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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA EBRAMEC HUGO ALVES FEVEREIRO A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA ASMA SÃO PAULO 2012

EBRAMEC - Escola Brasileira de Medicina Chinesa - A ......A acupuntura no tratamento da asma 2012. 46 f. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Pós-Graduação em Acupuntura, Escola

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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC HUGO ALVES FEVEREIRO

A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA ASMA

SÃO PAULO 2012

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HUGO ALVES FEVEREIRO

A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA ASMA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola Brasileira de Medicina Chinesa - EBRAMEC, como exigência do curso de Pós-Graduação em Acupuntura. Orientador: Dr. Reginaldo de Carvalho Silva Filho.

SÃO PAULO 2012

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Fevereiro, Hugo Alves

A acupuntura no tratamento da asma / Hugo Alves Fevereiro. – São Paulo: [s.n.], 2012.

46 f.: il. ; 31 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação) –

Escola Brasileira de Medicina Chinesa – EBRAMEC Orientador: Dr. Reginaldo de Carvalho Silva Filho

1. Asma 2. Broncoespasmo 3. Acupuntura I Título

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HUGO ALVES FEVEREIRO

A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA ASMA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APRESENTADO À ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC COMO

EXIGÊNCIA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA

Presidente e Orientador Nome: ________________________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

Instituição: _____________________________________________________

Assinatura: _____________________________________________________

2ª Examinador

Nome: ________________________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

Instituição: _____________________________________________________

Assinatura: _____________________________________________________

3ª Examinador

Nome: ________________________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

Instituição: _____________________________________________________

Assinatura: _____________________________________________________

NOTA FINAL: _______ Biblioteca

Bibliotecário: ___________________________________________________

Assinatura: __________________________________ Data: ____/____/____

São Paulo, ____ de _______________ de 20____

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Dedico este trabalho aos professores que sempre acompanharam minha jornada

acadêmica e me ensinaram o grande valor de ser um profissional de medicina

tradicional chinesa. Aos meus pais e irmãos que sempre apoiaram e incentivaram

minhas decisões. A minha noiva que sempre esteve ao meu lado me ajudando

sempre que precisei. E aos meus amigos que caminharam comigo em minha

jornada e serão meus companheiros de profissão.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter completado mais uma etapa de minha vida. Aos meus pais

que me educaram e ensinaram bons valores para poder enfrentar todas as

dificuldades que ainda estão por vir. Aos meus irmãos por acreditarem em mim. A

minha noiva que me ajudou em tudo que precisei e ficou horas comigo me

observando a fazer este trabalho e me incentivando. E aos meus amigos de curso,

que futuramente serão amigos de profissão.

Agradeço aos meus professores, que dedicaram seus tempos para me ensinar

coisas que utilizarei no decorrer de minha carreira profissional. Eles sempre serão

lembrados por mim e serão exemplos de profissionais durante toda minha vida.

Agradeço em especial ao Diretor da EBRAMEC Dr. Reginaldo de Carvalho Silva

Filho, que me ajudou bastante me indicando os caminhos que deveria tomar.

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RESUMO

FEVEREIRO, H. A. A acupuntura no tratamento da asma 2012. 46 f. Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC) – Pós-Graduação em Acupuntura, Escola Brasileira de

Medicina Chinesa - EBRAMEC, São Paulo, 2012.

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, podendo ser

determinada por diversos fatores. Um dos principais fatores são os alérgenos,

presentes na maioria dos ambientes, como o pó, produtos químicos, pêlos, etc. A

maior dificuldade numa pessoa com crise asmática é a insuficiência respiratória, pois

com a obstrução das vias aéreas, a pessoa não consegue expelir o ar, ficando com

ele dentro dos pulmões. Muitas vezes, por causa da asma, ocorrem algumas

deformações posturais e torácicas, devido à freqüente hiperventilação em pacientes

com asma grave. Existem diversos tratamentos para a asma, como antiinflamatórios,

broncodilatadores, antileucotrienos e imunoterapia.

Na Medicina Chinesa, é importante conhecer muito bem a teoria dos Cinco

Movimentos que afirma que a madeira, o fogo, a terra, o metal e a água são os

materiais básicos que constituem o mundo material. Na teoria dos Cinco

Movimentos, existem quatro sequencias: Sequencia de Geração, Sequencia de

Controle, Sequencia de Super-atuação e Seqüência de Afrontação. De acordo com

a Medicina Chinesa, existem três principais órgãos envolvidos na asma, que são o

Pulmão, o Rim e o Baço. Existem várias causas que podem desencadear a asma,

sendo as principais a formação da Fleuma e do Calor, invasão de Vento ou a

deficiência de um ou mais órgãos citados. O tratamento da asma é feito em conjunto

com a Medicina Ocidental. O tratamento pela acupuntura segue o principio de

reequilibrar o corpo, dispersando os fatores causadores quando existem e/ou

fortalecendo os órgãos que estão em deficiência.

Palavras-chave: Asma – Broncoespasmo – Acupuntura

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ABSTRACT

FEVEREIRO, H. A. Acupuncture in the treatment of asthma. 2012. 46 f. Trabalho

de Conclusão de Curso (TCC) – Pós-Graduação em Acupuntura, Escola Brasileira

de Medicina Chinesa - EBRAMEC, São Paulo, 2012.

The asthma is a chronic inflammatory illness of the aerial ways, being able to be

determined by diverse factors. One of the main factors is the allergy, present in the

majority of environments, as the chemical dust, chemical products, flue, etc. The

biggest difficulty in an asthmatic person with crisis is the respiratory insufficience,

because with the blockage of the aerial ways, the person does not obtain expel the

air, being with it inside of the lungs. Many times, because of the asthma, occur some

postural and thorax deformations, due to frequent hyperventilation in patients with

serious asthma. There are various treatments for the asthma, as antiinflammatory,

bronchodilators, antileukotrienes and immunity therapy.

In traditional Chinese medicine, it is important to know very well the Five Elements

theory which states that wood, fire, earth, metal and water are the basic materials

that constitute the material world. In the theory of Five Elements, there are four

sequences: Generation Sequence, Control Sequence, Super Action Sequence and

Affront Sequence. According to traditional Chinese medicine, there are three main

organs involved in asthma, which are the Lung, Kidney and Spleen. There are many

causes that can trigger asthma, and the main are formation of Phlegm and Heat,

Wind invasion or deficiency of a one or more organs mentioned. Treatment of asthma

is made in conjunction with Western Medicine. The acupuncture treatment follows the

principle of rebalancing the body, spreading the causative factors when they exist

and / or strengthening the organs that are disabled.

Key-words: Asthma – Bronchospasm – Acupuncture

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ………………………………………………………………. 08

2 PROPOSIÇÃO ………………………………………………………………. 09

2.1 SISTEMA RESPIRATÓRIO ……………………………………………....... 09

2.1.1 Anatomia do sistema respiratório ........................................................... 09

2.1.2 Funcionamento do sistema respiratório .................................................. 15

2.2 ASMA SEGUNDO A MEDICINA OCIDENTAL ....................................... 17

2.2.1 Etiologia .................................................................................................. 17

2.2.2 Classificação ........................................................................................... 19

2.2.3 Fisiopatologia .......................................................................................... 21

2.2.3.1 Principais complicações em decorrência da asma ................................. 22

2.2.4 Deficiências posturais causadas pela asma ........................................... 23

2.2.4.1 Principais deficiências posturais causadas pela asma ........................... 24

2.2.5 Tratamento ............................................................................................. 26

2.3 MEDICINA CHINESA .............................................................................. 31

2.3.1 Os cinco Movimentos................................................................................ 31

2.3.2 Funções do Zang Fu (órgãos internos referentes à asma)..................... 35

2.3.3 ASMA SEGUNDO A MEDICINA CHINESA.............................................. 38

2.3.3.1 Etiologia.................................................................................................... 38

2.3.3.2

2.3.3.3

Fisiopatologia............................................................................................

Tratamento................................................................................................

39

40

3 CONCLUSÃO ......................................................................................... 44

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

A asma é uma das doenças mais comuns que atinge a população. Nos

últimos anos, ela vem se destacando e atingindo cada vez mais pessoas. Isso se

deve à poluição cada vez maior no planeta e ao estilo de vida das pessoas.

Pensando nisso, o presente trabalho visa apresentar uma alternativa para o

controle da asma, proporcionando um tratamento entre as crises asmáticas e

durante as crises com a ajuda da medicina ocidental.

Este trabalho é importante para os profissionais da medicina tradicional

chinesa, pois pode auxiliá-los a realizarem um melhor tratamento com as pessoas

asmáticas, sabendo o que se deve fazer e como agir com os asmáticos.

O trabalho será apresentado com revisão de literatura, no qual aborda o

conhecimento e opinião de diversos especialistas na área da asma e da medicina

tradicional chinesa.

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2 PROPOSIÇÃO

Verificar a relação da Medicina Chinesa como forma de tratamento para a

asma.

Sabendo-se que atualmente, devido ao estilo de vida que temos, há uma

maior incidência de pessoas com asma, o trabalho proposto pode auxiliar aos

profissionais da Medicina Chinesa a conhecerem os benefícios que a acupuntura

pode trazer para uma pessoa asmática, mostrando as principais formas de

tratamento e os principais pontos a serem utilizados.

2.1 SISTEMA RESPIRATÓRIO

2.1.1 Anatomia do Sistema Respiratório

- Narinas

Segundo Souza (2001), o nariz possui uma raiz e uma extremidade livre, que

apresentam duas aberturas chamadas narinas. Ele é composto de um esqueleto

osteocartilagíneo, uma camada muscular, pela pele externamente e uma mucosa

internamente.

