electrónica do Sindicato dos enfermeiros Portugueses, N.º 12

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Sindicato dos Enfermeiros Portuguesesnº12 - dezembro/2012

Revisitar 2012

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nota de

abertura

Esta é uma e-revista especial. Vamos fazer um balanço, necessariamente breve do ano que agora finda, sendo certo que o ano que se aproxima não

augura nada de bom, pelo que a unidade de todos os trabalhadores, mais do que nunca, é necessária.O ano que agora termina foi marcado pela tomada de consciência da maioria dos portugueses (população) que este governo, e em particular o primeiro minis-tro, mentiu e mente aos portugueses.Após negociar e conhecer os termos do memorando da troika, mentiu e omi-tiu na campanha eleitoral sempre que, entre outras afirmações, garantia “..não vou aumentar os impostos..”, “..não vou retirar subsídios de natal e de férias aos funcionários públicos..”, “..não vou diminuir os valores das pensões e das refor-mas..”, “…os sacrifícios têm que ser distribuídos por todos…”. No exercício da sua atividade governativa, impõe a mentira quando, a título de exemplo, apresen-ta mais medidas de austeridade sustentadas na falta de alternativas quando, na realidade, existem e são conhecidas.Em 2013 os sindicatos vão continuar a lutar por alternativas sérias e credíveis de desenvolvimento.Contamos convosco para que possam contar connosco.Desejamos a todos o melhor ano possível.

Balanço de 2012 é negativo

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Ficha técnicaE-revista: SEP-Info • Edição: SEP, Sindicato dos Enfermeiros Portugueses • email: [email protected] • Tel: 21 392 03 50 • Fax: 21 396 82 02 • Morada: Av. 24 de Julho, 132, Lisboa, 1350-346 Lisboa, Portugal • Diretor: José Carlos Martins • Coordenador Técnico: Guadalupe Simões • Lay-out/Pagi-nação: Formiga Amarela, Oficina de Textos e Ideias, Lda • Web: Webisart • Outubro 2012

Índice“Governo peca em palavras, atos e omissões”...............................................................................................................

Saúde mais cara e com acessibilidade menor................................................................................................................

...E a sociedade mobiliza-se......................................................................................................................................................

CGTP resistiu e provou haver alternativas.......................................................................................................................

Horários de Trabalho - a desregulamentação.................................................................................................................

Governo “criminaliza” trabalhadores da Administração Pública.........................................................................

“Com e Para os Sócios, pela Enfermagem”.....................................................................................................................

Direitos dos enfermeiros em regressão .............................................................................................................................

Ganhos em período de austeridade!...................................................................................................................................

Homenagem........................................................................................................................................................................................

“O Choque dos 3,96€/h”..............................................................................................................................................................

Um SEP dialogante e um governo surdo..........................................................................................................................

O SEP na linha da frente da negociação coletiva.......................................................................................................

Breves......................................................................................................................................................................................................

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A proposta de Orçamento de Estado para 2013 é mais uma “machadada” na esperança dos portugueses, dos traba-lhadores, dos pensionistas e reformados. Mais uma vez é sobre os mesmos que recai a maior fatia dos sacrifícios. As propostas alternativas tan-tas vezes apresentadas são, escandalosamente, ignoradas por órgãos de soberania. É exemplo disso a taxação das transações financeiras, pro-gressividade do IRC para as empresas com volume de ne-gócios superior a 12,5 milhões de euros, sobretaxa de 10% sobre os dividendos distribuí-dos aos grandes acionistas e o combate à evasão fiscal.

política global

“Governo peca em palavras, atos e omissões”

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Reorganização de serviços exige participação de todos os enfermeiros e unidade no SEP

O processo de privatizações é escandaloso pela opacidade com que se pro-cessa e porque envolve as poucas empresas que ainda nos restam. Aqui,

a mentira esconde-se em supostas promessas enunciadas aquando das ne-gociações de contratos repletos de cláusulas “blindadas” e que, como todos já percebemos, “são para inglês ver”. De fato, o “pior cego é aquele que não quer ver”, e nesta matéria, como exemplo concreto temos a privatização da cimenteira CIMPOR. À data foi anunciado que a sede da empresa continuaria em Portugal. Poucos meses depois, os trabalhadores estão a ser “convidados” a passar para uma situação de pré-reforma e, a sede da empresa está prestes a mudar-se para o Brasil. A maior parte das obras públicas estão paradas e, em algumas regiões, o país parece um estaleiro abandonado. Igualmente abandonadas encontram-se também milhares de casas, umas por-que não há dinheiro para as comprar e outras, porque tiveram de ser devolvi-das por aqueles que, surpreendidos e arrastados pelas medidas do governo, deixaram de ter condições para as pagar. Famílias que integram três gerações diferentes, são agora obrigadas a voltar a partilhar o mesmo espaço e este fenó-meno terá consequências a curto, médio e longo prazo, nomeadamente, no que respeita ao aumento da violência doméstica, do alcoolismo entre outras depen-dências, potenciando uma progressiva desestruturação da personalidade dos

A opção reiterada pelas medidas de austeridade teve as consequências que o SEP e outros sindicatos da CGTP a alertar. O país está mais endividado, mais pobre, mais dependente e menos produtivo. O desemprego aumentou e não há previsão de retrocesso neste flagelo que atinge milhares de famílias, realçando-se neste âmbito o desemprego jovem que atinge um dos índices mais elevados da Europa.

Portugal é um país em sofrimento mas…. , nem mesmo assim o governo inverte as suas politicas.

