(eBook Portugues Direito) Provas Resolvidas - Afrf - 200

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COL E O

PROVAS RESOLVI DAS & COM ENTADAS

DIREITO TRIBUTRIO AFRF / 2002 - 2Auditor-Fiscal da Receita Federal - AFRF - 2002.2 Prova 2 13

Prova Resolvida e Comentada por: MARCELO ALEXANDRINO DE SOUZA, Auditor-Fiscal da Receita Federal, aprovado em 1 lugar na rea de Tributao e Julgamento, 10 Regio Fiscal, no concurso de 1996. professor de Direito Tributrio e Direito Administrativo, ministrando aulas em cursos preparatrios em Porto Alegre, Rio de Janeiro e So Paulo. autor, em parceria com o Professor Vicente Paulo, das obras Direito Tributrio na Constituio e no STF, Direito Administrativo e Direito do Trabalho, as trs publicadas pela Editora Impetus, do Rio de Janeiro. ([email protected])

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21- Avalie o acerto das afirmaes adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opo correta. () () () O princpio da anterioridade tributria no pode ser afastado por meio de emenda constitucional, ainda que em relao a um imposto determinado, no constante da enumerao excetuada no prprio texto constitucional original. O princpio da irretroatividade protege de alteraes a tributao dos lucros apurados no perodo-base a ser encerrado em data futura. inconstitucional a cobrana de imposto sobre movimentao financeira que atinja indiscriminadamente todas as aplicaes, no ponto em que atinja as realizadas por Estados e Municpios, por exemplo (imunidade recproca), sendo portanto invlido o 2 do art. 2 da Emenda Constitucional n 3, de 18 de maro de 1993. V, V, V V, V, F V, F, V F, F, F F, V, F

a) b) c) d) e)

Comentrios Primeira Assertiva A primeira afirmativa traz a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal acerca do princpio da anterioridade e sua classificao, pelo Tribunal, como garantia fundamental individual. Como acabou sendo amplamente divulgado, inclusive pela grande imprensa, o STF entende que o princpio da anterioridade garantia constitucional individual, constituindo-se, portanto, em clusula ptrea, nos termos do art. 60, 4, IV, da Constituio de 1988. Isso significa que nem mesmo uma emenda constitucional poderia trazer dispositivo tendente a abolir o princpio da anterioridade. O STF interpretou de forma bastante rgida esse tendente a abolir, quando julgou a ADIn n 939, na qual foi atacada a EC n 3/1993, que, entre outras coisas, instituiu a competncia para a instituio, pela Unio, do j extinto IPMF. Essa Emenda pretendeu que ao IPMF, cuja competncia para instituio estava por ela sendo criada, no se aplicariam alguns princpios constitucionais, entre eles o princpio da anterioridade, previsto no art. 150, III, b, da Constituio. O STF, no julgamento da citada ADIn, declarou inconstitucional o dispositivo da EC n 3/1993 que afastava do IPMF a anterioridade, sob o fundamento de que esse dispositivo afrontava o aludido art. 60, 4, IV, da Carta. Vejam que o Tribunal maior entendeu que o simples fato de pretender-se criar competncia para instituio de um imposto, no o sujeitando anterioridade, representava tendncia a abolir o princpio constitucional em comento. Vale lembrar, e por isso esse assunto acabou largamente difundido nos meios de comunicao, que esse entendimento do STF foi motivo de enormes preocupaes do Poder Executivo por ocasio da ltima prorrogao da CPMF. Chegou-se, contudo, a uma soluo que, sem obrigar o STF a dizer o contrrio do que havia dito, assegurou a continuidade, sem interrupo, da cobrana da contribuio:

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a CPMF continua sujeita ao princpio da anterioridade nonagesimal (art. 195, 6), mas sua prorrogao no constituiu instituio, nem modificao, do tributo. Essa interpretao, recentemente, foi julgada e plenamente aceita pelo STF. A assertiva , portanto, verdadeira (V) Segunda Assertiva Essa afirmativa foi a mais difcil da questo. Para analis-la, devemos considerar somente o princpio da irretroatividade, abstraindo de qualquer outro princpio tributrio, especialmente do princpio da anterioridade. O princpio da irretroatividade encontra-se assim plasmado na Constituio (art. 150, III, a): Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios cobrar tributos em relao a fatos geradores ocorridos antes do incio da vigncia da lei que os houver institudo ou aumentado. A afirmativa em anlise : O princpio da irretroatividade protege de alteraes a tributao dos lucros apurados no perodo-base a ser encerrado em data futura. Consoante a jurisprudncia pacfica do STF, o princpio da irretroatividade impede que a lei atinja fatos geradores terminados antes do seu incio de vigncia. Essa regra, outrossim, est expressa no art. 105 do CTN, segundo o qual a legislao tributria aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrncia tenha tido incio mas no esteja completa. Portanto, analisando-se, isoladamente, o princpio da irretroatividade, a questo fica relativamente simples. Uma lei publicada, digamos, em 15 de novembro de 2002, alterando o imposto de renda das pessoas jurdicas anual, cujo fato gerador considera-se ocorrido em 31 de dezembro de 2002, pode atingir o lucro apurado relativamente a todo o ano de 2002, pois, quando o fato gerador concluir-se, a lei j estar vigente. Outro exemplo: uma lei publicada em julho de 2002 aumenta a contribuio social sobre o lucro lquido apurada anualmente. Essa lei pode ter vigncia imediata, e estar apta a produzir efeitos em 90 dias, contados de sua publicao. Portanto, quando encerrar-se a apurao anual do lucro, em 31 de dezembro de 2002, a CSLL incidir, com a majorao, sobre o lucro relativo a todo o ano de 2002. Por ltimo, vale registrar que a assertiva menciona, de forma muito genrica, alteraes na tributao dos lucros. Essas alteraes poderiam ser uma reduo da alquota, por exemplo. Nesse caso, como sabemos, nem caberia preocuparmo-nos com o princpio da anterioridade. A afirmativa , portanto, falsa (F). Terceira Assertiva Essa afirmativa, como as outras duas, exigia conhecimento da jurisprudncia do STF. O STF, h muito, pacificou que, ao tratar das imunidades, a Constituio, quando se refere a impostos sobre o patrimnio, a renda e os servios, no est adotando qualquer classificao infralegal de tributos (RREE 193.969; 203.755). Como sabemos, o CTN classifica os impostos em:

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(a) sobre o comrcio exterior; (b) sobre o patrimnio e a renda; (c ) sobre a produo e a circulao; e (d) especiais. Essa classificao, e qualquer outra, totalmente irrelevante para a apreciao da abrangncia das imunidades, pois elas tm sede constitucional. Alm disso, a imunidade recproca, prevista no art. 150, VI, a, da Constituio, clusula ptrea, pois sua supresso afronta o princpio federativo, sendo expressamente vedada pelo art. 60, 4, I, da Carta Poltica. Assim, a tentativa de criar competncia para instituio de um imposto de competncia da Unio (o IPMF) incidente sobre movimentaes financeiras realizadas por Estados e Municpios, mediante a EC n 3/1993, foi, nesse ponto tambm, declarada inconstitucional pelo STF. O Tribunal afirmou que o IPMF onerava o patrimnio e as rendas dessas pessoas polticas e que, portanto, estava afastado pela imunidade recproca, e a Emenda constitucional no poderia dispor diversamente. A terceira afirmativa , portanto, verdadeira. O gabarito ficou sendo, ento, letra C (V F V)

====================================================================== 22- Leia o texto, preencha as lacunas e escolha, em seguida, a opo que contm a seqncia em que foram preenchidas. O Tribunal Regional Federal da 2 Regio julgou interessante questo sobre a competncia para cobrar imposto de renda descontado na fonte sobre vencimentos de vereadores. Como voc julgaria? O imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos a servidores municipais, descontado na fonte, pertence ____[i]______. Caber _____[ii]_____ exigi-lo, faltando ____[iii]______ capacidade ativa para faz-lo. Quanto s parcelas do vencimento que os servidores julgam isentas ou imunes a tributao, contra o entendimento da Receita Federal, e por isso excludas das respectivas declaraes, competente para exigi-las ____[iv]______. a) b) c) d) e) [i] Unio[ii] a ela[iii] ao Municpio[iv] a Unio [i] Unio [ii] ao Municpio[iii] Unio[iv] o Municpio [i] ao prprio Municpio [ii] a ele[iii] Unio[iv] o Municpio [i] ao prprio Municpio [ii] a ele[iii] Unio[iv] a Unio [i] ao prprio Municpio [ii] Unio [iii] ao Municpio, caso no tenha descontado na fonte, [iv] a Unio

Comentrios Essa questo tambm no foi nada fcil. Ela demanda que o candidato tenha conhecimento de regra de repartio de receitas tributrias, conhea as caractersticas da competncia e da capacidade tributria, bem como a diferena entre elas, e saiba a abrangncia da responsabilidade tributria da fonte pagadora.