- Cavidades Nasais

Para Patton (2002), as cavidades nasais direitas e esquerdas estão

revestidas por mucosa respiratória e um tabique chamado septo nasal separa essas

duas cavidades. A superfície das cavidades nasais é úmida devido ao muco e

quente devido ao sangue que flui imediatamente sob a superfície. Terminações

nervosas responsáveis pelo sentido do olfato estão localizadas na mucosa nasal.

Quatro seios paranasais – frontal, maxilar, esfenoidal e etmoidal drena para as

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cavidades nasais. Os seios paranasais estão revestidos com uma membrana

mucosa que ajuda na produção de muco para o trato respiratório.

As conchas nasais revestidas por mucosa aumentam em muito a superfície

sobre a qual o ar deve fluir em sua passagem através da cavidade nasal (PATTON,

2002).

- Faringe

Segundo Patton (2002), a faringe pode ser dividida em três partes: a) a parte

superior do tubo situado imediatamente posterior às cavidades nasais é chamada

parte nasal da faringe (nasofaringe); b) a parte posterior á boca é chamado parte

oral da faringe (orofaringe); c) o último segmento, o mais inferior é chamado parte

laríngea da faringe (laringofaringe).

Massas de tecido linfático chamado tonsilas estão incrustadas na membrana

mucosa da faringe. As tonsilas faríngeas situam-se na nasofaringe. As tonsilas

palatinas estão localizadas na orofaringe (PATTON, 2002).

- Laringe

Para o autor Souza (2001), a laringe é constituída por uma estrutura ímpar na

linha mediana do pescoço. A laringe une a faringe à traquéia e desempenha

diferentes funções: a) evitar a entrada de alimento nas vias aéreas durante a

deglutição; b) possibilitar a fonação.

As cartilagens da laringe são: a tireóide, a cricóide, a epiglote, as aritenóides,

as corniculadas e as cuneiformes. As três primeiras são ímpares, e as três ultimas

são pares (SOUZA, 2001).

- Traquéia

Souza (2001), descreve a traquéia como sendo uma continuação da laringe.

Ela está situada anteriormente ao esôfago e estende-se, no adulto, desde a laringe

ate a sexta vértebra torácica. Possui uma parte cervical e uma parte torácica.

Termina dividindo-se nos dois brônquios principais, direito e esquerdo, que penetram

nos pulmões direito e esquerdo.

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A traquéia é constituída por anéis de cartilagem hialina (cerca de 20 a 20) que

se alternam com tecido conjuntivo. Os anéis têm forma de U, com a abertura voltada

para trás. O tubo incompleto assim formado é fechado atrás por uma membrana

continua, de natureza conjuntivo-muscular, chamada parede membranácea. No seu

inferior, onde a traquéia se divide nos dois brônquios principais, forma-se um relevo

interno que se chama Carina de tranquia (SOUZA, 2001).

- Brônquios

Segundo Souza (2001), os brônquios que resultam da bifurcação da traquéia

são chamados de brônquios principais, eles estão situados no mediatismo médio,

entre os dois pulmões direito e esquerdo, terminado no interior do pulmão

correspondente. A estrutura dos brônquios principais assemelha-se à da traquéia,

compondo-se de anéis incompletos de cartilagem hialina, inseridos em uma túnica

fibrosa. Em sua parte dorsal há uma camada de fibras musculares lisas, que

completa os anéis.

Souza (2001) descreve os brônquios principais direito e esquerdo diferindo-se

um do outro, por sua direção, comprimento e calibre. De forma que o brônquio

esquerdo é fortemente oblíquo, enquanto o direito é menos. O brônquio direito é

sempre muito mais largo que o esquerdo, e o comprimento do esquerdo é quase o

dobro do direito. Os brônquios principais dividem-se em brônquios lobares.

Para Souza (2001), o brônquio principal direito divide-se em três brônquios

lobares, sendo um para o lobo superior do pulmão, outro para o lobo médio e outro

para o lobo inferior do pulmão direito. O brônquio principal esquerdo é dividido em

dois brônquios lobares, sendo um para o lobo superior e outro para o inferior do

pulmão esquerdo. Cada brônquio lobar, por sua vez, divide-se em brônquios

segmentares que se destinam aos segmentos bronco-pulmonares. Para cada

brônquio segmentar há um nome especifico.

Segundo Tortora (2002), os brônquios principais se dividem para formar

brônquios menores – os brônquios secundários (lobares), um para cada lobo do

pulmão - pulmão direito com três lobos e o pulmão esquerdo com dois lobos - Os

brônquios secundários continuam se ramificando e formam brônquios ainda

menores, chamados de brônquios terciários (segmentares), que se dividem em

bronquíolos. Os bronquíolos, por sua vez, ramificam-se repetidamente em tubos

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ainda menores, chamados de bronquíolos terminais. Essa ramificação extensa, a

partir da traquéia, assemelha-se a uma árvore invertida e é, comumente, referida

como arvore brônquica.

- Pulmões

Tortora (2002), define os pulmões como órgãos pares em forma de cone que

se encontram na cavidade torácica. São separados um do outro pelo coração e

outra estruturas situadas no mediastino, que separa a cavidade torácica em duas

câmaras anatomicamente distintas. Duas lâminas de túnica serosa, coletivamente

chamada pleura envolvem e protegem cada pulmão. A lâmina superficial reveste a

parede da cavidade torácica e é chamada de pleura parietal já a lâmina profunda, a

pleura visceral, recobre os próprios pulmões. Entre as pleuras visceral e parietal

encontra-se um pequeno espaço chamado de cavidade pleural, no qual se encontra

uma pequena quantidade de líquido lubrificante, secretado pelas túnicas, permitindo

que elas deslizem facilmente uma sobre a outra, durante a respiração, fazendo

também com que as duas túnicas grudem uma na outra. Cavidades pleurais

separadas envolvem os pulmões direito e esquerdo.

Para Tortora (2002), os pulmões estendem-se a partir do diafragma até

ligeiramente acima das clavículas e situam-se contra as costelas, anterior e

posteriormente. A parte inferior larga do pulmão, chamada de base, é côncava e

ajusta-se sobre a área convexa do diafragma. A parte superior estreita do pulmão é

conhecida como ápice. A face do pulmão que se situa contra as costelas, a face

costal, adapta-se à curvatura arredondada das costelas. A face medial de cada

pulmão contém uma região chamada hilo, através do qual os brônquios, os vasos

sanguíneos pulmonares, os vasos linfáticos e os nervos entram e saem. Essas

estruturas são mantidas juntas pela pleura e por tecido conjuntivo, constituindo a raiz

do pulmão.

- Lobos, Fissuras e Lóbulos

Cada pulmão é dividido em lobos por uma ou mais fissuras. Os pulmões têm

uma fissura oblíqua, que se estende inferiormente e anteriormente; o pulmão direito

também tem uma fissura horizontal. A fissura oblíqua separa o lobo superior do lobo

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inferior, enquanto a parte inferior da fissura oblíqua separa o lobo inferior do lobo

médio. A fissura horizontal do pulmão direito subdivide o lobo superior, formando

assim o lobo médio (TORTORA, 2002).

Para Tortora (2002) cada lobo recebe seu próprio brônquio secundário (lobar),

dessa forma o brônquio principal direito dá origem a três brônquios secundários

(lobares), superior, médio e inferior. Enquanto o brônquio principal esquerdo dá

origem aos brônquios secundários (lobares), superior e inferior. Dentro do pulmão,

os brônquios secundários dão origem aos brônquios terciários (segmentares), que

são constantes tanto na origem quanto na distribuição – há dez brônquios terciários

em cada pulmão. O segmento de tecido do pulmão que cada um supre é chamado

de segmento broncopulmonar. Cada segmento broncopulmonar tem vários

componentes pequenos e são chamados de lóbulos, cada um envolvido por tecido

conjuntivo elástico e contendo um vaso linfático, uma arteríola, uma vênula e um

ramo proveniente de um bronquíolo terminal. Os bronquíolos se subdividem em

ramos microscópicos, chamados bronquíolos respiratórios.

Segundo Tortora (2002), conforme os bronquíolos respiratórios penetram

profundamente nos pulmões, o revestimento epitelial muda de cuboide simples. Os

bronquíolos respiratórios, por sua vez, se subdividem em diversos ductos alveolares.

As passagens respiratórias, da traquéia para os ductos alveolares, contêm cerca de

25 ordens de ramificação.

- Alvéolos

Tortora (2002), cita que em torno da circunferência dos ductos alveolares

encontram-se numerosos alvéolos e sáculos alveolares, de modo que o alvéolo é

uma evaginação caliciforme revestida por epitélio escamoso simples e sustentada

por uma fina membrana basilar elástica e os sáculos alveolares são dois tipos de

células epiteliais alveolares. As células alveolares I são células epiteliais escamosas

simples que formam o revestimento, na sua maior parte continuo, da parede

alveolar, que é interrompido por células alveolares tipo II ocasionais, também

chamadas células septais, sendo que as finas células alveolares tipo I são o local

principal de trocas gasosas. As células alveolares tipo II, que são células epiteliais

arredondadas ou cubóides cujas superfícies livres contêm microvilosidades,

secretam líquido alveolar, este preserva a superfície entre as células e o ar úmido.

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Incluí-se no líquido alveolar o surfactante, mistura complexa de fosfolipídio e

liproteinas que reduz a tensão superficial do líquido alveolar.

