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  • ECOPRODUTOS E ECODESIGN: UMA SUGESTO PARA REVESTIMENTOS CERMICOS

    Cssio Vanderlind2, Fernanda de Oliveira2, Paula Bianchini2, Renata de Fveri Mattei2 , Sandra Tassi Mondardo1,3 e Eduardo Boselo Ponciano1,3

    1 - Instituto Maximiliano Gaidzinski 2 - Alunos do Colgio Maximiliano Gaidzinski

    3 - Eliane Revestimentos Cermicos Cocal do Sul - SC

    RESUMO Este trabalho apresenta os conceitos bsicos de ecoprodutos e ecodesign bem como as mudanas necessrias para que uma indstria cermica se adeqe ao ramo dos econegcios, propondo idias e solues que aliem progresso com responsabilidade social.

    Palavras-chaves: Ecodesign, ecoprodutos, indstria cermica.

    1. INTRODUO

    A partir do momento que conseguiu controlar o fogo, o homem comeou a dominar inocentemente a natureza. Mas foi a partir das revolues industriais que este domnio consolidou-se em agresses mais constantes.

    Segundo o dicionrio Aurlio, natureza a ... fora ativa que estabelece e conserva a ordem natural de tudo quanto existe.... Esta fora vive em perfeita harmonia com os seres vivos oferecendo-lhe todas as condies necessrias para a sobrevivncia, mas a partir do momento que o homem toma em suas mos as rdeas do mundo, desequilibra um delicado ciclo no qual esto envoltos diversos ecossistemas. O homem seno, ento, uma pobre vtima de seus prprios atos.

    Diante disso, a sociedade mundial tem tomado conscincia desta degradao desenfreada que vem sofrendo o meio ambiente. Assim, vrias organizaes tm levado assemblias, a opinio publica, e o mercado teve que se adequar a um ramo de negcios onde se oferecem produtos que

    solucionem ou minimizem os impactos ambientais.

    Devido a esta crescente conscientizao e preocupao, a indstria cermica tenta, cada vez mais, renovar os seus produtos em esttica e qualidade, visando diminuir os impactos ambientais que vem causando.

    O objetivo principal deste trabalho propor idias para adequar, futuramente, este segmento ao ramo dos econegcios, visto a importncia e a influencia deste mercado, nas relaes comerciais.

    2. Fundamentao terica

    2.1.Ecodesign

    O desafio do sculo XXI evitar ou minimizar os impactos adversos de todos os produtos no meio ambiente. Como qualquer desafio, este constitui tanto uma demanda quanto uma oportunidade.

    Entende-se por ecodesign todo o processo que contempla os aspectos ambientais em todos os estgios de desenvolvimento de um produto, colaborando para reduzir o impacto

  • ambiental durante seu ciclo de vida. Isto significa reduzir a gerao de lixo e economizar custos de disposio final.

    O ecodesign tem como objetivo a concepo de produtos que sejam mais respeitosos com o meio ambiente, ou seja, que causem o menor impacto ambiental negativo possvel.

    Representa a materializao de uma estratgia de incio de processo. A reside a principal diferena de enfoque. A postura atual no mundo ainda considerar a entrega do produto ao consumidor como o final da responsabilidade da empresa. Entretanto, isso est mudando.

    Posteriormente, devemos pensar que o ecodesign pode ajudar a suprir (em muitos casos) a falta de informaes e preparo do pblico em geral a respeito de procedimentos ambientalmente corretos.

    2.2.Ecoprodutos

    Ecoprodutos ou produtos ecolgicos so artigos e/ou bens de consumo elaborados sem agredir o meio ambiente e a sade dos seres vivos, a partir do uso de matrias-primas naturais renovveis ou naturais no-renovveis, mas reaproveitveis, recicladas ou que impactem o ambiente o mnimo possvel durante seu processo de fabricao e ps-uso. Pode-se gerar um ecoproduto atravs do ecodesign ou redesenho de um produto para torn-lo ecologicamente correto.

    O conceito global de ecoproduto o mesmo para qualquer segmento industrial. Entretanto, o enquadramento se torna diferenciado para cada um destes, pois utilizam sistemas diferentes em seus processos produtivos.

    Para alguns segmentos, ecoprodutos, so considerados aqueles que produzem rejeitos reutilizveis. Para outros, so aqueles que no geram rejeitos, ou ainda, so aqueles que provm da recuperao de produtos degradados ou rejeitos.