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política

global

envolvidos. A fome aumenta e alastra, atingindo primeiramente os mais frá-geis: as crianças e os velhos. Importa referir que fome não é só a ausência de comida. Fome é também a ausência de qualida-de na alimentação. Sobre esta realidade, o Governo remete-se ao silêncio ignorando-a e procura omitir o que é óbvio, ou seja, a diminuição da esperança de vida e o aparecimento precoce de sinais e sintomas de diversos tipos de doenças. A realidade é nua e crua: o índice de casos de tuberculose aumentou, tal como as taxas de suicídio, de depressões entre outras. Portugal é um país em sofrimento mas…. , nem mesmo assim o governo inverte as suas politicas.A proposta de Orçamento de Estado para 2013 é mais uma “machadada” na esperança dos portugueses, dos trabalhado-res, dos pensionistas e reformados. Mais uma vez é sobre os mesmos que recai a maior fatia dos sacrifícios. As propostas alternativas tantas vezes apresentadas são, escandalosamen-te, ignoradas por órgãos de soberania. É exemplo disso a taxa-ção das transações financeiras, progressividade do IRC para as empresas com volume de negócios superior a 12,5 milhões de euros, sobretaxa de 10% sobre os dividendos distribuídos aos grandes acionistas e o combate à evasão fiscal.O governo ao ignorar estas propostas está a assumir que o seu objetivo não é ir buscar dinheiro a quem o tem. Aliás, só assim se compreende que permita a deslocalização de sedes de empresas portuguesas, nomeadamente para a Holanda e

[ É contra este “polvo” cujos tentáculos parecem ser maiores para o lado dos trabalhadores que

continuaremos a resistir, em 2013.

Uma resistência que terá de aumentar, se tivermos

em conta a anunciada “refundação do Estado”.

Este governo, ainda que pretenda desmentir, trava uma luta ideológica contra os valores sociais conquistados com a revo-

lução de Abril. ]

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não assuma um papel ativo, junto da União Europeia, no sentido de serem criadas leis que impeçam este verdadeiro roubo. De igual forma continuamos a assistir à impunidade dos corruptos, sejam eles presumíveis, alega-dos ou declarados. A promiscuidade entre quem decide as leis e as utiliza para benefício próprio é óbvia. E os tribunais parecem organizações metidas em coletes de força, inoperantes para resolver o problema. Também aqui as consequências são conhecidas. Os casos arrastam-se, prescrevem, os milhões de euros “roubados”, “desviados” não mais voltam a entrar nos cofres do Estado. E eles, afinal, continuam a ser pessoas de bem.É contra este “polvo” cujos tentáculos parecem ser maiores para o lado dos trabalhadores que conti-nuaremos a resistir, em 2013.Uma resistência que terá de aumentar, se tivermos em conta a anunciada “refundação do Estado”. Este governo, ainda que pretenda desmentir, trava uma luta ideológica contra os valores sociais conquistados com a revolução de Abril. Aliás, percebemos que esta é uma luta à escala Europeia, a que não é alheio o fato da maior família politica com assente no Parlamento Europeu ser de direita. A luta deles é contra os valores que emergiram da Revolução Francesa e contra a Carta dos Direi-tos do Homem, consagrada após a II Guerra Mundial.A nossa luta segue pelo caminho do enraizamento desses valores e só a ganharemos após o derru-be deste governo com a coragem de eleger um verdadeiro governo de esquerda.

Assine a petição sobre “As funções sociais do Estado” em www.sep.org.pt

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Saúde mais cara e com acessibilidade menor

Não há meias palavras. Em matéria de saúde, regredimos. Estamos pior. E a saúde para os portugueses está mais cara. Menos acessível. Não é isto o que os profissionais querem.

política global

2012 iniciou-se com o aumento das taxas moderadoras e a introdu-ção de novas taxas, como por exemplo, a taxação dos cuidados de

enfermagem. De imediato, uns quantos entenderam que era uma boa medida porque isso permitiria dar valor aos cuidados de enfermagem. Passado um ano, o que constatamos é que esta medida se mostrou devastadora para a grande maioria dos portugueses, agravada pela diminuição das suas condições económicas em consequência das políticas recessivas impostas.A justificação que inicialmente foi dada “este aumento não é para financiar o Serviço Nacional de Saúde mas para moderar o seu aces-

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Se deixarmos, o governo vai destruir o SNS

so” comprova-se que é falso. Dados publicados recentemente mostraram que houve uma diminuição de cerca de 1 milhão de consultas nos centros de saúde e menos 500 mil idas aos serviços de urgência. Mesmo a tentativa do Ministério da Saúde de o justificar com um aumento das consultas domiciliárias (+2,9%) e um aumento das consultas não presenciais (+6,3%) soa a falso até porque foram apenas mais 400 mil consultas efetuadas à distância para uma quebra de 1,3 milhões nas consultas presenciais.Menos idas dos utentes às diferentes unidades funcionais dos centros de saúde poderão significar, também, menos acompanhamento por parte dos enfermeiros. E as consequên-cias disto são expectáveis: pessoas mais doentes, mais e por mais tempo incapacitadas.Os portugueses, os utentes, não deixaram de ir aos centros de saúde ou aos serviços de urgência por opção. A verdade é que não conseguem suportar o valor das taxas moderado-ras, o aumento do preço dos transportes e o preço da medicação. Paulatinamente, se o deixarmos, o governo vai destruindo o SNS, tendencialmente gratui-to e este imposto, a que chamam taxas moderadoras, e que aumentará todos os anos de acordo com os valores da inflação, irá continuar a impossibilitar o acesso à saúde ao SNS. Paralelamente, vão surgindo algumas notícias sobre preços mais baixos, de cuidados de saúde, no setor privado. Tudo se conjuga para os objetivos do governo: a privatização da saúde cabendo ao Estado apenas a sua regulação.

Não é isto que queremos, nem como enfermeiros nem como cidadãos!