Segundo Tortora (2002), a troca de O2 e CO2 acontece entre os espaços

aéreos nos pulmões e o sangue das paredes alveolares e capilares.

Figura 01 – Diagrama da árvore bronquial dentro dos lobos pulmonares de ambos os lados.

Fonte: SOBOTTA (1993, p. 131)

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Figura 02 – Vista ventral da laringe, traquéia e a bifurcação da traquéia, os brônquios principais direito e esquerdo e a arvore bronquial.

Fonte: SOBOTTA (1993, p. 132)

2.1.2 Funcionamento do sistema respiratório

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Para Guyton (1984), o diafragma é o principal músculo da respiração, mas há

outros músculos, os quais comprimem o abdome ou que elevam ou abaixam a

parede anterior do tórax. A contração do diafragma faz com que se alonguem os

pulmões provocando a inspiração e a compressão do abdome eleva o diafragma

provocando a expiração.

Guyton (1984), diz que a inspiração acontece pela elevação das costelas que

aumentam o diâmetro ântero-posterior do tórax. Ao contrário, a depressão da parede

anterior torácica produz a expiração.

Para Moisés (1993), a expiração é apresentada de forma passiva, pelo fato do

diafragma retornar a sua posição de relaxamento, da diminuição da amplitude da

caixa torácica e do recuo dos pulmões e brônquios.

De acordo com Guyton (1984), com o aumento da cavidade torácica, o

espaço entre os pulmões e a parede do tórax, o espaço intrapleural, faz com que os

pulmões se expandam ao mesmo tempo. Os pulmões expandidos, produz discreta

pressão negativa em seu interior, puxando dessa forma o ar para dentro,

provocando a inspiração. Durante a expiração, a pressão intra-alveolar torna-se

positiva, empurrando o ar para fora dos alvéolos pulmonares.

A inspiração força o ar passar pela traquéia, pelos brônquios e pelos

bronquíolos, até os alvéolos. Extensa rede de cavidades pulmonares circunda todas

as paredes dos alvéolos, o que permite a rápida transmissão do oxigênio, do alvéolo

para o sangue pulmonar, e do gás carbônico, do sangue para os alvéolos (GUYTON,

1984).

A respiração forçada produz um aumento da ventilação pulmonar e para isso

solicita a ação da musculatura acessória da inspiração: elevadores das costelas,

esternocleidomastoideo, peitorais, trapézio – responsáveis pelos movimentos de

amplitude das articulações esterno-costais e das escápulo-umerais – e da

musculatura responsável pela expiração forçada que compreende a contração dos

músculos retos, oblíquos e transversos do abdome (principais músculos da

expiração), dos intercostais internos e dos serratil postero-inferior (MOISÉS, 1993).

O controle da respiração é feito pelo Sistema Nervoso Central através do

centro respiratório, por mecanismos incitados por estímulos químicos e mecânicos,

com a finalidade de adequar a freqüência e o fluxo respiratório às devidas

exigências do corpo e equilibrar as pressões de CO2 e O2 sanguíneos, nas diversas

situações de esforço e stress (GUYTON, 1973).

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2.2 ASMA SEGUNDO A MEDICINA OCIDENTAL

A asma é uma doença muito comum, complexa e antiga. Inicialmente, ela foi

utilizada com referência a qualquer doença associada à falta de ar, até que o médico

grego Hipócrates há 2.500 anos, denominou como asma a dificuldade para respirar

ou ofegar (GORGATTI e COSTA, 2005).

Segundo Tarantino (2002), a asma é caracterizada pela obstrução ao fluxo

aéreo, e, continuamente, hiper-responsividade e inflamação crônica das vias aéreas.

Para Arnold (s.d.), a asma tem como característica o aparecimento brusco de

crises de sufocação, com um mal-estar principalmente respiratório, acompanhados

de assobios brônquicos, com hipersecreção.

A asma, segundo Costa (1993), é uma doença do aparelho respiratório

caracterizada por um aumento do grau de reatividade das vias aéreas

traqueobrônquicas a diferentes estímulos, manifestando-se por um estreitamento

generalizado dos brônquios que se resolve espontaneamente ou a custa de

medicamentos específicos.

De acordo com Moisés (1996), a asma é uma doença do aparelho respiratório

caracterizada por repetidas crises de insuficiência respiratória (“falta de ar”)

passageiras.

2.2.1 Etiologia

São diversos os fatores que podem desencadear uma crise asmática.

Para Arnold (s.d.), o principal agente desencadeante da crise asmática é o

fenômeno da alergia. Esse termo indica a sensibilidade do indivíduo a certas

substâncias, os alérgenos, sendo que há uma variabilidade da sensibilidade de um

indivíduo para o outro.

Para Costa (1993), os alérgicos são classificados como inalantes, alimentares

e medicamentos. Os agentes inalantes são substâncias alergênicas que entram em

contato com o organismo pela via inalatória, e são as causas mais importantes da

alergia respiratória. Assim como Arnold (s.d.), cita o exemplo do pó doméstico que

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possui ácaros domiciliares que são extremamente alergênicos, os pêlos dos animais

domésticos (cães e gatos) e as penas das aves. Ainda como exemplos inalatórios,

há a lã, os fungos do ar que produzem o mofo e os perfumes. Os agentes

alimentares, que podem produzir fenômenos alérgicos em pessoas sensíveis, mais

comumente em órgãos como a pele e trato gastrointestinal do que no aparelho

respiratório. Como exemplo, podemos citar a alergia ao leite de vaca, ao ovo, ao

trigo e a soja, que podem produzir manifestações como urticárias, diarréias e asma.

Os agentes medicamentosos, como a penicilina, um antibiótico altamente utilizado

na prática médica, têm como manifestações alérgicas mais comuns a nível de pela,

sendo raro os fenômenos de asma.

Arnold (s.d.), descreve uma lista com os principais alérgenos: a) o pó da casa,

que é um alérgeno complexo que contém partículas vegetais, animais entre as quais

por vezes um minúsculo ácaro vizinho das aranhas; b) os polens, sobretudo os

provenientes das gramíneas; c) as penas e os pêlos dos animais domésticos; d) o

bolor; e) as madeiras exóticas; f) produtos químicos e industriais; g) certos

medicamentos, mesmo de uso corrente como a aspirina, etc.

A lista embora incompleta, permite sugestionar as dificuldades encontradas

quando se procura identificar o alérgeno causador da asma.

Costa (1993), cita ainda os fatores infecciosos, como o inicio dos sintomas

asmáticos decorridos principalmente na infância. Frequentemente se associa a uma

infecção virótica das vias respiratórias. Além das infecções por vírus, a coqueluche

ou as infecções por Mycoplasma podem precipitar as crises asmáticas.

Para Moisés (1996), os fatores infecciosos podem ser desencadeados por

gripes, amigdalites, sinusites ou rinites.

Outros fenômenos, segundo Arnold (s.d.), podem ser responsáveis pela

asma, além dos fatores alérgicos. As crises podem ser desencadeadas pelo

ambiente, como a poluição atmosférica, o tabaco, os gases irritantes; fator

endócrino, conforme testemunha a asma da menopausa; a asma do esforço, que é

evidente sobretudo em crianças, sendo que o esforço provavelmente modifique o

equilíbrio imunológico; o fator psicológico, que é menos evidente, porém há disputas

quanto a sua importância relativa.

Costa (1993), concorda com Arnold (s.d.), quando se trata de alguns fatores

responsáveis pela crise asmática. Os fatores irritantes, para Costa (1993), equivalem

ao que Arnold (s.d.) descreve como sendo o ambiente, sendo eles os poluentes

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atmosféricos, a fumaça do cigarro, os inseticidas e vários produtos de limpeza do lar.

Ao contrário de Arnold (s.d.), que considera o fator psicológico como algo pouco

evidente, Costa (1993), enfatiza a influência psicológica como inquestionável e em

alguns casos como um fator significativo e evidente.

De acordo com Tarantino (2002), os fatores psicológicos em si não são a

causa da asma, mas implicam como fatores importantes na sua determinação.

Para Costa (1993), apesar de os exercícios físicos serem recomendados para

as crianças asmáticas, como para qualquer outra criança, ele pode iniciar uma crise

de brocoespasmo, podendo ser de intensidade e importância variável.

Por alguns motivos, as manifestações da asma pioram durante exercícios. No

entanto, alguns pacientes só apresentam sintomas na vigência de exercícios

intensos, obtendo alívio com o repouso. Esse fenômeno atualmente está sendo

denominado “broncoespasmo induzido por exercícios” (TARANTINO, 2002).

Diferente de Arnold (s.d.), que cita como fator hormonal apenas o aspecto da

menopausa, Costa (1993), também sugere a influência hormonal, mas, pelo fato dos

sintomas piorarem em períodos menstruais e de gravidez. Pessoas com

hipertireoidismo, que apresentam asma severa, tendem a melhorar com o

tratamento específico do distúrbio endócrino.

Segundo Costa (1993), há mais dois fatores que podem desencadear uma

crise asmática, são eles: a) Hipersensibilidade não alérgica a drogas e produtos

químicos, que são capazes de induzir broncoespasmo em diversos graus; b) Refluxo

gastroesofágico, sendo que o refluxo de conteúdo gástrico para dentro das vias

respiratórias pode estar relacionado à provocação e ao agravamento das crises de

broncoespasmo.

2.2.2 Classificação

De acordo com Gorgatti e Costa (2005), a asma pode ser classificada em: a)

asma intermitente; b) asma persistente leve; c) asma persistente moderada; d) asma

persistente grave.