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Vejamos os pontos tratados. O art. 158, inciso I, da Constituio afirma pertencer aos Municpios o produto da arrecadao do imposto da Unio sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas autarquias e pelas fundaes que institurem e mantiverem. A reteno na fonte responsabilidade dos Municpios, na qualidade de fonte pagadora ( a mesma responsabilidade que existe para qualquer fonte pagadora). A responsabilidade tributria da fonte pagadora no se confunde com capacidade tributria ativa, que o poder de exigir o pagamento de um tributo, a possibilidade de figurar no plo ativo da relao jurdica obrigacional tributria. A possibilidade de atribuir-se responsabilidade tributria fonte pagadora imune encontra-se expressamente estatuda no 1 do art. 9 do CTN: Art. 9 vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: .......................... IV - cobrar imposto sobre: a) o patrimnio, a renda ou os servios uns dos outros; ........................... 1 O disposto no inciso IV no exclui a atribuio, por lei, s entidades nele referidas, da condio de responsveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e no as dispensa da prtica de atos, previstos em lei, assecuratrios do cumprimento de obrigaes tributrias por terceiros. Conforme afirmado, situao totalmente distinta a da pessoa que detm capacidade tributria ativa. A capacidade tributria ativa poder de exigir o tributo, aptido para figurar no plo ativo da relao obrigacional tributria pode ser transferida, por lei, da pessoa poltica que detm a competncia para uma pessoa jurdica de direito pblico. No existe lei federal que d aos Municpios capacidade tributria ativa para exigir o imposto sobre a renda em nenhuma hiptese. Portanto, se o Municpio no cumprir sua obrigao tributria de reter na fonte o IR pago a seus servidores (o servidor sujeito passivo na condio de contribuinte e o Municpio sujeito passivo na condio de responsvel), somente a Unio poder exigir o imposto que deixou de ser pago, pois ela quem possui a competncia e a capacidade. Assim, a segunda frase do enunciado, corretamente preenchidas as lacunas, : Caber Unio exigi-lo, faltando ao Municpio, caso no tenha descontado na fonte, capacidade ativa para faz-lo. O Municpio, assim como qualquer fonte pagadora, no exige o IRRF, ou seja, no ocupa o plo ativo da relao jurdica tributria. Ele simplesmente retm o imposto, e isso no um direito do Municpio, mas sim uma obrigao tributria (ele sujeito passivo, na condio de responsvel, no sujeito ativo). Se no retiver, cabe Unio exigir o imposto que no foi pago. Por ltimo, a terceira frase no cuida de IRRF, mas do imposto de renda pago e recolhido diretamente pelo contribuinte, por ocasio da declarao de ajuste anual. A hiptese da frase : o servidor entende que uma parte de seus vencimentos isenta ou imune e que sua reteno na fonte (houve a reteno na fonte) foi, portanto, indevida. Assim, na declarao, o servidor informa essa parcela como rendimento no-tributvel, o que faz com que ela no seja considerada no clculo do imposto anual devido.

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Supondo que o servidor, se tivesse preenchido a declarao conforme o entendimento da Receita Federal (considerando as parcelas em comento como tributveis), fosse ter como resultado imposto ainda a pagar no ajuste, somente a Unio poder exigir dele o valor que deixou de ser pago em razo do preenchimento da declarao em desconformidade com o entendimento da Receita Federal. O motivo o mesmo da frase anterior. Somente quem possui a capacidade tributria ativa, no que respeita ao IR, a Unio. Vejam que, nesse caso, o valor do imposto que deixou de ser pago nem cabe ao Municpio, pois esse somente tem direito ao produto da arrecadao do IRRF (o Municpio j cumpriu sua obrigao tributria, que era reter na fonte o IR, por ocasio do pagamento dos vencimentos). O gabarito, portanto, letra e.

====================================================================== 23[1] [2]

[3] a) b) c) d) e)

O Municpio de Campinas instituiu a taxa de servios urbanos, cuja base de clculo repousa nos elementos localizao, rea e dimenses do imvel. Essa taxa constitucional? O texto constitucional (art. 145, III) deixou de se referir expressamente valorizao imobiliria, ao cogitar de contribuio de melhoria. Com isso, o acrscimo do valor do imvel localizado nas reas beneficiadas direta ou indiretamente por obras pblicas ainda figura como fato gerador da contribuio? O imposto sobre operaes financeiras est sujeito ao princpio da anterioridade? No, no, no No, sim, no Sim, no, no Sim, sim, no Sim, sim, sim

Comentrios [1] Essa primeira pergunta tem por base a regra do 2 do art. 145 da CF. Esse dispositivo probe que as taxas tenham base de clculo prpria de impostos. Vejam que o dispositivo fala em base de clculo prpria de impostos, ou seja, no veda somente bases de clculo idnticas s de impostos existentes, mas tambm bases de clculo que, embora no idnticas, seja tpicas de impostos. O que seria uma base de clculo prpria de um imposto? qualquer base de clculo que descreva uma grandeza econmica relacionada situao econmica do contribuinte, ou a suas atividades econmicas, propriedades etc. Em resumo, base de clculo prpria de imposto qualquer uma que reflita ou se relacione com fatos econmicos do contribuinte. O que seria, ento uma base de clculo prpria de taxas?

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Nesse ponto, a doutrina costuma ser um tanto vaga. Afirma-se de um modo genrico que a base de clculo da taxa deve guardar relao com o custo da atividade estatal que seu fato gerador (exerccio do poder de polcia ou prestao de servio pblico especfico e divisvel) e com a quantidade, ou intensidade, de absoro dessa atividade pelo contribuinte, em razo de suas demandas especficas. Deve-se ter em mente de que no h, entretanto, uma retribuio exata ou uma cobrana rigorosamente proporcional ao custo da atividade estatal e a sua utilizao ou absoro pelo contribuinte. Esses elementos so critrios ou parmetros para se calcular o valor da taxa (cobrana perfeitamente proporcional ao uso somente existe em relao s tarifas pblicas, que no so tributos, mas preos contratuais). Pois bem, a afirmativa anterior pergunta da questo d conta de que a base de clculo da taxa hipottica repousa nos elementos localizao, rea e dimenses do imvel. Ora, esses elementos dizem respeito a um fato econmico do contribuinte: a propriedade de imvel urbano. So, inclusive, o mesmos elementos que se levam em conta para encontrar-se a base de clculo do IPTU. Como sabemos, a base de clculo do IPTU o valor venal do imvel urbano, e o valor venal , evidentemente, relacionado, entre outros fatores, localizao e s dimenses do imvel. A resposta, portanto, no. [2] Essa pergunta exige o conhecimento da jurisprudncia do STF pelo candidato. O Tribunal Constitucional entende que a valorizao imobiliria elemento da essncia, da natureza da contribuio de melhoria. O STF, no julgamento do RE 116.147, em deciso unnime, afirmou que a valorizao imobiliria requisito inafastvel da contribuio de melhoria, permanecendo como fato gerador desta espcie tributria, inclusive aps o advento da CF/88. Nesse mesmo julgamento (RE 116.147), foi esclarecido, no voto do relator, Ministro Clio Borja, que h cinco limitaes bem estabelecidas para o lanamento da contribuio de melhoria: 1) s pode ser lanada pela execuo de um melhoramento pblico; 2) esse melhoramento deve afetar, de maneira particular, uma rea limitada e determinvel; 3) no pode exceder o benefcio devido ao melhoramento; esse benefcio traduz-se no aumento de valor do imvel; 4) deve dar-se ao proprietrio tributado oportunidade de manifestar-se previamente sobre a imposio; 5) no pode ela exceder o custo da obra, mesmo que o benefcio seja maior. No se pode arrecadar mais do que o custo, sob pretexto do benefcio. De qualquer forma, mesmo que o candidato no conhecesse a jurisprudncia do STF, ser-lhe-ia possvel verificar, e concluir, que o art. 81 do CTN no , em nenhum ponto, incompatvel com a Constituio de 1988 e que, portanto, encontra-se plenamente vigente, com fora de lei complementar (em razo do disposto no art. 146, III, da CF). o seguinte o texto do art. 81 do Cdigo: Art. 81. A contribuio de melhoria cobrada pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado. Dessarte, a resposta pergunta da questo sim.

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[3] A terceira pergunta no demanda maiores comentrios. O IOF exceo ao princpio da anterioridade, conforme est expressamente previsto no art. 150, 1, da Constituio. O gabarito da questo , ento, letra b (no, sim, no).

====================================================================== 24- Compete ao Municpio o imposto sobre: a) b) c) d) e) a transmisso causa mortis e doao, de quaisquer bens imveis ou direitos a eles relativos, situados em seu territrio. operaes relativas a prestaes de servios de transporte intramunicipal. a propriedade de veculos automotores licenciados em seu territrio. a transmisso inter vivos, relativamente a bens mveis, ttulos e crditos, se em seu territrio tiver domiclio o transmitente, ou ao Distrito Federal. a transmisso inter vivos por ato oneroso, de bens imveis, exceto a dos imveis por definio legal.

Comentrios Essa questo foi relativamente fcil. Essencialmente, o candidato precisava conhecer bem as bases econmicas de incidncia dos impostos de competncia dos estados (especificamente o ITCD e o ICMS e o IPVA) e as dos impostos de competncia dos municpios (especificamente o ISS e o ITBI). Vejamos cada alternativa: Alternativa a Os fatos econmicos descritos so sujeitos ao ITCD, que da competncia dos estados. irrelevante o fato de os bens serem imveis, pois o imposto incide sobre quaisquer bens ou direitos. Alternativa b Com relao a imposto sobre transportes temos: o ICMS incide sobre o transporte intermunicipal e interestadual, por expressa determinao constitucional (art. 155, II); o transporte intramunicipal est sujeito ao ISS, pois ele incide sobre qualquer servio, que no esteja sujeito ao ICMS, definido em lei complementar ( a LC 56/87, alterada pela LC 100/99). A alternativa b , portanto, o gabarito. Alternativa c A propriedade de veculos fato gerador do IPVA, da competncia dos estados. O fato de haver repartio da receita absolutamente irrelevante no que respeita competncia. Alternativa d A competncia dos municpios s para atos onerosos de transmisso de bens imveis ou direitos reais sobre imveis.

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Alternativa e No existe essa restrio aos imveis por definio legal. Basta lembrar que os direitos reais sobre imveis so imveis por definio legal. O Cdigo Civil trata do assunto nos termos abaixo: Art. 44 - Consideram-se imveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imveis, inclusive o penhor agrcola, e as aes que os asseguram; II - as aplices da dvida pblica oneradas com a clusula de inalienabilidade; III - o direito sucesso aberta. Portanto, repetindo, o gabarito da questo letra b.

