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e-stórias d'igualdade

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e-stórias d’igualdade partiu da necessidade de sensibilizar profissionais e estudantes de comunicação sobre a questão da igualdade de género, procurando consciencializar sobre a presença de estereótipos nos media e sobre o papel central da comunicação na eliminação dessas distorções – seja nas mensagens jornalísticas, seja nas publicitárias. Em simultâneo, o projecto procurou envolver organizações da sociedade civil com trabalho na área da igualdade de género que sentem, muitas vezes, dificuldade em divulgar ou dar visibilidade às suas iniciativas.

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  • E-STORIAS DIGUALDADE

    comunicar / gnero / re produoesteretipos / des igualdade / sensibilizao / direitos

    consciencializao / boas prticas

  • 3FICHA TCNICA

    TTULOe-storias digualdade

    ONLINEwww.e-storiasdigualdade.com

    AUTORACEP e outros

    EQUIPA DO PROJECTOAna Filipa Oliveira, Ana Grave, Ana Sofia Pinheiro, Andr S, Carla Cerqueira, Carlos Narciso, Ftima Proena, Javier Martinez, Liliana Azevedo, Rui Dias Monteiro, Sandra S Couto e Sofia Branco.

    REVISOACEP

    EDIOACEP - Associao para a Cooperao Entre os PovosAv. Santos Dumond, 57, 4 esq, 1050-202 Lisboawww.acep.pt

    APOIO FINANCEIROCIG - Comisso para a Cidadania e a Igualdade de GneroPOPH - Programa Operacional Potencial HumanoQREN - Quadro de Referncia Estratgica NacionalGoverno da Repblica PortuguesaUnio Europeia - Fundo Social Europeu

    CRIAO GRFICAAna Grave

    PR-IMPRESSO, IMPRESSO E ACABAMENTOGuide Artes Grficas

    DEPSITO LEGAL370412/13

    Para uma organizao que vem trabalhando h mais de uma dezena de anos em iniciativas que procuram desmontar estere-tipos e construir imagens de um mundo de direitos, o projecto

    e-storias digualdade tambm uma iniciativa partilhada com muitos outros e outras. Ele no teria sido possvel sem a colabo-rao de um conjunto alargado de pessoas a quem agradecemos o empenho, apoio e cumplicidade e comeamos por agradecer

    Sofia Branco por ter proposto ACEP esta boa ideia.

    PROTAGONISTAS DOS STORYTELLINGAna Carina Fonseca, Bruno Malheiro, Cu Cunha, Dama

    Bete, Diana Andringa, Diogo Guerreiro, Flvio Rodrigues, Ilda Cadilhe, Ins Barbosa, Malam Seidi, Pedro Marques e

    Vanda Bonzinho.

    ESTUDANTES DE COMUNICAO QUE PARTICI- PARAM NO PROGRAMA DE MENTORIA

    Anabela Jacinto, Cludia Pinto, Diogo Martins, Ins Faria, Joana Roxo, Leonor Capela, Lus Soeiro, Mariana Lambertini, Sara

    Rodrigues, Sara Pereira, Soraia Barros e Teresa Lencastre.

    PROFISSIONAIS DE COMUNICAO QUE PARTICI- PARAM NO PROGRAMA DE MENTORIA

    Ana Cristina Pereira, Cndida Colao Monteiro, Carlos Daniel, Dores Queirs, Hugo Cadete, Ins Nadais, Joana Ramalho, Marta Morais, Natlia Faria, Paulo Pimenta,

    Rodrigo Freitas, Tiago Dias.

    MEMBROS DO COMIT DE SELECO DOS TRABALHOS DE MENTORIA

    Amlcar Correia, Ftima Proena, Liliana Azevedo, Ricardo Alexandre, Sandra S Couto e Teresa Joaquim.

    INTERVENIENTES NAS TERTLIASAbel Coentro, Adriana Miranda Ribeiro, Ana Cludia

    Albergaria, Cndida Colao Monteiro, Carlos Poas Falco, Conceio Nogueira, Daniel Deusdado, Jos Soeiro, Jos Vinha, Hlder Silva, llda Cadilhe, Leonor Capela, Maria Cndida Rocha e Silva, Margarida Vilarinho, Narciso Moreira, Paula Alexandra, Rodrigo Viana de Freitas, Samuel Silva, Sara Magalhes, Suzana

    Ralha, Tiago Dias e Vera Silva.

    INTERVENIENTES NOS WORKSHOPSCarlos Daniel e Silvana Mota Ribeiro.

    DINAMIZAO DOS WORKSHOPSCludia Mrias, Helena Lima, Rosa Cabecinhas e Slvia Gomes.

    DINAMIZAO DA MOSTRAPedro Almendra e Sandra Salom.

    ORGANIZAES QUE ACOLHERAM ESTA INICIATIVA E A POTENCIARAM

    Academia de Msica Valentim Moreira de S (Guimares), Associao Civitas Braga, Associao Escola Aberta (Beja),

    Biblioteca Municipal Rocha Peixoto (Pvoa de Varzim), Bombeiros Voluntrios da Pvoa de Varzim, Caf A Brasileira

    (Braga), Cineclube de Guimares, Contagiarte/ Centro de Formao Cultural (Porto), Funky Bar (Lisboa), Gato Vadio/Associao Saco de Gatos (Porto), Instituto de Cincias So-

    ciais da Universidade do Minho, Livraria Lello (Porto), Maus Hbitos (Porto), Mira Frum (Porto), Museu Municipal de Penafiel, Mtua dos Pescadores, Sindicato dos Enfermeiros

    (Porto), SOS Racismo e Universidade do Porto.

    Queremos tambm agradecer a todos e todas que em Braga, Guimares, Penafiel, Pvoa de Varzim e Porto participaram

    de forma activa e entusiasta nos diferentes momentos de debate e reflexo.

    AGRADECIMENTOS

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    e-storias digualdade partiu da necessidade de sensibilizar profissionais e estudantes de comunicao sobre a questo da igual-dade de gnero, procurando consciencia-lizar sobre a presena de esteretipos nos media e sobre o papel central da comu-nicao na eliminao dessas distores seja nas mensagens jornalsticas, seja nas publicitrias. Em simultneo, o pro-jecto procurou envolver organizaes da sociedade civil com trabalho na rea da igualdade de gnero que sentem, muitas vezes, dificuldade em divulgar ou dar visibilidade s suas iniciativas. Neste contexto, o e-storias digualdade assumiu uma dupla funo ao promover um dilogo entre representantes de orga-nizaes da sociedade civil e profissionais da rea da comunicao. Desde a IV Conferncia das Naes Unidas sobre as Mulheres (Pequim, 1995) que os meios de comunicao so entendidos como parceiros essenciais para a promoo da igualdade de gnero, devido ao seu potencial transformador de mentalidades e ao papel crucial que po-dem desempenhar na desconstruo das representaes e na promoo de uma cultura de no discriminao e respeito pelos direitos humanos tanto das mulheres como dos homens.

    Em Portugal, esta preocupao vem reflectida em vrios documentos oficiais, nomeadamente nos Planos Nacionais para a Igualdade. Contudo, estamos ain-da longe do pretendido mainstreaming de gnero nos meios de comunicao social e publicidade. Sucessivos relatrios europeus apon-tam para a inexistncia de um progresso substancial neste domnio, mantendo-se a necessidade de apostar na sensibilizao de estudantes e profissionais de comuni-cao, de forma a fomentar a promoo de representaes equilibradas e diversifica-das de mulheres e homens nas mais diver-sas reas economia, desporto, poltica, famlia, entre outras e contribuir assim para alterar a forma distorcida e sexista como umas e outros so relatados nos meios de comunicao social portugueses. e-storias digualdade pretendeu, por isso, ser um espao de trabalho conjunto, de que a seguir se documentam alguns resultados.

    INTRODUONDICE

    AGRADECIMENTOSp.3

    INTRODUOp.5

    E-STORIAS CONTADASp.6

    Cultura, p.8Economia, p.10Educao, p.14Emprego, p.16

    Participao, p.20Comunicao, p.22

    COMUNICAR COM IGUALDADEp.26

    Workshops, p.28Programa de Mentoria, p.30

    CONTRIBUTOS PARA COMUNICAR COM IGUALDADE

    p.34

    para estudantes e profissionaisde comunicao, p.36para as organizaes da sociedade civil, p.44

    ANEXO p.46

  • 7 Os media tm um grande poder de influncia nas sociedades contem-porneas. Informam e

    formam opinies. No entanto, o seu discurso tanto pode ser normativo, ao reforar normas e valores sociais estabelecidos, contribuindo para a reproduo de esteretipos, como ousar ser atento e criativo, propondo perspectivas diversas e aprofun-dadas sobre a realidade social.

    Se bem que os media ocupam um lugar privilegiado para moldar o espao e a opinio pblicos, a construo de uma sociedade democrtica, carac-terizada pela igualdade e a no discriminao, uma responsa-bilidade partilhada, cabendo a

    cada um/a de ns estar atento/a e apelar para que a dignidade e os direitos das pessoas sejam respeitados. A realizao de tertlias em lugares pblicos cafs, livrarias, museus, bibliotecas e at em academias de msica procurou desafiar o pblico a reflectir connosco estas (des)construes. Foram espaos de debate que con-taram com a participao de profissionais de diferentes reas da cultura, economia, educao, ao emprego, par-ticipao, comunicao e que possibilitaram questionar e desconstruir o nosso olhar socialmente construdo sobre o que ser mulher e o que

    ser homem, luz nomeada-mente dos contextos e realida-des locais. Porque as (des)igualdades no so algo abstracto mas vivem--se no quotidiano, foi produzi-do um conjunto de storytelling, breves vdeo-narrativas, contadas na primeira pessoa. So histrias de mulheres e homens comuns que procuram desconstruir esteretipos, e que ilustram e despoletam estes e outros debates.

    Os storytelling e as intervenes nas tertlias esto disponveis no site do projecto www.e-storias digualdade.com

    E-STORIAS CONTADAS

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    CULTURA

    DAMA BETELisboa

    o rosto do do hip hop no femi-nino. Dama Bete, rapper luso-mo-ambicana, foi a primeira mulher MC a assinar contrato com uma editora multinacional. O lbum De igual para Igual simboliza a batalha pelo hip hop feminino, sem discriminao.

