41
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICA ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS MAIS ABUNDANTES DE GALINHOS/RN RODRIGO HERCULANO SIMPLÍCIO LEMOS NATAL – RN 2006

ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

  • Upload
    others

  • View
    9

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICA

ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS MAIS ABUNDANTES DE GALINHOS/RN

RODRIGO HERCULANO SIMPLÍCIO LEMOS

NATAL – RN 2006

Page 2: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

ii

RODRIGO HERCULANO SIMPLÍCIO LEMOS

ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS MAIS ABUNDANTES DE GALINHOS/RN

Orientador: Prof. Dr. Aldemir Gomes Freire DOL / CB / UFRN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Bioecologia Aquática do

Departamento de Oceanografia e Limnologia,

do Centro de Biociências da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como parte

dos requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Bioecologia Aquática.

NATAL – RN 2006

Page 3: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),
Page 4: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

AGRADECIMENTOS

Ao Profº DR. Aldemir Gomes Freire, pela orientação, disponibilidades,

paciência, incentivo e confiança demonstradas à mim durante toda minha vida

acadêmica até a realização deste trabalho, e que durante cinco anos de

convivência, sempre me ajudou de qualquer forma, e hoje, antes de tudo,

tenho-o como um grande amigo.

A Profª Drª Sathyabama Chellapa, pelo incentivo na realização deste

trabalho e também pela sua ajuda, correções e sugestões, demonstrando

sempre ética, conhecimento e disciplina.

Ao Profº Dr. Wagner Franco Molina, pela ajuda, correções e sugestões

para o enriquecimento do presente trabalho.

Ao professores do Programa de Pós-Graduação em Bioecologia

Aquática, e colegas de mestrado.

Ao Profº Dr. Jorge Eduardo Lins pelo auxílio dado nos primeiros

passos do trabalho, pelo laboratório e material cedido para a análise dos dados

adquiridos neste trabalho.

Aos meus pais, pelo exemplo de vida, batalha, persistência, tolerância,

amor e pelo constante apoio, os quais sem eles não estaria aqui.

As minhas irmãs e queridos sobrinhos, por estarem comigo, me

trazendo muitos momentos felizes.

Em especial à minh anamorada Maria Beatriz (Bia), pelo seu amor,

companheirismo, paciência, compreensão, sorrisos, olhares, enorme apoio e

incentivo. Por todos os momentos que me proporciona, por estar comigo não

importando como e quando, por ser parte d eminha vida, meu sangue, meu

combustível, minha alma, sendo uma pessoa infinitamente única para mim.

Aos meus amigos adquiridos em todo decorrer do curso de Ciências

Biológicas e do Mestrado, os quais não preciso descrever, pois os mesmo

sabem quem são, pelo companheirismo, grande amizade, por me ajudarem em

todo desenrolar do trabalho.

À Marco Túlio, vulgo “The Calling”, colega que fez parte do Laboratório

de Ecologia Numérica e Aqüicultura Sustentável.

Page 5: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

Ao José “Sgt.” Garcia pela amizade formada, e ajuda com os dados,

material, conhecimento e disponibilidade para sempre contribuir, o meu muito

obrigado.

A todos que diretamente ou indiretamente fizeram parte desse trabalho

e ao CNPQ pelo apoio financeiro.

E o meu muito obrigado a Jah por me iluminar em todos os momentos.

Page 6: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

iii

RESUMO

A Ecomorfologia fundamenta-se na idéia de que as diferenças morfológicas

existentes entre as espécies podem estar associadas à ação de diferentes

pressões ambientais e biológicas por elas sofridas. Estas diferenças podem ser

estudadas através do emprego de índices morfo e biométricos denominados

atributos ecomorfológicos, representando padrões que expressam

características do indivíduo em relação ao seu meio e podem ser interpretados

como indicadores de hábitos de vida ou de adaptações das espécies à

ocupação de diferentes habitats. Este trabalho tem como objetivo contribuir

para o conhecimento ecomorfológico da ictiofauna marinha brasileira,

especificamente no litoral do Rio Grande do Norte, no município de Galinhos

através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às

famílias Gerreidae (Eucinostomus argenteus), Haemulidae (Orthopristis ruber,

Pomadasys corvinaeformis, Haemulon aurolineatum, Haemulon plumieri,

Haemulon steindachneri), Lutjanidae (Lutjanus synagris), Paralichthyidae

(Syacium micrurum), Bothidae (Bothus ocellatus) e Tetraodontidae

(Sphoeroides testudineus), que foram obtidas em 5 coletas por meio de três

malhos (arrasto), entre o período de setembro/2004 a abril/2005. O estudo

ecomorfológico foi realizado em laboratório, através das medidas de 8 a 10

exemplares de cada espécie, e realizado 17 medidas morfométricas e delas

calculado 12 atributos ecomorfológicos. Para identificar padrões

ecomorfológicos que descrevem o conjunto de dados analisados foram

utilizados os métodos estatísticos de análise multivariada como análise de

componentes principais (PCA) e análise de agrupamento (Cluster Analysis).

Como resultados obtiveram-se H. aurolineatum como maior representante com

26,16% e S. testudineus o menor com 0,23% de indivíduos. O 1º Componente

Principal com 60,03% da variação teve influência de atributos ecomorfológicos

relacionados à morfologia do corpo, e o 2º CP com 23,25% teve influência dos

atributos ecomorfológicos relacionados à morfologia bucal. O cluster

proporcionou a identificação de 3 grupos, um pertencente a família dos

Perciformes, um dos Pleuronectiformes e um dos Tetraodontiformes. Os dados

foram analisados, diferenciando as espécies por seus caracteres morfológicos,

os quais indicaram espécies habitantes de regiões medianas (E. argenteus, O.

ruber, P. corvinaeformis, H. aurolineatum, H. plumieri, H. steindachneri, L.

synagris) e de fundo (S. micrurum, B. ocellatus, S. testudineus) da coluna

d’água.

Palavras-chave: Ecomorforlogia. Peixes marinhos. Análise-Multivariada.

Page 7: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

iv

ABSTRACT

Ecomorphology is a science based on the idea that morphological differences

among species could be associated with distinct biological and environmental

pressures suffered by them. These differences can be studied employing

morphological and biometric indexes denominated “Ecomorphological

attributes”, representing standards that express characteristics of the individual

in relation to its environment, and can be interpreted as indicators of life habits

or adaptations suffered due its occupation of different habitats. This work aims

to contribute for the knowledge of the ecomorphology of the Brazilian marine

ichthyofauna, specifically from Galinhos, located at Rio Grande do Norte state.

10 different species of fish were studied, belonging the families Gerreidae

(Eucinostomus argenteus), Haemulidae (Orthopristis ruber, Pomadasys

corvinaeformis, Haemulon aurolineatum, Haemulon plumieri, Haemulon

steindachneri), Lutjanidae (Lutjanus synagris), Paralichthyidae (Syacium

micrurum), Bothidae (Bothus ocellatus) and Tetraodontidae (Sphoeroides

testudineus), which were obtained during five collections, in the period time of

September/2004 to April/2005, utilizing three special nets. The

ecomorphological study was performed at the laboratory. Eight to ten samples

of each fish specie were measured. Fifteen morphological aspects were

considered to calculate twelve ecomorphological attributes. Multivariate

statistical analysis methods such as Principal Component Analysis (PCA) and

Cluster Analysis were done to identify ecmorphological patterns to describe the

data set obtained. As results, H. aurolineatum was the most abundant specie

found (23,03%) and S. testudineus the less one with 0,23%. The 1st Principal

component showed variation of 60,03% with influence of the ecomorphological

attribute related to body morphology, while the 2nd PC with 23,25% variation

had influence of the ecomorphological attribute related to oral morphology. The

Cluster Analiysis promoted the identification of three distinct groups

Perciformes, Pleuronectiformes and Tetraodontiformes. Based on the obtained

data, considering morphological characters differences among the species

studied, we suggest that all of them live at the medium (E. argenteus, O. rubber,

P. corvinaeformis, H. aurolineatum, H. plumieri, H. steindachneri, L. synagris)

and bottom (S. micrurum, B. ocellatus, S. testudineus) region of column water.

Palavras-chave: Ecomorphology. Marine Fishes. Multivariate Analysis.

Page 8: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Dez espécies mais abundantes coletados em rede de arrasto e suas respectivas amplitudes de comprimento, no município de Galinhos/RN...........................................