====================================================================== 25- O estabelecimento, em carter geral, da definio da base de clculo e do fato gerador dos impostos discriminados na Constituio h de ser feito por: a) b) c) d) e) ei complementar federal, em todos os casos. exclusivamente por lei complementar federal, para a Unio, e por lei complementar estadual para os Estados e Municpios. apenas em lei ordinria federal, estadual e municipal, conforme o caso, tendo em vista o princpio da autonomia dos Estados e Municpios. lei delegada, medida provisria ou lei ordinria federal em qualquer caso. lei delegada, medida provisria ou lei ordinria federal quanto aos tributos da Unio, por lei estadual ou convnios para os Estados, e por lei municipal, para os Municpios.

Comentrios Essa questo trata de um dos pontos mais cobrados nas provas de Direito Tributrio da ESAF: o art. 146 da Constituio Federal. Eu recomendo enfaticamente que vocs conheam, vrgula por vrgula, os incisos e as alneas desse art. 146. Ele trata das mais importantes matrias, em Direito Tributrio, que devem ser disciplinadas por meio de lei complementar. Essencialmente, so trs os grandes pontos em que a lei complementar dever exercer seu papel tpico, qual seja, efetivamente dar concretude s normas constitucionais, complementando o texto da Lei Maior, explicitando ou adensando as diretrizes traadas na Carta Poltica, a fim de orientar o legislador ordinrio das trs esferas da Federao no exerccio de suas competncias tributrias. So os seguintes os aludidos trs pontos: 1) dispor sobre conflitos de competncia, em matria tributria, entre as pessoas polticas; 2) regular as limitaes constitucionais ao poder de tributar; e 3) estabelecer normas gerais em matria de legislao tributria.

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As normas gerais tributrias, previstas nesse ltimo ponto, esto, hoje, consubstanciadas em nosso Cdigo Tributrio Nacional (o qual, tambm, estabelece critrios para soluo de conflitos de competncia relativamente a alguns impostos, como o IPTU e o ITR, e regula algumas limitaes constitucionais ao poder de tributar, a exemplo de seu art. 14). Como sabemos, o Cdigo, Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966, foi promulgado como lei ordinria, mas, em decorrncia da teoria da recepo, tem, hoje, fora de lei complementar. O art. 146 da Constituio traa uma lista exemplificativa de normas gerais tributrias, que representam um ncleo mnimo a ser disciplinado na lei complementar, a saber: a) definio de tributos e das espcies tributrias; b) fatos geradores, bases de clculo e contribuintes dos impostos discriminados na Constituio; c) obrigao, lanamento, crdito, prescrio e decadncia tributrios; e d) adequado tratamento tributrio ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. A nossa questo pretendia, to-somente, verificar se o candidato sabia que as matrias previstas no art. 146 devem, no mbito das normas gerais, ser tratadas por uma lei complementar editada pela Unio. A questo, na alternativa a, que foi o gabarito, fala em lei complementar federal. uma lei federal no sentido de que da competncia do Congresso Nacional. A doutrina classifica esse tipo de lei, que obriga no s Unio, mas tambm aos estados, ao DF e aos municpios, lei nacional (uma lei federal seria aquele que somente contivesse dispositivos aplicveis Unio). Deve-se notar, porm, que essa distino puramente doutrinria. No existe nada em nosso ordenamento que nos permita, formalmente, diferenar uma lei federal de uma lei nacional. Portanto, a alternativa a, apresentada como gabarito, est absolutamente correta. O que alguns talvez pudessem estranhar seria o fato de uma lei federal (embora lei complementar) dispor acerca da base de clculo e do fato gerador de impostos estaduais e municipais. Ocorre que expressamente isso que se encontra previsto no art. 146 da CF/88, acima comentado, especificamente na alnea a de seu inciso III. No cabe a ns questionar a natureza de norma geral de dispositivos desse teor: eles so normas gerais pelo simples motivo de que a Constituio assim os classifica. Basta olharmos o CTN que veremos que ali esto definidos os fatos geradores, as bases de clculo e os contribuintes de todos os impostos que existiam em nosso ordenamento em 1966 (e muitos ainda existem, como o ITR, o IPTU, o IR, aplicando-se a eles, em tudo que no seja incompatvel com a CF, as disposies do CTN). O gabarito, portanto, letra a.

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26- Avalie o acerto das afirmaes adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opo correta. () () () a) b) c) d) e) Lei federal estabelecer em tabelas de valores, mediante normas gerais, as taxas ou emolumentos relativos aos atos praticados pelos servios notariais e de registro. Segundo a jurisprudncia, a correo monetria de dbito fiscal pode ser regulada por lei estadual. Compete privativamente aos Estados instituir contribuies previdencirias passveis de cobrana de seus servidores. V, V, V V, V, F V, F, F F, F, F F, V, F

Comentrios Primeira Assertiva Essa uma daquelas afirmativas que possuem o propsito especfico de desestabilizar emocionalmente o candidato. bvio que ningum nunca ouviu falar nesse assunto. Por isso, o concursando imediatamente imagina que exista alguma regra especfica sobre esse ponto, mas que ele desconhece, e comea a temer que haja muitas outras mais assim etc. verdade que existe uma regra especfica sobre esse assunto, e que no tem nada a ver com o Direito Tributrio. o disposto no art. 236 da Constituio, transcrito (grifei): Art. 236. Os servios notariais e de registro so exercidos em carter privado, por delegao do Poder Pblico. (Regulamento) 1 - Lei regular as atividades, disciplinar a responsabilidade civil e criminal dos notrios, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definir a fiscalizao de seus atos pelo Poder Judicirio. 2 - Lei federal estabelecer normas gerais para fixao de emolumentos relativos aos atos praticados pelos servios notariais e de registro. 3 - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso pblico de provas e ttulos, no se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoo, por mais de seis meses. Vejam que o 2 desse art. 236 no fala em taxas, mas apenas em emolumentos. A afirmativa, portanto, Falsa (F). A verdade que o candidato no precisava conhecer, literalmente, a regra do art. 236, 2. Na minha opinio, era, entretanto, indispensvel que o candidato soubesse que os servios notariais e de registro so exercidos em carter privado. Sabendo isso, e bastava isso, automaticamente ficaria afastada a cobrana de taxa pela prestao de seus servios. Pessoas privadas no podem, em nenhuma hiptese, exigir taxa pela prestao de seus servios.

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Segunda Assertiva Essa afirmativa, em minha opinio, foi a mais difcil da questo, pois penso que no era possvel deduzir a resposta com base em princpios gerais tributrios. verdade que existe o princpio federativo, o que nos levaria a cogitar a possibilidade de as unidades federadas estabelecerem ndices de correo monetria para seus tributos. Mas o assunto no nada simples. Tanto no que existem inmeros julgados do STF acerca da matria. A jurisprudncia do STF pacfica no sentido de que os estados e os municpios podem fixar seus prprios ndices de correo monetria para correo de seus dbitos fiscais, desde que no utilizem ndices maiores do que os utilizados pela Unio para o mesmo fim. ilustrativo o RE 221.864/SP, aprovado por unanimidade pelo Tribunal, a seguir transcrito em sua ementa: CORREO MONETRIA - INDEXADOR - FIXAO - COMPETNCIA. Os Estados tm competncia para fixar o fator de indexao monetria, visando atualizao de valores nominais situados no mbito das respectivas atuaes. A assertiva, portanto, Verdadeira (V). Terceira Assertiva No primeiro comentrio que fiz a essa assertiva, no enxerguei a hiptese que a deixa clara. A soluo foi gentilmente apontada por um leitor, Renato, e estou corrigindo, hoje (22/10/2002), minha anlise, em substituio originalmente aqui apresentada (de 16/10/2002), com base nas observaes feitas com muita perspiccia pelo referido leitor. A possibilidade de instituio de contribuies de previdncia e assistncia social pelos estados, DF e municpios encontra-se no art. 149, 1, da CF, nos seguintes termos: Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir contribuio, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefcio destes, de sistemas de previdncia e assistncia social. Embora a Constituio fale em podero, penso que, hoje, a cobrana da contribuio obrigatria, por fora do disposto no art. 40, aps a Reforma da Previdncia (Emenda n 20/1998): Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, includas suas autarquias e fundaes, assegurado regime de previdncia de carter contributivo, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo (grifei). De qualquer modo, no caso dos servidores pblicos em sentido estrito (estatutrios) ocupantes de cargos pblicos efetivos, ao que penso, somente os estados podem instituir contribuio previdenciria a ser cobrada de seus respectivos servidores. Sendo mais claro, exemplificando, somente o Estado do Rio de Janeiro pode, mediante lei sua, instituir contribuio previdenciria a ser cobrada dos servidores estatutrios efetivos fluminenses; somente o Estado do Rio Grande do Sul pode, mediante lei sua, instituir contribuio previdenciria a ser cobrada dos servidores estatutrios efetivos gachos, e assim por diante. Entretanto, a soluo que torna clara a incorreo da assertiva, e que eu no havia enxergado, diz respeito aos servidores que ocupam exclusivamente cargos comissionados. Esses servidores, embora sejam servidores pblicos em sentido estrito, estatutrios, esto sujeitos ao regime geral de previdncia. Sobre seus vencimentos, portanto, incide a contribuio federal administrada pelo INSS, a mesma a que esto sujeitos os trabalhadores em geral.

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Dessarte, no correto afirmar que compete privativamente aos Estados instituir contribuies previdencirias passveis de cobrana de seus servidores, uma vez que, no caso dos servidores exclusivamente comissionados, que no possuam cargos efetivos, a contribuio incidente no de competncia dos estados; a contribuio federal administrada pelo INSS e incidente sobre a remunerao dos trabalhadores em geral. Em razo dessa hiptese (dos servidores ocupantes exclusivamente de cargos comissionados), a assertiva incontroversamente Falsa (F). O gabarito da questo, portanto, foi letra e (F V F).

