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ANAIS 1/17 CADEIA DE VALOR DE EMPRESAS DE SOFTWARE, A PARTIR DE SUAS INOVAÇÕES: UM ESTUDO EMPÍRICO ANGELA RURIKO SAKAMOTO ( [email protected] ) FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO MARCOS AUGUSTO DE VASCONCELLOS ( [email protected] ) FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO LUIZ CARLOS DI SERIO ( [email protected] ) FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO Resumo Este artigo estuda as inovações de duas empresas de Software com o uso da abordagem de estudo de casos. As iniciativas das empresas foram analisadas à luz das teorias de inovação e velocidade evolutiva, endereçando questões em relação a estratégias de horizontalização e verticalização, ao impacto das redes de relacionamento, as tendências e oportunidades de negócio. Como resultado deste trabalho foi possível a abstração de uma proposição de cadeia de valor para as empresas de software, facilitando o entendimento e provendo suporte às opções estratégicas e à operacionalização das inovações dos casos estudados. Palavras-Chave: Operações, Inovação, Cadeia de Valor, Empresa de Software, Gestão de Processos, Tecnologia de Informação. 1 Introdução O mercado brasileiro de empresas de software está em expansão contínua há muitos anos, e vem apresentando índices expressivos de crescimento (acima de 20% ao ano), conforme se observa na tabela 1. O mercado de software tem crescido de forma muito atrativa, assim como nível de competição também tem aumentado bastante. A indústria de software é normalmente classificada (ROSELINO, 2006) em pelo menos dois segmentos principais: produtos (pacotes, sistemas parametrizáveis e sistemas sob encomenda) e serviços (consultoria, treinamento, suporte, integração de sistemas e outsourcing). No âmbito dos serviços, os grandes players tem atuado de forma bastante agressiva, com ofertas horizontais que as posicionam, dentro dos clientes, como fornecedoras exclusivas das múltiplas soluções necessárias dentro das organizações – o chamado “full outsourcing”. Em especial, no caso das multinacionais, é bastante comum a negociação de contratos globais a partir de suas matrizes estrangeiras, limitando o acesso de provedores locais às subsidiárias dessas empresas no âmbito nacional. Para as empresas de menor porte resta marcar presença em mercados verticais baseados em especialização e a notória especialização em tecnologias e métodos específicos. Além do desafio de conciliar o aumento de participação de mercado com uma rentabilidade sustentável em busca de ganhos de escala. No âmbito dos produtos, Roselino (2006) identificou duas tendências que se contrapõem: a chamada tendência centrípeta, atua na direção de concentrar as atividades de desenvolvimento de novos produtos em um pequeno número de empresas com posições fortemente estabelecidas; e, a chamada tendência centrífuga, onde o dinamismo do mercado busca novas tecnologias, produzindo novos dispositivos – como os dispositivos móveis e os telefones celulares – criando oportunidades para novos entrantes que desenvolvem aplicações inovadoras e conseguem agilidade na ocupação de nichos de atuação. Outro vetor que reforça

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CADEIA DE VALOR DE EMPRESAS DE SOFTWARE, A PARTIR DE SUASINOVAÇÕES: UM ESTUDO EMPÍRICO

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    CADEIA DE VALOR DE EMPRESAS DE SOFTWARE, A PARTIR DE SUAS INOVAES: UM ESTUDO EMPRICO

    ANGELA RURIKO SAKAMOTO ( [email protected] ) FUNDAO GETLIO VARGAS - ESCOLA DE ADMINISTRAO DE EMPRESAS DE SO PAULO

    MARCOS AUGUSTO DE VASCONCELLOS ( [email protected] ) FUNDAO GETLIO VARGAS - ESCOLA DE ADMINISTRAO DE EMPRESAS DE SO PAULO

    LUIZ CARLOS DI SERIO ( [email protected] ) FUNDAO GETLIO VARGAS - ESCOLA DE ADMINISTRAO DE EMPRESAS DE SO PAULO

    Resumo Este artigo estuda as inovaes de duas empresas de Software com o uso da abordagem de estudo de casos. As iniciativas das empresas foram analisadas luz das teorias de inovao e velocidade evolutiva, endereando questes em relao a estratgias de horizontalizao e verticalizao, ao impacto das redes de relacionamento, as tendncias e oportunidades de negcio. Como resultado deste trabalho foi possvel a abstrao de uma proposio de cadeia de valor para as empresas de software, facilitando o entendimento e provendo suporte s opes estratgicas e operacionalizao das inovaes dos casos estudados. Palavras-Chave: Operaes, Inovao, Cadeia de Valor, Empresa de Software, Gesto de Processos, Tecnologia de Informao.

    1 Introduo O mercado brasileiro de empresas de software est em expanso contnua h muitos anos,

    e vem apresentando ndices expressivos de crescimento (acima de 20% ao ano), conforme se observa na tabela 1. O mercado de software tem crescido de forma muito atrativa, assim como nvel de competio tambm tem aumentado bastante.

    A indstria de software normalmente classificada (ROSELINO, 2006) em pelo menos dois segmentos principais: produtos (pacotes, sistemas parametrizveis e sistemas sob encomenda) e servios (consultoria, treinamento, suporte, integrao de sistemas e outsourcing). No mbito dos servios, os grandes players tem atuado de forma bastante agressiva, com ofertas horizontais que as posicionam, dentro dos clientes, como fornecedoras exclusivas das mltiplas solues necessrias dentro das organizaes o chamado full outsourcing. Em especial, no caso das multinacionais, bastante comum a negociao de contratos globais a partir de suas matrizes estrangeiras, limitando o acesso de provedores locais s subsidirias dessas empresas no mbito nacional. Para as empresas de menor porte resta marcar presena em mercados verticais baseados em especializao e a notria especializao em tecnologias e mtodos especficos. Alm do desafio de conciliar o aumento de participao de mercado com uma rentabilidade sustentvel em busca de ganhos de escala.

    No mbito dos produtos, Roselino (2006) identificou duas tendncias que se contrapem: a chamada tendncia centrpeta, atua na direo de concentrar as atividades de desenvolvimento de novos produtos em um pequeno nmero de empresas com posies fortemente estabelecidas; e, a chamada tendncia centrfuga, onde o dinamismo do mercado busca novas tecnologias, produzindo novos dispositivos como os dispositivos mveis e os telefones celulares criando oportunidades para novos entrantes que desenvolvem aplicaes inovadoras e conseguem agilidade na ocupao de nichos de atuao. Outro vetor que refora

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    a tendncia centrfuga a particularidade das leis tributrias e regulaes de cada pas, o que particularmente acentuado no Brasil, permitindo que empresas locais possam competir na oferta de produtos e servios que atendam s peculiaridades regionais. importante observar que, no caso dos produtos de software, a rentabilidade adicional decorrente de ganhos de escala muito atraente, j que os custos adicionais para produo marginal so insignificantes e no h restries capacidade de produo (SHAPIRO; VARIAN, 1999). O mesmo no se aplica ao mercado de servios, uma vez que sua execuo exige equipes especializada, e o valor agregado associado oferta diretamente proporcional capacitao desses profissionais e ao investimento das empresas no desenvolvimento de novos mtodos e processos.