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Na asma intermitente, Rossi et al (2006), descreve tendo sintomas menores

ou iguais a uma vez por semana, atividade normal, crise ocasional e sintoma noturno

raro.

Para Gorgatti e Costa (2005), asma intermitente tem os seguintes sintomas:

a) sintomas intermitentes (menos de 1 vez por semana); b) crises de curta duração;

c) sintomas noturnos esporádicos; d) ausência de sintomas entre crises; e) VEF1

(volume expiratório forçado no primeiro segundo) maior que 80% do predito; f) PFE

(pico de fluxo Expiratório) maior que 80% do valor predito; g) variabilidade VEF1 ou

PFE: menor que 20%.

Rossi et al (2006), a asma para ser considerada persistente leve, deve

apresentar sintomas maiores ou iguais a uma vez por semana e menor que uma

vez/dia, atividade com diminuição de limitação, crises menos freqüentes e sintomas

noturnos ocasionais.

Já os sintomas da asma persistente leve segundo Gorgatti e Costa (2005),

são: a) presença de sintomas pelo menos uma vez por semana; b) crises afetam

sono e atividades diárias; c) presença de sintomas noturnos pelo menos duas vezes

por mês; d) VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo) maior que 80%

do valor predito; e) PFE maior que 80% do melhor valor predito; f) variabilidade do

VEF1 ou PFE: 20 a 30%.

De acordo com Rossi et al (2006), a asma persistente moderada tem como

características sintomas diários, atividade com aumento de limitação, crises

freqüentes, sintomas noturnos comuns.

Para Gorgatti e Costa (2005), os sintomas da asma persistente moderada

são: a) sintomas diários; b) crises afetam sono e atividades diárias; c) presença de

sintomas noturnos pelo menos uma vez por semana; d) uso diário de

broncodilatador; e) VEF1 60 a 80% predito; f) PFE 60 a 80% melhor; g) variabilidade

do PFE ou VEF1: maior que 30%.

Segundo Rossi et al (2006), a asma persistente grave têm sintomas diários,

atividade com limitação diária, crises muito freqüentes e sintomas noturnos diários.

Na asma persistente grave, os sintomas segundo Gorgatti e Costa (2005),

são: a) sintomas contínuos; b) crises freqüentes; c) sintomas noturnos freqüentes; d)

limitação das atividades físicas; e) VEF1 menor que 60% do valor predito; f) PFE

menor que 60% melhor; g) variabilidade do PFE ou VEF1 menor que 30%.

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2.2.3 Fisiopatologia

Para Costa (1993), a compreensão da fisiologia normal dos órgãos e o

sistema do organismo, são inicio para se entender quando as suas funções estão

alteradas. A fisiopatologia é o estudo dessas alterações. Melhor será a proposta de

tratamento se conhecer a fisiopatologia da doença em questão.

As alterações da fisiologia respiratória da asma são muito complexas

envolvendo mecanismos neurais, hormonais, imunológicos e outros. No entanto, a

via final comum dos eventos é o estreitamento generalizados dos brônquios,

conseqüentes ao broncoespasmo, a inflamação de secreções no interior das vias

áreas (COSTA, 1993).

Em função do estreitamento das vias aéreas, segundo Costa (1993), há um

aumento da resistência à passagem do ar, levando a um aumento da atividade dos

músculos respiratórios, retenção do ar no interior dos alvéolos e diminuição da

capacidade vital.

De acordo com Costa (1993), o aumento da pressão intrapulmonar em

decorrência ao aprisionamento do ar no interior dos alvéolos, irá ter como

conseqüências: a) uma diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco; b)

ocorrerá vasoconstrição periférica; c) aumento da pressão arterial; d) as

necessidades de esforços ventilatórios, cada vez maiores; e) aumento do consumo

de oxigênio pelos músculos respiratórios podendo sobreviver a exaustão; f) a fadiga

muscular e a dor. Este quadro complexo de sinais e sintomas denomina a

insuficiência respiratória.

Oliveira (1994), cita que na asma, as contrações da musculatura lisa

brônquica, reduz o calibre dos brônquios ocasionando insuflação excessiva a nível

alveolar, e conseqüente diminuição da ventilação pulmonar.

Durante o broncoespasmo, segundo Oliveira (1994), o indivíduo asmático

apresenta PaO2 (pressão de oxigênio) diminuída e entra em hiperventilação para

compensar a anormalidade da ventilação e conduzir a uma diminuição PaCO2

(pressão de gás carbônico).

No caso de crises severas, onde há um comprometimento no mecanismo de

eliminação de CO2, o asmático se fadiga demasiadamente e a PaCO2 se eleva,

sendo necessário nessa situação de assistência respiratória (OLIVEIRA, 1994).

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De acordo com Costa (1993), quando há uma persistência do

broncoespasmo, com acúmulo de secreções, inflamação das paredes brônquicas e

grande sofrimento por parte do paciente, caracterizam o que se chama de “Estado

de Mal Asmático”.

2.2.3.1 Principais complicações em decorrência da asma

- Atelectasia

Segundo Costa (1993), é o entupimento total de um segmento brônquico, de

causa, geralmente, por bolhas e secreções.

Para Costa (1993), essa região pulmonar, além de não cooperar para a

ventilação pulmonar, facilita o aparecimento de infecções.

- Pneumotórax

De acordo com Costa (1993), é o rompimento da pleura visceral, permitindo a

passagem de ar para o espaço interpleural, podendo chegar à insuficiência

respiratória. Como complicação da asma, ocorre raramente.

- Sobrecarga cardíaca

Para Costa (1993), a sobrecarga cardíaca ocorre devido ao aumento da

pressão intrapulmonar com a diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco,

vasoconstrição periférica e aumento da pressão arterial.

- Desidratação

Costa (1993), compreende que a perda da água através da hiperventilação,

da febre, dos eventuais vômitos e a indisposição para a ingestão de líquidos e

alimentos são fatores que facilitam a desidratação.

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- O estado de mal asmático

Costa (1993), considera como o estágio mais avançado da doença, sendo

considerado a complicação da asma, uma vez que temos um risco vital e um grande

sofrimento para o paciente.

Quando as crises de asmas são muito freqüentes ou existe broncoespasmo

perene poderão ocorrer, a longo prazo (COSTA, 1993).

- Deformidades torácicas

Para Costa (1993), o aumento do diâmetro anteroposterior do tórax (o

chamado peito de pombo), é a deformidade mais observada.

2.2.4 Deficiências posturais causadas pela asma

Gama (1993), comenta que ao trabalhar com pessoas asmáticas, a postura é

um dos aspectos a ser verificado e acompanhado.

É bastante comum que os asmáticos desenvolvam algum tipo de alteração

postural. Segundo Kendall e Creary (1987), a postura é uma composição das

posições de todas as articulações do corpo em qualquer momento dado. Se uma

posição for habitual, haverá uma correlação entre o alinhamento e os achados das

provas musculares. Já na postura desalinhada, os músculos em posições

ligeiramente encurtadas tendem a ser mais fortes, e aqueles em posições

ligeiramente alongadas tendem a ser mais fracos do que os músculos que trabalham

em oposição a eles. Essa alteração muscular terá como conseqüência uma falha na

relação entre as várias partes do corpo, produzindo decréscimo na força e eficiência

corporal.

De acordo com Gama (1993), durante as crises, a constante hiperinsuflação

torácica, causada pela tentativa de maior expansão e maior acomodação dos

pulmões para que possam realizar as trocas gasosas resulta em: a) hipertensão da

musculatura respiratória superior, o qual pode chegar ao encurtamento muscular e a

uma deficiência do diafragma e da musculatura abdominal, que não atuam em uma

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respiração curta e apenas costal; b) deformidades ósseas na caixa torácica, em

função das debilidades musculares persistentes, devido à flexibilidade do tórax, em

especial das costelas.

Segundo Gorgatti e Costa (2005), o tórax vai ganhando características do

padrão respiratório assumido pela pessoa, pois a atividade respiratória exerce ação

modeladora sobre o tórax.

Para Oliveira (1994), as alterações na coluna vertebral acarretam em

alterações no mecanismo respiratório.

Gama (1993), cita que a maioria das deformações torácicas está relacionada

a uma hiperventilação mais ou menos acentuada a um desvio da atitude geral.

É fundamental para uma boa respiração, que haja sincronismo entre o tórax e

abdômen, pois sendo a respiração um trabalho do tronco, qualquer distúrbio nesse

conjunto, acarretará em alterações na ventilação pulmonar (OLIVEIRA, 1994).

As alterações ocorrem, segundo Gama (1993), nos casos em que a asma é

mais grave, sendo crises reincidentes e de grande intensidade ou crises freqüentes

independente do grau da intensidade.

No entanto, para Gama (1993), há deformidades ósteo-musculo-ligamentares

em pessoas asmáticas que não são decorrentes da asma, mas congênitas ou

adquiridas por outro fator, que podem ser agravadas pela dificuldade respiratória e,

dependendo da deficiência, a respiração também poderá por ela ser dificultada.

Para Gorgatti e Costa (2005), muitas vezes é difícil identificar se a alteração

torácica causou a postural ou se a postural causou a torácica.

2.2.4.1 Principais deficiências posturais causadas pela asma

- Tórax redondo (peito em tonel)

Para Gama (1993), é o aumento do diâmetro antero-posterior do tórax quase

igualando-se ao transverso. Quando a diferença entre os diâmetros for inferior a 5

cm caracteriza-se o peito em tonel. Há elevação das costelas e ombros, os músculos

anteriores do colo tornam-se proeminentes e há um aumento da cifose dorsal.