    FLVIO RODRIGUESPorto

    Era um sonho de menino. Flvio Rodrigues sempre quis ser bailarino mas foi preciso enfrentar o precon-ceito na pequena vila onde vivia para o concretizar. Hoje, junta a dana fotografia e tem as paredes do quarto cobertas com auto-retra-tos de uma histria de resistncia.

    Tertlia

    QUE GNERO DE CULTURA?Realizada no dia 8 de Maro de 2012, pelas 21 horas, na Acade-mia de Msica Valentim Moreira de S, no Largo Condessa do Jucal, em Guimares. Intervenes de

    CARLOS POAS FALCO, Escritor e poeta vimaranense.

    ISABEL FERREIRA ALVES, Membro da associao cultural da casa, responsvel pela inicia-tiva Guimares noc noc.

    RODRIGO VIANA DE FREITAS, Director da Central de Informa- o, empresa responsvel pela comunicao da Guimares 2012 - Capital Europeia da Cultura.

    SUZANA RALHA, Programa-dora da rea de Comunidade na Guimares 2012 - Capital Euro-peia da Cultura. Fundadora da as-sociao cultural de educao pela arte Bando dos Gambozinos. Moderao de

    SOFIA BRANCO, Jornalista.

    SUSANA RALHA No um olhar muito frequente meu, se homem ou mulher. E tendo a interpretar as situaes que vou vivendo em funo do tipo de pessoas que esto em causa (...) a sua expresso cultural e a sua apropriao de possibilidades de vida e de direitos, porque no fundo disso que se trata, (...) eu tendo a v-la relativamente posio que ocupam socialmente.

    RODRIGO FREITAS Se ns olharmos para a comunicao social com um olhar atento, vemos que de facto esta questo est longe de ser resolvida e os esteretipos esto todos l, principalmente na publicidade, mas tam-bm no jornalismo e na comunicao.

    ISABEL ALVES Inicialmente quando recebemos o convite pensa-mos, esta questo nunca se colocou, estamos equi-parados em termos de papis, em termos de repre-sentao, em termos de desempenho, de trabalho, de ideias e de deciso.

    CARLOS FALCO H 40 anos (...) dirigir associaes, promover actividades, no teatro, no cinema, naquilo que se pode chamar genericamente cultura, conferncias, exposies de arte e assim, isso era assunto dos ho-mens, que tinha tambm muito a ver com a prpria organizao das horas, dos espaos, organizao do prprio dia e diviso dos papis sociais entre homens e mulheres.

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    ECONOMIA

    PEDRO MARQUESPorto

    Algumas profisses ainda so tidas como mais adequadas a mulheres ou a homens. Pedro Marques joalhei-ro e tem gozo no que faz, mas ainda gera espanto. A regra dita que so mulheres que fazem joias para mu-lheres. Ele acredita que o que inte-ressa o que faz e se faz bem.

    CU CUNHAVila Verde

    Nos intervalos da dureza do trabalho nos campos, Cu Cunha aprendeu a bordar. Dedica-se aos lenos de namorados, escritos em mau por-tugus, claro, porque a histria est nos erros que tm. Na sua loja, j vende linhas a rapazes e diz que eles fazem bordados bonitos.

    Tertlia

    QUE GNERO DE ECONOMIA?Realizada no dia 3 Maio de 2012, pelas 21h30, no Gato Vadio, Associao Saco de Gatos, na Rua do Rosrio 281, no Porto. Intervenes de

    ANA CLUDIA ALBERGARIA, Sociloga. Tcnica no Depar-tamento de Investigao e Pro-jectos na EAPN Portugal / Rede Europeia Anti-Pobreza.

    DANIEL DEUSDADO, Jorna-lista e comentador de assuntos econmicos. Director da produ-tora Farol de Ideias.

    JOS SOEIRO, Dirigente do Bloco de Esquerda. Ex-Deputado. Doutorando na rea do Trabalho.

    MARIA CNDIDA ROCHA E SILVA, Presidente do Conselho de Administrao do Banco Carregosa. Moderao de

    SOFIA BRANCO, Jornalista.

    JOS SOEIRO Eu coloco-me na posio de achar que a luta pela igualdade a luta pela abolio dos guies que es-to na base e que nos prescrevem comportamentos de acordo com aquilo que se consegue ser no papel social e portanto aquilo que ns devemos represen-tar do homem e da mulher.

    ANA CLUDIA ALBERGARIA A mulher de facto a mais afectada pela pobreza, mas que mulher ou que mulheres? Existem de facto mulheres mais vulnerveis que outras a situaes de desigualdade e de desfavorecimento como so os casos das mes solteiras, das idosas solteiras, ou que vivem sozinhas, as portadoras de deficincia obviamente, as imigrantes, as mulheres oriundas de minorias tnicas e aqui reala-se de uma forma bastante efectiva a comunidade cigana.

    MARIA CNDIDA ROCHA E SILVAQuanto mais alto for o lugar dentro de uma em-presa, maior disponibilidade exige. A mulher, por muito caminho que se tenha feito, continua a ter a seu cargo a casa e sobretudo os filhos.

    DANIEL DEUDADO Se estivermos a caminhar para o padro de desen-volvimento que so os pases nrdicos, e foi sempre assim ao longo do tempo na Europa, o Estado social criou-se um bocadinho com aquele farol dos pases nrdicos, eu acho que as mulheres vo cada vez mais ganhar direitos, autonomizar-se, serem independen-tes, ter poder econmico e portanto a ideia do retro-cesso feminino no faz sentido, ou faz, se de facto ns caminharmos para um retrocesso econmico.

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    CULTURA

    ECONOMIA EDUCAO EMPREGO PARTICIPAO COMUNICAO

    Tertlia

    QUE GNERO DE CULTURA?Maro 2012, Guimares

    Ana Vidigal pintora e nunca lhe passou pela cabea ter filhos Pblico, 12.07.2010 O hip-hop tuga est a mudar? A culpa (tambm) delas Pblico, 07.01.2012Cinema: maioria dos eleitores que atri-buem scares so homens e brancos Lusa, 19.02.2012

    Que expresso cultural tem a igualdade entre mulheres e homens? Que impacto tm as representaes culturais na consolidao ou eliminao de esteretipos?

    Tertlia

    QUE GNERO DE PARTICIPAO?Maio 2013, Pvoa de Varzim A primeira mulher a assumir o parlamento Dirio de Notcias, 21.06.2011Acesso de mulheres a cargos de deciso francamente negativo Jornal de Notcias, 25.02.2012 Mulheres mais avessas ao risco quando inseridas num meio com homens Pblico, 11.03.2013

    A participao nas esferas desportiva, social e cultural bastante desigual conforme se homem ou mulher. Questo de gosto ou de oportunidades?Qual a relao entre maternidade, paternidade e participao activa na vida da comunidade?

    Tertlia

    QUE GNERO DE EDUCAO?Novembro 2012, Braga Em que que a educao dos rapazes e das raparigas difere? De que forma essas diferenas condicionam as oportunidades e aspiraes de uns e de outras?Qual o papel dos agentes educativos na eliminao das desigualdades entre mulheres e homens? Elas j so mais numerosas do que eles em todos os nveis de ensino. Que consequncias isso est a ter na nossa sociedade?Havendo maior nmero de mulheres nas universidades, porque continuam elas ausentes dos cargos de chefia e responsabilidade das mesmas?

    Tertlia

    QUE GNERO DE COMUNICAO?Maio 2013, Porto Mulheres so jornalistas, mas homens so notcia Dirio de Notcias, 16.02.2006SIC distinguida na luta pela igualdade de gnero Dirio de Notcias, 18.02.2011 Le Monde vai ser dirigido por uma mulher pela primeira vez em 68 anos Expresso, 13.02.2013

    Porque que a nomeao de uma mu-lher para a direco de um jornal ainda notcia hoje em dia?Mais mulheres em cargos de chefia nos media significa diferentes contedos jornalsticos?Como podem os media contribuir para a promoo da igualdade de gnero?

    Tertlia

    QUE GNERO DE ECONOMIA?Maio 2012, Porto Qualidade de vida depende do emprego, formao acadmica e... ser homem Pblico, 07.06.2011 Respostas erradas crise podem femi- nizar pobreza JN, 19.09.2011Crise pode reduzir taxa de natalidade entre as mulheres mais jovens Lusa, 16.02.2012

    Mulheres e homens esto em posio de igualdade face economia? Qual a sua presena na indstria, nas finanas, nas pescas, na sade, na restaurao? Que custos tm estes desequilbrios para a sociedade?

    Tertlia

    QUE GNERO DE EMPREGO?Maio 2013, Penafiel Mulheres representam mais de 60% da fora laboral Dirio de Notcias, 27.04.2011 Desemprego afecta ainda mais as mu-lheres durante a crise Correio da Manh, 11.12.2012 Ser me triplica desigualdade salarial de mulheres Dirio de Notcias, 17.12.2012Mulheres ganham em mdia menos 18% do que homens Expresso, 06.03.2013

    Por que que a escolaridade no se reflete na transio para o mercado de trabalho e na ascenso na carreira das mulheres?Por que que a conciliao entre profis-so e vida familiar continua a ser apenas colocada no caso das mulheres?

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    Tertlia

    QUE GNERO DE EDUCAO?Realizada no dia 15 de Novembro de 2012, pelas 21h30, no Caf A Brasileira, no Largo do Baro de So Martinho 17, em Braga. Intervenes de

    CONCEIO NOGUEIRA, Professora Associada na Facul-dade de Psicologia e de Cincias da Educao da Universidade do Porto.

    MARGARIDA VILARINHO, Presidente da Civitas Braga.

    SAMUEL SILVA, Jornalista no Pblico. Moderao de

    SOFIA BRANCO, Jornalista.

    EDUCAO

    BRUNO MALHEIROBraga

    O porto de abrigo de uma criana no necessariamente a me. Os pais tambm tm relaes muito prximas com os filhos. Bruno Malheiro ficou com a guarda per-manente da filha e tem a certeza que o amor de pai no inferior ao amor de me.

    DIOGO GUERREIROBeja

    Foi o primeiro homem a licenciar--se em Educao de Infncia na sua faculdade e entrou para um ambien-te exclusivamente feminino. Diogo Guerreiro considera que o caminho est hoje mais facilitado mas enfren-ta ainda alguma desconfiana por parte dos pais das crianas. Educa-dor de infncia por vocao, Diogo considera uma honra poder partici-par na formao de crianas.