    Tabela 1 Evoluo da Indstria de Software no Brasil

    2,36 2,72 3,264,19

    3,624,69

    5,836,93

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    2004 2005 2006 2007

    Ano

    US$ b

    ilhe

    s

    ServiosProdutos

    Fonte: ABES (2008)

    Em todos os casos, natural que as empresas busquem constantemente a expanso da base de clientes, partindo das empresas maiores e indo a direo dos clientes mdios e pequenos, ou de segmentos especficos (nichos). Com o aumento da concorrncia e a evoluo do mercado, e considerando que as empresas maiores possuem normalmente mais de um fornecedor exceto nos casos de full outsourcing, como mencionado acima a questo estratgica fundamental como aumentar a fatia de participao nos gastos do cliente (share of wallet).

    Tendo em vista o cenrio descrito acima, onde quase todos os segmentos so de alguma forma atendida ou assediada, torna-se um grande desafio para as empresas conquistarem e manterem uma base de cliente para competir neste ambiente cada vez mais acirrado. Estudos acadmicos vm sendo desenvolvidos com o objetivo de entender como a tecnologia afeta as organizaes em relao ao seu espao criativo, assim como o endereamento das questes relacionadas ao balanceamento dos seus esforos para se manter competitiva no mercado e ao mesmo tempo se diferenciar, ampliando a sua fatia de participao.

    Neste artigo evidenciamos a importncia da combinao de relacionamentos, conhecimentos tecnolgicos e estratgias de mercado na capacidade de inovao das empresas de software. O estudo foi dividido em trs blocos: primeiro fez-se um levantamento de um referencial terico e uma descrio da metodologia utilizada; depois abordamos o segmento da indstria de software no Brasil, incluindo a apresentao dos casos selecionados; e para finalizar a proposio de uma cadeia de valor e seu uso para analisar os casos, apresentando as discusses finais.

    2 Referencial Terico Considerando a velocidade com que a evoluo tecnolgica de TI tem se acelerado desde

    o advento da Internet e da comunicao mvel, impactando o cotidiano das pessoas. Por

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    exemplo, o uso servios bancrios pela Internet, o uso do Skype que abalou a estrutura da telefonia convencional, os telefones celulares integrados ao GPS rodando aplicaes que exploram a capacidade de localizao, os vrios servios oferecidos pelo Google atravs da Internet, intensificando a concorrncia no mercado de TI (ABES, 2008). Os aspectos tericos associados ao impacto da inovao na competitividade e os autores tomados como base para se explorar os objetos de estudo num contexto de crescente disputa pelo mercado foram:

    Fine (2002) para abordar a dinmica de evoluo das empresas; Hagel; Armstrong (1999); Christensen (1999) para conceituar a inovao e a

    competitividade advinda com o avano tecnolgico; Chesbrough (2007), Chesbrough; Vanhaverbeke; West (2008) novas formas de

    buscar a inovao; Christensen; Raynor (2003); Benner; Tushman (2003) para abordar os aspectos

    relacionados operacionalizao da inovao.

    2.1 Velocidade Evolutiva do Mercado Segundo Fine (1999), a velocidade evolutiva varia entre os setores, e assim a compreenso

    das questes relativas aos processos, produtos, organizao e estruturas setoriais e a variao com que os ativos se constituem e entram em decadncia possibilita desenvolver ferramentas e conceitos que possibilitam ampliar a compreenso do desdobramento futuro do setor: ... todas as vantagens so temporrias. Nenhuma capacidade inexpugnvel, nenhuma liderana inalcanvel, nenhum reino imbatvel... quanto mais alta a velocidade evolutiva, mais breve o reinado. (FINE, 1999, p. 23)

    Quando a estrutura setorial vertical e a arquitetura do produto integrada, as foras de desintegrao atuam no sentido da configurao horizontal e modular. Por outro lado, quando o setor tem uma estrutura horizontal, outro conjunto de foras impele integrao vertical e arquitetura integrada do produto. As foras que promovem o movimento no setor geralmente esto associadas intensidade competitiva, evoluo tecnolgica, poder de mercado e s inflexibilidades burocrticas e organizacionais. Este modelo conhecido como hlice dupla (FINE, 1999), onde h momentos de convergncia das competncias e momentos em que a empresa opta por uma reorientao vertical ou horizontal. Neste ponto, Christensen e Raynor (2003) enfatizam a importncia de se considerar a questo da comoditizao, pois mantendo uma arquitetura integrada e proprietria de produtos altamente diferenciados, h preservao do conhecimento e a vantagem de custo. Os paradoxos parecem ser uma constante na realidade das organizaes que precisam decidir por integrar ou modularizar; comprar ou terceirizar; se devem horizontalizar-se ou verticalizar-se. Enfim, estabelecer qual a melhor combinao de atividades, mantendo alinhadas a arquitetura e a estratgia do negcio.

    Figura 1 Modelo 3DCE (Three-Dimensional Concurrent Engineering) Fonte: FINE (1999, p. 152)

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    O uso de uma engenharia sincrnica proposto por Fine (1999) para o desenvolvimento de novos produtos, num perodo de alta velocidade evolutiva, introduz a dimenso da anlise da cadeia de suprimentos na viso tradicional de produto e processo, alm de expandir estas dimenses nos aspectos relativos tecnologia, arquitetura e foco, conhecido como modelo 3DCE (Three-Dimensional Concurrent Engineering, figura 1). A arquitetura de produto e a cadeia de suprimentos tendem a se alinhar quanto ao quesito integrao e modularizao. Sendo que, quando analisamos a arquitetura quanto a processos, ela se estende entre vertical-integrada e horizontal-modular, dependendo do Tempo (rapidez) e Espao (geografia). O elo da tecnologia o que conecta produto e processo, que a abordagem tradicional empregada para o desenvolvimento de novos produtos. O modelo 3DCE tem como foco as decises sobre os projetos do sistema de fabricao, logstica e ao projeto de materiais, facilitando a anlise dos requisitos e dos trade-offs, associados a cada elo, perspectiva e inter-relaes entre o produto, processos e cadeia de suprimento.

    2.2 Conceituando a Inovao A definio de inovao usada neste estudo a mesma adotada pelo Frum de Inovao

    da EAESP-FGV: conjunto de idias, que promovem aes e que geram um resultado. O Frum de Inovao uma associao entre empresas e centros de pesquisas, criado em 1999, cuja misso : Estimular e viabilizar a investigao, gerao, difuso e aplicao de conhecimentos sobre Organizaes Inovadoras (www.inovforum.org.br).