====================================================================== 27- A assertiva errada, entre as constantes abaixo, a que afirma que: a) b) c) d) e) a instituio de emprstimos compulsrios s pode ser feita por lei complementar. um dos fundamentos possveis do emprstimo compulsrio a calamidade pblica. a simples iminncia de guerra externa pode justificar a instituio de emprstimos compulsrios. no caso de investimento pblico de relevante interesse nacional e de carter urgente no se aplica o princpio da anterioridade. os recursos provenientes de emprstimo compulsrio s podem ser aplicados para atender despesa que tiver fundamentado a sua instituio.

Comentrios Finalmente uma questo no muito difcil! O principal ponto dessa questo a identificao, pelo candidato, de que os emprstimos compulsrios, previstos no art. 148 da Constituio, submetem-se a dois regimes jurdicos distintos, conforme a causa justificadora de sua instituio. Essa diferena de regime jurdico reside, em verdade, apenas na sujeio, ou no, ao princpio da anterioridade. Assim, os emprstimos compulsrios institudos com base no inciso I do art. 148 (calamidade pblica, guerra externa ou sua iminncia) so exceo anterioridade, ao passo que os emprstimos compulsrios institudos com base no inciso II do art. 148 (investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional) esto sujeitos anterioridade (apesar de a prpria CF falar em carter urgente, o que parece uma contradio). Portanto, o gabarito da questo letra d . Todas as demais afirmativas esto absolutamente corretas, sem qualquer ponto que merea comentrio.

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28- A assertiva errada, entre as constantes abaixo, a que afirma que: a) b) As contribuies para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurdicas, seguiro regime prprio de reconhecimento de receitas e no o previsto na legislao do imposto de renda. uma das alternativas da pessoa jurdica produtora e exportadora de mercadorias nacionais para o exterior determinar o valor do crdito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como ressarcimento relativo s contribuies para os Programas de Integrao Social e de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico (PIS/PASEP) e para a Seguridade Social (COFINS). segundo entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justia, a parcela relativa ao ICM inclui-se na base de clculo do PIS. Aplicam-se pessoa jurdica adquirente de mercadoria de procedncia estrangeira, no caso da importao realizada por sua conta e ordem, por intermdio de pessoa jurdica importadora, as normas de incidncia das contribuies para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador. As instituies responsveis pela reteno e pelo recolhimento da CPMF devero apurar e registrar os valores devidos, mesmo no perodo de vigncia de deciso judicial impeditiva da reteno e do recolhimento da contribuio.

c) d)

e)

Comentrios Essa questo foi bastante especfica, tratando das contribuies para o PIS/PASEP e a CPMF. De qualquer forma, esses assuntos estavam expressamente arrolados no edital, e a alternativa que foi o gabarito (letra a) no exigia um conhecimento aprofundado da legislao dessas contribuies. A Lei bsica da CPMF a Lei n 9.311/1996. A contribuio para o PIS e a COFINS so reguladas em uma grande quantidade de leis e medidas provisrias (Lei n 9.715/98, Lei n 9.718/98, MP n 2.158-35/2001, MP 66/2002). A Lei n 9.718/98 define a base de clculo dessas contribuies da forma seguinte (grifei): Art. 2 As contribuies para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurdicas de direito privado, sero calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislao vigente e as alteraes introduzidas por esta Lei. Art. 3 O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde receita bruta da pessoa jurdica. 1 Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurdica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificao contbil adotada para as receitas. A legislao vigente para o reconhecimento de receitas pelas pessoas jurdicas a legislao do imposto de renda, que determina, como regra geral, o reconhecimento das receitas e despesas pelo regime de competncia (em oposio ao regime de caixa, que leva em conta os efetivos recebimentos e desembolsos). Alis, a Lei 9.715, embora seja especfica para o PIS/PASEP, j determinava expressamente a utilizao da legislao do imposto de renda para a determinao da base de clculo dessa contribuio, em seu art. 3, transcrito:

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Art. 2 A Contribuio para o PIS/PASEP ser apurada mensalmente: I - pelas pessoas jurdicas de direito privado e as que lhes so equiparadas pela legislao do imposto de renda, inclusive as empresas pblicas e as sociedades de economia mista e suas subsidirias, com base no faturamento do ms; ............................................. Art. 3 Para os efeitos do inciso I do artigo anterior considera-se faturamento a receita bruta, como definida pela legislao do imposto de renda, proveniente da venda de bens nas operaes de conta prpria, do preo dos servios prestados e do resultado auferido nas operaes de conta alheia. Portanto, no existe um regime prprio de reconhecimento de receitas aplicvel s contribuies para o PIS/PASEP e a COFINS. O gabarito da questo, portanto, letra a , nica afirmativa incorreta. As demais afirmativas encontram-se nas leis reguladoras das contribuies tratadas. Penso ser ocioso comentar cada uma.

====================================================================== 29- Assinale a opo correta. a) b) c) d) Compete supletivamente Unio instituir contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas, como instrumento de sua atuao nas respectivas reas. A instituio das contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas depende de lei complementar de carter geral que defina o fato gerador e a base de clculo. Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero reter a contribuio federal, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefcio desses, de sistemas de previdncia e assistncia social. Os rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer ttulo, a pessoa fsica que preste servios empresa no pode ser objeto da contribuio para a seguridade social por constiturem base de clculo de outra exao, o imposto de renda. As contribuies para a seguridade podem ser exigidas imediatamente, por no se lhe aplicar a anterioridade da data da publicao da lei que as houver institudo ou modificado em relao ao exerccio financeiro da cobrana.

e)

Comentrios imagino que essa questo dever ser anulada, pois no encontro nenhuma alternativa correta. Vejamos, sucintamente, cada uma.

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Alternativa A A competncia da Unio para a instituio de contribuies exclusiva, conforme literalmente estabelece a Constituio no caput do art. 149, sem prejuzo do disposto no seu 1 (Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir contribuio, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefcio destes, de sistemas de previdncia e assistncia social). A bem da verdade, nem mesmo existe competncia supletiva para a instituio de qualquer tributo. Alternativa B Essa alternativa foi apresentada como gabarito. Entretanto, ela contraria no s o que est escrito, com todas as letras, na Constituio, mas tambm jurisprudncia abundante do STF sobre o assunto. O art. 146 da Constituio traz uma srie de matrias respeitantes ao Direito Tributrio que devem ser disciplinadas em lei complementar. Relativamente s normas gerais, o inciso III do art. 146 prev que a lei complementar verse sobre definio de tributos e de suas espcies, bem como, em relao aos impostos discriminados nesta Constituio, a dos respectivos fatos geradores, bases de clculo e contribuintes. Vejam bem, o texto constitucional clarssimo: somente no caso dos impostos a lei complementar deve definir seus fatos geradores e bases de clculo. A Constituio, em nenhuma circunstncia, utiliza a expresso tributos quando quer se referir a apenas uma espcie tributria; em nenhuma circunstncia, tampouco, seria razovel entender que a utilizao do vocbulo impostos pretendeu significar tributos. No bastasse isso, o STF j decidiu inmeras vezes que, relativamente s contribuies previstas no art. 149 da CF/88 (norma matriz das contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e corporativas), no se aplica a exigncia de lei complementar para sua instituio, sendo possvel a definio dos seus fatos geradores, bases de clculo e contribuintes por lei ordinria. Somente em relao contribuio de seguridade social prevista no 4 do art. 195 que, devido exigncia de observncia da tcnica da competncia residual da Unio, se faz necessria instituio mediante lei complementar. (RREE 138.284; 146.733; ADC 1-1 DF). Essa alternativa, portanto, embora apresentada como gabarito, est incorreta, pois contraria o texto da Constituio e a jurisprudncia do STF. Alis, se essa interpretao do art. 146 fosse vlida, praticamente todas as contribuies atualmente cobradas seriam inconstitucionais, pois, para a maioria delas, inexiste lei complementar que defina seus fatos geradores e bases de clculo. Uma ltima observao: talvez o elaborador da questo tenha pretendido fazer uma espcie de armadilha. Observem que ele, na frase, fala lei complementar de carter geral que defina o fato gerador e a base de clculo. Ele no diz lei complementar de carter geral que defina os seus fatos geradores e as suas bases de clculo. Nesse caso, a idia seria: necessria uma lei de normas gerais, no caso atual o CTN, que defina o que fato gerador, para qualquer tributo. o que acontece, hoje, nos arts. 114 e 115 do CTN, transcritos: Art. 114. Fato gerador da obrigao principal a situao definida em lei como necessria e suficiente sua ocorrncia. Art. 115. Fato gerador da obrigao acessria qualquer situao que, na forma da legislao aplicvel, impe a prtica ou a absteno de ato que no configure obrigao principal.

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Pois bem, ainda que pudssemos considerar vlida essa idia para o fato gerador, ela no presta para a base de clculo. Basta verificar que no existe nenhuma definio geral de base de clculo no CTN. No h nenhum artigo aplicvel a todos os tributos (como os arts. 114 e 115) que diga algo como: base de clculo o valor sobre o qual incide a alquota do tributo para que se chegue ao montante devido. Portanto, se prevalecesse a tese que estou aventando, a afirmativa seria falsa do mesmo jeito. Caso contrrio, todos os tributos atualmente existentes seriam inconstitucionais, porquanto inexiste uma definio geral de base de clculo em lei complementar. Alternativa C Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero reter a contribuio federal, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefcio desses, de sistemas de previdncia e assistncia social. A contribuio cobrada pelos Estados, o Distrito Federal e os Municpios de seus servidores, para o custeio, em benefcio desses, de sistemas de previdncia e assistncia social no uma contribuio federal. So contribuies institudas pelos prprios Estados, Distrito Federal e Municpios, com base na competncia prevista no 1 do art. 149. Alternativa D A competncia para a instituio de contribuio de seguridade social incidente sobre a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio, mesmo sem vnculo empregatcio encontra-se expressamente prevista no art. 195, inciso I, alnea a, da Constituio, com a redao dada pela Emenda n 20/98 (Reforma da Previdncia). Alis, a possibilidade de coincidncia de base de clculo de contribuio com base de clculo de impostos ponto pacfico na jurisprudncia do STF. Alternativa E Essa foi, sem dvida, a mais fcil. s contribuies para a seguridade social aplica-se a anterioridade nonagesimal, prevista no art. 195, 6, da Constituio.