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“No asmático deve-se à hiperinsuflação da caixa torácica e hipertensão

muscular, freqüentes durante as crises” (Gama, 1993, p. 74).

- Tórax em quilha (peito em pombo)

Segundo Gama (1993), é o aumento do diâmetro antero-posterior do tórax,

pela projeção do esterno à frente da elevação das costelas, dando ao peito a forma

de proa de navio. Quando a diferença entre os diâmetros antero-posterior e

transverso for inferior a 5 cm caracteriza-se o peito de pombo, podendo em alguns

casos, o diâmetro antero-posterior se maior que o transverso.

Para Gama, (1993), a literatura não define ao certo uma causa, mas sugere

que parece ser, na maioria das vezes, congênita ou raquítica. Pelos mesmos

motivos apresentados para o peito em tonel, acredita-se que a asma pode ser

também uma das causas, por causa do número de asmáticos que a apresenta.

- Cifose

“É o aumento patológico da curvatura torácica da coluna, acompanhado,

quando estrutural, de hiperlordose cervical e lombar e projeção dos ombros à frente”

(Gama, 1993, p. 76).

Segundo Gama (1993), a atitude cifótica do portador da asma quando em

crise, deve-se à busca de um ponto de apoio para a musculatura respiratória, uma

vez que a fixação da cintura escapular torna mais eficaz a intervenção dos músculos

acessórios da respiração.

Segundo Gama (1993), outra relação com a asma consiste no fato da cifose

prejudicar a respiração, diminuindo a capacidade inspiratória e expiratória pela

redução da amplitude torácica.

- Elevação e projeção dos ombros à frente

“É a deficiência postural mais comumente encontrada no portador de asma,

durante as crises” (GAMA, 1993, p. 77)

- Cifolordose

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De acordo com Gama (1993), ocorre devido a uma cifose, gerando curvas

cervicais e lombares, como compensação. Portanto, é o aumento das curvaturas

torácica, cervical e lombar, sendo uma decorrente da outra.

- Depressões sub-mamárias

Constitui-se de duas depressões nas costelas, mais ou menos acentuada,

situadas na frente do tórax e abaixo dos mamilos. Pode ser unilateral à esquerda;

mesmo quando é bilateral é mais acentuada à esquerda porque, sendo ponto de

apoio do diafragma maior sobre o fígado do que sobre o estômago, suas fibras são

menos horizontais à direita do que à esquerda (GAMA, 1993).

Segundo Gama (1993), as pessoas que apresentam esta deficiência

encontra-se má coordenação entre as contrações musculares abdominais e

diafragmáticas, falseando totalmente os mecanismos respiratórios.

Para Gama (1993), a asma brônquica pode ser também uma das causas,

uma vez que os asmáticos têm, em geral, muita dificuldade respiratória, podendo

não conseguir utilizar corretamente os músculos abdominais e o diafragma.

- Prodentia

Segundo Gama (1993), é a projeção da arcada dentária à frente, causada por

respiração predominantemente bucal, na qual os lábios não fazem pressão sobre os

dentes projetando-os para fora.

2.2.5 Tratamento

O tratamento médico consiste em promover uma melhora clínica dos sintomas

e da doença, através de uma investigação clínica minuciosa e difícil que ocorre no

acompanhamento do paciente (MOISÉS, 1996).

Para Costa (1993), não há indícios de uma medicação ou tratamento que

isoladamente sejam eficazes no tratamento da asma.

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O tratamento da asma depende evidentemente, da causa descoberta, pois se

não for descoberta a causa, não se pode realizar um tratamento adequado

(ARNOLD, s.d.).

Segundo Costa (1993), a asma por ser de etiologia multifatorial e complexa

que envolve diversos aspectos como médicos, psicoemocionais, sociais, etc, há a

necessidade de uma visão multidisciplinar. O tratamento deve ser voltado ao

controle das crises de asma, no entanto a maior atenção deve ser dada para a

prevenção da doença. Algumas recomendações fundamentais no tratamento da

asma brônquica são: a) higiene do ambiente físico; b) medicação adequada

conforme a necessidade; c) Psicoprofilaxia e/ou a Psicoterapia; d) atividade física

adequada; e) imunoterapia específica; f) orientações aos pais ou discussões em

grupo.

A asma é uma doença crônica que requer tratamento prolongado, para muitos

pacientes, isso significa usar medicação diariamente. O objetivo do tratamento a

longo prazo, é reduzir a hiper-reatividade das vias aéreas, visando à prevenção de

crises que quando graves pode significar risco de vida (TARANTINO, 2002).

Costa (1993), diz que devem ser feitas orientações aos pais em relação aos

cuidados com a criança, de modo a evitar sofrimentos além do que a própria doença

causa ao paciente, isso é denominado de psicoprofilaxia. Aconselha-se evitar

comportamentos superprotetores como os cuidados excessivos e proibições

desnecessárias.

Segundo Costa (1993), em alguns casos há necessidade de aconselhamento

terapêutico psicológico especializado, no qual em geral a psicoterapia é longa.

De acordo com Arnold (s.d.), se a asma for originada por uma alergia, e após

ter praticado os testes cutâneos ter identificado o alérgeno responsável, convém

eliminá-lo. Dessa forma, será fácil se o alérgeno se tratar de um pólen, de pêlo de

gato, de um produto de limpeza, de uma poeira industrial, de um medicamento. Caso

o alérgeno identificado seja de origem na poeira da casa, dos colchões, será de

difícil tratamento, pois são quase impossíveis de serem eliminados.

Costa (1993), recomenda que a localização da residência seja longe de

fábricas e grandes centros de poluição, devendo oferecer conforto térmico e

arejamento adequados, sendo ensolaradas e ventiladas, sem focos de umidade ou

mofo. Cuidados essenciais com o pó doméstico, devido a presença de ácaros,

devem ser tomadas, na qual a casa deve ser limpa todos os dias com panos

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umedecidos, diminuindo assim, o grau de alergenicidade do ambiente. Também

deve ser afastados do convívio os pêlos dos animais, como o cão e o gato, e as

penas das aves, que são alérgenos comuns.

Arnold (s.d.), propõe realizar a prevenção das crises caso não seja possível a

eliminação da causa. Há medicamentos capazes de bloquear o desenrolar dos

problemas imunitários que conduzirão à crise, impedindo que as substâncias

desencadeadoras cheguem a corrente sanguínea.

“A escolha da medicação, a dosagem, o tempo de administração são

aspectos que devem ser levados em consideração na prescrição dos medicamentos.

Somente o médico está habilitado a prescrevê-los” (COSTA, 1993, p. 27).

A terapêutica com antiinflamatórios torna-se obrigatória no tratamento de

manutenção da asma, sendo os fármacos disponíveis com estas propriedades ou

esteróides inalatórios (beclometasona, budesonida, flunisolida, fluticasona e

triancinolona), ou produtos não-esteróides (nedocromil, cromoglicato), ou

antileucotrienos orais (TARANTINO, 2002).

Para Tarantino (2002), a terapêutica antiinflamatória com maior eficácia são

os corticóides, sendo mais seguro e, portanto, mais utilizado. Sua eficácia é dirigida

na melhora dos sintomas, no controle das variações nicteméricas da obstrução da

diminuição da hiper-responsividade das vias aéreas. Suas principais ações na asma

são: prevenção da liberação e ativação das células inflamatórias, interferência no

metabolismo do ácido araquidônico e na síntese de leucotrienos e prostaglandinas,

e aumento da responsividade dos beta-receptores da musculatura lisa brônquica.

Segundo Tarantino (2002), quando necessário o uso de corticóides pela via

oral, deve ser dada preferência à prednisona, por ser de meia-vida intermediária, ao

contrário dos corticóides de meia-vida longa, como a dexametasona e a

betametasona, que devem ser evitados.

Tarantino (2002), adverte que os riscos de efeitos adversos na utilização de

corticóides de via inalatória é baixa, se comparado a administração oral. Esses

efeitos são mais freqüentemente locais, como é o caso da disfonia e da candidíase

oral.

- Antiinflamatórios

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A cortisona, segundo Costa (1993), é considerada uma droga com efeito

potente no controle da asma, pela sua ação antiinflamatória. No entanto, quando

usada em excesso poderá acarretar como, por exemplo, a dependência da

medicação.

Para pacientes com asma intermitente, pode ser usado antiinflamatório, de

preferência corticóide inalatório (pode ser usado um antileucotrieno oral ou uma

cromona), nas ocasiões de crises (por exemplo, meses de inverno). Se as crises,

embora pouco freqüentes, forem muito severas, o tratamento deve ser continuo

(TARANTINO, 2002).

Para pacientes com asma perene leve a moderada, Tarantino (2002), coloca

como primeira escolha o uso de um corticóide inalatório (beclometasona,

budesonida, flunisolida, fluticasona ou triancinolona), podendo alternativamente ser

usados antileucotrienos (montelucaste ou zafirlucaste) ou cromonas (cromoglicato

ou nedocromil).

Para Tarantino (2002), corticóides inalatórios em altas doses sempre serão

utilizados em casos de asma perene severa, podendo-se adicionar um

antileucotrieno e/ou uma cromona. Geralmente, esses pacientes usam corticóide

sistêmico continuamente ou em períodos de duração variável.

- Broncodilatadores

Os broncodilatadores, segundo Costa (1993), são os medicamentos mais

utilizados para o tratamento da asma, uma vez que a broncoconstrição é um dos

fenômenos básicos na fisiopatologia da doença.