    Segundo Christensen (1999) h dois tipos de inovao tecnolgica: uma que evolutiva e outra disruptiva. A primeira serve para manter a trajetria da melhoria de desempenho que foi estabelecida no mercado, e trata-se de uma inovao incremental. A inovao disruptiva no tem foco em trazer melhores produtos para clientes j estabelecidos num mercado existente. disruptiva porque redefinem a trajetria, introduzindo servios e produtos que no necessariamente so to bons quantos os existentes, mas oferecem diferentes benefcios. Geralmente, eles so mais simples, mais convenientes e menos caros que trazem apelos para novos clientes ou clientes menos demandantes. A inovao disruptiva tem o efeito de paralisar os lderes da indstria, pois os seus processos esto perfeitamente projetados para suportar as inovaes incrementais, mas so ineficientes na resposta imediata a mudanas de outra natureza. Os lderes so sempre motivados a buscar os mercados de maior lucratividade e pouco incentivados a defender os novos mercados ou mercados de menor lucratividade que a disrupo cria. o que o autor chamou de motivao assimtrica, centro do dilema do inovador e incio da soluo do inovador. Ainda, Christensen e Overdorf (2000) ressaltam que os valores e a cultura estabelecidos nas empresas lderes estabelecem parmetros claros de tamanho de mercado e lucratividade que justifiquem a entrada delas em novos segmentos dentro de seus mercados alvo.

    Um modelo de negcio disruptivo um valioso ativo corporativo, lembrando que e inovao deve ser disruptiva no s do ponto de vista da empresa, mas sim em relao a todos os atores envolvidos (CHRISTENSEN; RAYMOR, 2003). As inovaes vo sendo inseridas no contexto da empresas onde, segundo Hagel (2003), j h trs tipos de negcio tradicionais com caractersticas distintas, que requerem habilidades e competncias diferentes, mas que muitas vezes esto empacotadas sob uma nica gesto. Ainda afirma que dificilmente h um negcio totalmente puro. Em sntese, os trs negcios so:

    Relacionamento com cliente - envolve a identificao de segmento de clientes, construo de relacionamentos, atuao em arenas comerciais. Usa o conhecimento detalhado a respeito das necessidades dos clientes para conect-los com o produto adequado, nas melhores condies possveis. Requer habilidades de marketing direto para chegar ao cliente e de consultoria para transformar em ao as possveis

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    imprecises de requisitos. Tem uma dinmica econmica focada em escopo; h um olhar de mercado focado, segmentado.

    Gesto de infra-estrutura concentra-se em atividades rotineiras de processamento de altos volumes. Requer eficincia e fortes habilidades operacionais no projeto e execuo de processos padronizados. um negcio geralmente intensivo em ativos e a sua dinmica econmica de escala regida pelo uso timo dos ativos.

    Inovao e comercializao de produto constri conhecimentos sobre certas tecnologias ou tendncias de mercado e concentra-se na organizao de talento inovador para oferecer novos produtos ou servios criativos. Requer criatividade e conhecimento especfico da tecnologia e tambm conhecimento de marketing para a divulgao dos produtos de maneira cativante, agilizando a penetrao no mercado. O maior investimento neste tipo de negcio o talento criativo.

    Apesar da diferenas claras entre os negcios, a gerncia enfrenta um dilema: separar os negcios e ganhar vantagem em foco, ou mant-las unidas aumentando a integrao e diminuindo os custos indiretos e o custo de coordenao. As oportunidades advindas dos avanos tecnolgicos so mais bem percebidas se a organizao desempacota o seu negcio, as observa sob as novas perspectivas e as reempacota de acordo com sua estratgia. Porm, esta ainda no a prtica mais comumente observada.

    2.3 A Inovao Aberta (Open Innovation) e a Busca de Novos Mercados O Centro para Open Innovation, dirigido por Chesbrough e sediado na universidade de

    Berkley, tem conduzido vrios estudos de aplicao dos conceitos de inovao aberta em diferentes pases. Segundo Chesbrough, Vanhaverbeke, West (2008:2), a inovao aberta o uso deliberado de fluxos de conhecimentos internos e externos para acelerar a inovao interna e expandir os mercados externos com uso da inovao. O paradigma de inovao aberta que as empresas podem e devem usar idias internas e externas, rotas internas e externas para buscar mercado e ampliar as perspectivas de uso nos avanos tecnolgicos, refletindo-as em sua arquitetura, seus sistemas e no seu modelo de negcio (figura 2).

    Figura 2 Inovao Aberta (Fonte: CLARK; WHEELWRIGHT, 1993; CHESBROUGH, 2003)

    Uma das motivaes para adeso aos conceitos da inovao aberta so a alta competitividade e a velocidade com que novas tecnologias e solues so disponibilizadas no mercado. O modelo tradicional fechado, onde o departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) confidencialmente projetava e simulava seus novos produtos ficaram defasados no tempo e dispendiosos (tempo e custo), no compatveis com a dinmica corrente do mercado.

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    Com o aumento do custo do P&D nos moldes antigos e a queda de receitas, houve necessidade das empresas repensarem seu modelo, buscando reduzir os custos de P&D e aumentar as receitas. Uma estratgia proposta abrir o P&D para pares externos, aumentando a diversidade de conhecimentos, ganhando na quantidade de idias e qualidade de alternativas e oportunidades. A outra estratgia proposta ampliar o leque de receitas, criando novos mercados, promovendo spin-off (lanar empresas independentes para colocar no mercado o novo produto originado das parceiras externas), gerarem receita por meio dos royalties etc.

    O foco da inovao aberta a criao e a captura de valor por meio da ampliao dos relacionamentos convencionais. Isto inclui uma mudana de atitude e postura em relao s entidades externas, instituies de pesquisa e de ensino. Os autores, Chesbrough, West e Vanhaverbeke estendem o conceito de rede de valor do Christensen, onde as empresas passam a desenvolver relacionamentos com universidades, laboratrios de pesquisa para explorar o potencial de novas tecnologias; b) estabelecer alianas; c) adquirir startups de base tecnolgica; d) montar redes com fornecedores e cliente selecionados para lanar produtos e/ou servios diferenciados baseados em novas tecnologias ou novos modelos de negcios. Ou usam a combinao delas para buscar adicionar valor ao cliente. Os autores afirmam que a forma de criar e capturar valor quando as empresas so altamente dependentes uma das outras ainda uma rea pouco explorada na literatura de redes, sendo recomendado como um dos direcionamentos para pesquisas futuras da inovao aberta.

    Os desafios associados inovao aberta esto associados busca de capacidades complementares, a colaborao e compartilhamento do fluxo de informaes, ao tratamento da cultura organizacional - evitando a sndrome do no feito aqui - apropriao dos ativos resultantes e, principalmente, construo de confiana e comprometimento mtuos.