13

Tabela 2. Dados Morfométricos da espécie selecionada O. ruber no município de Galinhos/RN........................................... 14

Tabela 3. Dados Morfométricos da espécie selecionada E. argenteus no município de Galinhos/RN............................ 14

Tabela 4. Dados Morfométricos da espécie selecionada H. steindachneri no município de Galinhos/RN...................... 14

Tabela 5. Dados Morfométricos da espécie selecionada H. plumieri no município de Galinhos/RN............................... 14

Tabela 6. Dados Morfométricos da espécie selecionada H. aurolineatum no município de Galinhos/RN..................... 15

Tabela 7. Dados Morfométricos da espécie selecionada S. micrurum no município de Galinhos/RN........................... 15

Tabela 8. Dados Morfométricos da espécie selecionada S. testudineus no município de Galinhos/RN........................ 15

Tabela 9. Dados Morfométricos da espécie selecionada B. ocellatus no município de Galinhos/RN............................ 15

Tabela 10. Dados Morfométricos da espécie selecionada P. corvinaeformis no município de Galinhos/RN.................. 15

Tabela 11. Dados Morfométricos da espécie selecionada L. synagris no município de Galinhos/RN.............................. 16

Tabela 12. Análise dos Componentes principais das amostras das dez espécies estudadas ...................................................... 18

Page 9: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização do Município de Galinhos/RN........................ 05

Figura 2. Frota pesqueira do município de Galinhos/RN utilizados na coleta.............................................................. 06

Figura 3. Medidas morfológicas......................................................... 08

Figura 4. Atributos ecomorfológicos das espécies de Galinhos/RN.A...................................................................... 16

Figura 5. Atributos ecomorfológicos das espécies de Galinhos/RN.B...................................................................... 17

Figura 6. Distribuição dos escores das espécies no espaço dos dois primeiros componentes principais............................ 19

Figura 7. Dendograma mostrando o agrupamento das espécies estudadas em Galinhos/RN................................................ 20

Page 10: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

vii

SUMÁRIO

Resumo.......................................................................................................... iii

Abstract.......................................................................................................... iv

Lista de Tabelas.............................................................................................. iv

Lista de Figuras............................................................................................. v

1. INTRODUÇÃO........................................................................................ 01

2. OBJETIVOS............................................................................................ 04

3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 05

3.1. Área de estudo.............................................................................. 05

3.2. Coleta das amostras..................................................................... 06

3.3. Identificaçâo das espécies........................................................... 06

3.4. Dados morfométricos................................................................... 07

3.5. Atributos ecomorfológicos.......................................................... 09

3. 6 análise estatística dos dados...................................................... 10

4. RESULTADOS....................................................................................... 11

5. DISCUSSÃO........................................................................................... 21

6. CONCLUSÃO......................................................................................... 23

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 24

Page 11: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

1

ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS

MAIS ABUNDANTES DE GALINHOS/RN

1. INTRODUÇÃO

A pesca de arrasto, utilizada para a captura de camarões peneídeos e

peixes demersais, captura um grande número de organismos considerados

fauna acompanhante, dentre os quais várias espécies de peixes demersais e

semi-demersais (Vendeville, 1990). Uma grande parcela dessa fauna

acompanhante é composta de peixes de pequenos porte com menos de 15 cm

ou 100g, a qual é rejeitada a bordo por não possuir valor comercial e devolvida

ao mar morta ou com poucas chances de sobrevivência (Alverson et al. 1994).

O conhecimento relativo às estratégias do ciclo de vida de componentes

da fauna acompanhante é fundamental para o estabelecimento de medidas

ordenadoras propiciando a manutenção dos estoques e a exploração de novos

recursos (Alverson et al. 1994). A capacidade de sustentação de uma

população perante a pesca é proporcional a sua abundância e suscetividade de

ser capturada, que por sua vez estão relacionadas às estratégias de ciclo de

vida utilizadas pela espécie. Assim espécies componentes da fauna

acompanhante podem ser mais sujeitas a sobrepesca que a espécie-alvo.

Com os estoques de pescado cada vez mais escassos nos oceanos, é de

vital importância o conhecimento de espécies, principalmente no estado do Rio

Grande do Norte, devido a apresentar uma extensa região costeira com

aproximadamente 400 km² (IBGE, 2005) e muitas cidades litorâneas que

dependem da pesca, tanto industrial, com pequena parcela, como artesanal,

principalmente.

Os peixes, por participarem ativamente na estrutura das comunidades

através dos processos de predação, competição e territorialidade, são

membros importantes do ambiente marinho (Menge e Sutherland, 1976) e

constituem o maior número de vertebrados, com cerca de 24.000 espécies

(Nelson, 1994).

Page 12: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

2

No que se diz respeito ao ambiente marinho, apesar de parecer uma

grande massa de água homogênea, este encontra-se horizontalmente dividido

em duas grandes zonas: a província Nerítica que esta sobre a plataforma

continental e o mar aberto ou província Oceânica que corresponde às grandes

profundidades. E verticalmente o ambiente marinho está dividido em: zona

Epipelágica, que alcança até a profundidade da plataforma continental (200m);

zona Mesopelágica que vai dos 200m até 1000m de profundidade; a zona

Batipelágica que vai dos 1000m até 4000m de profundidade; a zona

Abissopelagica que esta abaixo dos 4000m de profundidade; e, finalmente, a

mais profunda zona dos oceanos que se encontra abaixo dos 6000m de

profundidade, a zona Hadopelágica (Tait, 1981).

Essas subdivisões apresentam características físicas, químicas e

geológicas diferentes, estas que interferem nos tipos de organismos que

possam habitar estas áreas.

As comunidades presentes nestes ambientes diversificados apresentam

estruturas morfológicas específicas, o que aumenta suas chances de sucesso

na ocupação do nicho e o fitness (aptdão), estando intimamente relacionado

com sua história evolutiva.

Segundo Freire (1997), em função do desenvolvimento, otimização e

conseqüente aproveitamento de seus nichos ecológicos, os peixes

desenvolveram complexas estruturas sensoriais, de locomoção, de reprodução

e respiração, como resultado de uma longa evolução histórica. Sua alta

diversidade e seus múltiplos estágios de vida têm proporcionado um campo

fértil para o estudo da relação entre forma e função.

Componentes morfológicos são importantes para entender a estrutura de

uma comunidade, já que representam adaptações aos mais variados

componentes ecológicos, como a estrutura do habitat (Pounds, 1988;

Vanhooydonck, van Damme & Aerts, 2000; Vitt, Caldwell, Zani & Titus, 1997) e

o comportamento (Irschick, 2002). A Ecomorfologia fundamenta-se na idéia de

que as diferenças morfológicas existentes entre as espécies podem estar

associadas a pressões ambientais e biológicas por elas sofridas (Irschick &

Losos, 1999). Essa área do conhecimento leva em consideração as relações

entre fatores ambientais, bióticos e a morfologia dos peixes (Motta & Kotrschal,

1995). Os atributos ecomorfológicos, segundo Wainwright & Richard (1995),

Page 13: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

3

podem demonstrar padrões de relação entre a morfologia de peixes e o uso

dos recursos do ambiente, e de acordo com Watson & Balon (1984), estes

atributos são a natureza do volume do nicho ocupado pela taxocenose.

O município de Galinhos/RN, localizado no litoral setentrional do RN, é

submetido à instabilidade morfológica e elevada sensibilidade ambiental da

região costeira e pela concentração de atividades socioeconômicas, como as

indústrias petrolífera, salineira e de carcinicultura (Lima, 2004). A diversidade

biológica ictiofaunística e a estabilidade dessa comunidade ao longo do tempo,

associado à carência de informações ecológicas dos habitats existentes,

escassez de trabalhos na área de ecomorfologia (por tratar-se de uma área

recente da ecologia de peixes) e o alto endemismo das espécies de peixes

marinhos, leva-nos a propor este tipo de pesquisa, que será de fundamental

importância na caracterização ecológica das espécies, através da sua

morfologia, tanto no aspecto preservacionista como de valor cênico para região

objeto de estudo, identificando assim seus diversos nichos ecológicos.

Page 14: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

4

2. OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivos caracterizar os atributos

ecomorfológicos das espécies de peixes marinhos existentes no município de

Galinhos/RN, Brasil, e associá-las ao seu modo de vida, através de

características morfológicas, utilizando análise multivariada (Análise de

Componentes Principais e Cluster), ou seja, técnicas de ordenação e

agrupamento respectivamente, como ferramenta, que possa detectar e sugerir

padrões de comportamento e ou estilos de vida dessas espécies.