    CONCEIO NOGUEIRAVamos ver as universidades e o que est a aconte-cer realmente. As mulheres esto mais, mas no em todos os cursos. Esto mais, mas no esto nos cursos que so os que vo permitir lugares de che-fia, no esto nos cursos que vo dar mais emprego (). As mulheres no esto nas tecnologias, no esto nas engenharias. Esto no ensino superior mais no esto representadas em igualdade de circunstncia em todos os domnios.

    MARGARIDA VILARINHO A educao, seja na famlia, seja na escola, seja nos meios de comunicao social, noutras institui-es, mesmo na rua, formal ou informal () vai condicionar as posturas de cada cidado ou cidad na construo das suas escalas axiolgicas, como que vo fazer para a construo do seu eu, da relao do eu com o outro, de ns com os outros, da coeso social, etc.

    SAMUEL SILVA Apesar de ter uma maioria de mulheres no ensino superior, no temos mulheres nos cargos de chefia. Se me perguntares quem so as pessoas com quem eu falo sobre ensino superior, se so mulheres ou se so homens, so homens, exclusivamente so homens. (...) No h nenhum reitor que seja uma mulher, no h nenhum presidente de uma asso-ciao acadmica que seja uma mulher, mesmo as agncias, a agncia de acreditao e a agncia nacional do ensino superior so dois homens que as lideram, portanto no h mulheres nos cargos de chefia, no h mulheres com quem eu possa falar sobre estes temas quando estamos a falar sobre questes de poltica educativa.

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    EMPREGO

    VANDA BONZINHOIlha da Culatra

    Vanda Bonzinho gosta de andar por cima de gua, lanar e puxar redes, ver o peixe que trazem dentro. J foram mais as pescadoras na Ria Formosa, mas a vida dura e elas foram desistindo, resignando-se ideia de que aquele um trabalho para homens. verdade que d muito trabalho e no fcil, mas Vanda no quer outra vida. uma mulher do mar.

    MALAM SEIDISintra

    Quando chegou a Portugal, em 1999, Malam Seidi quis continuar a estudar, mas no tinha dinheiro e teve que se fazer vida. Aps dez anos na construo civil, recordou o que aprendeu com os pais guineen-ses sobre linhas e botes e regressou costura original. Faz todo o tipo de roupa, africana e europeia, para homens e para mulheres.

    Tertlia

    QUE GNERO DE EMPREGO?Realizada no dia 23 de Maio de 2013, pelas 18h30, na Rua do Pao, no Museu Municipal de Penafiel. Intervenes de

    JOS VINHA, Jornalista e Fun-dador da Rdio Clube Penafiel.

    NARCISO MOREIRA, Direc-tor de Projectos na Betweien (empresa de empreendedorismo feminino).

    VERA SILVA, Tcnica do Gabinete Janela Aberta na Asso-ciao para o Desenvolvimento de Figueira. Moderao de

    SOFIA BRANCO, Jornalista.

    JOS VINHAO stress laboral, por vrias razes, razes bvias, apresenta cada vez mais queixas nas mulheres trabalhadoras, que tm o problema do assdio, seja na vertente psicolgica, seja na vertente do assdio sexual, as vtimas so na maioria as mulheres. () Ns podemos fazer as leis mais bonitas que quiser-mos, depois na prtica entre uma mulher grvida e um homem, a opo imediatamente o homem.

    NARCISO MOREIRA Aqui em Penafiel, os melhores exemplos que temos de empreendedorismo para desempregados so os exemplos do sexo feminino. Os projectos so melhores, esto melhores estruturados e esto mais prximos de serem implementados () e aqui poder haver algumas questes de gnero que esto associadas, empresas muito prximas e muito ligadas nos servios de apoio famlia.

    VERA SILVA O nosso trabalho passa pelo apoio psicossocial e jurdico [s vitimas de violncia domstica] (). Uma das reas prioritrias em termos do projecto de vida das mulheres precisamente o emprego. onde ns temos mais dificuldade, onde no temos resposta, aliado ao facto do mercado de trabalho estar difcil, temos tambm os obstculos que vo sendo criados pelos agressores.

  • 1918

    Storytelling

    DAMA BETELisboa Decidi fazer um site para tentar perceber se existiam mais raparigas a fazer hip hop em Portugal. S que comearam a dizer que eu estava a separar o hip hop e que Dama Bete era uma grande feminista e que o site no servia para nada, s para estar a criar um movimento parte do hip hop e que o hip hop feminino no existia, o que existe um hip hop conjun-to. Acho que muitas pessoas interpretam a palavra feminismo como uma palavra negativa, eu no, acho que feminismo lutar pelos direitos ()O primeiro lbum que fiz - De Igual para Igual - uma compilao de msicas que j tinha () Decidi dar esse ttulo, pela luta que eu sempre tive pelo hip hop feminino, acho que conseguia sintetizar a minha batalha ao longo dos tempos no s para mim, mas porque queria estar de igual para igual, sem discriminao.

    Storytelling

    PEDRO MARQUESPorto Eu j tinha pegado no artesanato quando tinha uns 15 anos () normalmente para me pagar as frias, usava o artesanato como ferramenta. Depois de ter viajado para a Eslovquia, Repblica Checa, l aprendi uma tcnica e especializei-me, no tirei curso nenhum especificamente () A partir da comecei a fazer umas peas, depois meti no Facebook, para mostrar at aos meus amigos, no para vender, incri-velmente vendi as peas todas. Com esse chamamento comecei realmente a dedicar--me mais a isso porque uma coisa que me d gozo e que gosto muito de fazer. ()Na minha opinio, toda a gente, desde que tenha um trabalho digno, seja um trabalho de mulher ou no - no meu caso, j no penso sequer nisso - logo que seja um trabalho digno e que o faa com o corao, para mim um trabalho como os outros todos.

    Storytelling

    DIOGO GUERREIROBeja

    Decidi ser educador de infncia porque sempre me deram a oportunidade de tomar conta dos mais novos e um dia descobri que era efectivamente capaz de o fazer () A prpria escola teve que se adaptar minha presena porque no havia um vestirio masculino, no havia sanitrios masculinos porque s trabalha-vam aqui mulheres ()H cada vez mais homens a interessar-se pela profisso. Eu acho que lentamente tem sido dado um voto de confiana por parte das mulheres aos homens para o desempenho deste papel. E o caminho agora est cada vez mais facilitado porque as pessoas, tanto homens como mulheres, perceberam finalmente que no tem que ver com orientao sexual, mas tem que ver, sim, com predisposio para desem-penhar este papel, que o ter coragem de educar crianas.

    Storytelling

    BRUNO MALHEIROBraga

    A relao que eu tenho com a Matilde assim, eu s no a transportei dentro da barriga, no sei o que isso, mas a relao que ns temos muito, muito prxima. ()Toda a gente fica surpreendida: Ah, sim, ficou? Ah, est a viver com a sua filha? sempre Ah!, tipo wow!, ou ento h outra coisa que tambm acho que contraproducente, o oposto, como que a me foi capaz de...O que eu quero que ela saiba que o pai sempre esteve por ela, sempre lutou por ela, e que ser sempre o seu porto de abrigo sempre que ela precisar e que saiba que eu tenho muito orgulho nela. () Acho que o amor que eu sinto por ela no nada inferior ao amor de me.

    Storytelling

    CU CUNHAVila Verde Ns que trabalhvamos no campo amos s tardes, era uma forma de aprendermos a bordar, fazamos todos os trabalhos que fossem de mo. Foi da que eu comecei o meu trabalho. ()H homens tambm agora a bordar. Tenho dois rapazes que vm comprar linhas. Gostam mesmo. Tenho aqui um mocito que vem comprar linhas e eu adoro ver os bordados dele porque ele tem gosto, ele uma pessoa que gosta muito de bordar.

    Storytelling

    FLVIO RODRIGUESPorto Eu estudei dana, a minha formao base dana. () Eu nasci numa vila muito pequena e lembro-me que na altura, todos os midos diziam ah, o Flvio maricas, era assim, era muito estranho toda a reaco das pessoas. No posso dizer que foi bem aceite, na verdade no foi. Mas as coisas tambm mudaram imenso, no acho que as coisas sejam assim agora. Eu gostava mesmo de danar e precisamente gostava imenso de fazer ballet. Na minha terra havia uma escola, uma academia de dana muito pequena e eram s meninas, eu era o nico meni-no, alis eu acho que fui sempre o nico menino, excepto no balleteatro.

  • 20 21

    PARTICIPAO

    ANA CARINA FONSECALisboa

    Ana Carina Fonseca gostava de ter continuado a estudar mas foi obrigada a deixar a escola ao fim do quarto ano, como era tradio para as mulheres ciganas. Aceitou essa regra mas quebrou outras - foi vtima de violncia domstica e divorciou-se. Quando deci-diu tirar a carta de conduo foi obrigada a lutar uma vez mais pelos seus direitos.

    INS BARBOSABraga

    Cresceu a brincar aos sindi-catos. Ins Barbosa uma das responsveis do Teatro do Oprimido, em Braga. O palco faz-se muitas vezes na rua, nas manifestaes, nas lutas contemporneas, na inter-veno poltica e social para alertar mentalidades.

    ILDA CADILHEPvoa de Varzim

    Quis seguir as pisadas do pai mas foi preciso lutar por deveres iguais no quar-tel. A primeira conquista de Ilda Cadilhe, bombeira voluntria, foi conseguir que as mulheres entrassem na escala para o piquete da noite. Ao fim de doze anos comandante num mundo de homens e o pai que lhe bate continncia.

    Tertlia

    QUE GNERO DE PARTICIPAO?Realizada no dia 22 de Maio de 2013, pelas 21 horas, na Bibliote-ca Municipal Rocha Peixoto, na Rua Manuel Lopes, na Pvoa de Varzim. Intervenes de

    ABEL COENTRO, Jornalista no Pblico.

    ILDA CADILHE, Comandante dos Bombeiros Voluntrios da Pvoa de Varzim.

    MANUEL COSTA, Director da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto.

    PAULA ALEXANDRA, Coor-denadora do Plano de Igualdade na Junta de Freguesia de Aver--o-Mar. Moderao de

    SOFIA BRANCO, Jornalista.