[ Menos idas dos utentes às diferentes unidades funcionais dos centros de saúde poderão significar, também, menos acompanhamento por parte dos enfermeiros. E as conse-quências disto são expectáveis: pessoas mais doentes,

mais e por mais tempo incapacitadas. ]

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política sindical

...E a sociedade mobiliza-se

A característica de “passivos” e “bons alunos” que os nossos governantes gostam de “nos vender”, fora e dentro do país, também se alterou em 2012. Os portugueses estão a encontrar formas de demonstrar o seu descontentamento, de forma veemente, é um facto, mas sempre dentro de um quadro de civismo e respeito pelas normas democráticas que apraz registar.

Os portugueses manifestam-se de forma massiva. É certo que as manifestações em Portugal não atingiram,

nem de perto nem de longe, a agressividade e violência que temos visto acontecer noutros países. Nem é isso que se quer!

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Contudo, hoje como em tempos que pensávamos já idos, a sociedade portuguesa está a encontrar forma de demonstrar o seu descontentamento. Será justo relembrar que um dos “pontapés de saída” foi dado pelos “Deolinda” com a música “Parva que sou”.Vários foram os movimentos que apareceram ou se mantiveram, mais ou menos organizados. Algum direcionados para problemáticas concretas como a precariedade ou o desemprego. A todos junta a INDIGNAÇÃO pela situação a que o país chegou e pelos caminhos que estão a ser adotados.O caminho da austeridade e do empobrecimento é “uma pescadinha de rabo na boca”. Menos con-sumo interno significa a destruição das pequenas e médias empresas e portanto menos emprego. Em contraponto, o aumento de impostos, dos bens essenciais que em alguns casos atinge uma ver-dadeira brutalidade, como é o caso da eletricidade, do gás, dos transportes, etc.A sociedade mobiliza-se e revê-se nesta mobilização e, não fazer uma referência ao 15 de Setembro era escamotear a realidade. Cerca de 1 milhão de pessoas, de todas as idades, manifestaram-se em Lisboa e em outras localidades do país a exigir uma mudança das políticas do governo e mesmo a sua demissão.

A cultura também veio à ruaA iniciativa cultural, promovida pelos artistas, no início de Outubro foi mais um passo. Teve um signi-ficado especial se tivermos em conta que Portugal é dos países da Europa que menos importância dá à cultura.Importa realçar que muitos destes movimentos, reconhecendo o papel crucial da CGTP no combate ao governo e às suas politicas de destruição do país, participam e apelam à participação nas mani-festações organizadas pela Central Sindical.Face ao que está previsto para 2013 é muito possível que estas manifestações se intensifiquem. Pacificas como se exige para impedir utilizações, nomeadamente pelo governo, mas com cada vez mais pessoas.

[ O caminho da austeridade e do empobrecimento é “uma pescadinha de rabo na boca”. Menos consumo interno signifi-ca a destruição das pequenas e médias empresas e portanto

menos emprego. ]

O protesto e a indignação estão na rua.

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política sindical

CGTP resistiu e provou haver alternativas

A CGTP apresentou propostas concretas para obviar às actuais políticas, demonstrando haver alternativas viáveis e credíveis. Ao mesmo tempo, assumiu o seu papel de defensora dos trabalhadores portugueses, dos jovens, dos reformados e dos pensionistas.

O XII CONGRESSO DA CGTP, em janeiro de 2012 e sob o Lema “Portugal desenvolvido e soberano, trabalho com

direitos” deu o mote para a resistência que se esperava ser necessária, ao longo do ano, tendo em conta as intenções do governo. E assim aconteceu!Com uma nova liderança, mas não menos aguerrida, a CGTP assumiu o seu papel de defensora dos trabalhadores portugue-ses, dos jovens, dos reformados e dos pensionistas.Foram apresentadas alternativas às propostas do governo e fi-cou demonstrado que existem outros caminhos para aumentar as receitas sem ter que recorrer, como é preferência do gover-

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no, aos rendimentos dos trabalhadores.De uma forma geral, a maioria dos portugueses reconhece o papel importantíssimo da CGTP na sociedade portuguesa enquanto motor de desenvolvimento da mesma. Reconhece também que, contrariamente à sua congénere UGT, não se predispõe a vender direitos dos trabalhadores fa-zendo acordos com os governos que lhes permite “encher a boca” com a concertação social. A estagnação que se regista hoje ao nível da contratação coletiva acontece, precisamente, porque o acordo efetuado pela direção da UGT permitiu alterações profundíssimas e para pior no códi-go do trabalho.Lá diz o ditado português: “Com amigos assim quem precisa de inimigos”!

Meio milhão no Terreiro do PaçoDurante 2012, a CGTP desenvolveu várias iniciativas de luta das quais evidenciamos as duas greves gerais e as duas manifestações nacionais, sendo que a última, a 29 de setembro, juntou cerca de meio milhão de pessoas no Terreiro do Paço. Ainda, as manifestações descentraliza-das e a marcha contra o desemprego.Assumiu, a 29 de setembro a imprescindibilidade da demissão do governo dando eco à vontade, estamos certos, da maioria dos portugueses. Por vezes, os enfermeiros questionam a razão pela qual o SEP apela e integra as iniciativas de luta. São legítimas as questões mas são óbvias as razões. Importa recordar que a filiação do SEP na CGTP decorre de uma decisão em Assembleia Geral de Sócios que se plasmou nos Estatutos. Para os mais incrédulos importa refletir que, como sabemos, mais de 80% da legisla-ção é elaborada, discutida e aprovada no Parlamento Europeu e depois transposta para o direito português. Mesmo legislação relativa à saúde. Ao SEP, enquanto sindicato, nunca lhe será pos-sível discutir/negociar essas propostas em Bruxelas. A CGTP tem elementos que participam em conselhos consultivos e, de acordo com o funcionamento das comissões e dos eurodeputados, podem exercer alguma influência. Maior peso estratégico resulta do facto da CGTP estar filiada numa confederação europeia, a CES.