Objetivos Específicos:

1. Calcular os atributos ecomorfológicos das dez espécies mais

abundantes;

2. Caracterizar a partilha de recursos das dez espécies mais

abundantes existentes em Galinhos de acordo com os índices

ecomorfológicos utilizados;

3. Identificar posição das espécies relativas na coluna d’água;

Page 15: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

5

3. MATERIAL E METODOS

3.1. Área de Estudo

O trabalho foi desenvolvido na região litorânea do Rio Grande do Norte,

precisamente no município de Galinhos/RN, de coordenadas latitude 05°05'26’’

S e longitude 36°16'31’’ W, tendo como limites, ao Norte, o Oceano Atlântico,

ao Sul, o município de Jandaira, ao Leste, o município de Caiçara do Norte e

ao Oeste o município de Guamaré (IDEMA, 2004). Situa-se a cerca de 166Km

de Natal, com cerca de 2000 habitantes e área de 342,44 Km² (BEE, 2004;

IBGE, 2005). Possui um clima muito quente e semi-árido, com chuvas entre

março e junho. Sua precipitação pluviométrica anual é por volta de 440,9mm,

com temperaturas médias anuais entre 21° e 33°C, umidade relativa média

anual de 68%, sua vegetação compreende a caatinga hiperxerófila, manguezal

e restinga e o seu solo predominam areias quartzosas distróficas (IDEMA,

2004). Nesta região a pesca representa a principal atividade econômica,

entretanto, os equipamentos, a forma de captura do pescado e principalmente

as relações de trabalho, são ainda bastante rudimentares (IDEMA, 2004).

Figura 1 – Localização do município de Galinhos/RN. O Ponto em vermelho indica a

posição exata do local (latitude 05°05' S e longitude 36°16' W). (Fonte: a. Google Earth /

b. www.aondefica.com)

Page 16: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

6

Figura 2 – Frota pesqueira do município de Galinhos/RN utilizados

na coleta.

3.2. Coletas das Amostras

Foi realizado um levantamento ictiofaunístico das principais espécies de

Galinhos.

Foram realizadas cinco coletas, por meio de tresmalho (rede de arrasto),

que é confeccionada com panagens de nylon de poliamida multifilamento, com

numeração entre 210/16 e 210/24 ou de nylon monofilamento (IDEMA, 2004),

no período de setembro/2004 a abril/2005.

Para coleta utilizou-se rede de arrasto de 15m a 18m, malha de 2cm a

4cm e abertura de boca de 7,5m a 8m. Abrangendo profundidades de 3m a

102m. A duração média de cada arrasto foi de 35 minutos, com velocidade de

1 a 5 Kts.

Foram coletados no total 21.317 indivíduos.

3.3. Identificação das Espécies

Para a identificação das espécies foram utilizados manuais e catálogos de

identificações de peixes (Figueiredo, 1977; Figueiredo & Menezes, 1978;

Figueiredo & Menezes, 1980; Menezes & Figueiredo, 1980; Allen, 1985;

Menezes & Figueiredo, 1985; Soares, 1988; Smith, 1997; Carvalho-Filho, 1999;

Page 17: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

7

Figueiredo & Menezes, 2000; Szpilman, 2000; Carpenter, 2002a; Carpenter,

2002b; Cervigón et al, 2002; Humann & Deloach, 2002; Menezes et al, 2003;

Araújo et al; 2004; Froese & Pauly, 2005).

3.4. Dados Morfométricos

Das 27 espécies de peixes marinhos coletadas foram separadas 10 das

mais abundantes, das quais 8 a 10 indivíduos de cada uma das espécies,

foram utilizados para a obtenção das medidas morfométricas.

Todas as medidas utilizadas nos estudos ecomorfológicos foram tomadas

utilizando um paquímetro com 0,05 mm de precisão, ictiômetro de 50 cm, e

transferidor de 180º.

Para a identificação das diferenças morfológicas associadas com o habitat

das espécies, foram realizadas 17 medidas morfométricas, descritas abaixo de

acordo com os trabalhos de Watson & Balon (1984), Balon et al. (1986), Uieda

(1995), Freire (1997) e Freire & Agostinho (2001):

• Comprimento padrão (CP) - Distância da ponta do focinho ao final

do pedúnculo caudal.

• Altura do corpo (AC) - Maior distância dorso-ventral perpendicular

ao maior eixo corpóreo.

• Altura média do corpo (AM) - Distância do ventre até a linha que

corta o corpo entre a boca e a cauda.

• Largura do corpo (LC) - Maior largura do corpo lado a lado.

• Comprimento da cabeça (CCa) - Distância entre a ponta do focinho

e o final do opérculo.

• Altura da cabeça (ACa) - Distância entre a parte ventral e o dorso

da cabeça na região dos olhos.

• Altura do olho (AO) - Distância do centro do olho até o maxilar

inferior.

• Comprimento da Nadadeira peitoral (CNPt) - Distância entre a base

da nadadeira e sua extremidade

Page 18: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

8

• Largura da Nadadeira Peitoral (LNPt) - Maior largura da nadadeira

em um eixo perpendicular ao eixo do comprimento da nadadeira

totalmente aberta

• Altura da nadadeira caudal (ANCD) - Distância máxima entre as

duas extremidades da nadadeira totalmente distendida.

• Comprimento do pedúnculo caudal (CPC) - Distância entre o final

da nadadeira anal até o início da caudal.

• Altura do pedúnculo caudal (APC) - Altura do pedúnculo medida no

mesmo ponto da largura.

• Largura do pedúnculo caudal (LPC) - Largura do pedúnculo medida

no seu ponto médio.

• Largura da boca (LB) - Distância entre as partes laterais da boca

totalmente aberta sem distender os músculos.

• Altura da boca (AB) - Distância entre os lábios com a boca aberta

sem distender os músculos.

• Posição da boca (APB) - Ângulo formado pela tangente dos lábios

superior e inferior com a boca totalmente aberta e o eixo horizontal,

caracterizado como: Superior= entre 10º e 80º; Terminal= 90º;

Inferior= entre 100º e 170º e Ventral= 180º.

• Comprimento Total (CT) – Distância da ponta do focinho ao final da

nadadeira caudal.

Figura 3 – Medidas morfológicas. Esquema: Rodrigo Herculano.

Page 19: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

9

3.5. Atributos Ecomorfológicos

Utilizando as medidas morfométricas, foram calculados os atributos

ecomorfológicos que são interpretados como indicadores de tipos de hábitos de

vida ou como adaptações à ocupação de diferentes habitats (Gatz, 1981;

Mahon, 1984; Watson & Balon, 1984; Balon et al., 1986; Barrela, 1989;

Beaumord, 1991; Barrela et al. 1994; Freire, 1997; Freire & Agostinho, 2001).

Foram analisados 12 atributos que estão descritos abaixo:

• Índice de compressão (Watson & Balon, 1984) - IC=AC/LC. Altos

índices indicam peixes lateralmente comprimidos e habitantes de

águas lênticas.

• Altura relativa (Gatz, 1979) - AR=AC/CP. Atributo inversamente

relacionado com ambientes de hidrodinamismo elevado e

diretamente relacionado com a capacidade de desenvolver

deslocamentos verticais.

• Comprimento Relativo do pedúnculo caudal (Watson & Balon,

1984) - CRPCD=CPC/CP. Pedúnculos longos indicam bons

nadadores, inclusive peixes bentônicos residentes em ambientes

de hidrodinamismo elevado.

• Índice de compressão do pedúnculo Caudal (Gatz, 1979) -

ICPCD=APC/LPC. Pedúnculos comprimidos indicam indivíduos de

natação lenta e pouca manobrabilidade, podendo afetar o

desempenho em arrancadas rápidas à medida que aumenta a

altura dos corpos dentre as diferentes espécies.

• Índice de achatamento ventral (Mahon, 1984) - IAV=AM/AC. Peixes

que apresentam baixos valores estão associados a águas

correntes, permitindo dessa maneira aos peixes bentônicos

manterem sua posição sem precisar nadar.

• Razão aspecto da nadadeira peitoral (Keast & Webb, 1966) -

RANP=CNPt/LNPt. Valores altos indicam nadadeiras longas e

estreitas, presentes em grandes migradores.

Page 20: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

10

• Posição relativa dos olhos (Gatz, 1979) - PRO=AO/AC. Peixes

bentônicos possuem olhos localizados dorsalmente, enquanto os

nectônicos em posição lateral.

• Comprimento Relativo da cabeça (Watson & Balon, 1984) -

CRC=CCa/CP. Valores altos sugerem espécies predadoras de

presas relativamente grandes.

• Largura relativa da boca (Gatz, 1979b) - LRB=LB/CP. Valores altos,

assim como o tamanho da cabeça, sugerem presas relativamente

grandes.