    Christensen e Overdorf (2000) sintetizam a importncia da organizao se auto-avaliar para ter clareza de seus valores, processos e recursos, pois estes definem sua capacidade (capabilities) ou inabilidade (disabilities) em acompanhar e gerar mudanas. Os recursos so mais adaptveis mudana do que os processos e valores. Por exemplo, os valores da empresa que definem as margens de lucro aceitveis para selecionar se uma oportunidade passvel de ser desenvolvida. Numa empresa menor este crivo pode ser mais gil e menos crtico, possibilitando maiores chances de diferenciao.

    Quanto aos processos, o dilema apresentado por Christensen e Overdorf (2000) segue o contexto apresentado por Benner e Tushman (2003), com uma diferena: os processos que geram disabilities so os menos visveis. So aqueles que suportam e tomada de deciso quanto ao investimento de recursos, que definem como a pesquisa de mercado realizada, como as anlises so traduzidas em projees financeiras, como os planos e oramentos so negociados internamente etc. Para os autores o ponto chave so os valores da organizao, que no tem tanto uma conotao tica, mas esto diretamente relacionados forma de os funcionrios e colaboradores priorizarem as suas aes. Por exemplo, a priorizao de um cliente em detrimento de outro, a atratividade de um novo projeto, etc.

    2.4 Inovao e sua Operacionalizao A inovao aberta aborda a relevncia de ampliar o leque de opes na fase de gerao

    de idias; buscando ampliar as fontes receitas na fase de seleo e deciso; e, ter capacidade organizacional para operacionalizar as inovaes. Christensen e Raynor (2003) apontam um conjunto de fatores que facilitam a avaliao sobre a capacidade da organizao para ter sucesso com as inovaes disruptivas, o chamado modelo RPV: Recursos, Processos e Valores. Recursos so os bens tangveis, pessoas ou coisas que podem ser contratados, demitidos, comprados, vendidos; marcas, informaes, relacionamentos com fornecedores, distribuidores e clientes tambm fazem parte desta categoria. Processos so os padres de

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    interao, coordenao, comunicao e tomada de deciso usada pelas pessoas da organizao para transformar os insumos, usando os recursos disponveis, em produtos ou servios que geram valor para a empresa. Valores, no conceito dos autores, esto associados aos padres que os empregados seguem para priorizar a sua tomada de deciso como eles julgam se um pedido mais atrativo que outro, quando um cliente mais importante que outro, quando um mercado mais atrativo ou marginal, etc. O desafio criar uma cultura, atravs da comunicao permanente de valores, do exemplo na prtica incondicional desses valores e de treinamentos para que a organizao se posicione em suas aes de forma coerente com a estratgia estabelecida pelos dirigentes da organizao.

    A figura 3 apresenta os aspectos que devem ser considerados para que se avalie uma inovao disruptiva frente aos elementos do modelo RPV, visando estabelecer a melhor estrutura para conduzir o projeto de um novo produto ou servio que a encampe. Em sntese, na regio A o novo produto muda o paradigma de trabalho, mas demanda um uso incremental de uma tecnologia j instalada e aderente aos valores organizacionais. Porm requer ajustes nos processos, pois seu projeto e produo implicam em uma operacionalizao diferenciada, requerendo uma equipe com maior experincia em coordenao, integrao de trabalhos inter-reas e inter-organizacionais, a chamada equipe peso-pesado (heavyweight). Na regio C, em a tecnologia de produo tambm disruptiva e requer processos e at valores novos, recomenda-se - alm de ter uma equipe diferenciada - a criao de uma estrutura autnoma para conduzir o projeto. Na regio D esto os projetos que basicamente usam a tecnologia vigente, porm requerem uma operacionalizao diferenciada. Na regio B, esto projetos que no envolvem maior complexidade, pois os processos, valores e tecnologia podem ser reaproveitados.

    Figura 3 Framework para ajuste da estrutura organizacional Fonte: CHRISTENSEN; RAYNOR (2003) p.191

    Benner e Tushman (2003) relacionam os paradoxos associados gesto de processos com as questes do ambiente competitivo, inovao tecnolgica e a adaptao organizacional. Eles observaram que a gesto de processos tradicional (associada aos movimentos de qualidade) est positivamente associada com a efetividade organizacional quando h perodos de estabilidade ou mudana incremental e para as inovaes incrementais de clientes existentes. Porm, nos setores de rpida evoluo tecnolgica e ambientes turbulentos, onde h inovao disruptiva para novos clientes ou segmentos de clientes, a gesto de processos tradicional pode ser menos efetiva devido resistncia a mudanas, a perda do momentum e a inrcia organizacional causada pelas suas atividades. Isto faz com que, na prtica, o gerenciamento por processos atue como um inibidor da variabilidade organizacional, e suas atividades acabam afetando a habilidade e a velocidade da organizao em se adaptar. Mas, ao mesmo tempo, as prticas de gerenciamento de processos so pr-requisitos para uma operao eficiente e passvel de melhoria. Para enderear este dilema, os autores recomendam a

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    chamada organizao ambidestra como forma de reconciliar as demandas inconsistentes da inovao disruptiva ou exploratria com as demandas para inovao incremental ou explotativa (exploitation).

    A organizao ambidestra capaz de identificar agilmente quando um produto requer uma estrutura para explotao ou explorao, estabelecendo a estrutura mais adequada em consonncia com o modelo RPV. Numa abordagem congruente e complementar, Hagel (2003) prope que a organizao adote uma estratgia de implementao em camadas, ou seja, ele parte da premissa de que o desenvolvimento de produtos inovadores e a implementao da estratgia devem ocorrer mais ou menos em paralelo, numa trajetria de migrao que envolve uma mudana organizacional. Devem-se estabelecer aes a curto, mdio e longo prazo, obedecendo aos princpios clssicos da estratgia competitiva: diferenciar o produto e conquistar a liderana de custo, lembrando sempre que a informao pode ser cara para ser produzida, mas sua reproduo sempre barata.

    3 Descrio Metodolgica O mercado provedor de produtos e servios de software altamente competitivo e

    diretamente impactado pela evoluo tecnolgica. De acordo com a abordagem fenomenolgica e indutiva de pesquisa, usando estudos de caso Ilustrativos (SCAPENS, 1990) ser realizada uma pesquisa exploratria, buscando insights e evidncias empricas que possam ser indicativas de tendncias mapeadas ps-anlise do referencial terico e da coleta de dados.

    Este trabalho usa basicamente entrevistas em profundidade, anlise de dados secundrios coletados de publicaes do setor e de informaes disponibilizadas publicamente.