[ Durante 2012, a CGTP desenvolveu várias iniciativas de luta das quais evidencia-mos as duas greves gerais e as duas manifestações nacionais, sendo que a última, a 29 de setembro, juntou cerca de meio milhão de pessoas no Terreiro do Paço. ]

Central sindical dá mais força a todos e a cada um dos sindicatos que a compõem

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Horários de Trabalho - a desregulamentação

política sindical

Na questão dos horários de trabalho, o desrespei-to pela lei é, sobretudo, da responsabilidade das administrações mas tam-bém há responsabilida-des das chefias de enfer-magem, não percebendo o quanto a questão afeta a vida dos próprios enfer-meiros. E bom que isso seja percebido por todos.

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A desregulamentação dos horários de trabalho é um fato que a prática confirma diariamente. Tratam-se, na esmagadora maioria dos casos, de ilegalidades. O horário de trabalho é um direito e com direitos não se transige. Uma reflexão para continuar a fazer em 2013.

Em 2012 este foi o problema mais relatado pelos enfermeiros, em todas as instituições. Curiosamente, sem grandes motivos para que acontecesse.

Porquê? Porque a legislação sobre a organização do tempo de trabalho dos enfermeiros mantem-se em vigor desde 1992 – Decreto-lei 437/91 – Carrei-ra de Enfermagem e assim continua com a atual carreira, o Decreto – Lei 248/2009.Neste contexto importa refletir sobre qual ou quais as razões pelas quais este é o problema mais relatado pelos enfermeiros. Uma parte da responsabili-dade é, seguramente, das instituições que querem fazer o mesmo ao menor custo. Outra parte da responsabilidade é das chefias de enfermagem que, em muitos casos, fazem “tábua rasa” da “sua” legislação para conseguir orienta-ções, ainda que ilegais, não contestando e não querendo perceber o quanto isso põe em causa a enfermagem e a vida dos enfermeiros. Finalmente, também os enfermeiros, têm a sua quota-parte de responsabilidade quando aceitam e em alguns casos exigem, fazerem jornadas de trabalho diário de 12h, não exigem pagamento de trabalho extraordinário efetuado, aceitam que lhes alterem o horário no próprio dia e, tantas vezes, no momento imediato ao turno para o qual estão escalados.Se em muitos outros casos as alterações da legislação foi já um verdadeiro obstáculo aos nossos objetivos, no caso dos horários de trabalho a desregu-lamentação acontece pela prática. Reflitamos sobre isto!

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A estratégia do governo é conhecida. Primeiro começou por dizer que os trabalhado-res da administração pública eram uns privilegiados; de-pois que havia gorduras no Estado; depois que havia re-dundâncias, etc. Desta forma foram minando a relação dos cidadãos com os serviços e com os seus trabalhadores. A impossibilidade de admitir trabalhadores para o setor, diminuindo os efetivos e, con-sequentemente, dificultando as respostas atempadas foi mais uma forma para descre-dibilizar serviços e trabalha-dores. Agora, com a mesma leviandade de sempre anun-ciam a necessidade de cortar 4 mil milhões de euros nas funções sociais do Estado.

Governo “criminaliza” trabalhadores da Administração Pública

frente comum

É reconhecido que este governo, mas não só, declarou “guerra” aos trabalhadores da Administração Pública e aos serviços públicos. Desde 2005 que a ofensiva se tornou maior disseram e dizem eles, numa perspetiva de harmonização com o setor privado. Horário de trabalho, tempo para aposentação, não progressão nas carreiras, tipo de contratos, etc, tudo tem que ser “harmonizado” com o setor privado.

O setor privado e o setor público são diferentes, em tão múltiplos aspetos que seria fastidioso enumerar. O

governo, contudo, esquece que existem especificidades que tornam efetivamente os setores muito diferentes. Os trabalhadores da Administração Pública existem porque os serviços públicos decorrem das obrigações constitucional-mente consagradas. É neste setor, também, que existe o pessoal mais qualificado. Todos os estudos o demonstram: existe maior número de licenciados no setor público que no privado. Contudo, o governo pretende fazer “tábua rasa”

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Para o governo refundar significa destruir funções sociais do Estado

[ Resistir e lutar contra os objetivos do Governo é um dever de todos e, ainda mais, de todos os “funcionários públicos”. Sem Administração Pública, sem serviços públicos tam-

bém não existirão carreiras profissionais. ]