    Na indstria cermica, por exemplo, pode-se gerar um ecoproduto proveniente do aproveitamento dos rejeitos (quebras, resduos de lavagem, etc.).

    Abaixo, sero apresentadas algumas caractersticas determinantes dos ecoprodutos e algumas de suas aplicaes na indstria cermica:

    Produo no-poluidora e material no-txico: durante o processo de produo no pode haver danos ao meio ambiente e sade dos funcionrios e os materiais utilizados para a fabricao do mesmo no podem ser txicos;

    Recuperao e reutilizao de resduos: se o processo de fabricao gerar resduo ou rejeito, estes devem ser reaproveitados;

    No produz impacto ou danos s espcies em extino;

    Baixo consumo de energia: durante a fabricao, uso, disposio e disperso deve-se aumentar a eficincia da utilizao da energia, dando prioridade s fontes de energia renovveis.

    Uso de matrias-primas naturais renovveis ou naturais no-renovveis que impactem o mnimo possvel ao meio ambiente. Preferencialmente os materiais utilizados devem estar o mais prximo possvel de seu estado natural para que sejam facilmente recuperados.

    Embalagem mnima ou nula: utilizando papel reciclado ou embalagem retornvel. As embalagens maiores reduzem o total de embalagens para um mesmo produto, diminuindo tambm a probabilidade de gerao de lixo. A reutilizao, por sua vez, precede a reciclagem, pois quem reutiliza, no s poupa matria-prima, como tambm poupa energia.

    Perodo longo de uso, permitindo atualizaes: ou seja, aumentar a durabilidade do produto para que se possa consumir por mais tempo;

    A forma mais segura de identificar um ecoproduto atravs dos Selos Verdes. Selo de adeso voluntria que implica principalmente nas relaes de comrcio exterior e atesta ao consumidor que tal produto passou por uma anlise criteriosa e que atende aos requisitos de um produto ecolgico. No Brasil so emitidos por organizaes reconhecidas como as ONGs e a ABNT.

  • 3. Anlise dos Processos cermicos

    Analisando a linha de produo das unidades fabris das Empresas Eliane Revestimentos Cermicos, e tendo como base os quesitos bsicos para a concepo de um Ecoproduto, percebeu-se a existncia de trs fontes de perdas nos processos produtivos que geram impactos ambientais: a conformao do p atomizado, a linha de esmaltao e as quebras de peas.

    Conformao do p atomizado: no momento em que as placas cermicas recebem forma, existe uma grande liberao de poeira. Esta se espalha por toda a linha de produo afetando as demais reas como, por exemplo, a esmaltao, onde o alojamento do p sobre a pea acarreta irregularidade em sua superfcie podendo ocasionar danos estticos ao produto final. O contato contnuo, dos funcionrios das unidades, com esta poeira, pode ocasionar problemas de sade como renite alrgica. O que se tem feito com grande eficincia, filtrar o ar poludo por filtros de mangas e liber-lo ao ambiente depois de separado e armazenado o p.

    Esmaltao: dos processos cermicos, o que mais ocasiona perdas, visto o custo, tanto na compra, quanto na recuperao de efluentes. Neste processo, parte do esmalte que escorre pela campana, e no aplicado sobre a pea, e no pode ser recuperado devido decantao do mesmo. O esmalte cermico constitudo por fritas e elementos qumicos, sendo alguns txicos. Na lavagem da linha de produo este esmalte, ao entrar em contato com a gua, vai para as canaletas. A gua, que contm materiais poluentes precisa receber um tratamento especial, passando pela ETE (Estao de Tratamento de Efluentes), que pertence e custeada pela prpria empresa. A maior parte dos efluentes lquidos gerados pela indstria, provm da esmaltao.

    Quebra de peas: este pode ser considerado uma exceo, visto que no h nenhuma perda quanto s quebras de peas decorrentes de falhas nas linhas de produo e da inexistente

    resistncia mecnica antes de queimado.

    O biscoito, ou corpo cermico, quando sem nenhuma aplicao, est totalmente isento de materiais poluentes e suas quebras podem ser reutilizadas na produo de chamote. As peas quebradas so remodas, em moinhos de martelo e entram novamente na dosagem da massa para preparao do corpo cermico.

    Durante algum tempo, hesitou-se o uso de peas j esmaltadas na preparao deste, devido alta reatividade dos xidos presentes no esmalte. Hoje voltou-se a utilizar tambm peas com a camada vtrea, para sua produo.

    Uma quantidade limitada de chamote tambm utilizada na fabricao de bolas de alta alumina para que no afete a resistncia das bolas e vm estudando-se a possibilidade de seu uso em argamassas.