====================================================================== 30- Relativamente ao imposto de renda, assinale a afirmao correta. a) b) c) A Constituio determina que o imposto de renda seja informado pelo critrio de que aquele que ganhe mais dever pagar de imposto uma proporo maior do que aquele que ganhe menos. A renda e os proventos de qualquer natureza percebidos no Pas por residentes ou domiciliados no exterior ou a eles equiparados no esto sujeitos ao imposto em razo do princpio da extraterritorialidade. No caso de rendimentos percebidos em dinheiro a ttulo de alimentos ou penses em cumprimento de acordo homologado judicialmente ou deciso judicial, inclusive alimentos provisionais ou provisrios, verificando-se a incapacidade civil do alimentado, no h incidncia do imposto. 17

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d) e)

Em razo do princpio da universalidade da tributao, a ajuda de custo destinada a atender s despesas com transporte, frete e locomoo do beneficiado e seus familiares, em caso de remoo de um municpio para outro, est sujeita ao imposto. A tributao dos rendimentos recebidos por residentes ou domiciliados no Brasil que prestem servios a embaixadas, reparties consulares, misses diplomticas ou tcnicas no est sujeita legislao brasileira, por fora da Conveno de Viena sobre Relaes Diplomticas.

Comentrios Essa questo, embora seja tambm especfica sobre um tributo o imposto de renda -, no foi difcil, pois pode ser resolvida com base, unicamente, na Constituio. O gabarito da questo a letra a: A Constituio determina que o imposto de renda seja informado pelo critrio de que aquele que ganhe mais dever pagar de imposto uma proporo maior do que aquele que ganhe menos. Ora, o critrio a que a afirmativa se reporta o critrio da progressividade: quanto maior a base de clculo, maiores as alquotas. Com isso, quem ganha mais (maior base de clculo, como regra geral), paga um percentual maior de imposto. A palavra proporo, utilizada na frase, tem, nela, o sentido de percentual. O imposto de renda no um imposto proporcional, mas sim progressivo. Nos impostos proporcionais, a alquota fixa, o que faz o montante a pagar variar proporcionalmente base de clculo, ou seja, paga-se, sempre, a mesma proporo (no sentido de percentual). Nos impostos progressivos em razo da base de clculo, paga-se uma proporo maior, conforme aumenta a base de clculo. A Constituio, no art. 153, 2, inciso I, estabelece a progressividade como critrio obrigatrio para o imposto de renda. O gabarito, portanto, letra a , nica alternativa correta. As demais alternativas trazem regras especficas (e todas incorretas), que penso no ser til comentar.

====================================================================== 31- Assinale a resposta correta. (i) (ii) a) b) O imposto sobre produtos industrializados (IPI) incide sobre industrializados estrangeiros? O campo de incidncia do IPI abrange os produtos com alquota zero? produtos

(i) Sim, porque para efeito de IPI no h distino em relao procedncia dos bens. (ii) No, porque alquota zero eqivale ausncia de alquota. (i) Sim, porque se o produto industrializado esse imposto substitui o de importao. (ii) Sim, porque alquota zero no impede que o produto siga o regime geral do imposto.

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c) d)

e)

(i) Sim. A lei assim o diz. (ii) Sim, porque a lei determina que seu campo de incidncia abrange todos os produtos com alquota. (i) No, porque haveria bis in idem, j que sobre eles incide o imposto de importao. (ii) Sim, porque o campo de incidncia desse imposto abrange todos os produtos industrializados. (i) No, porque o IPI no um tributo aduaneiro. (ii) No, porque o campo de incidncia advm da Constituio e esta no previu a hiptese.

Comentrios Essa questo foi bastante especfica, principalmente em relao segunda pergunta. J que a questo entendeu por bem ir buscar seus assuntos n legislao especfica, comenta-la-ei com base no Regulamento do IPI (RIPI), Decreto n 2.637/1998. De qualquer forma, o RIPI apresenta expressamente a base legal de seus artigos, uma vez que se trata de simples consolidao. A primeira pergunta versa sobre a incidncia do IPI sobre produtos estrangeiros. O art. 32 do RIPI/1998 assim dispe (grifei): Art. 32. Fato gerador do imposto (Lei n 4.502, de 1964, art. 2): I - o desembarao aduaneiro de produto de procedncia estrangeira; II - a sada de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial. A resposta pergunta, portanto, : sim, o IPI incide sobre produto de procedncia estrangeira por expressa previso legal. A segunda pergunta diz respeito ao campo de incidncia do IPI e aos produtos tributados alquota zero. O RIPI /1998, em seu art. 2, pargrafo nico, resolve a questo (observem que o caput do art. 2 refora a incidncia do IPI sobre produtos estrangeiros): Art. 2 O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificaes constantes da Tabela de Incidncia do Imposto sobre Produtos Industrializados - TIPI (Lei n 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1, e Decreto-Lei n 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1). Pargrafo nico. O campo de incidncia do imposto abrange todos os produtos com alquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposies contidas nas respectivas notas complementares, excludos aqueles a que corresponde a notao "NT" (no-tributado) (Lei n 9.493, de 10 de setembro de 1997, art. 13). O gabarito, portanto, letra c , sem maiores comentrios.

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32- Quanto ao imposto de exportao, avalie o acerto das afirmaes adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opo correta. () () () a) b) c) d) e) imposto incide sobre mercadoria nacional ou nacionalizada destinada ao exterior. elas regras vigentes, o imposto excepcional, pois somente os produtos relacionados esto a ele sujeitos. preo, a vista, da mercadoria, FOB ou colocada na fronteira, indicativo do preo normal, que a base de clculo do imposto. V, V, V F, V, F V, F, F V, F, F F, V, F

Comentrios O imposto de exportao est disciplinado no Decreto-lei n 1.578, de 11 de outubro de 1977, com as alteraes trazidas pela Lei 9.716, de 26 de novembro de 1998, e pela Medida Provisria n 2.158-35, de 24 de agosto de 2001. Vejamos como a legislao disciplina cada um dos pontos constantes das assertivas da questo. Assertiva 1 O art. 1 do DL 1.578/77 estabelece: Art.1 - O Imposto sobre a Exportao, para o estrangeiro, de produto nacional ou nacionalizado tem como fato gerador a sada deste do territrio nacional. Especificamente para essa pergunta, nem era necessrio conhecer a legislao prpria. Bastava conhecer o texto da Constituio. Com efeito, ao tratar das competncias da Unio, a Constituio, em seu art. 153, preceitua: Art. 153. Compete Unio instituir impostos sobre: ........................... II - exportao, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; Portanto, a primeira assertiva , sem qualquer dvida, verdadeira (V). Assertiva 2 Essa afirmativa, na verdade, sequer exigia conhecimento especfico. consabido que a incidncia de tributos na exportao situao absolutamente excepcional, no s no Brasil, como em todo o mundo. Esse tipo de imposto somente existe como instrumento de poltica econmica, destinado a corrigir eventuais distores de preos, compensar subsdios internos por exigncia internacional, ou outras restritas utilizaes puramente extrafiscais. De qualquer forma, o 3 do art. 1 do DL 1.578/77, alterado pela Lei 9.716/98, expressamente dispe que o Poder Executivo relacionar os produtos sujeitos ao imposto. Portanto, a regra o produto no estar sujeito ao IE, a menos que ele conste expressamente de ato do Poder Executivo.

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Portanto, a afirmativa verdadeira (V). Assertiva 3 O art. 2 do DL 1.578/77, alterado pela MP n 2.158-35/2001, trata da base de clculo do IE. O afirmado na assertiva em comento est no 1 desse artigo, abaixo transcrito e grifado: "Art. 2 A base de clculo do imposto o preo normal que o produto, ou seu similar, alcanaria, ao tempo da exportao, em uma venda em condies de livre concorrncia no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato da CAMEX - Cmara de Comrcio Exterior. 1 - O preo vista do produto, FOB ou posto na fronteira, indicativo do preo normal. A afirmativa, assim, tambm verdadeira (V). O gabarito, dessarte, letra a (V, V, V).

====================================================================== 33- correto o seguinte asserto: a) No que se refere ao imposto de importao, a legislao brasileira, devido ao princpio da nao mais favorecida, determina que todo tratamento aduaneiro decorrente de ato internacional aplica-se a mercadorias originrias de qualquer exportador e no apenas a do pas beneficirio. Compete autoridade monetria, em especial ao Banco Central do Brasil, a administrao do IOF, includas as atividades de arrecadao, tributao e fiscalizao. O imposto sobre operaes financeiras (IOF) incide sobre operaes de crdito realizadas por comerciantes (crdito direto ao consumidor) quando os direitos creditrios no tenham sido alienados. Quando se tratar de mercadoria despachada para consumo, a norma legal considera como ocorrido o fato gerador do imposto de importao no na data do ingresso nas guas territoriais brasileiras, mas na do registro, na repartio aduaneira, da declarao de importao. O fato gerador do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) ocorre em cada exerccio ao completar-se um ano civil em que o contribuinte esteja vinculado ao imvel.

b) c) d)

e)

Comentrios Essa foi, sem dvida, uma das questes mais especficas do concurso. No considero proveitoso comentarmos cada alternativa, pois teramos de ir buscar dispositivos esparsos da legislao prpria dos diversos tributos abordados na questo. Portanto, vamos direto ao gabarito. O gabarito da questo foi a alternativa d .