deste fato e continua a senda de diminuir salários e massa salarial. Para o processo negocial anual a Frente Comum apresentou uma proposta de aumento de 47€ para todos os trabalhadores. Este valor é irrisório face à diminuição do rendimento disponível e não repõe, nem metade, do que já nos roubaram. A fundamentação para encontrar os 47€ teve por base o cálcu-lo do aumento da despesa por adulto do agregado familiar devido ao aumento de preços verificados entre janeiro de 2011 e maio de 2012. Nem assim o governo aceitou! A contraproposta foi o não aumento dos salários, a manutenção do congelamento das progressões e promoções, com exceção para as forças de segurança, e criar mais obstáculos na Avaliação do Desempenho.Porque nunca lhes chega, já no final do ano, anunciaram que pretendem apresentar outras matérias para negociar/impor, como por exemplo, a possibilidade do aumento da carga horária semanal. Traba-lhar mais horas e mais dias (retirada de 4 feriados), por menos dinheiro; não pagamento de trabalho extraordinário ou a sua redução em 50%, tal como em relação às horas penosas, nomeadamente no setor da saúde, são tudo formas de diminuir o valor da função social dos trabalhadores da adminis-tração pública, desmotivar as pessoas e criar espaço para a possibilidade de privatização de alguns destes serviços.A estratégia destes senhores é conhecida. Primeiro começaram por dizer que os trabalhadores da administração pública eram uns privilegiados; depois que havia gorduras no Estado; depois que havia redundâncias, etc. Desta forma foram minando a relação dos cidadãos com os serviços e com os seus trabalhadores. A impossibilidade de admitir trabalhadores para o setor, diminuindo os efetivos e, consequentemente, dificultando as respostas atempadas foi mais uma forma para descredibilizar ser-viços e trabalhadores. Agora, com a mesma leviandade de sempre anunciam a necessidade de cortar 4 mil milhões de euros.Caso aconteça, nada na Administração Pública será como a conhecemos. Os pilares que permitiram o progresso do país nos últimos anos serão destruídos. O SNS tornar-se-á um serviço assistencialis-ta. Assim será com a Educação e com a Segurança Social.

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Independentemente do trabalho que o SEP assumiu como compromisso a desenvolver para este man-

dato, importa relembrar que a alteração da legislação sindical, como em todas as outras, têm como objetivo difi-

cultar o trabalho sindical, potenciar a diminuição da organiza-ção dos trabalhadores e, no caso dos enfermeiros, retirar-lhes o

poder. Não somos nós que o afirmamos. É Correia de Campos no seu depoimento para o livro “Administração Pública”, de 1999.enferm

agem/SEP

“Com e Para os Sócios, pela Enfermagem”

“2012 – 2015”

Após a demorada alteração dos estatutos do SEP, que teve que se enquadrar com a nova legislação do Código do Trabalho, concretizaram-se, finalmente, as eleições dos novos Corpos Gerentes.

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18 19“Com e Para os Sócios, pela Enfermagem”

De acordo com a nova lei, o número de membros da Dire-ção Nacional aumentou para o máximo de 50, havendo a

possibilidade de existirem elementos suplentes. Mantiveram--se as Direções Regionais constituídas por um número de elementos de acordo com o número de associados. Independentemente do trabalho que o SEP assumiu como compromisso a desenvolver para este mandato, importa relembrar que a alteração da legislação sindical, como em todas as outras, têm como objetivo dificultar o trabalho sindi-cal, potenciar a diminuição da organização dos trabalhadores e, no caso dos enfermeiros, retirar-lhes o poder. Não somos nós que o afirmamos. É Correia de Campos no seu depoi-mento para o livro “Administração Pública”, de 1999. É também contra isto que temos que lutar nos próximos anos. É reconhecido que os Sindicatos são os verdadeiros motores na luta contra os poderes instituídos e, sendo assim, é preciso fazer tudo para diminuir essa força. A existência de sindicatos fortes determinará a existência de confederações fortes. É neste contexto que relembramos que muitos dos espaços negociais onde o SEP está, apenas é possível por pertencer à Confederação Geral de Trabalhadores Portugue-ses – CGTP Intersindical.Numa Europa cada vez mais global, onde a legislação é discutida e produzida em cerca de 80% na União Europeia só conseguimos influenciar aquele espaço de discussão se enquanto Sindicato estivermos filiados em organizações con-géneres europeias, assim como se a CGTP o estiver, como está, na CES.Os compromissos para este mandato estão assumidos e publicados. As estratégias estão defendidas. A sua discussão iniciar-se-á aí em 2013 sobre a forma de “Caderno Reivindi-cativo” com todos os enfermeiros, como sempre!

[ A existência de sindicatos fortes determinará a existência

de confederações fortes. ]

Os sindicatos são o verdadeiro motor na luta contra as injustiças cometidas pelos poderes instituídos

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O ataque às funções sociais do Estado não poderia deixar incólume o setor da enfermagem. Os enfermeiros viram os seus direitos regre-dir, ao mesmo tempo que os cidadãos viam um SNS ficar mais caro e com me-nor acessibilidade. Sem uma estratégia de desenvolvimen-to, o setor da saúde tende a piorar para todos, profissionais e utentes.

A Conferência de Imprensa de 20 de Março foi marcante. O SEP denunciou a diminuição das condições económicas e de trabalho dos enfermeiros, de uma forma clara e definitiva.

enfermagem/SEP

Direitos dos enfermeiros em regressão

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Reorganização de serviços exige participação de todos os enfermeiros e unidade no SEPPortugal é um país em sofrimento mas…. , nem mesmo assim o governo inverte as suas politicas.

A imposição de uma transição que não garantiu as qualificações adquiridas pelos enfermeiros, os cortes nos vencimentos, o rou-

bo nos subsídios de Natal e de Férias, o congelamento das progres-sões e promoções, o não aumento das remunerações dos enfermei-ros que obtiveram o título de enfermeiro especialista, o não aumento salarial dos enfermeiros a CIT ou a CTC, a diminuição do numero de enfermeiros por turno e nos serviços, a carência de enfermeiros, a emigração de jovens enfermeiros necessários, o desinvestimento nos cuidados de saúde primários e, em concreto nas UCC, o aban-dono de projetos na área da promoção da saúde que estavam em curso, a inexistência de uma aposta clara nas unidades e no trabalho das Unidades de Saúde Pública, a falta de material, o aumento do confronto das dificuldades de acesso dos utentes aos serviços de saúde… tudo isto foi denunciado nesta conferência de imprensa.