    ABEL COENTROEu antigamente via casais a passar na rua em que o homem ia frente e a mulher ia atrs. Agora, no. Agora at vo de mos dadas. J esto lado a lado. Agora faltava que elas dessem um passo em frente, aproveitando se calhar o exemplo das prximas autrquicas em que quer aqui na Pvoa, quer em Vila do Conde, vamos ter candidatas ao cargo mximo. isso que falta.

    ILDA CADILHE Mais ou menos quando eu entrei [no quartel dos Bombeiros da Pvoa], h 11 anos, comemos a ser iguais, a ser tratadas de forma igual, embora com alguma resistncia por parte dos mais velhos: arrastar as mangueiras, l tem fora para puxar mangueiras, uma mulher? Mas fomos ocupando o nosso espao, fomos sendo aceites, l fomos mos-trando que ramos iguais.

    MANUEL COSTA Quem visita a biblioteca ao fim da tarde com as crianas, so as mulheres, no so os pais. () As propostas que tenho tido de voluntrios, sobretudo professores aposentados, para fazerem trabalhos de apoio leitura, nunca tive um homem, s tive mulheres, um dado tambm curioso.

    PAULA ALEXANDRE Foi nesta altura [candidatura a um projecto do Plano Operacional do Potencial Humano] que se comeou pela primeira vez a falar de igualdade e estamos a falar de 2011. Portanto tudo ainda muito novo. () Paulatinamente foi-se percebendo uma adeso, uma compreenso e muito interes-sante hoje vermos como este olhar para dentro foi-se promovendo, foi transparecendo no contacto com o pblico.

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    COMUNICAO

    DIANA ANDRINGALisboa

    Diana Andringa comeou por ser tradutora, quando uma mulher ain-da no podia ser jornalista. O pas mudou bastante entretanto, mas os especialistas chamados a falar sobre questes srias ainda so maiorita-riamente homens. Apesar de haver cada vez mais mulheres a exerce-rem a profisso, ainda diminuta a sua presena em cargos de chefia e liderana.

    Tertlia

    QUE GNERO DE COMUNICAO?Realizada no dia 24 de Maio de 2013, pelas 20h45, no Maus Hbitos, na Rua Passos Manuel 178 - 4, no Porto. Intervenes de

    CNDIDA COLAO MONTEIRO, Assessora de Comunicao na Casa da Msica.

    HLDER SILVA, Editor Execu-tivo na RTP e Apresentador do Jornal da Tarde.

    LEONOR CAPELA, Aluna do 3 ano do Curso de Cincias da Comunicao da Universidade do Porto.

    SARA MAGALHES, Repre-sentante do Observatrio das Representaes de Gnero nos Media da UMAR.

    TIAGO DIAS, Jornalista na Agncia Lusa. Moderao de

    SOFIA BRANCO, Jornalista.

    CNDIDA COLAO MONTEIROAcho que o jornalismo nos ltimos tempos, nos ltimos anos, entrou numa espcie de roda livre, uma coisa mais ou menos sem rumo, e portanto esta questo do gnero no estudada, no pensada, fica um bocadinho ao critrio de cada um, como tudo fica ao critrio individual.

    HLDER SILVA Eu no tenho nenhum homem que me apresente condicionantes de horrio de trabalho porque tem que ficar com os filhos mas tenho inmeras mu-lheres que me apresentam essas condicionantes, ou seja, isto fruto das circunstncias particulares de cada um, da vida de cada um.

    LEONOR CAPELACada esteretipo pode ser uma escolha e as pessoas tm a liberdade de ser aquilo que quiserem. () Explorei cinco esteretipos femininos, atravs de fotografias, vdeos e texto: a mulher de carreira, a dona de casa, a mulher que no quer ter uma relao estvel, a mulher que est ansiosa por casar e encon-trar o amor e a mulher que no quer ter filhos.

    SARA MAGALHES Consideramos que reduzir a representao das mulheres s questes da violncia e sua vitimiza-o, ainda que muito importante seja trabalhar essas questes, acaba por ser uma invisibilizao do papel das mulheres na sociedade. () Ao nvel dos homens, temos verificado que continua-se a representar os homens em situaes de poder.

    TIAGO DIAS H uma discriminao brutal e clara em termos de homem e mulher. () H desigualdades, elas reflectem-se de que formas? Para muitas pessoas, a forma mais crassa nos rendimentos que aufe-rem.

  • 2524

    Storytelling

    ANA CARINA FONSECALisboa

    Eu penso que a mentalidade cigana est muito diferente de h 20 anos atrs ou de h 10 anos atrs, est muito diferente () H uma mente mais aberta porque anti-gamente os ciganos era Tens que seguir a regra. No podes deixar o teu marido, casaste para ficar. Eu fugi um pouco regra, casei duas vezes. ()Se tivesse uma rapariga, deixava-a seguir a escola, conversava muito com ela em casa porque s vezes as raparigas vivem um bocadinho naquela iluso que tudo muito lindo, muito cor-de-rosa e acho que as mes devem conversarem com as filhas () um bocadinho alertar sobre o mundo l fora, que acho que poucas mes fazem isso. E talvez por isso h aquela coisa de no deixarem seguir a escola. Mas no preciso fazerem isso, basta conversarem com as filhas.

    Storytelling

    ILDA CADILHEPvoa de Varzim

    As mulheres no faziam piquetes noc-turnos, porque passar uma noite fora, podia ser mal-entendido, porque eram mulheres num quartel com homens, infelizmente ainda havia muito essa men-talidade. Essa foi a primeira conquista, podermos fazer exactamente o mesmo, ganharmos o respeito que nos era devido e fazer exactamente o mesmo. No terreno foi acontecendo porque em incndios tnhamos que puxar a mangueira com a mesma fora que os homens, tnhamos que apagar os incndios com a mesma eficcia que os homens, isso foi acon-tecendo ao longo dos doze anos. No posso definir um momento em que tenha percebido que de facto, agora, sim, con-quistei a igualdade. Ainda hoje, se for a pensar um bocadinho, h momentos em que ainda sinto alguma dificuldade com o facto de ser mulher.

    Storytelling

    VANDA BONZINHOIlha da Culatra Eu gosto de andar no mar, gosto de lanar as redes, gosto de puxar as redes, gosto que o peixe venha das redes. O mar para mim tudo, eu no posso viver sem o mar. J tenho este bichinho aqui, adoro andar por cima da gua. Sou a pescadora da Ria Formosa. Aqui sou a nica mulher pescadora. Na altura em que eu comecei a pescar, havia tambm mulheres na pesca, mas depois desistiram ()Quando era moa, chamavam-me macho e fmea, porque era a nica pescadora que comeou a andar assim, mais afecti-va, era eu, as outras iam assim, uma vez por acaso, agora eu, era quase todos os dias, fazia coisas que os homens fazem e coisas que as mulheres fazem, por isso me chamavam macho e fmea. ()O meu neto diz: Av, s uma mulher valente, s uma grande mulher.

    Storytelling

    DIANA ANDRINGALisboa

    O crescimento do nmero de mulheres jornalistas ajuda a que mais questes rela-tivas s questes de gnero sejam tratadas nos rgos de comunicao, que mais mulheres apaream a falar em lugares de autoridade, mas mesmo assim completa-mente diminuto os lugares que as mulhe-res ocupam a falar da poltica, a falar das grandes questes mundiais, etc. ()H muitas mulheres que so profundamen-te inteligentes e que so profundamente capazes e de quem ainda se espera, quan-do vo entrevista de emprego, tenham que se tratar com um cuidado com que um homem no obrigado a tratar-se. Parece uma coisa pequenina, no, no uma coisa pequenina porque isto mar-ca o quotidiano, isto marca-nos desde pequeninos, as coisas que tu podes e no podes fazer.

    Storytelling

    INS BARBOSABraga Como muitas mulheres, durante algum tempo, no percebia muito bem a ideia, por exemplo, do Dia Internacional da Mulher porque achava que as coisas j estavam mais do que resolvidas e que no havia necessidade. Acho que no fundo despertei (...) com o nascimento da minha filha, com o crescimento dela, porque o facto de ela ser menina e de eu comear a ver a minha filha, educada por mim, a chegar a casa, com 2-3 anos, a dizer-me que as meninas gostam de cor-de-rosa e que os reis mandam mais que as rainhas e que os rapazes no podem usar brincos, aquilo d assim um abano e eu penso como que possvel isto estar to en-tranhado na nossa sociedade que a minha filha vem-me com estas coisas para casa e ela to pequenina!

    Storytelling

    MALAM SEIDISintra

    Antes de me conhecer, antes de saber realmente quem sou, praticamente j era costureiro. Eu aprendi a costurar com os meus pais, eu desde criana aprendi com eles. ()Um dia, estava a fazer o vestido da minha cunhada e chegou o meu sobrinho tio, tens de parar de fazer esse trabalho, no sabes que esse trabalho para as mulhe-res?. () Ele como nasceu c, no sabe nada da Guin, ele ficou estranhado ver o tio, um homem, a fazer costura. Para ele costurar era trabalho de mulheres, mas para mim, no, como eu vim de Africa, l a realidade outra. ()A costura para mim, no a questo de ganhar dinheiro, mas aquilo que me faz sentir bem. uma coisa que est ligada a mim.

  • 27

    Uma melhor e mais justa representao de mulheres e homens na comunicao crucial

    para a promoo da igualdade de gnero na sociedade. Para isso, necessrio promover o debate, a formao, o confron-to e o compromisso, envol-vendo actores de organizaes da sociedade civil e dos media. No mbito deste projecto, rea-lizou-se um conjunto de ini-ciativas de debate como os seis workshops Igualdade de Gnero na Comunicao, que consti-turam espaos privilegiados de dilogo e de sensibilizao entre representantes de orga-nizaes da sociedade civil, e

    profissionais e estudantes de comunicao social. Nas diversas sesses procurou--se questionar, por um lado, as estratgias de comunicao das organizaes e como que estas podem fazer advocacia junto dos media de forma mais eficaz; e, por outro, qual o papel de quem produz e selec-ciona o que notcia e como se deve promover a igualdade na agenda dos media. Porque a sensibilizao para estes temas comea na sala de aula, foi realizado tambm um programa de mentoria com estudantes do Curso de Cin-cias da Comunicao da Uni-

    versidade do Porto, de forma a sensibilizar sobre o papel que podero vir a desempenhar, enquanto profissionais de co-municao, na promoo da igualdade de gnero. O desafio foi lanado a partir de um concurso de ideias para es-timular a produo de trabalhos de vdeo e multimdia que con-tribuam para a desconstruo dos esteretipos de gnero. As 12 melhores ideias apresentadas deram incio a um programa de mentoria, durante o qual as/os estudantes desenvolveram projectos com o apoio de um/a mentor/a. Os resultados destas duas actividades so apresenta-dos nas prximas pginas.