Para Tarantino (2002), os beta-2-agonistas são sem dúvida os melhores

broncodilatadores para a asma. Deve ser usado nas crises, um beta-2 de curta

duração (fenoterol, salbutamol ou terbutalina), via inalatória. Em fase de

manutenção, só deve ser usado broncodilatadores para alívio sintomático.

- Antileucotrienos

Segundo Tarantino (2002), os antileucotrienos são substâncias provenientes

do metabolismo dos lipídios da membrana de células da linhagem mielóide, sendo

constituídas em potentes mediadores da resposta inflamatória, e tendo como

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principais efeitos: broncoespasmo, edema da mucosa das vias aéreas, modificações

da permeabilidade e ativação de leucócitos. Os medicamentos podem atuar de duas

formas: a) inibidores da síntese; b) antagonistas de receptores de leucotrienos.

Como são produtos novos, não se tem experiência a longo prazo que

possibilite avaliar seu efeito na progressão da doença e no remodelamento das vias

aéreas, o que exigirá estudos a longo prazo (TARANTINO, 2002).

- Imunoterapia

A imunoterapia tem sido utilizada por mais de oitenta anos para o tratamento

de pacientes selecionados com alergia. Seu objetivo é oferecer algum tipo de

proteção contra os efeitos da exposição natural por intermédio da injeção repetida

do antígeno que elicia os sintomas (TARANTINO, 2002).

Segundo Costa (1993), a imunoterapia é reservada para pacientes

selecionados, do ponto de vista alérgico. Deve ser utilizada somente nos casos

comprovados de alergias às substâncias que não podem ser eliminadas do convívio

do paciente com asma, como por exemplo, os ácaros domiciliares.

De acordo com Tarantino (2002), a Organização Mundial da Saúde (OMS)

publicou as seguintes recomendações em função das controvérsias a respeito da

prática da imunoterapia antialérgica: a) pacientes alérgicos a ácaro serão

encaminhados para o tratamento da imunoterapia especifica somente quando

apresentarem sintomas relevantes de rinite ou asma quando expostos a ácaros; b) a

eficácia da imunoterapia, embora tenha sido demonstrada, o risco de reações

sistêmicas nesses pacientes tem sido considerado contra-indicação para seu uso na

Inglaterra. No entanto, não há outro guia nacional ou internacional que cite tal

contra-indicação.

Caso o elemento não possa ser eliminado, Arnold (s.d.), propõe a realização

de uma dissensibilização ou imunoterapia específica, ou seja, injetar na pele doses

crescentes de alérgeno afim de criar uma habituação. O tratamento é longo, mas

pode trazer a cura definitiva.

Para Costa (1993), o sucesso almejado na imunoterapia nem sempre é

alcançado, uma vez que o paciente muitas vezes é sensível, não apenas ao

alérgeno comprovado, mas também a fatores inespecíficos, como as mudanças

climáticas, substâncias irritantes, entre outros, que não respondem ao tratamento.

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- Tratamento da crise

Para Tarantino (2002), aos primeiros sinais de crise devem ser iniciadas as

medidas terapêuticas. É de fundamental importância que sejam perseguidos os

seguintes objetivos: a) utilização do tratamento adequado; b) reconhecimento dos

sinais de evolução da doença; c) identificar o momento de procurar assistência

médica eletiva ou emergencial.

De acordo com Tarantino (2002), as medidas de tratamento devem ser

iniciadas no local onde o paciente estiver afim de não ocorrer retardo no controle da

crise.

As emergências são fundamentais no tratamento adequado dos asmáticos

não só por atenderem pacientes com risco de vida, como também por serem,

freqüentemente, o único acompanhamento médico que os pacientes utilizam. Por

esse motivo, também são importantes no reconhecimento dos pacientes graves, no

fornecimento de instruções para crises futuras e na orientação para a necessidade

de tratamento de manutenção (TARANTINO, 2002).

Tarantino (2002), diz que enquanto as crises leves e moderadas são de fácil

controle, as crises muito graves implicam risco potencial de óbito, desta forma seu

manejo deve ser imediato e objetivo, de nível hospitalar, a começar por uma

avaliação minuciosa que inclua a gravidade dos sintomas, intensidade da obstrução,

tempo de início dos sintomas, possível causa da exacerbação, atendimentos

anteriores em emergência e revisão de toda medicação utilizada.

Uma avaliação cuidadosa também deve ser realizada no sentido de identificar

possíveis comorbidades, principalmente cardiovasculares (TARANTINO, 2002).

2.3 MEDICINA CHINESA

2.3.1 Os Cinco Movimentos

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“A teoria dos Cinco Movimentos originou-se aproximadamente ao mesmo

tempo em que a teoria do Yin-Yang. Tanto a primeira referência ao Yin-Yang como

aos Cinco Movimentos pertencem ao período da dinastia Zhou (por volta de 1000-

770 a.C.)” (MACIOCIA, 2007, p.16).

De acordo com Maike (2002), a teoria dos Cinco Movimentos afirma que a

madeira, o fogo, a terra, o metal e a água são os materiais básicos que constituem o

mundo material. Existe uma interdependência e um controle recíproco entre eles que

determina seu estado de constante movimento e mudança.

Maciocia (2007), diz que os Cinco Movimentos também simboliza cinco

direções diferentes de movimento dos fenômenos naturais, sendo que a madeira

representa o movimento expansivo e exterior em todas as direções, o metal

representa o movimento contraído e interior, a água representa o movimento para

baixo, o fogo representa o movimento para cima e a terra representa neutralidade ou

estabilidade.

Para Maike (2002), a teoria dos Cinco Movimentos explica a relação de

estímulo recíproco, interação, exagero e neutralização entre eles. Sua aplicação na

medicina tradicional chinesa consiste em classificar em categorias diferentes os

fenômenos naturais além dos tecidos e órgãos do corpo humano e as emoções

humanas, bem como interpretar a relação entre a fisiologia e a patologia do corpo

humano e o ambiente natural com a lei do estimulo recíproco, da interação, do

exagero e da neutralização dos Cinco Movimentos.

Maike (2002), afirma que o ambiente natural influencia grandemente as

atividades fisiológicas do homem. Este fato é manifestado pela dependência que o

homem tem do ambiente e também por sua adaptabilidade ao ambiente. Este fato é

conhecido como a correspondência entre o homem e a natureza, e a Medicina

Chinesa, conecta inclusive a fisiologia e a patologia dos órgãos e tecidos Zang-Fu a

muitos e importantes fatores ambientais naturais. Estes fatores são classificados em

cinco categorias com base nos Cinco Movimentos.

O quadro de Maike (2002), a seguir mostra melhor como as coisas são

classificadas de acordo com os Cinco Movimentos:

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A Lei do Estimulo, segundo Maike (2002), ou Sequência de Geração,

segundo Maciocia (2007), significa promover o crescimento. A ordem do estimulo é:

a madeira estimula o fogo, o fogo estimula a terra, a terra estimula o metal, o metal

estimula a água, e a água estimula a madeira. Nessa ordem, cada um dos Cinco

Movimentos “estimula” e é “estimulado”, sendo que o elemento estimulante é a

“mãe” e o elemento estimulado é o “filho”.

Figura 03 – Sequência de Geração

Fonte: MACIOCIA (2007, p. 19)

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Na Relação de Interação dos Cinco Movimentos, segundo Maike (2002), ou

Sequencia de Controle, segundo Maciocia (2007), a ordem é: a madeira agindo

sobre a terra, a terra agindo sobre a água, a água agindo sobre o fogo, o fogo

agindo sobre o metal, e o metal agindo sobre a madeira. Neste relacionamento,

cada um dos Cinco Movimentos ocupa a posição de receber a ação e efetuar a

ação, isto é, cada elemento controla outro e é controlado por um. Essa sequencia de

controle assegura que o equilíbrio seja mantido entre os Cinco Movimentos.

Figura 04 – Sequência de Controle ou Superatuação

Fonte: MACIOCIA (2007, p. 19)

Para Maike (2002), nem o estímulo do crescimento nem o de controle são

dispensáveis, dizendo que se não houvesse o estímulo do crescimento, não haveria

nenhum nascimento e nem desenvolvimento, e se não houvesse o controle, o

crescimento excessivo resultaria em dano. No estimulo do crescimento, reside o

controle e, no controle, existe o estimulo do crescimento. Eles estão em oposição e

também em cooperação um com o outro, mantendo assim um relativo equilíbrio

entre estímulo e ação, o que assegura o crescimento e desenvolvimento normal das

coisas. No caso de excesso ou insuficiência dos Cinco Movimentos, aparecerão

fenômenos de interação anormal conhecidos como exagero ou neutralização.

Segundo Maike (2002), o exagero ataca quando o adversário está fraco. Os

fenômenos do exagero e da neutralização provocados pelo excesso ou insuficiência

de qualquer um dos cinco elementos geralmente manifestam-se simultaneamente.

Por exemplo, quando a madeira está em excesso, não somente age

exageradamente sobre a terra, mas também age no metal.

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Maciocia (2007) concorda com Maike (2002), quando este diz que o exagero

é prejudicial, dando o nome de Sequencia de Superatuação. Ele explica que a

Sequencia de Superatuação segue a mesma Sequencia de Controle, mas, nesse

caso, cada elemento controla excessivamente o outro, fazendo com que ocorra uma

diminuição do elemento controlado.