[ Foram muitas as vezes em que o SEP denunciou a degradação da situa-ção laboral dos enfermeiros, ao mesmo tempo que provava que isso acontecia a par de uma degradação dos serviços

prestados aos utentes. ]

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A história está continuamente a provar que a luta unida e perseverante dos tra-

balhadores, o elo mais fraco nas relações laborais, dá frutos. Não há nenhum direito

laboral que não tenha sido conquistado dura-mente. É assim que se constrói o progresso.enferm

agem/SEP

Ganhos em período de austeridade!

2012

O decreto lei 62/79 aplica-se também aos enfermeiros a C.I.T., são abertos concursos de admissão para 750 enfermeiros e novos concursos se admitem caso não esteja resolvido o problema da precariedade. São vitórias de vulto, graças à unidade e perseverança.

Ao final de vários anos de reivindicações junto das institui-ções e do Ministério da Saúde finalmente conseguimos.

O decreto de lei 62/79 aplica-se, também, aos enfermeiros a C.I.T..

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Para que se tornasse realidade foi necessária a mobilização dos enfermeiros, nas suas instituições. A ameaça de dias de greve desbloqueou a, até então, também intransigência do Ministério da Saúde em colocar por escrito uma orientação sobre o assunto.Não temos dúvidas que no futuro muitos dos problemas com que os enfermeiros estão confrontados só se resolverão, institucionalmente através da mobilização de todos.Estando inscrito na proposta de orçamento de estado para 2013 a redução em 50% do valor das horas penosas e não tendo o Secretário de Estado da Administração Pública/Ministério das Finanças aceite a proposta do SEP de “ir buscar” valor equivalente ao que agora pretendem “roubar” aos en-fermeiros, a outras rubricas, temos que, em 2013, decidir o que podemos fazer, em cada instituição, para impedir que aconteça.Importa não esquecer que os Hospitais EPE´s têm autonomia administrativa e financeira e, portanto, podem decidir!Concurso de admissão para 750 EnfermeirosNa sequência da denúncia pública da subcontratação de enfermeiros por valores miseráveis, o Minis-tério da Saúde assumiu o compromisso de abrir um concurso de admissão para 750 enfermeiros.É insuficiente para as carências que são reconhecidas nos diferentes horários de trabalho mas é uma vitória se pensarmos que não havia concursos de admissão para o Setor Público Administrativo des-de 2002.É insuficiente se tivermos em conta a precariedade que existe, mais ou menos encapotadas: contra-tos a termo, subcontratados, recibos verdes, estágios, etc. Mas não é menos verdade que o M. Saúde também assumiu como compromisso, a abertura de novo concurso em 2013 caso este não resolves-se o problema da estabilização de todos os precários.Esta vitória do SEP só veio confirmar que tínhamos a estratégia correta: denunciar a carência de en-fermeiros. Relembramos que em determinado momento organizações houve que se insurgiam contra o SEP acusando-nos de estar a pôr em causa a profissão e o seu valor social quando afirmávamos que faltavam 25.000 enfermeiros no país. Finalmente esse discurso alterou-se e, pasme-se, agora já fazem notícia com estes números. Em prol da Enfermagem, o SEP aplaude!

[ Na sequência da denúncia pública da subcontratação de enfermeiros por valores miseráveis, o Ministério da Saúde assumiu o compromisso de abrir um concurso de admissão para 750 enfermeiros. É insuficiente para as carências

que são reconhecidas nos diferentes horários de trabalho, mas é uma vitória. ]

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enfermagem/SEP

HomenagemQue dizer?....

2012 também nos “roubou” a companhia de duas colegas e dirigentes do SEP. Helena, eleita pela Direção Regional de Santarém e Jacinta pela Direção Regional do Minho.Uma e outra brindaram-nos com a amizade mas, principalmen-te, com a tenacidade e a luta por, no coletivo, atingirmos obje-tivos: estar próximos dos enfermeiros, dos seus problemas e dúvidas e tentar encontrar estratégias para a sua resolução.Morreram, eventualmente, com a sensação que muitos de nós também temos: “estamos a perder muito”. Mas, também mor-reram com a certeza, que muitos de nós também temos, que só conseguiremos inverter esta situação se, em conjunto, nos mobilizarmos em torno da organização que escolheram, que escolhemos, o SEP.Não estarão cá para discutir o futuro mas sabemos o que elas gostariam que fosse o futuro.É pela enfermagem e pelos enfermeiros que o SEP continua-rá a lutar porque também só desta forma homenageará estas colegas e todos os que lutaram pela profissão.Obrigada Helena e Jacinta.

[ É pela enfermagem e pelos enfermeiros

que o SEP continuará a lutar porque também só desta forma homenage-ará todos os que luta-ram pela profissão. ]

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Por vezes, são aparentes peque-nos pormenores que dão a dimen-são global de políticas injustas. Em matéria de injustiças não há pormenores. To-das elas deverão ser denunciadas e combatidas com vigor. É uma ques-tão de princípio de que nenhum de nós deverá abdi-car. Hoje pode-se aceitar um dedo, amanhã estarão a pedir um braço.

“O Choque dos 3,96€/h”

De todos os quadrantes po-líticos, as reações às mise-

ráveis remunerações de 3,96 à hora foram imediatas e prolon-garam-se por, pelo menos, uma semana. Os enfermeiros foram notícia de abertura de vários telejornais em todos os canais de televisão assim como nas rádios. Os pedidos de jornalistas para falarmos com enfermeiros naquelas circunstâncias acon-teciam a todo o momento. E o governo envergonhou-se. O Ministro da Saúde foi obrigado a reunir, a encontrar soluções e compromissos. É verdade que o resultado daquele concurso

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Foi um escândalo nacional. A tomada de consciência pública dos miseráveis vencimentos que, no caso, a ARS de Lisboa e Vale do Tejo se propunha pagar aos enfermeiros, revoltou o país.