• Altura relativa da boca (Watson & Balon, 1984) - ARB=AB/CP.

Atributo relacionado ao tamanho do alimento, associado também

com a morfologia hidrodinâmica.

• Aspecto da boca (Beaumord, 1991) - ABO=AB/LB. Atributo

relacionado com a forma dos alimentos, onde valores altos indicam

peixes com bocas estreitas, mas de grande abertura, sugerindo

espécies piscívoras.

• Posição da boca (Balon et al., 1986) – APB. Tomada em ângulo,

indicando onde o peixe se alimenta na coluna de água.

3.6. Análise Estatística dos Dados

Os atributos ecomorfológicos foram organizados e submetidos a uma

análise de componentes principais (PCA), e posteriormente realizado uma

análise de Cluster, ambos utilizando o software STATISTICA 6.0 (StaSoft,

2001), a fim de identificar padrões ecomorfológicos que descrevem o conjunto

de dados analisados (Monteiro & Reis, 1999) e seus agrupamentos. Seguindo

a recomendação de Watson & Balon (1984) foi realizada uma rotação ortogonal

através da opção VARIMAX. Este procedimento maximiza a correlação com

outros fatores. Para evitar superfatorização, apenas os fatores com autovalores

maiores que 1,0, de acordo com o critério de Kaiser-Guttman (Jackson, 1991)

foram considerados significantes.

Page 21: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

11

4. RESULTADOS

Todas as dez espécies selecionadas da ictiofauna marinha de

Galinhos/RN, dentre as 27 especies coletadas em rede de arrasto pertencem a

Classe dos Osteichthyes, distribuídos em três Ordens, a dos Perciformes,

Pleuronectiformes e Tetraodontiformes, sendo encontrados em seis Famílias

diferentes. Estas espécies correspodem a 13.048 individuos, e são elas:

- Perciformes

Gerreidae: Eucinostomus argenteus (Baird & Girard, 1855) -.

Peixes associados a recifes, águas estuarinas e

marinhas, pouco importante comercialmente, porém

utilizada como isca para outros pescados. Encontra-se em

áreas costeiras rasas (Eschmeyer et al, 1983). Com dieta

omnívera (Bussing, 1995).

Haemulidae: Orthopristis ruber (Cuvier, 1830) -

Peixes demersais, de águas estuarinas e marinhas,

utilizado comercialmente como alimento (Cervigón et al,

2002). Encontram-se em águas costeiras, alimentam-se de

crustáceos, de moluscos, de vermes poliquetas, de peixes,

e outros invertebrados (Cervigón, 1993).

Pomadasys corvinaeformis (Steindachner, 1868) -

Peixes demersais, de águas estuarinas e marinhas,

baixo valor comercial. Habita águas costeiras, de fundos

arenosos ou rochosos, e encontra-se também em águas

de baixas salinidades (Cervigón, 1993). Alimenta de

crustáceos e de pequenos peixes.

Haemulon aurolineatum (Cuvier, 1830) -

Peixes de águas marinhas, associados a recifes. De

pouco valor comercial, porém comumente utilizado como

isca. Possui uma linha amarela, que se estende vindo de

seu olho. Habita recifes (Lieske & Myers, 1994), e

alimenta-se de pequenos crustáceos, de moluscos, de

Page 22: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

12

outros invertebrados, plâncton, e algas bentônicas

(Courtenay & Sahlman, 1978).

Haemulon plumieri (Lacepède, 1801) -

Peixes marinhos recifais, com estreitas listras azuis em

seu corpo (Smith, 1997). Habita recifes, formações de

corais ou fundos arenosos (Lieske & Myers, 1994).

Alimenta de crustáceos, de pequenos moluscos, e

pequenos peixes. Peixe utilizado em pesca esportiva.

Haemulon steindachneri (Jordan & Gilbert, 1882) -

Peixes marinhos recifais, de baixo valor comercial,

sendo utilizado como isca. Encontra-se sobre fundos

arenosos, recifes de coral e áreas rochosas e alimenta-se

de invertebrados bentônicos (Courtenay & Sahlman, 1978).

Lutjanidae: Lutjanus synagris (Linnaeus, 1758) -

Peixes marinhos recifais, espécie comercial. Possui

uma mancha preta por cima da linha lateral, abaixo da

nadadeira dorsal, próximo a nadadeira caudal. Encontra-se

em todos os tipos de fundos. Alimenta-se de pequenos

peixes, caranguejos, camarões (Delgado, 2004).

- Pleuronectiformes

Paralichthyidae: Syacium micrurum (Ranzani, 1842) -

Espécie marinha Bentopelágica, habitantes da região

de fundo. Alimenta-se de crustáceos e vermes, e

apresenta dimorfismo sexual (Keith, 2000).

Bothidae: Bothus ocellatus (Agassiz, 1831) -

Habita zonas arenosas com poucos corais e perto de

recifes (Lieske & Myers, 1994). Ocorre em águas costeiras

(Smith, 1997). Permanece imóvel no fundo, se move

apenas quando assutado (Lieske & Myers, 1994). Se

alimenta de peixes, caranguejos e camarões (Randall,

1996).

Page 23: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

13

- Tetraodontiformes

Tetraodontidae: Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) -

Comum em baías, enseadas, e raramente em recifes

de coral. Para se proteger de predadores infla como um

globo. Altamente tóxico, é utilizado como veneno para cães

e gatos (Pauly, 1991). Alimenta-se de crustáceos e

moluscos (Keith, 2000).

Apresentando um grande número de indivíduos às espécies H.

aurolineatum e P. corvinaeformis representam um papel importante na dieta e

no comércio das comunidades visitadas, com 3.413 e 2.774 exemplares

respectivamente. Seguidas do E. argenteus e os linguados B. ocellatus e S.

micrurum com 1.997, 1.739 e 970 respectivamente, e tendo com menor

expressão as espécies L. synagris com 903, H. plumieri com 526, H.

steindachneri com 422 e O. ruber com 274 exemplares. S. testudineus com 30

indivíduos coletados teve o menor numero de indivíduos. Das dez espécies

selecionadas para o presente estudo, na sua maioria encontram-se peixes

comumente chamados de “caícos”, considerados “peixes de terceira”, sendo

normalmente utilizados como iscas na pesca de espécies de maior valor

comercial e da dieta da comunidade.

Tabela 1 – Dez espécies mais abundantes coletados em rede de arrasto e suas respectivas

amplitudes de comprimento, no município de Galinhos/RN

Espécie Nome Vulgar Freqüência % Amp. Lt (cm)

Haemulon aurolineatum Xira 3413 26,15 18,00 – 19,70

Pomadasys corvinaeformis Cocoroca / Coró 2774 21,25 12,20 – 17,00

Eucinostomus argenteus Carapicu 1997 15,30 11,00 – 15,40

Bothus ocellatus Linguado 1739 13,32 13,50 – 16,50

Syacium micrurum Solha / Linguado 970 7,43 9,70 – 17,10

Lutjanus synagris Ariocó 903 6,92 14,50 – 24,00

Haemulon plumieri Biquara 526 4,03 17,30 – 22,40

Haemulon steindachneri Coró-Preto 422 3,23 13,00 – 20,00

Orthopristis ruber Cambuba 274 2,09 19,00 – 22,60

Sphoeroides testudineus Baiacu 30 0,22 15,50 – 22,00

Total 13048 100

Page 24: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

14

As espécies selecionadas para o trabalho correspondem a 61,21% do

total das espécies. H. aurolineatum e P. corvinaeformis correspondem a quase

50% destas e S. testudineus com baixíssima representação, compreendendo

menos de 0,5% (tabela 1).

O. ruber apresentou o maiores valores morfométricos em CP (16,36cm),

AM (4,04cm), ACo (4,56cm), CNPt (4,46cm), CPC (2,86cm), CT (20,93cm) e

LB (1,31cm) (Figura 02) e E. argenteus os menores em CP (9,28cm), ACo

(3,08cm), AM (1,87cm), CCa (2,80cm), ACa (2,33cm), AO (0,87cm), ANC

(2,69cm), APC (0,96cm), CT (12,13cm) e LB (0,46cm) (tabelas 2 a 11).