    Os casos foram selecionados de acordo com a caracterstica inovadora das empresas de software que se mantm competitivas no mercado por mais de quinze anos. A taxa de mortalidade de empresas de pequeno porte de qualquer ramo no Brasil bastante elevada. Segundo estudos do SEBRAE (2004), a taxa de mortalidade dessas organizaes depois de quatro anos de 59,9%. Embora no existam estudos especficos sobre a taxa de mortalidade de empresas no ramo de tecnologia da informao, acredita-se que esse percentual ainda mais elevado do que o de empresas de outros segmentos, considerando-se que esse mercado apresenta desafios intensos e grandes mudanas em curto espao de tempo. Desta forma, ao escolhermos duas empresas de software que venceram a barreira da morte prematura, mesmo sendo empresas de pequeno porte, buscamos justamente identificar aquelas cujo produto/servio disponibilizado tecnologicamente diferenciado, permitindo verificar na prtica como os aspectos apresentados no referencial terico evoluram ao logo no tempo.

    Segundo Vergara (2004), Yin (2005) e Scapens (1990), o tratamento aos dados coletados deve ser explcito. Os autores usaram de uma abordagem dialtica para analisar e tratar os materiais pesquisados, construindo a suas concluses a partir desta interao, o que pode ser considerado como um fator limitante, pois implcito o vis de interpretao dos autores. importante ressaltar como limitao do mtodo a no possibilidade de generalizao dos resultados, dado que o estudo foi realizado somente em duas empresas de software.

    4 Estudos de Caso

    4.1 O Caso People Solutions Trata-se de uma empresa brasileira da indstria de software especializada em solues

    integradas de Planejamento de Recursos Empresarias (Enterprise Resource Planning ERP) para rea de servios, que est a mais 15 anos no mercado. O endereo de seu site na Internet http://peoplesolutions.com.br.

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    Em 1992, quando foi criada, a People atuava principalmente na prestao de servios especializados de consultoria e de seleo de profissionais de desenvolvimento para seus clientes. Em 1994 percebeu a grande carncia de solues ERP integradas que atendessem totalmente a legislao brasileira (contbil e fiscal). Fazendo uso de seu capital social e de suas redes de relacionamento na rea de Tecnologia de Informao (TI) idealizou uma soluo modularizada para atender ao mercado. O produto na verso comercial ficou pronto em 1996.

    A People Solutions, a partir da viso estratgica de sua diretoria, usou no desenvolvimento de seu novo produto a sua rede de relaes para atuar com parceiros corretos. Para a construo do produto buscou parceiros de dominavam a tecnologia de componentizao (arquitetura de software em que os sistemas so desenvolvidos a partir de componentes fundamentais que so integrados e compostos para implementar as funcionalidades a serem oferecidas), criando mdulos parametrizveis e facilmente integrveis a outras solues. Buscou em um de seus clientes o grande investidor e parceiro para viabilizar a aderncia da soluo ao negcio. A People Solutions atuou como o grande maestro, pois detinha o conhecimento do negcio e das peculiaridades fiscais e contbeis do sistema brasileiro, o que proveu flexibilidade arquitetura do produto.

    A partir da disponibilizao do produto, batizado de FINPAC (Financial Package), o modelo de negcios da People foi ajustado para incorporar, alm dos servios que j prestava a seus clientes, a modalidade de licenciamento de software. Naquela poca, foi uma das primeiras empresas a ter uma soluo integrada que tambm atendesse a empresas do ramo de servios. O novo produto foi o gatilho para fomentar a rede inovadora da empresa.

    Atenta evoluo do mercado e da tecnologia de informtica e de telecomunicaes, em 2001 a People aproveitou o driver do barateamento do custo de hardware e das redes de teleprocessamento graas Internet e adaptou seu produto para permitir um novo modelo de comercializao. Alm do licenciamento integral do ERP, a People passou a oferecer a seus clientes a modalidade de aluguel do software, englobando no pacote a disponibilizao via Internet do produto hospedado em um Data Center. Este concentra todo o hardware e infra-estrutura (como sistema operacional e gerenciador de bancos de dados) necessrios para a execuo do sistema, alm dos servios de suporte ao usurio associados ao ERP. Neste momento, o produto foi rebatizado, passando a se chamar Gesto Web, para identificar seus novos atributos. Naquele momento, essa foi a primeira soluo de ERP a ser disponibilizada nesse modelo no mercado brasileiro.

    importante ressaltar que a agilidade com que a People atualizou tecnologicamente seu produto e o adaptou para o novo modelo de execuo via Internet s foi possvel graas ao acerto da deciso estratgica de 1994, de desenvolver o produto utilizando a mais moderna tecnologia de componentizao disponvel naquele momento. Desde o lanamento da nova forma de comercializao de seu produto, a People ampliou sobremaneira sua base de clientes. Isto porque o modelo em questo permite o acesso a empresas de menor porte, j que a soluo desonera o custo inicial de implantao do sistema, o que ampliou o segmento de mercado disposio do produto. Alm disso, como efeito colateral positivo desta nova poltica de comercializao, a People passou a assinar contratos de longo prazo com seus clientes e equilibrou e deu maior estabilidade ao seu faturamento, ampliando a fatia de receitas mensais recorrentes da empresa. Outro ponto interessante observado pela diretoria da empresa que, atravs do aluguel do sistema, a remunerao do capital investido no desenvolvimento do principal ativo da People, que seu produto, maior do que aquele obtido com a venda de licenas de uso. Tambm, a venda do produto como um servio cobrado mensalmente possibilitou agregar ao pacote oferecido aos clientes um conjunto maior de servios do que aquele que era comercializado na modalidade de licenciamento,

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    aumentando as receitas advindas das tarefas de apoio. Estas atividades eram necessrias, mas no eram integralmente cobradas, assim como o suporte aos usurios, a manuteno e atualizao das normas legais do sistema, possibilitando o incremento substancial da lucratividade da operao.

    Entretanto, quando do lanamento da nova modalidade de comercializao, a People viveu a situao que Christensen e Raymor (2003) chamaram de motivao assimtrica, que o centro do dilema do inovador. Tal dilema se caracteriza pela motivao que as empresas tm de permanecer nos mercados de maior lucratividade, procurando explor-los plenamente, em contraste com o baixo incentivo de ir busca de mercados de menor lucratividade, ou mercados novos, que so aqueles criados pela disrupo. Ao passar a oferecer a opo de aluguel a seus clientes, a People abria mo de uma maior receita imediata, advinda do licenciamento do produto, para remunerar melhor seus ativos no mdio e longo prazo, alm de remunerar tambm os servios em torno do produto. Agora, olhando para trs, ficou claro que a empresa fez a melhor opo, e conseguiu tornar um mercado pouco atrativo em uma fonte de maior lucratividade.

    Finalmente, segundo seu diretor presidente, o perfil do capital humano da empresa passou por uma revoluo nos ltimos anos, para se adaptar nova forma de fazer negcios, e passou a requerer profissionais com grande velocidade de aprendizado e mais congruentes com os valores da empresa. Ou seja, em termos de capital humano, a empresa passou por uma evoluo na capacidade de aprendizagem organizacional e tambm a requerer um novo perfil de profissional para interagir com o mercado e seus parceiros.