    4. SOLUES

    Tendo como objetivo propor solues de melhorias para que as Empresas Eliane Revestimentos Cermicos adaptem-se s exigncias do consumidor verde e, tendo visto a anlise do processo cermicos e a constatao das principais fontes de perdas e danos a natureza, conhecendo as caractersticas determinantes de um ecoproduto, sugere-se aqui solues para tais problemas, sendo estas:

    Substituir o esmalte cermico, produto txico, por um material alternativo no-poluente; as resinas: secrees viscosas extradas de fontes vegetais, animais e minerais. Como estas necessitam de muita energia para secarem por si s, precisam ser modificadas por um agente de cura, o catalisador. Este acelera a secagem por fornecer energia suficiente para a reao.

    Algumas caractersticas que estas possuem em comum com o esmalte so: Nivelamento de superfcie; Resistncia gua; Resistncia qumica, fsica e mecnica; Desenvolvimento da cor;

  • Aderncia; Dentre as possveis secagens temos: a temperatura ambiente, onde necessrio maior combinao de agente de cura; e estufa, que acelera a secagem ocorrendo at em milsimos de segundo.

    Utilizar quebras para produo de um novo produto cermico; pastilhas: As pastilhas so complementos utilizados para compor com peas cermicas. Podem ser de cermica, vidro, materiais alternativos como coco, e materiais exticos como chifre. considerada produto nobre j que agrega auto valor de custo no mercado.

    A partir de quebras de biqueima (15x15) da unidade I das Empresas Eliane Revestimentos Cermicos, desenvolveu-se pastilhas cermicas. As peas destinadas produo de chamote, foram cortadas em tamanho desejado (5x5), serigrafadas e receberam uma aplicao de granilha. As granilhas so pequenos gros de vidro modos que possuem uma granulometria menor, podem ser usadas para efeitos de textura ou de relevo. Por fim, as peas foram queimadas por forno a rolo uma temperatura de 980 C.

    5. CONCLUSO

    Com este trabalho, pode-se concluir que na indstria cermica h, ainda, muitos setores que causam danos natureza. Analisando os processos de produo verificou-se que a esmaltao geradora da maioria dos resduos poluidores e txicos da empresa. importante e fundamental a conscientizao das degradaes sofridas pelo meio ambiente.

    Entretanto, a relao da adequao tanto da empresa quanto do consumidor uma tica ambiental, levar algum tempo, pelo fato do consumidor estar adepto a um padro de produtos.

    A substituio do esmalte cermico por outro material seria uma alternativa estratgica e ao mesmo tempo fundamental, visto que tal material ter de possuir as mesmas caractersticas do vidrado. Substituir o mesmo por um material alternativo implicaria no aumento ou na diminuio de custos,

    alm da qualidade e esttica do produto. Porm, tendo em vista as exigncias do Ecomercado, esses fatores so minimizados.

    Assim, com uma linha de ecoprodutos no mercado , a empresa satisfar interesses prprios, atendendo ao mercado que exige esses produtos com material alternativo no-poluente, como a utilizao de resinas, atraindo, portanto, o interesse em toda a indstria, alm de preservar nosso ecossistema.

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALLEGRETTI, Carla Andrea Lopes. Qualidade, produtividade e meio ambiente: uma proposta para o desenvolvimento de um revestimento cermico livre de chumbo. PPGEP, Dissertao de Mestrado. Santa Maria: 2004. 49p.

    FINGERHUT, Ruth. Ecocultura. Disponvel em:.Acesso em: 26 jul. 2005.

    MAIMON, Dlia. Passaporte Verde: Gesto Ambiental e Competitividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1996. 111p.

    MERA, Antonio Chamarro. El Marketing Ecolgico. Disponvel em:

    . Acesso em: 11 setembro 2005.

    PONCIANO, Eduardo Boselo. Substituio de Corantes Especiais de Terceira Queima por Corantes do Kit Max Eliane. Trabalho de Concluso de Curso TCC. Tubaro: 2004. 97p.

    PREMIO ECODESIGN. Disponvel em: . Acesso em: 13 setembro 2005.

  • Sandra Tassi Mondardo Professora do Colgio Maximiliano Gaidzinski Pedagoga - UNESC, 1991

    Eduardo Boselo Ponciano Professor do Colgio Maximiliano Gaidzinski Engenheiro Qumico - UNISUL, 2005 Tcnico de Cermica - CMG, 2000