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O ECO B3 LENÇÓIS PAULISTA, SÁBADO, 11 DE JUNHO DE 2011 REGIONAL HABITACÃO CIDADE DÉFICIT EM CONSTRUÇÃO OU PREVISTAS Lençóis Paulista 3.475 521 Agudos 600 60 Areiópolis 590 141 Borebi 400 94 Pederneiras 1.500 424 TOTAL 6.565 1.240 (*Macatuba não forneceu os dados oficiais) Longa espera Déficit habitacional na região passa de 6,5 mil moradias, o equivalente a Macatuba e Areiópolis somados; levantamento indica que 8 em cada 10 famílias ficam na fila da casa própria nos próximos anos VITOR GODINHO O sonho de sair do alu- guel e conquistar a casa pró- pria ainda está distante de se realizar para cerca 6,5 mil famílias na região em que O ECO circula. O dado aparece em um levantamento feito pe- lo jornal junto às prefeituras de Lençóis Paulista, Agudos, Areiópolis, Borebi e Pedernei- ras. Macatuba não tem dados oficiais sobre o déficit habita- cional. Enquanto esperam na fila, famílias inteiras moram de aluguel e pagam valores altos (já que a demanda por moradia é alta em todas as cidades) ou improvisam em cômodos na casa de pais, pa- rentes e amigos. Considerando o tamanho médio da família brasileira, de quatro pessoas, o déficit habi- tacional na região equivale a uma cidade de 26 mil habi- tantes. É a população de Ma- catuba e Areiópolis somadas. Os dados são motivos de preocupação para prefeitos e gestores das áreas sociais dos governos locais. O levan- tamento feito pelo O ECO junto às prefeituras da região mostra que estão previstas ou em construção apenas 1.240 moradias populares, voltadas à camada da população que mais depende da ajuda do po- der público para equacionar seus problemas. Considerando o déficit de 6.565 moradias e a oferta é de apenas 1.240 casas em construção ou em projeto, a solução do problema está próxima apenas para 19% das famílias que aguardam na fi- la de espera. O que significa que, no curto prazo, de cada 10 famílias na fila da casa pró- pria apenas, apenas duas têm a perspectiva de conseguir as chaves do imóvel. MAIORES Lençóis e Pederneiras, até pelo porte das duas cidades, acumulam os maiores déficits habitacionais da região. Len- çóis, com 61 mil habitantes, tem déficit habitacional de 3.475 moradias. O dado é da Diretoria de Plane- jamento da Prefeitu- ra e serve de base para orientar ações do governo no combate ao problema ha- bitacional. Já em Pederneiras, cidade com 41 mil habitantes, o déficit informado pela Pre- feitura é de 1,5 mil casas. Em Agudos, município de 34,5 mil moradores, o ex-pre- feito e diretor de Obras, Car- los Octaviani, diz que o dé- ficit atual de residências está entre 500 e 600 unidades. No entanto, o cadastro social da Prefeitura aberto para receber interessados em moradia popular é de 3 mil pessoas. O diretor diz que o número 3 mil é superestimado, porque nada impede que várias mem- bros da uma mesma família se inscrevam no programa. Em Borebi, o arquiteto da diretoria de Obras, Antonio Augusto Del Rio, in- forma que a cidade tem déficit de aproximada- mente 400 residências. “Veja bem, aqui todas as pessoas têm moradia, não há pessoas morando na rua, por exem- plo. Mas muitas vivem de alu- guel e buscam uma casa pró- pria. Como existe uma procu- ra maior que a demanda, es- sas pessoas acabam pagando valores altos para alugar uma casa”, explica o arquiteto. O prefeito José Pio de Oliveira (PT), o Peixeiro, informa que o déficit atual de Areiópolis é de 590 moradias. Peixeiro ad- mitiu que combater o proble- ma é um desafio constante. “A questão de moradia, a gente sempre pede. Em todo encon- tro com membros do governo a gente toca no assunto. Acabar com o déficit é difícil”, avalia. José Aurélio Paschoal, che- fe de Gabinete do prefeito Co- olidge Hercos Junior, de Maca- tuba, informou que o municí- pio não tem levantamento do déficit atual do município. As prefeituras da região informaram que, embora os déficits de moradias estejam altos, há obras ou projetos em andamento para melhorar as condições de habitabilidade de suas populações. Em Len- çóis Paulista, por exemplo, o diretor de Planejamento e Urbanismo, Luiz Carlos Bap- tistella, informou que existem 521 casas previstas ou em an- damento. “Temos 201 casas no conjunto habitacional Ibaté e 20 unidades no distrito de Al- fredo Guedes. Já temos apro- vado junto à CDHU (Compa- nhia de Desenvolvimento e Habitação Urbana) o núcleo Lençóis Paulista E, com mais 41 casas. Neste caso, as vítimas da enchente terão prioridade no financiamento”, anuncia. A prefeita Bel Lorenzetti (PS- DB) admitiu a dificuldade, mas disse que o governo está com- prometido com a situação da habitação popular. “Suprir esse déficit tem sido uma das metas do governo, apesar de ser um grande desafio. As deficiências são muitas: cumprir os prazos e exigências técnicas, obter recur- sos e terrenos disponíveis, tudo isso lidando com a ansiedade das pessoas que esperam e pre- cisam das casas”, argumentou. Segundo Baptistella, o go- verno municipal tem aprova- do o Lençóis Paulista F, com mais 34 unidades para Alfre- do Guedes e o Lençóis Paulis- ta G, que fica nos fundos do conjunto Ibaté. Ali serão mais 225 residências. “A previsão é iniciar todas essas casas ainda neste ano”, prevê o diretor. O prefeito de Areiópolis, José Pio de Oliveira (PT), o Peixeiro, anuncia que assinou recente- mente termo de compromisso com a CDHU, prevendo a cons- trução de 141 casas no terreno próximo ao bairro Nosso Teto. “O projeto está no Graprohab (Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Es- tado de São Paulo) e estimamos que as obras devam começar em meados de outubro ou novem- bro”, acredita. A assessoria de comuni- cação da Prefeitura de Peder- neiras informou que estão em andamento 162 casas pelo programa Minha Casa, Minha Vida (28 no Distrito de San- telmo, 21 no Distrito de Van- glória e 120 no bairro Maria Elena). A prefeita Ivana Berto- lini Camarinha (PV) assinou, na terça-feira 7, protocolo de intenção com a CDHU para a construção de mais 262 ca- sas populares. Ao todo, estão planejadas ou em andamento 424 casas no município. Em Macatuba, Paschoal disse que não há programa habitacio- nal em andamento. Ele ressaltou que a administração busca solu- ções para o problema que existe. “Nos já temos um compromisso da CDHU para a construção de casas e estamos viabilizando um terreno. Pela falta de terrenos dis- poníveis, os valores estão altos. Estamos negociando uma área e, dentro de um mês, podemos ter novidades”, adiantou. (VG) Prefeituras tentam enfrentar o desafio habitacional DÉFICIT HABITACIONAL NA REGIÃO