    4.2 O Caso Opus Software A Opus Software uma empresa que atua a 21 anos no mercado e que, ao longo de sua

    histria, j utilizou diversos diferentes modelos de negcio e atendeu a diferentes segmentos de mercado. No incio, em 1987, o objetivo da empresa era desenvolver produtos voltados para a comunicao entre sistemas computacionais heterogneos, mas para obter recursos financeiros que viabilizassem esse desenvolvimento, comeou-se com a oferta de treinamento e consultoria em tecnologias ainda pouco difundidas poca no mercado nacional, como o Sistema Operacional Unix e a linguagem C. Os clientes eram compostos de empresas nacionais de informtica que fabricavam computadores de mdio porte, os super-minis que estavam comeando a usar essas tecnologias em seus novos produtos. Portanto, o primeiro ativo comercializvel da empresa era o conhecimento tcnico de seus fundadores. Logo a empresa percebeu como a constante atualizao tecnolgica de sua equipe tcnica era vital para seu sucesso no mercado de TI, passando a ser uma marca registrada da Opus.

    Com os recursos obtidos atravs da prestao de servios para o mercado, a Opus desenvolveu seu primeiro produto, batizado de CommServer, que era um conjunto de protocolos de comunicao, que era usado no mercado de automao bancria para interligar os servidores das agncias dos bancos aos seus sistemas centrais normalmente computadores de grande porte da IBM. Os clientes desse produto eram os diversos integradores de solues de automao bancria daquela poca, nacionais e multinacionais.

    Em 1993, a Opus tambm iniciou uma forte parceria com a Microsoft do Brasil, passando a atender a clientes daquela empresa na integrao de produtos mais sofisticados, como o recm lanado sistema operacional Windows NT, voltado para servidores de rede, e o banco de dados MS-SQL Server. A atuao da Opus no atendimento de clientes da Microsoft, somado a seu conhecimento na rea de automao bancria, levou a matriz americana a contratar a Opus para desenvolver um projeto inovador para um de seus maiores clientes fora dos Estados Unidos, o Banco do Brasil, que culminou com o prmio de melhor parceiro brasileiro em 1997.

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    Ainda em 1993, o produto CommServer precisava de uma atualizao para passar a incorporar alguns novos protocolos que estavam comeando a ser utilizados pelo mercado de automao bancria. A Opus resolveu ento adquirir uma empresa que possua parte dos novos protocolos a ser incorporados, a SoftLink, e criou uma nova empresa separada da Opus Software: Opus Comunicao de Dados. Essa nova empresa inclua, em seu corpo societrio, os antigos scios da SoftLink e, desta forma, passou a atuar de maneira completamente independente. Com um produto devidamente renovado, a Opus Comunicao de Dados passou a atuar na venda direta para os bancos, e tambm comeou a realizar projetos de desenvolvimento de solues customizadas que envolviam ambientes transacionais mais complexos. O fato de possuir um produto que implementava os principais protocolos de comunicao necessrios para a integrao de sistemas de automao bancria possibilitou a parceria com vrios integradores desse mercado, como: Cobra Computadores, Sid Informtica, DigiRede, HP, Unisys e IBM. Parcerias lucrativas para o desenvolvimento de projetos que alavancaram vrias oportunidades para a empresa.

    Beneficiando-se de seu conhecimento na rea de treinamento tecnolgico, a partir de 1994 a Opus iniciou uma nova operao que consistia em contratar jovens recm-formados em cursos de computao ou correlatos (engenharia eletrnica, matemtica aplicada) e a trein-los nas tecnologias vigentes no mercado para o desenvolvimento de aplicaes. Desta forma, a empresa entrou no mercado de terceirizao de desenvolvimento e passou a atender a empresas de grande porte. Essa operao perdura at os dias de hoje, e uma das formas de relacionamento mais estveis que a Opus mantm com seus clientes.

    Em 1995, com o advento da Internet, e aproveitando seu conhecimento em comunicao de dados, a Opus Software investiu na criao de um dos primeiros provedores de acesso brasileiros, a Opus Internet. Ao longo de trs anos de atuao, esse provedor atingiu a marca de 6.000 assinantes e, quando esse segmento de mercado passou a se tornar muita intensiva em termos de capital, a Opus, aproveitando o bom momento do mercado de Internet, vendeu-a para Terra Networks, do grupo Telefnica, obtendo um timo retorno financeiro.

    Em paralelo, alm da terceirizao de desenvolvimento de sistemas, a Opus Software passou a desenvolver sistemas especficos para seus clientes, aproveitando sua experincia com a Internet para integrar a tecnologia Web os seus projetos. Neste perodo, criou um grupo de trabalho para pesquisar e desenvolver conhecimento em solues de Business Intelligence. Ao todo, desenvolveu mais de 70 projetos nessa rea entre 1999 e 2003. Em particular, utilizando a tecnologia analtica embutida no banco de dados MS-SQL Server, da Microsoft, a Opus desenvolveu um componente para acesso via Internet aos bancos de dados, o que garantiu um diferencial competitivo. A atuao no desenvolvimento de solues nessa rea culminou com um prmio, recebido da Microsoft em 2002, como a melhor soluo de Business Intelligence da Amrica Latina.

    Em 2003 a Opus enfrentou momentos difceis, quando percebeu que sua estratgia no era adequada para atravessar momentos de encolhimento da economia. Dado o forte aperto de liquidez realizado pelo governo, o desenvolvimento de software, a atividade central da Opus, que requeria investimentos de seus clientes, tiveram forte queda de demanda. Neste momento, a empresa precisou mudar o seu modelo mental, realizou uma pesquisa de mercado para encontrar um segmento para o qual pudesse desenvolver uma soluo que lhe proporcionasse faturamento recorrente. Partiu para o desenvolvimento de uma soluo integrada para a gesto de unidades franqueadas. At ento, as franquias utilizavam-se de sistemas desintegrados, e a consolidao dos dados referentes s vendas mensais das redes era realizada de forma manual, ficando sujeita a erros e a fraudes. Esse novo produto, batizado de Octopus, passou a ser oferecido exclusivamente na modalidade de SaaS (Software as a Service), sendo acessado via Internet e rodando em um Data Center, com os clientes pagando um aluguel mensal por sua

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    utilizao. Ao longo de dois anos de vendas o produto foi adotado, at novembro de 2008, por mais de 700 unidades franqueadas em 12 redes de franquias, atendendo diariamente mais de 10.000 usurios. Para a Opus, o maior benefcio de negcios obtido com o novo modelo foi a estabilidade de faturamento proporcionado pelo pagamento mensal realizado pelas unidades franqueadas. Alm disso, h uma natural reteno, lock-in, dos clientes, pois a operao diria depende do sistema, que est integrado soluo.