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regiões

ignóbil, criminoso e vergonhoso nunca foi indeferido pelo Ministério da Saúde e pelo Governo. O mais longe que o Ministro da Saúde conse-guiu ir foi pôr a possibilidade da sua anulação caso, após a investiga-ção pedida à IGAS, se viesse a verificar que a qualidade e a quantida-de dos Cuidados de Enfermagem contratualizados estavam colocados em causa.Esta ineficácia do M.S. perante situações concretas que envolvam empresas privadas, no caso a empresa de subcontratação, apenas demonstra como o setor público pode ficar refém do setor privado.A outra lição que podemos retirar deste processo é que existem di-rigentes de serviço, no caso o Presidente da ARS de Lx e Vale do Tejo, que não sabem/reconhecem o que são serviços públicos e que, por isso, quando fundamentam as suas más decisões no “...fica mais barato para o erário público...” deveriam também perceber que estão a mais e pedir a sua demissão. Como não o fazem deveria ser o Minis-tro de Saúde a fazê-lo.

[ A ineficácia do Ministério da Saúde, peran-te situações concretas que envolvam empre-sas privadas, no caso a empresa de subcon-

tratação, apenas demonstra como o setor público pode ficar refém do setor privado. ]

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O SEP sempre teve e continuará a ter uma postura dialogante com os poderes instituídos

na convicção de que a boa fé impera nas nego-ciações, mesmo sabendo que nem sempre é assim.

O SEP tem consciência que a sua força negocial ad-vém da unidade e capacidade de luta de que os enfer-

meiros são capazes. Sem isso, não há força negocial.

Um SEP dialogante e um governo surdo

enfermagem/SEP

“o SEP e o Ministério da Saúde/Secretaria de Estado da Administração Pública/Ministério das Finanças” reuniram-se várias vezes com resultados díspares, embora a linha mais comum fosse a surdez do governo face às propostas sindicais.

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Nos últimos 3 meses concretizaram-se várias reuniões com o Ministério da Saúde. Destas importa reter que é assumido pela tutela que não está vedada a possibili-

dade de contratação de enfermeiros nas EPE’s e que todos os pedidos são deferidos; O concurso para os 750 postos de trabalho, o pré aviso tipo foi enviado para todas as instituições passiveis de o abrir, ainda inicio de Novembro. Daqui resulta a pergunta óbvia: quem anda a emperrar a contratação de enfermeiros nas EPE’s e a abertura do concurso. A resposta parece óbvia e até o ministério da saúde adianta a resposta: as ARS’s!

SEAP/Ministério das Finanças recusam recuar no “roubo” de 50% das horas de qualidadeFoi solicitado e concretizou-se antes do encerramento do prazo de entrega de pro-postas de alteração ao orçamento de estado de 2013. O SEP fundamentou as razões pelas quais as horas penosas dos enfermeiros são um direito mais do que custo: é a penosidade inerente ao exercício profissional, os inúmeros riscos a que os enfermeiros estão sujeitos e relembrou que esta matéria foi consagrada na carreira de 92, com um governo do PSD, em contrapartida à proposta do regime de exclusividade, aliás como o regime de horário acrescido. O Secretário de Estado da Administração Pública não aceitou, afirmando que era uma medida transitória e que, anualmente, são gastos cerca de 80 milhões em horas penosas dos enfermeiros.O SEP alertou para o descontentamento que esta medida irá provocar e para as con-sequentes mobilizações em sua defesa, nas instituições.

[ Apesar dos tempos adversos que atravessamos é preciso continuar a ter esperança. O que defendemos é justo. O SEP vai elaborar um caderno reivindicativo que discutirá com todos os enfermeiros e já em Janeiro dará

inicio a reuniões em todas as instituições sobre várias matérias. ]

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1201€ para os enfermeiros a CIT já em janeiro de 2013O Ministério da Saúde alegou incapacidade para dar inicio ao processo negocial do ACT. Afirma que é justa a reivindicação e fez o levantamento do impacto orçamental da passagem dos CIT para aquele valor. Constata-se que é na região Norte onde os enfermeiros a CIT são mais “explorados” (salário versus horários de trabalho/gozo de direitos). O processo não está encerrado e em Janeiro haverá nova reunião.

Cuidados de Saúde PrimáriosO Secretário de Estado responsável por esta área reafirmou que os cuidados de saúde primários continuam a ser uma prioridade do governo. Contudo, e o SEP reafirmou, o que se constata é um desinvestimento nesta área. São vários os projetos que estavam a ser desenvolvidos por enfermeiros que tiveram que acabar; contam-se “pelos dedos de uma mão” as UCC’s que foram criadas durante este ano; a maioria das UCSP’s está a funcionar com um numero mínimo de enfermeiros. Na realidade a promoção da saúde e a prevenção da doença continuam a ser o “parente pobre”.Ministério da Saúde assumiu que estão a prever a alteração da portaria sobre os incen-tivos para as USF’s modelo B e não deu resposta à possibilidade do alargamento des-tes incentivos às outras unidades funcionais, tão pouco às UCC’s que como sabemos tem previsão na lei. Sobre o atraso do pagamento dos incentivos das USF modelo B relativos a 2011 voltou a afirmar que os constrangimentos não eram da responsabilidade do Ministério da Saúde.Entretanto, no dia 20 de Dezembro chegou in-formação ao SEP que teriam sido pagos mas só em 50%.Ainda, que o grupo de trabalho sobre o “enfer-meiro de família” continua a funcionar.

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É preciso continuar a exercer, os direitos consagrados nos Instrumentos de Re-gulamentação Co-letiva de Trabalho! Se não o fizermos e reduzirmos as nos-sas reivindicações às meras tabelas salariais, deixare-mos de ser credíveis e permitiremos que os aproveitadores da banalização e da individualização contratual facilitarão a desvalorização do trabalho.