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O Regulamento Aduaneiro, Decreto n 91.030, de 05 de maro de 1985, o qual consolida os atos legais concernentes aos impostos sobre o comrcio exterior, trata do fato gerador do imposto de importao em seus artigos 86 a 88. A hiptese prevista na alternativa d da questo, que foi o gabarito, encontra-se descrita no inciso I do art. 87, abaixo transcrito e grifado: Art. 86 - O fato gerador do imposto a entrada da mercadoria estrangeira no territrio aduaneiro (Decreto-Lei n 37/66, artigo 1). Pargrafo nico- Para efeitos fiscais, ser considerada como entrada no territrio aduaneiro a mercadoria constante de manifesto ou documento equivalente, cuja falta for apurada pela autoridade aduaneira (Decreto-Lei n 37/66, artigo 1, pargrafo nico). Art. 87 - Para efeito de clculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador (Decreto-Lei n 37/66, artigo 23, pargrafo nico): I) na data do registro da Declarao de Importao de mercadoria despachada para consumo, inclusive a: a) ingressada no pas em regime suspensivo de tributao; b) contida em remessa postal internacional ou conduzida por viajante, se aplicado ao caso o regime de importao comum; Sem maiores comentrios, o gabarito letra d .

====================================================================== 34- Relativamente ao Imposto Territorial Rural (ITR), avalie o acerto das afirmaes adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opo correta. () () () a) b) c) d) e) Como regra, o ITR incide inclusive sobre o imvel declarado de interesse social para fins de reforma agrria. Segundo a interpretao legal, imvel rural de rea inferior a 30 hectares, independentemente do local onde se encontre, considerada pequena propriedade, imune ao imposto. O posseiro do imvel estranho relao jurdica relativa ao ITR, pois o contribuinte do imposto o titular do domnio til ou o proprietrio. V, V, V V, V, F V, F, F F, F, F F, V, F

Comentrios

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Mais uma questo especfica, dessa vez sobre um s imposto: o Imposto Territorial Rural (ITR). O ITR est disciplinado na Constituio, no art. 153, inciso VI, e 4; no CTN, nos arts. 29 a 31; e na Lei n 9.393, de 19 de dezembro de 1996, que a lei bsica do imposto. Vejamos as assertivas: Primeira Afirmativa O ITR incide sobre todo e qualquer imvel rural, a menos que exista hiptese de imunidade. Portanto, sendo seu fato gerador a propriedade, o domnio til ou a posse, bastante evidente que o simples fato de o imvel ser declarado de interesse social para fins de reforma agrria nada altera nenhum desses elementos (a propriedade, o domnio til ou a posse). Somente quando a propriedade do imvel, ou pelo menos sua posse, transmitida para uma pessoa imune, aps a edio do decreto que declare o imvel como de interesse social para fins de reforma agrria, deixa de incidir o ITR. Essa regra se encontra expressa logo no art. 1 da Lei n 9.393/1996: Art. 1 O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de apurao anual, tem como fato gerador a propriedade, o domnio til ou a posse de imvel por natureza, localizado fora da zona urbana do municpio, em 1 de janeiro de cada ano. 1 O ITR incide inclusive sobre o imvel declarado de interesse social para fins de reforma agrria, enquanto no transferida a propriedade, exceto se houver imisso prvia na posse. O gabarito, portanto, Verdadeiro (V). Segunda Afirmativa Essa afirmativa, na minha opinio, foi bastante infeliz. A imunidade do ITR relacionada rea do imvel encontra-se descrita no 4 do art. 153, o qual deixa lei a tarefa de definir pequena gleba, para efeito de fruio da imunidade: 4 - O imposto previsto no inciso VI ter suas alquotas fixadas de forma a desestimular a manuteno de propriedades improdutivas e no incidir sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, s ou com sua famlia, o proprietrio que no possua outro imvel. Observamos, entretanto, que no basta o imvel ser pequena gleba para ser imune. imprescindvel que sejam, cumulativamente, observados os seguintes requisitos: 1) o proprietrio explore o imvel s ou com sua famlia; e 2) o proprietrio no possua outro imvel, urbano ou rural. A Lei 9.393/96 definiu pequena gleba, e, como no poderia deixar de ser, reproduziu os demais requisitos para gozo da imunidade, conforme numerados acima. So os seguintes os preceitos da Lei: Art. 2 Nos termos do art. 153, 4, in fine, da Constituio, o imposto no incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, s ou com sua famlia, o proprietrio que no possua outro imvel.

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Pargrafo nico. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais so os imveis com rea igual ou inferior a : I - 100 ha, se localizado em municpio compreendido na Amaznia Ocidental ou no Pantanal matogrossense e sul-mato-grossense; II - 50 ha, se localizado em municpio compreendido no Polgono das Secas ou na Amaznia Oriental; III - 30 ha, se localizado em qualquer outro municpio. Observamos, portanto, que verdade que qualquer imvel rural de rea inferior a 30 hectares, independentemente do local onde se encontre, considerado pequena propriedade, para efeito de imunidade do ITR, como afirma a questo. No , todavia, verdade que qualquer imvel rural de rea inferior a 30 hectares seja imune, pois necessrio, simultaneamente, que ele satisfaa aos demais requisitos, enumerados acima. Apesar dessa impreciso de seu enunciado, a assertiva foi considerada Verdadeira (V). Terceira Afirmativa Essa afirmativa foi, sem dvida, a mais fcil. Para acert-la, bastava o conhecimento do CTN, dispensvel o da legislao especfica. Diz o art. 31 do Cdigo, a respeito do ITR: Art. 31. Contribuinte do imposto o proprietrio do imvel, o titular de seu domnio til, ou o seu possuidor a qualquer ttulo. O posseiro mencionado na questo , sem dvida, possuidor a qualquer ttulo. , dessarte, contribuinte do ITR, sem qualquer controvrsia a esse respeito. A afirmativa , assim, Falsa (F). Logo, o gabarito da questo, que no foi anulada, nem teve seu gabarito alterado, ficou sendo letra b (V, V, F).

====================================================================== 35As microempresas optantes pelo SIMPLES, que utilizarem sistemas de processamento eletrnico de dados para registrar negcios e atividades econmicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contbil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, disposio da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislao tributria? A inscrio no SIMPLES implica pagamento mensal unificado entre outros, do IRPJ (imposto de renda das pessoas jurdicas)?

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O pagamento unificado de impostos e contribuies, devidos pela microempresa e pela empresa de pequeno porte, inscritas no SIMPLES, ser feito de forma descentralizada, junto ao INSS, Receita Federal e ao rgo arrecadador do Estado? a) b) c) d) e) No, no, no No, sim, no Sim, no, no Sim, sim, no Sim, sim, sim

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Comentrios Pergunta 1 A regra respeitante a essa afirmativa se encontra na Medida Provisria n 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, em seu art. 72, abaixo parcialmente transcrito e grifado: Art. 72. Os arts. 11 e 12 da Lei n 8.218, de 29 de agosto de 1991, passam a vigorar com a seguinte redao: Art. 11. As pessoas jurdicas que utilizarem sistemas de processamento eletrnico de dados para registrar negcios e atividades econmicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contbil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, disposio da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislao tributria. ...................................................................................................................................................... 2 Ficam dispensadas do cumprimento da obrigao de que trata este artigo as empresas optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuies das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES, de que trata a Lei n 9.317, de 5 de dezembro de 1996. ..................................................................................................................................................... Vemos que o caput do art. 11 da Lei 8.218/1991, com essa alterao, traz a regra geral, aplicvel s empresas que utilizem sistemas de processamento eletrnico de dados para registrar seus negcios: tais empresas devero manter disposio da SRF os arquivos digitais pelo prazo decadencial dos tributos a que eles se referem. No 2 do mesmo artigo 11 estabelecida exceo expressa para as empresas optantes pelo SIMPLES, as quais, mesmo que utilizem sistemas de processamento eletrnico de dados, ficam dispensadas de manter disposio da SRF esses arquivos digitais e sistemas. A resposta a essa primeira indagao , portanto, no. Pergunta 2 Essa, sim, uma pergunta geral sobre o SIMPLES. , a meu ver, o tipo de conhecimento que deveria ser exigido do candidato em um concurso como o para AFRF, pois, conforme vimos no resumo que apresentei aqui no site sobre esse Sistema de tributao, essa uma questo que diz respeito prpria estrutura do SIMPLES, sendo, por isso, bastante bsica.

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Conforme consta do art. 3 da Lei n 9.317/1996, o SIMPLES abrange os seg uintes impostos e contribuies federais: a) Imposto de Renda Pessoa Jurdica - IRPJ; b) Contribuio para os Programas de Integrao Social e de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico - PIS/PASEP; c) Contribuio Social sobre o Lucro Lquido - CSLL; d) Contribuio para Financiamento da Seguridade Social - COFINS; e) Imposto sobre Produtos Industrializados IPI (se a empresa for contribuinte do IPI); f) Contribuies para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurdica ("INSS Patronal"). O IRPJ , sem dvida, um dos principais tributos abrangidos pelo SIMPLES. Na verdade, no faria muito sentido criar um sistema como esse e excluir dele justamente o mais importante imposto federal, o imposto de renda. A resposta segunda pergunta , portanto, sim. Pergunta 3 Essa pergunta tambm foi bastante bsica. A rigor, mesmo que o candidato nunca houvesse ouvido falar em SIMPLES, poderia, com um pouco de calma, acertar a pergunta mediante mera deduo. Ora, como seria possvel falar em pagamento unificado se os tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, os administrados pelo INSS e, no caso de convnio, o ICMS fossem pagos separadamente a cada um desses rgos? evidente que o pagamento unificado implica obrigatoriamente o pagamento centralizado a um nico rgo. O rgo que administra o SIMPLES a Secretaria da Receita Federal, e o SIMPLES pago como um valor mensal nico, calculado sobre a receita bruta mensal da pessoa jurdica, que engloba todos os tributos abrangidos pelo Sistema. O art. 6 da Lei n 9.317/1996 esclarece a pergunta nos termos abaixo: Art. 6 O pagamento unificado de impostos e contribuies, devidos pela microempresa e pela empresa de pequeno porte, inscritas no SIMPLES, ser feito de forma centralizada, at o dcimo dia do ms subseqente quele em que houver sido auferida a receita bruta. 1 Para fins do disposto neste artigo, a Secretaria da Receita Federal instituir documento de arrecadao nico e especfico (DARF-SIMPLES). A resposta pergunta , dessarte, no. O gabarito da questo 35 , portanto, letra b (no, sim, no).