    COMUNICAR COM

    IGUALDADE

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    Workshop

    Maio 2012, Porto

    Destinado a estudantes do Curso de Cincias da Comunicao da Univer-sidade do Porto, este workshop contou com a participao do jornalista da RTP Carlos Daniel, e de Silvana Mota Ribeiro, investigadora na Universi-dade do Minho e autora de uma tese de doutoramento sobre imagens e discursos de gnero nos anncios das revistas femininas.

    A discusso centrou-se essencial-mente na questo dos esteretipos de gnero e do papel da comunicao na desconstruo desses mesmos esteretipos. Nesse dia, foi tambm lanado um concurso de ideias, tendo por finalidade a selecco de doze estudantes que, durante um semestre, participaram no programa de mento-ria Comunicar com Igualdade e sob orientao de um/a jornalista, edi-tor/a, assessor/a de imprensa.

    Workshop

    Julho 2013, Guimares

    O nico workshop organizado em Guimares procurou confrontar o tipo de trabalho que as associaes levam a cabo e de que forma que contactam com os media. As organizaes reco-nheceram que os media so canais pri-vilegiados para noticiar o que se passa nas associaes, porm reconheceram igualmente que no esto preparadas para comunicar com a imprensa.

    Por outro lado, a discusso entre os vrios jornalistas presentes centrou-se essencialmente no papel das mulhe-res no jornalismo. H uma percepo generalizada de que a mulher predo-mina no sector da comunicao social, mas em cargos de base e intermdios. Os cargos de editoria e chefia so, ao contrrio, ocupados maioritariamente por homens. Na ptica dos jornalistas, isto faz com que a comunicao social no esteja preparada para trabalhar as questes da igualdade entre homens e mulheres e, portanto, no faa par-te das suas agendas os tpicos a elas associadas.

    Workshop

    Dezembro 2012, Braga

    Este workshop reuniu mesma mesa organizaes da sociedade civil (Oikos, Guias de Portugal. Movimen-to Democrtico de Mulheres) e jorna-listas de rgos de comunicao social regionais (Dirio do Minho). Do lado das ONG, referiu-se a dificuldade de produzir um discurso que tenha cobertura jornalstica, sobretudo as organizaes que no tm pessoal qua-lificado na rea da comunicao e no conhecem os meandros das redaces. Nota-se contudo uma evoluo, uma vez que a visibilidade era praticamente nula h alguns anos. As participan-tes na discusso salientaram ainda a necessidade dos media darem voz pluralidade de fontes.

    Do lado das rgos de comunicao social, reconheceu-se a necessidade dos media olharem mais atentamente para as organizaes da sociedade civil e de haver formao especfica para jornalistas no domnio da igualdade de gnero. Sugeriu-se ainda que as asso-ciaes trabalhem em rede e se juntem para terem uma pessoa responsvel pela comunicao que estruture aquilo que comunicam.

    Workshop

    Julho 2013, Porto

    Este workshop juntou organizaes da sociedade civil como a Associao Nacional das Empresrias (ANE), a Associao ILGA Portugal, a Unio de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), Associao de Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas (MARP) e jornalistas de rgos de comunicao social como a Agncia Lusa e a RTP.

    Debateu-se a responsabilidade social dos meios de comunicao social, a mediatizao da agenda associativa e a criao e reforo de redes de trabalho entre meios de comunicao social e associaes e movimentos sociais. Constatou-se a necessidade de aumen-tar as competncias de literacia para a comunicao dos profissionais das organizaes da sociedade civil e, por outro lado, de capacitar profissionais de comunicao em literacia para a igualdade e a no discriminao, promovendo assim prticas jornalistas promotoras da diversidade social e de uma sociedade inclusiva.

    Workshop

    Maio 2013, Braga

    Novamente em Braga, o e-storias digualdade criou espao de debate entre jornalistas e organizaes da sociedade civil em torno da igualdade de gnero. Discutiu-se as fronteiras invisveis entre os media, a sociedade civil e a academia e as formas de as eliminar. Os/As participantes na dis-cusso reconheceram que a academia nem sempre est atenta s necessida-des da sociedade neste domnio. En-quanto isso, as organizaes da socie-dade civil que prosseguem trabalho nesta rea continuam a ter dificulda-de em comunicar as suas agendas, o que leva a que os media nem sempre comuniquem da melhor forma o que as organizaes pretendem.

    , portanto, necessrio uma maior aposta na comunicao do trabalho das organizaes, atravs da criao de parcerias com os media nomea-damente os media locais assumindo uma postura mais proactiva (verifica--se actualmente uma postura derro-tista nessa abordagem) e apostar nas relaes de benefcio mtuo.

    Workshop

    Outubro 2013, Porto

    As imagens nos media foram o tema central deste workshop no Porto, que contou com a participao de jornalis-tas, editores/as de fotografia, outros/as reprteres de imagem, e diversos estudantes. Comeou por se referir que as condies de produo das imagens tm vindo a ser alteradas, devido aos cortes nos custos, que levam a que muitas vezes a pessoa que faz o texto quem faz tambm a imagem.

    Foi abordada a questo da imagem manipulada de forma intencional, onde tornar a pessoa fraca ou forte depende da perspectiva/ngulo de vi-so (de baixo/ de cima, por exemplo). A igualdade de gnero nem sempre questionada no quotidiano de quem trabalha com a imagem. Por vezes nem pensamos () no facto de ao estarmos a escolher uma imagem para algo, estarmos a criar uma imagem es-tereotipada, por exemplo, colocarmos apenas imagens de enfermeiras, quan-do se fala em enfermagem, referiu uma jornalista presente.

  • 3130

    Programa de Mentoria

    DESIGUALDADES DE GNERO NOS ESPAOS DE COMENTRIO DA TELEVISO PORTUGUESA

    ESTUDANTE Soraia Barros MENTORA Joana Ramalho, Jornalista na RTP

    Programa de Mentoria

    O QUE A MINHA ME FAZIA E O QUE EU FAO...

    ESTUDANTE Cludia Pinto MENTORA Cndida Colao Monteiro, Assessora de Comunicao na Casa da Msica

    Programa de Mentoria

    DIFERENAS OU DESIGUALDADES

    ESTUDANTE Teresa Lencastre MENTOR Hugo Cadete, Jornalista na TVI

    Programa de Mentoria

    O QUE QUERES SER QUANDO FORES GRANDE?

    ESTUDANTE Leonor Capela MENTOR Paulo Pimenta, Fotojornalista no Pblico

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    O HOMEM NA PUBLICIDADE E AS MUDANAS EM TERMOS DE REPRESENTAESESTUDANTE Sara Pereira MENTOR Rodrigo Freitas, Director da Agncia Central de Informao

    Os homens so agora alvo da publicidade de moda e perfumes e projectados como algum que cuida de si e se preocupa com a sua imagem. Estaremos a assistir a uma mudana progressiva dos padres de beleza?

    DESIGUALDADES DE GNERO NOS ESPAOS DE COMENTRIO DA TELEVISO PORTUGUESAESTUDANTE Soraia Barros MENTORA Joana Ramalho, Jornalista na RTP

    Por que que o sexo femini-no no tem uma voz mais ac-tiva nos programas televisi-vos de debate e comentrio? Embora haja um crescendo de mulheres nos cargos de deciso, esse nmero parece ainda no ser suficiente para que as televises as escolham para comentar a actualidade.

    DIFERENAS OU DESIGUALDADESESTUDANTE Teresa Lencastre MENTOR Hugo Cadete, Jornalista na TVI

    Tudo aquilo que comunica diferena entre homens e mulheres errado e conduz a desigualdades? Quais as diferenas que observamos em sociedade e de onde que elas surgem? Estas foram questes aprofundadas em conversa com investigado-res/as de diferentes reas da Psicoterapia, Cincias da Educao, Neuropsicologia e Etologia.

    ESTERETIPOS DE GNERO NOS MEDIAESTUDANTE Ins Faria MENTORA Natlia Faria, Jornalista no Pblico

    Como se explica que os media no tenham ainda sido capazes de alterar o paradig-ma que trata as mulheres de forma diferente dos homens? A inteno alertar e dar voz quelas que no desistem, que lutam pelos seus direitos, que quebram esteretipos, contribuindo para mudar o mundo.

    AS CONTRADIES ENTRE O PAPEL DA MULHER NA PUBLICIDADE E NA REALIDADEESTUDANTE Joana Rxo MENTORA Ana Cristina Pereira, Jornalista no Pblico

    Demonstrar as contradies entre a representao da mulher na publicidade e a realidade, atravs da anlise de revistas femininas e en-trevistas com especialistas. A mulher desconsiderada pela sociedade ao mostrar-se sedutora e espampanante.

    O QUE QUERES SER QUANDO FORES GRANDE?ESTUDANTE Leonor Capela MENTOR Paulo Pimenta, Fotojornalista no PblicoPODE SER VISTO EM http://goo.gl/bYagRM

    Combater os esteretipos de gnero significa tentar que, no momento em que essa escolha feita, cada um/a sinta que pode escolher o que quiser. Dar a opo de esco-lher o que se quer diferente de combater os esteretipos contrariando-os.

    MULHER AO VOLANTE, PERIGO CONSTANTEESTUDANTE Lus Soeiro MENTOR Carlos Daniel, Jornalista na RTP

    um esteretipo enraizado, mas ao volante a experin-cia e a destreza que contam. As mulheres ocupam hoje funes antes reservadas a homens, como taxista ou mo-torista de autocarros. E at no desporto automvel so bem sucedidas, basta terem opor-tunidade para o demonstrar.

    TROCA DE PAPIS ESTUDANTE Mariana Lambertini MENTORA Dores Queirs, Editora de Imagem na RTP

    A ideia sensibilizar a partir da lgica da troca os papis, colocando as pessoas que so geralmente vtimas do es-teretipo no papel de quem cria e foca as atenes sobre esse mesmo esteretipo. Por exemplo, uma notcia sobre o desfavorecimento de profissionais do sexo masculino a ser dada por uma mulher piv.