Maciocia (2007) cita ainda a Sequencia de Afrontação, explicando que

acontece na ordem inversa da Sequencia de Controle. Assim, a madeira afronta o

metal, o metal afronta o fogo, o fogo afronta a água, a água afronta a terra e a terra

afronta a madeira. Isso também acontece quando o equilíbrio é afetado.

Portanto, Maciocia (2007), explica que as duas primeiras sequências

(sequências de Geração e Controle) lidam com o equilíbrio normal entre os

Elementos, ao passo que as duas últimas sequências (sequências de Superatuação

e Afrontação) acontece quando o equilíbrio entre os Elementos é quebrado.

A teoria dos Cinco Movimentos aplica-se ao campo médico no uso das

relações de estimulo, interação recíproca, exagero e neutralização dos Cinco

Elementos para explicar a relação de interdependência e limitação recíproca entre

os órgãos Zang-Fu, os órgãos dos sentidos e os tecidos. Quando um órgão interno é

castigado, outros órgãos podem ser afetados ou a doença pode espalhar-se ou

transformar-se em outro tipo de doença. Analisadas de acordo com a teoria dos

Cinco Movimentos, todas as mudanças complexas que ocorrem na doença surgem

sob as quatro condições seguintes: a) exagero; b) neutralização; c) distúrbio da

“mãe” afetando o “filho”; d) distúrbio do “filho” afetando a “mãe”. Um problema no

Pulmão, por exemplo, pode ser devido a um distúrbio no próprio Pulmão, mas

também pode ser afetado por um distúrbio no Baço (“mãe” afetando o “filho”), ou ser

afetado por um distúrbio no Rim (“filho” afetando a “mãe”). A doença pulmonar, em

alguns casos, pode ser causada por doenças cardíacas, sendo conhecidas como o

fogo agindo excessivamente no metal, ou pode ser causada pelo enfraquecimento

do Fígado, ela é explicada como a madeira neutralizando o metal (MAIKE, 2002).

2.3.2 Funções do Zang Fu (órgãos internos referentes à asma)

-Pulmão

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De acordo com Maike (2002), as principais funções fisiológicas do Pulmão,

são as de governar Qi (ar) e controlar a respiração, regulando as passagens de

água e dominando a pele e os cabelos.

O domínio de Qi (ar) e controle da respiração, segundo Maike (2002), é que o

Pulmão é o órgão respiratório. Através de sua função de dispersão e descendência,

inalam Qi limpo para alimentar as funções do corpo e exalar o Qi excedente (livrar-

se do velho e ingerir o novo). A função do Pulmão influencia muito as atividades

funcionais de todo o corpo, diz-se que o Pulmão domina o Qi (funções vitais) de todo

o corpo.

Para Maike (2002), a regulagem das passagens de água, com a função de

dispersão e descendência do Pulmão controla as passagens de água, estimulando o

metabolismo da água. Sua função de dispersão transforma uma parte do fluido do

corpo em açúcar para ser excretado, ao passo que a função de descendência envia

continuamente uma parte do fluido do corpo para baixo até o Rim e a Bexiga para

ser excretada em forma de urina.

O Pulmão, segundo Maike (2002), controla a pele e os cabelos, dispersando a

essência do alimento para a superfície do corpo, fornecendo brilho à pele, brilho e

viço aos cabelos e controlando a abertura e fechamento dos poros.

- Rim

O Rim, para Maike (2002), está localizado em ambos os lados da região

lombar. Seu meridiano conecta-se à vesícula urinária, com a qual está externa e

internamente relacionado. Suas principais funções fisiológicas são: a) armazenar

substâncias essenciais e controlar a reprodução humana, o crescimento e o

desenvolvimento; b) produzir a medula que coleta na cabeça formando o cérebro,

dominar os ossos e produzir o sangue; c) controlar os fluidos do corpo; d) receber Qi

(ar).

Segundo Maike (2002), armazenamento de substâncias e controle da

reprodução, do crescimento e do desenvolvimento, é que as substâncias essenciais

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do Rim, também chamadas de Yin do Rim, consistem de duas partes: a essência

congênita herdada dos pais e a essência adquirida transformada das substâncias

essenciais dos alimentos.

Produção da medula, formação do cérebro, domínio dos ossos e produção de

sangue. O Rim armazena a essência que pode produzir a medula (inclusive a coluna

vertebral e a medula óssea). A parte superior da coluna vertebral conecta-se ao

cérebro, enquanto a medula óssea nutre os ossos e produz sangue. A alimentação

do cérebro, a solidez dos ossos e a adequação do sangue, portanto, estão todas

intimamente relacionadas às condições da essência do Rim (MAIKE, 2002).

Maike (2002), cita que o controle do metabolismo da água, é feita pela parte

do fluido enviada para baixo pela função descendente do Pulmão. Ali o fluido é

dividido através da função Yang do Rim em duas partes: límpido e turvo. O fluido

límpido é retido e o fluido turvo flui para a Bexiga para formar a urina que é

excretada.

Para Maike (2002), a respiração é realizada principalmente pelo Pulmão, mas

o Rim ajuda através de sua função de controle da recepção de Qi (ar). A distribuição

do Qi limpo inalado pelo Pulmão para todo o corpo depende não apenas da função

descendente do Pulmão, mas também da função renal de recepção e controle.

- Baço

O mCanal do Baço, segundo Maike (2002), conecta-se com o Estômago,

relacionando o Baço ao Estômago externa e internamente. As principais funções

fisiológicas do Baço são: a) controlar o transporte e a transformação; b) controlar o

sangue; c) controlar os músculos.

Controle do transporte e da transformação. O transporte implica em

transmissão. A transformação implica em digestão e absorção. O Baço tem a função

de digerir alimento, absorver suas substâncias essenciais com uma parte do fluido

fornecido e enviá-las para o Coração e o Pulmão, de onde são enviadas para todo o

corpo para nutri-lo. O funcionamento normal do Baço é necessário para haver bom

apetite, digestão e absorção normais, boa nutrição e transmissão normal dos fluidos

(MAIKE, 2002).

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Para Maike (2002), o Baço tem a função de manter o sangue circulando

dentro dos vasos e prevenir a hemorragia. Essa é a função de controle de sangue.

Maike (2002), fala que o funcionamento normal do Baço no transporte e

transformação permite que os músculos recebam nutrição adequada dos alimentos

essenciais e, assim, manter a espessura e força musculares.

2.3.3 ASMA SEGUNDO A MEDICINA CHINESA

Asma ou siao/chuan nos textos da Medicina Chinesa. origina-se do termo

chinês xiao que significa chiado e chuan que significa dispnéia (FILSHIE e WHITE,

2002).

Para Maciocia (1996), a asma manifesta-se através da Fleuma (Tan yin) -

Calor Obstruindo o Pulmão (Fei).

Assim como Filshie e White (2002), Ross (2003), descreve a asma como

síndrome ocidental e a justapõe com a síndrome chinesa chamada Xiao Chuan, que

tem como significado a respiração difícil e sibilante.

2.3.3.1 Etiologia

Segundo Maciocia (1996), a etiologia pode ser decorrente da ingestão

excessiva de alimentos quentes e gordurosos, como por exemplo, carne frita e

alimentos picantes e oleosos, levando à formação da Fleuma (Tan yin) e do Calor.

Maciocia (1996) cita o fumo como um fator que pode conduzir a este padrão,

uma vez que o tabaco apresenta uma energia quente do ponto de vista da Medicina

Chinesa.

Este padrão pode também ser precipitado ou agravado pela invasão do

Vento-Calor-Exterior (MACIOCIA, 1996).

Diferente de Maciocia (1996), Ross (2003) cita três principais fatores que

causam a asma: a) Deficiência; b) Invasão de Vento; c) estresse emocional.

De acordo com Ross (2003), a deficiência de três principais órgãos pode

predispor à asma, são eles: (a) Pulmão; (b) Rim; (c) Baço.

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Uma Deficiência no Pulmão, segundo Ross (2003), pode facilitar a invasão de

Vento Frio ou haver uma falha em dispersar a Fleuma, fazendo com que esta se

acumule, agravando a asma.

A Deficiência do Rim pode falhar em manter a respiração na parte de baixo do

corpo de forma adequada, ocorrendo a respiração curta, ou contribuir para a

fraqueza do Qi Defensivo e infecções respiratórias de repetição (ROSS, 2003).

Maike (1995) concorda com Ross (2003), e explica que a asma pode ser

causada por deficiência do Pulmão, ou deficiência do Rim, os quais falham no

desempenho de sua função de receber Qi (ar). Esse tipo de asma para o autor, é

uma asma do tipo deficiência.

De acordo com Ross (2003), pode haver o agravamento da asma se o Baço

não estiver transformando a Umidade adequadamente e a Fleuma se acumular no

corpo, dessa forma haverá a obstrução das vias aéreas.

A invasão de vento, segundo Ross (2003), é um conceito da Medicina

Chinesa que inclui a asma precipitada por vento frio propriamente dito, por infecções

agudas ou por reações a agentes alergênicos presentes no ar ou nos alimentos e

bebidas.

Para Maike (1995), também existe a asma do tipo excesso que resulta da

disfunção descendente do Pulmão, devido a invasão de vento-frio exógeno ou

distúrbio do fleuma-calor.

Ross (2003) expõe que a asma pode ser originada por um estresse

emocional, como o medo do Rim ou ansiedade e excesso de entusiasmo do

Coração. Para o tratamento da asma emocional, a eficácia estaria na estabilização

do Rim ou do Coração.