    Em 2004, a Opus Software uniu foras com a Opus Comunicao de Dados quando um produto de automao bancria completamente novo foi desenvolvido, o foco era a automao de agncias, incluindo aplicaes de controle dos caixas das agncias, dos terminais de auto-atendimento e dos parceiros das instituies financeiras. Para o desenvolvimento do produto, a Opus Software aplicou seu conhecimento no desenvolvimento de aplicaes via Web e a Opus Comunicao de Dados utilizou seu conhecimento na rea de sistemas transacionais. importante observar que a iniciativa de desenvolver esse novo produto, chamado de Opus iBank, foi baseada na constatao de que as solues de automao de agncias disponveis no mercado estavam tecnologicamente defasadas, sendo que a grande maioria delas havia sido desenvolvida ainda na era pr-Internet. Desta forma, o produto foi desenvolvido utilizando-se as mais avanadas tecnologias disponveis e, principalmente, fazendo uso dos conceitos modernos de componentizao e acesso via Internet. Esse produto roda atualmente em mais de 500 pontos, incluindo agncias e correspondentes bancrios, sendo responsvel por uma parcela significativa do faturamento mensal das duas empresas.

    Atualmente, a Opus Software operacionaliza sua atuao atravs de trs unidades de negcios distintas: (i) terceirizao de desenvolvimento de software, incluindo projetos de sistemas customizados, (ii) automao bancria e (iii) sistemas de gesto voltados para franquias. Visando ampliar o retorno de seus ativos, a empresa lanou recentemente um subproduto de sua soluo de automao bancria: um software para controle de terminais de auto-atendimento para o segmento de lojas de varejo, que tem sido comercializado em parceria com um fabricante de terminais. Ao longo do ano de 2008, esse produto j totalizou mais de 600 cpias vendidas, equipando os terminais de auto-atendimento de 6 diferentes redes de varejo.

    5 Cadeia de valor das empresas de software A partir da pesquisa de campo e da coleta das informaes obtidas sobre as inovaes,

    identificou-se a necessidade de abstrair a cadeia de valor numa viso multidimensional para melhorar a compreenso dos movimentos estratgicos observados. Pil e Holweg (2006) apontam a relevncia de mudar o mapa mental da viso linear da cadeia de suprimentos para uma viso multidimensional (value-grid). Segundo os autores trs dimenses devem ser avaliadas para melhorar o desempenho atravs da abordagem value-grid: Vertical: explorar oportunidades upstream e downstream alm dos elos imediatos da

    cadeia existente. Foco na dinmica de poder entre players da cadeia. - Influenciar consumidor final: marca nos produtos, processo de deciso de compra,

    trabalhar os alavancadores (mdicos). - Modificar acesso a informaes: conhecer o fornecedor do fornecedor, canal de

    comunicao (Club Nokia). - Entrar em outros nveis da cadeia: agregar valor para o outro nvel.

    Horizontal: explorar oportunidades em empresas concorrentes e em cadeias paralelas alm de obter economia de escala e escopo, promover reduo do risco, aproveitar oportunidades e ampliar as opes de inovao.

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    - Gerenciar risco: produtos com ciclos de demanda diferente para contrabalanar variaes de volume.

    - Capturar valor por meio da modularizao de produto. - Integrar valor: integrar diferentes infra-estruturas de produto (telefonia fixa, celular,

    dados). - Criar valor: integrar ofertas de diferentes cadeias (reserva area, hotel e carro)

    Diagonal: integrar-se em outras cadeias em vrios nveis para melhorar desempenho e reduzir riscos. Procurar oportunidades em outras cadeias e em diferentes nveis. - Mapear pontos crticos: Identificar componentes essenciais do produto e desenvolver

    opes de soluo (alternativas externas, capacidades internas) em caso de ruptura de fornecimento ou problemas de prioridade.

    - Identificar os promotores da demanda: pesquisar e utilizar estes promotores na criao de demanda (iPod da Apple, sites de msica).

    Tendo estes conceitos em mente, abstraiu-se uma cadeia de valor para empresas de software de forma geral (figura 9), o que facilitando a anlise das inovaes identificadas.

    Os sete componentes bsicos propostos para a cadeia so:

    Figura 9 Cadeia de Valor Genrica de uma Empresa de Software Fonte: elaborado pelos autores

    1. Estratgia como a organizao define o direcionamento tecnolgico, estabelece alianas e mantm por meio da governana o alinhamento operacional e financeiro dos demais componentes da cadeia com as diretrizes estabelecidas.

    2. Novos Produtos e Tecnologias envolve as atividades exploratrias da empresa. Fundamental para empresas de base tecnolgica.

    3. Atendimento do Cliente contempla todas as atividades relacionadas s demandas da base de cliente vigentes e futuros.

    4. Desenvolvimento e Entrega do Produto/Servio a engenharia do ativo a ser entregue ao cliente, independentemente de ser um cliente em prospeco ou um ativo.

    5. Suporte e Ps-vendas atuao para facilitar o uso e suporte ao produto, fortalecendo o relacionamento com o cliente, aumentando a sua satisfao e buscando novas oportunidades de negcio.

    6. Operao e Infra-estrutura manuteno de toda a infra-estrutura operacional para garantir o funcionamento dos servios oferecidos ao mercado e a segurana dos ativos da empresa (software).

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    7. Funes administrativas atividades que no so core da empresa, mas fundamentais para a operao do negcio. Esto relacionadas gesto de Recursos Humanos (RH), administrao financeira, legal, contabilidade, compras e controladoria.

    6 Anlise dos Casos em relao teoria As situaes de inovao apresentadas nos casos descritos neste artigo ilustram formas

    diferentes de estratgias no negcio para empresas de software, no quadro a seguir segue o seu resumo:

    Quadro 1: Resumo das inovaes das empresas de software analisadas Empresa Inovao Benefcios obtidos

    People Solutions (P)

    1) Desenvolvimento de um ERP integrado e adequado legislao brasileira.

    2) Utilizao de tecnologia de componentizao no desenvolvimento do ERP.

    3) Adaptao do ERP para utilizao via Internet.

    Diferencial no mercado

    Facilmente integrado s solues existentes e adaptveis evoluo tecnolgica.

    Criou novas formas de comercializao, criando novas oportunidades e mercados.

    Opus (O) 1) Treinamento de profissionais recm-formados para a terceirizao de desenvolvimento de software de seus clientes.

    2) Aprimoramento de seu produto de comunicao de dados, incluindo novos protocolos de comunicao.

    3) Criao de provedor Internet. 4) Desenvolvimento de componente de acesso

    via Web a bases multidimensionais. 5) Desenvolvimento de sistema de gesto de

    franquias para utilizao via Internet. 6) Desenvolvimento de sistema de automao

    bancria com tecnologias mais modernas.

    Usar a competncia em treinamento para criar um novo negcio.

    Especializao tecnolgica e penetrao em grandes clientes.