    ESTERETIPOS E CRISEESTUDANTE Sara Rodrigues MENTORA Marta Morais, Assessora de Comunicao na Fundao de Serralves

    Saber se a crise atropelou tambm as lutas pela igual-dade de direitos e agravou o fosso salarial entre homens e mulheres, se perante cur-rculos semelhantes o sexo um factor de desempate e se a crise veio reposicionar prioridades das empresas de recrutamento.

    SIC HOMEM?ESTUDANTE Anabela Jacinto MENTOR Tiago Dias, Jornalista na Agncia Lusa

    A SIC apostou num canal vo-cacionado para as mulheres, por que no apostou tambm num SIC Homem? Ser que j existem programas suficientes para eles? Afinal, quem v mais televiso? Ser que os homens consomem mais jornais e internet, ou rdio? Como so escolhidos os seus contedos program-ticos dos canais televisivos?

    O QUE A MINHA ME FAZIA E O QUE EU FAOESTUDANTE Cludia Pinto MENTORA Cndida Colao Mon-teiro, Assessora de Comunica-o da Casa da Msica

    O projecto nasceu da ideia de fazer uma comparao entre duas realidades separadas por um perodo de 30 anos: a juventude da minha me e a minha, no sentido de per-ceber o que mudou nestes ltimos anos nos hbitos das jovens portuguesas.

    A MODA E A PUBLICIDADEESTUDANTE Diogo Martins MENTORA Ins Nadais, Jornalista no Pblico

    De que forma a figura feminina utilizada na publicidade e nomeadamente nos anncios de moda? O objectivo tentar perceber as opinies e as razes das partes envolvidas em todo o processo publicitrio, atravs de entrevistas a profissionais de publicidade e especialistas em marketing.

    Programa de Mentoria

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    Os/as profissionais de comunicao, repre-sentantes de associa-es e da academia

    envolvidos/as no projecto par-tilham uma percepo comum: a de que se assiste ainda a uma profunda desigualdade de g-nero na sociedade portuguesa, que os meios de comunicao social tm contribudo para reforar, em vez de eliminar.

    De forma generalizada, os media continuam a apresentar mulheres e homens de forma

    estereotipada, condicionando a nossa percepo do mundo e levando-nos muitas vezes a conceber essas relaes e re-presentaes como legtimas. O efeito principal a persis-tncia de construes sociais estereotipadas do feminino e do masculino nos media, que impede que estas sejam ques-tionadas.

    Nas prximas pginas, apre-sentamos algumas recomen-daes para a promoo da Igualdade de Gnero nos

    meios de comunicao social portugueses, com base nos contributos recolhidos nas dis-cusses organizadas no mbito deste projecto, nomeadamente os seis workshops Comunicar com Igualdade e o inqurito final realizado a profissionais dos media, da sociedade civil e da academia que trabalham directamente com questes de gnero.

    CONTRIBUTOS PARA COMUNICAR

    COM IGUALDADE

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    CONTRIBUTOS PARA ESTUDANTES E PROFISSIONAIS

    DE COMUNICAO

    1TOMADA DE DECISO Quem faz a agenda dos media ou Quem decide o que notcia?

    A desigualdade de gnero prevalece actualmente no acesso a lugares de topo na hierarquia dos media em Portugal e, consequentemente, na tomada de deciso de quem faz a agenda dos media ou de quem decide o que vem a ser notcia. Ainda se verifica uma desproporo entre mulheres e homens em cargos de gesto e de liderana, embo-ra ao nvel da edio e das chefias de redaco (cargos de liderana intermdios) se verifique um nmero equivalente de mulheres e de homens. De acordo com dados de 2013 do EIGE European Insti-tute for Gender Equality, por exemplo, a percentagem de mulheres em cargos de deciso nos media em Portugal ronda os 25%.

    Neste contexto, necessrio sensibilizar os rgos de comunicao social para a adopo de medidas que permitam uma melhor repre-sentao das mulheres tambm em cargos de chefia, assegurando um balano de gnero ao nvel da tomada de decises. Porm, importa ressalvar que ter mais mulheres em lugares de topo den-tro da hierarquia de um rgo de comunicao social no significa directamente uma maior predisposio e ateno redobrada para as desigualdades de gnero. Torna-se portanto premente promover uma mudana qualitativa, que envolva mulheres e homens.

    CONTRIBUTOS PARA COMUNICAR COM IGUALDADE

    _ Promover um maior acesso de mulheres a cargos de che-fia de rgos de comunicao social_ Realizar aces de forma-o inter-pares dirigidas s chefias bem como a quem ocupa cargos de edio, no

    sentido de poderem tornar transversais contedos de igualdade de gnero nas indi-caes que transmitem_ Incluir a temtica da igual-dade de gnero nos cdigos de conduta editoriais adopta-dos pelos rgos de comuni-cao social_ Incluir a promoo da igualdade entre mulheres e homens nos cdigos deon-

    tolgicos que j regem os/as profissionais de comunica-o, integrando a questo na agenda de responsabilidade social _ Estimular uma maior parti-cipao das mulheres na pro-duo e na tomada de deciso do que notcia

    Estes assuntos so considerados menores e a ateno aos mesmos torna tambm menores as [e os] que os querem tratar.

    - respondente ao inqurito -

    2PRODUO Quem notcia?

    Os homens esto mais presentes nas notcias e como comentadores polticos, especialistas, etc, o que condiciona a representao do masculino como especialista qualificado e uma quase ausncia de mulheres.

    - respondente ao inqurito -

    Nos diversos meios de comunicao social desde a imprensa, rdio ou televiso a voz dos homens prevalece, seja enquanto fontes das notcias, seja enquanto comentadores de assuntos da actualidade. Na televiso, particularmente, o espao concedido s mulheres e aos homens em horrio nobre varia muito.

    Em termos gerais, o nmero de mulheres cujas perspectivas se vem, lem ou ouvem nos media portugueses muito inferior ao nmero de homens em circunstncias semelhantes. Porm, para alm da subrepresentao das vozes femininas, levanta-se tambm a questo dos temas tratados, j que os homens surgem maiori-tariamente como porta-vozes ou peritos em reas consideradas mais relevantes, como a poltica, a economia ou as finanas, sendo apresentados como especialistas qualificados. Enquanto isso, as vozes das mulheres so remetidas para segundo plano, geralmen-te associadas a temas socialmente considerados mais femininos, como sade, educao ou cultura, e nem sempre na qualidade de especialistas qualificadas, mas como mes, esposas, encarregadas de educao dos filhos, etc.

    CONTRIBUTOS PARA COMUNICAR COM IGUALDADE

    _ Promover aces de for-mao contnua e obrigat-ria para jornalistas e outros profissionais de comunica-o (homens e mulheres) de todos os nveis hierrquicos (incluindo chefias de rgos de comunicao social) sobre representaes de gnero nos contedos mediticos_ Elaborar manuais com exemplos prticos que pos-sam auxiliar jornalistas

    e outros profissionais de comunicao a integrar uma perspectiva de gnero na sua prtica profissional, por forma a retratarem, de forma justa, mulheres e homens na sua diversidade_ Promover a adopo de uma linha editorial que fa-vorea contedos noticiosos que espelhem representaes multidimensionais e no estereotipadas de mulheres e homens_ Incluir a promoo da igualdade entre mulheres e homens nos cdigos deon-

    tolgicos que j regem os profissionais de comunica-o, integrando a questo na agenda de responsabilidade social _ Diversificar as fontes, pro-curando um maior equilbrio homens/mulheres enquanto porta-vozes, peritos e tam-bm vox populi

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    3PRODUOQue condies de trabalho?

    A mulher ainda muitas vezes () questionada sobre como conse-gue fazer a gesto carreira/famlia quando raro questionar-se o homem sobre isso.

    - respondente ao inqurito -

    As actuais condies de trabalho no so favorveis promoo da igualdade de gnero no seio das redaces dos media portugue-ses, na medida em que os constrangimentos financeiros e a veloci-dade de informao constituem obstculos prossecuo de um jornalismo especializado e atento.

    A lgica comercial ocupa um lugar central na tendncia para a estereotipizao, apoiada em simplificaes que supostamente agradam a um maior nmero de pessoas e na racionalidade dos recursos. A situao de maior precariedade laboral, o grau de experincia dos profissionais e a capacidade de alterar relaes de poder internas devem tambm ser tidas em conta.

    CONTRIBUTOS PARA COMUNICAR COM IGUALDADE

    _ Promover a igualdade de gnero enquanto poltica de recursos humanos nos rgos de comunicao social, com vista a garantir igualdade entre mulheres e homens

    no acesso, nos salrios e nas promoes, e nas condies de trabalho e regalias_ Promover medidas de con-ciliao da vida profissional e familiar, nomeadamente atravs da flexibilizao dos horrios de trabalho tan-to para homens como para mulheres

    _ Adoptar mecanismos de monitoria da promoo da igualdade de gnero nas redaces, incentivando e premiando as boas prticas

    4FORMAOQue gnero de educao?

    Os curricula hoje j vo contendo essas preocupaes de forma mais ou menos extensiva. No entanto, essas preocupaes ainda no esto suficientemente interiorizadas pelo ethos jornalstico.

    - respondente ao inqurito -

    A educao e a formao so ferramentas poderosas no comba-te s representaes estereotipadas de mulheres e homens e na sensibilizao para a necessidade de promoo da igualdade de gnero, da serem canais primordiais para a erradicao das desi-gualdades de gnero na rea da comunicao e da informao.

    Neste contexto, os/as docentes assumem grande responsabilidade na preparao de futuros profissionais dos media, ao sensibilizar os/as estudantes para questes relacionadas com a igualdade entre mulheres e homens e ao procurar desconstruir esteretipos de gnero. A prpria formulao dos planos curriculares tem aqui lugar de destaque, na medida em que a temtica da igualdade de gnero deve integrar o plano de estudos, enquanto disciplina especfica e, simultaneamente, transversal a outras reas de estudo (como a tica e Deontologia da Comunicao, a Escrita Jornals- tica, o Fotojornalismo, entre outras).

    O inqurito realizado no mbito deste projecto revela que mui-tos/as jornalistas, j em exerccio da profisso, no se sentem pre-parados/as para abordar a problemtica da igualdade de gnero ou desconhecem qual a melhor forma de a promover.