Tabela 2 – Dados Morfométricos da espécie selecionada O. ruber no município de Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 16,36 6,11 4,04 2,44 5,16 4,56 1,90 4,46 1,36 5,64 2,86 1,56 0,75 20,93 1,31 2,03

DP 0,87 0,29 0,20 0,12 0,42 0,56 0,31 0,22 0,11 0,33 0,29 0,12 0,12 1,27 0,15 0,16

Max 17,50 6,70 4,30 2,60 5,80 5,30 2,60 4,70 1,50 6,10 3,30 1,70 0,90 22,60 1,60 2,30

Min 15,20 5,70 3,70 2,30 4,50 3,80 1,60 4,10 1,20 5,20 2,30 1,40 0,60 19,00 1,10 1,80

Tabela 3 – Dados Morfométricos da espécie selecionada E. argenteus no município de Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 9,28 3,08 1,87 1,11 2,80 2,33 0,87 2,64 0,57 2,69 1,48 0,96 0,39 12,13 0,46 0,68

DP 0,99 0,24 0,21 0,15 0,41 0,24 0,16 0,26 0,09 0,42 0,23 0,13 0,10 1,26 0,12 0,09

Max 11,70 3,60 2,40 1,50 3,70 2,80 1,20 3,00 0,70 3,40 1,90 1,20 0,60 15,40 0,70 0,80

Min 8,40 2,70 1,60 1,00 2,10 2,10 0,70 2,30 0,40 2,00 1,10 0,70 0,30 11,00 0,30 0,50

Tabela 4 – Dados Morfométricos da espécie selecionada H. steindachneri no município de Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 13,88 5,01 3,33 2,08 4,96 3,96 1,68 3,76 1,04 4,48 2,55 1,41 0,58 17,19 1,16 2,91

DP 1,91 0,67 0,55 0,35 0,69 0,46 0,36 0,47 0,16 0,61 0,38 0,19 0,08 2,57 0,22 0,48

Max 16,40 5,90 4,20 2,50 6,00 4,50 2,10 4,40 1,20 5,00 3,10 1,60 0,70 20,00 1,40 3,70

Min 10,70 3,80 2,40 1,50 4,00 3,20 1,20 3,00 0,70 3,10 2,00 1,10 0,50 13,00 0,90 2,20

Tabela 5 – Dados Morfométricos da espécie selecionada H. plumieri no município de Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 14,85 5,55 3,83 2,09 5,50 4,50 2,20 4,01 1,25 5,16 2,42 1,50 0,67 19,06 1,27 3,41

DP 1,68 0,58 0,44 0,27 0,57 0,63 0,31 0,63 0,17 0,42 0,23 0,20 0,08 1,73 0,25 0,71

Max 18,20 6,60 4,60 2,50 6,60 5,60 2,80 5,10 1,50 6,00 3,00 1,90 0,80 22,40 1,70 4,40

Min 13,00 4,90 3,20 1,70 4,90 3,70 1,80 3,20 1,00 4,70 2,20 1,30 0,50 17,30 0,90 2,10

Page 25: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

15

Tabela 6 – Dados Morfométricos da espécie selecionada H. aurolineatum no município de Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 14,34 4,54 3,12 1,89 5,00 3,82 1,37 3,59 0,95 4,87 2,29 1,38 0,56 18,74 1,02 2,25

DP 0,54 0,23 0,14 0,25 0,24 0,21 0,11 0,34 0,07 0,56 0,33 0,04 0,07 0,61 0,04 0,17

Max 15,30 4,90 3,40 2,30 5,30 4,00 1,50 4,10 1,10 5,70 2,80 1,40 0,60 19,70 1,10 2,50

Min 13,50 4,10 3,00 1,50 4,50 3,50 1,20 3,00 0,90 4,20 1,70 1,30 0,40 18,00 1,00 2,00

Tabela 7 – Dados Morfométricos da espécie selecionada S. micrurum no município de Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 11,41 5,03 2,60 0,69 3,05 3,35 0,99 2,84 0,44 2,69 0,61 1,31 0,23 13,78 0,58 1,08

DP 1,94 0,95 0,61 0,18 0,50 0,56 0,27 1,45 0,15 0,52 0,20 0,21 0,07 2,35 0,10 0,15

Max 14,20 6,40 3,50 1,00 3,80 4,20 1,40 5,90 0,70 3,50 0,90 1,50 0,30 17,10 0,70 1,20

Min 8,00 3,50 1,80 0,50 2,10 2,50 0,70 1,60 0,20 2,00 0,30 0,90 0,10 9,70 0,40 0,80

Tabela 8 – Dados Morfométricos da espécie selecionada S. testudineus no município de Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 15,10 3,24 2,20 3,28 4,91 3,03 1,87 2,14 1,53 4,39 1,54 1,47 1,01 18,86 1,06 0,46

DP 1,88 0,67 0,35 0,68 0,59 0,37 0,27 0,24 0,38 0,78 0,23 0,26 0,32 2,20 0,17 0,11

Max 17,70 4,30 2,70 4,20 5,70 3,50 2,20 2,60 2,10 5,80 2,00 1,80 1,50 22,00 1,30 0,70

Min 12,10 2,20 1,70 2,00 3,90 2,40 1,50 1,70 1,00 3,20 1,30 1,00 0,60 15,50 0,80 0,30

Tabela 9 – Dados Morfométricos da espécie selecionada B. ocellatus no município de Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 12,70 7,99 3,82 0,70 3,03 3,53 0,94 2,33 0,37 3,04 0,63 1,33 0,21 14,86 0,60 0,92

DP 0,77 0,50 0,66 0,07 0,20 0,36 0,16 0,28 0,05 0,32 0,11 0,09 0,06 0,93 0,07 0,08

Max 14,20 8,70 4,90 0,80 3,30 4,00 1,20 2,90 0,40 3,60 0,80 1,50 0,30 16,50 0,70 1,10

Min 11,50 7,20 2,70 0,60 2,70 2,80 0,70 2,00 0,30 2,60 0,50 1,20 0,10 13,50 0,50 0,80

Tabela 10 – Dados Morfométricos da espécie selecionada P. corvinaeformis no município de

Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 11,47 3,58 2,39 1,35 3,73 2,85 1,09 2,80 0,78 3,59 1,83 1,13 0,43 14,33 1,31 2,34

DP 1,24 0,48 0,36 0,22 0,40 0,39 6,04 0,37 0,13 0,65 0,21 0,12 0,08 1,52 0,35 0,44

Max 13,50 4,50 3,00 1,70 4,50 3,50 2,10 3,40 1,00 4,70 2,20 1,40 0,60 17,00 1,80 3,00

Min 9,90 2,90 1,90 1,10 3,20 2,40 0,70 2,10 0,60 2,80 1,50 1,00 0,30 12,20 1,00 1,70

Page 26: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

16

Tabela 11 – Dados Morfométricos da espécie selecionada L. synagris no município de Galinhos/RN.

CP Aco AM LCO Cca Aca AO CNPt LNPt ANC CPC APC LPC CT LB AB

Med 14,26 4,98 3,23 1,70 5,18 3,56 1,67 3,70 1,07 5,71 2,40 1,76 0,66 18,21 0,78 1,01

DP 2,96 1,20 1,20 0,52 1,00 0,85 0,44 0,76 0,40 1,54 0,54 0,37 0,24 3,44 0,14 0,23

Max 19,40 6,40 6,40 2,50 6,80 4,70 2,30 5,00 1,70 7,70 3,20 2,40 1,00 24,00 1,00 1,60

Min 10,50 3,50 3,50 1,00 3,90 2,60 1,10 2,70 0,50 3,50 1,70 1,30 0,30 14,50 0,60 0,80

Figura 4 – Atributos ecomorfológicos das espécies de Galinhos/RN.A

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

IC AR CRC CRPCD ICPCD RANP

Atributos

O. ruber

E. argenteus

H. steindachneri

H. plumieri

H. aurolineatum

S. micrurum

B. ocellatus

P. corvinaeformis

L. synagris

S. testudineus

Page 27: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

17

Figura 5 – Atributos ecomorfológicos das espécies de Galinhos/RN.B

Dentre as espécies estudadas a que apresentou maior índice de

compressão (IC), altura relativa (AR) e índice de compressão do pedúnculo

caudal (ICPCD) foi B. ocellatus com (11,41), (0,63) e (6,32) respectivamente, já

S. testudineus apresentou o menor IC, AR e ICPCD com (0,99), (0,21) e (1,45)

respectivamente. Com relação as medidas de Comprimento Relativo da

Cabeça (CRC) a espécie que apresentou menor tamanho foi B. ocellatus com

(0,24) e a maior com (0,37) foi H. plumieri. Os dados obtidos para a medida do

Comprimento Relativo do Pedúnculo Caudal (CRPCD) mostraram-se mais

elevados para as espécies H. steindachneri, O. ruber e L. synagris com os

valores de (0,18), (0,17) e (0,17), respectivamente e o mais baixo valor para B.

ocellatus com (0,05). A Razão de Aspecto da Nadadeira Peitoral (RANP) foi

maior no S. micrurum (6,49) e menor no S. testudineus (1,40). A Posição

Relativa do Olho (PRO) foi maior na P. corvinaeformis e menor no B. ocellatus.