    Diversificao de produtos. Agilidade produtiva e possibilitou camadas

    tcnicas distintas das aplicaes de negcio. Busca de um nicho de mercado.

    Diversificao de produto.

    Fonte: elaborado pelos autores

    Nos dois quadros a seguir consolidaram-se os detalhes prticos e especficos de cada caso dentro dos referenciais apresentados na reviso terica. Pode-se verificar que todas as inovaes geraram novas oportunidades em segmentos pouco explorados do mercado, agregando valor ao negcio.

    Quadro 2: Caractersticas das Inovaes na Indstria de Software Inovao Mercado (Open

    Innovation) Operacionalizao

    (Processos) Hlice Dupla 3DCE

    P1 Buscou parceira com cliente e fornecedor de tecnologia

    Exploration Busca a verticalizao

    People coordenou a arquitetura com parceiros para tecnologia e para a cadeia (cliente).

    P2 Estreita aliana tecnolgica

    Exploitation Produto modular

    Aprofunda a aliana com o fornecedor de tecnologia. Foco em processo e tecnologia.

    P3 Novos parceiros e criao de um novo mercado

    Exploration e explotaition

    Produto modular com especializao

    Domnio da arquitetura, permitindo a entrega de servios e produto com processos customizados.

    O1 Uso da rede da universidade

    Expolitation Presso para horizontalizar

    Domnio da tecnologia, do processo de desenvolvimento e sem um foco especfico em provimento de soluo.

    O2 Parceiros de tecnologia

    Exploitation Presso para verticalizar

    Domnio da tecnologia, do processo e com foco especfico de soluo.

    O3 Novo mercado uso da rede de clientes

    Exploration Presso para verticalizar

    Domnio da tecnologia, do processo e com foco especfico de soluo.

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    O4 Parceiros de tecnologia

    Exploitation Produto modular

    Dominar a arquitetura, usando a tecnologia para modularizar.

    O5 Novos parceiros e criao de um novo mercado

    Exploration e explotaition

    Produto modular com especializao

    Domnio da arquitetura, permitindo a entrega de servios e produto com processos customizados.

    O6 Novos parceiros e criao de um novo mercado

    Exploration e explotaition

    Produto modular com especializao

    Domnio da arquitetura, permitindo a entrega de servios e produto com processos customizados.

    Fonte: elaborado pelos autores

    No quadro a seguir analisou-se cada uma das inovaes, explorando a caracterstica dos relacionamentos associado a cada uma delas. Usando a cadeia de valor da figura 9 como referncia, analisou-se como a dinmica da empresa funcionou, quando a inovao ocorreu.

    Quadro 3 Caractersticas dos Relacionamentos e da Cadeia de Valor por Inovao Inovao Caracterstica dos

    Relacionamentos Caractersticas na Cadeia de Valor

    P1 Alianas com o fornecedor de tecnologia e o cliente, futuro

    usurio do produto.

    Estratgia definida e parceiro tecnolgico acionado para o desenvolvimento e entrega do produto. O cliente ajuda a People configurar o seu servio de suporte, a infra-estrutura do cliente.

    P2 Fortalecimento da aliana com o fornecedor de tecnologia.

    Estratgia componentizar o produto. O parceiro tecnolgico acionado para o desenvolvimento e entrega do produto e apoio na organizao da Infra-estrutura. People atua no atendimento ao cliente e melhora o seu servio de suporte.

    P3 Parceiros para terceirizar Infra-estrutura. Fim da parceria com o

    fornecedor de tecnologia.

    Estratgia a nova forma de comercializar e busca de novos mercados. Foco no atendimento ao cliente, customizar produto para o cliente e servios de suporte. Prover servios de Infra-estrutura em conjunto com parceiros externos. People se aproxima do cliente.

    O1 Ativar a parcerias com meio acadmico

    Estratgia diversificar a partir das competncias existentes. Cria um novo servio.

    O2 Rede de relacionamentos tcnicos.

    Estratgia especializar um produto, us-lo para alavancar novos clientes. Organizao dos processos de infra-estrutura.

    O3 Rede de clientes. Estratgia diversificar em novo mercado. H praticas que coordenam cadeias paralelas no provimento dos diferentes produtos oferecidos pela Opus.

    O4 Parceiros de tecnologia Estratgia modularizar e ganhar agilidade. O estudo de novas tecnologias para agilizar o desenvolvimento e entrega do Produto/Servio.

    O5 Rede de parceiros e contatos para novo mercado.

    Estratgia buscar nicho de mercado. Foco nos processos de atendimento do cliente, entrega do produto e suporte ao cliente. Parcerias para aliviar os custos das operaes de infra-estrutura e atividades de apoio (RH, finanas etc.)

    O6 Rede de parceiros e contatos para novo mercado.

    Estratgia diversificar e buscar mais nichos de mercado. Foco nos processos de atendimento do cliente, entrega do produto e suporte ao cliente.

    Fonte: elaborado pelos autores

    7 Consideraes finais e recomendaes Percebeu-se nos dois casos a busca de oportunidades de negcio, fazendo uso das

    facilidades providas pela evoluo tecnolgica e o uso da estratgia de desenvolvimento de parceiros (HAGEL, 1999).

    O estabelecimento de uma cadeia de valor e a compreenso da sua dinmica no contexto atual facilita a avaliao das oportunidades e os impactos que geram na operao e nos demais processos. A partir da viso da cadeia pode se avaliar as possibilidades oferecidas pelas plataformas alternativas de crescimento alavancado de Hagel (2003) em busca de estratgias

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    para uma inovao aberta (CHESBROUGH, VANHAVERBEKE, WEST, 2008), ampliando o leques de parceiros e fontes de inovao, assim como formas de ampliar fontes e formas de gerao de novas receitas.

    Esta pesquisa identificou certa similaridade na trajetria das inovaes da People e da Opus. Por exemplo, ambas podem fazer uso de suas redes de relacionamento no processo e avaliar a possibilidade de usar o papel de Orquestrador propostos por Hagel, onde a rede atual pode ampliar a base de clientes, parceiros e servios para os produtos especializados fornecidos pelas empresas.

    As atividades junto a trs processos da cadeia de valor (Atendimento do Cliente; Desenvolvimento e Entrega do Produto/Servio; e Suporte e Ps-Vendas) se mostram como desafiadoras para estas empresas. A proximidade do cliente, criando parcerias onde a Opus e a People possam atuar como os pares que ajudam a empresa cliente a estabelecer a estratgia para uso de tecnologias, ouvindo os problemas e entregando solues que promovam o crescimento de ambas as partes. importante que as empresas mantenham proximidade da tecnologia e mantenham ativa a rede de relacionamentos junto aos centros de pesquisa, universidades e fornecedores, de forma a estar na vanguarda das novas tecnologias. E ter uma estratgia alinhada que promova as alianas, que mantenham um ambiente interno que propicie a inovao, motive a criatividade e a pr-atividade de seus colaboradores.

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