    CONTRIBUTOS PARA COMUNICAR COM IGUALDADE

    _ Integrar a temtica da igualdade de gnero nas unidades curriculares dos cursos de graduao e ps--graduao de jornalismo e comunicao_ Abordar a igualdade de gnero de forma transversal em todos os contedos_ Promover o debate e o questionamento, em contexto de aula, sobre as representa-es de gnero

    _ Sensibilizar igualmente professores/as e forma-dores/as de estudantes em comunicao, na medida em que tambm os/as docentes necessitam de formao para conseguirem transversalizar contedos de igualdade de gnero nos contedos das suas disciplinas _ Fomentar um equilbrio entre sexos ao nvel do corpo docente nos cursos de jorna-lismo e comunicao, seja na direco de cursos de licen-ciatura e mestrado, seja na direco de departamentos

    _ Promover estudos sobre o percurso das/os estudantes de comunicao aps o termo da licenciatura/mestrado _ Incentivar a realizao de trabalhos especficos sobre a temtica da igualdade de gnero, procurando desta forma aproximar a teoria prtica profissional _ Realizar aces de forma-o em igualdade de gnero dirigidas a profissionais em exerccio, organizadas no contexto de trabalho e com base em exemplos prticos

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    5CONTEDOSQue gnero de notcias?

    Mulheres e homens tm um nvel de visibilidade diferente e so representados de forma qualitativamente diferente, em termos de papis que desempenham, da linguagem usada para os descrever, ou da forma como os seus corpos so mostrados.

    - respondente ao inqurito -

    A representao de mulheres e homens que predomina nos meios de comunicao social refora os actuais papis de gnero estereo-tipados, na medida em que se assiste a uma representao desigual em diversas esferas da vida poltica, social, econmica e cultural.

    As mulheres, por exemplo, so comummente associadas s profis-ses que envolvem o cuidado a terceiros e os homens associados a profisses que envolvem conhecimento prtico e tcnico. Perma-necem, desta forma, as representaes das caractersticas femi-ninas e masculinas associadas aos papis tradicionais do homem e da mulher na sociedade, tornando-as normais e inevitveis e excluindo partida outras possveis funes.

    O desafio hoje em dia nas redaces colocar a igualdade de g-nero na agenda de forma realmente transformadora e no apenas como uma efemride que se assinala em datas internacionais e nacionais. Deve assim procurar incluir-se, no quotidiano dos media, notcias que no estigmatizem nem promovam uma viso redutora de umas e outros, mas antes pelo contrrio, contribuam para combater esses mesmos esteretipos.

    CONTRIBUTOS PARA COMUNICAR COM IGUALDADE

    _ Promover uma maior abrangncia na cobertura noticiosa, dando conta da di-versidade da realidade social e dando visibilidade equiva-lente a mulheres e homens nas esferas pblica e privada _ Procurar um equilbrio em termos de espao/tempo no-ticioso e destaques (horrio

    nobre, manchetes, 1. pgina) de histrias protagonizadas por mulheres e por homens e de temas de especial relevn-cia para umas e outros_ Promover a produo de peas de jornalismo de in-vestigao aprofundada, que permitam gerar discusso em torno da temtica da igualda-de de gnero_ Elaborar bases de dados com nomes, contactos e car-gos de mulheres especialistas

    em todas as reas, nomeada-mente naquelas onde esto geralmente sub-representa-das enquanto fonte noticiosa, e tambm com uma lista das organizaes da sociedade civil que prosseguem uma perspectiva de gnero _ Sensibilizar o/a provedor/a de notcias para questes relacionadas com a igualdade de gnero

    6CONTEDOSQue gnero de linguagem?

    [homens e mulheres] so representados de forma muito diferente. Diferenas presentes na linguagem

    - respondente ao inqurito -

    As desigualdades de gnero tambm se constroem e reproduzem a partir da linguagem, que molda as representaes atravs do lxico utilizado. Assim, a linguagem um dos elementos centrais na promoo da igualdade de gnero nas notcias.

    A utilizao de uma forma de linguagem predominantemente masculina, com recurso a um falso neutro que invisibiliza as mulheres enquanto agentes das notcias, uma forma excluden-te. Por outro lado, o uso de determinadas palavras desvaloriza ou subordina muitas vezes o feminino em relao ao masculino, impossibilitando, desta forma, uma representao equitativa e banalizando relaes desiguais de poder.

    A ttulo de exemplo, nos ttulos das notcias que procuram ser chamativos para atrair leitores/as recorre-se frequentemente a esteretipos, frases feitas ou palavras que consolidam as desigual-dades e os papis sociais de gnero.

    CONTRIBUTOS PARA COMUNICAR COM IGUALDADE

    _ Promover a utilizao de dados desagregados por sexo nos contedos noticiosos_ Evitar o uso do masculino como forma genrica para se referir a ambos os sexos

    _ Incluir, nos planos de estudo dos cursos de comu-nicao, tcnicas de promo-o de uma linguagem mais inclusiva_ Realizar exerccios prticos sobre o tipo de linguagem dos media (inclusiva/exclu-dente) em contexto de aula, nos cursos de comunicao

    _ Elaborar um manual/guia com exemplos prticos de linguagem inclusiva para uso de estudantes e profissionais de comunicao _ Introduzir uma referncia clara adopo de uma lin-guagem inclusiva nos livros de estilo dos diferentes media

    EXEMPLOS PRTICOS NO RECOMENDADOLinguagem excludente

    _ Direitos do Homem_ Os interessados podem dirigir-se _ Os professores da Universidade_ Os meninos portaram-se bem hoje._ Os Noruegueses tm um bom nvel de vida.

    RECOMENDADOLinguagem inclusiva

    _ Direitos humanos_ As pessoas interessadas podem dirigir-se..._ O pessoal docente da Universidade_ As crianas portaram-se bem hoje._ O nvel de vida na Noruega bom.

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    7CONTEDOSQue gnero de imagens?

    a forma como as imagens masculinas e femininas so utilizadas que tem que ser repensada.

    - respondente ao inqurito -

    As imagens no so inocentes. No entanto, nem sempre existe conscincia de que ao usar determinada fotografia se est a criar uma imagem estereotipada (por exemplo, utilizar apenas imagens de enfermeiras quando se fala em enfermagem).

    Os media condicionam a leitura que feita das imagens, consoan-te o (re)enquadramento que feito ou a seleco de imagens para ilustrar determinada realidade. Dentro dos diferentes estereti-pos que afectam a imagem da mulher e do homem actualmente, a sexualizao do corpo feminino a mais predominante, sendo mais evidente no jornalismo sensacionalista ou na comunicao publicitria. Nestes casos em especfico, persiste-se na apresenta-o de imagens sexistas, com intuitos meramente comerciais ou de consumo.

    Nas imagens, e semelhana das notcias, diversos estudos de-monstram que os homens surgem em papis activos, enquanto as mulheres assumem posturas de maior passividade, remetendo assim para os tradicionais papis de gnero.

    O inqurito realizado no mbito deste projecto revela que muitos jornalistas, j em exerccio da profisso, no se sentem preparados para abordar a problemtica da igualdade de gnero ou desconhe- cem qual a melhor forma de a promover.

    CONTRIBUTOS PARA COMUNICAR COM IGUALDADE

    _ Promover nos cursos de co-municao e jornalismo uma representao mais equilibra-da de mulheres e homens nas imagens, seja em suporte de vdeo ou na fotografia_ Em contexto de aula, criar espaos de discusso, de in-terpretao e de descodifica-o de esteretipos de gnero veiculados pelas imagens

    _ Nas redaces, adoptar mecanismos reguladores e auto-reguladores que promo-vam imagens equilibradas e diversificadas das mulheres e dos homens_ Denunciar casos flagrantes de representao sexista de homens e mulheres em ima-gens ou fotografias _ Disseminar os bons exem-plos de representao de mu-lheres e homens nos rgos de comunicao social e na comunicao publicitria

    _ Privilegiar a dimenso informativa das imagens, no recorrendo fotografia ape-nas como elemento esttico _ Incentivar o escrutnio pblico na identificao e na denncia de imagens sexistas que perpetuem representa-es estereotipadas de mu-lheres e homens nos media, tanto no jornalismo como na publicidade

    DE MODO GERAL, RECOMENDA-SE A PROMOO DE UM JORNALISMO CONSCIENTE E ATENTO ATRAVS DE:

    1 _ A desconstruo de todo um sistema que est institudo e que assenta em construes sociais, expondo os pressupostos dos precon-ceitos nas representaes vei-culadas pelos media;

    2 _ A sensibilizao para a incluso de uma perspectiva de gnero na prtica quoti-diana dos media e a promo-o da integrao da igualda-de de gnero nos contedos noticiosos, incluindo ao nvel da linguagem e das imagens;

    3 _ A dinamizao de ini-ciativas (como por exemplo conferncias, tertlias ou workshops) de e com pro-fissionais de comunicao que favoream um jornalis-mo consciente, respeitador da dignidade das pessoas e promotor da igualdade de gnero;

    4 _ A monitorizao e penalizao dos rgos de comunicao que recorrem a imagens e textos sexistas e a publicao de relatrios re-gulares sobre o estado actual e a evoluo neste domnio;

    5 _ A incluso de um ponto especfico dedicado promo-o da igualdade entre ho-mens e mulheres nos media no Cdigo Deontolgico dos Jornalistas;

    6 _ A elaborao de ma-teriais de sensibilizao e manuais de referncia que promovam o respeito pela di-versidade e igualdade de g-nero na prtica profissional de jornalistas e outros profis-sionais de comunicao;

    7 _ A promoo de aces de educao dos media para a igualdade, contrariando a ideia preconcebida de que falar de questes de gnero no requer qualquer tipo de formao.

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    CONTRIBUTOS PARA AS ORGANIZAES DA

    SOCIEDADE CIVIL

    Vrios representantes de organizaes da so-ciedade civil que participaram nas discusses e no inqurito no mbito deste projecto reco-nhecem que a sua estratgia de comunicao ainda pouco profissionalizada e pouco eficaz. Muitas delas carecem de planos de comunica-o das suas actividades, o que as coloca numa situao de invisibilidade e, por conseguinte, de difcil penetrao na agenda meditica.