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36- Para efeitos administrativos, a Unio poder articular sua ao em um mesmo complexo geoeconmico e social, visando a seu desenvolvimento e reduo das desigualdades regionais. Nesse contexto, dispor sobre isenes, redues ou diferimento temporrio de tributos federais devidos por pessoas fsicas ou jurdicas. Ela o far mediante a) b) c) d) e) resoluo do Senado Federal. decreto legislativo. lei complementar. lei ordinria. lei delegada ou medida provisria.

Comentrios Essa questo foi elaborada com base, exclusivamente, no art. 43 da Constituio. a tradicional obsesso em procurar assuntos exticos, diferentes, inexplorados, para tornar as questes mais difceis e reduzir a mdia de acertos (provavelmente essa ttica seja vista como capaz de conferir um status superior, ou uma aura quase mstica ao concurso...). Infelizmente, essa postura amide resulta em questes, no mnimo, polmicas. Vejamos o art. 43 da Constituio (grifei): Art. 43. Para efeitos administrativos, a Unio poder articular sua ao em um mesmo complexo geoeconmico e social, visando a seu desenvolvimento e reduo das desigualdades regionais. 1 - Lei complementar dispor sobre: I - as condies para integrao de regies em desenvolvimento; II - a composio dos organismos regionais que executaro, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econmico e social, aprovados juntamente com estes. 2 - Os incentivos regionais compreendero, alm de outros, na forma da lei: I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preos de responsabilidade do Poder Pblico; II - juros favorecidos para financiamento de atividades prioritrias; III - isenes, redues ou diferimento temporrio de tributos federais devidos por pessoas fsicas ou jurdicas; IV - prioridade para o aproveitamento econmico e social dos rios e das massas de gua represadas ou represveis nas regies de baixa renda, sujeitas a secas peridicas. 3 - Nas reas a que se refere o 2, IV, a Unio incentivar a recuperao de terras ridas e cooperar com os pequenos e mdios proprietrios rurais para o estabelecimento, em suas glebas, de fontes de gua e de pequena irrigao.

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O gabarito originalmente divulgado foi letra c - lei complementar. evidente que no se tratou de mero engano da ESAF. Tudo indica que o gabarito inicial foi esse porque o elaborador da questo realmente imaginou estar versando matria a ser disciplinada em lei complementar. Observem que a redao do enunciado , a meu sentir, dbia. O enunciado tem duas frases completas, cujas idias nucleares so as seguintes: 1) a Unio poder articular aes em um mesmo complexo geoeconmico e social; e 2) a Unio dispor sobre isenes, redues ou diferimento temporrio de tributos federais devidos por pessoas fsicas ou jurdicas. Aps apresentar essas duas frases, a questo apresenta uma terceira, a ser completada pelo candidato, em que afirma que ela o far mediante... Em minha opinio, no possvel afirmar, com certeza, a que se refere o pronome oblquo o utilizado na terceira frase. Pode referir-se a articular aes ou a dispor sobre isenes etc.. A articulao de aes ter algumas de suas diretrizes bsicas dispostas em lei complementar. So as matrias de que trata o 1 do art. 43, supratranscrito. J a tarefa de dispor sobre isenes, redues ou diferimento temporrio de tributos federais devidos por pessoas fsicas ou jurdicas, prevista no inciso III do 2 do mesmo art. 43, cabe, simplesmente, lei ordinria. Nesse caso, a letra c (lei complementar) estaria incorreta, e a letra d (lei ordinria) satisfaria o enunciado (caso seja interpretado como se referindo a sua segunda frase). Mesmo que se interprete o enunciado como referente tarefa de dispor sobre isenes, redues ou diferimento temporrio de tributos federais devidos por pessoas fsicas ou jurdicas, ainda resta um problema. Eu no vejo motivo para que a matria enumerada no mencionado inciso III do 2 do art. 43 da Constituio no possa ser regulada por meio de lei delegada ou de medida provisria. Assim, a meu juzo, no haveria como o gabarito ser letra d (lei ordinria) sem que, ao mesmo tempo, fosse correta a letra e (lei delegada ou medida provisria). Portanto, penso que essa questo deveria ter sido anulada, primeiro porque o enunciado dbio; segundo porque, se for correta a letra d, seria, tambm, a letra e. Apesar dessa minha opinio, a ESAF trocou o gabarito dessa questo, de c para d. A letra d restou sendo o gabarito oficial e definitivo.

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37- Avalie o acerto das afirmaes adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opo correta. () O legislador no poder autorizar a desconsiderao dos atos ou negcios jurdicos raticados com a finalidade de eclipsar a ocorrncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigao tributria, desde que observados pelo sujeito passivo as normas prprias do direito privado. O CTN foi alterado, entre outros pontos, para esclarecer que a imunidade das instituies de educao e de assistncia social s atinge aquelas sem fins lucrativos. A antecipao de tutela figura mais recentemente introduzida no direito processual ptrio (1994), e o CTN lhe anterior (1966), no se achando expressamente prevista neste como uma das modalidades de suspenso da exigibilidade do crdito tributrio. V, V, V V, V, F V, F, F F, V, F F, F, F

() ()

a) b) c) d) e)

Comentrios Afirmativa 1 Essa afirmativa interessante. Na verdade, o ponto de que ela trata est justamente sendo objeto de inmeras aes judiciais, e acredito que suscitar, em breve um pronunciamento do STF. De qualquer forma, bastaria ao candidato haver estudado por um CTN atualizado para acertar essa afirmativa. Como vocs devem saber, o CTN foi alterado pela j no to recente Lei Complementar n 104, de janeiro de 2001. Uma das mais importantes alteraes trazidas por essa Lei Complementar foi exatamente a denominada Norma Geral Antieliso, introduzida no art. 116 do CTN, que passou a ostentar um pargrafo nico com a redao seguinte: A autoridade administrativa poder desconsiderar atos ou negcios jurdicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigao tributria, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinria. A denominada eliso fiscal caracteriza-se exatamente pela prtica de atos lcitos que possuem o objetivo precpuo de reduzir ou eliminar a incidncia tributria sobre determinado negcio econmico. O sujeito passivo deseja praticar o negcio X, mas X fato gerador de um tributo cuja incidncia o sujeito passivo deseja evitar. Mediante o denominado planejamento tributrio, o sujeito passivo pode verificar que praticando uma srie de negcios indiretos Y, Z e W, nenhum deles descrito com fato gerador daquele o tributo, ao final o efeito econmico obtido ser idntico ao que ele pretendia obter com a prtica do negcio X (que teria sido o negcio direto).

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Esses negcios indiretos Y, Z, W so negcios regulares, descritos em no rmas de direito privado (civil ou comercial), ou com elas conformes; so portanto, negcios lcitos, podendo mesmo ser tpicos. Ocorre que foram praticados unicamente com o objetivo de ocultar o negcio X, que teria sido fato gerador do tributo que se quis evitar, ou seja, esses negcios indiretos no possuem propsito negocial. Pode. Alternativamente, ser a situao enquadrada como abuso de forma. Em qualquer hiptese, o legislador, no caso o legislador da LC 104/2001, no s pode, como j efetivamente autorizou a desconsiderao dos atos ou negcios jurdicos praticados com a finalidade de eclipsar a ocorrncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigao tributria, mesmo que observadas as normas prprias do direito privado. o que expressamente consta no supratranscrito pargrafo nico do art. 116 do CTN, atualmente regulamentado pela MP n 66/2002. A afirmativa , assim, falsa (F). Afirmativa 2 No consigo entender o objetivo de uma afirmativa desse jaez! Agora o candidato, no satisfeito em ter que conhecer e saber toda a legislao de uma dezena de ramos do Direito, ter que decorar quais leis foram alteradas, quais foram essas alteraes, bem como seus objetivos! Pois bem, acho desnecessrio comentar que no existe possibilidade de algum estar preparado para perguntas to sem propsito, cujo escopo nico parece ser assegurar larga porcentagem de erros. De qualquer forma, j que eu me propus isso, comentemo-la. A alnea c do inciso IV do art. 9 do C possua, antes da LC 104/2001, a seguinte redao: TN Art. 9 vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: IV - cobrar imposto sobre: c) o patrimnio, a renda ou servios de partidos polticos e de instituies de educao ou de assistncia social, observados os requisitos fixados na Seo II deste Captulo; Observem que no est explcito que as instituies de educao ou de assistncia social devam ser sem fins lucrativos para fazerem jus imunidade. Entretanto, a meno expressa Seo II do Captulo em que se insere o art. 9 afastava qualquer dvida, pois o art. 14 do CTN, especificamente se referindo ao art. 9, IV, c, estabelece os requisitos para o gozo da imunidade, que so, unanimemente, entendidos como os requisitos, no mbito do Direito Tributrio, para que uma entidade seja considerada sem fins lucrativos. Nada obstante, a LC 104/2001 entendeu por bem alterar a redao do art. 9, IV, c, exatamente para explicitar a exigncia de que a entidade de educao ou assistncia social seja sem fim de lucro para gozar a imunidade. Atualmente, a seguinte a redao do dispositivo: Art. 9 vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: IV - cobrar imposto sobre:

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c) o patrimnio, a renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seo II deste Captulo; Para lembrar, o art. 14 tambm foi alterado pela LC 104/2001, e apresenta hoje a redao abaixo: Art. 14. O disposto na alnea c do inciso IV do artigo 9 subordinado observncia dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I no distriburem qualquer parcela de seu patrimnio ou de suas rendas, a qualquer ttulo; II - aplicarem integralmente, no Pas, os seus recursos na manuteno dos seus objetivos institucionais; III - manterem escriturao de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatido. 1 Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no 1 do artigo 9, a autoridade competente pode suspender a aplicao do benefcio. 2 Os servios a que se refere a alnea c do inciso IV do artigo 9 so exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. A afirmativa 2 , portanto, verdadeira (V).