O Índice de Achatamento Ventral teve seus maiores valores no S. testudineus

(0,68), H. plumieri (0,69) e H. aurolineatum (0,69) e o menor com B. ocellatus

(0,48). A Largura Relativa da Boca (LRB) foi maior em P. corvinaeformis (0,11)

e menor em E. argenteus (0,05). A Altura Relativa da Boca (ARB) e Aspecto da

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

PRO IAV LRB ARB ABO

Atributos

O. ruber

E. argenteus

H. steindachneri

H. plumieri

H. aurolineatum

S. micrurum

B. ocellatus

P. corvinaeformis

L. synagris

S. testudineus

Page 28: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

18

Boca (ABO) foi maior em H plumieri (0,23 e 2,69) e menor em S. testudineus

(0,03 e 0,43). A Posição da Boca (APB) foi na sua maioria inferior (100° -110°)

(Figuras 4 e 5).

A análise de Componentes Principais (Tabela 12, Figura 6) aplicada sobre

as espécies, permitiu a identificação dos caracteres ecomorfológicos que

diferenciam as mesmas através dos três primeiros componentes principais, em

que 93,19% da variação foi explicada.

Tabela 12 – Análise dos Componentes principais das amostras das dez espécies estudadas.

* Valores que indicam maior influência sobre o componente principal.

Atributos Ecomorfológicos CP1 CP2 CP3

Índice de Compressão Lateral -0,956829 * -0,095527 -0,202396

Altura Relativa do Corpo -0,882260 * 0,153163 -0,282858

Comprimento Relativo da Cabeça 0,832247 * 0,424868 0,066731

Comp. Relativo do Pedúnculo Caudal 0,765632 * 0,538638 0,052842

Índice de Compressão do Ped. Caudal -0,962847 * -0,080271 -0,192738

Razão do Aspecto da Nadadeira Peitoral -0,889058 * 0,121235 -0,322357

Posição Relativa do Olho 0,308461 -0,007768 0,923755 *

Índice de Achatamento Ventral 0,907831 * 0,279630 0,274245

Largura Relativa da Boca 0,327179 0,469547 0,803967 *

Altura Relativa da Boca 0,100513 0,911396 * 0,353004

Aspecto da Boca -0,130625 0,953847 * -0,094390

Posição da Boca -0,290181 -0,895958 * -0,104559

Auto Valor 7,204045 2,790198 1,188648

Variância Explicada 60,03371 % 23,25165 % 9,90540 %

A maior parte da variação (60,03%) foi explicada pelo primeiro

componente principal (CP1), indicando maior influência das variáveis Índice de

Compressão Lateral, Altura Relativa do Corpo, Comprimento Relativo da

Cabeça, Comprimento Relativo do Pedúnculo Caudal, Índice de Compressão

do Pedúnculo Caudal, Razão de Aspecto da Nadadeira Peitoral e Índice de

Achatamento Ventral. O segundo componente principal (CP2) explica 23,25%

Page 29: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

19

da variabilidade, teve maior influência das variáveis Altura Relativa da Boca,

Aspecto da Boca e Posição da Boca. O terceiro componente principal (CP3)

com 9,9%, tendo influência das variáveis Posição Relativa do Olho e Largura

Relativa da Boca, não foi demonstrado na figura 6.

No CP1, as espécies mais destacadas foram Haemulideos, com

coeficientes negativos, e as espécies S. mycrurum e B. ocellatus com

coeficientes positivos, estes devido ao fato de terem o corpo lateralmente

comprimidos muito acentuado em relação aos haemulídeos, e no CP2, as

espécies da família Haemulidae, mais uma vez se destacam, mostrando uma

morfologia bucal adaptada para as partes medianas da coluna d’água, e S.

testudineus sendo um habitante de fundo.

Espécies-04 -03 -02 -01 00 01 02 03 04 05 06

Componente Principal 2

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

Componente Principal 1

Mais achatado dorso-ventralmente. Habitantes do fundo.

Mais achatado lateralmente

B. ocellatus

S. micrurum

E. argenteus

S. testudineusL. synagris

O. ruberH. aurolineatum

P. corvinaeformisH. plumieri

H. steindachneri

Figura 6 – Distribuição dos escores das espécies no espaço dos dois primeiros componentes

principais.

Page 30: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

20

A análise do cluster (Figura 7) nos proporcionou a identificação de 3

grupos. O primeiro grupo é compreendido pelas espécies de “linguado” (S.

mycrurum e B. ocellatus), o segundo grupo pela espécie S. testudineus e o

terceiro pelas demais espécies formando subgrupos de acordo com sua

proximidade ou distância de atributos ecomorfológicos. Dentro do terceiro

grupo tivemos a divisão em dois subgrupos, um formado pelas famílias

Gerreidae e Lutjanidae, e outro grupo formado pela família Haemulidae.

Grupos e Subgrupos

Formados à partir das espécies

0 1 2 3 4 5 6 7

Distância entre os grupos e subgrupos

B. ocellatus

S. micrurum

S. testudineus

L. synagris

E. argenteus

P. corvinaeformis

H. plumieri

H. aurolineatum

H. steindachneri

O. ruber

Figura 7 – Dendograma mostrando o agrupamento das espécies estudadas em Galinhos/RN.

Page 31: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

21

5. DISCUSSÃO

A partir de conhecimentos relativos à morfologia das espécies é possível

inferir acerca da ecologia das mesmas, sendo que o padrão ecomorfológico

representará associações entre seus hábitos de vida, alimentação, área de

deslocamento e atitudes comportamentais.

A análise dos atributos ecomorfológicos indicou que as espécies

diferenciam-se por fatores associados a achatamento lateral do corpo,

capacidade de deslocamentos verticais, agilidade natatória, tamanho da

partícula alimentícia e aspectos bucais. Dentre estes, o fator mais importante

parece ser o achatamento lateral do corpo e dorso-ventral, onde se obteve os

maiores valores das variáveis, assim S. testudineus apresenta o corpo mais

achatado dorso-ventralmente indicando ser um habitante de fundo, preso ou

próximo aos substratos, e já os haemulideos apresentam-se mais na parte

superior e mediana da coluna d’água. Os linguados por terem uma mudança na

natação na fase adulta também se encontra próximo aos substratos há procura

de alimento, podendo se movimentar rapidamente quando alvo de um predador

, isto se deve ao achatamento lateral de seu corpo, proporcionando-lhes uma

vantagem natatória.

As dez espécies mais abundantes da ictiofauna de Galinhos constituem

uma população demersal, sendo sua fauna similar a de outras regiões

costeiras tropicais e subtropicais do oceano Atlântico (Araújo et al, 1998;

Ferreira & Cava, 2001; ZEE, 2005)

A análise dos caracteres morfológicos do S. testudineus diferencia-se

das demais devido ao seu achatamento dorso-ventral, o que leva a identificá-lo

como um habitante de fundo, do substrato, sendo evidente também devido a

sua boca terminal (Balon et al., 1986; Freire & Agostinho, 2001), de

características bentônicas (Watson & Balon, 1984).

De acordo com Labropoulou & Eleftheriou (1997), as características

morfológicas bucais do predador está diretamente relacionada com a escolha

de um determinado tipo de presa, e esta pode levar também a diferentes

habitats, ou posição na coluna d’ água. Segundo Lombarte et al (2000) estas

diferenças de localização pode ser ocasionada devido a diferentes fatores,

Page 32: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

22

como espécies predadoras, recursos alimentícios, ou ainda segregação

espaço-temporal.

Todas as espécies tem hábitos alimentares carnívoros, como se

depreende das características bucais, porém as presas são de pequeno porte,

como indicado na variável largura relativa da boca, aspecto da boca e altura

relativa da boca (Gatz, 1979b; Watson & Balon, 1984; Beaumord, 1991; Freire

& Agostinho, 2001; Piorski et al, 2005).

A análise de agrupamento cluster, dividiu as dez espécies em três

grupos, tendo no primeiro grupo as espécies da família Bothidae e um

Paralichthyidae, sendo B. ocellatus e S. micrurum, respectivamente, ambos da

ordem Pleuronectiformes e popularmentes conhecidos na região como

“linguados”. Esta análise pode confirmar a próximidade das duas espécies

quanto as suas características morfológicas, sendo os mesmo muito

semelhantes. O segundo concentrou apenas a espécie S. testudineus,

pertencente à família dos Tetraodontidae, da ordem Tetraodontiformes, o qual

possue o nome vulgar de “baiacú”. O terceiro grupo foi formado pela presença

dos Perciformes, o qual originou dois subgrupos, um com espécies das famílias

Lutjanidae e Gerreidae, compreendendo ao L. synagris e E. argenteus,

respectivamente, e o outro subgrupo formado pelas espécies da família

Haemuliadae, com destaque para o gênero Haemulon formando ainda um

subgrupo a parte. A análise de agrupamento cluster pôde demonstrar as

similaridades e diferenças morfológicas no dendograma por meio de uma

distância euclidiana, e relacioná-la com a taxonomia das espécies confirmando

as mesmas com seu táxon correspondente (Manjarrés et al, 1997; Araújo et al,

1998; Luckhurst et al, 2000; Ferreira & Cava, 2001; ZEE, 2005).

Page 33: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

23

6. CONCLUSÕES

De acordo com os resultados observados verificou-se que as 10

espécies mais abundantes do município de Galinhos, do estado do Rio Grande

do Norte foram Haemulon aurolineatum, Pomadasys corvinaeformis,

Eucinostomus argenteus, Bothus ocellatus, Syacium micrurum, Lutjanus

synagris, Haemulon plumieri, Haemulon steindachneri, Orthopristis ruber e

Sphoeroides testudineus. São na sua maioria espécies demersais, e

predominando os peixes da ordem Perciformes, mais precisamente da família

Haemulidae, representados na sua maioria pela espécie Haemulon

aurolineatum, vulgarmente conhecido como “Xira”.

As espécies são carnívoras e oniveras, predadoras de presas de

pequeno porte, como pequenos peixes, crustáceos, moluscos, posicionando-se

na parte mediana da coluna d’água (conhecida como meia água) para a parte

superior, com a exceção dos linguados e do baiacu, que têm seus hábitos

bentônicos.

Através do cluster, foram formados grupos e subgrupos, confirmadas

com base em sua taxonomia.

Page 34: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

24

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEN, G. R. Snappers of the world. An annotated and illustrated catalogue of

lutjanid species known to date. FAO Fish.Synop., 125(6): 208p. 1985.

ALVERSON, D. L.; FREEBERG M. H.; POPE, J. G. & MURAWSKI, S. A. A

global assessment of fisheries bycatch and discards. FAO Fish. Tech. Pap.,

(339): 233p. 1994.

ARAÚJO, F. G.; CRUZ-FILHO, A. G.; AZEVEDO, M. C. C. & SANTOS, A. C. A.

Estrutura da comunidade de peixes demersais da baía de Sepetiba, RJ. Rev.

Brasil. Biol., 58(3): 417-430. 1998.

ARAÚJO, M. E.; TEIXEIRA, J. M. C. & OLIVEIRA, A. M. E. Peixes estuarinos

do nordeste brasileiro. Guia Ilustrado. Edições UFC, Fortaleza. 260p. 2004.

BALON, E. K.; CRAWFORD, S. S. & LELEK, A. Fish communities of the upper

Danube river (Germany, Austria) prior to the new Rhein-Main-Donau

connection. Env. Biol of Fishes, v. 15, p. 243-271. 1986.

BARRELLA, W. Estrutura da comunidade de peixes da bacia do rio Jacaré

Pepira (SP) em diferentes biótopos. Dissertação de Mestrado. UNICAMP. 198

pp. 1989.

BARRELA, W.; BEAUMORD, A. C.; PETRERE, M. Jr. Comparación de la

comunidad de peces de los ríos Manso (MT) y Jacare Pepira (SP), Brasil. Acta.

iol. Venez., 15 (2): 11-20. Noviembre. 1994.

BEAUMORD, A. C. As comunidades de peixes do rio Manso, Chapada dos

Guimarães, MT: uma abordagem ecológica numérica. Dissertação de

Mestrado. UFRJ, IBCCF, RJ. 108pp. 1991.

Page 35: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

25

BEE. Boletim Eletrônico Epidemiológico. Inquérito sorológico em aves

migratórias e residentes de Galinhos/RN para detecção do vírus da febre do

nilo ocidental e outros vírus. SVS, Natal-RN, ano 4, n.2. 12pp. 2004.

BUSSING, W. A. Gerreidae. Mojarras. p. 1114-1128. In W. Fischer, F. Krupp,

W. Schneider, C. Sommer, K.E. Carpenter and V. Niem (eds.) Guia FAO para

Identification de Especies para lo Fines de la Pesca. Pacifico Centro-Oriental. 3

Vols. FAO, Rome. 1995. Disponível em: http://www.fishbase.org acesso em:

03 FEV. 2006

CARPENTER, K. E. The living marine resources of the Western Central

Atlantic. Volume 2: Bony fishes part 1 (Acipenseridae to Grammatidae). FAO

Species Identification Guide for Fishery Purposes and American Society of

Ichthyologists and Herpetologists Special Publication No. 5. Rome, FAO.

pp.601-1374. 2002a.

CARPENTER, K. E. The living marine resources of the Western Central

Atlantic. Volume 3: Bony fishes part 2 (Opistognathidae to Molidae), sea turtles

and marine mammals. FAO Species Identification Guide for Fishery Purposes

and American Society of Ichthyologists and Herpetologists Special Publication

No. 5. Rome, FAO. pp.1375-2127. 2002b.

CARVALHO-FILHO, A. Peixes: Costa Brasileira. 3 ed. Editora Melro, São

Paulo. 320p. 1999.

CERVIGÓN, F. Los peces marinos de Venezuela. Volume 2.. Fundación

Científica Los Roques, Caracas,Venezuela. 497 p. 1993.

CERVIGÓN, F.; CIPRIANI, R.; FISCHER, W.; GARIBALDI, L.; HENDRICKX,

M.; LEMUS, A. J.; MÁRQUEZ, R.; POUTIERS, J. M.; ROBAINA, G. &

RODRIQUEZ, B. Fichas FAO de identificación de especies para los fines de la

pesca. Guía de campo de las especies comerciales marinas y de aguas

salobres de la costa septentrional de Sur América. FAO, Roma. 513p. 2002.

Page 36: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

26

COURTENAY, W. R. & SAHLMAN, H. F. Pomadasyidae. In W. Fischer (ed.)

FAO species identification sheets for fishery purposes. Western Central Atlantic

(Fishing Area 31), Volume 4. FAO, Rome. 1978.

DELGADO, P. La Región Del Caribe Estadounidense. HUMEDALES Y PECES:

UNA CONEXIÓN VITAL. Peces, Crustáceos Y Moluscos Encontrados En El Caribe

Estadounidense. National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). 99p.

2004.

ESCHMEYER, W. N.; HERALD, E. S. & HAMMANN, H. A field guide to Pacific

coast fishes of North America. Houghton Mifflin Company, Boston, U.S.A. 336

p. 1983. Disponível em: http://www.fishbase.org acesso em: 03 FEV. 2006

FERREIRA, B. P. & CAVA, F. Ictiofauna marinha da apa costa dos corais: lista

de espécies através de levantamento da pesca e observações subaquáticas.

Bol. Técn. Cient. CEPENE, Tamandaré, v.9, n.1, p.167-180. 2001.

FIGUEREDO, J. L. & MENEZES, N. A. Manual de Peixes Marinhos do sudeste

do Brasil. II. Teleostei (1). São Paulo. Museu de Zoologia da USP, 110 pp.

1978.

FIGUEREDO, J. L. & MENEZES, N. A. Manual de Peixes marinhos do Sudeste

do Brasil. III. Teleostei (2). São Paulo. Museu de Zoologia da USP, 90 pp.

1980.

FIGUEIREDO, J. L. & MENEZES, N. A. Manual de peixes marinhos do sudeste

do Brasil. VI. Teleostei (5). Museu de Zoologia da USP, São Paulo. 116p. 2000.

FIGUEIREDO, J. L. Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. I.

Introdução. Cações, raias e quimeras. Museu de Zoologia, USP, São Paulo.

104p. 1977.

Page 37: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

27

FISHER, W. (ed.) FAO species identification sheets for fishery purposes

Western Central Atlantic (Fishing area 31). Roma: FAO, V.1- 7 p.v. 1978.

FREIRE. A. G. Variação espaço-temporal e ecomorfologia de 8 espécies da

ictiofauna dominante da bacia do alto rio Paraná. Tese de doutorado.