    Por outro lado, o jornalismo atravessa actual-mente um perodo de mudana, pressionado por constrangimentos oramentais que penali-zam um tipo de jornalismo mais especializado e aprofundado, e pela prpria velocidade da informao, fazendo com que tenham a neces-sidade de alimentar rpida e permanentemen-te as suas plataformas digitais.

    Para alm dos media mainstream, os media alternativos (imprensa especializada e outros media digitais) constituem terreno privile-giado para a disseminao do trabalho das organizaes. Esta aposta, em articulao com canais prprios de comunicao com a sociedade, pode ser uma mais-valia na sensi-bilizao para determinadas questes, porm so apenas complementares e no substituem a relevncia dos grandes rgos de comuni-cao de mbito nacional e internacional, na sensibilizao e na promoo de uma repre-sentao mais justa e equilibrada de mulheres e homens na sociedade.

    COMO COMUNICAR MAIS EFICAZMENTE COM OS MEDIA

    _ Delinear estratgias de comunicao no s para os media tradicionais, como tambm para media online e media alternativos, de forma a abrir o espectro de possibilidade de influenciar a agenda meditica

    _ Estabelecer parcerias com os media na rea-lizao das suas actividades

    _ Tirar partido do jornalismo de proximidade, nomeadamente atravs do estabelecimento de parcerias com jornais e outros media locais

    _ Conhecer as lgicas de funcionamento das redaces e pensar a sua estratgia de comuni-cao numa perspectiva de quem faz a notcia _ Aumentar a sua rede de contactos com jor-nalistas, nomeadamente aqueles que demons-tram maior interesse por questes relaciona-das com a igualdade de gnero _ Criar espaos para o trabalho em rede com outras organizaes, identificando possveis sinergias e evitando duplicao de informao

    _ Elaborar notcias, recorrendo a tcnicas jornalsticas, e enviar para as redaces jun-tamente com fotografias ou outros elementos preparados para publicao

    _ Criar/Profissionalizar os gabinetes de comunicao das organizaes da sociedade civil, de forma a aumentar a qualidade e a eficcia da sua comunicao

    _ Organizar aces de formao sobre comu-nicao com os media, dirigidas a organiza-es da sociedade civil que sentem dificulda-des na sua abordagem aos media

    _ Apostar na criao de canais prprios de comunicao e no relacionamento com media alternativos e com conscincia crtica como complemento aos media mainstream

    _ Incentivar a criao de grupos de observa-o e monitoria dos media para acompanhar a questo da igualdade de gnero, identi-ficando e disseminando as boas prticas e denunciando casos de subrepresentao ou de desigualdade

    _ Criar uma concurso e prmios por par-te das associaes dirigidos aos media que promovam uma representao equilibrada de mulheres e homens

    _ Proporcionar momentos de debate e reflexo conjunta entre representantes de organizaes da sociedade civil e profissionais dos media, de forma a identificar as dificuldades de ambas as partes e potenciar possveis sinergias

    _ Promover a formao em literacia para os media nas escolas, realizando sesses de lei-tura reflexiva e crtica com crianas e jovens, por exemplo

    _ Trabalhar com os diversos pblicos, pro-movendo a literacia e a denncia de situaes de desigualdade de gnero nos media

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    1 Considera que existem diferenas na representao de mu-lheres e homens nos meios de comunicao social portugueses?

    O SimO NoO No Sei Justifique a sua resposta

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    2 Em qual destes media considera que os esteretipos de gnero esto mais presentes?O Jornalismo televisivoO Jornalismo radiofnicoO Jornalismo impressoO Jornalismo digital

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    3 Os esteretipos evoluem ao longo do tempo. Indique este-retipos de gnero que, na sua opinio, se mantm nos media portugueses.

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    4 Indique novos esteretipos de gnero que, na sua opinio, emergiram nos ltimos anos nos media portugueses.

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    5 Na resposta ao seguinte conjunto de questes poder ter em conta a deontologia profissional, a responsabilidade social dos profissionais, critrios comerciais, entre outros. A liberdade de resposta enriquecer a anlise de resultados.Assinale todas as opes que considere vlidas. Se no concordar com nenhuma das afirmaes, ou se quiser acrescentar outra opo, preencha o campo livre.

    A temtica da igualdade de gnero no faz parte da agenda dos media portugueses.O Concordo com esta afirmao porque h uma falta de sensi- bilidade para a temtica por parte de quem faz as notcias.O Concordo com esta afirmao porque h uma falta de prepa- rao para a temtica por parte de quem faz as notcias.O Concordo com esta afirmao porque h uma dificuldade das organizaes que trabalham no domnio da igualdade de gnero em comunicarem de forma apelativa o seu trabalho.O Outras razes... ou No concordo porque...

    -----------------

    6 Assinale todas as opes que considere vlidas. Se no con-cordar com nenhuma das afirmaes, ou se quiser acrescentar outra opo, preencha o campo livre.

    Os media reforam os esteretipos de gnero presentes na socie-dade portuguesa.O Concordo com esta afirmao porque no proporcionam igual visibilidade s mulheres e aos homens enquanto fonte noticiosa.O Concordo com esta afirmao porque no proporcionam igual tratamento s mulheres e aos homens enquanto prota- gonista das notcias.O Concordo com esta afirmao porque utilizam uma lingua- gem masculina como neutro universal contribuindo para invisibilizar as mulheres em determinadas tarefas ou sectores da sociedade (ex: homem para se referir a homem e mulher, em vez de ser humano).O Outras razes... Ou No concordo porque...

    -----------------

    7 Assinale todas as opes que considere vlidas. Se no con-cordar com nenhuma das afirmaes, ou se quiser acrescentar outra opo, preencha o campo livre.

    O aumento do nmero de mulheres nos rgos de comunicao social no se traduziu num retrato igualitrio das mulheres e dos homens.O Concordo com esta afirmao porque as mulheres tm a mesma formao e interiorizam os mesmos esteretipos que os homens.O Concordo com esta afirmao porque os cargos de chefia continuam a ser ocupados maioritariamente por homens.O Concordo com esta afirmao porque se uma mulher quer chegar aos lugares de topo tem de se conformar s normas estabelecidas.O Outras razes... Ou No concordo porque...

    ANEXO

    Questionrio

    O presente questionrio insere-se no projecto e-storias digualdade e pretende contri-buir para uma reflexo sobre o papel da comunicao na construo e na desconstruo dos esteretipos de gnero na nossa sociedade.Com base nos resultados deste questionrio e ainda das consideraes recolhidas nos workshops realizados com estudantes e profissionais de comunicao e associaes com trabalho no domnio da igualdade de gnero, sero elaborados os Contributos para Comunicar com Igual-

    dade. A sua colaborao no preenchimento deste questio-nrio , nesse sentido, muito importante. Desde j agradecemos o tempo disponibilizado (entre 10 e 15 min.) na resposta a 10 questes de resposta directa e curta.Saiba mais sobre este projecto em www.e-storiasdigualdade.com.O projecto e-storias digualda-de promovido pela ACEP (Associao para a Cooperao Entre os Povos) e financiado pelo Programa Operacional Potencial Humano (POPH), Eixo Prioritrio 7 Igualdade de Gnero, Tipologia 7.3.

    Os ESTERETIPOS so generalizaes partilhadas por um elevado nmero de indivduos acerca dos membros de certos grupos; so genericamente ba-seados em atributos como classe social, nacionalidade, profisso, orientao sexual, etc. Organizam a complexidade da sociedade, mas tambm contribuem para vises simplistas e geram precon-ceitos, servindo para justificar discri-minaes de certos grupos.

    Os ESTERETIPOS DE GNERO so um conjunto de crenas largamente partilhadas e organizadas acerca das caractersticas das mulheres e dos homens, que podem no corresponder realidade. Tendem a definir os com-portamentos considerados socialmente adequados para cada grupo.

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    -----------------

    8 Assinale todas as opes que considere vlidas. Se no con-cordar com nenhuma das afirmaes, ou se quiser acrescentar outra opo, preencha o campo livre.

    As escolhas das imagens para ilustrar artigos de imprensa e reportagens TV reforam os papis tradicionais das mulheres e dos homens na sociedade.O Concordo com esta afirmao porque os cargos de editor de fotografia e reprter de imagem so maioritariamente ocu- pados por homens.O Concordo com esta afirmao porque os currculos de for- mao no integram este tipo de preocupaes.O Concordo com esta afirmao porque as condies de produo das notcias hoje em dia favorecem a reproduo superficial de esteretipos em detrimento de uma abordagem auto-reflexiva.O Outras razes... Ou No concordo porque...

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    9 Assinale todas as opes que considere vlidas. Se no con-cordar com nenhuma das afirmaes, ou se quiser acrescentar outra opo, preencha o campo livre.

    Os meios de comunicao e de publicidade tendem a privilegiar a utilizao de histrias e imagens estereotipadas das mulheres e dos homens.O Concordo com esta afirmao porque faz aumentar as vendas.O Concordo com esta afirmao porque os/as profissionais de comunicao no esto conscientes do papel dos media no reforo dos esteretipos e desigualdades.O Concordo com esta afirmao porque os/as profissionais de comunicao no se sentem responsveis pela promoo da igualdade na sociedade.O Outras razes... Ou No concordo porque...

    -----------------

    10 Nesta questo a sua opinio decisiva. Poder adicionar os seus contributos em todos os itens ou apenas nos que achar pertinentes.

    Os media tm um papel activo a desempenhar na educao para a igualdade na sociedade. Na sua opinio, que solues so passveis de serem implementadas no sentido de promover uma comuni-cao com igualdade, que respeite a dignidade das mulheres e dos homens e desafie os esteretipos que fomentam as desigualdades?O Ao nvel da formao acadmica:O Ao nvel das chefias dos rgos de comunicao:O Ao nvel das escolhas editoriais:O Ao nvel da produo de imagens:O Ao nvel da produo de notcias:O Ao nvel da publicidade:O Outros:

    -----------------

    DADOS DE CARACTERIZAO

    11 SexoO MulherO Homem

    -----------------

    12 IdadeO 60

    -----------------

    13 Sector profissionalO ComunicaoO AcademiaO Associaes

    -----------------Agradecemos a sua ateno e o tempo que dedicou ao preenchimento deste questionrio.Com os melhores cumprimentos, A equipa do projecto e-storias digualdade

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    UM PROJECTO: FINANCIADO POR: