Eça de Queirós (1845 – 1900)

O Realismo em Portugal não significou apenas uma renovação da própria literatura, nas suas formas de expressão: temas, linguagem e visão de mundo. Representou uma tentativa de tirar todo o país da mentalidade romântico-cristã e levá-lo à “modernidade”, por meio do contato com novas idéias filosóficas e científicas que circulavam na Europa..

Características da linguagem Realista e Naturalista

Quanto à forma, o Realismo e o Quanto à forma, o Realismo e o Naturalismo caracterizam-se Naturalismo caracterizam-se por apresentar uma descrição por apresentar uma descrição precisa e objetiva da realidade, precisa e objetiva da realidade, linguagem simples, linguagem simples, preocupação com minúcias, preocupação com minúcias, narrativa lenta, narrativa lenta, impessoalidade.impessoalidade.

Quanto ao conteúdo, o Realismo Caracteriza-se:

• Pelo objetivismo;Pelo objetivismo;

Quanto ao conteúdo, o Realismo Caracteriza-se:

• Por apresentar o amor e Por apresentar o amor e outros sentimentos outros sentimentos subordinados a interesses subordinados a interesses sociais, e o casamento sociais, e o casamento como arranjo de como arranjo de conveniência;conveniência;

Quanto ao conteúdo, o Realismo Caracteriza-se:

• Por compor o protagonista Por compor o protagonista como anti-herói ou um como anti-herói ou um herói “problemático”, com herói “problemático”, com valores em crise ante um valores em crise ante um mundo degradado;mundo degradado;

Quanto ao conteúdo, o Realismo Caracteriza-se:

• Por apresentar personagens que Por apresentar personagens que além de se deixarem conhecer por além de se deixarem conhecer por suas atitudes e descrições físicas, suas atitudes e descrições físicas, ainda se fazem conhecer pela ainda se fazem conhecer pela introspecção psicológica, isto é, introspecção psicológica, isto é, revelam seus conflitos, revelam seus conflitos, sentimentos, aspirações, sentimentos, aspirações, lembranças...lembranças...

Quanto ao conteúdo, o Realismo Caracteriza-se:

• Pela crítica aos valores e às Pela crítica aos valores e às instituições decadentes da instituições decadentes da sociedade burguesa. sociedade burguesa.

O Naturalismo amplia as características O Naturalismo amplia as características do Realismo, acentuando-as e do Realismo, acentuando-as e acrescentando a elas certas marcas que acrescentando a elas certas marcas que o tornam inconfundíveis, como:o tornam inconfundíveis, como:

• O determinismo: o homem é O determinismo: o homem é visto como máquina guiada visto como máquina guiada pela ação de leis físicas e pela ação de leis físicas e químicas, pela hereditariedade químicas, pela hereditariedade e pelo meio físico e social;e pelo meio físico e social;

• A preferência por temas de A preferência por temas de patologia social: miséria, patologia social: miséria, adultério, criminalidade, adultério, criminalidade, desequilíbrio psíquico, desequilíbrio psíquico, problemas ligados ao sexo, problemas ligados ao sexo, entre outros;entre outros;

• O objetivismo científico e a O objetivismo científico e a impessoalidade: o romancista impessoalidade: o romancista assume uma atitude de frieza assume uma atitude de frieza

diante de fatos e personagens, diante de fatos e personagens, pois deve registrar pois deve registrar

impessoalmente, com precisão e impessoalmente, com precisão e objetividade científicas, a objetividade científicas, a

realidade.realidade.

Os naturalistas assumem uma posição de combate, tentando fazer da obra de arte uma tese científica. Tal como os realistas, criam uma literatura engajada, pois retratam a vida contemporânea, o seu tempo, com forte intenção reformadora.