A quarta alteração do código trabalho determinou um desequilíbrio nas relações do trabalho que se traduzem na desregulação coletiva. É necessário dar vida à contratação colectiva como instrumento fundamental nas relações laborais e como garante de direitos.

enfermagem/SEP

O SEP na linha da frente da negociação coletiva

O SEP, consciente dos valores democráticos e reconhecendo o va-lor e a importância do trabalho dos seus associados nos diferen-

tes estádios de vida e de saúde das pessoas/utentes, comprometeu--se a estar na primeira linha na defesa das condições específicas e inerentes à profissão de enfermagem e das condições de trabalho.Assim comprova a cronologia da participação do SEP em todas as mesas negociais da contratação coletiva apesar das alterações labo-

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Reorganização de serviços exige participação de todos os enfermeiros e unidade no SEPA contratação colectiva foi o instrumento fundamental para o desenvolvimento no séc.XXI.

rais terem fragilizado o equilíbrio negocial. As constantes alterações ao Código de Trabalho que se verificam desde 2003 impõe situações que de todo são diferentes reduzindo o poder do empregador e do trabalhador, individualiza-ção das relações do trabalho e praticando a caducidade das convenções de toda a contratação coletiva, provocando um vazio através da desregulamentação. E ainda o “medo” gerado por uma mudança que desequilibra a relação de forças. Os contratos por tempo indeterminado são raros, prolongam-se os contratos a termo certo, com o acordo do Governo até 2014. A prestação de serviços de enfermagem em numerário, sem recibo, constitui uma retrógrada realidade.Apesar deste contexto de grande perturbação, o SEP tem conseguido e encontra-se:A negociar um Acordo de Empresa com a União das Misericórdias Portuguesas que posterior-mente será extensivo a mais de 400 Misericórdias do País. A renegociar com o Sindicato dos Bancários de Sul e Ilhas o atual Acordo de Empresa, que tem uma abrangência a quase todo o território nacional.A tentar ultrapassar a situação de impasse em que se tornou a negociação do Acordo de Em-presa do Hospital da CUF Infante Santo, assim como a negociação do Acordo de Empresa com a Entidade Gestora do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa.É preciso continuar a exercer, os direitos consagrados nos Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho! Se não o fizermos e reduzirmos as nossas reivindicações às meras tabe-las salariais deixaremos de ser credíveis e permitiremos que os aproveitadores da banalização e da individualização contratual facilitarão a desvalorização do trabalho.O Hospital Particular de Lisboa é o caso mais paradigmático. Unidade privada de saúde das mais antigas em Lisboa, aqui se achou que a precarização do trabalho, o desinvestimento na qualidade hoteleira e na segurança dos utentes e dos profissionais, não teriam consequências, foi o início da sua extinção. No final, os poucos enfermeiros que restavam e faziam-no no regime de prestação de serviços, ficariam na iminência de nada receberem porque nada obrigava a en-tidade patronal a considerá-los como trabalhadores e a compensá-los após declarada a falência.Não permitir que aconteça noutras instituições depende de nós!

[ As constantes alterações ao Código de Trabalho que se verificam desde 2003 im-põem situações que de todo são diferentes reduzindo o poder do empregador e do tra-balhador, gerando o “medo” por uma mudança que desequilibra a relação de forças. ]

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breves

A luta dos trabalhadores da MAC

Julho- reuniões com grupos parlamentares – PEV

Julho - reuniões com grupos parlamentares – PSD

24 de setembro - concentração em frente ao Francisco Xavier

Castelo Brancoprograma “incubadora de pais”, reunião com os enfermeiros promotores

DR LisboaEncontro dos Cuidados de Saúde Primários

DR Faroreunião com os enfermeiros do HCFaro

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DR Lisboacomemorações do 25 de Abril

25 de Novembroconcentração contra o paga-mento do parqueamento no Hospital de Santa Cruz

Dirigentes e colaboradores do SEP contra as medidas da Troika

Lisboa, 10 de Julho- IX Fórum de estudantes finalistas e jovens enfermeiros

A falta de condições de trabalho em Terras do BOURO

Vigília no Barreiro

14 de Julho - pic nic contra a precariedade promovido pela Inter Jovem

2012 foi um ano cheio.

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breves

Debate em Braga, promovido pela DR Minho, sobre “A saúde na região”, junho

“Hospital de Protesto” promovido pelas DR’s Re-gionais de Lisboa, Setúbal e Santarém na sequên-cia da problemática dos subcontratados, agosto

Marcha contra o Desemprego, Coimbra, outubro

Debate na ULSAM em torno da reivindicação da aplicação do 62/79 aos CIT, julho

Reunião na Unidade de Vila Real em torno da aplicação do 62/79 aos CIT’s (julho) 1º Maio

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Dia Mundial da Saúde - Pre-sidente do SEP, Enfº José Carlos Martins presente na homenagem à Exa. Sra. Bas-tonária, Enfermeira Augusta Sousa na companhia da tam-bém ex-dirigente do SEP, Enfª Isabel Sanchez.

Direito das Mulheres,7 de Março

DR da Beira Alta – tribuna pública contra a precarieda-de, março

Faro - Ação de formação sobre SST efetuada em con-junto com o Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública Sul e Açores

Cordão humano da Frente Comum contra o roubo dos subsídios de natal e férias e diminuição das condições de trabalho.

O grupo dos reformados do SEP continua... intensa ati-vidade, recreativa, cultural e de luta pelos direitos.

A CGTP na vanguarda da luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores e soberania do país Manifestação de 11 de Fevereiro