2.3.3.2 Fisiopatologia

Para Maciocia (1996), a condição básica é uma Deficiência do Qi do Baço (Pi)

conduzindo à formação da Fleuma (Tan yin). O autor enfatiza que do ponto de vista

dos Oitos Princípios, esta é uma condição de Excesso-Calor-Interior.

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As manifestação clínicas, segundo Maciocia (1996), são: a) tosse em forma

de latido; b) expectoração de coloração amarela, verde ou escura e profusa com um

odor desagradável; c) dispnéia; d) plenitude torácica; e) língua é vermelha, com

saburra de coloração amarela, aparecendo de forma espessa e pegajosa; f) o pulso

é escorregadio-rápido-cheio.

Para Ross (2003), os sintomas durante as crises são: a) retenção de fleuma e

frio no pulmão; b) retenção de fleuma e calor no pulmão; c) retenção de fleuma no

pulmão; d) deficiência do Pulmão e do Rim.

De acordo com Ross (2003), os sintomas entre as crises são: a) deficiência

do Qi do Pulmão e deficiência do Qi defensivo; b) deficiência do Qi do Pulmão e

deficiência do Yin do Pulmão; c) deficiência do Qi do Baço e acúmulo de fleuma; d)

deficiência do Qi do Pulmão e deficiência do Qi do Rim.

Segundo Maike (1995), cada tipo de asma tem um sintoma diferente.

A asma do tipo excesso, para Maike (1995), apresenta os seguintes sintomas

se for originada de vento frio: tosse com secreção rala, respiração ofegante. Em

geral, existem os sintomas de febre, calafrios, anidrose, revestimento da língua

branco e pulso forte e rápido. Se a asma for originada de flegma-calor, os sintomas

são: respiração rápida e grosseira, sensação de sufocamento no peito, catarro

purulento e espesso, revestimento da língua espesso e amarelado, pulso rápido,

rolante e forçado.

Para Maike (1995), a asma do tipo deficiência apresenta os seguintes

sintomas se for originada da deficiência do Pulmão: respiração ofegante, voz fraca e

baixa, hidrose, pulso fraco. Se for originada da deficiência do Rim, os sintomas

serão: asma, dispnéia devido o esforço, calafrios com extremidades frias, pulso

profundo, fino e fraco.

2.3.3.3 Tratamento

Para Filshie e White (2002), um método eficaz de controle da asma sem

medicamentos, seria pouco eficaz. A acupuntura raramente é usada como

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alternativa exclusiva para o tratamento convencional, mas principalmente como

terapia adjunta tanto no Oriente como no Ocidente.

Segundo Filshie e White (2002), a acupuntura pode ser eficaz, com um perfil

aceitável de efeitos colaterais e que pode contribuir para a redução da medicação

farmacológica, mas também advertem que a asma pode ser fatal, e abandonar a

medicina ortodoxa ocidental pode ser arriscado, já que esse tratamento controla a

asma de forma muito eficaz.

De acordo com Ross (2002), a asma pode ser tratada durante as crises,

quando se tem como principio remover os espasmos ou, entre as crises, quando

quer se tratar as causas de base e remover o espasmo.

- Tratamento pela acupuntura e moxabustão

Maciocia (1996) descreve como principio de tratamento resolver a Fleuma

(Tan yin), eliminar o Calor e estimular a função descendente do Pulmão (Fei).

Os pontos do tratamento, segundo Maciocia (1996), são: Chize P-5, Lieque P-

7, Yuji P-10, Quchi IG-11, Zhongfu P-1, Feishu B-13, Zhongwan VC-12 e Fenglong

E-40. O método a ser usado nos pontos é a sedação, exceto para o VC-12.

Segundo Maciocia (1996), o P-5 elimina o Calor e a Fleuma (Tan yin) do

Pulmão (Fei); P-7 restaura a função de descendência do Pulmão (Fei) e cessa a

tosse; P-10 elimina o Calor do Pulmão (Fei); IG-11 elimina o Calor; P-1 restaura a

função de descendência do Pulmão (Fei) e elimina o Calor do Pulmão (Fei); B-13

pode eliminar o calor do Pulmão (Fei); VC-12 resolve a Fleuma (Tan yin) (com o

método de estimulação moderada) e E-40 resolve a Fleuma (Tan yin).

Maike (1995), explica que para a asma de tipo excesso devida ao vento-frio,

os pontos do Canal do Pulmão são utilizados como pontos principais para eliminar o

vento e o frio e acalmar a asma. Pode-se acompanhar a moxabustão nessa

condição de asma. A prescrição para vento-frio é aplicar as agulhas nos pontos:

Feishu B-13, que ativa o Qi do Pulmão; Lieque P-7 e Hegu IG-4, que eliminam o

vento e o frio.

Para asma de tipo excesso causada pelo fleuma-calor, Maike (1995), afirma

que os pontos do Canal do Estômago são utilizados como pontos principais para

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dissolver o flegma e acalmar a asma. A prescrição para fleuma-calor é aplicar as

agulhas nos pontos: Fenglong E-40 e Tiantu VC-22, um ponto distal, combinado com

um ponto local, acalmam a respiração e dissolve o flegma; Chize P-5, ponto He -

Mar do Canal do Pulmão, que reduz o calor no Pulmão e acalma a asma;

Dingchuan, que deve ser usado como ponto extra, pois alivia a asma.

Segundo Maike (1995), para a asma de tipo deficiência, deve-se reforçar o Qi

(energia vital) do Pulmão e do Rim. Devem-se inserir as agulhas com o método de

reforço e a moxabustão é aconselhável. A prescrição dos pontos para a asma do

tipo deficiência do Pulmão é: Feishu B-13, que reforça o Qi do Pulmão; Taiyuan P-9

e Zusanli E-36, que de acordo com a teoria dos cinco elementos, ambos estão

relacionados com a terra, e a incisão desses dois pontos visa fortalecer o Pulmão

(metal) através da revigoração do Baço (terra) e Estômago (terra)

Para asma do tipo deficiência do Baço, deve-se utilizar, segundo Maike

(1995), os pontos: Shenshu B-23 e Mingmen VG-4, que reforçam o Qi (energia vital)

do Rim; Qihai VC-6, é um ponto essencial para o fortalecimento do Qi; Shanzhong

VC-17, é o ponto de influência que domina o Qi (respiração), e visa regular o Qi e

acalmar a asma.

Maike (1995), ainda fala que para asma crônica persistente, devem-se usar

os pontos: Shenzhu VG-12 e Gaohuangshu B-43, esses pontos podem aliviar a

asma crônica e deve-se aplicar a moxabustão indireta com alho nesses pontos.

Para Ross (2003), a combinação básica dos pontos é: Dìngchuan, VC-17, B-

13, P-6, PC-6, E-40 método de dispersão; R-3 método de tonificação.

Ross (2003) ressalta que durante uma crise, pode-se usar um método de

dispersão vigoroso em todos os pontos, exceto no ponto R-3. Já entre as crises,

usa-se o método de harmonização. Caso esses pontos não sejam suficientes,

podem-se acrescentar os pontos P-1 e P-7 com o método de dispersão.

Ross (2003) adverte que esta combinação pode ser forte demais para

pacientes que possuem Deficiência do Qi do Pulmão e do Rim, que se encontram

cansados, abatidos e temerosos, principalmente em um primeiro tratamento.

Pacientes nessas condições podem desmaiar com esta combinação, uma alternativa

é a combinação do VC-17, P-6, PC-6, E-40 método de dispersão; R-3 método de

tonificação.

De acordo com Ross (2003), pode-se massagear o R-1 caso o paciente

esteja com medo.

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De acordo com Ross (2003), em crianças pequenas a combinação P-6, PC-6,

E-40 com método de dispersão pode ser suficiente em uma crise moderada. Já entre

as crises é recomendada a combinação de B-13, B-20 e B-23 acrescida de Moxa, de

forma a fortalecer o Qi Defensivo e evitando infecções respiratórias que

desencadeiam as crises asmáticas.

- Tratamento pela auriculoterapia

De acordo com Souza (2001), os pontos principais no tratamento são:

Shenmen, Simpático, Pingchuan Superior, Supra-renal, Pulmão (tonificar); Ponto da

asma (sedar).

Souza (2001), ainda cita como pontos auxiliares: Occipital, Endócrino, Asma e

Tosse (sedar).

Maike (1995), afirma que a acupuntura na orelha pode ser empregada

durante o ataque. Os principais pontos são: Pulmão, Rim, Adrenal, Nervo Simpático,

Ouvido-Asma. O método é selecionar 2 ou 3 pontos de cada vez, ou inserir nos

pontos sensíveis. Deve-se reter as agulhas de 30 a 60 minutos e esperar de 3 a 5

dias antes de iniciar um novo tratamento.

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3 CONCLUSÃO

A Medicina Chinesa pode trazer grandes benefícios às pessoas asmáticas,

contribuindo para a redução da medicação farmacológica, mas raramente é usada

como método exclusivo de tratamento, pois a asma pode ser uma doença fatal, e

não se deve abandonar a medicina ocidental.

Como foi exposto no trabalho, para a Medicina Chinesa, a asma pode ser

desencadeada pela formação da Fleuma (Tan yin) e do Calor, pelo Vento-Calor-

Exterior, pelas deficiências de Rim, Baço ou Pulmão, e pelo estresse emocional,

sendo que para cada tipo, há um tratamento diferente pela acupuntura.

A Medicina Chinesa não cura a asma por completo, porém, pode melhorar

muito a qualidade de vida da pessoa, fazendo um importante trabalho entre as crises

e durante as crises em conjunto com a medicina ocidental.

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