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Lençó is Paulis MAIORES Lençóis e Pederneiras, até pelo porte das duas cidades, acumulam os maiores déficits habitacionais da região. Len- çóis, com 61 mil habitantes, tem déficit habitacional de 3.475 moradias. O dado é da 6.56 5 1.24 0 Boreb i DÉFI CIT Areió polis V ITOR G ODINHO TOTA LENÇÓIS PAULISTA, SÁBADO, 11 DE JUNHO DE 2011 3.475 521 600 590 141 400 1.500 424 s oficia 60 94 ta L is)

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O ECO B3LENÇÓIS PAULISTA, SÁBADO, 11 DE JUNHO DE 2011 REGIONAL

HABITACÃO

CIDADEDÉFICIT

EM CONSTRUÇÃO

OU PREVISTAS

Lençóis Paulista3.475

521

Agudos

600

60

Areiópolis590

141

Borebi

400

94

Pederneiras1.500

424

TOTAL

6.565

1.240

(*Macatuba não forneceu os dados oficiais)

Longa esperaDéficit habitacional na região passa de 6,5 mil

moradias, o equivalente a Macatuba e Areiópolis

somados; levantamento indica que 8 em cada 10

famílias ficam na fila da casa própria nos próximos anos

VITOR GODINHO

O sonho de sair do alu-guel e conquistar a casa pró-pria ainda está distante de se realizar para cerca 6,5 mil famílias na região em que O ECO circula. O dado aparece em um levantamento feito pe-lo jornal junto às prefeituras de Lençóis Paulista, Agudos, Areiópolis, Borebi e Pedernei-ras. Macatuba não tem dados oficiais sobre o déficit habita-cional. Enquanto esperam na fila, famílias inteiras moram de aluguel e pagam valores altos (já que a demanda por moradia é alta em todas as cidades) ou improvisam em cômodos na casa de pais, pa-rentes e amigos.

Considerando o tamanho médio da família brasileira, de quatro pessoas, o déficit habi-tacional na região equivale a uma cidade de 26 mil habi-tantes. É a população de Ma-catuba e Areiópolis somadas.

Os dados são motivos de preocupação para prefeitos e gestores das áreas sociais

dos governos locais. O levan-tamento feito pelo O ECO junto às prefeituras da região mostra que estão previstas ou em construção apenas 1.240 moradias populares, voltadas à camada da população que mais depende da ajuda do po-der público para equacionar seus problemas.

Considerando o déficit de 6.565 moradias e a oferta é de apenas 1.240 casas em construção ou em projeto, a solução do problema está próxima apenas para 19% das famílias que aguardam na fi-la de espera. O que significa que, no curto prazo, de cada 10 famílias na fila da casa pró-pria apenas, apenas duas têm a perspectiva de conseguir as chaves do imóvel.