Afirmativa 3 Mais uma afirmativa que exigiu conhecimento das alteraes introduzidas pela LC 104/2001, mas, dessa vez, a exigncia absolutamente razovel, pois se trata de uma alterao substancial do Cdigo. Como sabemos, a LC 104/2001, entre outras coisas, acrescentou dois novos incisos ao art. 151 do CTN, estabelecendo novas hipteses de suspenso da exigibilidade do crdito tributrio. No que respeita suspenso mediante provimentos judiciais, devemos lembrar de que s a liminar em mandado de segurana era expressamente arrolada no art. 151, fato que suscitava interminveis controvrsias acerca da possibilidade de que o Poder Judicirio determinasse a suspenso utilizando outros instrumentos, em outras aes. Atualmente, a tutela antecipada est prevista como modalidade de suspenso no inciso V do art. 151, transcrito: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crdito tributrio: ....................... IV - a concesso de medida liminar em mandado de segurana. V a concesso de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espcies de ao judicial;

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verdade que a tutela antecipada s foi introduzida em nosso ordenamento muito depois da edio do CTN, mas, como a alterao do art. 151 de 2001, tratou tambm desse instituto processual. A ttulo de informao, a tutela antecipada encontra-se disciplinada no art. 273 do CPC, nos seguintes termos: Art. 273 - O juiz poder, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequvoca, se convena da verossimilhana da alegao e: I - haja fundado receio de dano irreparvel ou de difcil reparao; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propsito protelatrio do ru. A afirmativa , dessarte, absolutamente falsa (F). Logo, o gabarito da questo foi letra d (F, V, F).

====================================================================== 38- Preencha as lacunas com as expresses oferecidas entre as cinco opes abaixo. Se a lei atribui ao contribuinte o dever de prestar declarao de imposto de renda e de efetuar o pagamento sem prvio exame da autoridade, o lanamento por _________. Segundo os termos do CTN, na redao vigente a partir de 11 de janeiro de 2002, a lei pode circunscrever a aplicabilidade do ____________ a determinada regio ou a determinada categoria de __________. a) b) c) d) e) declarao / crdito tributrio / ocupao profissional declarao / regime aduaneiro / mercadorias homologao / regime automotivo / empresas, segundo seu porte ou procedncia homologao / parcelamento / moeda de conta ou de pagamento homologao / parcelamento / responsveis ou contribuintes

Comentrios Essa questo foi bastante simples, pedindo que o candidato completasse as lacunas de duas sentenas baseadas no CTN. Assertiva 1 Essa assertiva trata de modalidades de lanamento. O candidato deveria saber o que distingue o lanamento por declarao do lanamento por homologao. Segundo a sistemtica adotada pelo CTN, temos lanamento por declarao quando o sujeito passivo presta informaes ao fisco sobre matria de fato e o fisco, de posse dessas informaes, calcula o tributo devido e notifica o sujeito passivo para pagar o valor devido.

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O sujeito passivo somente efetua o pagamento aps a notificao feita pelo fisco. Diversamente, o lanamento por homologao implica, obrigatoriamente, que o sujeito passivo calcule por conta prpria o valor do tributo devido e, antes de qualquer procedimento da fazenda, efetue o pagamento (que, por esse motivo ser realizado antes de qualquer procedimento administrativo considerado pagamento antecipado). Essa a diferena fundamental entre as duas modalidades de lanamento: se o pagamento feito somente aps o ato do fisco, o lanamento por declarao; se o pagamento feito antes de qualquer ato do fisco, o lanamento por homologao. O fato de, em ambos os casos, existir uma obrigao acessria consubstanciada na entrega de uma declarao irrelevante para a distino entre essas modalidades de lanamento. A assertiva, portanto, refere-se a lanamento por homologao. Assertiva 2 Essa assertiva exigia que o candidato fizesse uma interpretao sistemtica do CTN, com base nos dispositivos introduzidos pela LC 104/2001 acerca do parcelamento e dos j existentes no Cdigo, sobre a moratria. Com efeito, ao disciplinar o parcelamento, no art. 155-A, a LC 104/2001 determinou: Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposies desta Lei, relativas moratria. (art. 155-A, 2). Sobre a moratria, o pargrafo nico do art. 152 do Cdigo estabelece: A lei concessiva de moratria pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade determinada regio do territrio da pessoa jurdica de direito pblico que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos. Por ltimo, devemos ter em mente que o sujeito passivo da obrigao principal, nos termos do art. 121 do CTN, pode revestir a condio de contribuinte ou de responsvel. Assim, a segunda assertiva, resultante da combinao dos artigos 155-A, 2, 152, pargrafo nico, e 121, pargrafo nico, incisos I e II, dispe: Segundo os termos do CTN, na redao vigente a partir de 11 de janeiro de 2002, a lei pode circunscrever a aplicabilidade do parcelamento a determinada regio ou a determinada categoria de responsveis ou contribuintes. O gabarito da questo , portanto, letra e .

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39Uma deciso judicial reconheceu ao contribuinte o direito de efetuar a compensao do imposto de renda mediante o aproveitamento de certa parcela do IPI que considerou indevida. O contribuinte efetuou o referido aproveitamento. O Auditor considerou errado o procedimento do contribuinte, porque a Fazenda havia recorrido da deciso do juiz de primeiro grau. Est certo o Auditor? A iseno outorgada depois do fato gerador mas antes do lanamento exclui o crdito tributrio? vedada a divulgao, por parte da Fazenda Pblica ou de seus servidores, de informao relativa a representao fiscal para fins penais, obtida em razo do ofcio? a) b) c) d) e) No, no, no Sim, no, no Sim, sim, no Sim, no, sim Sim, sim, sim

Comentrios Pergunta 1 Essa pergunta, embora parea exigir conhecimento especfico de Direito Processual Civil, resolve-se pela simples leitura do art. 170-A, acrescentado ao CTN pela LC 104/2001 (alis, foi realmente muito grande o nmero de questes tratando de assuntos introduzidos ou modificados pela LC 104/2001 nesta prova!). O assunto aqui tratado compensao, forma de extino do crdito tributrio prevista nos arts. 170 e 170-A do CTN. Especialmente, o art. 170-A assim reza (grifei): Art. 170-A. vedada a compensao mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestao judicial pelo sujeito passivo, antes do trnsito em julgado da respectiva deciso judicial. Ora, o sujeito passivo da hiptese dessa primeira pergunta obteve uma deciso de primeira instncia reconhecendo como indevido um valor pago por ele a ttulo de IPI e reconhecendo seu direito de compensar esse valor com dbitos de imposto de renda. A Fazenda recorreu (apelou) dessa sentena, ou seja, ainda no h trnsito em julgado da deciso judicial. Vejam que o enunciado no entra em maiores detalhes: no diz quais foram os termos exatos da sentena judicial, nem quais foram as atitudes concretas adotadas pelo Auditor (se que ele tomou alguma providncia concreta). Portanto, no existe dvida de que est correto o auditor em considerar errado o procedimento do contribuinte, uma vez que ele utilizou para compensao um valor referente a tributo (IPI) contestado judicialmente, antes do trnsito em julgado da sentena que reconhea, definitivamente, como indevido o tributo contestado. Logo, a resposta sim.

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Pergunta 2 Essa pergunta, embora parea tratar de iseno, trata das regras gerais concernentes aplicao da legislao tributria e ao lanamento, estabelecidas, respectivamente, no art. 105 e no caput do art. 144 do CTN, nos termos seguintes: Art. 105. A legislao tributria aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrncia tenha tido incio mas no esteja completa nos termos do artigo 116. Art. 144. O lanamento reporta-se data da ocorrncia do fato gerador da obrigao e rege-se pela lei ento vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Portanto, uma lei que institua uma iseno somente incidir sobre fatos geradores ocorridos aps o seu incio de vigncia; no alcanar os fatos geradores j concludos, sendo irrelevante a circunstncia de o lanamento respectivo ainda no haver sido efetuado. A resposta segunda pergunta , dessarte, no. Pergunta 3 Mais um ponto envolvendo assunto modificado pela LC 104/2001! Essa pergunta exigia, unicamente, que o candidato soubesse de cor as matrias que no se enquadram nas regras concernentes ao sigilo fiscal, essencialmente tratado nos artigos 198 e 199 do CTN. Apenas para relembrar: A regra a proibio do fornecimento, pela Fazenda e por seus servidores, de informaes obtidas em razo do seu ofcio relativas a: 1) situao econmica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros; e 2) natureza e o estado dos negcios ou atividades do sujeito passivo ou de terceiros. As excees so: 1) fornecimento de informaes mediante requisio de autoridade judiciria; 2) fornecimento de informaes mediante requisio de CPI; 3) fornecimento de informaes mediante solicitao de autoridade administrativa no interesse da Administrao Pblica, desde que seja comprovada a instaurao regular de processo administrativo, no rgo ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informao, por prtica de infrao administrativa; 4) permuta de informaes entre os fiscos, nos termos de convnios entre eles celebrados, ou de leis gerais ou especficas; 5) permuta de informaes entre a Fazenda da Unio e Estados estrangeiros, nos termos de tratados, acordos ou convnios; e

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D ir eit o T r ibu t r io AF R F / 2 0 0 2 -2 -

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6) divulgao de informaes relativas a: a) representaes fiscais para fins penais; b) inscries na Dvida Ativa da Fazenda Pblica; c) parcelamento; e d) moratria. A pergunta versa exatamente sobre uma das excees: a divulgao de informaes relativas a representaes fiscais para fins penais. A resposta, portanto, no. O gabarito da questo 39 , assim, letra b