O Primo Basílio (1878) (Eça de Queirós)

Realismo/Naturalismo

Características

Estilo: linguagem correta, Estilo: linguagem correta, vocabulário rico, frases bem feitas, vocabulário rico, frases bem feitas, irônicoirônico

Narrador: 3ª pessoa, onisciente Narrador: 3ª pessoa, onisciente

Cenário: Lisboa Cenário: Lisboa

Presença de discurso indireto livrePresença de discurso indireto livre

Personagens Personagens

Luísa BonitaCasamento = Segurança Adultério: vazão a seus senhos românticosPresente o ócio com leitura de livros românticosFrágil: não consegue lidar com a chantagem de Juliana

PersonagensPersonagens

Jorge

Engenheiro – funcionário públicoPacato e avesso a loucurasExcessivamente correto CaseiroConservador

PersonagensPersonagens

Basílio

Ex-namorado de Luísa Enriquece-se no BrasilRico, viaja pelo mundoEstabelece-se em Paris Critica o provincianismo de Lisboa

PersonagensPersonagens

Juliana

Empregada da casaOdiava os patrões Rancorosa e invejosaDespeito profundo por ser solteiraOs fins justificam os meios

PersonagensPersonagens

Conselheiro Acácio

Defensor do governo e da monarquiaApegado à tradição e aos valores familiaresSímbolo da mediocridade e do convencionalismoTem por amante sua criada

PersonagensPersonagens

Julião

Médico medíocre

PersonagensPersonagens

Sebastião

Personagem simpático, sabe ser fiel a Jorge e compreende a situação de Luísa

PersonagensPersonagens

Ernestinho

Funcionário públicoFazia teatro Escreve uma peça de teatro que espelha as obras escritas de Eça de Queirós

PersonagensPersonagens

Leopoldina

Apelidada de Pão e QueijoMulher vulgarProstitui-se por não se sentir integrada à sociedade

PersonagensPersonagens

Dona Felicidade

“ Beatice parva de temperamento irritado”.

PersonagensPersonagens

Joana

Cozinheira que enfrenta Juliana por dedicação à patroa.

1ª Observação :

A obra de Eça de Queirós estabelece três fases:

1ª fase1ª fase – Textos iniciais de sua carreira, – Textos iniciais de sua carreira, publicados em folhetins e reunidos em um publicados em folhetins e reunidos em um único volume intitulado “Prosas único volume intitulado “Prosas bárbaras”(1866)bárbaras”(1866)

2ª fase2ª fase – Fase realista inicia-se em 1875 – Fase realista inicia-se em 1875 com a publicação da obra “O crime do com a publicação da obra “O crime do Padre Amaro” e vai até a publicação de Padre Amaro” e vai até a publicação de “Os Maias”(1888)“Os Maias”(1888)

3ª fase3ª fase – Pós realista, na qual destacam-se – Pós realista, na qual destacam-se as obras “A ilustre casa de as obras “A ilustre casa de Ramires”(1900) e “A cidade e as Ramires”(1900) e “A cidade e as Serras(1901)Serras(1901)

2ª Observação:

A Questão Coimbrã

A Questão Coimbrã durou todo o segundo semestre de 1865. Participaram, dentre outros, Antero de Quental, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão e Pinheiro Chagas. Eça de Queirós, embora fizesse parte do grupo coimbrão, não interveio na polêmica

Era, na verdade, uma reação do velho contra o novo, do conservadorismo contra o progresso,da literatura de salão contra a literatura viva e atuante exigida pelos novos tempos.

As conferências do Cassino e a geração de 70

Por volta de 1870, e tendo já concluído os estudos universitários em Coimbra, o grupo de amigos se reencontra em Lisboa e passa a travar debates acerca de renovação cultural portuguesa. A volta de Antero de Quental – que estivera na França e na América – dinamiza essas reuniões, que passam a contar com leituras sistematizadas e a ter um objetivo definido. Como resultado desse esforço, nasce a iniciativa ambiciosa das Conferências Democráticas, que visavam à reforma da sociedade portuguesa.

Essas conferências eram realizadas no Cassino Lisbonense, provocando escândalo. Depois de proferidas cinco conferências – duas de Antero e um de Eça de Queirós - , o governo proíbe a continuidade do ciclo , alegando que os oradores suscitavam “doutrinas e proposições que atacavam a religião e as instituições do Estado”. Apesar da censura, o Realismo já era vitorioso em Portugal, e a partir de então se colheriam seus melhores frutos.