MAIORESLençóis e Pederneiras, até

pelo porte das duas cidades, acumulam os maiores déficits habitacionais da região. Len-çóis, com 61 mil habitantes, tem déficit habitacional de 3.475 moradias. O dado é da

Diretoria de Plane-jamento da Prefeitu-ra e serve de base para orientar ações do governo no combate ao problema ha-bitacional. Já em Pederneiras, cidade com 41 mil habitantes, o déficit informado pela Pre-feitura é de 1,5 mil casas.

Em Agudos, município de 34,5 mil moradores, o ex-pre-feito e diretor de Obras, Car-los Octaviani, diz que o dé-ficit atual de residências está entre 500 e 600 unidades. No entanto, o cadastro social da Prefeitura aberto para receber

interessados em moradia

popular é de 3 mil pessoas. O diretor diz que o número 3 mil é superestimado, porque nada impede que várias mem-bros da uma mesma família se inscrevam no programa.

Em Borebi, o arquiteto da diretoria de Obras, Antonio

Augusto Del Rio, in-

forma que a cidade tem déficit de aproximada-mente 400 residências. “Veja bem, aqui todas as pessoas têm moradia, não há pessoas morando na rua, por exem-plo. Mas muitas vivem de alu-guel e buscam uma casa pró-pria. Como existe uma procu-ra maior que a demanda, es-sas pessoas acabam pagando valores altos para alugar uma casa”, explica o arquiteto.

O prefeito José Pio de Oliveira

(PT), o Peixeiro, informa que o déficit atual de Areiópolis é de 590 moradias. Peixeiro ad-mitiu que combater o proble-ma é um desafio constante. “A questão de moradia, a gente sempre pede. Em todo encon-tro com membros do governo a gente toca no assunto. Acabar com o déficit é difícil”, avalia.

José Aurélio Paschoal, che-fe de Gabinete do prefeito Co-olidge Hercos Junior, de Maca-tuba, informou que o municí-pio não tem levantamento do déficit atual do município.

As prefeituras da região informaram que, embora os déficits de moradias estejam altos, há obras ou projetos em andamento para melhorar as condições de habitabilidade de suas populações. Em Len-çóis Paulista, por exemplo, o diretor de Planejamento e Urbanismo, Luiz Carlos Bap-tistella, informou que existem 521 casas previstas ou em an-damento. “Temos 201 casas no conjunto habitacional Ibaté e 20 unidades no distrito de Al-

fredo Guedes. Já temos apro-vado junto à CDHU (Compa-nhia de Desenvolvimento e Habitação Urbana) o núcleo Lençóis Paulista E, com mais 41 casas. Neste caso, as vítimas da enchente terão prioridade no financiamento”, anuncia.

A prefeita Bel Lorenzetti (PS-DB) admitiu a dificuldade, mas disse que o governo está com-prometido com a situação da habitação popular. “Suprir esse déficit tem sido uma das metas do governo, apesar de ser um

grande desafio. As deficiências são muitas: cumprir os prazos e exigências técnicas, obter recur-sos e terrenos disponíveis, tudo isso lidando com a ansiedade das pessoas que esperam e pre-cisam das casas”, argumentou.

Segundo Baptistella, o go-verno municipal tem aprova-do o Lençóis Paulista F, com mais 34 unidades para Alfre-do Guedes e o Lençóis Paulis-ta G, que fica nos fundos do conjunto Ibaté. Ali serão mais 225 residências. “A previsão é

iniciar todas essas casas ainda neste ano”, prevê o diretor.

O prefeito de Areiópolis, José Pio de Oliveira (PT), o Peixeiro, anuncia que assinou recente-mente termo de compromisso com a CDHU, prevendo a cons-trução de 141 casas no terreno próximo ao bairro Nosso Teto. “O projeto está no Graprohab (Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Es-tado de São Paulo) e estimamos que as obras devam começar em meados de outubro ou novem-

bro”, acredita.A assessoria de comuni-

cação da Prefeitura de Peder-neiras informou que estão em andamento 162 casas pelo programa Minha Casa, Minha Vida (28 no Distrito de San-telmo, 21 no Distrito de Van-glória e 120 no bairro Maria Elena). A prefeita Ivana Berto-lini Camarinha (PV) assinou, na terça-feira 7, protocolo de intenção com a CDHU para a construção de mais 262 ca-sas populares. Ao todo, estão

planejadas ou em andamento 424 casas no município.

Em Macatuba, Paschoal disse que não há programa habitacio-nal em andamento. Ele ressaltou que a administração busca solu-ções para o problema que existe. “Nos já temos um compromisso da CDHU para a construção de casas e estamos viabilizando um terreno. Pela falta de terrenos dis-poníveis, os valores estão altos.Estamos negociando uma área e, dentro de um mês, podemos ter novidades”, adiantou. (VG)

Prefeituras tentam enfrentar o desafio habitacional

DÉFICIT HABITACIONAL NA REGIÃO