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biologia. NUPELIA, 32pp.

1997.

FREIRE, A. G.; AGOSTINHO, A. A. Ecomorfologia de oito espécies dominantes

da ictiofauna do reservatório de Itaipu (Paraná/Brasil). Acta Limnologia

Brasiliensia, 13: 1-9. 2001.

FROESE, R. & PAULY, D. Eds. FishBase. World Wide Web electronic

publication . Disponível em: http://www.fishbase.org acesso em: 03 FEV. 2006

GATZ, A. J., JR. Community organization in fishes as indicate by morphological

features. Ecology 60: 711-718. 1979.

GATZ, A. J., JR. Morphologically inferred niche differentiation in streams fishes.

Am. Midl. Nat. 106 (1): 10-21. 1981.

HUMANN, P. & DELOACH, N. Reef fish identification. Florida, Caribbean,

Bahamas. New world publications, Inc. Florida, USA. 481p. 2002.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. www.ibge.gov.br,

(06/2005). 2005.

IDEMA. Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente. Perfil do

Seu Município, Galinhos/RN. v.06, p1-22. 2004

IDEMA. Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente.

Caracterização da Pesca Artesanal do Estado do Rio Grande do Norte. 235p.

2004

Page 38: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

28

IRSCHICK, D. J.; & LOSOS, J. B. Do lizards avoid habitats in which

performance is submaximal? The relationship between spring capabilities and

structural habitat in Caribbean anoles. Am. Nat. 154: 293–305. 1999.

IRSCHICK, D. J. Evolutionary approaches for studying functional morphology:

Examples from studies of performance capacity. Integrative and Comparative

Biology 42: 278–290. 2002.

JACKSON, J. E. A User's Guide to Principal Components. New York: John

Wiley & Sons. 1991.

KEAST, A. & WEBB, D. Mouth and body form relative to feeding ecology in the

fish fauna of a small lake, Lake Opinicon, Ontario. J. Fish. Res. Bd Can.23,

1845–1874. 1966.

KEITH, P.; LE BAIL, O.-Y. & PLANQUETTE, P. Atlas des poissons d'eau douce

de Guyane (tome 2, fascicule I).. Publications scientifiques du M.N.H.N, Paris,

286 p. 2000.

LABROPOULOU, M.; ELEFTHERIOU, A. The foraging ecology of two pairs of

congeneric demersal fish species: importance of morphological characteristics

in prey selection. Journal of Fish Biology, 50: 324-340. 1997.

LIESKE, E. & MYERS, R. Collins Pocket Guide. Coral reef fishes. Indo-Pacific

& Caribbean including the Red Sea. Haper Collins Publishers, 400 p. 1994.

LIMA, Z. M. C. Caracterização da Dinâmica Ambiental da Região Costeira do

Município de Galinhos, Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte. Tese de

Doutorado n° 05/PPGG. CCET-UFRN. 2004.

LOMBARTE, A.; RECASENS, L.; GONZÁLEZ, M. & SOLA, L. G. Spatial

segregation of two species of Mullidae (Mullus surmuletus and M. barbatus) in

relation to habitat. Marine Ecology Progress Series, Vol. 206: 239–249. 2000.

Page 39: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

29

LUCKHURST, B. E.; DEAN, J. M. & REICHERT, M. Age, growth and

reproduction of the lane snapper Lutjanus synagris (Pisces: Lutjanidae) at

Bermuda. Marine Ecology Progress Series, Vol. 203: 255–261. 2000.

MAHON, R. Divergent structure in fish taxocenes of north temperate stream.

Can. J. Fish. Aquat. Sci. 41:330-350. 1984.

MENEZES, N. A. & FIGUEIREDO, J. L. Manual de peixes marinhos do sudeste

do Brasil. IV. Teleostei (3). Museu de Zoologia da USP, São Paulo. 96 p. 1980.

MENEZES, N. A. & FIGUEIREDO, J. L. Manual de peixes marinhos do sudeste

do Brasil. V. Teleostei (4). Museu de Zoologia da USP, São Paulo. 105p. 1985.

MENEZES, N. A.; BUCKUP, P. A.; FIGUEIREDO, J. L. & MOURA, R. L.

Catálogo das espécies de peixes marinhos do Brasil. Museu de Zoologia da

USP, São Paulo. 159p. 2003.

MANJARRÉS, L.; GARCÍA, C. & ACERO, A. Caracterizacion ecologica de las

asociaciones de peces demersales del caribe colombiano norte, con enfasis en

los pargos (lutjanidae). Dissertação de Mestrado. 1997.

MENGE, B. A.; & SUTHERLAND, J. P. Species diversity gradients: syntheses

of the roles of predation, competition, and temporal heterogeneity. American

Naturalist 110:351–369. 1976.

MONTEIRO, L. R.; REIS, S. F. Princípios de morfometria geométrica. Ribeirão

Preto: Holos. 188p. 1999.

MOTTA, P. J., & KOTRSCHAL, K. M. Correlative, experimental and

comparative evolutionar approaches in ecomorphological. Neth. J. Zool.42:400

p15. 1995.

NELSON, J. S. Fishes of the World. Pgs 329-330,360-361.Terceira edição.

1994.

Page 40: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

30

PAULY, D. Growth of the checkered puffer Sphoeroides testudineus: postscript

to papers by Targett and Pauly & Ingles. Fishbyte 9(1):19-22. 1991. Disponível

em: http://www.fishbase.org acesso em: 03 FEV. 2006

PIORSKI, N. M.; ALVES, J. R. L.; MACHADO, M. R. B. & CORREIA, M. M. F.

Alimentação e ecomorfologia de duas espécies de piranhas (Characiformes:

Characidae) do lago de Viana, estado do Maranhão, Brasil. Acta Amazônica,

VOL. 35(1) 2005: 63 – 70. 2005.

POUNDS, J. A. Ecomorphology, Locomotion, and Microhabitat Structure:

Patterns in a Tropcal Mainland Anolis Community. Ecological Monographs, 58,

4, 299-320. 1988.

RANDALL, J. E. Caribbean reef fishes. Third Edition - revised and enlarged..

T.F.H. Publications, Inc. Ltd., Hong Kong. 3nd ed. 368 p. 1996.

SOARES, L. H. Catálogo dos peixes do litoral do Estado do Rio Grande do

Norte (Osteichthyes e Chondrichthyes). Bol. DOL/CB/UFRN., Natal, 7: 39p,

1988.

SMITH, C. L. Field guide to tropical marine fishes of the Caribbean, the Gulf of

Mexico, Florida, the Bahamas, and Bermuda. National Audubon Society.

Chanticleer Press Edition, New York. 718p. 1997.

SZPILMAN, M. Peixes marinhos do Brasil. Guia prático de identificação,

Instituto Ecológico Aqualung. Rio de Janeiro. 287p. 2000.

TAIT, R. V. Elements of marine ecology. 3th ed.. Butterworths, Boston, USA.

1981.

Page 41: ECOMORFOLOGIA DE DEZ ESPÉCIES DE PEIXES MARINHOS … · através do estudo de 10 espécies de peixes marinhos sendo pertencentes às famílias Gerreidae ( Eucinostomus argenteus),

31

UIEDA, V. S. Comunidade de peixes de um riacho litorâneo: composição,

habitat e hábitos. Tese de Doutorado, IBUNICAMP. Campinas-SP. 229pp.

1995.

VANHOOYDONCK, B.; VAN DAMME, R. & AERTS, P. Ecomorphological

correlates of habitat partitioning in Corsican lacertid lizards. Functional Ecology,

14, pg. 358-368. 2000.

VENDEVILLE, D. Tropical shrimp fisheries: types of fishing gears used and

their selectivity. FAO Fisheries Technical Paper 261 (1) Rome, FAO., 75 p.

1990.

VITT, L. J.; CALDWELL, J. P.; ZANI, P. A. & TITUS, T. A. The role of habitat

shift in the evolution of lizard morphology: Evidence from Tropical Tropidurus.

Evolution, 94. pgs. 3828-3832. 1997.

WAINWRIGHT, P. C.; RICHARD, B. A. Predicting patterns of prey use from

morphology of fishes. Environmental Biology of Fishes, 44: 97-113. 1995.

WATSON, D. J. & BALON, E. K. Ecomorphological analysis of taxocenes in

rainforest streams of northern Borneo. J. Fish. Biol. 25: 371-384. 1984.

ZEE. Ictiofauna dos Estuários do Estado do Ceará. Zoneamento Ecológico e

Econômico da Zona Costeira do Estado do Ceará. Governo do Estado do

Ceará. 200p. 2005.